sexta-feira, abril 19, 2013

A terra treme - ANCELMO GOIS

O GLOBO - 19/04

Um site espanhol voltou a divulgar ontem que o Grupo Prisa tinha vendido a editora Santillana, que atua no Brasil através da Objetiva, para a gigante alemã Random House.
A informação foi desmentida pela Prisa, que, entretanto, confirmou que está negociando esse e outros ativos.

Mas...
Se a Random House vier a incorporar a Santillana, o grupo teria uma posição privilegiada no Brasil.
É que a empresa alemã fez uma fusão com a britânica Penguin, que, por sua vez, é sócia minoritária da Companhia das Letras.

Quase uma Peugeot
O time ainda não convence muito, mas a nova diretoria do Flamengo esbanja credibilidade junto aos torcedores.
Em menos de um mês, o programa sócio-torcedor alcançou 15,4 mil adesões, o triplo de sócios-torcedores do Botafogo e o dobro do Vasco, que lançaram seus programas antes.


Segue...
Essa legião de torcedores representa mais uns R$ 10,5 milhões, este ano, nos cofres do clube.
São dois terços do que a Peugeot paga para estampar sua marca na parte nobre da camisa do time.

Magoou
A embaixatriz Anna Gutierrez Silos está chateada com o Itamaraty.
Foram cortados os passaportes diplomáticos de viúvas de embaixadores como ela é.

Prazer, Mr. Guido
Guido Mantega se reúne hoje com o novo secretário do Tesouro americano, Jacob lew, em Washington.
Será o primeiro encontro entre os dois.

O ladrão de arte arrependido
Na quarta-feira, por volta das 16h, chegou ao Arquivo da Cidade, pelo correio, um pacote endereçado à diretora da casa, Beatriz Kushnir. Dentro do envelope de papel pardo estavam estas preciosidades furtadas do acervo em 2006. Estão neste lote um álbum da Revolta da Armada, de 1893, dois álbuns de fotos da administração Henrique Dodsworth, prefeito da cidade por oito anos, que mostram, entre outras coisas, a abertura da Avenida Presidente Vargas, além de um livro e de uma revista do século XIX. Junto com tudo isso, uma carta datilografada, assinada por, acredite, João do Rio, o cronista da vida carioca no início do século XX, dizendo que "o material foi comprado de um colecionador" e que "pode ter sido furtado do Arquivo". Beatriz desconfia que o furto e a devolução sejam obra de Laéssio Rodrigues, larápio de documentos históricos, preso em 2007. Ele deixou a cadeia no ano passado em liberdade condicional. Apareceu dias depois no Arquivo como se fosse um visitante qualquer. Beatriz, uma estudiosa de roubos de patrimônio histórico, acha que o material foi devolvido porque o ladrão não conseguiu comprador nestes sete anos. "Tenho esperança que outros documentos importantes sejam devolvidos. Quem furta coisas assim está arrancando um pedaço da história do Rio", diz Beatriz

Cultura nas escolas
Veja que legal. Cerca de cinco mil escolas públicas do país vão receber R$ 20 mil, cada uma, para fomentar atividades culturais.
O programa Mais Cultura nas Escolas será lançado segunda agora pelos ministros Aloizio Mercadante e Marta Suplicy.

Carlinhos Portinari
Carlinhos Brown, que chique!, inaugura terça uma exposição dos seus quadros no Palácio do Planalto, com a presença de Dilma.
Em entrevista à revista "Contigo", o grande músico baiano de 50 anos chegou a dizer que se considera "melhor artista plástico do que músico".
É. Pode ser.

Calma, gente!

O Ministro Gilmar Mendes, do STF, explica que o processo contra José de Abreu deve-se ao fato de que o ator afirmou claramente no Twitter que Mendes contratou um araponga chamado Dadá:
- Eu nunca vi este Dadá na minha vida e muito menos o tal parceiro Jairo Martins.

Banho de loja
O monumento "A descoberta do Brasil", no Largo da Glória, no Rio, receberá hoje os cuidados da Secretaria de Conservação. Além de limpeza, vai ganhar iluminação especial na cor azul. É para badalar os festejos pelo dia do Descobrimento do Brasil, segunda agora.
A obra, do escultor Rodolfo Bernardelli, foi inaugurada em 1902.

Santo Sepulcro
Dom Orani Tempesta é o novo Grão-Prior da Ordem do Santo Sepulcro de Jerusalém.
Pela primeira vez, um arcebispo assume o cargo da Ordem, destinada a preservar o Santo Sepulcro e ajudar creches, escolas, hospitais e obras sociais na Terra Santa.

Ocupação irregular
A prefeitura proibiu que moradores do Jardim Pernambuco, lugar de bacanas na Zona Sul carioca, usem cones nas ruas onde moram para reservar as vagas de seus carrões.

Liquidação
Continua o derrame de smartphones Galaxy SIII piratas, no Centro do Rio.
Não tem uma esquina onde não haja um camelô vendendo, a um preço que varia de R$ 200 a R$ 250, "réplicas" do aparelho que custa R$ 1.500 nas lojas.

Cena carioca
No lançamento da biografia "Casagrande e seus demônios", terça, no Rio, o querido comentarista Arnaldo Cezar Coelho foi direto ao colega Walter Casagrande. Nisso, um gaiato, apontando para a fila, disparou:
- Arnaldo, a regra é clara...
O ex-árbitro respondeu que só ia cumprimentar Casagrande.
Ah, bom.

Azar do Brasil - RUY CASTRO

FOLHA DE SP - 19/04

A presidente da Petrobras, Graça Foster, disse ao jornal gaúcho "Zero Hora" que "acha lindo engarrafamento", pois "seu negócio é vender combustível". E informou, orgulhosa: "Estou faturando". Pelo visto, parece satisfeita com os engarrafamentos que vê a bordo de seu helicóptero ou de que toma conhecimento pelo rádio e pela TV.

Como o verbo é livre a ponto de comportar tais afirmações, atrevo-me a dizer que preferiria uma pessoa mais delicada à frente da Petrobras. Por mais que tenha vindo ao mundo para vender gasolina, seu cargo não a autoriza a se comportar como uma frentista de estrada. A Petrobras deve ter compromissos com o povo que a sustenta, e não apenas com o conteúdo dos buracos que perfura.

É verdade que a culpa dos engarrafamentos não é exatamente sua, mas do governo a que pertence --o qual vive baixando alíquotas e estimulando a produção e venda de carros para fechar suas contas, com o que asfixia e torna inabitáveis nossas cidades. Isso a despeito da tendência internacional a devolver as cidades aos cidadãos, tirando carros da rua e estimulando o transporte público, as bicicletas e a simples caminhada.

Sei também que o pensamento de Graça Foster deve repetir o de todos que a antecederam na presidência da Petrobras, e que a esta cabe somente cuidar de seus negócios, não "pensar o país". Talvez devêssemos até agradecer-lhe por ser tão franca: ao contrário de seus antecessores, mais dissimulados, ela torce explicitamente pelo carro, pelo engarrafamento, pelo mau humor no trânsito, pela poluição, e contra o cidadão que lhe paga o salário e compra a sua gasolina.

A tal desprezo pelo equilíbrio urbano e pela qualidade de vida dos brasileiros das cidades, deve corresponder um equivalente pelos contínuos estragos ambientais provocados por sua empresa. Azar do Brasil.

Humilha, São Paulo - FERNANDA TORRES

FOLHA DE SP - 19/04

Grande parte das fundações culturais brasileiras adquiriu obras com o auxílio das leis de incentivo


Vivo em uma beira de praia na zona rural do país. É a certeza que me vem cada vez que boto os pés em São Paulo.

Subi o planalto para um jantar em benefício da Amfar, organização de apoio à pesquisa da Aids que angaria fundos pelo planeta. Sharon Stone, dando provas de seu QI de mais de 150, comandou a festa.

Belíssima, madura e emocionada, a americana de peitos de Barbie subiu ao palco para comemorar a cura da primeira criança vítima da doença. Há 20 anos como embaixadora da instituição, cargo anteriormente ocupado por Elizabeth Taylor, a estrela mantém uma militância ativa e questionou a Amfar por não se envolver na terapia de bebês.

Em 2008, em Cannes, Sharon cavou US$ 10 milhões (cerca de R$ 20 milhões) em uma noitada semelhante, alavancando o trabalho de cientistas que, hoje, retribuem com a cura da menina do Mississipi.

A musa liderou o leilão com uma categoria assombrosa. Diante da timidez momentânea da plateia, provocava com o vozeirão dolby surround: "Come on, Brazil, show your generosity!". Impossível resistir. Que o diga o empresário que arrematou um beijo de língua de Kate Moss por US$ 45 mil.

A gala acabou com um strip da inesquecível Dita. A dívida moral pelo fausto foi quitada com os 2 milhões de doletas arrecadadas.

Acordei e rumei para o MAC a fim de ver a "Sala de Espera" de Carlito Carvalhosa. No táxi, em um cruzamento dos Jardins, uma escultura de dois ossos gigantes, ladrilhados a la Gaudí, encostados no muro de uma mansão de esquina me chamou a atenção. Ao lado da obra, uma placa: Dog Bar. Era um spa de luxo para cachorros de madame. Só aqui.

A etérea instalação de postes suspensos, "como se estivessem prestes a desencarnar", diz Carvalhosa, já me satisfaria os sentidos. Mas era o dia da abertura do novo prédio do museu, e lá fui eu para o sétimo andar do edifício de Niemeyer, recém-liberto dos labirintos tristes do Detran.

A reforma é exemplar, só falta aparar a grama. Mas o que impressiona é a sensibilidade da curadoria de Tadeu Chiarelli. Foi confiada ao professor doutor em artes plásticas da USP a missão de organizar a exibição permanente do imenso acervo da universidade.

