ZERO HORA - 09/10
Estava em frente ao computador, como quase sempre estou, esperando que alguma ideia inspiradora descesse do céu para me ajudar a escrever a coluna desta quarta-feira. Enquanto a ideia brilhante não vinha, li o jornal e fiquei ainda mais estarrecida com as notícias sobre o Brasil. Desperdícios, obras inacabadas, tudo ficando para depois, para um dia, para quando Deus quiser, e pensei: não, não vou falar de novo sobre o atraso do país. Aí a palavra atraso me remeteu ao atraso de um pagamento, e fui fazer algumas contas – a tela do computador seguiu em branco.
Foi então que a zeladora bateu à porta do meu apartamento e entregou a correspondência. Entre a papelada havia um envelope sem selo, sem carimbo, só com meu nome escrito. Abri. Não havia um bilhete, um telefone para contato, um e-mail, coisa alguma – apenas a minha carteira de trabalho.
A minha carteira de trabalho! Onde ela estava, e com quem? Eu a teria perdido na rua? Mas quando é que eu portei essa carteira pela última vez, se há quase 20 anos trabalho como autônoma? Jurava que ela estava repousando no fundo de alguma gaveta, e ela me retorna pela porta da frente, assim, como quem volta de um passeio.
A primeira sensação foi a de que entrei para a categoria das destrambelhadas. Como é possível alguém perder algo sem se dar conta? E não foi uma caneta, um pente, e sim um documento. Quanto tempo ele passou fora de casa sem que eu percebesse? Por precaução, fui dar uma espiada no quarto das minhas filhas para ver se suas roupas continuavam penduradas nos armários.
Respirei fundo e abri aquela carteira de trabalho emitida em 1981, com orelhas em todas as folhas desbotadas e frágeis pelo tempo em que estiveram abandonadas, pegando chuva, sendo manuseadas por pessoas estranhas, vá saber. Na primeira página, minha foto: uma estagiária com expressão de pavor, nunca havia trabalhado antes, nada suspeitava sobre seu futuro. A assinatura, ao menos, era segura.
E então, página por página, fui investigando a mim mesma, recordando de todos os lugares onde trabalhei, por quanto tempo, se havia sido demitida, promovida, reajustada. A parte dos salários foi a mais cômica. Em um emprego, eu ganhava 90 mil. No emprego seguinte: 250 mil. E no outro, 1 milhão!! Por fim, em meu último emprego, eu ganhava a gloriosa quantia de 1 milhão e 600 mil cruzeiros mensais. Morra de inveja, Eike.
Depois dessa turnê pelo passado de um país cuja moeda mudava de nome todo ano e cuja inflação fazia nossos rendimentos atingirem essa saraivada de dígitos, fechei a carteira de trabalho e fui tratar de desvendar o mistério de seu retorno ao lar. Desvendado (não revelo porque é bom manter algum mistério nesta vida, e também porque o espaço acabou), voltei conformada para minhas contas, lamentando que não se façam mais milionários como antigamente.
quarta-feira, outubro 09, 2013
A ida e a volta - ROBERTO DAMATTA
O GLOBO - 09/10
Eles toparam um com o outro num congresso mundial em Viena. A Viena das valsas onde, ao contrário do que os seus amigos previram, não ouviram um só música, pois passaram horas discutindo diferenças e semelhanças entre sociedades e culturas porque estavam num encontro de antropólogos profissionais e, naquela época, o figurino era o estudo da organização sócio-política daqueles sistemas marginais, conhecidos somente por quem os descrevia e analisava.
Entre uma sala e outra de um palácio onde se improvisaram auditórios, eles se encontraram e como haviam estudado seus respectivos trabalhos, juntaram o interesse intelectual com o pessoal. A tal ponto que a competição, a inveja de alguma frase ou argumento brilhante contra o outro foi superado pelo que chamamos de "simpatia". Essa ponte inesperada que num mundo de indivíduos concebidos como discretos e autônomos, faz com que haja iluminações relacionais entre subjetividades.
O gosto do encontro os fez passar ao largo de suas divergências teóricas. Pois um defendia que o "Homem" tinha uma natureza imutável e o outro se filiava de corpo, alma e coração a tese oposta: a "Humanidade" não tinha nenhuma natureza, instinto ou rumo e, por isso precisava de livros de mitos e de receituários legais e religiosos que se mostravam como costumes, crenças e rituais mas que, lidas de dentro, faziam parte das possibilidades que permeiam modos de ser neste mundo.
Esse debate foi o ponto alto (ou baixo...) do Congresso. Ele lembrava um Fla-Flu pelo entusiasmo radical com o qual as teses eram apresentadas e defendidas. Mas as teses inexoravelmente inimigas arrefeciam quando, no final das sessões, os guerreiros se serviam de um delicioso vinho branco alemão em taças de cristal ao lado de canapés orientais.
Ao termino das discussões, os mestres inimigos surgiam sorridentes e, como generais em trégua, promoviam a paz entre seus combatentes menores cujas feridas cicatrizavam por meio daquela simpatia cordial e amorosa que despe as pessoas de suas convicções, fazendo com que elas sejam novamente razoáveis, inseguras, abertas e dispostas a serem pontes em vez de trincheiras.
Agora, eles bebiam juntos com duas colegas. Um acusava o outro de "essencialista" e "radical" mas o vinho os faziam sorrir em vez de rosnar. As colegas se aproximaram para felicita-los pelo brilho de suas falas. A francesa resolvia o dilema propondo uma formula; a outra moça que, se não me falha a memória era alemã, dizia que ali havia um caso de conflito irreconciliável. São posicionamentos incomensuráveis, disse num bom inglês revelando aos pesquisadores uma boca perfeita.
Neste instante, eles estão na mesa de uma escura boite. Continuam bebendo e na ausência das colegas que retocam o batom, o Professor Pedro Babalú diz ao amigo: eu estou muito inclinado a ficar com a francesa porque a alemã, tirando os lábios, é feinha... Certo, respondeu o Dr. Raimundo Matos, mas o problema é que eu também estou partindo para a gaulesa. Afinal sou um levistraussiano nato e você não. Mas isso não te dá nenhum direito, respondeu Balalú nervoso. Em seguida, pronunciou uma frase intrigante: Quem não foi, não volta — é preciso ir para poder voltar!
Diante do espanto, o professor Balalú explica do sentido da frase enigmática para o amigo. No ano passado, diz, em estive em Portugal numa bolsa de estudos que permite tudo, inclusive estudar. Era louco para conhecer o Porto e, estando em Coimbra, fui a estação de trem comprar uma passagem.
— O que deseja?
— Uma passagem de ida-e-volta para o Porto.
— Só podemos vendar a ida!
— E por que não ida e volta?
— Porque se o senhor não foi, como vai voltar?
Passou o tempo e os dois se falam pelo telefone. Ambos sabem o valor desses encontros que constroem a vida. Lembra daquele Congresso? — pergunta o sempre aflito dr. Matos. Sem dúvida, disse, Babalú. No final ninguém ficou com ninguém. Claro, arremata o Prof. Babalu numa rara gargalhada: quem não foi não volta!
Eles toparam um com o outro num congresso mundial em Viena. A Viena das valsas onde, ao contrário do que os seus amigos previram, não ouviram um só música, pois passaram horas discutindo diferenças e semelhanças entre sociedades e culturas porque estavam num encontro de antropólogos profissionais e, naquela época, o figurino era o estudo da organização sócio-política daqueles sistemas marginais, conhecidos somente por quem os descrevia e analisava.
Entre uma sala e outra de um palácio onde se improvisaram auditórios, eles se encontraram e como haviam estudado seus respectivos trabalhos, juntaram o interesse intelectual com o pessoal. A tal ponto que a competição, a inveja de alguma frase ou argumento brilhante contra o outro foi superado pelo que chamamos de "simpatia". Essa ponte inesperada que num mundo de indivíduos concebidos como discretos e autônomos, faz com que haja iluminações relacionais entre subjetividades.
O gosto do encontro os fez passar ao largo de suas divergências teóricas. Pois um defendia que o "Homem" tinha uma natureza imutável e o outro se filiava de corpo, alma e coração a tese oposta: a "Humanidade" não tinha nenhuma natureza, instinto ou rumo e, por isso precisava de livros de mitos e de receituários legais e religiosos que se mostravam como costumes, crenças e rituais mas que, lidas de dentro, faziam parte das possibilidades que permeiam modos de ser neste mundo.
Esse debate foi o ponto alto (ou baixo...) do Congresso. Ele lembrava um Fla-Flu pelo entusiasmo radical com o qual as teses eram apresentadas e defendidas. Mas as teses inexoravelmente inimigas arrefeciam quando, no final das sessões, os guerreiros se serviam de um delicioso vinho branco alemão em taças de cristal ao lado de canapés orientais.
Ao termino das discussões, os mestres inimigos surgiam sorridentes e, como generais em trégua, promoviam a paz entre seus combatentes menores cujas feridas cicatrizavam por meio daquela simpatia cordial e amorosa que despe as pessoas de suas convicções, fazendo com que elas sejam novamente razoáveis, inseguras, abertas e dispostas a serem pontes em vez de trincheiras.
Agora, eles bebiam juntos com duas colegas. Um acusava o outro de "essencialista" e "radical" mas o vinho os faziam sorrir em vez de rosnar. As colegas se aproximaram para felicita-los pelo brilho de suas falas. A francesa resolvia o dilema propondo uma formula; a outra moça que, se não me falha a memória era alemã, dizia que ali havia um caso de conflito irreconciliável. São posicionamentos incomensuráveis, disse num bom inglês revelando aos pesquisadores uma boca perfeita.
Neste instante, eles estão na mesa de uma escura boite. Continuam bebendo e na ausência das colegas que retocam o batom, o Professor Pedro Babalú diz ao amigo: eu estou muito inclinado a ficar com a francesa porque a alemã, tirando os lábios, é feinha... Certo, respondeu o Dr. Raimundo Matos, mas o problema é que eu também estou partindo para a gaulesa. Afinal sou um levistraussiano nato e você não. Mas isso não te dá nenhum direito, respondeu Balalú nervoso. Em seguida, pronunciou uma frase intrigante: Quem não foi, não volta — é preciso ir para poder voltar!
Diante do espanto, o professor Balalú explica do sentido da frase enigmática para o amigo. No ano passado, diz, em estive em Portugal numa bolsa de estudos que permite tudo, inclusive estudar. Era louco para conhecer o Porto e, estando em Coimbra, fui a estação de trem comprar uma passagem.
— O que deseja?
— Uma passagem de ida-e-volta para o Porto.
— Só podemos vendar a ida!
— E por que não ida e volta?
— Porque se o senhor não foi, como vai voltar?
Passou o tempo e os dois se falam pelo telefone. Ambos sabem o valor desses encontros que constroem a vida. Lembra daquele Congresso? — pergunta o sempre aflito dr. Matos. Sem dúvida, disse, Babalú. No final ninguém ficou com ninguém. Claro, arremata o Prof. Babalu numa rara gargalhada: quem não foi não volta!
Não me diga que é um Matisse - MARCELO COELHO
FOLHA DE SP - 09/10
Querendo denunciar o sistema financeiro, 'O Capital' é um filme bem pobrezinho
O diretor Costa-Gavras está com 80 anos, e já passou para a história como autor de grandes filmes políticos. Recentemente assisti ao DVD de seu "A Confissão", com Yves Montand.
Sem nenhuma crueza, aquele filme de 1970 tratava dos julgamentos espetaculares nas antigas ditaduras do Leste Europeu, em que altos dirigentes terminavam admitindo suas "traições" ao regime.
Confessavam tudo o que não tinham feito. Os métodos de tortura não seguiam o modelo brasileiro do pau de arara e do choque elétrico. Importava produzir, num tribunal farsesco, a impressão de que tudo era voluntário e verdadeiro.
Meses de privação de sono, além de outros métodos para produzir exaustão física e mental, levavam o preso a assinar declarações cada vez mais comprometedoras, graças a um estudado jogo de ambiguidades verbais.
Assim, o personagem de Yves Montand terminava admitindo ter feito seguidas reuniões com "trotskistas" e "agentes do imperialismo". Eram apenas seus colegas de partido, entre os quais inúmeros heróis da resistência ao nazismo.
Ele podia dizer, e era verdade, que nunca soube que Fulano e Beltrano eram trotskistas. "Mas eram", afirma o interrogador. "Você se reunia com Fulano e Beltrano?"
"Sim", responde o preso. "Então, se você se reunia com Fulano e Beltrano, e se eles eram trotskistas, você se reunia com trotskistas."
Estava feita a confissão; o crime era admitido pelo réu, "objetivamente". Mesmo se, na época das reuniões, todos os participantes, americanófilos, trotskistas ou comunistas, estivessem unidos na resistência ao nazismo.
"A Confissão" é um filme que continua importante, ainda mais quando se sabe que o sistema de interrogatório preferido pelo governo Bush no combate ao terrorismo inspirou-se nas técnicas soviéticas.
Com a burrice suplementar, observe-se, que no Leste Europeu o objetivo da tortura era conseguir confissões falsas, e não informações de fato úteis sobre atentados em curso.
Aprendia-se algo com os filmes de Costa-Gavras de 40 anos atrás. Não é o caso de sua obra mais recente, "O Capital", atualmente em cartaz em São Paulo.
Aqui, a ideia é mostrar a dureza e a ganância dos banqueiros. Recém-nomeado presidente de um conglomerado financeiro, Marc Tourneuil (Gad Elmaleh) terá de demitir milhares de funcionários para garantir o lucro dos acionistas.
Seu antigo chefe, afastado do banco por razões de saúde, fica chocado. Não é esta a tradição francesa de tratar com o problema social, argumenta. Nessa hora, o espectador deve tirar do bolsinho superior do paletó seu lenço de seda Hermès e enxugar uma lágrima comedida em homenagem ao tradicional sistema bancário europeu.
Quanta saudade. Hoje, os americanos estão por trás de tudo. Os controladores de um fundo de investimento com base na Flórida (?) querem dinheiro fácil.
Iates, supermodelos e ameaças irão cercar o cotidiano do novo executivo, sempre nervosinho e sensível a um rabo de saia. Clichês se sucedem. Tourneuil tem pouco tempo para a família. O filho adolescente nem tira os olhos do videogame quanto ele chega de suas aventuras.
Para conquistá-lo, o executivo traz um presente. "É seu primeiro cartão de crédito, filho." O garoto nem agradece. Ah, conclui o espectador, "existem coisas que o dinheiro não pode comprar".
Mas aí o mesmo espectador lembra que ouviu esse tipo de mensagem em algum anúncio, já não sabe se de banco ou de cartão de crédito. Pobres publicitários! As coisas que eles têm de fazer.
Que tal, então, mostrar os "bastidores reais" da alta cúpula? Os banqueiros se reúnem no salão de um palácio particular.
Um esplêndido quadro se destaca na parede. O executivo número 1 pergunta ao executivo número 2: "Matisse?". Frrancameént. Clarro que se trrát de um Matisse. Da melhorr fááz. A esta altura do campeonato, até o mais humilde mendigo de Bobigny ou Bagnolet sabe reconhecer um Matisse.
Seguem-se declarações de princípios, do tipo "os sindicatos que se danem! O que importa é a alta da nossa cotação na Bolsa!".
Tudo, mesmo as tramoias entre os rivais do conselho, fica nesse nível de abstração --como se, em vez de executivos reais, tivéssemos apenas um grupo de colegiais encenando a lição que aprenderam em alguma aula de atualidades.
Os realizadores de "O Capital" poderiam ter caprichado mais no roteiro. Mas, como sabemos, bons roteiristas também custam caro. Pode ser que a produção, coitada, não tivesse tanto para gastar. Ou, talvez, tenha economizado nisso para aumentar os próprios lucros.
Querendo denunciar o sistema financeiro, 'O Capital' é um filme bem pobrezinho
O diretor Costa-Gavras está com 80 anos, e já passou para a história como autor de grandes filmes políticos. Recentemente assisti ao DVD de seu "A Confissão", com Yves Montand.
Sem nenhuma crueza, aquele filme de 1970 tratava dos julgamentos espetaculares nas antigas ditaduras do Leste Europeu, em que altos dirigentes terminavam admitindo suas "traições" ao regime.
Confessavam tudo o que não tinham feito. Os métodos de tortura não seguiam o modelo brasileiro do pau de arara e do choque elétrico. Importava produzir, num tribunal farsesco, a impressão de que tudo era voluntário e verdadeiro.
Meses de privação de sono, além de outros métodos para produzir exaustão física e mental, levavam o preso a assinar declarações cada vez mais comprometedoras, graças a um estudado jogo de ambiguidades verbais.
Assim, o personagem de Yves Montand terminava admitindo ter feito seguidas reuniões com "trotskistas" e "agentes do imperialismo". Eram apenas seus colegas de partido, entre os quais inúmeros heróis da resistência ao nazismo.
Ele podia dizer, e era verdade, que nunca soube que Fulano e Beltrano eram trotskistas. "Mas eram", afirma o interrogador. "Você se reunia com Fulano e Beltrano?"
"Sim", responde o preso. "Então, se você se reunia com Fulano e Beltrano, e se eles eram trotskistas, você se reunia com trotskistas."
Estava feita a confissão; o crime era admitido pelo réu, "objetivamente". Mesmo se, na época das reuniões, todos os participantes, americanófilos, trotskistas ou comunistas, estivessem unidos na resistência ao nazismo.
