sábado, março 02, 2013

Noel Rosa liberado - ANCELMO GOIS


O GLOBO - 02/03

Um despacho, estes dias, do juiz federal Bruno César Bandeira Apolinário pode abrir caminho para uma possível reedição do livro “Noel Rosa, uma biografia”, de João Máximo e Carlos Didier, lançado em 1990, pela Editora UnB. Durante uns 20 anos, o livro ficou proibido por causa de um processo movido por herdeiras do grande compositor de Vila Isabel.

‘Habla español?’
Sabe este espanhol Joseba Gotzón Vizán acusado de pertencer ao ETA, o grupo terrorista basco, preso no Rio?
Por mais de três anos deu aulas para o pessoal da Shell.

Mulheres no poder
A juíza Andréa Pachá, figura querida no meio judiciário fluminense, será a nova ouvidora do Tribunal de Justiça do Rio. O anúncio foi feito ontem pela presidente do TJ, a desembargadora Leila Mariano.

No ar
O técnico Vanderlei Luxemburgo está comprando um jatinho.

Madame solta
Depois de ficar uma semana presa por ter furado uma blitz da Operação Lei Seca, no Largo do Machado, Zona Sul do Rio, a comerciante Christiane Ferraz Magarifios, que tentou corromper e humilhar um policial, foi solta.
A liberdade provisória foi concedida quinta pela 6ª Câmara Criminal do TJ do Rio.

Falando nisso...
A madame é aquela que, ao ser detida, filosofou.
— Neste país, só pobre ou favelado fica preso. Eu sou rica e influente.
É. Pode ser. 

Xou da Xuxa
A Terra Santa se rendeu aos encantos de Xuxa, a apresentadora, ontem.
Durante a Maratona de Jerusalém, mais de 20 mil inscritos deram a largada ao som de “Ilariê”, música de Cid Guerreiro, sucesso da Rainha dos Baixinhos lançado em 1988.

MARAVILHA DE CENÁRIO
Veja só que belo registro da capacidade que a natureza tem de se renovar. A foto, feita esta semana por Paulo Maia, da SOS Aves, no lago da pequena Lambari, no sul de Minas, mostra duas espécies aboletadas na árvore. Na parte superior, estão os biguás, pássaros negros aquáticos. Na parte inferior, estão as garças vaqueiras brancas. Todos prontos para pernoitar. E o mais legal é que as duas espécies andaram sumidas do lugar por causa da devastação que a área sofreu. Mas agora estão de volta. Não parece uma pintura?

Fábrica da fantasia
A revista do “Financial Times” publicou reportagem com paralelo entre a nova classe média, “Avenida Brasil” e a força da TV Globo, a quem chama de “Fábrica da fantasia”, após visita ao Projac (são 200 escritores, 150 diretores e 560 atores contratados).
No jornalão, Lula é apontado como “o porta-bandeira da nova classe C”.

Não é fácil ser jovem
Chega ao Brasil este mês o livro “Não é fácil ser jovem”, do sul-coreano Rando Kim, popular em países como Indonésia, Vietnã e Japão e que já vendeu mais de 2,6 milhões de exemplares. A obra, da Sextante, é a primeira de Kim a chegar aqui.

Guerra da cerveja
A briga entre a Brahma e a Itaipava, para ver quem anuncia nos estádios durante o Carioca, está prestes a acabar. O desembargador Marcelo Buhatem, do TJ-RJ, indeferiu a liminar da Itaipava, e deve julgar o mérito semana que vem. É que a Brahma, após pagar multa de R$ 5 milhões, passou a pôr sua marca onde a concorrente anunciava.

O dia do Pezão
Pezão, candidato de Cabral em 2014, foi muito mimado nas últimas 24 horas, nas visitas de Lula e Dilma ao Rio, embora o PT fluminense tenha anunciado apoio a Lindbergh Farias. Lula, no jantar com Cabral, quinta, disse que não há hipótese de fazer campanha para outro candidato contra Pezão: “Têm poucos companheiros no PT de quem eu goste tanto quanto do Pezão”.

