quinta-feira, maio 23, 2013

Revolta dos bacanas - ANCELMO GOIS

GLOBO - 23/05

O juiz Firly Nascimento Filho, do Rio, deu sentença a favor do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças contra a Instrução 480 da CVM, que obriga empresas de capital aberto a informar o maior e o menor salários na diretoria e no conselho.

Segue...
O Ibef, como se sabe, alega que a medida, adotada em países como os EUA, põe em risco a segurança dos executivos.

Há controvérsias.

Dom Benjamin venceu
O governo renegociou os termos da concessão da Ferrovia Transnordestina com Benjamin Steinbruch, cujas obras se arrastam que nem cobra pelo chão.

O valor da obra subiu de R$ 5,4 bilhões para R$ 8,5 bilhões, e a concessão foi ampliada até 2053.

G6 da MPB
O grupo de artistas da MPB que discute mudanças na lei de direito autoral voltou a se reunir na terça. Desta vez, na casa da empresária Paula Lavigne, em Ipanema.

E contou com Roberto Carlos, que já apoiava o grupo, mas nunca tinha ido a um encontro, e Marisa Monte.

Até agora...
Foi a quinta reunião do grupo, que, como se sabe, ganhou o apelido de G6 da MPB por reunir o que há de melhor na música: Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Roberto Carlos, Milton Nascimento e Djavan.

Tô de olho
O governo acompanha de perto as obras de reforma dos aeroportos de Cumbica, Campinas e Brasília, entregues à iniciativa privada.

Quer ter um padrão de exigência maior para os leilões do Galeão e de Confins.

Argentina é pior
Um empresário brasileiro que conhece bem nossos vizinhos diz que, para o investidor estrangeiro, a Argentina de Cristina Kirchner é pior do que a Venezuela dos tempos de Chávez.

É que, diz ele, a Venezuela indeniza as empresas estatizadas. Hugo Chávez, por exemplo, pagou US$ 1,97 bilhão pela siderúrgica Sidor.

Já...
AArgentina, até hoje, não desembolsou um tostão para a petrolífera espanhola Repsol, estatizada ano passado.

Propaganda enganosa
O Conar recomendou alteração na embalagem do produto achocolatado Native, por anunciar que a embalagem de aço reciclável é “ecológica”.

O Conselho entende não haver comprovação de que a produção de latas de aço possua apelos ecológicos ou sustentáveis.

Por dentro da Copa
A Fifa autorizou o canal SporTV a instalar estúdio nas esplanadas dos estádios da Copa das Confederações.

A parceria é inédita.

Boni na Avenida
Veja só a logomarca do enredo que a Beija-Flor vai levar à Avenida em 2014. Como se sabe, a escola vai homenagear Boni, o grande diretor de TV.

Aliás, hoje, será entregue a sinopse do enredo aos compositores. 

A vez do morro 
O vice-presidente dos EUA, Joe Biden, visita, dia 28, o Morro Santa Marta, em Botafogo.

Que pena!

A primeira Livraria da Travessa, que deu nome à rede, na Travessa do Ouvidor, no Centro, vai fechar dia 29.

Rui Campos, que comanda a empresa, diz que é economicamente inviável manter duas livrarias tão perto: a menos de 50 metros funciona outra, na Rua Sete de Setembro.

Em compensação...
Ainda este ano vai abrir a primeira filial fora do Rio: em Ribeirão Preto (SP).

E, em agosto, será inaugurada a Travessa de Botafogo, pertinho do metrô.

No estaleiro
Marcos Nanini cancelou o espetáculo “A arte e a maneira de abordar seu chefe para pedir um aumento”, sábado passado, na Cidade das Artes.

Há suspeita de dengue.

Habeas corpus
O pedido de habeas corpus feito pela defesa do pastor Marcos Pereira, preso por suspeita de estupro, será julgado na 8ª Câmara Criminal do Rio.

O procurador que atua lá é Astério Pereira dos Santos, o ex-secretário de Administração Penitenciária que proibiu a entrada dele nas prisões do Rio.

COISA RICA DO GOIS
Sabrina Sato, a apresentadora de 32 anos, é a garota-propaganda de uma cerveja sem álcool da Brahma, novo lançamento da Ambev. Sabrina também vai protagonizar um filme da marca, que vai circular na internet, com algumas celebridades 

Tratamentos e efeitos colaterais - CONTARDO CALLIGARIS

FOLHA DE SP - 23/05

Preferimos enxergar todos nossos mal-estares e fracassos como doenças, que um remédio pode curar


1) No fim dos anos 60, pensávamos que, no fundo, o louco era um rebelde que sofria da repressão que lhe era imposta e das condições horrorosas da internação psiquiátrica.

Mas o que tornou possível o progressivo fechamento dos manicômios não foi esse entusiasmo; foi a chegada de medicações mais eficientes, pelas quais o louco não precisava ser enclausurado, porque podia ser, não digo curado, mas controlado.

Desde então, os remédios psicotrópicos (ou seja, que modificam o funcionamento da mente) fizeram progressos.

2) A descoberta de que o remédio podia substituir as paredes do asilo repercutiu e contribuiu a inaugurar uma era em que preferimos enxergar quase todos nossos mal-estares e fracassos como doenças, que um remédio pode curar. Em outras palavras, se os remédios eram formas possíveis de controle social, por que eles não seriam também meios possíveis de autocontrole?

3) A modernidade é sedenta de técnicas de controle de si (dietas, prescrições, treinos, meditações etc.). Há menos controle externo (religioso ou político) sobre nossa vida; aumenta a necessidade de controle que nós mesmos exerceríamos sobre nós. Nessa tarefa, a ajuda de drogas e remédios é bem-vinda --para controlar nossa vida cotidiana, conter a tristeza, as variações de humor, a ansiedade, a preocupação etc.

4) Tendemos a responsabilizar os laboratórios farmacêuticos por essa medicalização crescente da vida. Mas eles apenas se aproveitam de um pedido que é nosso: queremos remédios como formas de controle e poder sobre nós mesmos.

5) Vi o último filme de Soderbergh duas vezes, no último fim de semana. O título original é "Side Effects", efeitos colaterais. Foi traduzido como "Terapia de Risco". Tudo bem --contanto que se entenda que os efeitos colaterais e o risco são tanto para o terapeuta quanto para o paciente.

Sim, o filme denuncia os laboratórios e suas práticas de propaganda. Sim, o filme lembra que a medicação não é nenhum tiro certeiro: sua administração é empírica (tipo: vamos ver o que acontece) e sua eficácia é modesta. Mas, sobretudo, o filme é uma perfeita narrativa da época do higienismo tardio, em que quase tudo é efeito da medicalização da vida. Confira.

6) Uma nota. Alguns psicoterapeutas e psicanalistas se opõem furiosamente à medicação de seus pacientes. Tudo bem, mas a medicalização é hoje uma cultura, um regime, um sistema de controlar e organizar a vida. Os remédios são apenas um dos meios da medicalização; é possível medicalizar a vida adotando práticas "saudáveis" ou frequentando um psicoterapeuta.

7) Nossos mal-estares cotidianos não têm marcadores específicos. Ou seja, não tenho como verificar (com uma análise de sangue, uma endoscopia ou um balanço hormonal) se e quanto alguém está deprimido. Devo me contentar com o que ele me diz.

Eu me formei numa escola de psicanálise em que acreditávamos que fosse possível encontrar, na fala dos pacientes, marcadores clínicos tão seguros quanto o nível de uma proteína no sangue.

Em tese, apostávamos, deveríamos poder diagnosticar um tumor no cérebro sem exames de imagem, porque saberíamos, por exemplo, que tal esquecimento é diferente de um esquecimento histérico, de um começo de Alzheimer, de uma amnésia etc. Mas esse ideal não se realiza (ao menos, não plenamente).

E um bom simulador pode vender qualquer peixe a todos nós, psiquiatras, psicoterapeutas, psicanalistas etc. Ou seja, um sociopata de bom feitio faz gato e sapato não só da lei, da gente também.

8) Se lêssemos as bulas com atenção, não tomaríamos nunca remédio algum. Os laboratórios, para prevenir processos, enumeram qualquer catástrofe.