"A Confissão" é um filme que continua importante, ainda mais quando se sabe que o sistema de interrogatório preferido pelo governo Bush no combate ao terrorismo inspirou-se nas técnicas soviéticas.
Com a burrice suplementar, observe-se, que no Leste Europeu o objetivo da tortura era conseguir confissões falsas, e não informações de fato úteis sobre atentados em curso.
Aprendia-se algo com os filmes de Costa-Gavras de 40 anos atrás. Não é o caso de sua obra mais recente, "O Capital", atualmente em cartaz em São Paulo.
Aqui, a ideia é mostrar a dureza e a ganância dos banqueiros. Recém-nomeado presidente de um conglomerado financeiro, Marc Tourneuil (Gad Elmaleh) terá de demitir milhares de funcionários para garantir o lucro dos acionistas.
Seu antigo chefe, afastado do banco por razões de saúde, fica chocado. Não é esta a tradição francesa de tratar com o problema social, argumenta. Nessa hora, o espectador deve tirar do bolsinho superior do paletó seu lenço de seda Hermès e enxugar uma lágrima comedida em homenagem ao tradicional sistema bancário europeu.
Quanta saudade. Hoje, os americanos estão por trás de tudo. Os controladores de um fundo de investimento com base na Flórida (?) querem dinheiro fácil.
Iates, supermodelos e ameaças irão cercar o cotidiano do novo executivo, sempre nervosinho e sensível a um rabo de saia. Clichês se sucedem. Tourneuil tem pouco tempo para a família. O filho adolescente nem tira os olhos do videogame quanto ele chega de suas aventuras.
Para conquistá-lo, o executivo traz um presente. "É seu primeiro cartão de crédito, filho." O garoto nem agradece. Ah, conclui o espectador, "existem coisas que o dinheiro não pode comprar".
Mas aí o mesmo espectador lembra que ouviu esse tipo de mensagem em algum anúncio, já não sabe se de banco ou de cartão de crédito. Pobres publicitários! As coisas que eles têm de fazer.
Que tal, então, mostrar os "bastidores reais" da alta cúpula? Os banqueiros se reúnem no salão de um palácio particular.
Um esplêndido quadro se destaca na parede. O executivo número 1 pergunta ao executivo número 2: "Matisse?". Frrancameént. Clarro que se trrát de um Matisse. Da melhorr fááz. A esta altura do campeonato, até o mais humilde mendigo de Bobigny ou Bagnolet sabe reconhecer um Matisse.
Seguem-se declarações de princípios, do tipo "os sindicatos que se danem! O que importa é a alta da nossa cotação na Bolsa!".
Tudo, mesmo as tramoias entre os rivais do conselho, fica nesse nível de abstração --como se, em vez de executivos reais, tivéssemos apenas um grupo de colegiais encenando a lição que aprenderam em alguma aula de atualidades.
Os realizadores de "O Capital" poderiam ter caprichado mais no roteiro. Mas, como sabemos, bons roteiristas também custam caro. Pode ser que a produção, coitada, não tivesse tanto para gastar. Ou, talvez, tenha economizado nisso para aumentar os próprios lucros.
Poesia contra a polarização - CRISTIAN KLEIN
VALOR ECONÔMICO - 09/10
A política também tem poesia. Ou pelo menos um simulacro dela. Foi com uma referência ao escritor Rainer Maria Rilke (1875-1926) que o governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB) comemorou a filiação da ex-sonhática e agora pragmática Marina Silva a seu partido. A ex-ministra, que não conseguiu criar a sua Rede Sustentabilidade a tempo de disputar a eleição no ano que vem, caiu na teia do pessebista. Mas a aliança foi vendida à opinião pública com ares de novidade, despojamento e criatividade.
Esqueceram de ver poesia e o poeta dizendo que, onde não havia caminho, nós voamos , afirmou Eduardo Campos, numa declaração que mostrou seu apreço pelo marinês da recém-chegada ex-senadora.
O governador referia-se à polarização da política nacional entre PT e PSDB, que há 20 anos e cinco eleições põe os dois partidos em primeiro ou segundo lugar na corrida ao Palácio do Planalto.
Petistas e tucanos se escolheram como adversários e praticamente fecharam o padrão de competição à Presidência, numa estratégia eficiente. Todos que tentaram romper essa dinâmica se frustraram. O que não significa que o arranjo está longe de ser desarmado.
Mas, de fato, será preciso voar para ultrapassar a barreira. Ao longo do tempo, PT e PSDB criaram laços de lealdade com partidos, segmentos da sociedade, além de fundar seus alicerces nos dois maiores mercados eleitorais: São Paulo e Minas Gerais. Só estes dois Estados entre as 27 unidades da Federação representam um terço do eleitorado total. Até o PMDB, maior máquina partidária do país mas de força dispersa e regionalizada, tem papel secundário entre os paulistas e mineiros.
Há uma inércia muito grande nas redes de apoio estabelecidas. Duas são as margens de manobra que sobram para quem quiser avançar. A primeira é pelas franjas, pela conquista gradual de terreno - o que leva tempo. Vide o próprio PT, que apesar de deter, há dez anos, a joia da Coroa que é a Presidência da República, avança devagar em outros espaços de poder já ocupados como Senado, Câmara, governos estaduais e prefeituras.
Se o PT controla o governo federal, os tucanos estão muito bem assentados no nível regional. Com oito governadores, administram três do seis maiores Estados (São Paulo, Minas e Paraná) e mais de 50% do eleitorado nos Estados. O PSDB tem uma extensa máquina estadual que lhe permite sobreviver aos anos de jejum fora do poder central. Isso lhe dá resistência muito maior que as legendas satélites da oposição (DEM e PPS).
A malha de organização política se completa no plano municipal, onde há um predomínio das duas siglas, ao lado do PMDB. As três legendas governam 42,6% das prefeituras e 53% do bolo orçamentário dos municípios. Alterações na balança de poder dependem do sempre fiel da balança, o PMDB, aliado dos petistas, postado na Vice-Presidência da República. É principalmente o deslizamento desta placa tectônica pemedebista que pode abalar o eixo de rotação eleitoral.
Vistos assim, os caminhos estão bloqueados. O PSB de Eduardo Campos fez o que pôde nas urnas até agora para progredir no território. Teve crescimento excepcional comparado às demais legendas, e ainda não foi suficiente. Ganhou moral, prestígio, respeito dos pares - o que é importante - mas não alterou a correlação de força.
Nos últimos anos, foi o partido que mais inflou seu número de governos estaduais - dobrou de três para seis, em 2010 - e municipais. Suas prefeituras em 2000 representavam 4,7% do eleitorado no plano local e subiram para 11%, em 2012. O desempenho coincide com a chegada ao poder federal, em aliança agora rompida com o PT. No mesmo período, os petistas passaram de 18% para 20% do eleitorado nos municípios - o que mostra o grau de dificuldade de se realizar grandes conquistas, num sistema partidário altamente competitivo.
Por baixo, os caminhos estão mapeados, amarrados. Isso se reflete também na escassez de alternativas para Eduardo Campos em montar os chamados palanques estaduais. Na falta de candidatos a governador e de fortes chapas proporcionais de deputados, seu projeto presidencial fica sem as bases necessárias de apoio.
A única saída, então, é pelo alto. Não à toa Campos fala em poesia e do voo por onde outros não veem caminhos. Foi exatamente essa trajetória pelo ar que permitiu à Marina Silva, em 2010, com seu perfil etéreo de características únicas, alcançar 20% da votação à Presidência - mesmo sem grande estrutura partidária. Marina atraiu correntes de opinião que a transformaram num surpreendente furação, ao explorar em seu discurso o ambientalismo, os atalhos para identificação com o voto religioso e o desencanto dos eleitores à esquerda do PT.
Ao filiá-la ao PSB, alegadamente para ser a sua vice, Eduardo Campos busca aproveitar essa mesma solução pelo alto. Resta saber se Marina terá apelo como vice, assim como foi na cabeça de chapa, e se manterá o mesmo frescor de quatro anos antes. Campos e Marina não necessariamente fazem a rima da poesia.
A; canibalização vai acabar. O Senado aprovou ontem, finalmente, o Projeto de Lei que inibe a criação de novos partidos. Estava engavetado desde que a oposição passou a acusar o governo de casuísmo, numa suposta tentativa de prejudicar a formação do Rede Sustentabilidade e a candidatura de Marina Silva à Presidência. A ex-ministra não conseguiu, de todo modo, aprovar o registro da legenda no TSE. Mas o engavetamento permitiu o inchaço de duas siglas recém-fundadas, o Solidariedade e o Pros. Juntas, cooptaram até agora 43 (63%) dos 68 deputados federais que trocaram de partido, numa autofagia partidária. O projeto não impede a formação de novas legendas e apenas explicita o que já está na lei e contudo foi ignorado pelo STJ, ao analisar o caso do PSD, em 2012: o tempo de TV e o fundo partidário - os dois principais recursos políticos à disposição dos partidos - devem ser distribuídos de acordo com o desempenho na última eleição à Câmara.
Esqueceram de ver poesia e o poeta dizendo que, onde não havia caminho, nós voamos , afirmou Eduardo Campos, numa declaração que mostrou seu apreço pelo marinês da recém-chegada ex-senadora.
O governador referia-se à polarização da política nacional entre PT e PSDB, que há 20 anos e cinco eleições põe os dois partidos em primeiro ou segundo lugar na corrida ao Palácio do Planalto.
Petistas e tucanos se escolheram como adversários e praticamente fecharam o padrão de competição à Presidência, numa estratégia eficiente. Todos que tentaram romper essa dinâmica se frustraram. O que não significa que o arranjo está longe de ser desarmado.
Mas, de fato, será preciso voar para ultrapassar a barreira. Ao longo do tempo, PT e PSDB criaram laços de lealdade com partidos, segmentos da sociedade, além de fundar seus alicerces nos dois maiores mercados eleitorais: São Paulo e Minas Gerais. Só estes dois Estados entre as 27 unidades da Federação representam um terço do eleitorado total. Até o PMDB, maior máquina partidária do país mas de força dispersa e regionalizada, tem papel secundário entre os paulistas e mineiros.
Há uma inércia muito grande nas redes de apoio estabelecidas. Duas são as margens de manobra que sobram para quem quiser avançar. A primeira é pelas franjas, pela conquista gradual de terreno - o que leva tempo. Vide o próprio PT, que apesar de deter, há dez anos, a joia da Coroa que é a Presidência da República, avança devagar em outros espaços de poder já ocupados como Senado, Câmara, governos estaduais e prefeituras.
Se o PT controla o governo federal, os tucanos estão muito bem assentados no nível regional. Com oito governadores, administram três do seis maiores Estados (São Paulo, Minas e Paraná) e mais de 50% do eleitorado nos Estados. O PSDB tem uma extensa máquina estadual que lhe permite sobreviver aos anos de jejum fora do poder central. Isso lhe dá resistência muito maior que as legendas satélites da oposição (DEM e PPS).
A malha de organização política se completa no plano municipal, onde há um predomínio das duas siglas, ao lado do PMDB. As três legendas governam 42,6% das prefeituras e 53% do bolo orçamentário dos municípios. Alterações na balança de poder dependem do sempre fiel da balança, o PMDB, aliado dos petistas, postado na Vice-Presidência da República. É principalmente o deslizamento desta placa tectônica pemedebista que pode abalar o eixo de rotação eleitoral.
Vistos assim, os caminhos estão bloqueados. O PSB de Eduardo Campos fez o que pôde nas urnas até agora para progredir no território. Teve crescimento excepcional comparado às demais legendas, e ainda não foi suficiente. Ganhou moral, prestígio, respeito dos pares - o que é importante - mas não alterou a correlação de força.
Nos últimos anos, foi o partido que mais inflou seu número de governos estaduais - dobrou de três para seis, em 2010 - e municipais. Suas prefeituras em 2000 representavam 4,7% do eleitorado no plano local e subiram para 11%, em 2012. O desempenho coincide com a chegada ao poder federal, em aliança agora rompida com o PT. No mesmo período, os petistas passaram de 18% para 20% do eleitorado nos municípios - o que mostra o grau de dificuldade de se realizar grandes conquistas, num sistema partidário altamente competitivo.
Por baixo, os caminhos estão mapeados, amarrados. Isso se reflete também na escassez de alternativas para Eduardo Campos em montar os chamados palanques estaduais. Na falta de candidatos a governador e de fortes chapas proporcionais de deputados, seu projeto presidencial fica sem as bases necessárias de apoio.
A única saída, então, é pelo alto. Não à toa Campos fala em poesia e do voo por onde outros não veem caminhos. Foi exatamente essa trajetória pelo ar que permitiu à Marina Silva, em 2010, com seu perfil etéreo de características únicas, alcançar 20% da votação à Presidência - mesmo sem grande estrutura partidária. Marina atraiu correntes de opinião que a transformaram num surpreendente furação, ao explorar em seu discurso o ambientalismo, os atalhos para identificação com o voto religioso e o desencanto dos eleitores à esquerda do PT.
Ao filiá-la ao PSB, alegadamente para ser a sua vice, Eduardo Campos busca aproveitar essa mesma solução pelo alto. Resta saber se Marina terá apelo como vice, assim como foi na cabeça de chapa, e se manterá o mesmo frescor de quatro anos antes. Campos e Marina não necessariamente fazem a rima da poesia.
A; canibalização vai acabar. O Senado aprovou ontem, finalmente, o Projeto de Lei que inibe a criação de novos partidos. Estava engavetado desde que a oposição passou a acusar o governo de casuísmo, numa suposta tentativa de prejudicar a formação do Rede Sustentabilidade e a candidatura de Marina Silva à Presidência. A ex-ministra não conseguiu, de todo modo, aprovar o registro da legenda no TSE. Mas o engavetamento permitiu o inchaço de duas siglas recém-fundadas, o Solidariedade e o Pros. Juntas, cooptaram até agora 43 (63%) dos 68 deputados federais que trocaram de partido, numa autofagia partidária. O projeto não impede a formação de novas legendas e apenas explicita o que já está na lei e contudo foi ignorado pelo STJ, ao analisar o caso do PSD, em 2012: o tempo de TV e o fundo partidário - os dois principais recursos políticos à disposição dos partidos - devem ser distribuídos de acordo com o desempenho na última eleição à Câmara.
Cálculo ideológico - HÉLIO SCHWARTSMAN
FOLHA DE SP - 09/10
SÃO PAULO - Disputas partidárias levaram ao "shutdown" do governo dos EUA. Que a ideologia perturba a visão sempre soubemos. Nos casos mais gritantes, pessoas boas, que genuinamente se importam com seus semelhantes, aplaudiram atos de barbárie como a coletivização das terras na antiga URSS e a Revolução Cultural, na China. Tudo em nome de um ideal maior.
De uns tempos para cá, cientistas vêm se interessando pelo fenômeno e começam a mostrar a real dimensão da cegueira ideológica.
Num trabalho publicado em setembro, Dan Kahan, de Yale, revela que nossas preferências políticas afetam até a habilidade de resolver problemas matemáticos, que deveria ser o esteio da racionalidade. O experimento que bolou para provar isso é genial. Primeiro, ele mediu a capacidade de lidar com números e as inclinações ideológicas dos 1.111 voluntários. Em seguida, dividiu-os em grupos que foram apresentados a diferentes versões de um mesmo problema matemático que envolvia o cálculo de proporções. Não era uma questão muito fácil, já que 59% das pessoas não conseguiram resolvê-la.
O interessante é que, entre os que eram bons em matemática e tinham condições de acertar, os resultados mudavam dependendo da forma como o problema era apresentado. Se ele era descrito de modo ideologicamente neutro, como o cálculo da eficácia de um creme para a pele, os numericamente competentes não tinham dificuldade de resolvê-lo. Mas, quando a mesmíssima questão surgia travestida de conta sobre a eficácia do controle de armas para combater o crime, as preferências políticas falavam mais alto. Na verdade, os que eram melhores em matemática puxavam mais a resposta para o seu lado do que os menos hábeis.
Se há uma boa imagem para descrever nossos cérebros, ela é menos a do cientista interessado em obter a verdade do que a do advogado doido para vencer a discussão.
SÃO PAULO - Disputas partidárias levaram ao "shutdown" do governo dos EUA. Que a ideologia perturba a visão sempre soubemos. Nos casos mais gritantes, pessoas boas, que genuinamente se importam com seus semelhantes, aplaudiram atos de barbárie como a coletivização das terras na antiga URSS e a Revolução Cultural, na China. Tudo em nome de um ideal maior.
De uns tempos para cá, cientistas vêm se interessando pelo fenômeno e começam a mostrar a real dimensão da cegueira ideológica.
Num trabalho publicado em setembro, Dan Kahan, de Yale, revela que nossas preferências políticas afetam até a habilidade de resolver problemas matemáticos, que deveria ser o esteio da racionalidade. O experimento que bolou para provar isso é genial. Primeiro, ele mediu a capacidade de lidar com números e as inclinações ideológicas dos 1.111 voluntários. Em seguida, dividiu-os em grupos que foram apresentados a diferentes versões de um mesmo problema matemático que envolvia o cálculo de proporções. Não era uma questão muito fácil, já que 59% das pessoas não conseguiram resolvê-la.
