sexta-feira, setembro 20, 2013

Chatice crônica - NELSON MOTTA

O GLOBO - 20/09

No Brasil a ideia básica é que, em princípio, todos podem, e devem, estar mentindo. Somos o país do“minto, logo, existo”.



“Parei minha moto no shopping, roubaram a tampa da válvula do pneu. Tinha uma ótima tesoura Tramontina para tosar meus cachorros, mas alguém a trocou por uma de pior qualidade. O médico me mandou tirar radiografia desnecessária só para gastar dinheiro do plano de saúde. Minha revista semanal sumiu na portaria do prédio…”

A prosaica semana de um leitor carioca de um bairro de classe média, tão banal e parecida com a de milhões de brasileiros, mostra como o roubo e a sem-vergonhice estão arraigados na nossa cultura, atrasando o crescimento do nosso IDH, por mais que se invista em educação, tecnologia e infraestrutura. Mas não estamos condenados a essa cultura que privilegia a mentira e a fraude, que aos poucos vai cedendo aqui e ali por força da lei, da policia e da Justiça, e aos trancos e barrancos o Brasil vai melhorando.

Há quem acredite que o Brasil está rico, poderoso, soberano, solidário, mas 43% dos alfabetizados não sabem ler, mais da metade das cidades não tem esgoto tratado, 1/3 das Câmaras Municipais, Assembleias Estaduais e Congresso Nacional estão nas mãos de processados ou condenados pela Justiça. O que esperar dessa gente ?

Ao contrário da cultura legal anglo-saxônica — baseada no pressuposto que o cidadão está dizendo a verdade e sabe que vai sofrer graves consequências se não estiver —, no Brasil a ideia básica é que, em principio, todos podem, e devem, estar mentindo, daí a necessidade de tantas exigências de provas e documentos e assinaturas e autorizações e controles e fiscalizações, que aumentam a burocracia e, com ela, a corrupção. Somos o país do “minto, logo, existo”.

Só aqui há documentos que precisam de “firma reconhecida” e outros que exigem a presença física no cartório, como se umas fossem “sérias” e outras não, mas as fraudes não diminuem. Por essas e outras abrir uma empresa no Brasil leva vinte vezes mais tempo do que nos Estados Unidos ou no Chile.

A verdade, caros leitores, é que são vícios crônicos inspirando uma crônica chata, resultado de muito trabalho vão e de um grande esforço para não falar do mensalão. Paciência, semana que vem melhora.

Delírio auditivo - RUY CASTRO

FOLHA DE SP - 20/09

RIO DE JANEIRO - Na quarta-feira, quando o ministro do STF Celso de Mello começou seu longo voto sobre os "embargos infringentes", eu era todo ouvidos. O ministro fala bem. Não deixa uma consoante sem dobrar ou uma vogal ao desamparo, e salpica expressões em latim com grande naturalidade. Mas, vencido por seu legalês profundo, fui deslizando para uma espécie de "rigor mortis", no qual só escutava de longe algumas palavras:

"Dies irae!", parecia dizer Celso de Mello. "Quantus tremor est futurus, quando judex est venturus, cuncta stricte discussurus. Tuba mirum spargens sonum per sepulchra regionum, coget omnes ante thronum. Mors stupebit et natura, cum resurget creatura, judicanti responsura."

Abri um olho e tentei me concentrar no voto do ministro. A maioria dos juízes do Supremo tende a se expressar numa língua própria, impermeável tanto aos clamores quanto à compreensão das grandes massas. Sabendo disso, esforcei-me para não perder uma palavra. Debalde --a fala de Celso de Mello continuava a léguas do meu entendimento. Antes de mergulhar de novo num estado próximo da catalepsia, lembro-me de ter ouvido:

"Líber scriptus proferetur, in quo totum continetur, unde mundus judicetur. Judex ergo cum sedebit, quid latet apparebit, nil inultum remanebit. Quid sum miser tunc dicturus? Quem patronum rogaturus, cum vix justus sit securus? Preces meae non sunt dignae: sed tu bonus fac benigne, ne perenni cremer igne".

Só pode ter sido um delírio auditivo. Afinal, por que Celso de Mello recitaria o "Dies Irae", um famoso hino em latim do século 13 sobre o dia em que, com a chegada de um juiz, os séculos iriam se desfazer em cinzas? Não seria mais fácil dar seu voto em português? Mas foi como me soou. E só então, ao ressuscitar aos 45 do segundo tempo, compreendi que ele aceitara os famosos embargos.

A cidade que German Lorca nos devolve - IGNÁCIO DE LOYOLA BRANDÃO

O Estado de S.Paulo - 20/09

Uma senhora leva pela mão o que suponho seja seu neto, um garotinho de calças curtas e suspensórios, sapatos e meia três quartos (ao menos assim a chamavam). Por que nossas mães, quando tínhamos 4 ou 5 anos insistiam em nos colocar suspensórios que, para nós, eram coisa de gente velha? Os dois caminham por um terreno marcado pelas rodas de caminhões ou tratores. O garoto tem a cabeça baixa. À frente deles uma estranha construção com o formato de um disco voador, ou como supúnhamos que fossem os discos voadores. Imagino o que os paulistanos pensaram naquele ano de 1954 ao darem de frente com a Oca, um dos edifícios que compunham o conjunto do Ibirapuera para os festejos do Quarto Centenário da cidade. A estranheza que deve ter causado. Estranheza e espanto que Oscar Niemeyer provocou ao longo de toda a sua vida. Esta é a foto da página 4, reproduzida depois na página 79 de um livro que a Imprensa Oficial acabou de editar, A São Paulo de German Lorca. Textos de José de Souza Martins, um dos cronistas que mais gosto de ler neste jornal, conhece a cidade de ponta a ponta, do início até hoje.

Fotos sempre me suscitam perguntas irrespondíveis, porém este é o fascínio da imagem. Quem é este garoto? Por que a avó (seria avó?) o levou ao Ibirapuera? Ele está vivo ainda hoje? Ele já viu essa fotografia e se reconheceu? Em setembro de 1954, vim a São Paulo com a turma do meu colégio e corri ao Ibirapuera, onde se realizava imensa exposição. Deslumbrado, ali deparei com um aparelho de televisão, coisa que só víamos em filmes americanos. Naquele momento, pensei em um sonho. Ser o locutor do serviço de som do parque e poder morar em São Paulo. Perto da Oca ouvia os comentários: "Só um louco poderia imaginar um prédio assim, meio disco voador, meio joaninha". As joaninhas, tão comuns no interior, tinham quase o mesmo formato.

Na página 17, de 1953, uma foto de uma Avenida da Luz deserta, cortada pelo viaduto de Santa Ifigênia. A partir de 1957, eu estaria trabalhando nessa avenida, no jornal Última Hora, um sobradão branco cujos fundos davam para o paredão do Mosteiro de São Bento. Da janela, muitas vezes víamos as pessoas pularem a grade do viaduto, saltando para o nada. Imagens que me ficaram. E aqueles dois homens lendo o Diário Popular? Lembro-me de andar de manhã pelo centro, observando os que compravam o jornal e folheavam ansiosos em busca de emprego. No Diário estava a esperança, a possibilidade de mudança de vida ou o desalento. Em geral, depois de folhear e procurar, os leitores jogavam o jornal, já tinha servido. Esses dois da foto terão conseguido trabalho?

Paro na página 33. Cena da Avenida São João. Frente a frente dois cinemas, o Broadway (com um estilo hollywoodiano) e o Ritz. Havia o Ritz São João e o Ritz Consolação. O Ritz São João transformou-se no Rivoli, de luxo, com poltronas numeradas. Estreou com A Volta Ao Mundo em 80 Dias. O Ritz Consolação tornou-se o Trianon e depois Belas Artes, hoje fechado e à espera de bom senso. O prédio vizinho ao Broadway, nos anos 60, foi um "pombal", eufemismo para prostíbulo, porque as mulheres ficavam todas nas portas e os fregueses subiam e desciam.

Na página 48, um momento de Fellini. Um padre, batina preta, chapéu de clérigo, caminha. Para onde vai? Vem ou vai para a igreja? O que fazia ali? Também fellinianas são as freiras da página 117. Nas páginas 60 e 61, os cavalos de carrossel me trouxeram os parques da infância, me trouxeram meu avô José Maria que, no início do século 20, em Matão, construiu sozinho, esculpindo em madeira, porque era um artista, um carrossel inteiro, viajando por vilas vizinhas. Era chamado O Circo de Cavalinhos do Velho Brandão e está citado na história oficial daquela cidade. Tenho uma dívida com este avô e vou pagá-la com um livro chamado Os Olhos Cegos dos Cavalos Loucos, catarse de uma grande culpa.