No fim dos anos 1960, um amigo, J.H., perfeito exemplo de medicalização da vida, procurava seu equilíbrio numa mistura de anfetaminas e barbitúricos. Morreu afogado, de noite. A bula do Nembutal poderia dizer: cuidado, em combinação com simpamina, pode produzir a morte em quem vai surfar sozinho em Big Sur de madrugada.

Na época da medicalização, a lista indefinida (se não infinita) dos efeitos colaterais vale também como lista também indefinida das desculpas. Matou o vizinho, mas não foi intencional; foi porque ele tomava sei lá qual antidepressivo.

9) Assista a "Terapia de Risco" e, na saída do cinema, responda: ao seu ver, o psiquiatra do filme conseguiu ou não cuidar de sua paciente?

Ueba! Medo da vilã bicha má! - JOSÉ SIMÃO

FOLHA DE SP - 23/05

E, como disse um amigo meu: "Se a bicha má em dois capítulos já aprontou tudo isso, imagina na Copa"


Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República!

E adorei a declaração da Fafá de Belém: "Coloquei botox e fiquei a cara do Jader Barbalho". Rarará! BAFAFÁ de Belém!

E a novela?! Tô siderado! "Amor à Vida" apresenta duas grandes inovações.

Primeiro, eu já disse: uma novela com crase. E na abertura, a crase tem formato de coraçãozinho! E o Daniel se esgoelando com dor de barriga!

E a grande inovação: a vilã é gay! Uma bicha má!

Enquanto o mundo discute o casamento gay e o Brasil se digladia com evangélicos e homofobia, vem a Globo e o Walcyr Carrasco e lançam uma vilã gay!

A bicha má! Félix, por Mateus Solano! A versão gay da Carminha! O neto da Odete Roitman!

E, como disse um amigo meu: "Se a bicha má em dois capítulos já aprontou tudo isso, imagina na Copa". Rarará! Medo da vilã bicha má.

E mudei de ideia; quero ser adotado pela Susana Vieira. Que tá sensacional!

E a Dilma inaugurando os estádios? Como disse o tuiteiro Luis Biselli: "A Dilma deu tanto pontapé inicial nas inaugurações dos estádios que já está finalizando melhor que os atacantes da seleção". E muito melhor que os atacantes do Palmeiras, com certeza!

Aliás, a Dilma já entrou em campo muito mais que o Valdivia! Rarará! No próximo estádio ela vai se jogar na área e bater pênalti.

Vai entrar em campo com aquele andar de caubói e dar um pontapé na cara do primeiro que discordar. Rarará! Felipão, convoca ela!

E a manchete do Sensacionalista: "Boato sobre o fim da bolsa Louis Vuitton leva milhares de peruas aos shoppings". Histeria coletiva.

"Não posso viver sem a minha Vuitton." Pra falar a verdade, nem eu! Rarará! É mole? É mole, mas sobe!

Os Predestinados! Mais três para a minha série Os Predestinados! Direto de Salto, São Paulo, a nutricionista: Arlene Feijão!

E em Curitiba tem o Centro Médico Mattos Pessoa! Rarará!

E na empresa de um amigo meu tem um motoboy chamado Joaquim Avanço! Avanço o sinal! Avanço no retrovisor! E avanço quando o Timão perde! Rarará!

Nóis sofre, mas nóis goza!

Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

Um plus a mais - LUIS FERNANDO VERÍSSIMO

O Estado de S.Paulo - 23/05

Passei por uma loja que vendia roupa "plus size" para mulheres. Levei algum tempo para entender o que era "plus size". "Plus", em inglês, é mais. "Size é tamanho. Mais tamanho? Claro: era uma loja de roupas para mulheres grandes e gordas, ou com mais tamanho do que o normal. Só não entendi isto logo porque a loja não ficava em Miami ou em Nova York, ficava no Brasil. Não sei como seria uma versão em português do que ela oferecia, mas o "plus size" presumia 1) que a mulher grande ou gorda saberia que a loja era para ela, 2) que a mulher grande ou gorda se sentiria melhor sendo uma "plus size" do que o seu equivalente em brasileiro, e 3) que ninguém mais estranha que o inglês já seja quase a nossa primeira língua, pelo menos no comércio.

A invasão de americanismos no nosso cotidiano hoje é epidêmica, e chegou a uma espécie de ápice do ridículo quando "entrega" virou "delivery". Perdemos o último resquício de escrúpulo nacional quando a nossa pizza, em vez de entregue, passou a ser "delivered" na porta. Isto não é xenofobia nem anticolonialismo cultural americano primário, nem eu acho que se deva combater a invasão com legislação, como já foi proposto. O inglês, para muita gente, é a língua da modernidade. Todos queremos ser modernos e, nem que seja só na imaginação, um pouco americanos. E nada contra quem prefere ser "plus" a ser mais e ter "size" em vez de altura ou largura. Só é triste acompanhar esta entrega - ou devo dizer "delivery"? - de identidade de um país com vergonha da própria língua.

Papo vovô. Engana-se quem acha que os avós vivem num paraíso enquanto os pais padecem com as crianças. Ser avô também requer prática e habilidade e, acima de tudo, versatilidade. Ainda mais quando a neta tem uma imaginação ativa, como a Lucinda, e vive mudando a distribuição de papéis nos seus faz de contas. Você um minuto é príncipe e no outro é pai, no outro é caçador e no outro é monstro, e pode passar rapidamente de rei a cachorro. O que exige do avô um talento histriônico fora do comum, além de preparo físico. Uma das minhas encarnações é a de marido. Já nos casamos várias vezes, e como marido tenho um direito que nenhum outro personagem tem, nem o cachorro: o de ser chamado de "meu amor". É o meu papel preferido.

SOB NOVA DIREÇÃO - MÔNICA BERGAMO

FOLHA DE SP - 23/05

A família Bertin, insatisfeita com sua atual situação acionária no grupo JBS Friboi, maior empresa de carne do mundo, afastou um de seus integrantes, Natalino Bertin, das negociações com representantes de Joesley Batista, da J&F e controlador da companhia. Natalino foi o principal interlocutor no acordo que resultou na fusão das duas empresas, em 2010. Mas quem agora comanda as conversas pelo lado dos Bertin é o irmão dele, Reinaldo.

NADA SEI
A família questiona sua participação na JBS Friboi e pretende aumentar a fatia que corresponde ao grupo Bertin. Já ameaçou inclusive tomar medidas legais para questionar aspectos da fusão. A J&F, de Batista, diz desconhecer qualquer descontentamento dos sócios.

SEMPRE ELE
Dois ministros vão acompanhar a presidente Dilma Rousseff na rápida viagem que ela fará à Etiópia, e que começa hoje: Fernando Pimentel, do Desenvolvimento, e o onipresente Aloizio Mercadante, da Educação.

SEMPRE ELE 2
O principal motivo da viagem é mostrar gratidão aos países africanos pelo forte apoio à candidatura do brasileiro Roberto Azevêdo à direção-geral da OMC (Organização Mundial do Comércio).

TUDO AZUL
Pesquisa do Sebrae-SP mostra que as micro e pequenas empresas paulistas encerraram o primeiro trimestre de 2013 no azul. De janeiro a março, o faturamento real dessas companhias aumentou 3,6% em relação ao mesmo período em 2012. O desempenho do setor de serviços, com alta de 6,1%, e o crescimento de 13,1% no faturamento das micro e pequenas empresas da capital impulsionaram o trimestre.

TUDO AZUL 2
A pesquisa apontou ainda otimismo dos empresários em relação às próprias empresas. Cerca de 55% dos entrevistados acreditam em estabilidade no faturamento nos próximos seis meses. E 56% falam em manutenção no nível de atividade econômica para o mesmo período.

PONTEIRO SUBINDO
No último ano, os preços dos aluguéis em São Paulo aumentaram 7,96%, índice superior à inflação (6,49%) e ao IGP-M (7,30%) no período. No mês passado, os valores subiram 1% em relação a março, de acordo com pesquisa do Secovi-SP (Sindicato da Habitação).

TUDO É PERMITIDO
O casal Maria Ribeiro e Caio Blat vai atuar junto no teatro, no segundo semestre. Os atores encenarão "Os Irmãos Karamázov", de Dostoiévski, ao lado de Eduardo Moscovis, Manoel Candeias e Líria Varne. A direção será de Marcio Aurelio. Blat e Candeias assinam a adaptação do texto.