O interessante é que, entre os que eram bons em matemática e tinham condições de acertar, os resultados mudavam dependendo da forma como o problema era apresentado. Se ele era descrito de modo ideologicamente neutro, como o cálculo da eficácia de um creme para a pele, os numericamente competentes não tinham dificuldade de resolvê-lo. Mas, quando a mesmíssima questão surgia travestida de conta sobre a eficácia do controle de armas para combater o crime, as preferências políticas falavam mais alto. Na verdade, os que eram melhores em matemática puxavam mais a resposta para o seu lado do que os menos hábeis.
Se há uma boa imagem para descrever nossos cérebros, ela é menos a do cientista interessado em obter a verdade do que a do advogado doido para vencer a discussão.
Os gringos têm razão - GILBERTO ANTONIO CANTÚ
GAZETA DO POVO - PR - 09/10
Sou patriota. Apesar de conviver com o descaso dos nossos governantes para com o nosso país, sempre acho que as coisas vão melhorar, mesmo que a passos lentos. Mas confesso que é difícil manter este espírito otimista, tanto é que hoje resolvi me render à opinião internacional e percebi que os gringos têm razão.
Digo isso porque li um artigo publicado no jornal britânico Financial Times que afirmava que o Brasil precisa lidar com problemas no setor de transporte e logística para evitar o risco de “condenar o país a uma década perdida em termos de crescimento econômico”.
O texto, intitulado “Bumpy Decade” (“Década de solavancos”) e assinado pelo correspondente do jornal em São Paulo, Joe Leahy, diz que o governo federal busca resolver diversos entraves de infraestrutura, e cita os investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) – de R$ 1 trilhão – e as tentativas de leilões de concessões de estradas. Mas também revela que, apesar de todos os esforços, a parcela que os investimentos representam do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro ainda é inferior à de outros países de dimensões parecidas com as do Brasil. Ainda segundo o artigo, os leilões de projetos de infraestrutura seriam importantes para ajudar o Brasil a melhorar o índice de crescimento, mas não estariam tendo o desempenho esperado.
Por isso, segundo o correspondente, algo não está funcionando aqui. Outro fato triste, mas real, citado por Leahy é o fato de o Brasil ter pouco tempo para que as iniciativas de infraestrutura decolem, uma vez que o país praticamente para no intervalo entre o Natal e o carnaval, e depois novamente durante a Copa do Mundo, sem contar que em 2014 teremos eleições presidenciais.
Parafraseando a publicação: “Se os projetos forem adiados até 2015, eles não ficarão prontos antes de 2020, no melhor dos casos. Contando os últimos três anos de fraco progresso econômico, o Brasil arrisca ter uma década de baixo crescimento e, em uma época globalizada, uma década é muito tempo para se perder”.
É, meus caros, fica difícil ter argumentos contra estes dados. Estamos atrasados e corremos o risco de continuarmos estagnados se não exigirmos que o governo leve mais a sério as necessidades do Brasil para conseguir ter resultados econômicos satisfatórios. Até lá, continuamos tendo de engolir opiniões como a do Financial Times e, pior, concordar com elas.
Sou patriota. Apesar de conviver com o descaso dos nossos governantes para com o nosso país, sempre acho que as coisas vão melhorar, mesmo que a passos lentos. Mas confesso que é difícil manter este espírito otimista, tanto é que hoje resolvi me render à opinião internacional e percebi que os gringos têm razão.
Digo isso porque li um artigo publicado no jornal britânico Financial Times que afirmava que o Brasil precisa lidar com problemas no setor de transporte e logística para evitar o risco de “condenar o país a uma década perdida em termos de crescimento econômico”.
O texto, intitulado “Bumpy Decade” (“Década de solavancos”) e assinado pelo correspondente do jornal em São Paulo, Joe Leahy, diz que o governo federal busca resolver diversos entraves de infraestrutura, e cita os investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) – de R$ 1 trilhão – e as tentativas de leilões de concessões de estradas. Mas também revela que, apesar de todos os esforços, a parcela que os investimentos representam do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro ainda é inferior à de outros países de dimensões parecidas com as do Brasil. Ainda segundo o artigo, os leilões de projetos de infraestrutura seriam importantes para ajudar o Brasil a melhorar o índice de crescimento, mas não estariam tendo o desempenho esperado.
Por isso, segundo o correspondente, algo não está funcionando aqui. Outro fato triste, mas real, citado por Leahy é o fato de o Brasil ter pouco tempo para que as iniciativas de infraestrutura decolem, uma vez que o país praticamente para no intervalo entre o Natal e o carnaval, e depois novamente durante a Copa do Mundo, sem contar que em 2014 teremos eleições presidenciais.
Parafraseando a publicação: “Se os projetos forem adiados até 2015, eles não ficarão prontos antes de 2020, no melhor dos casos. Contando os últimos três anos de fraco progresso econômico, o Brasil arrisca ter uma década de baixo crescimento e, em uma época globalizada, uma década é muito tempo para se perder”.
É, meus caros, fica difícil ter argumentos contra estes dados. Estamos atrasados e corremos o risco de continuarmos estagnados se não exigirmos que o governo leve mais a sério as necessidades do Brasil para conseguir ter resultados econômicos satisfatórios. Até lá, continuamos tendo de engolir opiniões como a do Financial Times e, pior, concordar com elas.
Obama! Fiado só amanhã! - JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SP - 09/10
Se o Obama der o calote, vai mudar o slogan pra 'YES, WE CANO!'. O Obama vai pedir dinheiro pro Tio Patinhas!
Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Direto do País da Piada Pronta: "Enquanto confessava os pecados, mulher furta padre na catedral de Ribeirão Preto". A pecadora roubou o iPhone 5 do padre. Mas roubar iPhone 5 não é pecado, é necessidade. Furto famélico! Rarará!
E essa outra piada prontíssima: um amigo estava numa livraria em Curitiba quando viu esse livro "As 25 Leis Bíblicas do Sucesso. Prefácio: Eike Batista". Rarará! O Eike vai entrar pro Bolsa Família. Bolsa FamiliaX!
E esse monte de piada pronta numa única piada pronta: "Miss Bumbum leiloa calcinha com buraco atrás e vai doar fundos pra caridade". O fundo vai pro buraco! Rarará!
E essa: "Mercados caem pelo mundo com risco de calote dos EUA!". Epa! Se o Obama der o calote, ele vai mudar o slogan pra "YES, WE CANO!". O Obama vai pedir dinheiro pro Tio Patinhas! O Obama tá vendendo tudo.
Olha essa charge do Aroeira com a placa no portão da Casa Branca! "Vende-se! Porteira Fechada! Tratar aqui". Por isso que a Michelle tá fazendo campanha contra obesidade. Vão ter que apertar os cintos!
E a manchete do Piauí Herald: "Governo chinês aceita rolar dívida americana mas exige Angelina Jolie como garantia". Rarará! É aquela velha perrenga: republicanos x democratas! E já reparou que todo republicano tem cara de caubói velho. E todo democrata tem cara de amendoim: Carter, Clinton, Obama!
E avisa pro Obama que "Fiado Só Amanhã!". A crise tá tão feia que, na hora de assinar a moratória, o Obama vai gritar: "Alguém tem uma Bic pra me emprestar?". Rarará!
E essa: "Marina tem ataque alérgico dois dias depois de se filiar ao PSB". JÁ?! Diz que é alergia a chocolate! Acho que é alergia a bolo de rolo, aquele bolo pernambucano! Rarará!
E a Marina tá confundindo chavismo com chatismo! E duas coisas que eu não aguento mais ouvir: Marina e gol da Portuguesa!
É mole? É mole, mas sobe!
O Brasil é lúdico! O brasileiro escreve tudo errado, mas todo mundo se entende. Olha essa placa em Uruana, Goiás: "Venda-se Malmiteke". Adoro esse "venda-se". E essa placa numa árvore em Juqueí: "Vou filmar o IQUINORANTE que coloca lixo na rua". E a língua portuguesa também. Rarará!
Nóis sofre, mas nóis goza!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
Se o Obama der o calote, vai mudar o slogan pra 'YES, WE CANO!'. O Obama vai pedir dinheiro pro Tio Patinhas!
Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Direto do País da Piada Pronta: "Enquanto confessava os pecados, mulher furta padre na catedral de Ribeirão Preto". A pecadora roubou o iPhone 5 do padre. Mas roubar iPhone 5 não é pecado, é necessidade. Furto famélico! Rarará!
E essa outra piada prontíssima: um amigo estava numa livraria em Curitiba quando viu esse livro "As 25 Leis Bíblicas do Sucesso. Prefácio: Eike Batista". Rarará! O Eike vai entrar pro Bolsa Família. Bolsa FamiliaX!
E esse monte de piada pronta numa única piada pronta: "Miss Bumbum leiloa calcinha com buraco atrás e vai doar fundos pra caridade". O fundo vai pro buraco! Rarará!
E essa: "Mercados caem pelo mundo com risco de calote dos EUA!". Epa! Se o Obama der o calote, ele vai mudar o slogan pra "YES, WE CANO!". O Obama vai pedir dinheiro pro Tio Patinhas! O Obama tá vendendo tudo.
Olha essa charge do Aroeira com a placa no portão da Casa Branca! "Vende-se! Porteira Fechada! Tratar aqui". Por isso que a Michelle tá fazendo campanha contra obesidade. Vão ter que apertar os cintos!
E a manchete do Piauí Herald: "Governo chinês aceita rolar dívida americana mas exige Angelina Jolie como garantia". Rarará! É aquela velha perrenga: republicanos x democratas! E já reparou que todo republicano tem cara de caubói velho. E todo democrata tem cara de amendoim: Carter, Clinton, Obama!
E avisa pro Obama que "Fiado Só Amanhã!". A crise tá tão feia que, na hora de assinar a moratória, o Obama vai gritar: "Alguém tem uma Bic pra me emprestar?". Rarará!
E essa: "Marina tem ataque alérgico dois dias depois de se filiar ao PSB". JÁ?! Diz que é alergia a chocolate! Acho que é alergia a bolo de rolo, aquele bolo pernambucano! Rarará!
E a Marina tá confundindo chavismo com chatismo! E duas coisas que eu não aguento mais ouvir: Marina e gol da Portuguesa!
É mole? É mole, mas sobe!
O Brasil é lúdico! O brasileiro escreve tudo errado, mas todo mundo se entende. Olha essa placa em Uruana, Goiás: "Venda-se Malmiteke". Adoro esse "venda-se". E essa placa numa árvore em Juqueí: "Vou filmar o IQUINORANTE que coloca lixo na rua". E a língua portuguesa também. Rarará!
Nóis sofre, mas nóis goza!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
Suspirar é preciso - TOSTÃO
FOLHA DE SP - 09/10
O Cruzeiro, melhor time deste Campeonato Brasileiro, é, coletivamente, superior ao time de 2003
Durante a noite, Fernando Pessoa e seus heterônimos repousam no Mosteiro dos Jerónimos, em Belém, ao lado dos maiores personagens da história de Portugal. De dia, eles vagueiam pelas livrarias e cafés de Lisboa. Parafraseando o poeta, "Tabacaria" pode não ser o mais belo poema da literatura mundial, mas é, para mim, o mais belo, pois é o que mais gosto.
Já o Cruzeiro não é o mais belo time do Brasileiro somente porque é o time que mais gosto e que tenho mais laços afetivos. É, indiscutivelmente, o melhor. Todos ou quase todos concordam.
O Cruzeiro é, coletivamente, superior ao time de 2003. Joga no estilo das melhores equipes do mundo. No ano passado, era o Corinthians. Já o Atlético-MG, na Libertadores, quando era o melhor time brasileiro, tinha um estilo próprio, o "Galo Doido". Privilegiava os lançamentos longos, os chutões e lances aéreos. Dava certo, mas não tinha nada de moderno.
Há muitas maneiras de vencer, mas são poucas as de encantar, de suspirar, como tem feito o Cruzeiro, mesmo para quem não é cruzeirense, com exceção dos atleticanos. O encanto não entra na estatística.
Já o Grêmio, com seu estilo pesado, defensivo, também eficiente, só faz suspirar seus torcedores. Além disso, se a maioria das principais equipes não estivesse tão mal, o Grêmio, com a campanha atual, não seria vice-líder.
Contra o Botafogo, Kleber foi, mais uma vez, violento, independentemente da simulação do zagueiro Dória. Criticaram a simulação e se esqueceram da deslealdade do atacante gremista.
Se Kleber se preocupasse sempre em jogar futebol, como tem feito na maior parte do campeonato --ele tem atuado bem--, poderia ter uma carreira brilhante. Mas o que mais agrada a ele e à parte dos treinadores e da imprensa são o confronto físico, os lances agressivos (confundem com raça) e a simulação, para cavar faltas, pênaltis e para provocar a expulsão de seus marcadores.
Assim como é comum o bairrismo, em todos os estados, e o preconceito, de todos os tipos, no futebol e na vida são frequentes o bairrismo e o preconceito às avessas. Para aumentar a audiência e mostrar que não são bairristas nem preconceituosos, muitos excedem os elogios a treinadores, times e jogadores de outros estados.
Parabéns aos jogadores pela criação do Bom Senso F.C. O futebol brasileiro precisa de grandes mudanças, e não apenas de um calendário. Para isso, é necessário ter uma entidade transparente e independente, que comande o futebol de acordo com os interesses do futebol e que, a partir daí, atraia os investidores. Futebol é também negócio.
O que não se pode é fazer o contrário, passar o comando a empresas e a investidores, como tem feito a CBF, mesmo que eles paguem caro e sejam os melhores do mundo.
O Cruzeiro, melhor time deste Campeonato Brasileiro, é, coletivamente, superior ao time de 2003
Durante a noite, Fernando Pessoa e seus heterônimos repousam no Mosteiro dos Jerónimos, em Belém, ao lado dos maiores personagens da história de Portugal. De dia, eles vagueiam pelas livrarias e cafés de Lisboa. Parafraseando o poeta, "Tabacaria" pode não ser o mais belo poema da literatura mundial, mas é, para mim, o mais belo, pois é o que mais gosto.
Já o Cruzeiro não é o mais belo time do Brasileiro somente porque é o time que mais gosto e que tenho mais laços afetivos. É, indiscutivelmente, o melhor. Todos ou quase todos concordam.
O Cruzeiro é, coletivamente, superior ao time de 2003. Joga no estilo das melhores equipes do mundo. No ano passado, era o Corinthians. Já o Atlético-MG, na Libertadores, quando era o melhor time brasileiro, tinha um estilo próprio, o "Galo Doido". Privilegiava os lançamentos longos, os chutões e lances aéreos. Dava certo, mas não tinha nada de moderno.
Há muitas maneiras de vencer, mas são poucas as de encantar, de suspirar, como tem feito o Cruzeiro, mesmo para quem não é cruzeirense, com exceção dos atleticanos. O encanto não entra na estatística.
Já o Grêmio, com seu estilo pesado, defensivo, também eficiente, só faz suspirar seus torcedores. Além disso, se a maioria das principais equipes não estivesse tão mal, o Grêmio, com a campanha atual, não seria vice-líder.
Contra o Botafogo, Kleber foi, mais uma vez, violento, independentemente da simulação do zagueiro Dória. Criticaram a simulação e se esqueceram da deslealdade do atacante gremista.
Se Kleber se preocupasse sempre em jogar futebol, como tem feito na maior parte do campeonato --ele tem atuado bem--, poderia ter uma carreira brilhante. Mas o que mais agrada a ele e à parte dos treinadores e da imprensa são o confronto físico, os lances agressivos (confundem com raça) e a simulação, para cavar faltas, pênaltis e para provocar a expulsão de seus marcadores.
Assim como é comum o bairrismo, em todos os estados, e o preconceito, de todos os tipos, no futebol e na vida são frequentes o bairrismo e o preconceito às avessas. Para aumentar a audiência e mostrar que não são bairristas nem preconceituosos, muitos excedem os elogios a treinadores, times e jogadores de outros estados.
Parabéns aos jogadores pela criação do Bom Senso F.C. O futebol brasileiro precisa de grandes mudanças, e não apenas de um calendário. Para isso, é necessário ter uma entidade transparente e independente, que comande o futebol de acordo com os interesses do futebol e que, a partir daí, atraia os investidores. Futebol é também negócio.
O que não se pode é fazer o contrário, passar o comando a empresas e a investidores, como tem feito a CBF, mesmo que eles paguem caro e sejam os melhores do mundo.
Lei Roberto Carlos I - ANCELMO GOIS
O GLOBO - 09/10
O Procure Saber, do pessoal da MPB, se reúne hoje para afinar o discurso contra as biografias não autorizadas.
O grupo já esteve com a ministra Cármen Lúcia, relatora, no STF, da Adin que pede o fim da necessidade de autorização dos biografados.
Lei Roberto Carlos II...
Num encontro com escritores ontem, na Feira de Frankfurt, a ministra Marta Suplicy quis saber a opinião da turma sobre a polêmica.
Ruy Castro acusou “um grupo de estar manipulando a volta da censura para defender interesses de direitos autorais”. Lembrou que existem uns 3 mil livros sobre Kennedy nos EUA, e nenhum biógrafo pediu licença.
A maldição...
Parece até bruxaria do mago Paulo Coelho, que deixou a delegação brasileira atirando.
Vários escritores que foram a Frankfurt chegaram ao hotel Holiday Inn, após longa viagem, e descobriram que não tinha água no banheiro. Teve quem fosse todo suado à abertura do evento.
No mais...
