quinta-feira, março 14, 2013

A hora da verdade - ANCELMO GOIS


O GLOBO - 14/03

Magda Chambriard reúne hoje a diretoria da ANP para decidir se distribui os royalties do petróleo deste mês pelo critério atual ou se já aplica nova distribuição que garfa recursos dos estados e cidades produtores.

Besta quadrada
O cantor Lobão ataca de novo. Va lançar em abril, pela Nova Fronteira, o livro "Manifesto do nada na Terra do Nunca ou eu sou uma besta quadrada':

Começa desancando a Semana Modernista de 1922 com suas "bandeiras da precariedade, da preguiça, da falta de caráter':

Segue...
Ele fala mal de nomes respeitados, vivos e mortos, da MPB: "Considero, com todo o respeito, o Gonzaguinha, ao lado de Edu Lobo, uma das figuras mais insuportáveis da nossa MPB:' Não escapa nada...

Para Lobão, o samba "por falta de imaginação virou língua morta, assim como a bossa-nova e o choro: Você pensa que ele livra a cara do rap e do hip hop? Nada disso. "Eles perderam o tônus, alguns começaram a ouvir Chico Buarque e caíram na repetição de clichês emburrados':

Explode coração
Em reunião com Guido Mantega, o presidente da Associação Brasileira dc Supermercados, Fernando Yamada, abriu o coração: "Gostaria que o senhor amasse a gente como ama a indústria automobilística: No que Guido respondeu: "Mas eu amo muito vocês." Não é fofo?

No mais...
De um gaiato sobre a eleição do argentino Francisco: "Em nota, o Vaticano confirma a transferência da residência papal oficial de verão dos Alpes italianos para Búzios:'

O TELÃO DO MARACA
Depois de concluir a instalação do gramado, a Secretaria estadual de Obras pôs, ontem, o primeiro de um total de quatro telões de LED, com alta definição, de 98 metros quadrados. Eles ficarão em quatro pontos do Maracanã. Já foram postos também 78 alto-falantes e 297 refletores.

Rio atacado de novo
Depois dos royalties, o Rio é vítima de outra tunga. O site especializado em turismo "The Wow" elegeu as dez cidades onde vivem as mulheres mais lindas do mundo. Nenhuma cidade do Brasil foi incluída. Em primeiro está Kiev, seguida de Estocolmo e Nova York.

Ainda bem que...
Há outros sites que, digamos assim, têm bom gosto. No ano passado, o "Ask men" fez a mesma lista. E... deu Rio na cabeça.
Diz lá na pesquisa que as cariocas são "voluptuosas" e que Ipanema "fervilha" de mulheres bonitas.

Eu apoio.
Calma, gente Cauã Reymonnd e Caio Blat foram a sensação, ontem, no Fluminense, no Rio. Os atores globais foram ao clube para fazer aula de tiro. Faz parte da preparação para um filme.

Mestre Duncan
Na turma que ganhou diploma ontem no Iuperj, o prestigiado instituto, estava Zélia Duncan. A cantora se formou em Letras.

Arte em cartaz
O artista plástico Romero Britto fez seu primeiro trabalho para o cinema. Criou este cartaz para o filme "Angie',' dirigido por
Márcio Garcia, que estreia dia 12 de abril. Nele, estão retratados Andy Garcia, o fabuloso ator de "Onze homens e um segredo, e a atriz Camilla Belle.

Chuva de perguntas
O vereador Cesar Maia pediu informações a Eduardo Paes sobre pagamento aos secretários. É para confirmar a informação de que tem secretário recebendo R$ 50 mil no contracheque, entre salário e gratificações. Esse é 68° requerimento que o ex-prefeito faz em um mês.

Preço camarada
De Agnaldo Timóteo, terça, durante show, no Teatro Sesi Centro: — Queria pedir ao Eduardo Paes para lembrar ao seu secretário de Cultura que eu ainda estou fazendo show e cobro bem mais barato do que os outros.

Mão leve
Uma senhorinha experimentava roupa na Animale, loja carésima, na Gávea, quando teve sua carteira Louis Vuitton e sua caneta Mont Blanc furtadas. A queixa está registrada na 15a DP.

Três tronos
Com a eleição de Francisco, a Argentina conquistou três tronos na Europa. Em abril, a Rainha Beatriz I deixará o trono da Holanda, abrindo caminho para a princesa Máxima Zorreguieta, a argentina casada com o príncipe Willem Alexander. O terceiro trono é de Messi, o rei do futebol.

O Louvre do Salmão - LUCAS MENDES

BBC BRASIL - 14/03

Russ and Daughters entrou no meu mundo há uns dez anos. Um vexame.

Perdi os outros noventa e a casa de iguarias judias fica a cinco minutos da minha casa. Vai fazer 100 anos em 2014. Se incluirmos os anos que o criador Joel Russ vendia arenque num carrinho, são 106 anos de peixe em família.

Quando entrei lá pela primeira vez, um desconhecido me abordou e perguntou se queria trocar de camiseta com ele: "Negativo. A minha é mais bonita do que a sua e veio de longe."

A que ele oferecia era a camiseta da sua casa de "appetizers", e o que ele fazia era "schmooze", uma expressão ídiche que qualquer novaioquino conhece. A arte do encontro na base da conversa mole.

O "schmoozer" era Mark Russ Federman, na época o dono de Russ and Daughters Appetizers. A palavra "appetizers", que ninguém sabe explicar a origem, é importante porque distinguia a casa dele de uma delicatessen, onde vendiam carnes curadas e laticínios. As Delis não eram kosher.

As "appetizers" , no bairro judeu do Lower East Side, vendiam peixes, dezenas de tipos, defumados, curados com ou sem picles. Naquele começo de século, arenque e lox, que vem do alemao lachs, salmão, eram baratíssimos e campeões de venda.

Há poucos anos, o Sunday Times de Londres elegeu Russ and Daughters o "Louvre do Lox". Objetos e receitas da casa estão na Smithsonian Society, em Washington, que conta a história americana, e o chefe dos chefes, Anthony Bourdin, garante que é a mais importante instituição dos Estados Unidos, mais do que a estátua da Liberdade e o Empire State.

A casa cabe no guichê de venda de ingressos do Louvre. São mais ou menos sessenta metros quadrados e aviso: Não vá lá sábado nem domingo na hora do almoço, nem nas vésperas de feriados judeus. Você não consegue nem entrar, e pior, nem sair.

Quando o velho Russ chegou aos Estados Unidos, o Lower East Side era o maior gueto judaico do mundo e o bairro imundo era mais densamente povoado do que qualquer outra cidade. Os italianos tambem estavam lá, mas o primeiro plano de quem chegava era sair de lá.

Os Russ saíram mas a loja ficou no mesmo endereço e está na quarta geração.

As fotos dos antecessores estão nas estantes entre as latas de caviar, dos doces, das frutas secas. Há também fotos de celebridades, que chegam em limusines, pegam um número na máquina e esperam pela chamada, indistiguíveis e esfregados pela massa.

Há dezenas de casas de comidas judias em Nova York, a segunda maior cidade judia do mundo, perde para Tel-Aviv, mas aqui ou em Israel não há nada igual a Russ and Daughters.

Martha Stewart, a primeira-dama americana de mesa e jardim, ia lá com o pai aos domingos e hoje leva a filha para aprender, como ela, os diferentes tipos de salmão, arenques e caviar.

Mark Russ Federman acaba de lançar o livro Russ and Daughters , Reflexões e Receitas sobre a CASA QUE O ARENQUE CONSTRUIU(Russ and Daughters, Reflections and Recipes from THE HOUSE THAT HERRING BUILT). Ele não foi criado para suceder o pai. O plano da família era transformá-lo num bem sucedido advogado, o primeiro diplomado dos Russ. Deu certo.

Ele fez PHD e durante nove anos foi bem sucedido na firma, mas quando o pai adoeceu a opção era vender o negócio da família ou vender peixe. Lá foi ele para trás do balcão, durante 38 anos, até 2009 quando vendeu Russ and Daugther para a filha Niki e o sobrinho Joshua, ambos diplomados em ciências humanas. Dirigem a operação que hoje vende peixe pela internet para o mundo inteiro. Niki esta sempre a vista, o pai Mark aparece com frequência e schmooza.

Atrás do balcão há uma dúzia de parentes não sanguíneos dos Russ. Quem trabalha lá é "família". São de várias partes do mundo mas, além do inglês, o espanhol é a língua forte. Quase todos também falam ou entendem ídiche, até Chhape Sherpa Pinasha que nasceu nos Himalaias, só viu eletricidade aos 20 anos quando desceu da montanha. Foi guia de montanhistas e entre seus clientes vários eram de São Paulo.

Ele é conhecido como Sherpa Lox, já mereceu perfil no New York Times, é famoso pela habilidade de cortar as fatias mais finas de salmão defumado. Entre seus clientes está o produtor de cinema Robert Evans que gosta do salmão cortado tão fino, tão fino, que só tem um lado.