Praça da República. Um homem tem a cabeça abaixada. Dorme? Desmaiou de cansaço? Está bêbado. Ao lado, duas crianças. Irmãos? Estão vivos ainda? Se reconheceriam na foto? Sessenta anos se passaram. Casaram, tiveram filhos, netos? A família sabe dessa foto? Na página 67, uma imagem espantosa de 1950. Você vê um pequeno trecho do que seria a Avenida 23 de Maio e ao fundo a Praça das Bandeiras. Reparem no amontoado de casebres, cortiços, pedaços de muros, tranqueiras, morros. Pensar que era pleno centro. Projeto de Prestes Maia (quando teremos de novo um prefeito com tal visão?), lembro-me que quando ela foi inaugurada, final dos anos 60, vieram as críticas: será que a cidade precisa de uma loucura assim?

Eis um livro quase memória. Aqui está o clima da cidade quando cheguei. Cinza, penumbra, estranho, ao mesmo tempo cordial. Milhares como eu vão reencontrar uma cidade que existiu e se transformou. Outros vão mergulhar num passado recente em que ainda havia ruas desertas, homens de chapéu, bondes, lirismo. Falo como se vocês estivessem vendo o livro. Mas podem ir à exposição, que se abre hoje às 18 h 30 na Biblioteca Mário de Andrade. Quem estiver diante das fotos das páginas 72 e 73, que mostram a Avenida Ipiranga, vai atentar para um detalhe estético. A beleza do poste que sustenta os semáforos. Uma foto da Rua Quintino Bocaiuva é nostálgica, com duas placas de tradições que se foram: as lojas Garbo e os chapéus Prada.

Cinco fotos do Aeroporto de Congonhas. Ah, meus tempos de repórter, quando corríamos para lá para entrevistar personalidades. Aldous Huxley desceu, ficou numa sala vip, foi simpático, mas ninguém sabia o que perguntar. Roberto Rossellini se deixou envolver por artistas brasileiros, seguiu até o Ibirapuera, deixou-se fotografar junto ao monumento. Kim Novak - superstar máxima na época - desceu tranquila, deu entrevistas, sorriu, sem um mínimo gesto de temperamentalismo. Tenho uma foto em que estamos sentados numa mesa, bunda com bunda. Cobri a chegada de Nelson Rockefeller, o milionário. Quem ver a foto, atente para os óculos da mulher dele, americana alta, espigada, de chapéu e luva. As mulheres viajavam com elegância. E hoje?

Última foto. Imagem de uma época que se foi. Somente quem viajou de trem, quem muito viajou pela Companhia Paulista, vai reconhecer o logo no vidro da porta do vagão: CP. O máximo de conforto, luxo e comodidade. German Lorca nos devolve a nós mesmos, resgata um Brasil que se prezava mais.

A guerra e a banalização do preço do livro - EDNILSON XAVIER

O GLOBO - 20/09

Há 35 anos, a Associação Nacional de Livrarias trabalha na busca de alternativas que permitam a subsistência do pequeno e médio livreiro em nosso país. No entanto, apostar nesse cenário não parece ser mais um negócio tão animador.

Infelizmente, nos dias atuais, este livreiro tornou-se meramente uma vitrine de luxo, para os principais lançamentos editoriais. O mercado encontra-se concentrado e apenas as grandes superfícies são beneficiadas - algumas, inclusive, nada têm a ver com livros e entraram nessa batalha para fisgar o consumidor - e as livrarias independentes são excluídas desse cenário, restando a elas somente o papel de "divulgadoras". Não somos contrários a que o leitor compre pelo menor preço, mas sim contra a guerra e banalização do preço do livro que se estabeleceu em nosso mercado.

Por mais que se esforcem para minimizar as despesas e maximizar suas receitas, já não se enxergam grandes vantagens em trabalhar com livros neste cenário. Essa é uma das razões por que muitas das livrarias acabam optando por outros produtos para sobreviver. Elas, que poderiam contribuir como agentes, para melhorar nossos sofríveis índices de leitura, estão cada vez mais encontrando dificuldades em se manterem ativas, principalmente fora dos grandes centros.

Alguns pontos desta cadeia do livro e da leitura necessitam de debates imediatos, para que de alguma forma consigamos reverter este cenário. Enquanto dois terços dos municípios brasileiros não dispõem de nenhum ponto de venda de livros, o mercado apresenta um número crescente de títulos, indicando uma concentração cada vez mais significativa na comercialização de livro. Será que somente grandes centros têm direito ao acesso ao livro e à leitura? A quem favorece esta concentração do mercado? Este formato permite, de fato, o acesso ao livro e à leitura, para nos tornarmos uma nação de leitores?

Não temos dúvida de que esta concentração varejista ameaça a liberdade de expressão, a criação e fruição da leitura, causando o fechamento de pequenas e médias livrarias, prejudicando a geração de emprego, o empreendedorismo e a própria arrecadação de receita aos cofres públicos.

Precisamos de um pacto nacional que garanta a distribuição mais igualitária até os mais longínquos pontos de vendas de nosso país; que alinhe o papel de cada um na cadeia do livro, com o reconhecimento de que a presença de livrarias, neste cenário, pode contribuir para formação de leitores.

Necessitamos de uma política de estado que reconheça esse papel social da livraria como difusora do conhecimento, garantindo a bibliodiversidade, extinguindo este comportamento antiético, ilegal e predatório de algumas editoras, danoso à saúde de todo o segmento do livro.

A sobrevivência do livro (físico e digital) como plataforma de conhecimento depende da sobrevivência das livrarias como elo fundamental entre a cadeia do livro: autores, editoras, gráficas, distribuidoras e leitores - razão de ser deste esforço civilizatório.

Sobrou para o Ulysses - BARBARA GANCIA

FOLHA DE SP - 20/09

Se até o papa está colocando o celibato na roda, por que não podemos sonhar com uma revisão na Constituição?


Cansei de dizer que não era para tratar como clássico de futebol. Mas, para os 50 gatos pingados que foram choramingar na frente do palácio da Dilma em Brasília na quarta, é bom lembrar que o julgamento do mensalão não acabou em pizza.

Dos 39 réus, dez já foram apenados e outros 12 terão suas penas revistas. Se há o que lamentar, a esta altura, não é a atuação do Supremo ou a suposta impunidade que está reservada a quem dispõe de meios de pagar pelo advogado que saiba cavar as garantias constitucionais estabelecidas pela lei. Afinal, essas garantias, como bem lembrou o ministro Barroso, valem para petistas, peessedebistas, torcedores do Íbis, inocentes, culpados, para seu filho, seu pai, sua sogra ou qualquer outro brasileiro que sente no banco dos réus.

Quem ora está frustrado foi quem embarcou ingenuamente na nau das falsas expectativas. Será que algum processo desse porte, com penas tão altas, poderia ter terminado sem direito a recurso? Sejamos realistas.

Você, que nestes últimos dois dias andou xingando o ministro Celso de Mello como se ele fosse juiz de futebol, será que você se dá conta de que o acusado de ser o mandante do assassinato da missionária Dorothy Stang, em 2005, está sendo julgado pela quarta vez?

Será que você esqueceu de que nossa desigualdade recordista mundial, que coloca o réu que é atendido pela Defensoria Pública em um patamar e aquele que tem meios para contratar bons advogados em outro, é a mesma que é sentida pelo estudante rico que poderá pagar seu caminho do jardim da infância até a faculdade nas melhores instituições de ensino e aquele que será excluído do sistema educacional por falta de investimento do poder público? Ou a mesmíssima diferença que há entre o doente que se vê obrigado a passar pela máquina de horrores do SUS e quem pode se tratar nos hospitais Sírio-Libanês ou Einstein? Cadê a novidade?

Por que os indignados com o resultado sobre os embargos infringentes não espumam bílis ao constatar que Celso Russomanno, Paulo Maluf, Jader Barbalho, José Sarney, Roseana Sarney, Renan Calheiros, Luiz Estevão e outros tantos circulam livremente pelos mesmíssimos motivos que os réus do mensalão? Em algum momento todos eles foram julgados, condenados e obtiveram recursos para serem julgados em outra instância, não?