Em vez de ocupar o prédio todo de uma vez, pendurando quadros sem formar um pensamento crítico sobre o que é exposto, o curador optou por começar com uma pequena mostra do que poderemos esperar do MAC.

As 85 obras de "O Agora, o Antes: Uma Síntese do Acervo do MAC USP" propõe um diálogo entre as diversas épocas, estilos e artistas que compõem a coleção.

"Toda obra de arte ganha novas possibilidades de interpretação a partir do espaço que compartilha com outra", avalia Chiarelli na apresentação. "Perturbar e ressignificar verdades consagradas são as funções de uma universidade preocupada com o devir do conhecimento."

Rever "Minha Mãe Morrendo", de Flávio de Carvalho, e saber que ela estará ali sempre que eu precisar, me fez invejar um Estado que conta com pessoas com a formação de Chiarelli, fruto da solidez acadêmica das universidades paulistas.

Muitas das obras expostas pertencem ao espólio do Banco Santos, de Edemar Ferreira, e esperam a decisão da Justiça para definir seu destino. O leilão das peças serviria para cobrir parte da dívida, mas o MAC, que preserva a coleção desde 2005, também se vê como credor e anseia ser ressarcido com parte do precioso arquivo.

Torço pelo MAC. Grande parte das fundações culturais brasileiras adquiriu obras de arte com o auxílio das leis de incentivo. Devolvê-las ao público através de entidades de responsa, como a USP, seria salvá-las do esquecimento.

Chiarelli sabe que a melhor maneira de preservar um patrimônio é expô-lo. As placas de metal informando que certas peças estão sob tutela do MAC, mas fazem parte do ativo do Banco Santos retido na Polícia Federal, completam "O Agora, o Antes", e me deram o gosto de um discreto e imponente ato político.

No adeus, um Bacon de uma dúzia de milhões de dólares, retratando um elefante que atravessa uma floresta escura, diferente de tudo que eu já vi dele, estava lá para quem quisesse ver, na SP-Arte.

Humilha, São Paulo.

A manhã em que desapareci do mapa - IGNÁCIO DE LOYOLA BRANDÃO

O Estado de S.Paulo - 19/04

Sumi por quase duas horas na quinta-feira dia 11, semana passada, para "desespero" de um pequeno grupo de pessoas, amigos e familiares, que se viu sem ação, ansioso, em pânico. Desapareci do mapa. Reflexos desta cidade, deste País? Sinal dos tempos que vivemos, de incertezas, sustos e constante tensão por dá cá aquela palha? Temos de saber o tempo inteiro onde todos estão.

Naquela manhã, eu tinha uma entrevista na Rádio Bandeirantes com José Paulo de Andrade e Salomão Esper. Seria um bate-papo solto, sobre carreira, livros, vida, manias. E outra na Band News sobre meu novo livro Solidão no Fundo da Agulha. Debora, assessora de imprensa, que tinha programado tudo, me avisou que o carro me apanharia às 10h15. O carro veio, entrei. E sumi.

Minutos depois, outro carro chegou, tinha ordens para me levar à Bandeirantes. "Como? Ele acaba de sair, foi para a emissora!", informou o porteiro. E a epopeia começou. Debora, alertada pelo motorista, ligou para minha casa. Alzeni, que trabalha conosco há 18 anos, disse que eu tinha acabado de descer, uma condução viera me buscar. A assessora ficou intrigada: "Mas o carro está aí na porta! Que carro ele pegou? Para onde foi?" Ela não sabia, nem o porteiro do prédio. "Qual o celular dele?" Não tem.

Alzeni assustou-se. Será que sequestraram? Ficou alarmada, ouve rádio o dia todo, é seu companheiro, e a maioria das notícias das emissoras que ele ouve são policiais. Telefonemas circularam entre a Band News, a Fundação Carlos Chagas, que lançou meu livro Solidão no Fundo da Agulha, e a minha casa. Onde estava o escritor? O horário do programa da Band se aproximava. Alzeni não sabia se devia ligar para minha cunhada, para ter orientação, uma vez que minha mulher e minha filha estão em viagem. Devia avisar a polícia? Ligar para os parentes em Araraquara? Quem tem os telefones dos filhos? Procurar o registro de um acidente, assalto, o que fosse no trajeto João Moura-Morumbi? Todos em alerta. E eu não aparecia.

A empregada (secretária do lar), inquieta, nervosa, parou o almoço, ficou atenta ao rádio para ver se havia notícias de sequestro, desaparecimento, morte. Mas quem sequestraria um escritor? Para quê? Aturdimento. Sem saber de nada, eu desembarquei nos estúdios do Morumbi. Salomão Esper me aguardava no pátio, encontramos José Paulo de Andrade, fui conduzido por labirintos que atravessam em várias direções, observando redações com centenas de jovens diante de computadores. Apareceu José Paulo, passamos por um estúdio envidraçado, havia uma morena diante de uma câmera, saudada por todos que passavam. Deve ser uma das musas aqui, pensei. Era Maria Fernanda, âncora da Band News.

Conversamos na rádio durante hora e pouco. Quando tem jornalista que sabe perguntar, nunca deixa a peteca cair, está informado do que o entrevistado faz, a coisa corre. Adorei o bate-papo descontraído. Terminado, fomos tomar café à sombra de grandes árvores. Pão de queijo quentinho e uma broinha de milho que parecia chegada de Minas. Súbito, surge uma jovem afobada que ao me ver deu um longo suspiro: "Que alívio! O senhor está aqui! Está todo mundo te procurando. Todo mundo. Sumiu. Estávamos bem preocupados". Olhem a vida! Essa jovem, que vi criança, é nada menos que a filha de Caio Graco, meu primeiro editor, o homem que me descobriu e me lançou pela Brasiliense. "Me procurando? Por quê?" E ela: "Para a entrevista com a Band News, esqueceu?"

De repente, ficou claro. Os e-mails para a entrevista na Band News eram assinado pela Debora, assessora de imprensa da Fundação Carlos Chagas, que lançou o Solidão no Fundo da Agulha. Os e-mails para a entrevista com Esper e Andrade eram assinados por outra Debora, assessora da Bandeirantes. Eram duas Deboras em funções idênticas. Ambas tinham enviado, sem que uma tivesse ideia da outra, dois carros para o mesmo horário. Um chegou minutos depois, foi a conta. Deu o quiproquó. Uso essa palavra pela primeira vez na vida, vejam só. Não prestei atenção ou estou na curva descendente?

Entre 10h30 e meio-dia, quando fui "encontrado" tomando café, houve estupefação (gosto dessa palavra), interrogação, susto, ninguém tendo ideia do que fazer, pensar, imaginar. Em que clima vivemos! E eu dentro do estúdio, conversando. Felizes todos, fui para a Band News e dei a entrevista para a linda Maria Fernanda.

Aprendi a lição, rendo-me ao óbvio: no mundo de hoje é preciso levar um celular. Ele é guia, bússola, norteia, pacifica, acalma, ampara, conduz, ilumina. Anjo protetor. Lembram-se da oração da infância? "Santo anjo do Senhor, meu zeloso guardador. Já que a ti me confiou a providência divina, sempre me rege, guarde, governe e ilumina" (há certa confusão no tempo verbal, mas assim a tenho na cabeça). Celular? Vou ficar com o da minha filha e comprar outro para ela. Só preciso de um que fale e ouça, dispenso os milhares de aplicativos. Até o dia em que o cotidiano me obrigue aos aplicativos.

PS: Na crônica de quinze dias atrás, o que era patê de campagne, tão francês camponês, virou patê de champanhe, por obra e arte de um revisor ou de um digitador.

Pesadelo é coisa do passado! - BARBARA GANCIA

FOLHA DE SP - 19/04

Depois de décadas de pesquisas, cientistas finalmente descobrem a cura para o pesadelo


Alguém aí saberia dar um reca­do em coreano chosono, que vem a ser a língua falada na Coreia do Norte?

Faz tanto tempo que não vou para lá, que me estreparia toda se tiver de mandar eu mesma. Minha pro­núncia está tão enferrujada que não saberia se estou pedindo uma vodca em russo ou um chá em man­churiano. Na última vez em que es­tive em Pyongyang, o Kim no poder ainda era o pai de Jong, que vem a ser o progenitor do atual Sung.

Ai, que saudades da Guerra Fria! Era tão mais fácil quando os moci­nhos estavam do nosso lado, anda­vam de Aston Martin e cheiravam a Brutt. E nós deixávamos as crises existencialistas, as brochadas e o ca­checol que pinica para o lado de lá da cortina de ferro com os arruaceiros do Baader-Meinhof e a histérica da Oriana Fallaci --eita mulherzinha insuportável, aquela escritora de best-seller.

Veja bem: sempre andei com todo tipo de gente, sempre fui mulher de várias turmas. E, depois que o Cos­ta-Gavras largou a Oriana, adivinha se não ela encanou comigo?

A mulher deu para querer pegar todo santo namoradinho que eu conseguia arrumar a duras penas. Nem mesmo Carlos, o Chacal, ela deixou escapar. E olha que o Carlos, o Chacal, era uma espécie de Xico Sá da época, a gente só encarava quando até o Charles Manson já ti­nha desmaiado atrás do sofá de tan­to tomar cleriquot de cidreira e LSD (era um drinque da moda em Punta, sabe?).

Mas eu ia dizendo. Já tive meus momentos na Embaixada da Fran­ça em Pyongyang com Sartre, Simo­ne, Mao, a sra. Mao (mal-humorada essazinha dessa china, não me ad­mira que tenha acabado tão embu­racada) e o casal Kim e dona Kim.