Fez sucesso na feira o discurso de Ana Maria Machado, presidente da ABL, que convidou o estrangeiro a conhecer o Brasil dos livros.
Um trecho...
“Os estereótipos que se colam aos olhares lançados sobre nós se voltam muito mais para a cultura daquilo que é imediatamente apreensível pelos sentidos — o corpo. Mas um corpo em que o cérebro costuma ser esquecido, como se não tivéssemos espírito, na celebração da dança, da música, do futebol, da capoeira e outros esportes, da sensualidade, das peles bronzeadas que se exibem nas praias, do carnaval, dos sabores da caipirinha. Somos mais do que isso”.
Isto é Brasil
No Brasil desde 1995, a mamute americana Walmart já aprendeu certas peculiaridades regionais brasileiras.
No comércio eletrônico, os cariocas, em geral, compram 11% mais artigos esportivos do que os paulistas, desde skates até produtos de camping.
Já...
As cariocas gastam 25% a mais do que as paulistas em itens de beleza. Faz sentido.
Ainda...
Na Bahia, o crescimento das vendas de instrumentos musicais pela internet chega a 124% nos últimos 12 meses.
Faz sentido também.
Mercado de games
A Feira Brasil Games Show 2013, que em sua última edição movimentou R$ 50 milhões, será realizada pelo segundo ano consecutivo em São Paulo, do dia 25 ao 29 deste mês.
O Brasil, segundo o idealizador da feira, Marcelo Tavares, já ocupa o quarto lugar no mundo no mercado de games.
A proteção de Bibi
Para afastar o mau-olhado, Bibi Ferreira mandou comprar quatro pimenteiras para colocar nas coxias do Teatro Oi Casa Grande durante as apresentações de “Bibi canta e conta Piaf”.
Só que todas as pimenteiras secaram. Por precaução, Bibi não só renovou, mas reforçou o arsenal: serão 12 pimenteiras no próximo final de semana.
Jura secreta
Para homenagear os 70 anos da grande compositora Sueli Costa, a eterna ternurinha Wanderléa lançará, ainda este ano, um CD somente com a obra da artista.
Incluirá clássicos como “Alma” e “Jura secreta”.
Trânsito, o problema
Pelas contas da central 1746, da prefeitura do Rio, a Guarda Municipal do Rio vai receber hoje a ligação de número cem mil deste ano.
Até aqui, com 87% das ligações, a principal reclamação é a falta de educação dos motoristas.
Poxa, que feio!
Numa sessão especial, segunda, do musical “Cazuza — Pro dia nascer feliz”, deu a maior confusão na porta do Teatro Net, no Rio.
A fila para pegar os convites era enorme. O fotógrafo e maquiador Fernando Torquato e o cantor Elymar Santos furaram a fila. E, o pior, os ingressos acabaram.
Teve até briga do lado de fora.
Diário de Justiça
A empresa Hair Styling Applications do Brasil Ltda. foi condenada pelo STJ a pagar uma indenização de R$ 5 mil a uma consumidora.
Acredite. Maria Silva de Oliveira, moradora do Rio, utilizou um produto da empresa e acabou quase careca, com séria reação alérgica no couro cabeludo.
O grupo já esteve com a ministra Cármen Lúcia, relatora, no STF, da Adin que pede o fim da necessidade de autorização dos biografados.
Lei Roberto Carlos II...
Num encontro com escritores ontem, na Feira de Frankfurt, a ministra Marta Suplicy quis saber a opinião da turma sobre a polêmica.
Ruy Castro acusou “um grupo de estar manipulando a volta da censura para defender interesses de direitos autorais”. Lembrou que existem uns 3 mil livros sobre Kennedy nos EUA, e nenhum biógrafo pediu licença.
A maldição...
Parece até bruxaria do mago Paulo Coelho, que deixou a delegação brasileira atirando.
Vários escritores que foram a Frankfurt chegaram ao hotel Holiday Inn, após longa viagem, e descobriram que não tinha água no banheiro. Teve quem fosse todo suado à abertura do evento.
No mais...
Fez sucesso na feira o discurso de Ana Maria Machado, presidente da ABL, que convidou o estrangeiro a conhecer o Brasil dos livros.
Um trecho...
“Os estereótipos que se colam aos olhares lançados sobre nós se voltam muito mais para a cultura daquilo que é imediatamente apreensível pelos sentidos — o corpo. Mas um corpo em que o cérebro costuma ser esquecido, como se não tivéssemos espírito, na celebração da dança, da música, do futebol, da capoeira e outros esportes, da sensualidade, das peles bronzeadas que se exibem nas praias, do carnaval, dos sabores da caipirinha. Somos mais do que isso”.
Isto é Brasil
No Brasil desde 1995, a mamute americana Walmart já aprendeu certas peculiaridades regionais brasileiras.
No comércio eletrônico, os cariocas, em geral, compram 11% mais artigos esportivos do que os paulistas, desde skates até produtos de camping.
Já...
As cariocas gastam 25% a mais do que as paulistas em itens de beleza. Faz sentido.
Ainda...
Na Bahia, o crescimento das vendas de instrumentos musicais pela internet chega a 124% nos últimos 12 meses.
Faz sentido também.
Mercado de games
A Feira Brasil Games Show 2013, que em sua última edição movimentou R$ 50 milhões, será realizada pelo segundo ano consecutivo em São Paulo, do dia 25 ao 29 deste mês.
O Brasil, segundo o idealizador da feira, Marcelo Tavares, já ocupa o quarto lugar no mundo no mercado de games.
A proteção de Bibi
Para afastar o mau-olhado, Bibi Ferreira mandou comprar quatro pimenteiras para colocar nas coxias do Teatro Oi Casa Grande durante as apresentações de “Bibi canta e conta Piaf”.
Só que todas as pimenteiras secaram. Por precaução, Bibi não só renovou, mas reforçou o arsenal: serão 12 pimenteiras no próximo final de semana.
Jura secreta
Para homenagear os 70 anos da grande compositora Sueli Costa, a eterna ternurinha Wanderléa lançará, ainda este ano, um CD somente com a obra da artista.
Incluirá clássicos como “Alma” e “Jura secreta”.
Trânsito, o problema
Pelas contas da central 1746, da prefeitura do Rio, a Guarda Municipal do Rio vai receber hoje a ligação de número cem mil deste ano.
Até aqui, com 87% das ligações, a principal reclamação é a falta de educação dos motoristas.
Poxa, que feio!
Numa sessão especial, segunda, do musical “Cazuza — Pro dia nascer feliz”, deu a maior confusão na porta do Teatro Net, no Rio.
A fila para pegar os convites era enorme. O fotógrafo e maquiador Fernando Torquato e o cantor Elymar Santos furaram a fila. E, o pior, os ingressos acabaram.
Teve até briga do lado de fora.
Diário de Justiça
A empresa Hair Styling Applications do Brasil Ltda. foi condenada pelo STJ a pagar uma indenização de R$ 5 mil a uma consumidora.
Acredite. Maria Silva de Oliveira, moradora do Rio, utilizou um produto da empresa e acabou quase careca, com séria reação alérgica no couro cabeludo.
BOMBA DE GASOLINA - MONICA BERGAMO
FOLHA DE SP - 09/10
O governo federal estuda anunciar novo aumento de combustíveis só no fim do ano. Com isso, o reajuste poderá ser calculado no valor exato que permita à inflação acumulada não passar da meta oficial de 6,5% em 2013.
BOMBA 2
Apesar da possibilidade, há economistas e consultorias no mercado que apostam num reajuste já para outubro, numa eventual janela de inflação em queda. As apostas situam o aumento entre 4% e 5% na bomba.
BOMBA 3
A alta do dólar há alguns meses pressionou a Petrobras, que compra combustível no exterior para vendê-lo nos postos de gasolina. A estatal já solicitou formalmente aumento, mas o governo diz que administra a questão com cuidado por causa do impacto na inflação.
BALANÇA
A análise é de dirigentes do PSB, endossada por profissionais experientes da área de pesquisa: Marina Silva, ao menos oficialmente fora da disputa, deve murchar nas pesquisas presidenciais até o começo de 2014. Eduardo Campos, candidato declarado, ganhará visibilidade e deve inflar nas sondagens. Com isso, o percentual de intenção de votos dos dois candidatos (ela chegou a 26% no último Datafolha e ele, a 9%) pode se equilibrar.
NÃO CAI
No cenário acima, estaria afastada a possibilidade de pressões para que ela assumisse a cabeça da chapa presidencial pelo PSB.
ESPÓLIO
Cruzamento recente feito pelo Ibope é observado com lupa: do total de eleitores que diziam votar em Marina no mês passado, 40% admitiam poder votar em Aécio Neves, 36% admitiam migrar para Dilma Rousseff e 32%, para Eduardo Campos. A presidente, no entanto, é a mais rejeitada pelos marineiros: 60%, contra 31% de Aécio e 27% de Campos.
EDUARDO QUEM?
Campos é também quem tem mais potencial para crescer entre os eleitores de Marina: 41% não sabiam dizer quem ele era.
PRATO CHEIO
A relatoria do projeto de lei que regula a publicidade destinada a crianças, que atinge em cheio fabricantes de alimentos e agências de propaganda, virou uma das mais cobiçadas na Câmara dos Deputados. "Pelo menos dez colegas me procuraram. Há uma grande disputa", diz o deputado Décio Lima (PT-SC), presidente da Comissão de Justiça e responsável pela nomeação. O texto está no colegiado desde o dia 19.
IDADE ADULTA
O projeto de lei completa 12 anos em 12 de dezembro. Simbolicamente, vai virar adulto --12 anos é a idade em que alguém deixa de ser criança.
CABEÇA A MIL
Rodriguinho, pagodeiro que ficou famoso como vocalista do grupo Os Travessos, se filiou ao PTB e deve ser candidato a deputado estadual no ano que vem. Hoje em carreira solo, ele diz que sua plataforma terá projetos para defesa das crianças e para os músicos. "Tenho um milhão de ideias", afirma o artista, que tem como padrinho político o também cantor Netinho de Paula (PCdoB-SP). "Ele me dá muitos conselhos."
SOM E IMAGEM
O maior sucesso de Rodriguinho foi "Tô te Filmando (Sorria)", gravada com sua antiga banda e uma das músicas mais tocadas nas rádios há cerca de dez anos.
CONTRA
O reajuste do IPTU será alvo de protesto da bancada do PSBD na Câmara Municipal de São Paulo na sexta. Associações de moradores vão participar do ato, organizado pelo vereador Andrea Matarazzo. Para os tucanos, o aumento médio de 24% no imposto em 2014 é abusivo.
LIVRE E LEVE
Fernanda Lima, 36, combina ioga e dieta equilibrada para manter o peso; "Todos comem saladas, legumes, açaí, massas integrais e quinua", diz a apresentadora sobre os hábitos da família, na revista "Boa Forma"
NOBRE COLEGA
O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal, tomou posse como associado honorário do Iasp (Instituto dos Advogados de São Paulo), anteontem, na Sé. O advogado Marcelo Nobre e o também ministro Luis Felipe Salomão, do Superior Tribunal de Justiça, estiveram na solenidade.
CLUBE DA LULUZINHA
A atriz Marieta Severo foi a homenageada especial da 18ª edição do Prêmio Claudia, realizado anteontem pela revista da editora Abril, na Sala São Paulo. A ex-jogadora de basquete Magic Paula e o ator Ailton Graça foram à premiação, que também contou com a presença da apresentadora Chris Flores.
CURTO-CIRCUITO
Marcelo Galvão, diretor do filme "Colegas", participa de palestra no MAM sobre a relação de pessoas com síndrome de Down e a arte, hoje, às 19h.
O apresentador Amaury Jr. lança linha de chocolates hoje, na Casa Fares, às 20h.
O cantor italiano Amedeo Minghi acompanha hoje ensaio da Orquestra Sinfônica Heliópolis.
A Mostra de Cinema Brasileiro na Rússia começa hoje, com a exibição do filme "Gonzaga", em Moscou.
BOMBA 2
Apesar da possibilidade, há economistas e consultorias no mercado que apostam num reajuste já para outubro, numa eventual janela de inflação em queda. As apostas situam o aumento entre 4% e 5% na bomba.
BOMBA 3
A alta do dólar há alguns meses pressionou a Petrobras, que compra combustível no exterior para vendê-lo nos postos de gasolina. A estatal já solicitou formalmente aumento, mas o governo diz que administra a questão com cuidado por causa do impacto na inflação.
BALANÇA
A análise é de dirigentes do PSB, endossada por profissionais experientes da área de pesquisa: Marina Silva, ao menos oficialmente fora da disputa, deve murchar nas pesquisas presidenciais até o começo de 2014. Eduardo Campos, candidato declarado, ganhará visibilidade e deve inflar nas sondagens. Com isso, o percentual de intenção de votos dos dois candidatos (ela chegou a 26% no último Datafolha e ele, a 9%) pode se equilibrar.
NÃO CAI
No cenário acima, estaria afastada a possibilidade de pressões para que ela assumisse a cabeça da chapa presidencial pelo PSB.
ESPÓLIO
Cruzamento recente feito pelo Ibope é observado com lupa: do total de eleitores que diziam votar em Marina no mês passado, 40% admitiam poder votar em Aécio Neves, 36% admitiam migrar para Dilma Rousseff e 32%, para Eduardo Campos. A presidente, no entanto, é a mais rejeitada pelos marineiros: 60%, contra 31% de Aécio e 27% de Campos.
EDUARDO QUEM?
Campos é também quem tem mais potencial para crescer entre os eleitores de Marina: 41% não sabiam dizer quem ele era.
PRATO CHEIO
A relatoria do projeto de lei que regula a publicidade destinada a crianças, que atinge em cheio fabricantes de alimentos e agências de propaganda, virou uma das mais cobiçadas na Câmara dos Deputados. "Pelo menos dez colegas me procuraram. Há uma grande disputa", diz o deputado Décio Lima (PT-SC), presidente da Comissão de Justiça e responsável pela nomeação. O texto está no colegiado desde o dia 19.
IDADE ADULTA
O projeto de lei completa 12 anos em 12 de dezembro. Simbolicamente, vai virar adulto --12 anos é a idade em que alguém deixa de ser criança.
CABEÇA A MIL
Rodriguinho, pagodeiro que ficou famoso como vocalista do grupo Os Travessos, se filiou ao PTB e deve ser candidato a deputado estadual no ano que vem. Hoje em carreira solo, ele diz que sua plataforma terá projetos para defesa das crianças e para os músicos. "Tenho um milhão de ideias", afirma o artista, que tem como padrinho político o também cantor Netinho de Paula (PCdoB-SP). "Ele me dá muitos conselhos."
SOM E IMAGEM
O maior sucesso de Rodriguinho foi "Tô te Filmando (Sorria)", gravada com sua antiga banda e uma das músicas mais tocadas nas rádios há cerca de dez anos.
CONTRA
O reajuste do IPTU será alvo de protesto da bancada do PSBD na Câmara Municipal de São Paulo na sexta. Associações de moradores vão participar do ato, organizado pelo vereador Andrea Matarazzo. Para os tucanos, o aumento médio de 24% no imposto em 2014 é abusivo.
LIVRE E LEVE
Fernanda Lima, 36, combina ioga e dieta equilibrada para manter o peso; "Todos comem saladas, legumes, açaí, massas integrais e quinua", diz a apresentadora sobre os hábitos da família, na revista "Boa Forma"
NOBRE COLEGA
O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal, tomou posse como associado honorário do Iasp (Instituto dos Advogados de São Paulo), anteontem, na Sé. O advogado Marcelo Nobre e o também ministro Luis Felipe Salomão, do Superior Tribunal de Justiça, estiveram na solenidade.
CLUBE DA LULUZINHA
A atriz Marieta Severo foi a homenageada especial da 18ª edição do Prêmio Claudia, realizado anteontem pela revista da editora Abril, na Sala São Paulo. A ex-jogadora de basquete Magic Paula e o ator Ailton Graça foram à premiação, que também contou com a presença da apresentadora Chris Flores.
CURTO-CIRCUITO
Marcelo Galvão, diretor do filme "Colegas", participa de palestra no MAM sobre a relação de pessoas com síndrome de Down e a arte, hoje, às 19h.
O apresentador Amaury Jr. lança linha de chocolates hoje, na Casa Fares, às 20h.
O cantor italiano Amedeo Minghi acompanha hoje ensaio da Orquestra Sinfônica Heliópolis.
A Mostra de Cinema Brasileiro na Rússia começa hoje, com a exibição do filme "Gonzaga", em Moscou.
A linha da reforma ministerial - ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 09/10
Os aliados do governo, como o PMDB, que querem premiar seus quadros na reforma ministerial de dezembro, vão estrilar. Com o aval do ex-presidente Lula, a presidente Dilma quer montar um ministério técnico para a reta final do mandato. De olho na eleição, um dirigente petista explica: “A ideia é colocar quem entregue o prometido. Não pode ser alguém que acabou de chegar mas um técnico que já esteja lá e faça acontecer”.
O PTB também quer um ministério
O PMDB não está mais só. O PTB, que está fora do ministério desde 2009, quando José Múcio deixou a pasta de Relações Institucionais, quer seu ministério. O tema foi tratado ontem, pelo presidente do partido e vice do BB, Benito Gama, e o líder na Câmara, Jovair Arantes. Os senadores do PMDB também cobram uma reunião com a presidente Dilma. O líder Eduardo Braga (PMDB) tem relatado as queixas com a demora na nomeação do senador Vital do Rego para a Integração e com os desacertos entre PT e PMDB nas eleições estaduais. Ontem, o líder no Senado, Eunício Oliveira, cobrou da ministra Ideli Salvatti apoio no Ceará e a nomeação de Vital.