É evidente que culpados por crimes de corrupção devem ser severamente punidos. Mas o problema neste caso foi a uma vulgar tendência a usar dois pesos e duas medidas por serem os acusados pessoas que causam pavor em certas classes.

Assim, perdemos de novo a oportunidade de discutir o que importa. Que seria, quem sabe, encontrar uma maneira de impor limites recursais para impedir que processos durem "ad eternum". Ou encontrar uma forma de fortalecer a ação das Defensorias Públicas ou ainda os privilégios dos legisladores que legislam em causa própria.

Mas mais do que isso, que nós tivéssemos de uma vez por todas a coragem de tirar a cabeça das nuvens e admitir que nossa gloriosa Carta Magna é nota cinco.

A Constituição de 1988, que todos louvam como se fosse um documento sagrado, foi redigida na ressaca de um regime autoritário e carrega os cacoetes e resquícios de anos de práticas não democráticas. Some-se a isso Códigos Civil e Penal da época do avião a lenha e podemos entender porque daqui a pouco a Nova Guiné será um país bem mais moderno que o nosso.

Se alguém não tiver coragem de propor a correção dos graves desvios contidos na Carta, a coisa não engrena.

Se até o papa Francisco está colocando na roda temas cabeludos como o celibato, não vejo por que não podemos começar a sonhar.

Catar coquinho - ANCELMO GOIS

O GLOBO - 20/09

A estatal venezuelana de petróleo, PDVSA, que tinha se comprometido lá atrás a assumir 40% da futura refinaria de Pernambuco, finalmente deu o ar da graça.

Propõe entrar no negócio, mas só com 10%, pagando 5% em óleo e 5% em dinheiro a perder de vista.

Segue...
Na Petrobras, que vem tocando sozinha a obra, a disposição é mandar os venezuelanos “catarem coquinho”.

Acabou em samba
Um dia depois da decisão do STF de aceitar os embargos infringentes, o carioca Cássio Teixeira inscreveu no Concurso de Marchinhas da Fundição Progresso, no Rio, uma música sobre o ministro Celso de Mello.

Diz assim: “Ô seu ministro, que coisa indecente, votando a favor dos embargos infringentes. Por causa disso, meu salário escafedeu e foi parar na cueca do Dirceu.”

Pensão em parcelas
Naldo, o cantor ameaçado de prisão por atraso na pensão do filho de 15 anos, já acertou as contas com a ex-mulher, Branka Silva. Ela pedia R$ 50 mil. O cantor deu vários cheques pré-datados.

Só que...
A turma do escritório de Ronaldo Fenômeno, que cuida da carreira de Naldo, não gostou nadinha dessa exposição negativa do artista.

Pai de quatro filhos, Ronaldo nunca teria deixado atrasar suas pensões.

Donadon e cia.
O Ministério da Justiça publica hoje edital de licitação para construir uma penitenciária federal em Brasília.

Orçada em R$ 38 milhões, deve ser inaugurada em dezembro de 2014.

Doutor Animal
O ex-jogador Edmundo, o Animal, está fazendo um cursinho de administração. Quer ser presidente do Vasco.

Liberdade de imprensa
A 3ª Turma do STJ negou um pedido do deputado paulista Fernando Capez contra o coleguinha Juca Kfouri.
O deputado, ex- promotor que atuou no caso das torcidas organizadas, queria que Kfouri não tocasse no seu nome.

Sacolão de Madureira
Em outubro, o casseta Marcelo Madureira passará a participar do “Jornal da CBN”, ancorado por Mílton Jung.
O quadro “Sacolão do Madureira” estreia dia 4 e será sempre às sextas com um balanço irreverente da semana.

Tô fora dessa
O ex-ministro Rodolpho Tourinho avisa que o Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada — Infraestrutura, que ele preside, “não está envolvido em nenhum assunto referente às concessões anteriores de rodovias”.

É que a coluna publicou ontem que o Sinicon estaria na liderança de um movimento para conseguir, com o governo, ressarcimento pela redução do preço do pedágio, em junho.

Não pare na faixa
Trinta artistas, como Aira, vão grafitar faixas de pedestre espalhadas pelo Rio.
O “Arte na faixa”, projeto da Secretaria municipal de Transportes e do movimento “Rio eu amo eu cuido”, quer chamar atenção de pedestres para que eles só atravessem na faixa. E lembrar aos motoristas para que eles nunca parem sobre a faixa.

Calma, gente!
A presença de seguranças armados no Campus da Praia Vermelha da UFRJ vem provocando um debate entre professores e alunos.

O professor Marcelo Paixão, do Instituto de Economia, diz, por exemplo, “que pessoas armadas dentro do espaço acadêmico corresponde a uma realidade completamente estranha às melhores tradições de nossa universidade.”
É. Pode ser.

Peça para Arlete
Após anos produzindo musicais, Miguel Falabella está escrevendo uma comédia especialmente para a amiga Arlete Salles.
Batizado de “Era tudo que eu queria”, o espetáculo começa os ensaios ainda em setembro e estreia até o final do ano no Rio.

Penico de barro enferruja?
As pessoas que circulam pelo 8º Juizado Especial Cível, na Tijuca, no Rio, estão impedidas de usar o banheiro do prédio.
É que há um mês o condomínio do Medical Center, onde funciona o juizado, acredite!, fechou o banheiro ao público.
Os advogados que frequentam o lugar vão fazer a Campanha do Penico.

A BOLA DA VEZ - MÔNICA BERGAMO

FOLHA DE SP - 20/09

O ministro Luís Roberto Barroso deve ser o voto de desempate que definirá se José Dirceu cumprirá prisão em regime fechado ou no semiaberto. O placar hoje está praticamente empatado em cinco a cinco. A avaliação é de advogados dos réus e também de magistrados

TEXTO
A avaliação leva em conta o fato de um dos novos ministros do STF, Teori Zavascki, já ter indicado que discorda da interpretação dada pela corte para o crime de quadrilha. Ele se somaria aos quatro que absolveram Dirceu no crime: Rosa Weber, Cármen Lúcia, Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli.

CRAVO E FERRADURA
Barroso decidiu por uma nova chance aos réus do mensalão nos embargos infringentes. Por outro lado, procurou colegas do STF para dizer que se empenhará para que o julgamento, a partir de agora, seja célere.

EM CHOQUE
E o ministro Lewandowski foi aplaudido na noite de quarta no restaurante Rubayat de Brasília, logo depois da sessão dos embargos infringentes. "Estou perplexo, chocado", afirmou ele, de braços abertos e sorridente, a ministros do STJ (Superior Tribunal de Justiça) que o acompanhavam no jantar. "Há sete anos que eu só apanho." O magistrado já foi hostilizado mais de uma vez em locais públicos durante o julgamento do mensalão.

PARA DEPOIS
João Paulo Cunha, réu do mensalão, foi desconvidado para o "Roda Viva" da segunda, 23. A explicação que deram a ele, que tinha tomado a iniciativa de se colocar à disposição para participar do programa, foi a de que o momento era mais oportuno para se marcar entrevista com um ministro do STF.

PORTAS ABERTAS
O Bahamas Club voltou a funcionar. O hotel de Oscar Maroni, 61, em Moema, estava interditado desde 2007 sob acusação de favorecer a prostituição. Após decisões favoráveis da Justiça, conseguiu alvará de funcionamento da prefeitura e está reabrindo. "Fiz várias reformas nos últimos seis meses. Tem até sofá com tecido francês", diz o empresário e psicólogo. A entrada, que custa R$ 200, dá direito a usar uma das 23 suítes.

TURNO NOTURNO
A biblioteca Mário de Andrade ficará aberta 24 horas e terá sessões de cinema, teatro e debates durante a madrugada. Outras bibliotecas, ainda não definidas, também passarão a funcionar em tempo integral ainda neste ano.

TURNO NOTURNO 2
Parques e museus seguirão os mesmos planos, passando a abrir nas madrugadas. "São Paulo é muito grande, nem todo mundo dorme de madrugada. Essas pessoas precisam ter opções para se divertir", afirmou o secretário municipal de Cultura, Juca Ferreira. Ele acredita que a medida deve estimular o turismo na cidade.