CLASSE OPERÁRIA
O ator americano Danny Glover virá ao Brasil no mês que vem para falar com sindicalistas e artistas.

O protagonista de "Máquina Mortífera" estará com Derrick Johnson, ativista da causa negra nos EUA. Glover defende trabalhadores de grandes empresas, principalmente no direito à sindicalização. Ele esteve no país em 2011 para as comemorações do Dia do Trabalho.

DOCE DE ESQUINA
Um dos pontos mais cobiçados da rua Oscar Freire, na esquina com a Bela Cintra, onde antes funcionava uma sorveteria, tem novo dono. A Kopenhagen abre no segundo semestre uma "loja-conceito" de chocolates por lá.

PARABÉNS, PAPAI
Cauã Reymond, pai de Sofia, que completa um ano hoje, será o garoto-propaganda da campanha de Dia dos Pais da rede de lojas Riachuelo. O ator desembarca em São Paulo no fim de semana para as fotos.

TÔ VOLTANDO PRA CASA
Após oito anos morando no Rio, onde se dedicou à televisão, o ator Marcos Damigo voltou para São Paulo, sua terra natal. Ele está em cartaz com uma peça no festival da Cultura Inglesa, que termina no domingo, e iniciará temporada do espetáculo "Deus É um DJ" no dia 31 de maio, no MIS. Ao longo do ano, Damigo atuará em outras duas montagens teatrais.

TODAS AS QUALIDADES
Protagonista de "A Menina sem Qualidades", a atriz Bianca Comparato foi ao lançamento da minissérie da MTV, na segunda. O diretor da atração, Felipe Hirsch, a VJ Pathy Dejesus e os atores Javier Drolas, Inés Efron, Ernesto Filho e Suzana Pires participaram da festa, no restaurante Chez MIS.

PENSE NO HAITI
O primeiro-ministro do Haiti, Laurent Lamothe, ganhou coquetel em sua homenagem na Brasilinvest, de Mario Garnero, anteontem, em SP. Madsen Cherubin, embaixador haitiano, o empresário José Carlos Kalil e sua mulher, Elaine, compareceram.

CURTO-CIRCUITO
O rapper Xis e o DJ Rafa Maia tocam na primeira edição da festa Nêga, no Yacht Club, hoje, a partir das 23h59. 18 anos.

Lauro César Muniz, Chacal e Reinaldo Moraes irão ao 6º Festival da Mantiqueira, em São Francisco Xavier (SP), de 14 a 16 de junho.

O bar Charles Edward, no Itaim Bibi, realiza baile de máscaras, às 21h. 18 anos.

A galeria Lume abre, às 19h30, "Flying Houses", exposição do fotógrafo francês Laurent Chehere.

A artista plástica Taisa Nasser inaugura a videoinstalação "Klarheit", hoje, na Embaixada do Brasil em Berlim.

A grife Etiqueta Negra apresenta a nova coleção para convidados, amanhã, às 10h30, no JK Iguatemi.

Lesados, abandonados e desolados - EDUARDO NASCIMENTO

O GLOBO - 23/05

Véspera de feriado, chega o momento planejado, o descanso com a família longe da rotina extenuante. Tudo preparado em conjunto com uma agência de viagem e cada detalhe checado: traslados, hotéis, passeios.

Você e família chegam ao aeroporto. Seu voo está lá no painel, horário confere. Feito o check-in, vai tomar um café e volta a conferir. Agora, o voo aparece junto à palavra cancelado. Como, por quê, ninguém sabe, nenhum aviso.

O passageiro resolve tirar satisfação no balcão da empresa: - Esse voo X foi cancelado? Não vou viajar? - A companhia cancelou. Os passageiros serão remanejados para outros voos. O senhor terá de esperar o comunicado pelo serviço de alto-falante.

- Só isso? Neste momento, a atendente já fala com outro reclamante e você percebe que a viagem escorregou pelo ralo.

No balcão, ninguém sabe informar horários de outro voo para o seu destino.

Horas e horas de irritação, alta madrugada, a família dormindo pelas cadeiras do aeroporto, você então decide voltar para casa.

Eis um retrato dos nossos serviços de aviação. Em poucos minutos, o sonho roubado transforma-se em pesadelo. Batendo à porta da agência de viagens, o consumidor não encontra problema. Pelo contrato assinado, tudo o que foi pago será ressarcido. Funciona a lei.

Mas como reaver o dinheiro investido no bilhete aéreo, comprado pela internet e que não foi usado? O desfiladeiro de mazelas é mais longo: a empresa informa que outro voo reservado para o passageiro saiu tantas horas depois. E, como ele não embarcou, ainda será multado por isso.

Eis aqui o segundo capítulo desse teatro de absurdo. Na companhia aérea, pelo telefone: "sua ligação é muito importante para nós." Pela internet, a culpa é do consumidor. Ao contrário do que ensinam os manuais de vendas, onde ele aparece como dono da razão.

Este é o triste espetáculo do nosso sistema aéreo, que se assemelha a um calvário com suas 14 estações, onde os passageiros percorrem sua agonia, totalmente desprotegidos diante de absurdos cometidos pelas concessionárias do transporte aéreo.

Deveria a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) regular o setor e proteger o cidadão, mas trabalha omissa, inerte. É uma entidade deficiente, falha e imprudente, que age com displicência e desmazelo.

Como se sabe, as companhias aéreas exercitam livremente o overbooking - vendem um lugar já vendido para outro. Atrasam e cancelam voos, sem aviso prévio, extraviam bagagens e, além de praticarem extorsivos aumentos de tarifa, passaram a cobrar por serviços antes gratuitos, como o lanche servido a bordo. Na prática, aumento de preços sem contrapartida. Taxam e sobretaxam remarcações de voos, reservas de assentos, seguro viagem e vendem pela Internet, expediente com o qual pretendem substituir o qualificado serviço de consultoria prestado pelas agências de viagem.

No site www.anac.gov.br, consumidores lesados são orientados a reclamar no Procon caso a companhia aérea não resolva. Desse modo, a agência deposita o lixo na porta dos outros em vez de cumprir a missão que lhe cabe, comprovando a incompetência.

Os brasileiros esperam uma reforma de valores e que a Anac deixe de ser cabide de empregos. O primeiro crime a ser punido com a máxima severidade será sua afamada omissão, que condena a todos (empresas e cidadãos) à desolação.

O fator Cunha - DENISE ROTHENBURG

CORREIO BRAZILIENSE - 23/05

Muitos reclamam do líder do PMDB, mas ele não teria tanto espaço e nem tanta influência não fosse a fraqueza do governo em lidar com a política


O governo teve menos de uma semana para curtir sua vitória na MP dos Portos. Ontem, o campo de batalha estava armado novamente, em outra frente, na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara. Sem alarde, o deputado gaúcho Darcísio Perondi, do PMDB (sempre ele!) apresentou um projeto igual ao do governo para mudar o indexador da dívida dos estados, tirando assim o efeito da decisão da Fazenda de retirar a proposta do Congresso. A equipe econômica queria evitar que o líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), relator do texto, incluísse uma emenda que permitiria a mesma mudança do indexador retroativa, o que poderia levar a uma redução das dívidas em torno de R$ 45 bilhões. Ontem, Cunha pediu que a proposta fosse retirada de pauta. Mas, graças ao projeto de Perondi, continua tramitando no Congresso. Assim, a tensão não cessará.

Esse entrevero se deu na manhã de ontem, menos de 12 horas depois do jantar em que os governadores do partido reclamaram do sufoco em que estão as contas estaduais e, ainda, do fato de o governo promover incentivos com impostos que compõem o Orçamento dos estados e municípios. Sérgio Cabral, do Rio de Janeiro, foi mais além. Repisou a tecla de palanque único no Rio de Janeiro e completou dizendo que a bancada está certa em apoiar o líder em seus enfrentamentos com o Poder Executivo.

Os peemedebistas já sentiram cheiro de fumaça em suas campanhas estaduais. Sabem que, em principio, o PT lançará candidato onde der, especialmente agora que Dilma é conhecida, popular e acolhida. Ou seja, a situação se inverteu. Se em 2010 Dilma tinha Lula, mas precisava do PMDB para reforçar a campanha, em 2014 está pintando que os partidos vão precisar de Dilma para alavancar seus candidatos. E, se ela tiver vários palanques, essa ajuda termina beneficiando mais os petistas — que carregam o número do partido da presidente — do que qualquer outro aliado.