“Ministérios só em dezembro. Não vamos tratar disso agora. Quem decide já deixou isso bem claro”
Ideli Salvatti
Ministra das Relações Institucionais, ao deixar reunião com o PMDB no gabinete da presidência do Senado
PROS quer manter Portos
A despeito da posição do governador do Ceará, Cid Gomes (CE), os deputados filiados ao recém-criado PROS querem manter a Secretaria dos Portos. A pasta era dirigida por Leônidas Cristino. Mas Cid diz que não quer fazer o sucessor para não ser acusado de fisiologismo.
Lulinha paz e amor
Orientação baixada pelo ex-presidente Lula, anteontem, no Instituto Lula: “Não tratar Eduardo Campos e Marina Silva como inimigos”. Presentes: o presidente do PT, Rui Falcão, o governador Tarso Genro (foto) e Franklin Martins. Eles avaliam que parcela dos eleitores de Marina, com sua desistência, migrará para a presidente Dilma.
Correndo atrás dos antigos aliados
O candidato do PSDB ao Planalto, Aécio Neves, ligou dos Estados Unidos para o presidente do PPS, Roberto Freire. Eles marcaram uma reunião com a presença de ex-comunistas, o senador Aloysio Nunes Ferreira (SP), e Alberto Goldman.
Ô loco, meu!
O PT quer que a presidente Dilma tenha dois palanques no Rio (Pezão e Lindbergh). Agora, o candidato do PT ao governo do Rio, Lindbergh Farias, anuncia que quer ter dois palanques (Dilma e Eduardo Campos). Mas isso não é nada perto do candidato do PR, Anthony Garotinho. Ele diz que vai apoiar Aécio Neves (interior), Dilma (Baixada) e a vice Marina Silva (capital).
Uma no cravo e outra na ferradura
O discurso do candidato do PSB, Eduardo Campos, no programa de TV desta quinta-feira, vai fazer elogios aos avanços do país nos últimos 20 anos. Disposto a romper o Fla-Flu, vai exaltar os presidentes Fernando Henrique e Lula.
Acabou-se o que era doce
O deputado Valdemar Costa Neto deixou ontem a secretaria-geral do PR. Ele se licenciou do cargo por tempo indeterminado por causa da condenação no processo do mensalão. Assume no seu lugar o senador Antônio Carlos (PR-SP).
O deputado Fernando Francischini (PR) foi escolhido ontem, por unanimidade, o primeiro líder da bancada do Solidariedade.
Os aliados do governo, como o PMDB, que querem premiar seus quadros na reforma ministerial de dezembro, vão estrilar. Com o aval do ex-presidente Lula, a presidente Dilma quer montar um ministério técnico para a reta final do mandato. De olho na eleição, um dirigente petista explica: “A ideia é colocar quem entregue o prometido. Não pode ser alguém que acabou de chegar mas um técnico que já esteja lá e faça acontecer”.
O PTB também quer um ministério
O PMDB não está mais só. O PTB, que está fora do ministério desde 2009, quando José Múcio deixou a pasta de Relações Institucionais, quer seu ministério. O tema foi tratado ontem, pelo presidente do partido e vice do BB, Benito Gama, e o líder na Câmara, Jovair Arantes. Os senadores do PMDB também cobram uma reunião com a presidente Dilma. O líder Eduardo Braga (PMDB) tem relatado as queixas com a demora na nomeação do senador Vital do Rego para a Integração e com os desacertos entre PT e PMDB nas eleições estaduais. Ontem, o líder no Senado, Eunício Oliveira, cobrou da ministra Ideli Salvatti apoio no Ceará e a nomeação de Vital.
“Ministérios só em dezembro. Não vamos tratar disso agora. Quem decide já deixou isso bem claro”
Ideli Salvatti
Ministra das Relações Institucionais, ao deixar reunião com o PMDB no gabinete da presidência do Senado
PROS quer manter Portos
A despeito da posição do governador do Ceará, Cid Gomes (CE), os deputados filiados ao recém-criado PROS querem manter a Secretaria dos Portos. A pasta era dirigida por Leônidas Cristino. Mas Cid diz que não quer fazer o sucessor para não ser acusado de fisiologismo.
Lulinha paz e amor
Orientação baixada pelo ex-presidente Lula, anteontem, no Instituto Lula: “Não tratar Eduardo Campos e Marina Silva como inimigos”. Presentes: o presidente do PT, Rui Falcão, o governador Tarso Genro (foto) e Franklin Martins. Eles avaliam que parcela dos eleitores de Marina, com sua desistência, migrará para a presidente Dilma.
Correndo atrás dos antigos aliados
O candidato do PSDB ao Planalto, Aécio Neves, ligou dos Estados Unidos para o presidente do PPS, Roberto Freire. Eles marcaram uma reunião com a presença de ex-comunistas, o senador Aloysio Nunes Ferreira (SP), e Alberto Goldman.
Ô loco, meu!
O PT quer que a presidente Dilma tenha dois palanques no Rio (Pezão e Lindbergh). Agora, o candidato do PT ao governo do Rio, Lindbergh Farias, anuncia que quer ter dois palanques (Dilma e Eduardo Campos). Mas isso não é nada perto do candidato do PR, Anthony Garotinho. Ele diz que vai apoiar Aécio Neves (interior), Dilma (Baixada) e a vice Marina Silva (capital).
Uma no cravo e outra na ferradura
O discurso do candidato do PSB, Eduardo Campos, no programa de TV desta quinta-feira, vai fazer elogios aos avanços do país nos últimos 20 anos. Disposto a romper o Fla-Flu, vai exaltar os presidentes Fernando Henrique e Lula.
Acabou-se o que era doce
O deputado Valdemar Costa Neto deixou ontem a secretaria-geral do PR. Ele se licenciou do cargo por tempo indeterminado por causa da condenação no processo do mensalão. Assume no seu lugar o senador Antônio Carlos (PR-SP).
O deputado Fernando Francischini (PR) foi escolhido ontem, por unanimidade, o primeiro líder da bancada do Solidariedade.
Efeito colateral - VERA MAGALHÃES - PAINEL
FOLHA DE SP - 09/10
Parlamentares pressionam o comando do PDT a desembarcar do governo e da coligação reeleitoral de Dilma Rousseff em 2014. O deputado Vieira da Cunha (RS) e o senador Pedro Taques (MT) integram o grupo que tenta convencer Carlos Lupi a discutir a saída do governo em reunião ampliada no fim do mês. O PDT tem o Ministério do Trabalho desde 2007, e manteve a pasta mesmo diante de denúncias de irregularidades. Uma ala do partido quer apoiar Eduardo Campos (PSB).
Pé do ouvido A expectativa no Planalto é que Lula, que estará em Brasília amanhã para o encerramento de conferência da OIT sobre trabalho infantil, se reúna com Dilma para discutir as mudanças no cenário eleitoral.
Ataque O ex-presidente e Rui Falcão estiveram ontem com dirigentes do PT de Pernambuco. A sigla foi liberada para entregar os cargos no governo Campos e antecipar a definição do palanque pró-Dilma. O nome mais provável para o governo é o do senador Armando Monteiro (PTB).
Retranca Amanhã será a vez de o PT discutir o caso do Rio. Aliados de Lindbergh Farias defendem deixar já o governo Sérgio Cabral (PMDB), mas a direção nacional prefere adiar essa decisão.
De volta O sociólogo Pedro Piccolo, que havia sido afastado da Rede depois de ser flagrado segurando uma barra de ferro na tentativa de invasão do prédio do Itamaraty, em junho, voltou à cúpula do grupo. Ele participou ontem de reunião com o PSB.
Saudade Campos e Marina se reunirão em São Paulo amanhã. Será o primeiro encontro depois da aliança.
Tribo O ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) disse para Ronaldo Caiado (DEM-GO), em tom de brincadeira, após o deputado ruralista dizer que pode apoiar Campos mesmo com Marina na chapa, que estava pensando em entregar a Funai a ele.
Tabu 1 Em vídeo divulgado em portal do PSDB, Aécio faz uma defesa aberta das privatizações da gestão FHC. "O governo federal demonizou as parcerias com o setor privado. Hoje, quem quer voltar ao passado? Nem eles."
Tabu 2 Segundo o pré-candidato tucano, os petistas "demoraram dez anos para compreender que têm que trazer o setor privado para ajudar a investir". "O governo sozinho não dá conta."
Vou de... Antes relutante, Dilma topou ir hoje ao sindicato dos taxistas em Brasília para comemorar a sanção presidencial da permissão para que taxistas repassem a exploração da licença a parentes em caso de morte.
... táxi A presidente havia vetado o mesmo projeto duas vezes, mas o Planalto prometeu sancionar a matéria após o texto ter sido negociado. Ela aceitou ir ao evento após lobby de Gim Argello (PTB-DF), defensor da causa.
Mudou A Fundac, que opera a TV da Assembleia de São Paulo e havia sido desclassificada na nova licitação, obteve liminar e está em primeiro lugar na disputa. Sua proposta é de quase R$ 1 milhão por ano a menos que a da segunda colocada.
Reação A deputada estadual governista Vanessa Damo (PMDB-SP) acusa a gestão Geraldo Alckmin (PSDB) de manobra "canalha" para barrar a CPI da Eletropaulo. Ela diz que o PSDB quer impedir investigações em contratos com a Siemens, pivô de denúncias no setor de trens.
Parto A criação de força-tarefa em São Paulo para apurar atos de vandalismo em protestos estava em gestação havia mais de um mês. O Ministério Público resistia, e o Judiciário não aderiu.
com ANDRÉIA SADI e BRUNO BOGHOSSIAN
tiroteio
"Teremos um debate morno na eleição, com um candidato passando a mão na cabeça do outro. Aécio não tem perfil de contestação."
DO SENADOR ALVARO DIAS (PSDB-PR), sobre as características dos candidatos à Presidência e a necessidade da oposição de confrontar o governo federal.
contraponto
Médico linha dura
Em visita a um hospital na semana passada, o secretário de Saúde paulista David Uip foi abordado por uma paciente que se queixava de demora no atendimento. O chefe da pasta decidiu que ele mesmo atenderia a moça, que tinha febre e dor de cabeça.
Após examiná-la em um consultório, Uip constatou que o caso era simples e receitou a medicação indicada.
--Preciso de um atestado médico --disse a moça, que havia faltado ao trabalho para ir ao hospital.
--Você não precisa de repouso e nem de atestado. Pode voltar ao trabalho! --respondeu o secretário.
Parlamentares pressionam o comando do PDT a desembarcar do governo e da coligação reeleitoral de Dilma Rousseff em 2014. O deputado Vieira da Cunha (RS) e o senador Pedro Taques (MT) integram o grupo que tenta convencer Carlos Lupi a discutir a saída do governo em reunião ampliada no fim do mês. O PDT tem o Ministério do Trabalho desde 2007, e manteve a pasta mesmo diante de denúncias de irregularidades. Uma ala do partido quer apoiar Eduardo Campos (PSB).
Pé do ouvido A expectativa no Planalto é que Lula, que estará em Brasília amanhã para o encerramento de conferência da OIT sobre trabalho infantil, se reúna com Dilma para discutir as mudanças no cenário eleitoral.
Ataque O ex-presidente e Rui Falcão estiveram ontem com dirigentes do PT de Pernambuco. A sigla foi liberada para entregar os cargos no governo Campos e antecipar a definição do palanque pró-Dilma. O nome mais provável para o governo é o do senador Armando Monteiro (PTB).
Retranca Amanhã será a vez de o PT discutir o caso do Rio. Aliados de Lindbergh Farias defendem deixar já o governo Sérgio Cabral (PMDB), mas a direção nacional prefere adiar essa decisão.
De volta O sociólogo Pedro Piccolo, que havia sido afastado da Rede depois de ser flagrado segurando uma barra de ferro na tentativa de invasão do prédio do Itamaraty, em junho, voltou à cúpula do grupo. Ele participou ontem de reunião com o PSB.
Saudade Campos e Marina se reunirão em São Paulo amanhã. Será o primeiro encontro depois da aliança.
Tribo O ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) disse para Ronaldo Caiado (DEM-GO), em tom de brincadeira, após o deputado ruralista dizer que pode apoiar Campos mesmo com Marina na chapa, que estava pensando em entregar a Funai a ele.
Tabu 1 Em vídeo divulgado em portal do PSDB, Aécio faz uma defesa aberta das privatizações da gestão FHC. "O governo federal demonizou as parcerias com o setor privado. Hoje, quem quer voltar ao passado? Nem eles."
Tabu 2 Segundo o pré-candidato tucano, os petistas "demoraram dez anos para compreender que têm que trazer o setor privado para ajudar a investir". "O governo sozinho não dá conta."
Vou de... Antes relutante, Dilma topou ir hoje ao sindicato dos taxistas em Brasília para comemorar a sanção presidencial da permissão para que taxistas repassem a exploração da licença a parentes em caso de morte.
... táxi A presidente havia vetado o mesmo projeto duas vezes, mas o Planalto prometeu sancionar a matéria após o texto ter sido negociado. Ela aceitou ir ao evento após lobby de Gim Argello (PTB-DF), defensor da causa.
Mudou A Fundac, que opera a TV da Assembleia de São Paulo e havia sido desclassificada na nova licitação, obteve liminar e está em primeiro lugar na disputa. Sua proposta é de quase R$ 1 milhão por ano a menos que a da segunda colocada.
Reação A deputada estadual governista Vanessa Damo (PMDB-SP) acusa a gestão Geraldo Alckmin (PSDB) de manobra "canalha" para barrar a CPI da Eletropaulo. Ela diz que o PSDB quer impedir investigações em contratos com a Siemens, pivô de denúncias no setor de trens.
Parto A criação de força-tarefa em São Paulo para apurar atos de vandalismo em protestos estava em gestação havia mais de um mês. O Ministério Público resistia, e o Judiciário não aderiu.
com ANDRÉIA SADI e BRUNO BOGHOSSIAN
tiroteio
"Teremos um debate morno na eleição, com um candidato passando a mão na cabeça do outro. Aécio não tem perfil de contestação."
DO SENADOR ALVARO DIAS (PSDB-PR), sobre as características dos candidatos à Presidência e a necessidade da oposição de confrontar o governo federal.
contraponto
Médico linha dura
Em visita a um hospital na semana passada, o secretário de Saúde paulista David Uip foi abordado por uma paciente que se queixava de demora no atendimento. O chefe da pasta decidiu que ele mesmo atenderia a moça, que tinha febre e dor de cabeça.
Após examiná-la em um consultório, Uip constatou que o caso era simples e receitou a medicação indicada.
--Preciso de um atestado médico --disse a moça, que havia faltado ao trabalho para ir ao hospital.
--Você não precisa de repouso e nem de atestado. Pode voltar ao trabalho! --respondeu o secretário.
A frente externa - LUIZ CARLOS AZEDO
CORREIO BRAZILIENSE - 09/10
Enquanto o governo brasileiro se queixa dos Estados Unidos em todos os foros internacionais, o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), faz duros ataques à presidente Dilma Rousseff . Ontem, em Nova York (EUA), durante encontro com 600 investidores estrangeiros, acusou o Estado brasileiro de agir de forma “extremamente intervencionista” — principalmente em setores como energia e petróleo e afugentar os investimentos.
Aécio procurou valorizar o legado do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso à frente do Palácio do Planalto. “Os pilares fundamentais da macroeconomia construídos no governo do PSDB, partido que presido, foram colocados em risco por uma má condução da política econômica ao longo desses últimos anos”, criticou.
Na abertura da Conferência Latin American 2013, evento realizado pelo BTG Pactual, em Nova York, o tucano acusou o governo de maquiar os números da economia. Disse aos empresários que, ao contrário de Dilma, tem compromisso com a estabilidade da moeda e com o chamado tripé macroeconômico do Plano Real: meta de inflação, câmbio flutuante e superavit primário. Aécio acredita que a promessa de resgatar a agenda da estabilidade, do crescimento e da responsabilidade fiscal trará apoio internacional à candidatura ao Palácio do Planalto.
Aliança
Pego de surpresa pelo acordo entre Marina Silva e o governador Eduardo Campos, Aécio reiterou sua avaliação positiva acerca da filiação da ex-senadora pelo Acre ao PSB, para ser vice na chapa do pernambucano. “Dou as boas-vindas a Eduardo e Marina, agora no front oposicionista, e acho que a campanha deixará de ter aquele maniqueísmo que sempre atendeu muito os interesses do PT.” Ambos foram ministros do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Alinhados
O senador Rodrigo Rollemberg (foto), do PSB-DF, resolveu alterar suas inserções na tevê, incluindo a imagem da filiação de Marina Silva ao PSB. O programa falará de ética e prega mudança na forma de fazer política na capital federal. As inserções do PSB começam a ir ao ar hoje.
Fato novo
O senador Pedro Simon (PMDB-RS) fez duras críticas à Justiça Eleitoral ontem no Senado, por negar o registro partidário ao Rede Sustentabilidade. Para o parlamentar gaúcho, a aliança política firmada com vistas às eleições de 2014 entre a ex-ministra Marina Silva e o governador de Pernambuco Eduardo Campos, “é um fato novo e definitivo na política brasileira”.