CABELO RASPADINHO
Toni Garrido, vocalista da banda Cidade Negra, fará teste para interpretar o jogador Zito no filme de Hollywood sobre Pelé. O cantor disse estar disposto a raspar a cabeleira para o papel.

SERTÃO
Nathalia Dill, a antagonista da novela "Joia Rara", da Globo, viajará a João Pessoa (PB) em maio de 2014. Lá serão filmadas cenas do longa "Por Trás do Céu", dirigido pelo namorado da atriz, Caio Soh. Emilio Orciollo Netto também está no elenco.

MEDIDA CERTA
Os empresários Alexandre Accioly e João Paulo Diniz inauguraram uma nova unidade da academia Bodytech Club, no Rio. As atrizes Susana Vieira, Christine Fernandes, a apresentadora Fernanda Lima e o jogador de vôlei Bruninho Rezende passaram por lá.

CASAL DAS LETRAS
O escritor Eromar Bomfim e sua mulher, a autora de novelas Thelma Guedes, receberam convidados no lançamento do livro "Coisas do Diabo contra", anteontem, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional. Os atores Marcelo Médici e Suzana Pires compareceram.

CURTO-CIRCUITO

Claudia Saad abre exposição em homenagem à artista Sonya Grassmann, hoje, no shopping Cidade Jardim.

Leilah Moreno canta hoje na Disco, no Itaim Bibi, a partir das 23h30. 18 anos.

A festa Gambiarra tem edição hoje na The Week, na Lapa, com show da banda Quizomba. 18 anos.

A peça "A Toca do Coelho" tem pré-estreia hoje, com renda para a organização Liga Solidária, às 21h30, no teatro Faap. 12 anos.

O ex-atleta Vanderlei Cordeiro de Lima participa da Maratona Pão de Açúcar de Revezamento, no domingo, no parque Ibirapuera.

Cerco ao Nordeste - DENISE ROTHENBURG

Correio Braziliense - 20/09

A saída do PSB do governo Dilma Rousseff e o consequente aumento da visibilidade sobre a pré-candidatura do governador Eduardo Campos à Presidência da República antecipam movimentos dos demais concorrentes no Nordeste, região que deu uma vitória folgada à petista na eleição de 2010.

Hoje, por exemplo, o presidente do PSDB, Aécio Neves, estará em Salvador. Amanhã, promove um encontro do partido em Maceió, para montar o esboço de um programa de governo para a região. Duas cidades, dois movimentos distintos.

No caso de Salvador, a visita vai além de um simples acarajé com o prefeito Antonio Carlos Magalhães Neto. Trata-se de uma demonstração de apreço e prestígio a um antigo aliado tucano, o Democratas. O DEM até hoje não conheceu um candidato próprio a presidente da Republica. Seu antecessor, o PFL fez uma incursão nesse campo apenas em 1989. (Naquele ano, depois de fracassada a aliança com o então candidato tucano, Mário Covas, com a saída de Roberto Magalhães da chapa, o PFL lançou Aureliano Chaves).

Aécio Neves não quer ver o aliado lhe escorrer pelos dedos. Sabe que existe um movimento do deputado Ronaldo Caiado, de Goiás, no sentido de levar apoios do partido ao governador de Pernambuco, Eduardo Campos. Embora Aécio e Eduardo tenham uma relação cordial e respeitosa, ali vale o ditado "amigos, amigos, eleições à parte". Aécio não ficará quieto vendo o DEM seguir outros caminhos, que não o da aliança com o PSDB. Portanto, essa reaproximação no sentido de minar os gestos de Caiado é o pano de fundo do encontro de hoje entre o senador e ACM Neto. Vale lembrar que, em 2010, ACM Neto queria Aécio como o nome da aliança para concorrer contra a presidente Dilma Rousseff, mas os tucanos escolheram José Serra.

Mais tarde, em Maceió...
Em solo alagoano, Aécio tem outros objetivos. Ali, na cidade administrada por Rui Palmeira, do PSDB, os tucanos querem demonstrar que, assim como Dilma e Eduardo Campos, também têm seus planos para a região, que vão além do Bolsa Família do governo federal. Para isso, o partido começou a mobilizar seus prefeitos, vereadores e também deputados estaduais. "Em 20 anos, reduzimos em 80% os índices de mortalidade infantil, mas não atingimos a média nacional. Se não tivermos uma política diferenciada para o Nordeste, não sairemos do lugar", comenta Rui Palmeira. A ordem deste fim de semana, portanto, será fugir da agenda negativa que tomou conta do noticiário, com a segunda rodada do julgamento do mensalão, e tentar colar no PSDB uma imagem de preocupação com a vida das pessoas, coisa que Dilma também tenta fazer em seu governo.

Enquanto isso, no Palácio do Planalto...
A presidente Dilma e assessores traçaram um plano no sentido de tentar mantê-la anos-luz de distância do julgamento do mensalão. Ontem pela manhã, menos de 24 horas depois da decisão do Supremo de acolher os embargos infringentes e que dá mais uma chance de defesa aos réus, Dilma inaugurava um trecho de rodovia em Mato Grosso. Mostrava assim que o país funciona, sem qualquer interrupção e a vida segue o fluxo normalmente. No governo, há um consenso de que quanto mais longe ela ficar desse processo, melhor. Aliás, vale lembrar que Dilma só foi escolhida por Lula porque não havia nada que pudesse vincular a imagem dela ao esquema. Tanto é que as declarações dela sobre o tema sempre ficaram no óbvio, a Justiça é soberana, e por aí vai.

Nos próximos dias, a presidente vai se dedicar à escolha dos cargos vagos pelo PSB. A maior pressão vem do PMDB e do PT do Nordeste. Afinal, assim como Aécio planeja colocar um pé na região, os petistas não querem perder a preponderância em termos de votos para presidente da República. No rol de prováveis nomes para o Ministério da Integração Nacional pelo PT, por exemplo, aparecem Humberto Costa, de Pernambuco, e Walter Pinheiro, da Bahia. Até ontem no início da tarde, a certeza na cabeça da presidente era a de que o escolhido não poderá concorrer nas eleições do ano que vem. Só aí eliminará meia dúzia de interessados. Mas essa é outra história.

Sede ao pote - VERA MAGALHÃES - PAINEL

FOLHA DE SP - 20/09

A corrida pela pasta da Integração Nacional rachou o PMDB. Renan Calheiros (AL) quer emplacar Luciano Barbosa, ex-prefeito de Arapiraca. O nome é rechaçado pela bancada da Câmara e por senadores incomodados com o apetite do presidente da Casa. Deputados fizeram chegar ao vice-presidente Michel Temer que, se Renan indicar o ministro sem o aval do resto da sigla, haverá "guerra" na Câmara. Querem um nome consensual no Congresso, como o senador Vital do Rêgo (PB).

Livre, leve... Eduardo Campos (PSB) foi abordado por uma paulista enquanto tomava café da manhã num hotel em Brasília ontem. Ela se disse indignada com a decisão de acatar recursos dos condenados no mensalão e contou que tinha ido à capital só para ver a sessão do STF.

... e solto O governador de Pernambuco escutou pacientemente o desabafo, sem externar opinião, e ouviu uma declaração de voto. Pegou o telefone e o e-mail da eleitora e prometeu lhe enviar material a respeito do partido e de seu governo.

Tamos aí Campos se encontrou em Brasília com o presidente do PDT, Carlos Lupi. A aliança do partido com Dilma ficou ameaçada após novas denúncias de irregularidades no Ministério do Trabalho e das declarações do ministro Manoel Dias.

Aí não! Na reunião da cúpula do PSB, na quarta-feira, Cid Gomes reagiu às críticas que vem sofrendo do grupo pró-Campos. "Não sou quinta coluna", disse, ao afirmar que acompanharia a decisão de entregar os cargos. Também disse que não aceitaria a pecha de fisiológico.

Ciclos Submerso há algumas semanas, José Serra voltou a conversar com Roberto Freire (PPS) por telefone e marcou encontro para os próximos dias. Integrantes do PPS receberam recados de que Serra ainda quer discutir uma possível filiação à sigla.

Paralelos O discurso de defesa do empreendedorismo e de que os eleitores são donos do próprio destino, mote do programa de TV do PSDB com Aécio Neves ontem, foi usado pelos marqueteiros Renato Pereira e Chico Mendez na campanha de Henrique Capriles contra Hugo Chávez, na Venezuela, em 2012.