Nesse sentido, Cabral começa a pensar duas vezes no futuro. Durante sua fala no jantar do partido, ele lembrou com nostalgia de sua relação com Lula, dos tempos em que os dois eram só alegria. Depois, disse com todas as letras que “não tem plano A, nem plano B, que seu plano é D, de Dilma”, mas “não dá para ficar num projeto que, de manhã é um candidato a governador, à tarde é outro e de noite é outro (…) Se não me quiserem, vou cuidar da vida”, disse Cabral, que, vale lembrar, foi quem indicou Renato Pereira para marqueteiro de Aécio Neves (PSDB).

Esse sentimento de descarte, do tipo, “não servimos para cargos e agora nem para candidatos a governos estaduais”, começa a tomar conta do PMDB. No jantar, até Roseana Sarney, que já foi líder do governo e hoje governa o Maranhão, reclamou da falta de investimentos federais no estado e também do apoio dos petistas a seu adversário, Flávio Dino, presidente da Embratur. O presidente em exercício, Valdir Raupp, define a legenda como “capilarizada, grande e regionalizada e é preciso harmonizar as questões regionais”. A cobrança é clara: apoio a peemedebistas nos estados pode ser a porta de saída das crises.

Enquanto isso, na liderança do partido…
Diante das insatisfações generalizadas, as ações de Eduardo Cunha ganham o apoio global da bancada. O líder, talentoso e estudioso dos assuntos, não teria tanto poder de controle sobre sua base se Dilma e o PT estivessem, por exemplo, dispostos a negociar os palanques estaduais ou atender os estados separadamente. Como o governo não se mobiliza, Eduardo Cunha surfa. E não tem feito nada sozinho. Na emenda que apresentou à Comissão de Finanças sobre a dívida de estados e municípios, teve apoio inclusive do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad. Fez o que estados pediram.

Nesse sentido, o governo ainda não encontrou a fórmula para isolar o líder do PMDB como gostaria. E não dá para desprezar a destreza do líder em surfar quando a onda é boa. Nunca é demais lembrar que até Lula, o mago da articulação política, levou um tombo que contou com um empurrãozinho do deputado peemedebista. Quando a CPMF, o imposto do cheque, estava em votação na Câmara, Cunha atrasou como pôde a tramitação do texto na Casa. O resultado foi a derrota do governo no Senado, onde o projeto desaguou com prazos apertados e a bancada governista não era tão grande quanto hoje. Aliás, foi aquela derrota que fez Lula jurar que nunca mais teria uma base pequena entre os senadores.

Precisamos agir rápido - RUY MARTINS ALTENFELDER SILVA

O GLOBO - 23/05

Em recente trabalho ("Cidadãos em um mundo interconectado e policêntrico"), produzido pelo Institute for Security Studies (ISS) da União Europeia, constatam-se interessantes cenários para 2030.

Diferentemente da ficção, é possível verificar que, seguindo as atuais taxas de crescimento, a população mundial atingirá 8,3 bilhões de pessoas e surpreendentes dados: 50% habitarão a Ásia; 90% estarão alfabetizados; 59% integrarão a classe média; e 50% terão acesso à internet. Esse boom demográfico, mais do que desavenças políticas, será o principal agente de instabilidade, especialmente no que se refere a recursos naturais e energéticos.

O Brasil ocupará uma posição mais confortável devido à abundância de água e terras. Porém, outros fatores que atualmente atrapalham o desenvolvimento nacional terão impacto redobrado em 2030, dos quais se destacam a corrupção e a baixa qualidade da educação. Em relação às políticas educacionais, apesar de alguns esforços e parcerias público-privadas bem-sucedidas, estamos bem longe de poder olhar essa evolução com otimismo. Nada comparável aos resultados obtidos principalmente pelos países asiáticos. No que diz respeito à corrupção, será necessário grande esforço cultural e educacional para mudar.

Estão aí casos de estádios de futebol recém-construídos e interditados por graves falhas estruturais como o Engenhão no Rio de Janeiro; de profissionais que cinematograficamente encontram meios de burlar sistemas para benefício de poucos com dedos de silicone para registro de funcionários fantasmas; de baixíssimos índices de reprovação em avaliações reconhecidas como o Exame da Ordem dos Advogados do Brasil, que considerou 89,7% dos bacharéis formados em Direito inadequados à atuação profissional - sem mencionar a penúltima posição ocupada pelo país no ranking Índice Global de Habilidades Cognitivas e Realizações Educacionais, elaborado pela Pearson International sobre os resultados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa, na sigla em inglês), que comparou habilidades cognitivas e nível de escolaridade de alunos do 5º e do 9º anos do ensino fundamental de 40 países.

Não nos diferenciamos do resto do mundo quanto à pressão sobre os governos para responder demandas sociais, a incompetência, inércia ou até impossibilidade de resolvê-los.

Hoje os brasileiros têm a clara percepção de que o Estado não lhes dá o retorno de bens e serviços compatíveis com os impostos e taxas que pagam. Convém não nos acomodarmos.

A noção de que os Brics puxarão a economia do mundo pode não se sustentar em 2030: novos países estão despontando: Indonésia, Turquia e até mesmo o México, desde que supere o problema de segurança interna e dos narcotraficantes.

Convém repensarmos o Brasil do presente e agirmos para a conquista do bem-estar e desenvolvimento.

Dormindo com o inimigo - ILIMAR FRANCO

O GLOBO - 23/05

O ministro Guido Mantega (Fazenda) e o secretário do Tesouro, Arno Augustin, foram tratados como adversários, ontem, pelos governadores do PMDB. Reunidos na casa do vice-presidente Michel Temer, os governadores reclamaram que, mesmo depois de acertado com a presidente Dilma, a dupla segura a liberação de empréstimos junto ao Banco do Brasil e ao BNDES.

O tempo é o senhor da razão
Acossados por candidaturas petistas, os governadores soltaram o verbo contra a política de isenções do governo Dilma. Mostraram que o resultado é um sufoco financeiro provocado pela queda do FPE. Sobre as queixas contra o PT nas sucessões estaduais, coube ao senador José Sarney (PMDB-AP) acalmar os governadores. Depois de ouvir o rosário de críticas de Sérgio Cabral (RJ), André Puccinelli (MS) e Roseana Sarney (MA), o experiente senador, como se soubesse de alguma coisa que os outros não sabem, tranquilizou: "Vamos com prudência, o ex-presidente Lula e a presidente Dilma vão saber resolver tudo na hora e no tempo certo".



"Fiz sacrifícios em benefício do PT.
Não fosse isso, vocês acham que o PT teria eleito dez prefeitos, cinco deputados federais, seis estaduais e um senador?"
Sérgio Cabral Governador do Rio de Janeiro

A voz da experiência
Para acalmar os ânimos, o senador José Sarney, em determinado momento, disse que era preciso "pensar no Michel". O vice-presidente Michel Temer declinou da preocupação: "Por mim, não, temos que cuidar dos interesses do partido."

Incômoda omissão
O STF tem sua parcela de culpa pelo fato de os partidos no Brasil serem de "mentirinha", como diz o presidente do Tribunal, Joaquim Barbosa. Em 2006, o Supremo declarou inconstitucional, por 10 x 0, a cláusula de barreira, que deixava sem TV, e recursos públicos, partidos que não atingissem 5% dos votos nas eleições para a Câmara dos Deputados.

Língua afiada
Sobrou até para o vice Michel Temer no jantar do partido no Jaburu. Lá pelas tantas, Michel prometeu falar com a presidente Dilma. Foi aí que a governadora Roseana Sarney fez pouco caso: "Faz dois anos que você conversa com ela".

Hora do recreio
O vice Michel Temer ligou ontem para o presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN), que está em Nova York. Perguntou: "Que dia você volta?" A resposta: "Domingo." "Que pena, você vai perder a oportunidade de assumir a Presidência da República", divertiu-se Temer. Hoje ele viaja para o Equador, e a presidente Dilma vai à Etiópia.