Saúde + 10
As Comissões de Legislação Participativa, Seguridade Social e Família e Especial realizam hoje uma sessão conjunta na Câmara com o movimento “Saúde +10”. Participarão do encontro representantes do Conselho Nacional de Saúde (CNS), da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). A iniciativa é do presidente da Frente Parlamentar da Saúde, deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS). Responsáveis pela apresentação do projeto de lei de iniciativa popular, assinado por 2,2 milhões de brasileiros, as entidades exigem a aplicação de 10% das receitas correntes brutas da União na saúde pública.
Emergentes
O FMI corrigiu a previsão para o crescimento dos países emergentes em 2014. A média dos emergentes será de 5,1%. A China cresce 7,3%; Índia, 5,1%; Rússia e México, 3%; África do Sul, 2,9%; Brasil, 2,5%.
Desmilitarização
O senador Humberto Costa (foto), do PT-PE, é o relator da Proposta de Emenda à Constituição 51/2013, do senador Lindbergh Farias (PT-RJ), que desmilitariza a PM. Redigida com o apoio do sociólogo Luiz Eduardo Soares, a PEC também propõe polícias organizadas por territórios ou tipos criminais e controle externo com ampla participação social.
Largou o osso
O deputado Valdemar Costa Neto, um dos condenados no processo do mensalão, deixou a secretaria-geral do PR ontem, durante reunião da Executiva da legenda. Assumirá a cadeira o senador Antonio Carlos Rodrigues (SP), suplente de Marta Suplicy, e seu aliado.
Liberado
O presidente nacional do PV, José Luiz Penna (SP), disse ontem que não tentará ação na Justiça para reaver o mandato do deputado Alfredo Sirkis (RJ), que deixou a sigla para se filiar ao PSB, seguindo os passos de Marina Silva.
Samutur
O senador Cyro Miranda (PSDB-GO) cobrou explicações da ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, sobre o uso de um helicóptero do Samu para participar de eventos políticos em cidades de Santa Catarina, base eleitoral da ministra. O senador lembrou que, no ano passado, Ideli também foi questionada pelo uso de aviões da FAB. “ O governo manda, faz e desfaz e não dá satisfação. A população é que se lixe”, disse Cyro.
Depoimento
O assessor especial da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, não será convocado pela comissão encarregada da sindicância contra o diplomata Eduardo Saboia. Ele é responsável pela indicação do embaixador Marcel Biato, seu ex-assessor no Planalto, para a Bolívia.
Aécio procurou valorizar o legado do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso à frente do Palácio do Planalto. “Os pilares fundamentais da macroeconomia construídos no governo do PSDB, partido que presido, foram colocados em risco por uma má condução da política econômica ao longo desses últimos anos”, criticou.
Na abertura da Conferência Latin American 2013, evento realizado pelo BTG Pactual, em Nova York, o tucano acusou o governo de maquiar os números da economia. Disse aos empresários que, ao contrário de Dilma, tem compromisso com a estabilidade da moeda e com o chamado tripé macroeconômico do Plano Real: meta de inflação, câmbio flutuante e superavit primário. Aécio acredita que a promessa de resgatar a agenda da estabilidade, do crescimento e da responsabilidade fiscal trará apoio internacional à candidatura ao Palácio do Planalto.
Aliança
Pego de surpresa pelo acordo entre Marina Silva e o governador Eduardo Campos, Aécio reiterou sua avaliação positiva acerca da filiação da ex-senadora pelo Acre ao PSB, para ser vice na chapa do pernambucano. “Dou as boas-vindas a Eduardo e Marina, agora no front oposicionista, e acho que a campanha deixará de ter aquele maniqueísmo que sempre atendeu muito os interesses do PT.” Ambos foram ministros do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Alinhados
O senador Rodrigo Rollemberg (foto), do PSB-DF, resolveu alterar suas inserções na tevê, incluindo a imagem da filiação de Marina Silva ao PSB. O programa falará de ética e prega mudança na forma de fazer política na capital federal. As inserções do PSB começam a ir ao ar hoje.
Fato novo
O senador Pedro Simon (PMDB-RS) fez duras críticas à Justiça Eleitoral ontem no Senado, por negar o registro partidário ao Rede Sustentabilidade. Para o parlamentar gaúcho, a aliança política firmada com vistas às eleições de 2014 entre a ex-ministra Marina Silva e o governador de Pernambuco Eduardo Campos, “é um fato novo e definitivo na política brasileira”.
Saúde + 10
As Comissões de Legislação Participativa, Seguridade Social e Família e Especial realizam hoje uma sessão conjunta na Câmara com o movimento “Saúde +10”. Participarão do encontro representantes do Conselho Nacional de Saúde (CNS), da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). A iniciativa é do presidente da Frente Parlamentar da Saúde, deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS). Responsáveis pela apresentação do projeto de lei de iniciativa popular, assinado por 2,2 milhões de brasileiros, as entidades exigem a aplicação de 10% das receitas correntes brutas da União na saúde pública.
Emergentes
O FMI corrigiu a previsão para o crescimento dos países emergentes em 2014. A média dos emergentes será de 5,1%. A China cresce 7,3%; Índia, 5,1%; Rússia e México, 3%; África do Sul, 2,9%; Brasil, 2,5%.
Desmilitarização
O senador Humberto Costa (foto), do PT-PE, é o relator da Proposta de Emenda à Constituição 51/2013, do senador Lindbergh Farias (PT-RJ), que desmilitariza a PM. Redigida com o apoio do sociólogo Luiz Eduardo Soares, a PEC também propõe polícias organizadas por territórios ou tipos criminais e controle externo com ampla participação social.
Largou o osso
O deputado Valdemar Costa Neto, um dos condenados no processo do mensalão, deixou a secretaria-geral do PR ontem, durante reunião da Executiva da legenda. Assumirá a cadeira o senador Antonio Carlos Rodrigues (SP), suplente de Marta Suplicy, e seu aliado.
Liberado
O presidente nacional do PV, José Luiz Penna (SP), disse ontem que não tentará ação na Justiça para reaver o mandato do deputado Alfredo Sirkis (RJ), que deixou a sigla para se filiar ao PSB, seguindo os passos de Marina Silva.
Samutur
O senador Cyro Miranda (PSDB-GO) cobrou explicações da ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, sobre o uso de um helicóptero do Samu para participar de eventos políticos em cidades de Santa Catarina, base eleitoral da ministra. O senador lembrou que, no ano passado, Ideli também foi questionada pelo uso de aviões da FAB. “ O governo manda, faz e desfaz e não dá satisfação. A população é que se lixe”, disse Cyro.
Depoimento
O assessor especial da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, não será convocado pela comissão encarregada da sindicância contra o diplomata Eduardo Saboia. Ele é responsável pela indicação do embaixador Marcel Biato, seu ex-assessor no Planalto, para a Bolívia.
MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO
FOLHA DE SP - 09/10
Estudo reduz proteção a patente e divide laboratórios estrangeiros e nacionais
Um estudo que circula entre parlamentares em Brasília preocupa a Associação Brasileira de Propriedade Intelectual (ABPI) ao mesmo tempo em que causa euforia em dirigentes de farmacêuticas nacionais.
O documento "A Revisão da Lei das Patentes", que será divulgado hoje, propõe a redução da proteção das patentes, seguindo os moldes da legislação indiana.
Entre os itens discutidos está o fim da prorrogação do prazo de validade dos direitos de propriedade intelectual. Hoje, o prazo é de 20 anos, mas pode ser expandido caso o Instituto Nacional da Propriedade Industrial leve mais de dez anos para conceder o registro.
"São itens que, basicamente, impedem o desenvolvimento da indústria nacional", diz o presidente-executivo da Alanac (associação dos laboratórios nacionais), Henrique Tada.
A medida, no entanto, não é bem vista por multinacionais e pela ABPI: "Vai retirar o interesse das empresas em investir em inovação, além de estimular a pirataria", afirma Luiz Henrique do Amaral, presidente da entidade.
Para Tada, não haveria desencorajamento de aportes para pesquisa. "Pelo contrário, permitiria o acesso a moléculas, e a indústria poderia inovar em cima delas", diz.
A revisão da lei também propõe que o segundo uso de um remédio não seja considerado inovação. Hoje, há brechas na lei que autorizam o registro de uma nova patente.
ESCOLA SEGURA
Com um aporte de R$ 25 milhões, a Escola Nacional de Seguros acaba de adquirir um imóvel em São Paulo, na rua Augusta, para instalar sua sede.
Hoje, a instituição atua em três locais diferentes da cidade. "Vamos poder nos concentrar em um único ponto", diz Renato Campos, diretor-executivo da escola.
A iniciativa faz parte dos planos de expansão da instituição no mercado paulista, onde estão 60% dos alunos da entidade.
O novo prédio terá 28 salas de aula, dois laboratórios de informática, biblioteca e auditório para 110 pessoas em uma área total de cerca de 4.500 metros quadrados.
"É o suficiente para receber nossa atual estrutura e tem capacidade para um crescimento de 40%."
A escola tem atualmente 7.000 estudantes. Aproximadamente 25% deles estão no Rio de Janeiro, cidade-sede da instituição.
R$ 25 milhões
foi o investimento no novo prédio da escola
7.000
é o número de alunos da instituição
RITMO DE ESPERA
A disposição dos donos de micro e pequenas indústrias do Estado de São Paulo em fazer novos investimentos recuou em setembro. segundo pesquisa do Datafolha para o Simpi (sindicato do setor).
O indicador caiu de 26,7 pontos em agosto para 20,8 no mês passado, em uma escala que vai de 0 a 100 --a pontuação mais alta indica um cenário mais positivo.
A queda aponta que os empresários estão menos propensos a investir em máquinas, equipamentos ou no espaço físico onde exercem suas atividades.
Outro índice que recuou no mesmo período foi o de emprego, que passou de 59,7 pontos em agosto para 57,2 em setembro.
"A queda no indicador de emprego sinaliza que não haverá aumento de produção. Consequentemente, há uma menor disposição em investir", afirma Joseph Couri, presidente do Simpi.
Entre as empresas cujos produtos sofrem concorrência com importados, 87% disseram que, em setembro, enfrentaram condições desfavoráveis para o negócio.
É o percentual mais alto desde março, quando foi iniciado o levantamento. Em agosto, 78% das empresas estavam nessa situação.
A pesquisa ouviu 318 micro e pequenas indústrias.
Guia do investidor A Investe SP, agência do governo paulista, lançou a nova edição do guia para o investidor estrangeiro. O livro traz diferentes aspectos do sistema legal e financeiro do país.
Chá A rede de franquias IS Bubble Tea, que comercializa chá importado de Taiwan, vai inaugurar até o fim deste ano nove unidades. Três serão em São Paulo e duas no Rio.
Comida peruana A Promperú, que representa o Peru, levará 40 empresas brasileiras para o evento gastronômico ExpoAlimentaria, neste mês, na capital Lima.
Estudo reduz proteção a patente e divide laboratórios estrangeiros e nacionais
Um estudo que circula entre parlamentares em Brasília preocupa a Associação Brasileira de Propriedade Intelectual (ABPI) ao mesmo tempo em que causa euforia em dirigentes de farmacêuticas nacionais.
O documento "A Revisão da Lei das Patentes", que será divulgado hoje, propõe a redução da proteção das patentes, seguindo os moldes da legislação indiana.
Entre os itens discutidos está o fim da prorrogação do prazo de validade dos direitos de propriedade intelectual. Hoje, o prazo é de 20 anos, mas pode ser expandido caso o Instituto Nacional da Propriedade Industrial leve mais de dez anos para conceder o registro.
"São itens que, basicamente, impedem o desenvolvimento da indústria nacional", diz o presidente-executivo da Alanac (associação dos laboratórios nacionais), Henrique Tada.
A medida, no entanto, não é bem vista por multinacionais e pela ABPI: "Vai retirar o interesse das empresas em investir em inovação, além de estimular a pirataria", afirma Luiz Henrique do Amaral, presidente da entidade.
Para Tada, não haveria desencorajamento de aportes para pesquisa. "Pelo contrário, permitiria o acesso a moléculas, e a indústria poderia inovar em cima delas", diz.
A revisão da lei também propõe que o segundo uso de um remédio não seja considerado inovação. Hoje, há brechas na lei que autorizam o registro de uma nova patente.
ESCOLA SEGURA
Com um aporte de R$ 25 milhões, a Escola Nacional de Seguros acaba de adquirir um imóvel em São Paulo, na rua Augusta, para instalar sua sede.
Hoje, a instituição atua em três locais diferentes da cidade. "Vamos poder nos concentrar em um único ponto", diz Renato Campos, diretor-executivo da escola.
A iniciativa faz parte dos planos de expansão da instituição no mercado paulista, onde estão 60% dos alunos da entidade.
O novo prédio terá 28 salas de aula, dois laboratórios de informática, biblioteca e auditório para 110 pessoas em uma área total de cerca de 4.500 metros quadrados.
"É o suficiente para receber nossa atual estrutura e tem capacidade para um crescimento de 40%."
A escola tem atualmente 7.000 estudantes. Aproximadamente 25% deles estão no Rio de Janeiro, cidade-sede da instituição.
R$ 25 milhões
foi o investimento no novo prédio da escola
7.000
é o número de alunos da instituição
RITMO DE ESPERA
A disposição dos donos de micro e pequenas indústrias do Estado de São Paulo em fazer novos investimentos recuou em setembro. segundo pesquisa do Datafolha para o Simpi (sindicato do setor).
O indicador caiu de 26,7 pontos em agosto para 20,8 no mês passado, em uma escala que vai de 0 a 100 --a pontuação mais alta indica um cenário mais positivo.
A queda aponta que os empresários estão menos propensos a investir em máquinas, equipamentos ou no espaço físico onde exercem suas atividades.
Outro índice que recuou no mesmo período foi o de emprego, que passou de 59,7 pontos em agosto para 57,2 em setembro.
"A queda no indicador de emprego sinaliza que não haverá aumento de produção. Consequentemente, há uma menor disposição em investir", afirma Joseph Couri, presidente do Simpi.
Entre as empresas cujos produtos sofrem concorrência com importados, 87% disseram que, em setembro, enfrentaram condições desfavoráveis para o negócio.
É o percentual mais alto desde março, quando foi iniciado o levantamento. Em agosto, 78% das empresas estavam nessa situação.
A pesquisa ouviu 318 micro e pequenas indústrias.
Guia do investidor A Investe SP, agência do governo paulista, lançou a nova edição do guia para o investidor estrangeiro. O livro traz diferentes aspectos do sistema legal e financeiro do país.
Chá A rede de franquias IS Bubble Tea, que comercializa chá importado de Taiwan, vai inaugurar até o fim deste ano nove unidades. Três serão em São Paulo e duas no Rio.
Comida peruana A Promperú, que representa o Peru, levará 40 empresas brasileiras para o evento gastronômico ExpoAlimentaria, neste mês, na capital Lima.
Golpe de mestres, mestres de golpe - VINICIUS TORRES FREIRE
FOLHA DE SP - 09/10
Como Dilma, Aécio e os "mestres da política" do PSB-Rede vão dizer ao povo que o dinheiro acabou?
O BRASIL "FORMADOR de opinião" ainda anda embevecido ou preocupado com o "golpe de mestre", com a "aula de política" e outras trivialidades enviesadas do comentarismo político a respeito do minueto de Marina Silva e Eduardo Campos.
Mais importante seria perguntar aos candidatos, de maneira apropriada e indireta, decerto, como vão mentir na eleição de 2014. Mentir à larga, provavelmente. Terão de ser mestres é de golpe eleitoral.
Os "programadores" (autores de planos) dos candidatos maiores da oposição (Aécio Neves e o ser Marina-Campos), economistas em particular, acreditam que é preciso dar um tempo nas duas décadas de aumento de gasto muito acima do ritmo do PIB.
Aliás, isso estava escrito de maneira radical no programa de Marina em 2010, embora ela mesmo talvez nem tivesse percebido. Dizia-se lá que o gasto público corrente deveria crescer à metade da velocidade do PIB. Isto significa cortar para um quarto ou menos o ritmo de aumento das despesas com benefícios sociais (assistenciais, INSS, educação, saúde). Os economistas próximos de Aécio não pensam de maneira muito diferente.
De Campos, não sabemos quase nada a respeito, pois por ora ele trata dos lírios do campo (que vivem da bondade de Deus, não do Orçamento), de "semear a esperança" e reler o socialismo com os óculos de Marina, "sustentáveis", nas pausas de seus encontros com empresários.
Mesmo parte do pessoal de Dilma Rousseff mais preocupado com o fiasco de 2011-2013 e mais amigo dos livros de macroeconomia imagina como dizer à chefe que o dinheiro, por ora, acabou. O gasto social vai ser um dos problemões de 2015-2018. Algum controle, forte, terá de haver, quase todo mundo sabe. Improvável que algum candidato o diga. Como vão mentir, ou dourar a pílula, é que são elas.
Cidadãos prestantes e interessados na coisa pública deveriam desde já amolar os candidatos a esse respeito.
No entanto, não é essa a conversa. Petistas e, especialmente, antipetistas, na política ou no comentarismo, dedicam-se a uma aritmética eleitoral especulativa, protesto.
Quase tão importante, debate-se quando Marina e Campos chegarão às vias de fato na dança das cadeiras da chapa presidencial, quando a música da pré-campanha parar de tocar em meados do ano que vem.