Vacina O governo de SP lançou propaganda na TV sobre a expansão da rede de saúde na gestão Geraldo Alckmin (PSDB). "É com trabalho sério que a saúde avança", diz o slogan. O tema será central em 2014, quando o tucano deve enfrentar o ministro Alexandre Padilha (PT).

Lá e cá Michel Temer aparece em spots que o PMDB paulista exibe a partir de hoje. Destaca o papel do partido no governo federal e diz que a sigla também pode fazer a diferença no Estado.

Timing O PSDB de Minas incluiu um depoimento de Eduardo Azeredo em seus spots de TV do Estado. O deputado é um dos réus do mensalão mineiro, que está na fila de processos do STF.

Teste Os tucanos exibiram também três pré-candidatos ao governo de Minas: Pimenta da Veiga, Marcus Pestana e Dinis Pinheiro.

Check-in O Ministério da Cultura divulga hoje o resultado da licitação de hospedagem da delegação brasileira na Feira do Livro de Frankfurt, em outubro, cujo edital atrasou. Venceu um hotel da rede Holiday Inn, que ofereceu 656 diárias a R$ 315 mil, além de traslado ao evento.

Chama o síndico O deputado Salvador Zimbaldi (PSD-SP) se candidatou a conselheiro de um condomínio de salas comerciais em Brasília. Após se apresentar como político e abertas as urnas, teve apenas um voto.

com ANDRÉIA SADI e BRUNO BOGHOSSIAN

tiroteio

"Kátia Abreu, que luta tanto contra invasão de terra, não pode empunhar foice e expulsar quem comanda o PMDB em Tocantins."

DO EX-DEPUTADO GEDDEL VIEIRA LIMA (PMDB-BA), sobre supostas condições apresentadas pela senadora Kátia Abreu para trocar o PSD pelo PMDB.


contraponto


Yes, we can

A conversa de uma hora e vinte minutos entre a presidente Dilma Rousseff e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, em que o pré-candidato do PSB à Presidência entregou os cargos do partido no governo teve momentos de descontração, apesar da tensão política.

Campos, que evitou durante todo o tempo falar em rompimento com o governo, disse:

--A senhora está forte. Tá brigando até com o Obama. Ninguém vai poder dizer que estamos saindo do governo quando a senhora está fraca.

--Eduardo, você não existe... --disse Dilma, rindo.

É para valer - ILIMAR FRANCO

O GLOBO - 20/09

Mesmo saindo do governo, muitos colocam em dúvida a candidatura do PSB ao Planalto. Com a palavra, Eduardo Campos: “Com 35%, a presidente Dilma não consegue expressar nosso campo político. Há espaço para outra alternativa nesse campo. E os outros 65%?” O diagnóstico de Campos: “Dilma não vende utopia nem esperança na vida das pessoas.” Como ele resume: “O jogo tá jogado.”

Viva Zapata!
São vários os motivos que levaram as petrolíferas americanas Exxon e Chevron a não participar do leilão de Libra. Mas o lobista de uma petrolífera europeia avalia que teve peso decisivo a reforma das leis do petróleo no México. O seu presidente, Peña Nieto (PRI), propôs (em agosto) o fim do monopólio estatal do petróleo. As empresas privadas poderão se associar à Pemex e dividir o lucro da exploração. As empresas americanas estão eufóricas. Estimam-se reservas de 29 bilhões de barris no pré-sal do Golfo do México e 13 bilhões de barris de petróleo de xisto. E há ainda os custos. Esses campos ficam no quintal das refinarias que abastecem o mercado americano.

“Falei, falei mesmo. Até acho agora que não deveria ter o dito, né? Mas falei” 
Manoel Dias
Ministro do Trabalho, ao ser cobrado, e chamado de louco, por dirigentes do PDT por ter ameaçado detonar irregularidades de todos os partidos e governos

Toda política é local
Aconselhado a ligar para o ex-presidente FH, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o ex-senador Jorge Bornhausen, para se desculpar por levantar suspeitas sobre suas gestões, o ministro Manoel Dias (Trabalho) disse que podia falar com os tucanos, mas, com Bornhausen, de jeito nenhum.

Ordem na casa
Atendendo aos clamores dos torcedores, o ministro Aldo Rebelo (Esporte) vai chamar dirigentes de
clubes e proprietários das novas arenas para debater a cobrança de ingressos nos campeonatos nacionais e estaduais. O governo quer impedir aumentos abusivos
de preços. O pressuposto é que ingressos caros podem elitizar o esporte mais popular do país.

Centralismo democrático
O ministro Leônidas Cristino (Portos), ligado ao governador Cid Gomes e ao ex-ministro Ciro Gomes, pedirá demissão do cargo ao voltar da viagem que faz ao Panamá. Cristino e seus padrinhos consideram que ele é da cota do PSB.

Provocação
Por maior que seja o esforço da presidente Dilma, do ex-presidente Lula e do governador Eduardo Campos para não fechar as portas, assessores no Planalto estão babando com a saída do PSB do governo. Os socialistas viraram alvo de zombaria e ironia de petistas autossuficientes que cobram que o PSB deixe também cargos na prefeitura de São Paulo e no governo do Rio Grande do Sul.

Baixa sem custo?
Líderes do PT e do PMDB na Câmara não temem prejuízos com a mudança no PSB. Lembram que este anunciou que não fará oposição e destacam que o PMDB e o PT estão muito unidos no apoio ao governo, e que, por isso, vão liderar os aliados.

A ironia
Os parlamentares governistas estão marcando em cima Marina Silva. Eles comentam que ela se coloca como arauto da ética na política. E não deveria estar pedindo para o TSE dar um jeitinho para que seja criado o seu novo partido, a Rede.


OS MILITARES tentaram evitar que o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) pudesse visitar o centro da tortura do DOI-Codi no Rio, o Quartel da PE, na Tijuca.

Negócio da China - LUIZ CARLOS AZEDO

CORREIO BRAZILIENSE  - 20/09

A norte-americana Exxon Mobil e as britânicas BP e BG, gigantes do setor de petróleo, anunciaram ontem que estão fora do leilão do pré-sal do campo de Libra, na bacia de Santos. Os norte-americanos já vinham sinalizando desinteresse pelo leilão, como a coluna antecipou no sábado passado, mas a desistência da britânica BG pegou de surpresa a Petrobras: é sua principal parceira no pré-sal.

Segundo a diretora da Agência Nacional de Petróleo, Magda Chambriard, cada empresa alegou um motivo particular para pular fora do negócio. O governo esperava, inicialmente, que até 40 empresas participassem do leilão, marcado para 21 de outubro. Somente 11, até agora, manifestaram interesse no arremate, cuja taxa de inscrição custa R$ 2 milhões.

Com isso, cresce no mercado a expectativa de que as estatais chinesas Sinopec, Sinochem e CNPC protagonizem a disputa. Quem vencer terá de fazer um pagamento imediato de R$ 15 bilhões e firmar o compromisso de investimento mínimo de R$ 610 milhões nos primeiros quatro anos, o que afastou as empresas brasileiras da disputa, com exceção da Petrobras, que já é dona de 30% do campo pela nova legislação. A norueguesa Statoil e a francesa Total seriam também fortes candidatas, segundo a ANP. Mas as chinesas levam vantagens, porque tempo e dinheiro não são problemas para a China. O mais importante é garantir 70% do petróleo do pré-sal para sua economia.

Ceticismo
A previsão da Agência Nacional de Petróleo é de que Libra esteja produzindo 1 milhão de barris por dia em 2020, metade do que a Petrobras levou 60 anos para obter. Essa expectativa, porém, não é consenso no mercado, no qual circulam informações de que a exploração do campo pode levar 20 anos, por dificuldades tecnológicas e custos financeiros.

Investimento
O prazo do contrato de exploração do campo de Libra é de 35 anos não renováveis, e o investimento previsto de US$ 200 bilhões

Fora do barco
A direção nacional do PT deve debater na próxima semana a entrega dos cargos em governos do PSB. Em Pernambuco, a situação é insustentável. Ontem, o senador Humberto Costa (PT-PE) defendia o desembarque já: “Acho que devemos sair dos governos do PSB”. O PT ocupa duas pastas na administração de Eduardo Campos e uma secretaria na Prefeitura do Recife.