Tudo dominado
Sobre eventual "tiro de canhão" que poderia atingir Aécio Neves na eleição presidencial, o presidente do PSDB mineiro, deputado Marcus Pestana, diz que Aécio tem um "escudo antiaéreo forjado em 26 anos de vida pública".

Governo Collor faz escola
Além de monitoramento de políticos, também funciona no Planalto serviço de classificação de repórteres que escrevem sobre a Presidência. Isso inclui desqualificá-los estabelecendo, por presunção, relações desses com políticos de oposição.

O governador André Puccinelli (PMDB) só se refere a Delcídio Amaral, candidato do PT ao governo de Mato Grosso do Sul, como "o meu Lindbergh".

União estável? - VERA MAGALHÃES - PAINEL


FOLHA DE SP - 23/05

O casamento de conveniência entre Geraldo Alckmin e Fernando Haddad no reajuste simultâneo e com iguais valores para as tarifas de ônibus urbanos, metrô e trens não garante o entendimento para a adesão do governo do Estado ao projeto de Bilhete Único Mensal, mote da campanha do petista à prefeitura. Assessores de Haddad acham que Alckmin sinaliza que vai aderir ao plano. Mas o Palácio dos Bandeirantes ainda tem restrições técnicas à viabilidade da nova modalidade.

Bonde Nem os incidentes da Virada Cultural atrapalharam a costura de Alckmin e Haddad. Os dois se falaram para acertar detalhes do anúncio das novas tarifas.

Censo 1 O PSB-SP fará levantamento em todos os diretórios municipais do Estado para saber quantos apoiam o projeto presidencial de Eduardo Campos. Outros Estados devem fazer o mesmo.

Censo 2 SP tem a maior parte (32%) dos delegados que votam no congresso da sigla que decidirá sobre a candidatura própria. Rio Grande do Sul (8%), Distrito Federal (3%) e Pernambuco (11%) completam a maioria de 54% de delegados que devem opinar pró-Campos.

É nossa "Quem conhece a composição numérica do nosso congresso sabe que o jogo está jogado e o resto é me engana que eu gosto", diz o deputado Márcio França.

Agora vai? A CPI da Petrobras foi protocolada por Leonardo Quintão (PMDB-MG) na Câmara com 199 assinaturas. Ele aproveitou o quorum da sessão da MP dos Portos na semana passada e colheu mais 50 adesões.

Onde pega O empenho para investigar a estatal é fruto da insatisfação com a perda de diretoria da Petrobras que era da cota do PMDB mineiro. Agora, depende do presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), a instalação dos trabalhos.

Mão dupla O programa do PSC que vai ao ar hoje mostra imagens de manifestações contra o deputado Marco Feliciano (SP). O vice-presidente da sigla, Everaldo Pereira, diz que alguns querem "impor ideias gritando", mas que a legenda prefere trabalhar de forma "serena".

Non grata O PSD protocola hoje representação no Conselho de Ética da Câmara contra Anthony Garotinho (RJ) pelas acusações feitas na votação da MP dos Portos. É a primeira sigla a pedir investigação contra o líder do PR.

Pressa O Senado vai criar comissão especial para reformar a lei de licitações. O presidente será Vital do Rêgo (PMDB-PB) e a relatora, Kátia Abreu (PSD-TO). Segundo ela, a ideia é modernizar a lei para melhorar a eficiência do gasto e reduzir a burocracia.

Trégua O presidente da Câmara paulistana, José Américo (PT), entrou em acordo com Haddad e não vai mais tentar derrubar o veto a projeto de lei de sua autoria. Vai reapresentar a proposta reduzindo de 30% para 25% a proporção de produtos não editoriais que podem ser vendidos em bancas de jornal.

Novela Julgamento do STJ (Superior Tribunal de Justiça) reabriu a discussão sobre a regularidade do licenciamento do shopping Bourbon, na zona oeste da capital. O STJ determinou que o Ministério Público do Estado prossiga com ação civil pública de 2006 que o Tribunal de Justiça havia julgado extinta.

Visita à Folha Maria Silvia Bastos Marques, presidente da Empresa Olímpica Municipal do Rio de Janeiro, visitou ontem a Folha, a convite do jornal, onde foi recebida em almoço. Estava acompanhada de Mariza Louven, assessora de mídia.

com ANDRÉIA SADI e LUIZA BANDEIRA

tiroteio
"O balcão de negócios instalado em nome da governabilidade alimenta os chupins da República e esgota a capacidade de investir."
DO SENADOR ALVARO DIAS (PSDB-PR), sobre o contingenciamento de R$ 28 bilhões do Orçamento anunciado ontem pelo governo federal.

contraponto


Vida de ex-prefeito
Durante evento com prefeitos em Santos no mês passado, o presidente do PSD, Gilberto Kassab, deu uma longa entrevista. Falou sobre alianças da sigla para as eleições de 2014, possibilidade de nomeação do vice-governador paulista Guilherme Afif (PSD) como ministro e outros temas a respeito do cenário político nacional.

Ele já ia embora quando um jornalista quis fazer mais uma pergunta sobre o assunto. O ex-prefeito respondeu prontamente, levando todos às gargalhadas:

--Para quem enfrentou maratona de perguntas sobre buracos de rua por anos, mais uma de política é moleza!

FLÁVIA OLIVEIRA NEGÓCIOS & CIA

O GLOBO - 23/05

'POOL’ DE CONSTRUTORAS FARÁ BAIRRO NO RECREIO
Cinco empreendedoras concorrentes se juntam para investir R$ 50 milhões em urbanização de área no Pontal
Um grupo de cinco construtoras — Calçada, Cal-per, Even, Gafisa e RJZ

Cyrela— lança neste sábado um bairro planejado no Recreio. Batizado de Pontal Oceânico, uniu donas de terrenos na região, que buscam a otimização de investimentos em infraestrutura. Juntas, farão aporte de R$ 50 milhões em pavimentação, drenagem, saneamento, iluminação e paisagismo. A área, de 600 mil metros quadrados, fica próxima a Avenida das Américas, Estrada do Pontal e Prainha. Uma rua principal fará a ligação do bairro com vias no entorno. “Essa é a última grande área de expansão imobiliária da região”, diz Rogério Jonas Zylbersztajn, vice-presidente da RJZ Cyrela. “A intenção é torná-lo o espaço mais nobre do Recreio. A proximidade com a Avenida das Américas e o mar faz com que tenha potencial para isso”, completa Alexandre Millen, diretor de Negócios da Gafisa no Rio. Cinco mil unidades devem ser erguidas no novo bairro. Apenas quatro dos primeiros empreendimentos a serem lançados somam mais de R$ 1 bilhão em vendas. A campanha publicitária, desenvolvida pela WMcCann, começa a circular hoje, com teaser em impressos. A ação inclui também peças em mídia externa.

90% DE 788 UNIDADES
É o percentual já comercializado do Frames. O empreendimento da Calper ficará no Pontal Oceânico e começou a ser vendido há três semanas, antes mesmo do lançamento do novo bairro.

NA MODA
A Farmea Adidas Originals lançam parceria para o Dia dos Namorados hoje. A grife carioca venderá peças da marca esportiva. Casais como Gabi Monteiro e Anderson Bryant (foto) posaram para campanha. Tiago Petrik, do RIOEtc, clicou. A ação ocorrerá em lojas de Rio, São Paulo e Porto Alegre. A previsão de alta nas vendas é de 25%.

NENÉM
A Johnson’s Baby põe no ar hoje três novos filmes da campanha “A vida renasce”, no ar desde fins de 2012. Quem assina é a DM9DDB.

VIAGEM A DOIS
O Via Parque Shopping estreia hoje ação de Dia dos Namorados. Clientes que comprarem R$ 300 podem concorrera viagem a dois para Cancún. O sorteio será dia 13 dejunho. A Casa de Criação criou as peças que saem em impressos, rádio, internet e mídia externa. O mall prevê crescimento de 20% nas vendas.

Solar
A Light terminou a instalação de 1.522 módulos fotovoltaicos na cobertura do Maracanã. A geração de energia solar no estádio equivalerá ao consumo de 240 casas. O investimento, de R$ 12 milhões, é parceria com a Esco e a francesa EDF. Maracanãzinho e Uerj também entrarão no projeto.