E é por isso, por conhecer tão bem os avós do querido Kimucho, que eu queria sugerir a ele, ditador amado, um dos últimos de uma no­bre estirpe que faz tanta falta, os ditadores, que, em vez de mirar seus mísseis para as bases norte-americanas em Guam, que pensasse com carinho na possi­bilidade de mandar uma bomba atômica expressa na direção das ilhas Cagarras, bem na frente do li­toral que vai dar ali no Leblon, Gávea, Horto, sei lá, pode chegar até Botafogo, que seja.

Não, não tenho nada contra o ca­rioca "per se". Ao contrário, como boa paulistana recalcada, morro de inveja daqueles corpos dourados sem um pingo de gordura que levi­tam pelo calçadão diante de minha barriga leitosa e cheia de marcas.

Acontece que soube pela Danuza que os donos de 250 cadeiras cati­vas do Maracanã estão indo à Justi­ça para garantir o direito de assistir aos jogos da Copa sentadinhos em seus lugares de direito.

Vem cá: em que mundo eles vi­vem? O evento pertence e foi ven­dido à Fifa. Só eles não sabem? O Brasil está realizando um evento internacional, e os bacanas querem garantir o deles, só o deles, a indivi­dualidade deve prevalecer, é isso?

Ora, que belezuca! Pois os donos das cativas do Maraca deveriam ser apresentados ao pessoal de mente aberta de Higienópolis, bairro aqui de São Paulo, que foi contra a cons­trução de uma estação de metrô por não querer a circulação de gente "diferenciada" no seu bairro.

Essa gente que insiste em viver agarrada a um passado de injustiça é a mesma que não entende porque os índices de violência continuam a subir, e que não faz o menor sentido baixar maioridade penal para mu­dar isso. O único jeito de interromper um pesadelo é acor­dando, não?

Mineiros! O Galo virou canja! - JOSÉ SIMÃO

FOLHA DE SP - 19/04

E se reduzirem muito a maioridade penal vai ter Maternidade de Segurança Máxima! Rarará!


Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Pensamento do dia: com esse frio, o que saiu do armário, depois da Daniela Mercury, foi o meu edredom. Rarará!

E a minha amiga Daniela Mercury não saiu do armário. ARROMBOU O ARMÁRIO! Vamos leiloar o armário da Daniela! Rarará! Maravilhosa, viu!

E avisem pros atleticanos que todo GALO tem seu dia de canja! E a grande polêmica da semana: redução da maioridade penal!

Eu sei como resolver esse problema da maioridade penal. Toda criança já nasce com 18 anos. Pronto! E se reduzirem muito a maioridade penal vai ter Maternidade de Segurança Máxima!

E vocês já viram aquelas cenas na televisão de rebelião na Fundação Casa? É cada menor de dois metros de altura. E quando falam: "Esse é o menor mais perigoso", é um cavalão de três metros segurando uma barra de ferro de oito metros. Nunca vi menor tão grande. O maior menor. Rarará!

O maior dos menores! Fundação Casa era a Febem, Fábrica de Bandidos em Massa! Agora, se todo crime que acontece, reduzem a maioridade, vamos ter que reconhecer bandido em berçário: "Foi aquele, seu delegado, aquele de chupeta amarela". Chupetas amarelas promovem arrastão!

Ou então a mãe grávida presta queixa: "Ele acabou de chutar a minha barriga". Rarará! E sabe como se chama a diretora da Fundação Casa? Berenice Giannella! Vão fugir todos pela Giannella! Rarará!

E a Coreia do Norte? Aquele gorducho mimado pensa que tá jogando War! O Kim Jong BUM! E eu não tenho medo do ditador da Coreia do Norte. Eu tenho medo da Miriam Leitão. Rarará! Eu não tenho medo do ditador da Coreia do Norte. Eu tenho medo de estar no Jardim Ângela às duas da madrugada, numa rua mal iluminada, quando o último ônibus acabou de passar! Rarará!

E o chargista Bennet revela a exigência do Kim Jong Pum para selar a paz mundial: uns 30 milhões de PlayStations e quatros desbloqueados! Rarará! É mole? É mole, mas sobe!

E o prefeito do Rio quer proibir vans de circular pela zona sul. Inclusive a Vanusa, o Vanderley, o Vandelson e o Van Damme.

E todo time da seleção da Holanda! Os Vans! Rarará! Nóis sofre, mas nóis goza! Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

Brasil, o musical - NELSON MOTTA

O GLOBO - 19/04

O teatro musical, assim como a ópera, a opereta e o musical de cinema, é essencialmente uma linguagem artística absurda, em que os personagens vivem suas histórias no palco cantando e dançando. A partir dessa indispensável "suspensão da descrença", todas as fantasias e liberdades são permitidas para contar uma boa história com belas músicas, letras e danças. É a cara do Brasil.

Mas, durante muito tempo, poucos musicais de teatro eram encenados aqui, por absoluta falta de profissionais capazes de cantar, dançar e representar ao mesmo tempo, como exigiam os musicais americanos, como My Fair Lady. Por um bom tempo, só Bibi Ferreira e Marilia Pera, e alguns poucos, estavam qualificados para musicais. Depois, só uma Elba Ramalho aqui, uma Claudia Raia ali, e quase mais nada. Sucessos como A Ópera do Malandro eram exceção absoluta.

Com a explosão dos musicais, iniciada na virada do milênio com o sucesso de grandes espetáculos americanos em São Paulo e das montagens da dupla Charles Moeller e Claudio Botelho no Rio de Janeiro, o Brasil, como elenco e plateia, realiza sua vocação para reunir música, dança e teatro numa linguagem livre e fantasiosa - mas que exige grandes recursos de produção, alta precisão técnica e rigorosa performance profissional para funcionar. Parece uma metáfora do atual momento brasileiro.

Para se ter uma ideia da quantidade e qualidade da mão de obra especializada no mercado de musicais, nos testes para elenco da espetacular montagem brasileira de Hair mais de 4 mil candidatos se apresentaram, cantando, dançando e representando, o mínimo exigido para ir ao jogo. Mais de 50 eram de tão alto nível profissional, que qualquer um poderia fazer um dos papéis em disputa.

São teatros lotados, grandes produtoras investindo, milhares de novos empregos. E o que há alguns anos seria uma fantasia delirante digna de um musical vai se realizar com a montagem na Broadway do Orfeu carioca de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, dirigida pelos meninos de ouro Moeller e Botelho para uma grande produtora americana. Estamos exportando musicais para os que o inventaram.

Com esta coluna, me despeço dos leitores e editores do Estadão, depois de cinco anos de convivência semanal. Obrigado a todos.

PAPEL PICADO - MÔNICA BERGAMO

FOLHA DE SP - 19/04

A Venezuela foi tema do almoço entre Susan Rice, representante permanente dos EUA na ONU, e o chanceler brasileiro Antonio Patriota, anteontem, em Brasília. Ela defendeu a necessidade de recontagem dos votos para que Nicolás Maduro seja reconhecido como vencedor por outros países. Os diplomatas brasileiros rechaçaram. E até citaram eleições nos EUA que foram questionadas.

PICADO 2
Um dos diplomatas lembrou que, em 2000, mesmo com acusações de fraude na eleição de George W. Bush, o Brasil reconheceu prontamente o resultado --o Itamaraty diz que cabe ao sistema interno de cada país resolver esse tipo de questão e que os outros não poderiam "meter a colher". Naquele ano, Bush foi declarado vencedor depois de a Suprema Corte negar recontagem manual de votos na Flórida.

SOPA
A Venezuela então saiu do cardápio e o almoço continuou em clima ameno. Susan Rice saboreou um frango grelhado com vegetais feito especialmente para ela. O prato principal do dia era ensopado de galinha-d'angola.

AQUI SE PAGA
O ator Fábio Assunção receberá R$ 150 mil de indenização da Editora Globo. Em 2002, uma fotógrafa conseguiu entrar no casamento dele com Priscila Borgonovi. Fez e publicou imagens da festa, uma cerimônia espírita, em revista da empresa. A Justiça considerou que houve invasão de privacidade. A noiva, e hoje ex-mulher de Assunção, também receberá R$ 150 mil. A fotógrafa terá que pagar outros R$ 10 mil para cada um deles.

AQUI SE PAGA 2
O STJ (Superior Tribunal de Justiça) negou os apelos da editora para reverter a decisão. Não cabe recurso.

ALÔ, MAMÃE!
O GNT estreia em maio a série "Parto pelo Mundo", registrando as diferentes formas do procedimento nos cinco continentes. Gisele Bündchen dará um depoimento sobre o nascimento de seus dois filhos, em casa. A produção é da Cinevideo.

CARA, CRACHÁ
Além de uma lista com o nome e fotos dos atores do elenco da novela "Sangue Bom", a assessoria da TV Globo entregava aos jornalistas, na festa do folhetim anteontem, em São Paulo, uma relação com imagens de celebridades convidadas por uma promoter. Na capa do bloco de papel estava escrito "carômetro".

VER E SER VISTO
A seleção ia do estilista Valdemar Iódice ao cabeleireiro Marcos Proença. Passava ainda por modelos e atores desconhecidos e até da concorrência, como Guilherme Boury, do SBT.

AS TARANTINAS
Estreia em maio, no Espaço dos Parlapatões, o espetáculo "Las Perras", baseado nos personagens femininos dos filmes de Quentin Tarantino. A direção é de Fábio Ock. Luiza Gottschalk, Bruna Thedy, Einat Falbel e Roza Grobman estão no elenco.