Formiga não é elefante - BORIS FELDMAN

Correio Braziliense - 14/03

Fábrica de automóveis não adere ao programa de etiquetagem pois o governo "se esqueceu" de avisar que o consumo lá estampado não é o mesmo do dia a dia

Todo motorista tem curiosidade de saber o consumo de seu automóvel. Pode não ser fator determinante para quem compra um luxuoso importado, mas é fundamental para quem procura um compacto barato. Quantos quilômetros o carro faz por litro de combustível, na estrada e no trânsito urbano, eram valores sempre presentes nos manuais de cada modelo. E uma fonte de dor de cabeça para os fabricantes, pois o consumo varia de acordo com dezenas de fatores, o que leva o dono do carro a protestar quando não é o valor anunciado. Influem o "peso" do pé direito do motorista, a qualidade do combustível, a carga transportada, a regulagem do motor, a topografia da cidade, a velocidade média, a calibragem do pneu, a altitude, a umidade e muitos outros. Por isso, várias fábricas decidiram omitir esse valor para evitar até questionamento judicial por alguns motoristas.Antes de se estabelecer um padrão de aferição, cada fábrica determinava esse valor de acordo com seus próprios critérios. E aí vinha a história do carro que era testado com um motorista bem magrinho, sem estepe nem manual (para reduzir peso), pneus calibrados no máximo, (para diminuir atrito), numa estrada bem asfaltada, na beira da praia, com ventos favoráveis...

A ABNT publicou então uma norma (NBR 7024) que estipulou como aferir o consumo. É um teste de laboratório, sobre dinamômetro de rolo, que simula as acelerações, freadas e mudanças de marchas semelhantes às que se praticam no dia a dia. É claro que o resultado obtido pode se aproximar, mas não reflete os valores reais encontrados pelo dono do carro. É um referencial, ou seja, só dá para comparar o consumo entre dois modelos.O Inmetro criou então um programa de etiquetagem baseado na classificação de cada modelo em seu segmento de mercado. Entre os diversos hatches compactos, por exemplo, qual apresenta o menor consumo? E o maior? A partir dessa classificação, dependura-se uma etiqueta no vidro do carro que ainda está no showroom. Assim, o freguês tem condições de comparar quanto bebe um modelo em relação a outros do mesmo segmento. Mas o programa de etiquetagem esbarra num problema: como é voluntário, nem todas as montadoras aderiram, o que impede a comparação.

Perguntei a um diretor da GM por que ela não aderiu ao programa. "É simples" — ele respondeu. "Nossa pesquisa indicou, primeiro, que quase ninguém repara nelas, assim como nas geladeiras, onde elas também estão dependuradas mas ninguém dá pelota". E terminou com um argumento irrefutável: "Segundo, porque se repararem, será pior, pois o governo "se esqueceu" de explicar que o consumo estampado na etiqueta não é o que o motorista vai conseguir no dia a dia. Já pensou a quantidade de aborrecimento que teremos de enfrentar até provar que formiga não é elefante?"

Má fama instantânea - TUTTY VASQUES

O ESTADÃO - 14/03

Afora os 212 mil gatos pingados que o elegeram deputado federal pelo PSC-SP em 2010, a grande maioria dos brasileiros nem sequer tinha ouvido falar em Marco Feliciano antes de aderir à indignação generalizada com sua ascensão à presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados!
O pastor evangélico caiu na boca do povo da noite pro dia e, a julgar pela maneira como tem caprichado no penteado, parece satisfeito com o repentino prestígio de apóstolo do preconceito racial e da homofobia, reputação que o tem projetado no noticiário nacional.
O vídeo em que pede a senha da conta bancária de um fiel em nome de Cristo é simplesmente consagrador. O cara tem aparecido mais que o Renan Calheiros nas redes sociais!
Até a Xuxa e o Luciano Huck, que não são muito de protestar, desancaram o sujeito no Twitter! Tem gente que deixou de passear com os filhos aos domingos para sair às ruas com cartazes do gênero Pastor, vai pastar, Feliciano é o câncer, Fora fundamentalista.
Ainda que seja destronado nos próximos dias do reino dos Direitos Humanos, Marco Feliciano já terá desfrutado - e muito bem - de seus 15 minutos de má fama!

Área VIP
Tem cambista em Caracas vendendo credencial para o "camarote do Maduro" no velório de Hugo Chávez. A outra opção é ficar 12 horas na fila para se despedir do líder venezuelano.

Participação brasileira
Teve, salvo engano, o dedo de Gerald Thomas na fumaça branca liberada pela chaminé da Capela Sistina para anunciar o novo papa! Desde o tempo em que ele dirigia teatro não se via nada tão denso no ar!

Nuvem negra
O inferno astral de Silvio Berlusconi não tem data para terminar: acossado pela Justiça e adoentado, o dono do Milan amargou anteontem a eliminação de seu time na Liga dos Campeões após goleada de 4 a 0 para o Barcelona. Só falta ao ex-premier levar um fora da namorada de 27 anos!

Ai, que soninho!
Acusado de homicídio culposo, Thor Batista faltou a interrogatório sobre a morte do ciclista que atropelou em 2012. Seus advogados alegaram "necessidade de repouso". Vai ver não tem dormido direito preocupado com os negócios do pai, né não?

Hierarquia
Na Argentina, o papa Francisco I já ganhou apelido de Maradona II.

Visão profética
O Paulo Coelho já sabia! O mago brasileiro apostou todas as suas fichas na possibilidade de um papa argentino. Resultado: está ainda mais rico na Suíça!

Vaticanaço
O torcedor brasileiro não estava nem muito ligado no conclave da Capela Sistina, mas perder para a Argentina já nos acréscimos doeu quase tanto quanto a derrota para o Uruguai em 1950, no chamado Maracanaço. Após o anúncio oficial do arcebispo de Buenos Aires, Jorge Mario Bergoglio, como novo papa, os mais exaltados diziam que "d. Odilo amarelou"!

O uso reto do corpo - CONTARDO CALLIGARIS

FOLHA DE SP - 14/03

E, para Feliciano, será que a boca foi feita para ser invadida pela língua do outro, no beijo?


Em tese, a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados (CDHM) luta para que cada cidadão e cada grupo de cidadãos possam exercer plenamente sua diferença (claro, à condição de que essa diferença não atrapalhe a liberdade dos outros).

Parece lógico que a comissão seja presidida por um espírito libertário. Isso não exclui pastores, padres, imames e moralistas rigorosos, à condição de que, por cultura, experiência de vida e qualidades morais excepcionais, eles saibam colocar a liberdade dos outros antes de suas próprias convicções.

Esse não parece ser o caso do deputado Marco Feliciano (PSC-SP), pastor evangélico, que acaba de ser eleito presidente da CDHM. Na notável série de suas declarações boçais citadas nestes dias, minhas preferidas são: 1) "Os africanos descendem de ancestral amaldiçoado por Noé. Isso é fato."; e 2) "O reto não foi feito para ser penetrado -não sou contra o homossexual, sou contra o ato homossexual."

1) No texto bíblico que eu li, Cam zombou do pai Noé, o qual condenou Cam e sua descendência à servidão. Mais tarde, os defensores da escravatura decidiram que Cam era o antepassado dos africanos e se serviram dessa história para justificar a posse e o comércio de escravos.

Terminar a evocação de um relato bíblico com um "isso é fato" já é ingênuo. Terminar da mesma forma a revisão do relato bíblico proposta pelos defensores da escravatura é para além de ridículo.

Feliciano, formado em teologia, talvez leia a Bíblia no grego da Septuaginta e no hebraico do texto massorético. Eu me viro em grego antigo, mas, por hábito, leio a Bíblia no latim de São Jerônimo ou no inglês do rei James. Será que ele tem acesso a fontes que eu ignoro?

2) Cada deputado recebe uma verba considerável para que possa opinar com conhecimento de causa. Mas Feliciano parece não saber que uma porcentagem substancial de homossexuais não gosta de sexo anal, enquanto, inversamente, o sexo anal faz parte das fantasias e das práticas sexuais de muitos homens e mulheres heterossexuais. Isso, sem entrar no vasto capítulo das penetrações (fantasiadas ou reais, solitárias ou não) com objetos inanimados ou outras partes do corpo.

O deputado Feliciano poderia se corrigir, generalizando: "hétero ou homo, tanto faz: o reto não foi feito para ser penetrado". Eu entenderia melhor.

Mesmo assim, fico curioso. Será que, para o deputado Feliciano, as mãos foram feitas para carícias, solitárias ou não, recíprocas ou não? E como fica a boca? Sem pensar muito longe, será que ela foi feita para ser invadida pela língua do parceiro ou da parceira?

O deputado Feliciano poderia se entrincheirar atrás da ideia de que tudo o que não serve para a reprodução deveria ser banido do sexo. É uma opinião difícil de ser sustentada, pois, justamente, somos os únicos mamíferos cujo desejo sexual não depende nem um pouco da fertilidade da fêmea e, portanto, da reprodução. Mas é uma opinião respeitável e não incompatível com a presidência da CDHM, à condição de ser, para o próprio Feliciano, apenas uma opinião.