É cesta
Chicago Bulls e Washington Wizards vão se enfrentar na HSBC Arena, no Rio, dia 12 de outubro. O jogo integra a pré-temporada oficial da NBA. A IMX negociou com a Liga de Basquete Americana. Projeto de R$ 5 milhões.

No varejo
A Centauro fechou com a editora Panini. Vai vender kits com figurinhas e álbum da Copa das Confederações em 18 lojas no país. É a 1ª experiência no varejo.

Na luta
A Renault vai patrocinar a luta de Rodrigo Minotauro e Fabricio Werdum, dia 8 de junho, no UFC Fortaleza.
O campeão negocia acordo com Soul Fighter, de marketing. E deve renovar contrato com a Midway.

Torcida
Estudo da Jambo Sport diz que a presença da torcida nos jogos de futebol não depende só de ingressos baratos. Para Idel Halfen, sócio, “apelo do jogo e acesso ao estádio são determinantes". Ele analisou dados do Brasileirão 2012.

Fome e vontade
Em evento da CNI, ontem, em Brasília, Lula comentou o comando de brasileiros na OMC (Roberto Azevêdo) e FAO (José Graziano): “Controlamos o comércio e a fome. Juntamos a fome com a vontade de comer”.

Aeroportos
Semana passada, na Firjan o ministro Moreira Franco, da SAC, garantiu que o Rio está no pacote de investimentos em aeroportos regionais.Citou terminais de Angra, Paraty, Cabo Frio, Macaé, Itaperuna, Campos, Resende, Volta Redonda e Friburgo.

Subiu
A Caixa Seguros, que inclui previdência e capitalização, passou de 6ª para 4ª do ranking nacional. Faturou R$ 2,3 bilhões no 19 trimestre. Foi alta de 38% sobre 2012. O mercado cresceu 22%.

Em tempo
A Caixa Previdência está lançando plano só para mulheres. O PrevMulher premia com R$ 50 mil as clientes que tiverem gravidez natural de gêmeos ou mais. Hoje, elas são 47% da carteira.

Expansão
A Essor Seguros, especializada em construção civil, receberá aporte de R$ 25 milhões das controladoras no 29 semestre. Em operação desde fins de 2012, muda em junho para um escritório três vezes maior que o atual. Até o fim de 2014, a equipe vai dobrar, para 50 profissionais. Espera faturar R$ 100 milhões este ano.

NA MODA
A Farmea Adidas Originals lançam parceria para o Dia dos Namorados hoje. A grife carioca venderá peças da marca esportiva. Casais como Gabi Monteiro e Anderson B rya nt (foto) posaram para campanha. Tiago Petrik, do RIOEtc, clicou. A ação ocorrerá em lojas de Rio, São Paulo e Porto Alegre. A previsão de alta nas vendas é de 25%.

NENÉM
A Johnson’s Baby põe no ar hoje três novos filmes da campanha “A vida renasce”, no ar desde fins de 2012. Quem assina é a DM9DDB.

VIAGEM A DOIS
O Via Parque Shopping estreia hoje ação de Dia dos Namorados. Clientes que comprarem R$ 300 podem concorrera viagem a dois para Cancún. O sorteio será dia 13 de junho. A Casa de Criação criou as peças que saem em impressos, rádio, internet e mídia externa. O mall prevê crescimento de 20% nas vendas.

MARIA CRISTINA FRIAS - MARIA CRISTINA FRIAS

FOLHA DE SP - 23/05

Fusão entre Telefônica e Vivo será decidida hoje
A Anatel decide hoje sobre o pedido de fusão que envolve dez empresas do grupo Telefônica, entre elas a Vivo.

Uma mudança na legislação em 2011 permitiu às teles reunirem em um único CNPJ empresas do mesmo grupo. Antes, isso era proibido.

O caso é o primeiro a entrar na pauta da agência envolvendo uma grande concessionária. Até hoje, a Anatel aprovou apenas a fusão de pequenos grupos, como o Sercomtel, do Paraná.

A fusão gera uma eficiência tributária para as teles, que deixam de pagar impostos em operações entre empresas de um mesmo grupo.

Em troca do benefício, a Anatel exige recompensa aos usuários. No caso da fusão Telefônica/Vivo, a exigência será uma redução de 20% no valor cobrado pela tarifa básica de seus clientes de telefonia fixa em São Paulo, conforme apurou a coluna.

A Oi/Telemar também já ingressou na Anatel com pedido de fusão de suas empresas. O grupo oferece telefonia fixa em todos os Estados, exceto São Paulo.

A fusão não precisa passar por análise do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), no entendimento da Anatel, porque se trata de empresas de um mesmo grupo.

"Não há inserção de novo agente econômico, se resumindo a operação a uma reorganização societária", diz relatório da Anatel.

América Latina tem aumento de private equities em 2012
Os investimentos de private equity e venture capital na América Latina e no Caribe cresceram 109% no ano passado em comparação com 2011, segundo um estudo que será divulgado hoje pela agência Thomson Reuters.

A região atraiu US$ 11,5 bilhões (cerca de R$ 23,4 bilhões), com 143 transações em 16 países no período.

O aumento do consumo foi um dos principais fatores responsáveis por estimular os investidores financeiros.

O resultado de 2012 foi impulsionado pelo Brasil, onde houve quase metade dos acordos. O país somou investimentos de US$ 8,3 bilhões (R$ 16,9 bilhões), com grupos internacionais e domésticos.

Mesmo com um cenário macroeconômico fraco, aponta o estudo, o Brasil teve crescimento de vendas no varejo e no e-commerce e apresentou oportunidades nas áreas de educação, óleo, gás e geração de energia elétrica.

"O Brasil, ao lado de México, Chile e Colômbia, tem um mercado interno robusto, com aumentos expressivos na renda média da população, o que atrai investimentos", afirma Ricardo Saad, diretor da Thomson Reuters.

Para ele, a grande variação no volume dos últimos anos é causada por um "ecossistema" ainda não totalmente estabelecido.

PEIXE DE RIO ENLATADO
A Gomes da Costa, empresa processadora de pescados, pretende investir entre R$ 28 milhões e R$ 30 milhões na instalação de uma planta em Toledo (PR), onde deverá produzir tilápia em conserva.

Ainda não há previsão de aumento da receita da companhia com a nova unidade fabril.

"É a criação de um mercado novo. É muito cedo para termos ideia", afirma o presidente da empresa, Alberto Encinas.

No ano passado, a receita da Gomes da Costa se aproximou de R$ 1 bilhão.

No segundo semestre deste ano, o produto será fabricado de forma experimental. A expectativa é que a operação da planta comece oficialmente em meados de 2015, segundo Adão Pereira de Sá, diretor da companhia.

A unidade vem sendo planejada para processar cerca de dez mil toneladas de tilápia por ano.

"Pouco mais de 30% do peixe será vendido em conserva. Entre 20% e 22% se transformará em proteína para alimentação animal e 10%, em óleo", diz Sá.

REPUTAÇÃO EM JOGO
Falhas de TI podem impactar a reputação das empresas, de acordo com levantamento feito pela EIU (Economist Intelligence Unit).

Entre os entrevistados, 46% afirmaram que a TI exerce influência particularmente forte na satisfação do cliente. Pouco mais de 40% disseram que afeta a conformidade da marca.

Violação e roubo de dados foram apontados como os riscos de TI que mais ameaçam a reputação da empresa, com 61%. Em seguida, apareceram as falhas de sistemas (44%).

Do total dos executivos, 75% disseram que suas companhias irão aumentar o orçamento em TI nos próximos 12 meses devido às preocupações com reputação.

Foram entrevistados 427 executivos. Desses, 52% trabalham em companhias com faturamento superior a US$ 1 bilhão. O estudo foi encomendado pela IBM.

Conexão... O Insper vai lançar um programa de curta duração sobre as oportunidades de negócios na China. Com módulos em São Paulo e em Pequim, o curso tem como público-alvo executivos, empreendedores e investidores.

...chinesa Em Pequim, o programa terá duração de três dias. Os participantes visitarão grandes companhias e participarão de eventos culturais. O preço do módulo em São Paulo será de R$ 2.750 e do de Pequim, R$ 14.800.