CORINGA O ator e diretor Cacá Rosset é a capa da revista "Mensch", nas bancas na segunda, em que celebra os 30 anos de sua companhia, o Teatro do Ornitorrinco; o ensaio foi inspirado no ator americano Jack Nicholson

AGITO DAS SETE
Marco Pigossi, Isabelle Drummond e Sophie Charlotte, protagonistas de "Sangue Bom", estiveram na festa de lançamento da novela anteontem, em São Paulo. A autora do folhetim, Maria Adelaide Amaral, e as atrizes Letícia Sabatella e Regiane Alves, também do elenco, foram ao evento, que teve show do grupo Sambô.

CURTO-CIRCUITO
A missa de sétimo dia da atriz Cleyde Yáconis será na segunda, às 19h30, na capela do Instituto Meninos de São Judas Tadeu, no Jabaquara.

O Centro Paula Souza embarca amanhã 25 alunos para um intercâmbio em Chicago. No total, 510 estudantes e cem professores viajarão neste ano.

MC Sapão e Buchecha cantam no Baile da Favorita hoje, às 23h, no Esporte Clube Pinheiros. 18 anos.

A Pandora Filmes, distribuidora de Barbara e André Sturm, comprou "A Espuma dos Dias", de Michel Gondry. O longa estreia no Brasil em 28 de junho.

O massacre do Carandiru - JOÃO MELLÃO NETO

O ESTADÃO - 19/04

Eu me iniciei na profissão de jornalista de rádio e TV no final de 1982, com o governador Franco Montoro já eleito e às vésperas de ser empossado. E me recordo de que mesmo antes do início de sua gestão o tema mais polêmico era a segurança. Os governos anteriores haviam doutrinado a polícia para matar. Havia quem dissesse que "bandido bom é bandido morto" e entre a opinião pública não eram poucos os que compartilhavam essa convicção. No próprio corpo da tropa tal cultura era bem difundida. Policial bom tinha necessariamente de se provar em combate e, entendia-se, quanto mais "bandidos" mortos ele agregasse ao seu currículo, mais respeitado se tornava. Montoro surgiu com uma nova tese. Ele e seu grupo de intelectuais e membros da Igreja Católica entendiam que a função da polícia era o oposto. "Violência só gera mais violência", diziam.

Do confronto dessas duas visões inconciliáveis do papel dos policiais surgiu a política de direitos humanos vigente até hoje. No começo as duas facções se digladiavam de forma apaixonada e radical. Lembro-me de que o pessoal ligado aos direitos humanos - que então controlava a Secretaria de Justiça - chegou a propor, com grande alarde, a criação de "conselhos de presos" que deveriam gerir paritariamente os destinos dos presídios. A grita social foi imensa, o que levou o governador a voltar atrás. De qualquer forma os detentos, com isso, adquiriram uma noção da própria força. O que viria a gerar graves consequências no futuro próximo. Apesar de ter recuado na questão dos conselhos, o governo do Estado manteve sua política de leniência em relação aos criminosos. Bandidos não podiam mais ser "judiados" nas cadeias. Policiais que desobedecessem a essas normas passaram a ser severamente punidos. Criou-se assim um clima de confusão ideológica: os policiais, que haviam sido treinados para agir de uma determinada forma, foram coagidos a agir de outra. O que era o bandido, afinal? Um inimigo da sociedade ou apenas uma vítima dela?

Essa ambiguidade foi crescendo e tomou conta de todo o sistema prisional. Já em 1983, logo após a posse do Montoro, foi criado pelos detentos um grupo chamado Falange Vermelha. A Falange foi a mãe de todas as organizações criminosas que surgiram depois. O governo do Estado adotou, então, a política de simplesmente negar, contra todas as evidências, a existência da Falange. Dizia que isso não passava de invencionice da imprensa. O auge da ação dessas organizações criminosas se deu em 2006, com uma revolta histórica e sangrenta da população de detentos.

Só a partir daí o governo estadual começou a levar a sério a existência desses grupos. Dentre eles se destacavam o PCC, em São Paulo, e o Comando Vermelho, no Rio de Janeiro. E eram realmente perigosos. Tinham armamento pesado - que adquiriam em troca de tóxicos - e disciplina férrea. A única punição prevista para os meliantes que transgredissem suas regras era a pena de morte. Se possível, da forma mais cruel. Tornaram-se comuns os confrontos da polícia com os bandidos, com dezenas de mortes. Consta que no Rio o problema se tornou ainda mais grave em razão de um suposto acordo entre o então governador Leonel Brizola e a bandidagem. Teria sido estabelecido, à época, que "os bandidos não descem o morro e a polícia não sobe".

Não se sabe se tal acordo ocorreu mesmo, mas o fato é que a política de coexistência pacífica teve resultados desastrosos: bandidos e policiais passaram a conviver de forma fraternal e a criminalidade se multiplicou. Mesmo com a atual política de UPPs não há garantias de que a situação se reverta. E isso as vésperas de eventos internacionais como a Copa do Mundo de Futebol e a Olimpíada.

Já em São Paulo, o clima de confronto vem se acirrando. O governador Geraldo Alckmin adotou uma política inteligente de afastar os criminosos mais perigosos dos centros urbanos. Mas até agora não foi possível mensurar os resultados.

O que foi chamado de "massacre do Carandiru", apesar do enorme número de vítimas, foi apenas mais um capítulo da guerra aberta que se estabeleceu entre policiais e detentos. O Carandiru era um imenso presídio com capacidade para, no mínimo, 8 mil detentos. Não existe no mundo uma prisão de tamanho igual. O Carandiru era, por si só, um tremendo equívoco. Como administrar uma população carcerária dessa magnitude? Na verdade, o Carandiru fora construído para abrigar um número de detentos muito menor. Acontece que através do tempo a demanda de vagas se foi acumulando e todos os governos optaram por inflar a capacidade, em vez de construir novas cadeias. A situação acabou se tornando insuportável. A rebelião de 2 de outubro de 1992 foi, assim, uma tragédia anunciada e a data escolhida coincidiu com a véspera de eleições municipais.

É difícil apurar as responsabilidades, uma vez que o julgamento ainda está em curso. A acusação vale-se do termo "massacre" e atribui todas as culpas aos policiais. Por outro lado, quem conhece ou conheceu policiais envolvidos na operação ouve deles que a situação era incontornável. Existem relatos de que muitos detentos armaram lanças em cujas pontas havia sangue contaminado com o vírus HIV.

De qualquer forma, não há o que justifique tamanha quantidade de mortos. Muitas das vítimas foram mortas em "posição de execução". Outras teriam sido massacradas depois de se haverem rendido.

Entre a população as opiniões se dividem, com semelhantes graus de intensidade. Há quem considere massacres desse quilate inadmissíveis, como há também quem tenha apoiado o comandante da Rota naquela ocasião, coronel Ubiratan Guimarães - que, aliás, foi eleito deputado estadual por duas vezes.

E você, prezado leitor, qual é a sua opinião?

Baloeiros - CLÓVIS PANZARINI

O ESTADÃO - 19/04

O estudo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) Avaliação da estrutura e do desempenho do sistema tributário brasileiro, de autoria do especialista em finanças públicas José Roberto Afonso, aponta a "péssima qualidade da tributação sobre o mercado doméstico de bens e serviços, (...) como tal a oneração de exportações e investimentos produtivos, o viés pró-importação, a enorme complexidade, o maior custo de compliance no mundo, a incidência desigual sobre contribuintes iguais, a regressividade, dentre tantas outras distorções". Essas mazelas do sistema têm efeito mortal sobre a competitividade do setor produtivo brasileiro, já tão ofendida pela infraestrutura degradada, problemas cambiais, juros, etc. Nessa linha, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), em estudo recente, também mostra que "o custo da burocracia para pagar tributos representa 2,6% dos preços industriais, considerada toda a cadeia a montante".

Essa complexidade tributária aumenta a cada dia com a imposição de novas obrigações acessórias que vão tornando insuportável o custo de conformação. A conta é sempre espetada na competitividade da economia brasileira. Recente pot-pourri de normas tributárias, editadas com objetivos de inquestionável nobreza, cria novas obrigações acessórias de aplicabilidade custosa, se não impossível. Dentre elas se destaca a Lei n.º 12.741/2012, que obriga comerciantes e prestadores de serviços a explicitarem nos documentos fiscais o "valor aproximado correspondente à totalidade dos tributos federais, estaduais e municipais, cuja incidência influi na formação dos respectivos preços de venda".

Essa festejada lei tem o nobre objetivo de tornar transparente ao consumidor o montante de impostos que oneram as mercadorias e serviços. Todavia, dada a complexidade do nosso sistema tributário, a exigência de explicitação no cupom fiscal de toda a carga indireta, tributo a tributo (inclusive as contribuições previdenciárias do empregado e do empregador), implicará enormes custos burocráticos adicionais ao contribuinte. A exigência é tão descabida que o legislador autoriza o comprimento da obrigação - sujeita à sanção pelo Fisco - "de forma aproximada". Cômico. Essa obrigação deve viger a partir do próximo mês de junho, se não for prorrogada por ser inexequível - tantas são suas nuances surrealistas.

Outra norma, com o nobilíssimo objetivo de coibir o trabalho análogo ao escravo - a lei paulista n.º 14.946/2013 -, prevê a cassação "da eficácia da inscrição no cadastro de contribuintes do ICMS dos estabelecimentos que comercializarem produtos em cuja fabricação tenha havido, em qualquer de suas etapas de industrialização, condutas que configurem redução de pessoa a condição análoga à de escravo". O objetivo é nobre, mas os detalhes - sempre eles - trazem estupefação aos afeitos com administração tributária. É claro que o empresário - industrial ou comerciante - que avilta as relações de trabalho deve ser duramente punido, mas não se pode impor a todos os contribuintes a obrigação de fiscalizar as relações trabalhistas praticadas ao longo de toda a cadeia produtiva das mercadorias que vende. Um comerciante paulista poderá ter cassada sua inscrição no cadastro do ICMS caso se descubra que, na produção do alumínio usado na panela que tem na prateleira, foi utilizada bauxita em cuja mina no Estado do Pará tenha havido conduta que configure trabalho análogo ao escravo. Esquisito, mas é o que afirma a lei...