Em outras palavras, o deputado Feliciano tem o direito de ser impenetrável, para maior glória divina. Que diga, então, que SEU reto não foi feito para ser penetrado, e ninguém protestará.

Imaginemos que eu faça parte de um culto satânico que só permite atos sexuais que desprezem a finalidade reprodutiva, e isso justamente para contrariar um eventual plano divino. Ou imaginemos que eu pense, simplesmente, que o melhor uso do meu corpo é o prazer e o gozo.

Será que Marco Feliciano, presidente da CDHM, vai defender meus direitos? Se a resposta não for um sim retumbante, a CDHM deve trocar de presidente.

Agora, quem colocou o deputado Feliciano na presidência da CDHM? Seis deputados se retiraram assim que Feliciano foi eleito; entre eles, Domingos Dutra (PT), Luiza Erundina (PSB) e Jean Wyllys (PSOL). Mas, apesar do gesto dos seis, quem entregou a comissão ao PSC e a Feliciano foi a base aliada do governo.

A presidente Dilma disse que, nas eleições, "a gente faz o diabo" -ou seja, qualquer aliança vale para ganhar. De fato, nas eleições, a maioria de nossos políticos supostamente laicos e progressistas não fazem o diabo, fazem o santinho. Para conquistar votos fundamentalistas, beijam anéis e frequentam cultos; no fim, eles recompensam, de alguma forma. Por exemplo, com comissões.

O mau pastor - EDITORIAL O ESTADÃO

O ESTADÃO - 14/03

O Partido Social Cristão (PSC) lavou as mãos diante das pressões para que revisse a escolha do pastor Marco Feliciano para presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, deixando que ele próprio decidisse se permaneceria ou não na função que está incapacitado de exercer - política e moralmente. Contemplada com a titularidade do colegiado cuja visibilidade é cada vez maior para setores também crescentes da sociedade, a bancada de 15 membros do PSC não previu ou, pior, não se importou com as reações que certamente adviriam da indicação, para dirigi-lo, de um correligionário portador de opiniões incompatíveis com o que se espera de órgão do Congresso que leva no nome o termo "minorias".
Já não bastasse o processo por estelionato a que responde no Supremo Tribunal Federal - ele teria recebido R$ 13 mil por um culto que não ministrou no Rio Grande do Sul -, o pastor originalmente da Assembleia de Deus, eleito por São Paulo, carrega a duvidosa distinção de publicar textos racistas e homofóbicos na internet. "Africanos descendem de um ancestral amaldiçoado por Noé", escreveu no seu microblog há dois anos. A "maldição" é a origem da "fome, pestes, doenças, guerras étnicas" na África. Escreveu também, em outra mensagem, que "a podridão dos sentimentos dos homoafetivos levam (sic) ao ódio, ao crime, à rejeição".
A livre manifestação do pensamento é um dos direitos humanos basilares, embora nem sempre seja nítida a fronteira entre a expressão, como tal, de opiniões - por absurdas ou repulsivas que sejam - e o intento criminoso de difundi-las para incitar o ódio a terceiros por suas origens étnicas, crenças religiosas (ou ausência delas) e preferências sexuais. Mas, clama aos céus, como se diz, que um deputado com ideias abestalhadas e preconceituosas seja guindado à chefia de uma comissão legislativa federal cuja razão de ser consiste em combater toda sorte de violações de direitos da pessoa, em especial dos grupos minoritários da população brasileira.
Sem falar no que isso acrescenta em matéria de desmoralização do Congresso Nacional por suas recorrentes demonstrações de desprezo pela opinião pública. Uma das mais conhecidas, por sinal, é a instituída esbórnia com os recursos públicos a que se abandonam tantos de seus integrantes. Também nesse sulfuroso departamento, o pastor Feliciano, ainda no seu primeiro mandato, parece mover-se com a desenvoltura de um veterano. Segundo a Folha de S.Paulo, 5 dos seus 20 assessores de gabinete - pastores evangélicos como ele - recebem salários de até R$ 7 mil mensais, bancados afinal pelo contribuinte, sem aparecer nem na Câmara nem mesmo no escritório político do chefe, no interior paulista. Podem ser vistos, no entanto, celebrando cultos em templos da Catedral do Avivamento, a igreja fundada pelo deputado.
As negociações entre as lideranças parlamentares das quais resultou a entrega ao PSC da presidência da Comissão de Direitos Humanos até então ocupada pelo PT, que desta vez preferiu conduzir três outros colegiados de maior calibre, foram apontadas como a causa remota da escandalosa ascensão de Feliciano. Mas isso implica imaginar que não haveria diferença alguma se o PSC escolhesse qualquer dos demais dos seus parlamentares para o posto. Por esse insustentável raciocínio, a onda de protestos - nas ruas, nas dependências do Congresso e nas rede sociais -, de que evangélicos igualmente participam, se ergueria não importa o nome do escolhido. Equivaleria a presumir que, para a sociedade, o PSC é um baluarte do racismo e da homofobia.
Se não merece a pecha, mais um motivo para a agremiação rever a sua atitude - até diante do risco de acabar identificado na próxima campanha eleitoral como "o partido do racista". Não se iludam os seus dirigentes: o caso não sairá de cena tão logo os políticos vierem a produzir mais um de seus vexames. A acerba condenação à escolha de Feliciano traduz o aprofundamento, entre os brasileiros, dos valores da tolerância e da aceitação das diferenças. Isso não é passageiro.

Sem exagero - LUIS FERNANDO VERÍSSIMO

O GLOBO - 14/03

Fizeram um encontro meu com o Abel Braga quando ele estava treinando o Internacional, e descobrimos uma coincidência. O primeiro jogo que ele viu no Maracanã, ainda garoto, ao lado do pai, foi o último que eu vi, já nada garoto, perto de me casar. Santos e Milan, novembro de 1963. Até então eu não perdia jogo do Botafogo, da seleção ou do Santos no Maracanã. Morava no Leme e pegava o ônibus Leme-Triagem, atravessava a pé a Quinta da Boa Vista e ia para a arquibancada. Sim, o Santos jogava suas partidas decisivas no Maracanã. O Maracanã enchia para ver o Pelé. Mas no jogo que o Abel, eu e uma multidão vimos o

Pelé não jogou. O herói da noite foi o Almir. O Pelé da noite foi o Almir.

Volta e meia, vem a discussão. Pelé era mesmo tudo que se diz dele? O Maradona era melhor? O Messi é melhor? Meu testemunho não interessa. Ele reinou quando já havia videotape. Seus feitos estão bem documentados. Você não precisa recorrer à literatura para contar às crianças como era o seu futebol – ao contrário das façanhas de gente como Ademir e Zizinho, que ficaram na memória dos velhos e em filmes desbotados, nenhuma das duas coisas muito confiáveis. E o grande mérito de Pelé é que ele resiste ao videotape completo. Se tivesse ficado só em filme, só os seus grandes momentos estariam registrados. Já o videotape completo traz tudo: o passe errado, o tombo sentado, a chuteira desamarrada. E Pelé resiste aos detalhes.

Ele era bom até amarrando a chuteira.

Com o futebol aconteceu um pouco do que aconteceu com a guerra: quanto mais realista a sua reprodução, mais difícil romanceá-la. Quando só se via cenas de guerra em quadros épicos em que até os cadáveres colaboravam na composição, ela podia ser glorificada sem contestações, salvo as estéticas. Fora as gravuras de Goya, não se conhece um quadro sobre a guerra, antes da invenção da fotografia, que não a exaltasse. A fotografia primitiva roubou da guerra a cor e a composição artística, o filme e o tape dinamizaram o horror, o “zoom” destacou o detalhe. Ainda há quem ame a guerra, mas nunca mais a percepção dela foi a mesma.

E o futebol também mudou, o que só aumentou a dificuldade em julgar jogadores antigos pelas precárias imagens que ficaram deles e pelo que contam – com o inevitável toque romântico do exagero – os que os viram jogar. Algumas das grandes reputações do passado sobreviveriam aos cinco no meio e à marcação no campo todo de hoje? Pelé pegou o começo do futebol sem espaço. Não só se impôs como deixou o exemplo de como sobreviver no sufoco. A extrema objetividade (nunca se viu um drible do Pelé apenas pela satisfação do drible, era sempre um espaço conquistado), a antecipação da jogada seguinte antes mesmo da jogada presente começar, a solidariedade, a simplicidade. Melhor do que Maradona, melhor do que Messi, e dou fé.

PELADEIRO IMPORTADO - MÔNICA BERGAMO


FOLHA DE SP - 14/03

Lukhanyo Mjoka, 27, cresceu em um orfanato na Cidade do Cabo. Viveu nas ruas e cometeu furtos até descobrir o futebol. Em 2010, participou de um torneio no Brasil e decidiu se mudar para cá.Hoje, Luke, como é chamado, mora em São Roque (SP) e trabalha como auxiliar de Pupo Fernandes, treinador da seleção brasileira de futebol de rua. Os dois comandam o time que estará no Primeiro Mundialito de Futebol Social, que começa hoje.