Note-se de passagem que tal conversa tem tudo para parecer absurda, pois a comédia ou novela da eleição está ainda tão distante que o público ainda confunde as personagens. Lula tem mais voto de pesquisa que Dilma, José Serra tem tantos ou mais votos que Aécio Neves, Marina dá de lavada em Camps. Logo, ninguém sabe nada de nada.
A seguir, discutem-se os "palanques" (quais adeptos do campismo não vão se bicar com tais e quais marinistas etc.). Tem alguma relevância, mas marginal.
No que diz respeito a eleições, "formadores de opinião" costumam formar a opinião uns dos outros. Quando o povo comum forma sua opinião, os formadores de opinião não raro têm de mudar a sua. O povo, nós, não sabemos o que queremos até começar o show da eleição.
Portanto, o cálculo das probabilidades é uma pilhéria. Campos com Marina tira mais votos de Dilma do que Marina sem Campos?
Como Dilma, Aécio e os "mestres da política" do PSB-Rede vão dizer ao povo que o dinheiro acabou?
O BRASIL "FORMADOR de opinião" ainda anda embevecido ou preocupado com o "golpe de mestre", com a "aula de política" e outras trivialidades enviesadas do comentarismo político a respeito do minueto de Marina Silva e Eduardo Campos.
Mais importante seria perguntar aos candidatos, de maneira apropriada e indireta, decerto, como vão mentir na eleição de 2014. Mentir à larga, provavelmente. Terão de ser mestres é de golpe eleitoral.
Os "programadores" (autores de planos) dos candidatos maiores da oposição (Aécio Neves e o ser Marina-Campos), economistas em particular, acreditam que é preciso dar um tempo nas duas décadas de aumento de gasto muito acima do ritmo do PIB.
Aliás, isso estava escrito de maneira radical no programa de Marina em 2010, embora ela mesmo talvez nem tivesse percebido. Dizia-se lá que o gasto público corrente deveria crescer à metade da velocidade do PIB. Isto significa cortar para um quarto ou menos o ritmo de aumento das despesas com benefícios sociais (assistenciais, INSS, educação, saúde). Os economistas próximos de Aécio não pensam de maneira muito diferente.
De Campos, não sabemos quase nada a respeito, pois por ora ele trata dos lírios do campo (que vivem da bondade de Deus, não do Orçamento), de "semear a esperança" e reler o socialismo com os óculos de Marina, "sustentáveis", nas pausas de seus encontros com empresários.
Mesmo parte do pessoal de Dilma Rousseff mais preocupado com o fiasco de 2011-2013 e mais amigo dos livros de macroeconomia imagina como dizer à chefe que o dinheiro, por ora, acabou. O gasto social vai ser um dos problemões de 2015-2018. Algum controle, forte, terá de haver, quase todo mundo sabe. Improvável que algum candidato o diga. Como vão mentir, ou dourar a pílula, é que são elas.
Cidadãos prestantes e interessados na coisa pública deveriam desde já amolar os candidatos a esse respeito.
No entanto, não é essa a conversa. Petistas e, especialmente, antipetistas, na política ou no comentarismo, dedicam-se a uma aritmética eleitoral especulativa, protesto.
Quase tão importante, debate-se quando Marina e Campos chegarão às vias de fato na dança das cadeiras da chapa presidencial, quando a música da pré-campanha parar de tocar em meados do ano que vem.
Note-se de passagem que tal conversa tem tudo para parecer absurda, pois a comédia ou novela da eleição está ainda tão distante que o público ainda confunde as personagens. Lula tem mais voto de pesquisa que Dilma, José Serra tem tantos ou mais votos que Aécio Neves, Marina dá de lavada em Camps. Logo, ninguém sabe nada de nada.
A seguir, discutem-se os "palanques" (quais adeptos do campismo não vão se bicar com tais e quais marinistas etc.). Tem alguma relevância, mas marginal.
No que diz respeito a eleições, "formadores de opinião" costumam formar a opinião uns dos outros. Quando o povo comum forma sua opinião, os formadores de opinião não raro têm de mudar a sua. O povo, nós, não sabemos o que queremos até começar o show da eleição.
Portanto, o cálculo das probabilidades é uma pilhéria. Campos com Marina tira mais votos de Dilma do que Marina sem Campos?
Sozinho na parada - CELSO MING
O Estado de S.Paulo - 09/10
Não importam agora as razões pelas quais o Banco Central repentinamente entendeu que as despesas excessivas do governo deixassem de ser causa de inflação "em horizonte relevante para a política monetária". Importa agora o fato de que o Banco Central não espera mais contar com a colaboração da política fiscal (aumento de receitas e contenção de despesas) para atacar a inflação.
Se as palavras têm significado e consequência, como advertia nos anos 60 o senador gaúcho Brochado da Rocha, segue-se que, em caso de puxada da inflação, o único antídoto à disposição do Banco Central é o aumento dos juros básicos (Selic), mesmo que seja necessário perfurar o teto dos dois dígitos, tabu do governo Dilma.
Não será o único fator a pressionar os integrantes do Comitê de Política Monetária (Copom) na reunião que teve ontem sua primeira parte e que terminará hoje, com o objetivo de rever os juros.
Desde sábado, o ingrediente político do bolo de rolo monetário ficou mais importante com a adesão da ex-senadora Marina Silva à pré-candidatura de oposição à Presidência da República do atual governador de Pernambuco, Eduardo Campos.
Se um recado relevante foi passado à presidente Dilma pelos protestos de junho, foi o de que seu governo fora complacente demais com a inflação. Deixou que a alta de preços esmerilhasse o poder aquisitivo do trabalhador a ponto de um reajuste de 20 centavos na tarifa de transporte coletivo urbano (no caso de São Paulo) fizesse diferença no orçamento e o levasse à mobilização. Ou seja, se antes da organização da oposição à candidatura Dilma a um segundo mandato, o combate à inflação exigia mais empenho, mais ainda exigirá agora. Será corrosivo potencialmente forte para a candidatura Dilma se esse flanco exposto for explorado com eficiência pela oposição.
Embora variáveis eleitorais não sejam formalmente discutidas no Copom, o Banco Central sabe agora que está sozinho na parada do contra-ataque à inflação. Mais, que será mais especialmente cobrado a partir de agora.
Embora seus documentos de gerenciamento de expectativas venham dizendo que a inflação continua espalhada e resistente, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, tem repetido que não espera estocadas que exijam redução do volume de moeda na economia maior do que a já encomendada. A principal ameaça ele não controla. Provém da falta de colaboração da política fiscal, como ficou dito acima. Foi este, também, um dos fatores que levaram na semana passada a agência Moody's de avaliação de risco a justificar a ameaça de rebaixamento da dívida pública brasileira.
Por enquanto não se espera nenhuma surpresa dos juros básicos. O Copom deverá puxá-los hoje em mais meio ponto porcentual, para 9,5% ao ano. Continua no ar a pergunta sobre até que ponto, na última reunião do ano, em 26 de novembro, o Copom estará disposto a limitar o aumento dos juros a 0,25 ponto porcentual, apenas para evitar os juros de dois dígitos (a partir de 10% ao ano). O risco é o de que, se faltar neste ano, o resto do corretivo tenha de ser aplicado em hora imprópria, às vésperas das eleições.
Não importam agora as razões pelas quais o Banco Central repentinamente entendeu que as despesas excessivas do governo deixassem de ser causa de inflação "em horizonte relevante para a política monetária". Importa agora o fato de que o Banco Central não espera mais contar com a colaboração da política fiscal (aumento de receitas e contenção de despesas) para atacar a inflação.
Se as palavras têm significado e consequência, como advertia nos anos 60 o senador gaúcho Brochado da Rocha, segue-se que, em caso de puxada da inflação, o único antídoto à disposição do Banco Central é o aumento dos juros básicos (Selic), mesmo que seja necessário perfurar o teto dos dois dígitos, tabu do governo Dilma.
Não será o único fator a pressionar os integrantes do Comitê de Política Monetária (Copom) na reunião que teve ontem sua primeira parte e que terminará hoje, com o objetivo de rever os juros.
Desde sábado, o ingrediente político do bolo de rolo monetário ficou mais importante com a adesão da ex-senadora Marina Silva à pré-candidatura de oposição à Presidência da República do atual governador de Pernambuco, Eduardo Campos.
Se um recado relevante foi passado à presidente Dilma pelos protestos de junho, foi o de que seu governo fora complacente demais com a inflação. Deixou que a alta de preços esmerilhasse o poder aquisitivo do trabalhador a ponto de um reajuste de 20 centavos na tarifa de transporte coletivo urbano (no caso de São Paulo) fizesse diferença no orçamento e o levasse à mobilização. Ou seja, se antes da organização da oposição à candidatura Dilma a um segundo mandato, o combate à inflação exigia mais empenho, mais ainda exigirá agora. Será corrosivo potencialmente forte para a candidatura Dilma se esse flanco exposto for explorado com eficiência pela oposição.
Embora variáveis eleitorais não sejam formalmente discutidas no Copom, o Banco Central sabe agora que está sozinho na parada do contra-ataque à inflação. Mais, que será mais especialmente cobrado a partir de agora.
Embora seus documentos de gerenciamento de expectativas venham dizendo que a inflação continua espalhada e resistente, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, tem repetido que não espera estocadas que exijam redução do volume de moeda na economia maior do que a já encomendada. A principal ameaça ele não controla. Provém da falta de colaboração da política fiscal, como ficou dito acima. Foi este, também, um dos fatores que levaram na semana passada a agência Moody's de avaliação de risco a justificar a ameaça de rebaixamento da dívida pública brasileira.
Por enquanto não se espera nenhuma surpresa dos juros básicos. O Copom deverá puxá-los hoje em mais meio ponto porcentual, para 9,5% ao ano. Continua no ar a pergunta sobre até que ponto, na última reunião do ano, em 26 de novembro, o Copom estará disposto a limitar o aumento dos juros a 0,25 ponto porcentual, apenas para evitar os juros de dois dígitos (a partir de 10% ao ano). O risco é o de que, se faltar neste ano, o resto do corretivo tenha de ser aplicado em hora imprópria, às vésperas das eleições.
Avicultura: competitividade em jogo - FRANCISCO TURRA
GAZETA DO POVO - PR - 09/10
O Relatório Global de Competitividade do Fórum Econômico Mundial referente ao ano de 2013 mostra que o Brasil perdeu oito posições no ranking, ficando em 56.º lugar entre 148 nações, retornando à mesma colocação de 2009. A perda de competitividade contribui para que o Brasil deixe de obter mais receitas cambiais e gerar mais empregos. Isso acontece até mesmo em produtos nossos que ocupam a liderança no mercado mundial – por exemplo, no caso da carne de frango, da qual somos os maiores exportadores desde 2004.
A erosão da capacidade de competição de nossa indústria avícola acaba de ser mensurada detalhadamente através de um estudo produzido pela União Brasileira de Avicultura (Ubabef), em parceria com a consultoria Agroicone. O documento revela que o Brasil poderia ter obtido receitas adicionais de US$ 1,65 bilhão e gerado cerca de 94 mil empregos diretos e indiretos, nos últimos quatro anos, não fosse a perda de competitividade nas exportações de carne de frango. A permanecer esse quadro, até 2020 poderão deixar de ser gerados cerca de 103 mil empregos diretos e indiretos na cadeia avícola.
Segundo o estudo, o principal gargalo da competitividade da indústria avícola nacional está nos altos custos industriais, sendo mais relevantes os de mão de obra, embalagem e investimentos. Para se ter uma ideia, enquanto de 2006 até hoje os custos em mão de obra nas agroindústrias avícolas do Brasil cresceram 166%, nos Estados Unidos e na Tailândia – dois de nossos principais concorrentes no mercado internacional de carne de frango – o aumento ficou abaixo de 20%.
A perda de terreno está acontecendo mesmo com as enormes vantagens comparativas do Brasil no acesso a milho e soja, que são os principais insumos da produção de frangos. No período de 2001 a 2004, nossas exportações representavam 30% do mercado internacional de carne de frango. Passaram para 39% entre 2005 e 2008, e caíram para 37% do total no quadriênio 2009-2012.
Para melhorar a competitividade na indústria avícola, que responde por quase 350 mil empregos diretos, precisamos, por exemplo, melhorar a produtividade da mão de obra. Isto passa pela modernização e automação das agroindústrias avícolas, bem como pela capacitação desses profissionais. O documento também alerta que, para estimular a destinação de mais recursos para inovação, é necessário reduzir o custo de investimento através de medidas como a facilitação de acesso ao crédito, juros mais baixos e a desoneração na compra de insumos.
Hoje, um terço de nossa produção é destinado à mesa dos consumidores de 155 países. Mas é preciso buscar também que essa liderança seja sempre acompanhada de um aumento progressivo na geração de receita e de empregos no Brasil. A evolução recente do câmbio tem sido, naturalmente, propícia às exportações. No entanto, torna-se necessário utilizar essa conjuntura favorável para implementar medidas que estimulem os investimentos destinados à redução de custos industriais. E que aumentem a competitividade do Brasil.
O Relatório Global de Competitividade do Fórum Econômico Mundial referente ao ano de 2013 mostra que o Brasil perdeu oito posições no ranking, ficando em 56.º lugar entre 148 nações, retornando à mesma colocação de 2009. A perda de competitividade contribui para que o Brasil deixe de obter mais receitas cambiais e gerar mais empregos. Isso acontece até mesmo em produtos nossos que ocupam a liderança no mercado mundial – por exemplo, no caso da carne de frango, da qual somos os maiores exportadores desde 2004.
A erosão da capacidade de competição de nossa indústria avícola acaba de ser mensurada detalhadamente através de um estudo produzido pela União Brasileira de Avicultura (Ubabef), em parceria com a consultoria Agroicone. O documento revela que o Brasil poderia ter obtido receitas adicionais de US$ 1,65 bilhão e gerado cerca de 94 mil empregos diretos e indiretos, nos últimos quatro anos, não fosse a perda de competitividade nas exportações de carne de frango. A permanecer esse quadro, até 2020 poderão deixar de ser gerados cerca de 103 mil empregos diretos e indiretos na cadeia avícola.
Segundo o estudo, o principal gargalo da competitividade da indústria avícola nacional está nos altos custos industriais, sendo mais relevantes os de mão de obra, embalagem e investimentos. Para se ter uma ideia, enquanto de 2006 até hoje os custos em mão de obra nas agroindústrias avícolas do Brasil cresceram 166%, nos Estados Unidos e na Tailândia – dois de nossos principais concorrentes no mercado internacional de carne de frango – o aumento ficou abaixo de 20%.
A perda de terreno está acontecendo mesmo com as enormes vantagens comparativas do Brasil no acesso a milho e soja, que são os principais insumos da produção de frangos. No período de 2001 a 2004, nossas exportações representavam 30% do mercado internacional de carne de frango. Passaram para 39% entre 2005 e 2008, e caíram para 37% do total no quadriênio 2009-2012.
Para melhorar a competitividade na indústria avícola, que responde por quase 350 mil empregos diretos, precisamos, por exemplo, melhorar a produtividade da mão de obra. Isto passa pela modernização e automação das agroindústrias avícolas, bem como pela capacitação desses profissionais. O documento também alerta que, para estimular a destinação de mais recursos para inovação, é necessário reduzir o custo de investimento através de medidas como a facilitação de acesso ao crédito, juros mais baixos e a desoneração na compra de insumos.
Hoje, um terço de nossa produção é destinado à mesa dos consumidores de 155 países. Mas é preciso buscar também que essa liderança seja sempre acompanhada de um aumento progressivo na geração de receita e de empregos no Brasil. A evolução recente do câmbio tem sido, naturalmente, propícia às exportações. No entanto, torna-se necessário utilizar essa conjuntura favorável para implementar medidas que estimulem os investimentos destinados à redução de custos industriais. E que aumentem a competitividade do Brasil.
Um exercício acadêmico sobre a velha geopolítica - OLIVEIROS S. FERREIRA
O Estado de S.Paulo - 09/10
No artigo anterior (Estado, 22/9), dizíamos que o adiamento da visita da presidente Dilma Rousseff aos EUA indicava mudança no mapa geopolítico da América do Sul.
Artigo de Kellie Meiman Hock (ex-diplomata e sócia-gerente de empresa mundial de consultoria estratégica) publicado no jornal Valor (19/9) dá argumento ao que queremos discutir: "Primeiro, por mais contraintuitivo que possa parecer, devemos (EUA e Brasil) ter uma séria discussão bilateral sobre a possibilidade de um reforço na cooperação em defesa. (...) os relatos preocupantes sobre a monitoração da NSA poderiam ter sido administrados de forma menos conflituosa, caso nossos governos colaborassem de forma mais estreita em questões de segurança, criminais e de defesa". A ser verdadeira a preocupação, a NSA buscava apenas informações que servissem à segurança e defesa dos EUA.
No quê e por que o Brasil preocuparia a NSA? Pouco antes da 2.ª Guerra, o Comando Militar dos EUA elaborou os planos Arco-íris e Pote de Ouro, que previam, um, a chegada de tropas alemãs ao Canal do Panamá; outro, o estabelecimento da primeira linha de defesa do território norte-americano no Paralelo 10 Sul, obrigando à ocupação de parte do Nordeste brasileiro. A evolução da tecnologia e da arte militares tornou essa hipótese de guerra sem sentido. Não eliminou, porém, um elemento importante para quem cuida de segurança e defesa - o espaço, que não deve ser compreendido apenas como território. Nele se compreendem recursos naturais e população, afora dever sempre ser visto a partir de sua posição.