Também se festejou a edição da Resolução do Senado n.º 13/2012, que, com o nobre propósito de acabar com a abjeta guerra dos portos, obriga todos os contribuintes a explicitarem no documento fiscal o conteúdo de importação em toda a cadeia produtiva, ou seja, o porcentual de "contaminação" por insumos importados no preço da mercadoria que comercializa. Afora aqueles que mantêm sofisticado sistema de apuração de custo industrial, a grande maioria dos contribuintes não tem como cumprir a obrigação.

Nesses três exemplos o contribuinte é responsabilizado por informação ou comportamento de terceiros, dos quais nem sequer tem conhecimento da existência. Os legisladores tributários brasileiros lembram os baloeiros: fazem festa quando o balão sobe e os estragos (a terceiros) aparecem no dia seguinte.

Uma resposta democrática ao golpe do governo - ROBERTO FREIRE

BRASIL ECONÔMICO - 19/04

Ao invés de trabalhar para destravar o pífio crescimento econômico do país, combater a inflação, enfrentar os gargalos de nossa infraestrutura ou recuperar a combalida indústria nacional, o governo do PT tem se esmerado em afrontar as instituições. Após os sucessivos ataques de representantes do governismo à imprensa independente, à Procuradoria Geral da República e até mesmo ao Supremo Tribunal Federal, instância máxima do Poder Judiciário, o alvo neste momento é a oposição e, por tabela, o equilíbrio do jogo democrático. Liderados por PT e PMDB, os dois maiores partidos da base aliada, e contando com a chancela do Palácio do Planalto, os governistas fizeram de tudo para aprovar no Congresso Nacional um Projeto de Lei que restringe o acesso de novas legendas aos recursos distribuídos pelo Fundo Partidário e ao tempo de propaganda eleitoral no rádio e na televisão.

Além de uma clara tentativa de violar a Constituição, que assegura a todos os cidadãos brasileiros o direito de livre associação partidária, trata-se de um golpe inaceitável na democracia. Na prática, o intuito do governo em mudar as regras eleitorais a pouco mais de um ano da sucessão presidencial é inviabilizar a existência de novos partidos que fortaleçam o campo oposicionista e ameacem o projeto de poder do PT. São os casos da Rede Sustentabilidade, legenda que a ex-ministra Marina Silva pretende criar, do Solidariedade, idealizado pelo deputado Paulo Pereira da Silva, e da Mobilização Democrática, agremiação resultante da fusão entre o PPS e o PMN.

Como resposta à tentativa de golpe urdida pelo Planalto, PPS e PMN decidiram antecipar a união que vinha sendo discutida há alguns anos e somar forças para dar origem a uma nova legenda, ainda submetida à legislação atual, pois criada antes da aprovação do famigerado Projeto de Lei. Desde sua fundação, em 1992, oriundo do Partido Comunista Brasileiro, o PPS planejava constituir uma nova formação política no campo da esquerda democrática. Com a fusão, abre-se uma janela para que representantes de outros partidos, alguns dos quais integrantes da própria base do governo, migrem para a nova legenda e façam parte deste movimento de afirmação da democracia que se opõe ao modelo petista.

O mais estarrecedor é que os mesmos governistas que tentam impedir o surgimento de partidos de oposição receberam com entusiasmo, há alguns meses, a criação do PSD de Gilberto Kassab, hoje aliado da presidente Dilma. Fundado para aderir às hostes do governo e enfraquecer legendas oposicionistas, o PSD pôde se movimentar com tranquilidade para cumprir os trâmites legais previstos na legislação eleitoral e não foi incomodado pelo PT ou pelo Planalto em nenhum momento. Agora, o comportamento é rigorosamente antagônico, tendo mudado ao sabor dos interesses de ocasião e à margem dos verdadeiros anseios da sociedade brasileira. Não é extrapolando suas funções ou interferindo no Parlamento, muito menos com tentativas de acuar seus adversários, que a presidente da República e seu partido lograrão êxito eleitoral em 2014. Este é o momento de reafirmar que a democracia sempre prevalecerá, de forma soberana, ao casuísmo golpista defendido pelo PT.


O apoio de Dilma a Maduro - EDITORIAL O ESTADÃO

O Estado de S.Paulo - 19/04

Quando estiver hoje na Venezuela para prestigiar a posse do presidente eleito Nicolás Maduro, a presidente Dilma Rousseff estará dando apoio formal, pretensamente em nome de todos os brasileiros, a um governo cuja legitimidade é, no mínimo, controversa.

O modelo de democracia que subsiste na Venezuela à custa de sucessivas vitórias eleitorais perdeu o viço com o "empate" do último pleito, expondo, sem mentiras e meias palavras, o caráter autoritário da "revolução bolivariana". Não há mais uma figura carismática como a de Hugo Chávez, nem mesmo na forma de um passarinho, capaz de fazer os venezuelanos acreditarem que o país em que vivem, com toda a sua violência, corrupção e carestia, é o paraíso socialista na Terra. Restaram apenas os medíocres lugar-tenentes do falecido caudilho, que só se garantem no poder graças ao aparelhamento governista de todas as instituições da república, uma máquina ubíqua montada para intimidar qualquer forma de oposição.

É por isso que, a despeito das justificadas desconfianças oposicionistas sobre a lisura da eleição de Maduro, o herdeiro de Chávez assume o poder sem que se lhe oponha qualquer resistência jurídica. Quando a presidente do Supremo Tribunal de Justiça, Luisa Morales, acusa o candidato derrotado Henrique Capriles de "enganar" os venezuelanos, por exercer seu direito de pedir a recontagem dos votos, é porque não há mais uma verdadeira democracia - se é que, sob o chavismo, algum dia houve.

No Conselho Nacional Eleitoral (CNE), a farsa foi completa. Em tempo recorde, proclamou-se Maduro vencedor, mesmo com a reticência do único de seus integrantes que não é chavista, Vicente Díaz, que defendera a recontagem. É esse mesmo CNE que não apurou nenhuma das denúncias sobre o uso ilegal, à luz do dia, da estrutura do Estado para favorecer o candidato oficialista; que não se incomodou com a exposição permanente desse mesmo candidato em todas as emissoras de TV, fazendo campanha explícita inclusive no período em que isso era expressamente ilegal, num favorecimento flagrante; e que não investigou as centenas de denúncias de intimidação de eleitores, de urnas fraudadas e de propaganda governista ilegal.

Como Dilma deveria saber, democracia não se torna autêntica apenas pelo ato de depositar um voto numa urna. Os chavistas, cada vez que se expõe o autoritarismo de seu governo, enfileiram como argumentos para provar seu caráter democrático as tantas eleições que Chávez venceu, cuja lisura foi atestada por observadores internacionais. Como toda malandragem retórica, esta ignora o fato de que eleições são apenas um dos instrumentos da democracia, que só funciona se houver instituições sólidas e independentes e estiverem garantidas a liberdade de expressão e a alternância no poder. Nada disso há na Venezuela, como acaba de provar o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, que mandou destituir os oposicionistas das comissões parlamentares. "Deputado opositor que não reconhecer Nicolás Maduro presidente não será reconhecido pela Assembleia Nacional", anunciou Cabello, mui democraticamente.

Diante dos mortos em confrontos de rua e das incertezas sobre os resultados da eleição, diversos países adiaram o reconhecimento da vitória de Maduro. Para os EUA e a União Europeia, a recontagem pedida por Capriles seria importante para conferir ao eleito a legitimidade que está sob suspeição. Mas o governo de Dilma, alinhado a bolivarianos de carteirinha como Argentina, Bolívia e Equador, tratou rapidamente de endossar Maduro e, por tabela, criar um clima de confronto com os EUA - que Maduro tratará de explorar ao máximo, para ganhar legitimidade no grito.

Ao manifestar apoio integral a Maduro, o ex-presidente Lula, chefe de Dilma, escancarou essa estratégia: "De vez em quando, os americanos se dedicam a pôr em dúvida a eleição alheia. Deveriam se preocupar consigo mesmos e deixar que nós elejamos o nosso destino". O problema é que, na Venezuela, esse "nós" não inclui a oposição.

Os economistas que disputam 2014 - MARIA CRISTINA FERNANDES

VALOR ECONÔMICO - 19/04
Aécio Neves e Eduardo Campos formaram-se em economia na década da hiperinflação.
Aécio entrou para o curso de Economia da Pontifícia Universidade Católica do Rio aos 19 anos. Transferiu-o para a PUC de Minas onde se formaria em 1984, aos 24 anos.

Eduardo Campos entrou para o curso de economia da Universidade Federal de Pernambuco em 1982, aos 16 anos e se formaria quatro anos depois.

Aécio dividiu-se entre a faculdade e o governo do avô, eleito em Minas em 1982.

No último ano do curso, Campos presidiu o Diretório Acadêmico da Faculdade de Economia. O brasilianista Werner Baer percorria escolas brasileiras e oferecia bolsas de pós-graduação na Universidade de Illinois. Tentado, Eduardo optaria por ficar em Pernambuco para assessorar o avô.

Tivesse aceito, seria colega de outro economista brasileiro formado naquela atribulada década de 1980, Alexandre Tombini. Depois de concluir economia na Universidade de Brasília em 1984, Tombini foi levado por Baer no ano seguinte para Illinois de onde sairia PhD.

Quando os três economistas da mesma geração deixavam a universidade, Dilma Rousseff, outra economista, assumia a Secretaria de Finanças da Prefeitura de Porto Alegre.