O MESTRE SUMIU
Os 60 mil professores da rede municipal de São Paulo faltaram em média 30 dias, cada um, no ano passado. Só de ausências justificadas, por motivo de saúde, foram 903 mil. Muitos ainda se ausentaram da classe mesmo tendo desconto no salário por causa da falta. Os dados são da Secretaria de Educação.

VIAGEM
"É um sintoma de que algo muito grave está acontecendo na rede e precisa ser solucionado", diz o secretário de Educação, Cesar Callegari. Um dos problemas verificados é que muitos professores dão aulas em mais de uma escola, em geral distantes umas das outras. "Alguns chegam a atravessar 40 km, em trânsito engarrafado, para chegar ao segundo colégio em que trabalham", afirma.

DESTINO
A prefeitura vai propor, em reunião com representantes dos 39 municípios da Grande SP, uma "câmara de compensação" para uma "troca" de professores: quem dá aula em São Caetano e em São Paulo, por exemplo, passaria a lecionar só na primeira cidade. E outro professor na mesma situação, mas que mora em São Paulo, só trabalharia em escolas da capital.

EM BRANCO
A capital paulista está hoje em 35º lugar no ranking da Prova Brasil, entre os municípios da Grande São Paulo. Cerca de 28% dos alunos do 5º ano não sabem ler nem escrever direito.

BIBLIOTECA
José Dirceu (PT-SP) pode escrever um livro sobre o mensalão. Título: "Por que Sou Inocente".

O POVO UNIDO
O pastor deputado Marco Feliciano (PSC-SP) lançou abaixo-assinado em apoio à sua permanência na Comissão de Direitos Humanos da Câmara. Seu site informava que até ontem o manifesto já tinha 232 mil adesões.

VITRINE TUCANA
O ex-deputado Ricardo Montoro (PSDB-SP) vai coordenar o programa Município Verde Azul da Secretaria do Verde. É uma tentativa do governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) de resgatar tucanos desgarrados.

LÁ VAMOS NÓS
E a saga continua: o ator Ariel Goldenberg e sua mulher, Rita Pokk, que têm síndrome de Down e estrelam o longa "Colegas", embarcaram ontem para Los Angeles. Eles vão tentar encontrar o ator Sean Penn, de quem são fãs, para convidá-lo para ver o filme no Brasil.

NO MESMO LUGAR
No aeroporto de Guarulhos, um problema: o diretor de "Colegas", Marcelo Galvão, que viajaria com o casal, descobriu que seu visto para os EUA estava vencido. Ficou no Brasil. Os dois seguiram com outro integrante da equipe do longa.

ADEUS, GLORINHA
Deborah Secco teve que abandonar o elenco da peça "O Casamento", de Nelson Rodrigues, com direção de Johana Albuquerque. "Tô triste, mas a série ['Louco por Elas'] foi estendida até junho, não poderei fazer a Glorinha. Outra atriz vai entrar no meu lugar", diz.

EFEITO SANFONA
E Deborah conta que já recuperou os 12 quilos que havia emagrecido para interpretar uma mulher portadora do vírus HIV no longa "Boa Sorte", da cineasta Carolina Jabor.

DUELO DE ARTISTAS
O SBT vai voltar com o programa "Astros" no dia 1º de abril, um dia antes de a Record estrear o reality show "Got Talent Brasil", com o ex-CQC Rafael Cortez. As duas atrações são do tipo show de calouros e buscam talentos das áreas de música, dança e artes circenses.

Christina Rocha retoma o programa "Casos de Família", no SBT, também no dia 1º de abril, às 17h15.

CARMINHA VOLTOU
Os atores Adriana Esteves, José de Abreu e Júlio Andrade, a cantora Gaby Amarantos e o diretor de TV Ricardo Waddington foram premiados pela Associação Paulista de Críticos de Arte, anteontem, no Sesc Pinheiros. Marília Gabriela e Herson Capri foram os mestres de cerimônia do evento.

Curto-circuito
O jornalista Carlos Costa lança hoje o livro "A Revista no Brasil do Século 19", às 18h30, na Livraria Martins Fontes, na Paulista.

Marcos da Costa toma posse como presidente da OAB-SP, no Anhembi.

A exposição "Passagens", com as últimas fotografias de João Bittar (1951-2011), será aberta às 19h, na Ímã Foto Galeria.

Os Paralamas do Sucesso tocam na festa de 80 anos do Sinditêxtil-SP, às 19h30, no Villa Vérico.

Diálogo de surdos - ILIMAR FRANCO

O GLOBO - 14/03

A proposta do governador Eduardo Campos (PE) de reabrir a negociação da Lei dos Royalties tem poucas chances de prosperar. O governador Sérgio Cabral (RJ) continua apostando na judicialização, convencido que o STF decidirá pelos estados produtores. A União diz que já abriu mão, de 10% da receita de royalties e de 10% de participação especial, e não está disposta a ceder mais.

Aviso aos navegantes
O governador Geraldo Alckmin (SP) criticou ontem a tese principal que o governador Sérgio Cabral pretende sustentar no STF para preservar as receitas de royalties do Rio. Conversando com um grupo de deputados tucanos, Alckmin relatou que consultou constitucionalistas paulistas e que entre estes prevalece a posição de que o respeito aos contratos não é a melhor tese. Afirmou que, para contestar a derrubada do veto da presidente Dilma e a lei aprovada pelo Congresso, a alegação mais adequada junto ao Supremo deveria ser o de “quebra do pacto federativo, com a supressão abrupta de receitas incorporados aos orçamentos de estados e municípios”.

“O Eduardo Campos faz campanha eleitoral com o dinheiro da Dilma. A Dilma paga, e ele vira líder nacional” Carlos Zarattini Deputado federal (PT-SP) e relator da Lei dos Royalties, sobre a proposta pela qual os estados não produtores de petróleo receberiam uma antecipação de receita de R$ 4,5 bilhões

Ressentimento
Os governadores petistas saíram da reunião de ontem dizendo, entre dentes, que Eduardo Campos (PSB-PE) atuou o tempo todo articulado com Geraldo Alckmin (PSDB-SP) e Antonio Anastasia (PSDB-MG). O clima está pesado.

Jogo pesado
O governador Renato Casagrande (ES), na foto, está possesso. E o senador Ricardo Ferraço (PMDB) quer explicações do ministro Antonio Patriota (Itamaraty). Eles acusam o embaixador do Brasil em Cingapura, Luis Fernando Serra, de trabalhar para o Estaleiro Jurong transferir seu projeto de R$ 500 milhões, do Porto de Açu (ES) para o terminal portuário de São João da Barra (RJ).

De volta ao Legislativo
O ministro Mendes Ribeiro (Agricultura) avisou à cúpula do PMDB que, se perder o cargo na reforma, não aceitará prêmio de consolação, como ir para a Secretaria de Assuntos Estratégicos. Reassumirá o mandato na Câmara.

Democratização
No clero católico brasileiro há expectativa que o Papa Francisco I dê continuidade às reformas do Concílio Vaticano II (1962-1965). Uma das diretrizes que gostariam de ver implementadas dá maior autonomia às conferências episcopais. Isso permitiria que a CNBB passasse a nomear bispos. Hoje, o Papa concentra essas escolhas.

O Papa é pop
Os organizadores da Jornada Mundial da Juventude no Rio, em julho, preveem uma invasão de argentinos, e de chefes de Estado hispânicos de todas as Américas, por causa da presença do novo Papa, Francisco I.

Experiência comprovada
O presidente do STF, Joaquim Barbosa, definiu o novo diretor-geral do Tribunal. O administrador Miguel de Campos aceitou a tarefa. Ele já ocupou este cargo no STJ, no TSE e no STF nas presidências de Nelson Jobim e Carlos Velloso.

Fumaça branca - VERA MAGALHÃES -


FOLHA DE SP - 14/03

Com a escolha do papa Francisco, Dilma Rousseff confirmou que irá à Jornada da Juventude, em julho, no Rio. Aproveitará a ocasião para, nas palavras de auxiliares, "reforçar os laços do Brasil com o Vaticano". Sob Bento 16, era considerada incerta a presença da presidente no evento. Dilma e o papa devem ter dois encontros: em Guaratiba e no Palácio das Laranjeiras. Além de assumir a segurança e auxiliar na organização, o governo fala até em buscar patrocínio para a jornada.

Tom Na carta de despedida a Bento 16, a presidente foi formal. Ontem, saudou com entusiasmo o papa Francisco. A relação entre Dilma e o agora papa emérito era tensa desde 2010, quando ele instou bispos brasileiros a lutar contra o aborto, tema espinhoso para ela na campanha.

Habemus? De um governista, tão logo a chaminé da Capela Sistina soltou fumaça branca anunciando que havia sido escolhido o novo papa: "Sai o papa e não sai o ministro do PMDB de Minas".

Rio 40º Ao pregar saída "negociada'' para a crise dos royalties, Eduardo Campos (PSB) mira o eleitorado do Rio de Janeiro, terceiro maior do país. Peemedebistas e petistas temem desgaste para Dilma no Estado, onde ela teve 60,5% dos votos em 2010.