Dessa perspectiva, o Brasil é importante em qualquer estudo geopolítico, seja pela extensão territorial, seja pela posição que ocupa na América do Sul, podendo projetar poder. Foi, com certeza, tendo em mente o espaço (extensão e posição) que os EUA sempre procuraram, especialmente depois de 1939, ter boas relações, podendo chegar a ser especiais, com o Brasil. Hoje, seguramente, associam espaço à possibilidade de Brasília influenciar políticas, se não contrárias, ao menos restritivas à política externa dos EUA.
Foi igualmente tendo em conta esses elementos, além da projeção internacional que o Brasil conseguira nos governos anteriores, que a política externa do governo Lula, continuada pelo atual até o episódio NSA, procurou distanciar-se dos EUA sem dar margem a atritos sérios e, ao mesmo tempo, buscando fazer que o País fosse reconhecido e se mantivesse como a grande potência no Hemisfério Sul Ocidental. A Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos - forma de engessar a OEA e trazer Cuba para um mais íntimo convívio sul-americano - e a União de Nações Sul-Americanas (Unasul) foram, até agora, os ativos construídos, que só terão sentido se for considerado esse objetivo.
A ação conjunta com a Turquia para mediar a crise com o Irã e o empenho do Brasil em fazer do Brics uma organização capaz de diminuir a importância e a influência do FMI e do Bird - apesar das dificuldades para constituir um fundo financeiro de auxílio mútuo e um banco de desenvolvimento próprio - com certeza levaram os responsáveis pela segurança e defesa dos EUA a não mais ver o Brasil como Estado sempre confiável. É como se, em seus "Moody's" estratégicos, o Brasil passasse de AA+ para AA.
Alguns "falcões" poderão insistir em que se considerem outras posições do Planalto, tais como a insistência em se opor a qualquer intervenção armada na Síria, somando vozes às da Rússia e da China, e o adiamento da visita a Washington. Se sua posição for predominante, o Brasil será visto não mais como AA, mas sim como A+. Mais ainda: o fato de a Rússia ter proposto que o País participe da comissão que deverá investigar o armamento químico da Síria indica que Putin pode estar classificando o Brasil, no seu "Moody's" particular, como AA+. Afinal, pertence ao Brics e ao Mercosul...
O novo mapa pode ser traçado a partir da criação do acordo comercial Chile, Peru, Colômbia e México. Esquecendo por ora o México (e o Nafta, convém lembrar), o mapa geopolítico mostra-nos duas Américas: a Transandina e a Cisandina, esta ligada ao Brics. Mais do que cartográfica, a divisão deve ser vista como política, porque o bolivarianismo é uma proposta política que busca ter com o Mercosul, depois do ingresso da Venezuela, expressão política internacional. Deve-se notar que, morto Chávez, o bolivarianismo por assim dizer ficou órfão de liderança - falta-lhe quem agrida retoricamente os EUA, ainda que mantendo com eles boas relações comerciais.
O episódio da espionagem de iniciativa da NSA forneceu à presidente Rousseff, ao que tudo indica, a oportunidade de substituir o falecido líder venezuelano. Dois episódios permitem essa conclusão, ainda que audaciosa: o ultimato a Obama em São Petersburgo, depois de um enfrentamento ostensivo em resposta à espionagem, e, agora, o convite para que o Paraguai assuma a presidência pro tempore do Mercosul em dezembro, ocasião em que a Argentina deveria assumir a função. Essa seria, na opinião da presidente, a fórmula capaz de permitir a reintegração definitiva do Paraguai no bloco.
A proposta, pelo que se pode deduzir, é pessoal, da sra. Rousseff, feita sem consulta prévia a Christina Kirchner. Se a sra. Kirchner foi surpreendida com a informação, estamos diante de uma descortesia. Essa descortesia, associada ao ultimato, caracterizaria não uma defesa firme da soberania nacional, como alguns supõem, mas exclusivamente, como poderiam apontar os gregos antigos, um comportamento governado por húbris ("orgulho arrogante ou autoconfiança excessiva", conforme registra o dicionário).
No artigo anterior (Estado, 22/9), dizíamos que o adiamento da visita da presidente Dilma Rousseff aos EUA indicava mudança no mapa geopolítico da América do Sul.
Artigo de Kellie Meiman Hock (ex-diplomata e sócia-gerente de empresa mundial de consultoria estratégica) publicado no jornal Valor (19/9) dá argumento ao que queremos discutir: "Primeiro, por mais contraintuitivo que possa parecer, devemos (EUA e Brasil) ter uma séria discussão bilateral sobre a possibilidade de um reforço na cooperação em defesa. (...) os relatos preocupantes sobre a monitoração da NSA poderiam ter sido administrados de forma menos conflituosa, caso nossos governos colaborassem de forma mais estreita em questões de segurança, criminais e de defesa". A ser verdadeira a preocupação, a NSA buscava apenas informações que servissem à segurança e defesa dos EUA.
No quê e por que o Brasil preocuparia a NSA? Pouco antes da 2.ª Guerra, o Comando Militar dos EUA elaborou os planos Arco-íris e Pote de Ouro, que previam, um, a chegada de tropas alemãs ao Canal do Panamá; outro, o estabelecimento da primeira linha de defesa do território norte-americano no Paralelo 10 Sul, obrigando à ocupação de parte do Nordeste brasileiro. A evolução da tecnologia e da arte militares tornou essa hipótese de guerra sem sentido. Não eliminou, porém, um elemento importante para quem cuida de segurança e defesa - o espaço, que não deve ser compreendido apenas como território. Nele se compreendem recursos naturais e população, afora dever sempre ser visto a partir de sua posição.
Dessa perspectiva, o Brasil é importante em qualquer estudo geopolítico, seja pela extensão territorial, seja pela posição que ocupa na América do Sul, podendo projetar poder. Foi, com certeza, tendo em mente o espaço (extensão e posição) que os EUA sempre procuraram, especialmente depois de 1939, ter boas relações, podendo chegar a ser especiais, com o Brasil. Hoje, seguramente, associam espaço à possibilidade de Brasília influenciar políticas, se não contrárias, ao menos restritivas à política externa dos EUA.
Foi igualmente tendo em conta esses elementos, além da projeção internacional que o Brasil conseguira nos governos anteriores, que a política externa do governo Lula, continuada pelo atual até o episódio NSA, procurou distanciar-se dos EUA sem dar margem a atritos sérios e, ao mesmo tempo, buscando fazer que o País fosse reconhecido e se mantivesse como a grande potência no Hemisfério Sul Ocidental. A Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos - forma de engessar a OEA e trazer Cuba para um mais íntimo convívio sul-americano - e a União de Nações Sul-Americanas (Unasul) foram, até agora, os ativos construídos, que só terão sentido se for considerado esse objetivo.
A ação conjunta com a Turquia para mediar a crise com o Irã e o empenho do Brasil em fazer do Brics uma organização capaz de diminuir a importância e a influência do FMI e do Bird - apesar das dificuldades para constituir um fundo financeiro de auxílio mútuo e um banco de desenvolvimento próprio - com certeza levaram os responsáveis pela segurança e defesa dos EUA a não mais ver o Brasil como Estado sempre confiável. É como se, em seus "Moody's" estratégicos, o Brasil passasse de AA+ para AA.
Alguns "falcões" poderão insistir em que se considerem outras posições do Planalto, tais como a insistência em se opor a qualquer intervenção armada na Síria, somando vozes às da Rússia e da China, e o adiamento da visita a Washington. Se sua posição for predominante, o Brasil será visto não mais como AA, mas sim como A+. Mais ainda: o fato de a Rússia ter proposto que o País participe da comissão que deverá investigar o armamento químico da Síria indica que Putin pode estar classificando o Brasil, no seu "Moody's" particular, como AA+. Afinal, pertence ao Brics e ao Mercosul...
O novo mapa pode ser traçado a partir da criação do acordo comercial Chile, Peru, Colômbia e México. Esquecendo por ora o México (e o Nafta, convém lembrar), o mapa geopolítico mostra-nos duas Américas: a Transandina e a Cisandina, esta ligada ao Brics. Mais do que cartográfica, a divisão deve ser vista como política, porque o bolivarianismo é uma proposta política que busca ter com o Mercosul, depois do ingresso da Venezuela, expressão política internacional. Deve-se notar que, morto Chávez, o bolivarianismo por assim dizer ficou órfão de liderança - falta-lhe quem agrida retoricamente os EUA, ainda que mantendo com eles boas relações comerciais.
O episódio da espionagem de iniciativa da NSA forneceu à presidente Rousseff, ao que tudo indica, a oportunidade de substituir o falecido líder venezuelano. Dois episódios permitem essa conclusão, ainda que audaciosa: o ultimato a Obama em São Petersburgo, depois de um enfrentamento ostensivo em resposta à espionagem, e, agora, o convite para que o Paraguai assuma a presidência pro tempore do Mercosul em dezembro, ocasião em que a Argentina deveria assumir a função. Essa seria, na opinião da presidente, a fórmula capaz de permitir a reintegração definitiva do Paraguai no bloco.
A proposta, pelo que se pode deduzir, é pessoal, da sra. Rousseff, feita sem consulta prévia a Christina Kirchner. Se a sra. Kirchner foi surpreendida com a informação, estamos diante de uma descortesia. Essa descortesia, associada ao ultimato, caracterizaria não uma defesa firme da soberania nacional, como alguns supõem, mas exclusivamente, como poderiam apontar os gregos antigos, um comportamento governado por húbris ("orgulho arrogante ou autoconfiança excessiva", conforme registra o dicionário).
Repetição e compromisso - ALEXANDRE SCHWARTSMAN
FOLHA DE SP - 09/10
Essa política pró-negócio pode até gerar grandes empresas, mas não é estratégia de desenvolvimento sustentável
Houve tempo em que acreditei ser o único a me repetir nas colunas e bem que tentei me convencer de que não era tão ruim quanto imaginava. Afinal, são textos de opinião e há diversas formas de expressá-las, assim como pessoas que não leram as versões anteriores e mais um tanto de argumentos para me livrar da sensação de enganar os 18 leitores. Hoje percebo que não era assim, o que --a bem da verdade--, mais que uma justificativa, torna a repetição de certos temas praticamente uma obrigação.
Digo isso porque, ao abrir o jornal de segunda (no caso, o "Valor Econômico"), deparo-me com mais uma matéria reafirmando o interesse do governo em buscar novo canal com o setor privado, praticamente reprise da coluna publicada no mesmo jornal no dia 21.nov.2012, a começar pelo título.
A coluna original (se cabe aqui a expressão) já havia me motivado a escrever sobre a diferença crucial entre a posição favorável aos negócios e a favorável ao mercado.
Vejo, com tristeza, mas sem surpresa alguma, que o tema continua absolutamente atual.
Aparentemente o governo se mostra pasmado que sua estratégia de aproximação com o setor privado, expressa na redução da taxa de juros, desvalorização da moeda e concessão seletiva de incentivos fiscais, não tenha implicado aumento do investimento. Em particular as desonerações tributárias teriam resultado em mera elevação das margens de lucro, sem resposta da inversão.
Esse desencanto, acredito, não se aplica aos 18 fiéis.
Quem leu meus comentários a respeito desse assunto à época deve (espero) ainda se lembrar da diferença conceitual (e prática!) entre políticas pró-negócio e política pró-mercado.
As primeiras visam favorecer interesses específicos de setores empresariais e englobam favorecimentos diversos a segmentos que, de uma forma ou de outra, são eleitos para comandar a expansão da economia. Sem esgotar o assunto, incentivos fiscais, crédito em condições extremamente favoráveis, proteção contra competição externa (e mesmo interna) são alguns dos instrumentos mais conhecidos e não é difícil achar exemplos de sua aplicação mesmo antes do anúncio oficial da mudança da postura "a favor do setor privado".
Também não é difícil perceber os incentivos que decorrem dessa abordagem.
Do ponto de vista de qualquer empresa, passa a ser mais interessante convencer o governo acerca de seu papel "essencial" ao desenvolvimento do país do que se preocupar em melhorar seu produto, ou aumentar a produtividade, ou buscar novos mercados. Tudo aquilo que faz da competição capitalista o motor último de crescimento torna-se secundário se os lucros podem crescer (como admitido pelo próprio governo) a partir de decisões tomadas em gabinetes.
Não por acaso, portanto, esse tipo de política pode até gerar grandes empresas e lucros idem (favorecendo uns tantos amigos do rei), mas não configura uma estratégia de desenvolvimento sustentável.
Menos mal se alguma lição tivesse sido aprendida, mas a insistência na mesma matéria apenas sugere que, na falta de resultados positivos, a proposta governamental seja tão somente aumentar a dose do remédio, na vã esperança que o fracasso observado se origine da insuficiência da dose, e não na natureza das políticas.
Em contraste, as reformas pró-mercado que poderiam favorecer a competitividade (simplificação de tributos, liberalização do comércio exterior, maior flexibilidade trabalhista etc.) continuam onde estiveram nos últimos sete anos: expostas ao mais cruel abandono.
O prognóstico é simples e direto: nosso investimento continuará anêmico, com níveis muito aquém do necessário para acelerar de forma decisiva o ritmo de expansão sustentável do país. E, muito provavelmente, aparecerão novas reportagens acerca das outras tentativas de engajar o setor privado com o mesmo sucesso das até agora experimentadas.
Denunciar esse enfoque não é desculpa para me repetir; é mesmo obrigação.
Essa política pró-negócio pode até gerar grandes empresas, mas não é estratégia de desenvolvimento sustentável
Houve tempo em que acreditei ser o único a me repetir nas colunas e bem que tentei me convencer de que não era tão ruim quanto imaginava. Afinal, são textos de opinião e há diversas formas de expressá-las, assim como pessoas que não leram as versões anteriores e mais um tanto de argumentos para me livrar da sensação de enganar os 18 leitores. Hoje percebo que não era assim, o que --a bem da verdade--, mais que uma justificativa, torna a repetição de certos temas praticamente uma obrigação.
Digo isso porque, ao abrir o jornal de segunda (no caso, o "Valor Econômico"), deparo-me com mais uma matéria reafirmando o interesse do governo em buscar novo canal com o setor privado, praticamente reprise da coluna publicada no mesmo jornal no dia 21.nov.2012, a começar pelo título.
A coluna original (se cabe aqui a expressão) já havia me motivado a escrever sobre a diferença crucial entre a posição favorável aos negócios e a favorável ao mercado.
Vejo, com tristeza, mas sem surpresa alguma, que o tema continua absolutamente atual.
Aparentemente o governo se mostra pasmado que sua estratégia de aproximação com o setor privado, expressa na redução da taxa de juros, desvalorização da moeda e concessão seletiva de incentivos fiscais, não tenha implicado aumento do investimento. Em particular as desonerações tributárias teriam resultado em mera elevação das margens de lucro, sem resposta da inversão.
Esse desencanto, acredito, não se aplica aos 18 fiéis.
Quem leu meus comentários a respeito desse assunto à época deve (espero) ainda se lembrar da diferença conceitual (e prática!) entre políticas pró-negócio e política pró-mercado.
As primeiras visam favorecer interesses específicos de setores empresariais e englobam favorecimentos diversos a segmentos que, de uma forma ou de outra, são eleitos para comandar a expansão da economia. Sem esgotar o assunto, incentivos fiscais, crédito em condições extremamente favoráveis, proteção contra competição externa (e mesmo interna) são alguns dos instrumentos mais conhecidos e não é difícil achar exemplos de sua aplicação mesmo antes do anúncio oficial da mudança da postura "a favor do setor privado".
Também não é difícil perceber os incentivos que decorrem dessa abordagem.
Do ponto de vista de qualquer empresa, passa a ser mais interessante convencer o governo acerca de seu papel "essencial" ao desenvolvimento do país do que se preocupar em melhorar seu produto, ou aumentar a produtividade, ou buscar novos mercados. Tudo aquilo que faz da competição capitalista o motor último de crescimento torna-se secundário se os lucros podem crescer (como admitido pelo próprio governo) a partir de decisões tomadas em gabinetes.
Não por acaso, portanto, esse tipo de política pode até gerar grandes empresas e lucros idem (favorecendo uns tantos amigos do rei), mas não configura uma estratégia de desenvolvimento sustentável.
Menos mal se alguma lição tivesse sido aprendida, mas a insistência na mesma matéria apenas sugere que, na falta de resultados positivos, a proposta governamental seja tão somente aumentar a dose do remédio, na vã esperança que o fracasso observado se origine da insuficiência da dose, e não na natureza das políticas.
Em contraste, as reformas pró-mercado que poderiam favorecer a competitividade (simplificação de tributos, liberalização do comércio exterior, maior flexibilidade trabalhista etc.) continuam onde estiveram nos últimos sete anos: expostas ao mais cruel abandono.
O prognóstico é simples e direto: nosso investimento continuará anêmico, com níveis muito aquém do necessário para acelerar de forma decisiva o ritmo de expansão sustentável do país. E, muito provavelmente, aparecerão novas reportagens acerca das outras tentativas de engajar o setor privado com o mesmo sucesso das até agora experimentadas.
Denunciar esse enfoque não é desculpa para me repetir; é mesmo obrigação.