Daquela atribulada década de 1980 até hoje, dois momentos passaram à história como aqueles em que o adiamento de medidas econômicas pelo calendário eleitoral mais impacto tiveram sobre a política e a economia.

Os três economistas que devem se encontrar em 2014 assistiram àqueles momentos em postos distintos.

A história é conhecida. Em 1986 José Sarney via o Plano Cruzado vazar por todos os lados com o fracasso do congelamento.

Seis dias depois da eleição que deu ao PMDB de Sarney 22 dos 23 governos estaduais e mais da metade das cadeiras da Câmara dos Deputados, veio o Plano Cruzado II, que liberou a inflação represada e afundou os anos finais do sarneísmo.

Aécio foi um dos 260 deputados eleitos na esteira do Plano Cruzado. No meio do mandato constituinte entraria como fundador no partido que até hoje tem no combate à inflação seu mais importante ativo eleitoral.

A mesma eleição levaria Miguel Arraes de volta ao governo do Estado e, com ele, o neto se tornaria chefe de gabinete. A crise aberta com o fracasso do Plano Cruzado faria sangrar o PMDB. Arraes deixaria o partido em direção ao PSB levando o neto.

O fracasso do Plano Cruzado II também precipitaria a candidatura de Leonel Brizola à Presidência na qual Dilma se engajaria, aproximando-se dos petistas gaúchos no segundo turno com o apoio a Luiz Inácio Lula da Silva.

Doze anos e muitos planos depois o Brasil mais uma vez via coincidirem calendário eleitoral e a premência de medidas econômicas impopulares.

Fernando Henrique Cardoso disputou a reeleição em 1998 com sinais evidentes de deterioração do Real. Seus efeitos só chegariam à população dois meses depois da reeleição quando o governo se decidiu pela desvalorização da moeda.

Naquele ano Aécio seria reeleito à Câmara dos Deputados com a maior votação nominal do país e, neste mandato, chegaria à Presidência da Casa.

Em 1998, depois de passar quatro anos em oposição a FHC e enfrentar o desgaste da operação capitaneada pelo neto na emissão de precatórios judiciais, Arraes perderia a reeleição.

Naquela eleição o PT conquistaria o governo gaúcho e convidaria a então doutoranda em economia na Unicamp, Dilma Rousseff, para a secretaria de Minas e Energia, cargo que exercia ao conhecer Lula.


Um economista que gere uma das maiores carteiras de investimento do país e não frequenta a Casa das Garças diz que desde a chegada do PT ao poder este é o momento que mais se assemelha àqueles vividos em 1986 e 1998.

Não vê como o que chama de desalinhamento de juros, câmbio e salários possa chegar até o fim deste governo sem cobrar um preço exageradamente alto em 2015.

Desta vez, a encruzilhada de calendário eleitoral e política monetária atingem mais definitivamente Aécio e Campos. Os dois contendores de Dilma distinguiram-se em suas reações ao Copom.

Talvez protegido pelo colchão de segurança de seu partido no mercado, Aécio classificou de 'lamentável' os 0,25% do Copom, associando a alta à falta de compromisso da presidente com os pilares da economia estabelecidos no governo tucano.

Um economista foi contratado para encontrar-se semanalmente com Aécio. Ainda não se conhecem suas ideias de política econômica mas sabe-se que, no governo, o senador mineiro seria mais próximo dos pais do Real do que o candidato tucano que o antecedeu, José Serra.

Campos não goza das mesmas referências de seu provável adversário de 2014. Os encontros já havidos entre o governador e economistas da Casa das Garças foram negados por estes últimos.

Talvez por isso precise ser mais claro sobre o que pensa.

Depois de tergiversar nos últimos tempos sobre o tema, o governador deu uma sinalização que não o distancia da atual condução ao dizer que um aumento na taxa básica de juros não seria um desastre.

"A política monetária tem que funcionar na direção de preservar uma conquista brasileira, que foi a contenção da inflação". A frase é de Campos, mas poderia ser de Dilma.

Se a política monetária for capaz de segurar a inflação, a presidente ganha tempo para não colocar a questão fiscal em jogo. Daqui até a eleição de 2014 a curiosidade dos investidores em saber onde e como os gastos públicos serão cortados aumentará tanto quanto a disposição dos postulantes em não se pronunciar sobre o tema.

Se o Copom continuar nessa toada os extraordinários 96,5% de reajustes salariais acima da inflação em 2012 (Dieese) podem não se repetir este ano.

Mais difícil é conter a pressão de gastos públicos atrelados ao salário mínimo.

O contrato social em vigor prevê carga tributária elevada para financiar a expansão do consumo e dos investimentos, mas apenas o primeiro quesito foi alcançado. Não se espere que os candidatos economistas respondam se será possível fazê-lo sem revogar a lei que indexa o salário mínimo.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

FOLHA DE SP - 19/04

Vendas de asfalto registram o pior desempenho desde 2011
As vendas de asfalto no país no primeiro trimestre deste ano foram as piores desde 2011, segundo um levantamento do Sindicato da Indústria da Construção Pesada de São Paulo (Sinicesp).

Nos três primeiros meses de 2013, a indústria comercializou pouco mais de 464 mil toneladas do pavimento em todo o país. No ano anterior, foram 567 mil toneladas e, em 2011, pouco mais de 501 mil toneladas no 1º trimestre.

O responsável pela queda na comparação com os anos anteriores foi o mau tempo, segundo João Leopoldino Neto, da entidade.

"O excesso de chuva foi acima do normal e atrapalhou o andamento de diversas obras. Normalmente é uma questão prevista em todo começo de ano, mas neste foi maior do que esperávamos", afirma João Leopoldino do Sinicesp.

A brita, outro produto muito utilizado na construção pesada e presente na maioria das obras rodoviárias e de infraestrutura, também apresentou números inferiores aos do ano passado, conforme o sindicato.

Foram comercializados pouco mais de 7,6 milhões de toneladas nos três meses iniciais deste ano ante os 8 milhões de toneladas de 2012.

A tendência é que o setor comece sua recuperação já no próximo mês, segundo Leopoldino.

"O mercado deverá crescer 10% neste ano com as licitações para as obras nas estradas do Estado de São Paulo. O governo já anunciou R$ 1 bilhão neste mês e outros R$ 2 bilhões serão anunciados nos próximos meses."

Abrelpe e MP vão coletar e reciclar lixo eletrônico
A Abrelpe (associação das empresas de limpeza pública) e o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) firmaram uma parceria para a coleta e a reciclagem de materiais eletroeletrônicos na capital.

Quatro unidades do MP-SP serão pontos permanentes de descarte de televisores, aparelhos de som, celulares, entre outros produtos, a partir da próxima segunda-feira.

"A sede do MP, no centro, e a sua escola superior, na Bela Vista, serão os dois locais iniciais de coleta. O restante definiremos até o fim deste mês", diz Carlos Silva Filho, diretor-executivo da Abrelpe.

Cerca de 8 toneladas de materiais devem ser coletados em cada local na primeira semana da iniciativa.

O acordo prevê que, até o fim de 2013, unidades do MP-SP em todo o Estado também receberão o descarte.

A BORDO
Pouca conhecida no país até 2010, mesmo entre os acostumados a viagens luxuosas, a Ocean Cruises viu o número de passageiros brasileiros embarcados em seus cruzeiros crescer 133% no ano passado ante 2011.

"Neste ano, até a metade deste mês de abril, o aumento já foi de 35%", afirma Christian Sierralta, vice-presidente internacional da Regent Sea Cruises (empresa americana à qual a Oceania Cruises pertence).

"E temos observado o incremento de demanda no Nordeste", acrescenta.

Um dia a bordo de um navio da companhia, que tem lustres de Murano e decoração da Ralph Lauren, custa, em média, US$ 350.

Para receber mais brasileiros a companhia contratou tripulantes que falam português. Levou um ano para traduzir avisos e os cardápios de dez restaurantes.

"O brasileiro gosta de estilo, boas refeições e destaque. Ele gosta de voltar e dizer que esteve lá", de acordo com Sierralta.

Para quem quiser mais exclusividade, há os navios "mais discretos" da Regent, cujos roteiros podem custar até US$ 2.500 por dia.

Trabalho em equipe Para Khoi Tu, autor de "Supertimes", lançado pela Portfolio-Penguin, o sucesso de empresas, artistas e organizações não depende, exclusivamente, de talento individual. No livro, ele aponta que sobrevivência ou fracasso, seja em uma empresa ou em uma ONG, é fruto da qualidade do trabalho em equipe.

BRINCADEIRA PRÉ-ESCOLAR
As vendas de produtos para crianças de até quatro anos aumentaram 30% em 2012 ante 2011 na Brinquedos Estrela. O crescimento médio do mercado foi de 27%, segundo dados da Abrinq (associação do setor).

A categoria responde por 7% da receita da Estrela. Jogos e bonecas representam 30% cada um.

Nos últimos três anos, a Fisher-Price, divisão de brinquedos para primeira infância da Mattel, tem crescido 20% ao ano no Brasil. "A Fisher é o foco da Mattel", diz Thais Nicolau, da área de pré-escolares da empresa.

CORRIDA DA ENERGIA
A África do Sul é o país onde mais cresce o investimento em energias renováveis. Ele cresceu 226% entre 2007 e 2012 e teve alta de 20.563% em 2012 ante o ano anterior.

Os dados são do estudo "Quem está ganhando a corrida da energia limpa?", feito pela Pew Charitable Trusts, organização de pesquisa.

Houve aporte de US$ 5,5 bilhões no setor no país africano em 2012. A nação estava em 20º lugar nos investimentos totais em 2011 e agora se posiciona em nono entre todos os países.

O Brasil vem logo abaixo (décimo) em total de investimentos, US$ 5,3 bilhões, e está na mesma posição que no ano de 2011.