Guinada Antes de ensaiar a candidatura à Presidência, Campos era da linha de frente da defesa da distribuição dos recursos do petróleo para Estados não-produtores.

Nem aí Exceto manifestações pontuais, a ordem no PT é fugir do embate com o PSDB sobre a Petrobras. A cúpula do partido entende que o tema não tem apelo eleitoral. "Os tucanos vão se enforcar com a própria corda nesse assunto", diz um petista.

Herança No governo, o projeto que prevê a transferência do poder de outorga das agências para os ministérios é atribuído ao ex-ministro da Casa Civil José Dirceu.

Falou demais Luiz Alberto da Silva, subchefe de assuntos governamentais da Presidência da República, está na berlinda após declarar que o governo federal tinha interesse na aprovação do projeto que esvazia o poder das agências reguladoras.

Não, obrigado Cotado para a SAE (Secretaria de Assuntos Estratégicos), Mendes Ribeiro fez chegar ao Planalto que não tem interesse em deixar a Agricultura para assumir o cargo. Com isso, aumentam as chances de o PSD ser acomodado na pasta.

Frigideira 1 Favorito para o Ministério da Micro e Pequena Empresa, Guilherme Afif (PSD) enfrenta fritura explícita no Bandeirantes. Até seu gabinete foi informalmente vistoriado para alojar a equipe do assessor especial João Carlos Meirelles.

Frigideira 2 O conselho de PPPs, presidido pelo vice-governador e com R$ 50 milhões em obras, também é objeto de disputa. O secretário Júlio Semeghini (Planejamento) tomou a frente de projetos na área. Chegou a confirmar presença em audiência parlamentar sobre o tema anteontem, mas recuou.

Hotline O QG de Fernando Haddad acompanhava em tempo real boletins sobre a votação do projeto da inspeção veicular ontem na Câmara. Secretários passaram a tarde em linha direta com vereadores na tentativa de alcançar placar mais folgado no primeiro teste de fidelidade da base do governo.

Portfólio Empenhado em apresentar vistoso balanço de cem dias de mandato, Haddad comemora a seleção de 54 terrenos para a construção de creches, o que equivaleria a quase um terço das 170 prometidas na campanha eleitoral de 2012.

com FÁBIO ZAMBELI e ANDRÉIA SADI

tiroteio
"Com a escolha de um argentino como novo papa, acho que vai ter muito católico virando evangélico no Brasil."

DO LÍDER DO PMDB NA CÂMARA, EDUARDO CUNHA (PMDB-RJ), que é evangélico, sobre Jorge Mario Bergoglio ter sido eleito para o pontificado.

contraponto


O papa é dos Pampas


Durante visita ao Vaticano, em 2002, Fernando Henrique Cardoso foi recebido por João Paulo 2º. Ao ser informado da presença do brasileiro, o papa se recordou da calorosa recepção que tivera em Porto Alegre, em 1980.

-Ucho, ucho, ucho, o papa é gaúcho- entoou o pontífice, relembrando o coro dos fiéis no Gigantinho.

O então presidente completou:

-Carioca, paulista e brasileiro também.

Após a derrota de d. Odilo Scherer, de Cerro Largo (RS), para um vizinho argentino, um amigo de FHC brincou:

-Já estava achando que João Paulo 2º era profeta...


A culpa é do Cabral e das eleições de 2014 - RAQUEL ULHÔA

Valor Econômico - 14/03

Quando quase todos os governadores do país estavam no Congresso Nacional, reunidos com os presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara dos Deputados, Henrique Alves (PMDB-RN), para discutir o pacto federativo, Sérgio Cabral (PMDB) permanecia no Rio de Janeiro e Renato Casagrande (PSB), do Espírito Santo, estava em Brasília, mas em outros compromissos.

Governadores dos dois maiores Estados confrontantes com áreas petrolíferas (também chamados de produtores), Cabral e Casagrande combinaram não participar do encontro convocado por Renan e Alves. Foi em protesto à derrubada, pelo Congresso Nacional, do veto da presidente Dilma Rousseff à redistribuição da renda petrolífera - royalties mais participações especiais (PE) -, uma semana antes.

Os dois avaliam que, numa sessão comandada "com mãos de ferro" por Renan, deputados e senadores dos Estados não produtores atropelaram os direitos do Rio e do Espírito Santo e romperam o pacto federativo. Os dois Estados terão grandes perdas com a lei que entrará em vigor a partir da derrubada do veto.

Pelo menos no momento, a relação institucional entre os dois Estados e o Congresso ficou trincada. Cabral e Casagrande acham positiva a discussão em conjunto do pacto federativo, mas avaliam que, realizada neste momento, a reunião parece jogo de cena, para compensar a "truculência" praticada na semana anterior.

Os governos dos dois Estados, assim como o de São Paulo, aguardam a promulgação da lei - restabelecendo os dispositivos vetados - para apresentar ações diretas de inconstitucionalidade (Adin) independentes no Supremo Tribunal Federal (STF) contestando a constitucionalidade da mudança da distribuição dos recursos resultantes da exploração dos campos já licitados, portanto receita incluída nos seus orçamentos.

Nenhum dos lados, confrontantes e demais, tem segurança de vitória no STF. Há argumentos a favor e contra. Mas, qualquer que seja a decisão do tribunal, se a solução definitiva ficar mesmo com o Judiciário, será mais uma derrota da política. Está formado no país consenso em relação à necessidade de distribuir de forma mais equilibrada a renda do petróleo, até porque alguns dos maiores municípios beneficiados não mostram investimentos que justifiquem os ganhos. Mas há dúvidas quanto à redução dos percentuais atuais dos confrontantes, que já contam com os recursos para cumprir compromissos assumidos.

Para a Petrobras e o Ministério de Minas e Energia, a preocupação é outra: o receio com a criação de taxas de fiscalização pelos Estados confrontantes, cobradas de empresas pela exploração do petróleo, que poderia gerar insegurança jurídica e desestimular investimentos. O governo acompanha com preocupação a movimentação da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) para aprovar projeto de lei instituindo taxa de R$ 9 sobre o barril de petróleo produzido no Estado. A Alerj retirou temporariamente da pauta, mas a ameaça permanece.

Na Assembleia do Espírito Santo também tramita um projeto para criar taxa de fiscalização ambiental de 2% do barril do petróleo a ser paga pelas empresas. Se for cobrada, renderá ao Estado cerca de R$ 504 milhões por ano (a perda com a mudança na regra dos royalties, no primeiro ano, será de R$ 350 milhões para o Estado e R$ 450 milhões para os municípios).

O governador capixaba diz que a criação da taxa não depende dele, mas alerta, com certa ironia: "Do mesmo jeito que o Congresso foi desequilibrado [na derrubada do veto], a Assembleia poderá também se desequilibrar. E pode acontecer de a Assembleia aprovar, eu vetar e a Assembleia derrubar o veto."

A iniciativa do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PE), presidente e presidenciável do PSB, de propor nova tentativa de acordo político em torno da distribuição da renda petrolífera esbarra em vários obstáculos, entre eles a resistência da presidente Dilma Rousseff, a quem no momento não interessa encher a bola de um dos seus potenciais adversários em 2014.

Para petistas, Campos está querendo fazer campanha eleitoral com dinheiro da Dilma. Ainda assim, a iniciativa demonstra uma coisa: o lado vencedor na derrubada dos vetos querendo negociar.. Qualquer caminho deve passar pela medida provisória editada por Dilma depois de vetar o projeto dos royalties.

A MP trata da distribuição da receita dos contratos de concessão a serem licitados depois da edição da medida (dezembro de 2012) e destina para a educação a receita reservada a Estados e municípios, arrecadada com esses contratos futuros. O relator, deputado Carlos Zarattini (PT-SP), está sendo procurado pelos dois lados e acredita em entendimento.

O maior obstáculo, apontado por governo federal, governadores de Estados não produtores e até parlamentares do Rio e do Espírito Santo é o comportamento "passional", "radical" e "intransigente" de Cabral.

Desde o início da discussão do marco regulatório da exploração do pré-sal, ele se negou a aceitar qualquer mudança no critério de distribuição do recurso que seria arrecadado no futuro, pelo modelo de partilha de produção (pré-sal e áreas consideradas estratégicas). Chorou em público, citou valores estratosféricos que o Rio perderia e acusou os demais Estados de roubar o Rio.

A reação foi tão forte que uniu ainda mais os não produtores, acirrou a cobiça sobre a arrecadação com contratos já licitados, agravou o conflito federativo e gerou má vontade no Congresso contra o Rio. "Para aparecer como herói, Cabral está levando o Estado para o buraco", avalia um aliado.

A antecipação eleitoral contamina o cenário político e move todos os protagonistas. O Congresso pode ter perdido o timing da discussão do pacto federativo.