Intercâmbio... O Student Travel Bureau vai inaugurar dez unidades até o fim deste ano, quando somará 80 em todo o país. São Bernardo do Campo, Granja Viana, Belo Horizonte e Rio de Janeiro receberão novas lojas.

...em expansão Cidades do Norte e do Centro-Oeste do país também deverão sediar unidades da empresa, que embarcou 65 mil passageiros em seus programas de intercâmbio no ano passado. Para 2013, a previsão de alta é de 20%.

Crescer e proteger - CARLOS ALBERTO SARDENBERG

O GLOBO - 23/05

"Ninguém aqui em Chicago pode trabalhar por menos de US$ 4,50 por hora", conta o garçom de um bom restaurante, um rapaz de menos de 30 anos. Feitas as contas, considerando jornada de 40 horas por semana, dá US$ 800/mês.

"Mas gente ganha mais, dá para fazer mais de 300 dólares em um dia de bom movimento", explica o rapaz. É a gorjeta, claro. O rendimento variável é o que vale e depende não das horas de trabalho, mas do movimento e da capacidade de atendimento do garçom.

A gorjeta, pelos costumes americanos, varia de 10% a 20%, e vai direto para o bolso do garçom, no dia mesmo de trabalho. Afinal, acrescenta o rapaz, "a gente trabalha para o freguês, não para o restaurante". Mas, considerando que a gorjeta está incluída na conta, junto com comida e bebidas, como calculam e como pagam por dia (ou por noite)?

O garçom traz então os boletos, as contas pagas por cada mesa que atendeu naquela noite. Já está tudo grampeado e calculado.

Ele mostra e explica: "Eu vendi hoje 2.060 dólares, a gorjeta foi de uns 350 (cerca de 17%). Aí eu pago uma parte para o ajudante e outra para o pessoal do bar. Vou levar limpos uns 250 dólares".

Repararam os verbos? "Eu vendi... eu pago..."

O restaurante, a empresa, paga na base do mínimo, a cada duas semanas. E só. Ou seja, é o trabalhador, nesse setor, que precisa cuidar de sua previdência e seu plano de saúde.

Claro que em outros setores da economia, em fábricas, por exemplo, ou em empresas maiores, o sistema é diferente, com salários semanais fixos maiores que a parte variável. Mas em boa parte do setor de serviços (incluindo comércio), a variável é maior.

Assim, esse caso dos restaurantes é um bom exemplo das vantagens e desvantagens de uma legislação trabalhista bastante flexível e na qual vale mais o combinado entre as partes.

Para o restaurante, a empresa, a vantagem é a redução do custo fixo. Gasta pouco com a folha de salários, ao contrário, por exemplo, de um restaurante no Brasil, cujo dono paga salário fixo e todos os demais itens (FGTS, INSS, 13º, adicionais diversos e por aí vai). Nos EUA, quando o movimento cai, o prejuízo se distribui entre empresa e empregados, pois os dois lados passam a "vender" menos.

No Brasil e em muitos outros países, europeus, por exemplo, caindo o movimento, aumenta proporcionalmente o custo do restaurante , já que não é possível passar parte dos garçons para um sistema de trabalho apenas nos fins de semana. Não raro, cria-se um impasse: o restaurante (ou a empresa) só consegue se manter funcionando no prejuízo, dado o baixo faturamento combinado com custos fixos elevados. No fim, a casa fecha e não se protegeram os empregos.

Nos EUA, para o garçom, a vantagem é receber diariamente e conforme a qualidade reconhecida de seu serviço. Para o público, a regra é um incentivo ao bom atendimento. Diferente, por exemplo, do sistema dominante no Brasil, no qual o caixa do restaurante recolhe toda as gorjetas e distribui por igual no final do mês.

(Aliás, o Congresso está discutindo uma legislação que obriga os restaurantes a repassar pelo menos 80% da gorjeta para os garçons e cozinheiros. Devia ser 100%, não é mesmo?).

Por outro lado, nos EUA, havendo uma crise, a empresa tem ampla possibilidade de cortar pessoal e reduzir os pagamentos. A taxa de desemprego praticamente dobrou de 2008 para 2009, nos momentos mais difíceis da crise financeira que quase paralisou a toda a economia .

E os salários também caem rapidamente, pois são basicamente negociados e não garantidos em lei.

Nos países que têm ampla e meticulosa legislação trabalhista, o ajuste - com desemprego e redução do nível médio de salários - sempre acaba acontecendo, mas demora mais e é mais custoso, como está acontecendo na maior parte dos países europeus.

Pelo outro lado, a recuperação econômica é sempre mais rápida nos Estados Unidos. Começa a melhorar e os empregos começam a voltar. Mas o desemprego cai antes de subirem os salários. Neste momento, por exemplo, a taxa de desemprego, que chegou a passar dos 10%, está na casa dos 7%. Já o salário médio, descontada a inflação, é praticamente o mesmo de 2009.

Em compensação, todo o sistema permite que as empresas reduzam custos e se esforcem para ganhar produtividade, que é, de novo, o que acontece. A produção por trabalhador/hora cresce 1,5% ao ano, desde que se iniciou a recuperação. E isso é a chave do crescimento.

No Brasil, onde o emprego formal é superprotegido, a produtividade está em queda e o custo unitário do trabalho em alta. Resultado: empresas menos competitivas. As que podem, reduzem a produção, mas mantêm a os trabalhadores, na expectativa de retomada da atividade. Se a retomada demora e essa expectativa enfraquece, o ajuste - corte de custos e de empregos - vem, então, mais forte.

Difícil combinar crescimento e proteção.

Novelo das dívidas - MIRIAM LEITÃO

O GLOBO - 23/05

O governo Dilma foi além da imaginação na criatividade fiscal. Com dívidas que viram créditos, papéis que saem de uma estatal para outra, gastos que não entram na conta e antecipações de receita, foi feito um novelo nas contas públicas que para desenrolar dará um trabalhão. As dívidas de Itaipu já viraram R$ 8 bilhões de receitas e agora darão mais dinheiro ao governo.

A conta será paga por Itaipu até 2023. Mas vai ser considerada, através das operações mandrakes de sempre, receita que entra nos cofres aqui e agora. O atual governo está se apropriando de dinheiro que entraria nos cofres públicos de mais dois mandatos presidenciais.

Itaipu não tem como pagar antecipadamente a dívida. Para que a engenharia financeira funcione, o Tesouro terá que emitir dívida, mas, desta vez, não poderá ser feito o truque de impedir que os títulos sejam considerados dívida porque essa receita de Itaipu constava na contabilidade. O risco é que os alquimistas podem inventar algo.

De tudo que faz parte desse novelo, o mais difícil será desenrolar os débitos invisíveis como os R$ 400 bilhões emitidos para se transferir ao BNDES. Teoricamente, um dia o banco vai pagar, só que o Tesouro capta a curto prazo e empresta a longo prazo e a um custo menor do que está pagando. A conta não fecha. Esses ativos que o governo tem a receber não têm liquidez imediata como os títulos do governo americano que estão nas nossas reservas cambiais. É por isso que o indicador da dívida líquida é cada vez menos levado a sério. Os olhos são sobre a dívida bruta que, por sinal, está em alta.

Essa é só mais uma das mágicas contábeis. O economista Felipe Salto, da Tendências Consultoria, lembra outros casos emblemáticos. O principal deles foi a capitalização da Petrobras, em 2010, que em um único mês injetou R$ 35 bilhões nas planilhas do governo e aumentou em um ponto percentual o resultado primário do ano. O governo emitiu R$ 75 bilhões em dívidas, transferiu esses recursos para a Petrobras, que pagou de volta ao governo para ter acesso aos barris do pré-sal. A receita foi contabilizada como resultado primário, mas toda a despesa com os títulos, não.

O economista da Tendências ressalta que mais de dois terços do superávit primário, hoje, é realizado sem nenhum esforço fiscal da Fazenda. Para este ano, a meta é de R$ 155 bilhões de superávit, mas R$ 65 bilhões podem ser abatidos como investimentos do PAC e outros R$ 30 bilhões entram nos cofres como pagamento de dividendos do BNDES, Caixa e Banco do Brasil.

- Com manobras contábeis, o governo já começa o ano com mais de dois terços do primário realizado. O PAC é integralmente abatido porque contabiliza até financiamento imobiliário como investimento. O mesmo acontece com as desonerações. Os dividendos pagos pelos bancos públicos aumentam pelas transferências e capitalizações feitas pelo próprio Tesouro - explicou.