Quero o meu
O PT baiano pressiona o governador Jaques Wagner (PT) a lutar para recuperar o Ministério da Integração Nacional para a Bahia. A pasta foi ocupada por Geddel Vieira, do PMDB. O ministro Fernando Bezerra, do PSB, deve deixar o cargo, mas não será agora. Dilma só pretende substituí-lo quando voltar da reunião da ONU nos EUA. A pasta é responsável por todas as medidas referentes à água no semiárido nordestino e o PMDB tenta emplacar no cargo o senador Vital do Rêgo, da Paraíba.

Na estrada
O programa do PSDB foi ao ar ontem, ancorado pelo senador Aécio Neves, presidente da legenda. O programa mostrou o pré-candidato tucano com o pé na estrada e inovou pela informalidade dos diálogos.

Dois irmãos
Quando chegar a Nova York, no dia 27 de setembro, a presidente Dilma Rousseff será recebida pelo representante interino do Brasil na ONU, o embaixador Guilherme Patriota, que vem a ser irmão do ex-chanceler Antonio Patriota, o novo representante permanente do Brasil no órgão. O ex-ministro aguarda sabatina e aprovação do seu nome no Senado, o que ainda não aconteceu por causa do imbróglio envolvendo o senador boliviano Roger Pinto. O caso de nepotismo cria mal-estar no Itamaraty.

Adeus, camarada!
O deputado Augusto Carvalho deve mesmo deixar o PPS para assumir o comando do Solidariedade no Distrito Federal, partido criado pelo deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força. Mesmo tendo articulado a filiação da deputada distrital Eliana Pedrosa ao PPS para ser candidata ao governo do GDF. De nada adiantaram os apelos do deputado Roberto Freire (PPS-DF) para que se mantivesse na legenda. Augusto é um dos remanescentes do antigo comitê central do PCB, que deu origem ao PPS.

Lágrimas
A saída da diretora-geral do Senado, Doris Peixoto, não foi exatamente uma surpresa, mas foi traumática. Ela trombou com o presidente da Casa, Renan Calheiros, por causa das mudanças administrativas. Há muita boataria para saber quem vai sucedê-la. O mais cotado é Antônio Helder Medeiros Rebouças, diretor da poderosa Secretaria de Coordenação Técnica e Relações Institucionais.

Pedágios 
A presidente Dilma Rousseff defendeu ontem o consórcio de 10 empresas que venceu o leilão de concessão da BR-050, rodovia que liga Goiás e Minas Gerais. O consórcio propôs a menor tarifa — de R$ 0,04534 por quilômetro —, representando deságio de 42,38%. A presidente defendeu a cobrança de pedágios, que vem sendo alvo de manifestações. “É impossível fazer concessão sem tarifa”, disse.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

FOLHA DE SP - 20/09

Aportes da indústria de base não crescem em 2013

A indústria de base e de infraestrutura brasileira deverá manter neste ano o mesmo volume de investimentos de 2012, de acordo com a Abdib (associação do setor).

"Ainda não temos números de 2013, mas será um ano de manutenção de investimentos", diz o presidente da entidade, Paulo Godoy.

A expectativa, porém, era que houvesse um incremento de cerca de 7,2% (descontada a inflação).

Só com essa expansão seria possível que os aportes da indústria atingissem 6% do PIB em 2016, como se pretendia. Atualmente, eles ficam ao redor dos 4,5%.

Apenas os investimento na área de logística precisariam passar dos R$ 32,8 bilhões registrados em 2012 para aproximadamente R$ 70 bilhões por ano.

"Existem programas para chegar a esse nível. Os projetos já estão desenhados e apenas as ferrovias ainda não têm um marco regulatório", afirma o executivo.

"Mas é preciso dar celeridade aos projetos e atratividade às concessões."

Godoy diz que os leilões realizados pelo governo federal devem acelerar a atividade econômica do setor e do país dentro de um ano.

"Todos esses empreendimentos têm um período de maturação longo", acrescenta. "Nos próximos anos, acredito que devem deslanchar."

Em 2012, o segmento registrou uma expansão real de 7,5% na comparação com o ano anterior.

tempo de cautela

A produção da indústria gráfica contraiu 5,9% no segundo trimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2012, segundo dados da Abigraf em parceria com o IBGE.

Essa é a sétima baixa consecutiva registrada.

O segmento editorial foi o que apresentou a maior queda do setor, de 8,5%.

"Apesar de ter tido uma alta de 2,9% na comparação com o primeiro trimestre, que foi ainda mais trágico, não temos boas projeções para o setor", afirma Fabio Mortara, presidente da entidade.

Os segmentos de embalagens impressas (-3,7%) e impressos comerciais (0,3%) foram os que menos sentiram a retração.

A relação do mercado de embalagens com o desempenho da indústria de bens de consumo amorteceu a queda da indústria gráfica.

"O setor, que corresponde a 40% da produção gráfica, é um dos menos afetados pela baixa", diz.

Conselho... Sérgio Goldman, ex-Bear Stearns, Santander, Safra e Unibanco, e Joseana Amaral, que passou por instituições como Deutsche e Safra, abrem em outubro uma nova gestora de patrimônio.

...em finanças A Maximizar Gestão de Patrimônio vai oferecer aconselhamento financeiro para clientes que tenham liquidez a partir de R$ 10 milhões.

Estudo... A SAP, companhia multinacional de softwares de gestão empresarial, firmou uma parceria com a Capes, órgão do governo federal, para participar do programa Ciência sem Fronteiras.

...no exterior A empresa oferecerá a jovens brasileiros 50 vagas de estágio, com duração de três meses, em centros de pesquisa na Alemanha, na França, nos EUA e no Canadá.

dominação de mercado

A geração "Y", que abrange a faixa etária de 18 a 30 anos, concentra em média 45% do quadro de funcionários do mercado financeiro.

No Itaú, dos cerca de 95 mil trabalhadores, 40% estão nessa faixa.

Dos 48.234 empregados do Bradesco, 57,1% pertencem a esse grupo.

No Santander, 37,5% da equipe é formada por profissionais com essa idade, e no Citibank, 37,72%.

Compra de recebíveis A Gavea Sul, empresa de Curitiba que atua com fundo de investimentos em direitos creditórios, vai abrir em Porto Alegre sua primeira filial. Outra unidade do grupo está prevista para funcionar em São Paulo até o final deste ano.

Expansão aquática O parque Wet'n Wild investirá R$ 6,5 milhões na construção de duas atrações. Uma será inaugurada em dezembro deste ano e a outra em junho de 2014. O complexo espera um crescimento de 15% no número de frequentadores.

veículo gaúcho

A gaúcha Triel-HT, fabricante de baús frigoríficos, carrocerias, ambulâncias e caminhões de bombeiros, entre outros equipamentos, investirá cerca de R$ 20 milhões em uma planta.

O projeto da empresa é unificar três de suas quatro fábricas. "Hoje uma unidade produz peças e tem que entregar em dois lugares diferentes, o que demanda custos e tempo", diz Airton Dalla Rosa, sócio-diretor.

Com o novo empreendimento, a companhia pretende aumentar sua produção em 50%: de 120 equipamentos por mês para 180.

"Neste ano, perdemos negócios por falta de capacidade produtiva."

O cronograma da Triel-HT prevê que as obras comecem em fevereiro e que a unidade entre em operação cerca de dez meses depois.

A empresa projeta fechar 2013 com um faturamento de R$ 110 milhões, revertendo as perdas do ano passado.

"Em 2012, ficamos em R$ 85 milhões [queda de 20% ante 2011]. Nossas fábricas operaram com 85% da capacidade", diz. "Agora estamos com todas [as unidades] a 100%."

Balcão... Remédios genéricos podem custar até 40% mais que as versões de marca, diz pesquisa do Datafolha encomendada pela Eurofarma.

...de farmácia De seis remédios pesquisados, cinco produtos de marca do laboratório estavam mais baratos. O estudo foi feito em 4.454 farmácias.

controle interno

O escritório Demarest criou um grupo para atendimento especializado a clientes na área de "compliance" (que zela pelo cumprimento de normas internas e legislação).

O grupo multidisciplinar é formado por sócios das áreas penal, empresarial, concorrencial, cível, ambiental e de infraestrutura.

O setor foi criado por causa do crescimento de demandas relacionadas a temas como elaboração de política interna de empresas, códigos de ética e de conduta.

O grupo também prestará assessoria em outros assuntos, como investigações, delações premiadas e termos de ajustamento de conduta.

A nova lei anticorrupção gerou crescimento na procura, segundo a banca.