Um sinal ruim para a reforma do ICMS - RIBAMAR OLIVEIRA

Valor Econômico - 14/03

Por exigência dos Estados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste, a proposta de unificação da alíquota interestadual do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) em 4% não foi incluída na agenda de prioridades que 23 governadores levaram ontem aos presidentes da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Este foi um sinal ruim e indica que a reforma do ICMS terá grande dificuldade para ser aprovada pelo Congresso neste ano.

Os governadores dessas três regiões querem manter alíquotas interestaduais diferenciadas para o ICMS. Atualmente, elas são de 12% e 7%. O governador da Bahia, Jaques Wagner, do mesmo partido da presidente Dilma Rousseff, esclareceu o motivo da reforma do ICMS não ter sido incluída na agenda. "Essa proposta não unifica", disse. Wagner informou que defende duas alíquotas: uma de 7%, que seria aplicada aos produtos originários das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste e outra de 4% para os produtos das regiões Sul e Sudeste. O governador do Mato Grosso do Sul, André Puccinelli (PMDB), foi ainda mais incisivo na oposição à reforma. Para ele, a unificação da alíquota interestadual do ICMS em 4% "liquidaria" os Estados mais pobres da federação.

No dia anterior, durante audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, os secretários de Fazenda dos Estados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste bombardearam a proposta de reforma do ICMS. O secretário do Ceará, Mauro Benevides Filho, chegou a dizer que a reforma do ICMS "é um desastre para as três regiões". Para ele, manter as alíquotas interestaduais diferenciadas do ICMS "é imprescindível". A mesma opinião foi expressa pelo secretário de Pernambuco, Paulo Henrique Câmara. "Manter a assimetria das alíquotas é um ponto essencial", afirmou.

Os governadores dessas regiões e seus respectivos secretários de Fazenda entendem que a concessão de incentivos fiscais continua sendo a única maneira de promover a industrialização de seus Estados e, por essa razão, não querem abrir mão do mecanismo. Mesmo com o Supremo Tribunal Federal (STF) tendo decidido que a concessão de benefício tributário pelos Estados sem a prévia aprovação do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) é inconstitucional. Mesmo com a decisão do STF de baixar uma súmula vinculante, que derrubará todos os incentivos já concedidos.

É importante observar que a proposta de unificação da alíquota interestadual do ICMS em 4%, encaminhada ao Congresso pelo governo em dezembro, não conta também com o apoio dos Estados do Sul e do Sudeste. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), deixou claro isso ontem, ao afirmar que a proposta "legaliza a guerra fiscal do passado e do futuro".

O governador paulista manifestou-se contrário à ampliação do prazo de transição para 12 anos. "Defendemos a proposta original", disse, numa referência ao projeto que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, apresentou aos governadores em novembro do ano passado. Nesse, o prazo de transição era de apenas oito anos e o Amazonas e o gás boliviano que ingressa no país pelo Mato Grosso do Sul estavam enquadrados na alíquota única de 4%. Na proposta de dezembro, o Estado do Amazonas manteve a alíquota interestadual de 12%, assim como o gás natural.

No dia anterior, o secretário de Fazenda de São Paulo, Andrea Calabi, durante a audiência pública na CAE, disse que se o Amazonas ficar com a alíquota de 12% e os demais Estados com um alíquota de 4%, "todas as empresas irão para lá". Calabi criticou também o fato de que, na proposta do governo, as alíquotas de 4% e 7% ficarão paradas durante cinco anos. Para ele, o custo dessa parada é muito elevado. Com as mudanças feitas pelo governo em sua proposta, o ICMS passou a ter cinco categorias de alíquotas interestaduais, como observou o economista José Roberto Afonso. Uma de 4% para a maioria dos produtos, outra de 12% para o Amazonas, uma de 12% para o gás natural, uma de zero por cento para o petróleo e seus derivados e outra de zero por cento para a energia elétrica.

Outro problema da proposta foi apontado por Afonso e pelo ex-secretário-executivo do Ministério da Fazenda Bernard Appy, durante um debate também realizado na CAE nesta semana. Os dois alertaram para o aumento do acúmulo de créditos pelas empresas que a unificação da alíquota interestadual do ICMS em 4% irá provocar. Se esses créditos não forem devolvidos com rapidez pelos governos, a reforma se tornará um transtorno para as empresas. Há também o fato de que os insumos nacionais utilizados pelas indústrias sofrerão a concorrência dos insumos importados, já que estes serão submetidos à alíquota de 4% do ICMS. São questões que terão que ser analisadas com cuidado pelos parlamentares.

A reunião de ontem dos governadores mostrou que eles possuem uma agenda diferente daquela do Palácio do Planalto. Eles concordam com a proposta do governo de trocar o indexador das dívidas estaduais renegociadas pela União - o IGP-DI pelo IPCA - e reduzir os juros atuais de 6% a 7,5% ao ano para 4% ao ano, tendo a Selic como custo máximo. No projeto de lei complementar que mandou ao Congresso tratando dessa questão, o governo não incluiu na mudança de indexador as dívidas renegociadas ao amparo da Lei 8.727/1993. Para alguns Estados, como é o caso de Goiás, os encargos dessas dívidas são o principal peso. Há uma articulação no Congresso para que o projeto de lei seja alterado e passe a incluir a Lei 8.727.

Os governadores querem também, e principalmente, reduzir o pagamento mensal por conta do serviço das dívidas renegociadas pela União. Hoje, os governos estaduais comprometem até 15% de sua receita líquida real com esses pagamentos. Ontem, em nome dos colegas, o governador André Puccinelli apresentou a proposta de redução de 33% do limite de comprometimento. Ou seja, os Estados não poderiam pagar mais do que 10% de sua receita líquida real. O senador Luiz Henrique (PMDB-SC) coordena uma frente de parlamentares para aprovar um projeto que permite destinar 20% dos pagamentos realizados pelos Estados à União aos investimentos.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

FOLHA DE SP - 14/03

Indústria não pode ser tratada com 'aspirina', diz executivo

"Estamos na UTI e ele [o governo] está dando aspirina. As medidas são muito simples, têm boa intenção, podem até reduzir a febre de 40 para 39 graus. Mas não vão resolver o problema, pois têm um impacto pequeno diante da realidade que temos hoje na indústria nacional".

O desabafo é de Sérgio Leme, presidente da Dedini, a maior fabricante de equipamentos para a indústria da cana do país. Ele considera que decisões do governo provocaram o desempenho pífio do PIB e afetaram negativamente o setor industrial.

"O governo não conseguiu colocar suas boas intenções de modo prático. Baixou os juros, mas não tomou medidas adjacentes. Agora se fala em voltar a aumentar as taxas. O governo está indeciso nos seus caminhos", afirma.

Leme, 52, está há dez anos na Dedini. Viu o faturamento de R$ 400 milhões em 2004 saltar para R$ 2,2 bilhões em 2008. No ano passado, ele foi de R$ 600 milhões. "Voltamos ao patamar de 2005", resume.

Com 45% de ociosidade (taxa que chegou a ser de 5%), a redução no número de trabalhadores também foi significativa. "Em 2007, eram 6.500 funcionários; hoje são 3.200."

DESINDUSTRIALIZAÇÃO
Empresa 100% nacional com mais de 90 anos, a Dedini observou a desnacionalização do setor de cana nos últimos anos. As aquisições estrangeiras não resultaram, até agora, em investimentos.

"Nos últimos quatro anos, grandes grupos chegaram e aproveitaram oportunidades. Pegaram um setor endividado e compraram ativos. Existem no Estado de São Paulo pelo menos umas 30 usinas que ainda estão à venda."

Engenheiro de produção, ele acha que provavelmente os resultados estão sendo enviados para fora ou podem ser usados ainda em aquisições. Torce para que, passada essa fase, os investimentos sejam retomados.

Mas para isso, argumenta, os investidores "querem saber o que o governo quer fazer. Se o governo continuar a segurar o preço da gasolina, o etanol tem pouca chance, pois está atrelado à gasolina".

Nesse cenário, a empresa descarta aumentar investimentos neste ano.

Mas e os apelos da presidente para investimentos? Governo e empresariado estão numa queda de braço para ver quem consegue mais vantagens? "Um pouco sim", diz, acrescentando: "O governo finge que ajuda e os empresários fingem que acreditam".

Leme defende a volta de investimentos pelo governo, uma política industrial e uma reforma tributária. "Os impostos são um peso enorme. O que se paga de imposto na matéria prima é um absurdo".

Investimento substantivo longe
"Empresário é louco para investir", mas investimento substantivo só vai acontecer em 2014. O diagnóstico é de Pedro Passos, presidente do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial e sócio-fundador da Natura.

Passos avalia que ainda hoje "o ambiente é ruim, não tem crescimento". Considera que houve erros no processo de condução da economia envolvendo governo e empresários.

"Há uma falta de confiança, talvez de parte a parte."

Para ele, não é correto transferir para o exterior a explicação para os resultados da economia. "O cenário externo não deve ser justificativa para as nossas mazelas internas."

Na sua análise, o país tem que trilhar um novo modelo de desenvolvimento, no qual o consumo deixe de ser o motor da economia. "Fomos muito pobres em investimentos nos últimos anos. Não aproveitamos uma boa fase para melhorar o nível de oferta."