No ano passado, o malabarismo fiscal fez a Caixa Econômica virar sócia de frigorífico, fabricante de autopeças e de bens de capital. O BNDESPar transferiu essas ações para Caixa, como parte do aumento de capital da CEF. Só se soube da operação porque empresas de capital aberto como JBS, Romi e Mangels precisam informar ao mercado qualquer mudança na sua composição acionária.

Ontem o governo anunciou um contingenciamento menor do que o do ano passado. Mas o Orçamento é cada vez mais uma peça de ficção. As desonerações são descontadas da conta para se fazer o superávit, o que quer dizer que o governo registra como tendo recebido um dinheiro do qual abriu mão. Tudo é deliberadamente confuso. Faz parte do show dos alquimistas.

O tamanho da gastança - CELSO MING

O Estado de S.Paulo - 23/05

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, se esforçou ontem para demonstrar que a situação fiscal do País é sólida e proporciona chão firme para o crescimento econômico e para a criação de empregos.

Mantega disse mais. Garantiu que a política fiscal não mudou e que o governo não desistiu de cumprir a meta do superávit primário (sobra de arrecadação para pagamento da dívida) de 3,1% do PIB, o que dá cerca de R$ 155,9 bilhões. Mesmo com os abatimentos admitidos por lei, de até R$ 65 bilhões, disse, garantirá a meta de 3,1% do PIB. "Se for necessário, abateremos (algumas despesas), de maneira que o superávit primário fique entre 2,3% e 3,15% do PIB." O governo conta ainda com a poupança de 1% do PIB a ser formada pelos Estados e municípios.

As declarações do ministro aconteceram em Brasília, durante a apresentação do Relatório de Receitas e Despesas do segundo bimestre de 2013. Vão na contramão do que há três semanas avisara o secretário do Tesouro, Arno Augustin, em entrevista ao jornal Valor. Disse ele, sem ter sido desmentido, que a política fiscal mudou e que agora o governo a usa para estimular o crescimento, como política anticíclica. Entenda-se por política anticíclica as decisões de aumentar a despesa pública no caso de atividade econômica (e o emprego) insatisfatória; e de admitir mais austeridade quando acontecer o contrário. Mantega enfatizou que não há mudança na política fiscal, mas não retirou o que dissera Augustin.

O Banco Central não vem acionando seu pandeiro no mesmo ritmo tocado pelo ministro Mantega. Tem reiterado que a política fiscal segue frouxa demais: "está expansionista", o que o obriga a reforçar a dose da política de juros para combater a inflação.

Ainda na terça-feira, durante depoimento em audiência pública no Congresso Nacional, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, foi questionado sobre o tamanho do estrago na economia causado por despesas públicas excessivas e sobre como lidava com isso. Tombini respondeu que não interfere na política fiscal e que a toma como um dado de realidade que tem de ser levado em conta para definir a política de juros.

Tombini não disse - nem poderia - que foi traído pelos dirigentes do Ministério da Fazenda. O acordo fora de que o governo cumpriria rigidamente as metas do superávit primário para abrir caminho para a derrubada dos juros. Os juros foram derrubados, mas, no meio da ponte, o resto do governo abriu o cofre e ajudou a destampar a inflação que avançou às raias do inadmissível. Agora, não sobra outra opção ao Banco Central senão a de tentar recuperar sua capacidade de administrar expectativas.

Por tudo o que já aconteceu, e especialmente pelas manobras contábeis esquisitas praticadas pelo governo no final do ano passado, não dá para confiar nas promessas de bom comportamento fiscal do governo. E, se até o Banco Central não esconde suas críticas à permissividade orçamentária, vai ser preciso deixar o tempo correr para só então conferir o cumprimento das promessas que Mantega está jurando agora.

Zona Franca de Manaus - MARCELO MITERHOF

FOLHA DE SP - 23/05

O esperado é que houvesse adensamento tecnológico e produtivo no PIM, mas o que ocorre é o contrário


A tentativa de reformar o ICMS, tema da última coluna, ao prever uma ampliação das vantagens tributárias da Zona Franca de Manaus (ZFM), chamou a atenção para o seu poder político.

Com a abertura comercial dos anos 90, as empresas brasileiras de tecnologias de informação e comunicação (TICs) --que envolvem setores como equipamentos de telecomunicação, bens de informática e automação-- viram na migração para a ZFM, que desde sua criação concentrou a produção de eletrônicos de consumo (TVs, celulares etc.), uma forma de ganhar produtividade pela compra externa de componentes, usufruindo de altas doses de desoneração tributária.

Depois, a Lei de Informática, ao conceder benefícios fiscais próximos aos da ZFM, possibilitou que o setor de TICS não saísse em peso do Sul e do Sudeste.

A reforma do ICMS, ao manter a ZFM com alíquota de 12% na origem, enquanto no resto do país haveria redução para 4% ou 7%, poderá, caso o governo a leve a cabo, desequilibrar o balanço a favor de Manaus, afetando a distribuição da indústria de TICs, inclusive desmobilizando polos no Nordeste.

A questão chama a atenção para a necessidade de avaliar a ZFM.

Em 2012, o setor de eletroeletrônicos como um todo --que engloba TICs e os eletrônicos de consumo-- do Polo Industrial de Manaus (PIM) faturou R$ 34,6 bilhões, 47% do total do PIM, empregando cerca de 50 mil pessoas (42% do total). Sua produção é voltada quase exclusivamente para o mercado interno, o que faz da Zona Franca um caso singular no mundo, pois esse tipo de arranjo produtivo em geral é voltado para as exportações.

Em defesa da ZFM, o Centro da Indústria do Amazonas, em coluna publicada na sexta, 17/05/2013, no "Jornal do Commercio", destaca que ela alivia as pressões sobre o uso da floresta e canaliza recursos para ciência, tecnologia e inovação.

Acredito que o primeiro esteja em boa parte sendo atingido. Quanto ao segundo, porém, em que pese a determinação legal de as empresas da ZFM aplicarem 5% de sua receita em pesquisa e desenvolvimento (P&D), não há indícios de que isso esteja ocorrendo com efetividade, ao menos no principal setor do PIM.

Com tal nível de P&D, significativo para os padrões internacionais da indústria eletrônica, o esperado é que houvesse adensamento tecnológico e produtivo no PIM, mas o que ocorre é o contrário.

É verdade que grande parte dos problemas da ZFM coincide com os problemas do setor de eletrônicos em nível nacional: produção incipiente de telas (displays) e de microeletrônica, cadeias fragmentadas, exigências crescentes de escala produtiva.

Contudo, a estrutura de benefícios da Zona Franca é um obstáculo adicional ao adensamento do setor no Brasil. Por exemplo, a Lei do Bem desonera o Imposto de Renda em contrapartida a gastos com P&D. No PIM, isso é desnecessário, pois não se paga IR: além de seu baixo adensamento, a competição com os benefícios fiscais da ZFM ameaça o esforço que ocorre no resto do país no setor de TICs.

Outro sintoma de debilidade é a média salarial (inclusos os encargos) no setor de eletrônicos da Zona Franca, de R$ 3.208 em 2012, quando no polo de "duas rodas", outra perna relevante da ZFM, é de R$ 4.702, mesmo sendo um setor de menor complexidade. A diferença é que neste último há uma cadeia produtiva completa e densa: no ano passado, quase 70% de seus insumos foram adquiridos no Brasil, contra 23% dos eletroeletrônicos.

Sem gerar bons empregos em seu principal setor, a ZFM acaba servindo apenas para garantir os benefícios tributários às empresas de eletrônicos nela instaladas, que restringem suas atividades às mais simples possíveis. De resto, há importação de componentes e, mesmo atividades locais de maior valor --como marketing, design ou a concepção de projetos-- acabam sendo feitas em outras regiões.

Não se trata de acabar com a Zona Franca de Manaus, como costumam sugerir opiniões mais exaltadas no Sul e no Sudeste. Mas é preciso que ela mude para ser melhor para o país e também para o Amazonas, tornando-se sustentável a longo prazo e gerando mais e melhores empregos.

Na semana que vem, tentarei refletir sobre o tema.