A China lidera nas aplicações em energia renovável com US$ 65,1 bilhões.

FORA DE CASA
A CI, empresa de intercâmbio, teve crescimento de 21% no faturamento do 1º trimestre de 2013 ante igual período do ano passado. A companhia tem 70 lojas em todo o país e faturou R$ 220 milhões em 2012, segundo a CI.

A alta foi puxada pelo aumento das vendas de planos de graduação no exterior (300%), cursos de idiomas e de programas high school' (46%), e intercâmbio teen' (23%). A expectativa da empresa é chegar a 25% de crescimento em 2013.

A IE tem 40 lojas no Brasil e registrou crescimento, em média, de 30% nas vendas dos programas high school', teen' e de graduação.

FLÁVIA OLIVEIRA - NEGÓCIOS & CIA

O GLOBO - 19/04

SAI LEI DE RENOVAÇÃO DA FROTA DE CAMINHÕES DO RIO
Estado dará isenção de ICMS a indivíduos e empresas que trocarem usados com mais de 20 anos por modelos novos

AAlerj aprovou anteontem a lei de incentivo à renovação da frota de caminhões em circulação no estado. O pacote entra em vigor nos próximos dias, após ser sancionado pelo governador Sérgio Cabral e publicado no Diário Oficial. A intenção do programa, diz Julio Bueno, secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, é reduzir a idade média da frota de 17 para, no máximo,12 anos até 2017. A média nacional, hoje, é de 16 anos e meio. A lei vale por cinco anos, prorrogáveis por igual período. Há benefícios para caminhoneiros e donos de frotas. Os indivíduos terão isenção de ICMS na compra de um caminhão novo, se transformarem em sucata o veículo com mais de 20 anos de uso. Os frotistas, além de não pagarem o imposto na troca, vão manter o benefício que já tinham. Terão crédito tributário para abater das mercadorias que transportam. O Rio cobra ICMS de 12% em caminhões. Os veículos antigos serão avaliados pela tabela Fipe. Há um coeficiente de conversão de preços dos caminhões usados e novos. Se o velho valer R$ 10 mil, o novo não pode passar de R$ 85 mil. As siderúrgicas Votorantim e Gerdau vão comprar os caminhões e usá-los como sucata.

Bem cotada
A Andrade Gutierrez ganhou nota brAA/BBB- da agência Fitch. A construtora foi grau de investimento no 1º rating.

Quem vai
A Rio Negócios enviará três executivos em road show pelos EUA, semana que vem. Buscam investidores em tecnologia, resseguros e óleo e gás. Já têm 40 reuniões.

Campinas
A Ecolab, de tecnologia e serviços de água, inaugura laboratório de petróleo e gás em Campinas, em junho. Investiu US$ 2 milhões. Nos EUA, pagou US$ 2,3 bi pela Champion Technologies.

100 CAMINHÕES CONTRATADOS 
O Sindicargas já se comprometeu a comprar cem caminhões da MAN, fábrica de Resende, com base na nova lei. Fez acordo com as secretarias de Desenvolvimento Econômico e de Transportes.

Vai caber
A Secretaria de Aviação Civil estima que 46.800 passageiros circularão por Galeão e Santos Dumont no 30 de junho, final da Copa das Confederações. O número está longe do recorde dos terminais cariocas. Entre o Natal e o réveillon de 2012, 75,2 mil pessoas passaram, por dia, pelos dois aeroportos.

Extravio
A taxa de malas extraviadas por mil passageiros caiu de 8,99 para 8,83 entre 2011 e 2012. Foi redução de 1,78% em um ano. Os números estão em relatório da Sita, de soluções de TI para transporte aéreo. No ano passado, mais de 26 milhões de malas foram perdidas em todo o mundo.

EM COPA
A Luidgi Specciale, de moda masculina, abre hoje a 11ª loja da rede, em Copacabana. Investimento de R$1,2 milhão. No mesmo dia, a grife lança a coleção “Urban collection”. P ator Luciano Szafir estrela a campanha, com fotos de Faya. A marca prevê alta de 15% nas vendas sobre a coleção de 2012. Circulará em impressos e internet. A Dpi Marketing assina.

INDÍGENA
A designer Julia Vidal lança hoje, Dia do Índio, a coleção “Tribos do Brasil”. É inspirada nas tribos Guarani, Tupinambá e Asurini. Terá mantos e acessórios confeccionados em parceria com as cooperativas Fiz de Contas e Retalhos e Bordados. A campanha circulará na web. Leandro Martins fez as fotos. A marca espera alta de 20% nas vendas. 

SENSUAL
A Duloren, de roupa íntima feminina, apresenta amanhã campanha da nova coleção. Traz a modelo Veridiana Freitas, fotografada por Márcio Freitas. Será veiculada em mídia impressa e nas redes sociais, além de mais de 22 mil pontos de vendas em todo o país. AX-Tudo Comunicação Completa assina. A marca espera alta 30% nas vendas.

CARRO COM PLATEIA
A Kia Motors estreia hoje a campanha do Cerato Flex, em TVs aberta e fechada. A Moma Propaganda criou, e a Fantástica Filmes produziu. No anúncio, o carro ganha fãs por onde passa. Tem até torcida organizada em arquibancada. Haverá peças para mídia impressa e web.

Que beleza 1
O Belcorp, peruano de venda direta de cosméticos, lança o perfume masculino 1200°C Infinite, na semana que vem. No Brasil há um ano, o grupo planeja gerar R$ 400 milhões em negócios no país, até 2015. Este ano, serão
US$ 2 bilhões no mundo.

Que beleza 2
Dermage, Beleza Natural e Granado protagonizam rodada de negócios do Compra Rio, em 7 de maio. O trio deve encomendar R$ 100 milhões em produtos e serviços durante o ano. As demandas vão de uniformes e material de escritório a equipamentos industriais.

Agora vai
Pesquisa da Robert Half mostra que 93% dos CFOs brasileiros confiam no crescimento da economia nacional nos próximos 12 meses. Eram 91% no início de 2012; no 2º semestre, 87%. Agora, perdem em otimismo só para chineses e chilenos. A consultoria ouviu 2.525 profissionais de 17 países.

Livre Mercado
A Bradesco Seguros volta a patrocinara Bienal do Livro este ano. CCR e Petrobras também apoiarão. Juntas, vão investir R$ 2,1 milhões. A feira começa em 29 de agosto, no Riocentro.

A Beneteau lança o Monte Carlo 5, no Rio Boat Show, semana que vem. O barco custa R$ 3 milhões. A empresa prevê alta de vendas de 30% sobre a edição 2012.

Já a Kaneca lança prancha de stand up paddle revestida de bambu. Investiu US$ 50 mil.

A TIM estende à Zona Sul do Rio (Botafogo, Humaitá e Urca) o serviço de banda larga fixa com fibra ótica. O Live TIM já está em áreas da Zona Norte e da Barra.

A Oi TV incluiu mais dois canais ao pacote HD (GloboNews e Sportv2). Em um ano, o plano mínimo saiu de 11 para 17 canais.
A Santa Sofia, de revestimentos, abriu loja no Casa & Gourmet Shopping. Investiu R$ 500 mil.

A rede Doggis, de hot dog, lança promoção Rango Box. Prevê alta de 10% nas receitas do almoço.

Na mesma moeda - VERA MAGALHÃES - PAINEL

FOLHA DE SP - 19/04

Após cobrar a saída de mensaleiros da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, deputados do PSC estudam pedir sua cassação imediata. O alvo é o PT, que defende a renúncia de Marco Feliciano ao comando da Comissão de Direitos Humanos. Eles esperam o acórdão do STF (Supremo Tribunal Federal), que sai hoje, para pedir que José Genoino (SP) e João Paulo Cunha (SP) percam o mandato já na fase de embargos. O líder André Moura (SE) diz que a ação não tem seu aval.

Déjà vu Quem acompanha a novela da substituição de Ayres Britto no STF, que se arrasta há cinco meses, compara o processo à escolha de Ricardo Lewandowski, em 2006. Assim como hoje, houve muitos pleitos para a vaga.

Repescagem Na época, Lula recebeu Luiz Fachin, hoje de novo cotado para a corte, mas não gostou dele. Advogados dizem que o jurista do Paraná esteve com Dilma Rousseff na semana passada.

Ato secreto Questionada sobre a reunião com Fachin, a Secom (Secretaria de Comunicação) disse que não pode confirmar compromissos da presidente fora da agenda oficial, mesmo os que ocorrem no Palácio do Planalto.

Passivo Em conversa com Dilma nesta semana, o novo presidente do PP, Ciro Nogueira (PI), reclamou que a sigla perdeu postos na Petrobras e que o Ministério das Cidades é comandado de fato pela secretária de Habitação, Inês Magalhães, ligada ao PT.

Calma Segundo relatos de parlamentares, a presidente disse que pode atender o PP quando Eduardo Campos deixar os cargos ocupados pelo PSB na Esplanada: a pasta de Integração Nacional e a secretaria dos Portos.

Holofote Campos será o único presidenciável no Fórum Empresarial, encontro anual de políticos e empresários que João Doria Jr. promove em Comandatuba (BA). Aécio Neves recusou convite.

Sonháticos 1 Advogados da Rede estudam se vale a pena recorrer à Justiça contra o projeto que restringe acesso de novas siglas ao fundo partidário e ao tempo de TV.

Sonháticos 2 Os aliados de Marina Silva argumentam que o STF dificilmente entrará no mérito de questão de cunho eleitoral recém-deliberada pelo Legislativo. "Não vamos ingressar com ação temerária só para criar fato político", diz André Lima, consultor jurídico da legenda.