Passos constata que o investimento público, fundamental para puxar a produção, tem tido dificuldade em decolar. Além disso, o país deixou de se integrar às cadeias produtivas globais.

"O Brasil não é mais lugar de produção, é de consumo. Todos querem produzir para vender aqui". A enxurrada de importados afetou a indústria. "Fragilizamos nossas cadeias, e, hoje, a maior parte dos produtos têm componentes importados na sua produção."

Para baixar o custo Brasil, Passos advoga a desoneração da base das cadeias produtivas. O que atingiria produtos como cimento, aço, energia, químicos. Com preços compatíveis com parâmetros internacionais, ele acredita que se criaria competitividade.

MALA DE LUXO
A TravelWeek, feira de turismo de luxo que ocorre em São Paulo, também será realizada no Rio de Janeiro neste ano.

"Percebemos uma demanda de fornecedores, que vêm até três vezes por ano ao país, para se relacionar com agências. Aí surgiu a ideia de fazer no Rio", diz Carolina Perez, organizadora do evento.

Na capital paulista, a feira ocorre na Bienal no próximo mês e reunirá 580 fornecedores de todo o mundo com 380 agências de viagens.

Representantes de marcas como Bulgari Hotels, Armani Hotels e Galeries Lafaytte devem participar.

No Rio, a feira terá proporções menores: 40 empresas devem enviar seus fornecedores ao Copacabana Palace, onde os encontros serão realizados.

NOS MARES
A MSC Cruzeiros investiu € 550 milhões (cerca de R$ 1,4bilhão) no MSC Preziosa, novo navio da companhia italiana que deve ser inaugurado no próximo dia 23, em Gênova. A nau está sendo construída na França.

No Brasil, a embarcação deve chegar em novembro deste ano para a temporada 2013/2014. As opções de viagens serão o Nordeste e também a costa de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo.

O MSC Preziosa inicia seus trajetos no Mar Mediterrâneo a partir do final do mês de março. A embarcação conta com 27 mil metros quadrados de áreas comuns e um total de 140 mil toneladas. A capacidade é para 4.345 hóspedes.

Esta é a 12º unidade da armadora e integra a classe de navios luxuosos da empresa.

Antes da inauguração oficial, o cruzeiro fará uma viagem de oito noites, partindo de Saint-Nazaire (França) e visitando cidades de Portugal, Espanha, Marrocos e Itália. A atriz Sophia Loren deve participar da cerimônia de inauguração do navio.

Parceria... O Núcleo Softex Campinas, associação das empresas de software, deve firmar, hoje, um protocolo de intenções com a Prefeitura do município.

...em Campinas O objetivo é criar uma aceleradora de empresas de tecnologia na cidade, que deve selecionar dez start-ups para o processo.

Franquia... A Credfácil, franquia do setor de crédito, vai inaugurar 13 novas lojas até o fim deste mês. No total, a marca deve abrir 20 lojas até julho de 2013.

...de crédito O faturamento da empresa foi de R$ 25 milhões em 2012 e deve crescer 30% neste ano. A Credfácil tem 72 unidades em 12 Estados.

Aporte público O governo do Estado de São Paulo anuncia hoje um linha de crédito de R$ 200 milhões, com juros zero, para financiar os municípios paulistas em planos e obras de acessibilidade.

Endereços... Em quatro meses de operação, a Câmara de Disputas Relativas a Nomes de Domínio (CASD-ND), da Associação Brasileira da Propriedade Intelectual, teve oito disputas cadastradas envolvendo mais de 20 nomes de domínio no ambiente ".br".

...em disputa O crescimento das ocorrências na câmara ocorre devido ao aumento dos registros de nomes na internet que, segundo o Comitê Gestor da Internet no Brasil, já ultrapassavam a marca dos 3 milhões em janeiro deste ano.

Mercado... Em operação no mercado livre há 18 meses, a Desa (Dobrevê Energia S/A) fechou 10 MW de energia em contratos. A carteira de clientes é formada por 15 consumidores finais, a maioria representantes dos setores da indústria e de serviços.

...de energia A energia comercializada foi produzida pelas usinas que a geradora mantém em operação. Ela corresponde à produção integral da PCH Novo Horizonte (PR) e à cerca de 50% da produção de Ludesa (SC).

Estudo A FGV e o Ipea anunciam hoje, durante um seminário na BM&FBovespa, uma pesquisa que avaliará o impacto da indústria de private equity e venture capital na inovação tecnológica.

A difícil recuperação da confiança - WALTER MENDES

Valor Econômico - 14/03

Na semana passada, os investidores foram surpreendidos com o anúncio do aumento de 5% no preço do óleo diesel, ao qual se seguiram fortes altas de 14% e 21% de Petrobras PN e ON, respectivamente, e de mais de 5% do Ibovespa, em apenas dois pregões. Interessante é que o reajuste anterior concedido à gasolina e ao diesel, anunciado há pouco mais de um mês, havia provocado uma queda das ações da Petrobras, porque não resolvia o problema da defasagem frente ao produto importado. Este último aumento também não resolve totalmente o problema. O que mudou de lá para cá?

Vale relembrar que o mercado brasileiro de ações vem há vários meses remando contra a corrente formada pelo decepcionante crescimento econômico, pela queda dos investimentos, pela alta inflação e pela percepção de uma intervenção crescente do governo em diversos setores relevantes para o mercado. Essa conjunção de fatores levou a uma substancial perda de performance dos principais índices da bolsa brasileira em relação aos indicadores de mercados emergentes e desenvolvidos, colocando o Brasil na lanterna das bolsas.

O primeiro reajuste claramente insuficiente dos combustíveis deste ano, anunciado em um momento de particular mau humor dos investidores, sob o efeito da divulgação dos dados do quarto trimestre de 2012, foi uma confirmação da subordinação da Petrobras aos interesses da política econômica.

Já o segundo aumento, divulgado quando ninguém esperava que outro reajuste fosse autorizado durante este semestre, ou mesmo neste ano, foi interpretado como um sinal de possível mudança de postura do governo em relação à prioridade da preservação da saúde financeira da Petrobras. Esse sinal teria se somado a outros eventos relacionados a concessões de serviços públicos federais. O aumento do retorno esperado pelo investimento em estradas federais a serem licitadas (depois do fracasso da primeira licitação), o anúncio de concessão de novas ferrovias com percentuais de retorno compatíveis com as expectativas do mercado e a divulgação do novo modelo para o setor de portos, com a liberalização de portos privados, contrariando os interesses dos sindicatos e de políticos ligados a essas áreas, indicaram uma mudança da postura do governo no reconhecimento da relevância dos investimentos privados em infraestrutura. Além disso, o governo anunciou uma parceria com os bancos privados para repasses de financiamentos para esses investimentos, abdicando de concentrá-los nas instituições oficiais. Não são poucos sinais em tão pouco tempo. Essa foi a mensagem que os ministros que fizeram o recente "road show" internacional para atrair investimentos tentaram passar. Mais do que efetivamente conseguir novos investidores para os projetos, acho que o principal objetivo foi demonstrar aos desconfiados aplicadores internacionais essa mudança de postura do governo quanto ao papel da iniciativa privada e o reconhecimento da necessidade de reorientar a política econômica para a expansão do investimento. Se essa interpretação é verdadeira e quando esse esforço trará resultados efetivos não se sabe. O sucesso dependerá da continuidade e consistência dessa mudança de atitude.

Além desses fatos, o crescimento acima do esperado da produção industrial em janeiro, com expansão significativa do setor de bens de capital, aumentou a esperança de que a economia possa realmente mostrar uma reação razoável neste ano.

Ainda é cedo para comemorar, mas aparentemente já existem sinais suficientes para justificar alguma aposta numa recuperação do mercado, ou pelo menos uma redução da posição vendida. Esse foi o comportamento de alguns investidores na semana passada, causando a alta de Petrobras e do Ibovespa.

Como sempre há um senão, a aceleração da inflação em janeiro e fevereiro levantou o risco de que seja ultrapassado o limite da banda, jogando um pouco de água fria na fervura. O Banco Central ameaçou, mas ainda não resolveu agir. A desoneração da cesta básica deve ajudar momentaneamente a evitar o problema, mas esse será um grande risco a ser monitorado durante os próximos meses.

De qualquer forma, vale ressaltar que o processo de recuperação da confiança dos investidores não será simples. Ao contrário, deverá ser lento, gradual e difícil. O mercado brasileiro gerou muitas decepções ao longo dos últimos dois anos, seja no campo macroeconômico, seja na gestão de importantes empresas abertas. Alguns falsos alarmes ocorreram nesse período, frustrando os investidores locais e internacionais, reduzindo a disposição para aumentar suas apostas no mercado de ações brasileiro. Da mesma forma que os aplicadores locais, os estrangeiros concentraram seus investimentos em alguns poucos setores e empresas pouco afetados pelo ambiente macroeconômico ou pela política e esqueceram as ações relevantes dos índices tradicionais. Essa estratégia se materializou na grande posição vendida no futuro do índice Ibovespa pelos estrangeiros. Para reconquistar a confiança é preciso que se continue a gerar fatos que confirmem tanto a mudança de postura intervencionista do governo quanto a recuperação da economia e dos resultados das empresas abertas, sem a perda do controle da inflação.