FLÁVIA OLIVEIRA - NEGÓCIOS & CIA

O GLOBO - 20/09

Cinco ausências no leilão de libra

Além de Exxon, Chevron, BP e BG, a norueguesa Statoii também não se inscreveu para o primeiro leilão do pré-sal


Causou espanto no mundo do petróleo a ausência de cinco gigantes do setor no primeiro leilão do pré-sal brasileiro. Magda Chambriard, diretora-geral da ANP, avisou ontem cedo que Exxon, Chevron, BP e BG não estavam inscritas na disputa pelo Campo de Libra, em 21 de outubro. À noite, quando o órgão regulador apresentou a lista final, com 11 empresas interessadas, especialistas notaram a ausência da Statoil. A norueguesa, assim como a americana Exxon Mobil e as britânicas BP e BG, participou em associação com a Petrobras da 11ª Rodada de Licitações, em maio passado. As cinco companhias operam há tempos no Brasil e eram esperadas no leilão do pré-sal, a nova fronteira petrolífera do país. As explicações para a desistência das gigantes vão da repercussão do caso Snowden, de espionagem americana, ao excesso de exposição das companhias no país. A BG, por exemplo, já teria 58% dos negócios no Brasil. Renato Bertani, diretor da Barra Energia e vice-presidente do Conselho Mundial de Petróleo, diz que a necessidade brutal de capital, entre bônus e investimentos, pode ter espantado do pré-sal grupos que já estão fortemente comprometidos com o Brasil.

com Glauce Cavalcanti e Dandara Tinoco

É Copa 1
Já somam R$ 308 milhões as reservas em hotéis para a Copa 2014. É quase metade da previsão de R$ 650 milhões. O dado está em balanço que a Match, operadora da Fifa, apresentou ao FOHB, que reúne 27 redes de hotéis. É o melhor resultado de vendas na história do Mundial.

É Copa 2
O sucesso de vendas tem a ver com o “país do futebol” sediar a Copa, diz a Match. A empresa já negocia estada
em 621 dos 848 hotéis que vai comercializar para o Mundial 2014. Metade das diárias fechadas é para o Rio. Em seguida, vêm São Paulo (10%) e Salvador (8%).

No parque
Subiu 4,8% o faturamento do setor de turismo no 2º trimestre, informa pesquisa MTur/FGV. Juntas, as 631 empresas ouvidas somaram R$ 7,3 bi em receita. O maior salto (43,9%) foi em parques e atrações turísticas.

Pico
As obras da Transcarioca atingiram o pico de mão de obra. Estão com sete mil trabalhadores em 30 frentes de serviços, diz a Secretaria de Obras. O BRT, de R$ 1,6 bi, vai da Barra ao Galeão.

e-Contratações
O Get Ninjas, portal para contratação de profissionais de serviço, dobrou o total de cadastrados no 1ª semestre. Está com 30 mil no país. No Rio, a alta foi de 130%, para 4.700 profissionais.

Digital 1
Já são 33.298 empregadores e 14.814 empregados domésticos cadastrados no eSocial, portal do governo federal que unifica o envio de informações previdenciárias, trabalhistas e fiscais. Com a regulamentação da Lei das Domésticas, a adesão será obrigatória. A Receita estima bater dois milhões de patrões. O site estreou em junho; a 1ª etapa custou R$ 3,5 milhões.

Digital 2
Até o fim de 2014, serão sete milhões de empregadores inscritos, diz Daniel Belmiro, coordenador de sistemas da atividade fiscal. É que a folha de pagamento digital será obrigatória também para grandes empresas, no 1º semestre, e para micros, no 2º. O prazo inicial para todos era janeiro do ano que vem, mas foi ampliado.

Livre Mercado
O Castelo de Itaipava vai sediara Imperial Oktoberfest, dia 5. Cool e Tag Eventos produzem. É projeto de R$ 300 mil da cervejaria.

A academia Tio Sam investiu R$166 mil em modernização da unidade de Camboinhas (Niterói).

Espaço Juliana Paes e Bodytech O2, na Barra, fecharam parceria. Alunas da academia ganham cartão de desconto no salão. Prevê elevarem 40%a clientela.

O site Data Especial aposta em kits decorativos para festas do tipo “Faça você mesmo”. Reduzem até 60% gastos com lembranças, convite e decoração. Prevê elevar em 30% o faturamento.

De visão
Os modelos Isabeli Fontana, Evandro Soldatti e Izabel Goulart posam com óculos da Vogue Eyewear, em campanha que a Óticas Carol estreia amanhã. A Comunicação Explícita criou. Sairá em impressos, web eterá versão para TV. Dona de 570 lojas, a rede investiu R$ 3 milhões na ação e prevê alta de 15% em vendas. Lançou novo site criado pela AM4.

Energia
Adriana Lima (foto), Cintia Dickers e Emanuela de Paula estrelam campanha das bebidas funcionais Amazon. A linha mistura água de coco e extratos de frutas do Brasil. As tops encarnam guerreiras amazônicas nos anúncios. A veiculação já começou nos EUA. No Rio, estreia ainda este mês. O australiano Russel l Ja mes fotografou o trio em NY.

É cinema
A GloboNews estreia amanhã a campanha da participação no Festival do Rio. O canal vai lançar dois documentários (“Da cabeça aos pés” e “Dossiê 50”), além de promover
palestras. A Comunicação da Globo criou os anúncios.

Chocolate vale ouro
A Lacta estreia no domingo campanha da nova promoção. Até 23 de novembro, a marca sorteará R$ 100mil em certificado de ouro, por semana, além de prêmios instantâneos de R$150. É só cadastrar códigos de embalagens no site. Ogilvy, W3haus e b!ferraz assinam.

Até que enfim
A Orla Rio, dos quiosques das praias, participa pela 1ª vez da campanha do Dia da Limpeza, amanhã. Instalará 48 painéis sobre a ação. 

Águas não mapeadas - CELSO MING

O Estado de S.Paulo - 20/09

Os impressionantes vaivéns do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) vêm sendo interpretados como falhas graves de comunicação, como ainda ontem sugeriu o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Mas devem ser vistos como muito mais do que isso.

É que ninguém sabe como navegar nessas águas. O presidente do Fed, Ben Bernanke, passou em maio um sinal de fumaça de que pretendia começar o processo de reversão da atual política agressiva de emissão de dólares. Foi o suficiente para provocar um cataclismo: as cotações do dólar e dos títulos dispararam nos mercados, as bolsas caíram e começou um movimento de fuga dos ativos de risco.

Até no Fed, as autoridades imaginaram que era coisa a ser mais bem preparada psicologicamente. Em seguida, os dirigentes do Fed, inclusive o próprio Bernanke, se sucederam em discorrer sobre a necessidade de começar a reduzir a gigantesca montanha de dólares, que já acumula US$ 3,6 trilhões e que continua à proporção de US$ 85 bilhões por mês.

Essas emissões foram parte do plano para salvar o mercado da derrocada. Aproveitando-se da falta de inflação, os grandes bancos centrais passaram a comprar títulos públicos e privados, portanto, a despejar moeda, tanto para livrar as instituições financeiras de um desastre em cadeia como também para dispor ao mercado mais recursos para o crédito que, por sua vez, deveria concorrer para a retomada da atividade econômica e do emprego. O despejo de moeda não foi feito só pelo Fed, mas também por grandes bancos, como o Banco Central Europeu, o da Inglaterra, do Japão e da Suíça.

Ontem, foi lembrado aqui que o Fed parece ter chegado à conclusão de que o impacto a ser produzido pela redução das emissões de moeda atingiria proporções não imaginadas se coincidisse com novo aumento do risco fiscal dos Estados Unidos. Explicando melhor: o governo Obama só pode ampliar a dívida pública dos Estados Unidos até o teto, já muito próximo, dos US$ 16,7 trilhões. Sem autorização do Congresso para aumentar a dívida, teria de reduzir as despesas públicas, operação capaz de criar mais desemprego e novo colapso econômico.

Mas há outras agruras a enfrentar. Há alguns meses, a mera percepção de que se aproximaria a redução de compras de títulos pelo Fed já provocara, pelo efeito de oferta e procura, a disparada da remuneração (yield) dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos (veja o gráfico).

A alta dessa remuneração vinha puxando os juros dos financiamentos imobiliários (hipotecas) e, assim, agravando as dificuldades de um setor muito estigmatizado, no qual a crise começou.