On-line José Serra reativou o serviço de newsletter de seu site e passou a distribuir ontem resumo da palestra que fez na semana passada em Brasília. O texto, entitulado "União pela democracia", convoca mutirão de forças políticas para impedir a reeleição de Dilma em 2014.

Outro lado Os advogado Alberto Toron e Celso Vilardi negam que a proximidade com o PT os tenha levado a assumir a defesa de empresas na Operação Fratelli. "Fui contratado pela minha atuação na região'', diz Toron.

Troca da guarda O PPS afastou Soninha Francine do núcleo decisório depois da fusão com o PMN. Davi Zaia, secretário estadual de Gestão Pública, e os deputados Arnaldo Jardim, federal, e Alex Manente, estadual, tomaram as rédeas do Mobilização Democrática em São Paulo.

Barba e cabelo Depois de instalar seu assessor Milton Flávio na presidência do PSDB paulistano, o secretário José Aníbal (Energia) se empenha para manter Pedro Tobias no comando estadual.

Casa nova O ex-secretário municipal de Esporte de São Paulo Bebeto Haddad, que rompeu com o PMDB na eleição municipal, assina hoje a ficha de filiação ao PTB.

com FÁBIO ZAMBELI e ANDRÉIA SADI

tiroteio
"Dez Estados brasileiros com epidemia de dengue e o ministro Padilha tira o dia para fazer política em São Paulo. É o fim da picada."
DO DEPUTADO ESTADUAL CAUÊ MACRIS, sobre a conferência do ministro da Saúde ontem à tarde na Assembleia Legislativa de São Paulo.

contraponto


Dia do Índio


Minutos depois da invasão do plenário da Câmara por índios de diversas etnias, na terça-feira, o deputado Marco Feliciano, presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias, foi visto no extremo oposto do plenário, subindo as escadas às pressas em direção à Mesa Diretora, fugindo do tumulto.

Questionado se conversara com os índios, minoria que ele próprio disse considerar prioritária quando foi questionado por militantes gays, desconversou:

--Índio é assunto só amanhã. Só amanhã...

No dia seguinte, de fato, a comissão recebeu os índios.

Aposta governista - ILIMAR FRANCO

O GLOBO - 19/04

Aliados do governador Eduardo Campos (PSB-PE) estão preocupados com o tom de suas críticas ao governo Dilma. Um deles cita pesquisa recente, em Pernambuco, onde Eduardo teria apenas 12 pontos percentuais à frente de Dilma. Reunidos anteontem, PT e PMDB concluíram que a candidatura Eduardo Campos não vai decolar.

PPS: "A história se repete..."

O projeto do presidente do PPS, deputado Roberto Freire (SP), desde que o PCB fechou suas portas, em 1991, é o de construir um grande partido democrático de esquerda no país. A candidatura de Ciro Gomes, em 2002, a criação do partido da Mobilização Democrática, com a fusão com o PMN, e a tentativa de aglutinar o PSB e José Serra fazem parte desse processo. O modelo que está sendo seguido é o do Partido Comunista Mexicano, que liquidado por seu líder, Arnoldo Verdugo, em 1981, passou por sucessivas fusões, e revisões programáticas, até virar o Partido da Revolução Democrática (PRD), que fez 32,4% dos votos nas eleições mexicanas de 2012.

"Na maioria dos estados, o PMDB e o PT vão se compor. Em dois terá duplo palanque: RS e SP. Temos que acertar quatro casos: SC, RJ, MS e BA"
Valdir Raupp 
Presidente do PMDB, em exercício, e senador (RO)

UPPs tipo exportação

O funcionamento das UPPs despertou o interesse do governo Evo Morales (Bolívia). Por isso, o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) está organizando com o governo do Rio a visita de 20 autoridades bolivianas aos morros cariocas.

O dono da bola

A Cúria Metropolitana do Rio está avaliando a realização de uma partida amistosa de futebol durante a vinda do Papa Francisco para a Jornada Mundial da Juventude. O jogo seria realizado no Maracanã e a ideia é trazer ao Brasil o time do coração do Papa, o San Lorenzo de Almagro, para uma partida contra um dos times cariocas.

Beija-mão

A lista de autoridades de Norte a Sul do país que pede uma audiência com o Papa Francisco é de assombrar. São centenas, do baixo ao alto escalão. Para atender a demanda, foi sugerida uma missa especial para os VIPs na Igreja da Candelária.

Pressionando a Petrobras

A bancada federal do Rio Grande do Norte, liderada pelo presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB), esteve ontem com a presidente da Petrobras, Graça Foster. A governadora Rosalba Ciarlini e a prefeitura de Mossoró, Cláudia Regina, integravam a comitiva que foi protestar contra o desemprego provocado pela suspensão de dois empreendimentos no estado.

Garoto propaganda

O ex-presidente Lula esteve em Nova York, na semana passada, a convite de André Esteves, do Banco BTG Pactual. Fez palestra para um grupo de investidores estrangeiros e brasileiros. Sustentou que é seguro apostar no Brasil.

Pente-fino

Os parlamentares vão acompanhar on-line a execução de suas emendas às obras e aos programas do Ministério da Saúde. O ministro Alexandre Padilha vai apresentar o novo programa semana que vem aos presidentes da Câmara e do Senado.

O secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, vai falar na Câmara dos Deputados, em 7 de maio, sobre o combate à corrupção policial.

Campanha pelo voto aberto - DENISE ROTHENBURG

CORREIO BRAZILIENSE - 19/04

Na internet, ela está firme e forte. Agora, tomará as ruas, na forma de um abaixo-assinado deflagrado na Câmara Legislativa do Distrito Federal, em especial, o presidente da Comissão de Constituição e Justiça, deputado Chico Leite. Dali, partiu ontem a campanha pelo fim do voto secreto não só no Congresso Nacional, mas nas 22 Assembleias Legislativas que mantêm esse biombo. E a Câmara local fala com altivez sobre esse tema porque, ali, o voto secreto foi abolido.

A ideia de acabar com o voto secreto no Congresso não é nova. Apenas volta com força por conta das últimas ações da política que só ocorreram por pressão popular. Foi por causa dessa pressão — e de reportagens do Correio Braziliense — que se chegou ao fim dos 14º e 15º salários dos parlamentares. O mesmo valeu para a Lei da Ficha Limpa.

Para completar, essa campanha deflagrada ontem vem num ótimo momento. É sabido o interesse dos deputados e senadores em fazer o que deseja a população para se aproximar do eleitor. E, para completar, estamos na entressafra dos processos de cassação, o que pode ser positivo para fazer prosperar o fim do voto secreto na nomeação de autoridades e na cassação de mandatos. Afinal, quanto menos deputados estiverem prestes a passar por um processo de cassação, menos pressão interna haverá contra a proposta.

No Congresso Nacional, hoje o voto secreto pode ser comparado a um cobertor que não protege o cidadão eleitor, mas faz valer outros interesses. Os vetos presidenciais, por exemplo. Bem lembrou ontem o senador Paulo Paim (PT-RS), no lançamento da campanha, ao dizer que muitos deputados que ajudaram a aprovar o fim do fator previdenciário, que teve votação aberta, serão capazes de votar pela manutenção do veto presidencial na votação fechada, apenas para agradar o governo. Quanto à designação de autoridades, por sua vez, fazem o inverso. Aproveitam o voto secreto para mandar um recado de insatisfação com o governo, como foi feito na indicação de Bernardo Figueiredo para a Agência Nacional de Transportes Terrestres no passado.

Alguns podem até mesmo confundir a campanha pelo fim do voto secreto com uma ação deliberada do PT para ajudar o governo federal a aprovar os nomes para as agências reguladoras. Isso porque um dos propulsores do movimento, Chico Leite, é do PT. Além disso, o partido no DF abraçou a causa com o presidente, deputado Roberto Policarpo, a líder do governo, Arlete Sampaio, e, ainda, o presidente da CLDF, deputado Wasny de Roure. Mas não é bem assim. Até porque, em breve, os petistas no Congresso Nacional terão que decidir sobre os mandatos de acusados no processo do mensalão, caso, por exemplo, de José Genoino.

Eles entraram nessa campanha porque consideram que um homem público deve prestar contas de todos os votos aos seus eleitores, ainda que esses votos sejam prejudiciais ao governo ou aos amigos que ele fez no próprio parlamento. E, sendo assim, não há motivos para ter qualquer tipo de voto secreto. Nem mesmo os vetos presidenciais. Resta saber se a campanha vai “pegar” ou se terá o mesmo fim da reforma política, que vez por outra tem um movimento aqui, outro ali, mas nada sai do papel.

Enquanto isso, no Congresso…

Fervem as relações políticas entre os partidos. A semana termina com a clara cisão entre PT e PSB. As legendas que invariavelmente votavam juntas estão em campos opostos no que se refere à medida que restringe o tempo de tevê e o Fundo Partidário. Essa proposta pode ser a gota d’água de um casamento que há meses acumula insultos mútuos nos bastidores. Está no ponto hoje que apenas dois seres podem ajudar a manter alguma ponte entre eles, o ex-presidente Lula e o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, que, embora seja ministro, ainda continua rezando pela cartilha do governador de Pernambuco, Eduardo Campos.

PT e PMDB começaram a se estranhar na Comissão Mista de Orçamento. O motivo é a disposição do presidente da Comissão, senador Lobão Filho (PMDB-MA), de designar os relatores dos projetos relacionados a créditos suplementares dos ministérios. Os petistas desejam que Lobão Filho siga um rodízio, e ele pretende designar quem está mais comprometido em fazer logo o trabalho, a fim de não deixar acumular serviço na comissão. Talvez seja apenas o começo das desavenças entre os grandes partidos. Vêm mais entreveros por aí. Mas essa é outra história.