Nesse sentido, a recente decisão do conselho de administração da Vale de paralisar o projeto Rio Colorado na Argentina foi mais um sinal positivo a ser contabilizado nesse longo processo. Mesmo sendo uma decisão lógica sob o ponto de vista empresarial, havia dúvida se os interesses políticos poderiam se sobrepor ao interesse da empresa. Esse é o tipo de dúvida que deve ser cada vez mais afastado do radar dos investidores.

As estatais não têm jeito - CARLOS ALBERTO SARDENBERG

O GLOBO - 14/03
Não é por nada, não, mas se a gente pensar seriamente na história recente da Petrobras, sem paixões e sem provocações, vai acabar caindo na hipótese maldita, a privatização.

A estatal teve bons momentos, colecionou êxitos, acumulou tecnologias e formou quadros. Mas, sempre que isso aconteceu, não foi porque se tratava de uma estatal. A companhia foi bem sempre que agiu como petrolífera, digamos, normal, quase independente.

Já quando foi mal, como vai hoje, a causa é evidente: a condição de estatal.

Radicalizando, poderia se dizer que, quando a Petrobras funciona, consegue isso apesar de ser estatal. Mas todos sabemos que há petrolíferas estatais muito bem-sucedidas pelo mundo afora.

Como também há outras simplesmente desastrosas, e, como a própria Petrobras alternou períodos positivos e negativos, a questão é: como uma estatal pode fracassar?

A resposta está diante de nossos olhos. Trata-se do pecado mortal da politização, que se manifesta de duas maneiras complementares: a nomeação de diretores e chefes não por sua competência e sua história na empresa, mas pela filiação política ou sindical; e a definição dos objetivos e meios da empresa não por análises econômicas, e sim pela vontade dos governantes e das forças políticas no poder.

Não é preciso pesquisar nada para se verificar que a Petrobras caiu nesses dois buracos nos governos Lula e Dilma. A disputa pelos diversos cargos da companhia tornou-se pública, com os partidos e grupos reclamando abertamente as posições de que se julgavam merecedores. Lula, em entrevista formal, contou o quanto interferiu no comando da estatal, levando-a a ampliar projetos de investimentos claramente incompatíveis com as possibilidades da empresa e as condições do mercado.

Foi a atual presidente da Petrobras, Graça Foster, quem admitiu o irrealismo daqueles planos. E também o ex-presidente da Agência Nacional de Petróleo, Haroldo Lima, reconheceu que a vontade de Lula prevaleceu sobre os argumentos técnicos na definição das regras para a exploração do pré-sal.

Ora, isso demonstra que a blindagem montada no governo FHC simplesmente não funcionou. Em 1997, por emenda constitucional o monopólio do petróleo foi transferido da Petrobras para a União. A partir daí, a União passou a leiloar os direitos de exploração dos poços, abrindo a disputa para empresas privadas nacionais e estrangeiras. A Petrobras passou a competir no mercado.

Para garantir a despolitização, o governo estabeleceu regras de governança para a estatal e criou a tal Agência Nacional de Petróleo, órgão independente, administrado por diretores técnicos, com mandatos, encarregada de organizar e fiscalizar o setor de petróleo, gás e outros combustíveis.

Parecia um bom arranjo. O presidente da República indicava os diretores das agências, mas respeitando critérios de conhecimento técnico e experiência, que seriam checados pelo Senado, responsável pela aprovação final dos indicados.

Isso não eliminava as decisões dos políticos eleitos pelo povo. Como acionista majoritário da Petrobras, por exemplo, o governo federal poderia determinar a estratégia da companhia no Conselho de Administração, como acontece em qualquer grande empresa. Mas a execução tinha de ser feita tecnicamente, mesmo porque a empresa havia perdido o monopólio e precisava competir.

O que aconteceu no governo Lula? O Senado, como faz nos outros casos, simplesmente tornou-se um carimbador de indicações para a diretoria da ANP, assim como para as demais agências reguladoras. Os partidos passaram a lotear abertamente esses cargos. No governo Dilma, o Senado negou uma única indicação, e por um péssimo motivo. Tratava-se de um quadro competente, mas os senadores da maioria queriam mandar um recado para a presidente, colocar um obstáculo para cobrar uma fatura.

Tudo considerado, o que temos? As regras de governança e o sistema de agências atrapalharam um pouco, deram mais trabalho aos governos Lula e Dilma, mas não impediram que se politizasse inteiramente a companhia e o setor.

A crise dos royalties é uma consequência disso. Também os cinco anos sem leilão de novos poços, o que atrasou a exploração do óleo. E isso levou o Brasil a ser cada vez mais dependente da importação de óleo e combustíveis, ao contrário do que dizia a propaganda oficial do governo Lula.

Sim, a nova presidente da Petrobras tem feito alguma coisa para levar a companhia a uma atuação mais técnica. Mas são evidentes as suas limitações.

O PSDB ataca a gestão petista na Petrobras e diz que, no governo, faria a "reestatização" da companhia. Ou seja, voltaria ao sistema da era FHC.

Nada garante que isso garantiria despolitização. Na verdade, a história recente prova o contrário: na política brasileira, não há como garantir uma gestão eficiente das estatais - e sem falar de corrupção.

Logo...

A Petrobrás sob pressão - CELSO MING

O ESTADO DE S. PAULO - 14/03
Sob fortes ataques da oposição, parece mais provável que o governo Dilma se empenhe a partir de agora na recuperação das finanças da Petrobrás.

Se isso se confirmar, terá de agir em duas frentes: na recomposição da capacidade de investimento; e na redução das exigências legais impostas em 2009 pelas regras do pré-sal.

Hoje, a capacidade de levantar recursos (endividamento) é praticamente a mesma que existia quando foi realizada a megacapitalização, em setembro de 2010 - veja no gráfico. Esse aumento de capital, o maior do mundo em todos os tempos, feito para alavancar a capacidade de investimento da Petrobrás, foi realizado mais com reservas futuras de petróleo (cessão onerosa) do que com dinheiro para impulsionar a capacidade de endividamento. Em só dois anos, o achatamento dos preços dos derivados ao consumidor corroeu o caixa da empresa. Hoje ela está ameaçada de rebaixamento a nível de especulação nas tabelas das agências de classificação de risco. Caso isso ocorra, os investidores que por lei ou por disposição estatutária apenas podem manter em carteira títulos de alta qualidade (grau de investimento), descartarão os da Petrobrás e deixarão de adquiri-los. Implica perda de mercado para a dívida e, logo, alta dos juros a serem pagos pela Petrobrás.

Nesse campo, há duas providências a se tomar. A primeira delas é recompor os preços ao consumidor, hoje cerca de 15% mais baixos do que os de mercado, tanto para a gasolina quanto para o óleo diesel - algo que pode ser feito por etapas. A outra é levar o Tesouro a assumir a parcela de subsídios que oneraram o caixa da Petrobrás. Ou seja, nesse caso, a saída pode ser o retorno de alguma forma da antiga Conta Petróleo, que contabilizasse um crédito da Petrobrás contra o Tesouro. Não necessariamente o Tesouro teria de pagar esses créditos com dinheiro vivo. Poderia transferir para a Petrobrás reservas futuras de petróleo (sem risco de reservatório), nos moldes do que foi a operação de cessão onerosa acionada por ocasião do último aumento de capital.

O outro problema são as exigências de que a Petrobrás participe ao menos na proporção de 30% dos novos projetos de exploração do pré-sal e que nesse consórcio seja a única operadora.

Como a Petrobrás não está dando conta nem do que já tem para explorar e desenvolver, segue-se que as novas rodadas de licitação de áreas do pré-sal tendem a ser mais raras ou avançar num ritmo excessivamente lento para as necessidades do País.

Nesse meio tempo, a voracidade de governadores e prefeitos por royalties do petróleo chegou à exasperação. E, no entanto, as condições impostas pelo novo marco regulatório são tais que tornam lenta demais o aumento da produção de petróleo - e sem mais produção de petróleo não há mais royalties. Parece mais provável agora que essas exigências sejam removidas. Diante da enorme demanda por royalties, os obstáculos políticos para revisão da lei podem ser facilmente contornados.

Falta saber que grau de prioridade o governo Dilma pretende dar para a solução desses problemas.

Confira

A dura advertência feita ontem à Vale do Rio Doce pelo ministro do Planejamento da Argentina, Júlio de Vido (foto), em forma de ultimato, pela suspensão do projeto Rio Colorado, de desenvolvimento da mina de potássio em Mendoza, deve ser considerada uma tomada prévia de posição destinada a buscar solução negociada.

Tensão não interessa. Aparentemente, não interessa à Argentina uma posição de força contra um investidor estrangeiro. Afugentaria ainda mais os capitais. Por outro lado, é improvável que a direção da Vale não tenha previsto a possibilidade de expropriação da concessão.