Outro efeito da alta de juros praticados pelo mercado seria o encarecimento do crédito para a produção, impacto que repercutiria também no nível de emprego dos Estados Unidos, ponto de alta vulnerabilidade política.

Em outras palavras, o desmonte do projeto salvador (as gigantescas emissões de moeda) pode causar estragos tão grandes ou maiores ainda do que aqueles que pretenderam ser evitados. E essa é a principal razão pela qual somente se saberá se todo esse processo deu certo quando ele tiver terminado.

Brasil perdeu o tempo que ganhou - VINICIUS TORRES FREIRE

FOLHA DE SP - 20/09

Decisão do BC dos EUA dá "um tempo", um refresco para dólar e juros, mas Brasil já se atrasou


O BRASIL "GANHOU tempo" com a decisão do BC dos EUA de adiar o aperto da torneira de dinheiro que jorra na economia americana e global, diz-se. O Brasil e outros países enrolados com problemas de excesso de consumo (deficit externo, inflação), tais como Índia, Turquia, Indonésia e África do Sul, chamados de "five fragile", os cinco frágeis, os cinco fracotes, por um bancão americano.

Uhm.

Ganhamos tempo mesmo? Temos tempo de usar esse tempo? O que faremos com ele? Estas colunas não são lugar conveniente para poetices, mas o tempo que o Fed em tese nos concedeu parece com os cacos da vida do Drummond. Colados, formam uma estranha xícara: sem uso, ela nos espia do aparador.

A indecisão do BC americano, o Fed, adia para algum momento deste final de ano ou de 2014 o aperto de um gatilho que, em suma, vai detonar uma alta de juros quase mundial e uma valorização do dólar.

Grosso modo e no melhor dos casos, isso vai implicar um rearranjo econômico que vai reduzir a renda média do trabalho, adicionar uns pontos extras nos juros por aqui e, se não quisermos dar com a cara no muro, um aperto do gasto do governo.

Como já estávamos atrasados na tarefa de fazer os rearranjos econômicos necessários para enfrentar essa transição de modo menos doloroso, quase tanto faz a indecisão do Fed. Que tempo então ganhamos?

Em tese, o preço do dólar toma um sedativo temporário. A inflação, em tese, sobe menos. Um tico menos. O BC do Brasil, ora com a faca no pescoço e água pelo nariz, atinge pois sua meta de inflação: uns centésimos menor que a do ano passado. E daí? Daí, nada. Doura-se politicamente a pílula, mas continuamos com os mesmos problemas, dos mais cotidianos, conjunturais, aos mais "estruturais".

Nem se considerou aqui a hipótese de que a indecisão do Fed acabe por provocar mais instabilidade e problemas mais esquisitos, dado que os donos do dinheiro grosso ("mercados") estão perdidos como o cão em dia de mudança. Vão atirar para cima ou para baixo? De qualquer modo, mais dia, menos dia, daqui até 2014 a confusão a respeito de juros e câmbio voltará.

De lascar também são os argumentos de conveniência, ad hoc, que brotam do governo a cada virada da biruta monetária americana.

O fim do relaxamento monetário americano, o torneirão de dinheiro do Fed, não seria um problema, dizia-se até anteontem, mas uma solução para o Brasil e o mundo, pois significava a retomada dos EUA.

Bem, o Fed não apertou seu torneirão porque a inflação deles anda baixa (sinal de economia fraca), porque os empregos oferecidos ainda são poucos e ruins e porque haverá palhaçada no Congresso deles a respeito do Orçamento, o que pode prejudicar o crescimento. Logo, a situação parece pior, certo? Não. Agora se diz que "ganhamos tempo".

Na verdade, estamos perdendo os últimos tempos do governo Dilma 1. O país não fez ajuste econômico, não fez rearranjos institucionais ("reformas", qualquer uma, de "esquerda" ou "direita") e agora gasta suas últimas horas com o desarranjo das privatizações, a última bala de Dilma 1. As concessões mais fáceis, de rodovias, encalacraram, a das ferrovias ficarão para as calendas, as demais ficaram desenxabidas.

E assim passou o tempo que nos foi dado sobre a Terra.

Roda das incertezas - MIRIAM LEITÃO

O GLOBO - 20/09

O governo sofreu um revés com a desistência de quatro petrolíferas americanas e inglesas do grande leilão de exploração de petróleo de Libra e já havia se decepcionado com o fracasso da concessão da BR-262. Os projetos são atraentes e os investidores estão interessados, mas os improvisos regulatórios têm sido constantes e isso tem aumentado demais os riscos.

A desistência de algumas petrolíferas não significa o fracasso do leilão de Libra. Pelo contrário, há 11 interessadas, mas acende o sinal amarelo: haverá menos empresas privadas no leilão e presença de estatais, como as chinesas. Segundo o consultor Adriano Pires, do CBIE, as privadas têm preocupação maior com o lucro, e isso significa explorar comercialmente o óleo; as chinesas estão mais preocupada em ter acesso às reservas.

No caso das concessões de rodovias, o grupo Planalto, que ganhou o leilão da BR-050, pode até fazer um bom trabalho, mas há chance de que precise de melhores condições de financiamento para tocar a obra. Mas, como ofereceu deságio muito alto, pode ter problemas no futuro. Já houve casos.

Há mais de um ano o governo anunciou com pompas um grande plano logístico e até agora não conseguiu licitar ferrovias, fez apenas uma concessão de rodovia, e o trem-bala ficou para o ano que vem. Em parte, porque o governo desperta nos empresários mais medo do que interesse. Os fundamentos da economia brasileira já não favorecem o investimento e o quadro fica pior com a insegurança causada pelo vai e vem das regras.

O professor Paulo Fleury, do Instituto lios, lembra a mudança às pressas no setor de energia e os prejuízos causados aos produtores de álcool pelo congelamento da gasolina. Paulo Resende, da Fundação Dom Cabral, diz que as manifestações passaram a cobrar maior qualidade dos serviços públicos e que isso exige mais planejamento dos órgãos reguladores e das empresas. Kleber Luiz Zanchim, coordenador do livro "Concessão de rodovias: aspectos jurídicos, econômicos e institucionais" diz que os estrangeiros não conseguem entender tantas mudanças ao mesmo tempo. Felipe Salto, da Tendências, cita a inflação alta, o déficit em conta corrente e a baixa taxa de poupança, que, para o investidor, indica tendência de alta de juros.

— Estamos falando de projetos de 25 anos de duração e o que mais importa é a estabilidade nas regras — disse Fleury.

Paulo Resende enxerga uma equação que não fecha para os empresários: tarifas baixas, serviços de alta qualidade e exigência de se ter algum órgão do governo como sócio.

— O governo acredita que oferecendo empréstimos baratos vai conseguir que o empresário faça tudo que ele queira. Mas o investidor sabe que tem a responsabilidade maior, e a população, nas manifestações, exigiu maior qualidade dos serviços. Isso torna a parceria com o governo mais arriscada. Se o órgão público não cumprir com a sua parte, a culpa recairá sobre o setor privado — disse.

Zanchim cita o caso da BR-262, em que o ministro dos Transportes, César Borges, desautorizou a ANTT, quando esta afirmou que não haveria compensações financeiras para o cáso de atrasos nas obras do Dnit:

— Há um déficit de preparo técnico, pressa na viabilização dos projetos. Às vezes uma autoridade diz uma coisa no Brasil e quando faz o road-show no exterior diz outra. É preciso transparência nas regras.

Tudo isso acontece dentro de um contexto em que a macroeconomia não favorece. O país está com déficit em conta-corrente, inflação alta, baixo crescimento e baixa taxa de poupança. O que pode parecer uma abstração econômica, na verdade, tem um efeito direto sobre o que mais importa para o empresário: a taxa de retorno do investimento.

— Quando o empresário senta para calcular quanto pode ganhar em um projeto, ele olha para o cenário macro e se depara com um quadro ruim. Então, percebe que a Selic pode subir e, por isso, passa a querer maior taxa de retorno. Mas o governo não consegue compreender isso e acha que o empresário está querendo demais — explicou Felipe Salto.

O investimento público está estagnado em 1% do PIB há muitos anos. Sem o setor privado, não será possível executar os projetos que farão o país crescer mais rapidamente. É preciso fazer da maneira que funciona. Não dá para reinventar a roda.