Já...
Dilma fez 1001 elogios a Pezão no almoço, ontem, na Gávea Pequena, que contou com a presença dos petistas Rodrigo Neves, prefeito de Niterói, e Adilson Pires, vice-prefeito carioca.

Segue...
Dilma adorou a Gávea Pequena, onde mora Paes, e que foi erguida no meio da exuberante Floresta da Tijuca. Encantou-se com os flamingos e a comida de Claude Troisgros, a ponto de ameaçar levar o chef para Brasília.

Aliás...
O lugar já foi residência de muitos presidentes, como Washington Luis, Getúlio Vargas e Fernando Henrique. E Vargas, dizem, manteve lá encontros íntimos com a vedete Virgínia Lane.

O outro lado
O presidente do COB, Carlos Nuzman, nega ter furado fila num estacionamento:
— Nunca fiz isto. Faço questão de ficar em filas.

ZICO, O FILHO DE QUINTINO
Zico, que faz amanhã 60 anos (Parabéns, Galinho), voltou à casa onde morou em Quintino, veja. Gravou matéria que vai ao ar amanhã no “Esporte Espetacular”, da TV Globo

Ponto Final
Ontem, "O Estado de S. Paulo" informou sobre auxílio-alimentação de R$ 84 mil que Eliana Calmon recebeu em setembro. A ministra disse que "o auxílio é recebido por todos os magistrados federais".
Poxa, Eliana!

O Fisco, ganhando sempre - EDITORIAL O ESTADÃO

O ESTADO DE S. PAULO - 02/03
O necessário ajuste de contas do contribuinte com o Fisco, que deverá ser feito em março e abril, poderia ser apenas uma tarefa extra dos brasileiros com renda regular se, ao seu final, muitos que se dessem ao trabalho de fazer algumas contas não constatassem que pagarão proporcionalmente mais Imposto de Renda (IR) do que pagaram no ano anterior. Tem sido assim pelo menos desde 1996. É verdade que, hoje, o contribuinte perde para o Fisco menos do que perdia na década passada. Mas, de maneira imperceptível para muitos, a carga tributária sobe sempre.
É conhecido o mecanismo pelo qual - por omissão deliberada ou por correção insuficiente - o governo aumenta a tributação sobre a renda. Trata-se da não correção, como ocorreu entre 1996 e 2001, ou da correção insuficiente, como ocorre desde 2007, da tabela do Imposto de Renda, que define o enquadramento dos contribuintes nas diferentes alíquotas e fixa o limite de isenção.

Estudo divulgado pelo Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Sindifisco) constatou que, em 16 anos, a defasagem da tabela do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) alcançou 66,4%. Ou seja, se tivesse acompanhado a inflação do período 1996-2012, descontos e isenções teriam de ser dois terços maiores.

Para a declaração a ser feita em 2013, essa tabela teve correção de 4,5% em relação à do ano anterior. Esse porcentual, que vem sendo aplicado desde 2007, é igual ao centro da meta de inflação definida pelo Conselho Monetário Nacional para balizar a política monetária conduzida pelo Banco Central.

A correção anual, mesmo que por um porcentual prefixado, é menos danosa para o contribuinte do que a inexistência de qualquer correção, como já ocorreu. Mas não é suficiente. Para ter uma ideia das perdas, basta lembrar que a inflação foi de 5,90% em 2008, 4,31% em 2009, 5,91% em 2010, 6,50% em 2011 e 5,85% em 2012. Nesse período, apenas em um ano ficou abaixo do centro da meta; nos demais, ficou bem acima.

Com o reajuste, a faixa de isenção para o recolhimento do IR passou de R$ 1.637,11 em 2012 para R$ 1.710,78 em 2013. Se, desde 1996, a tabela tivesse sido corrigida de acordo com a inflação, a faixa de isenção seria de R$ 2.784,81. A defasagem se repete, na mesma proporção, na definição das faixas das alíquotas.

Isso significa que mais pessoas são obrigadas a recolher Imposto de Renda, pois seu rendimento, mesmo tendo sido corrigido somente de acordo Com o reajuste, a faixa de isenção para o recolhimento do IR passou de R$ 1.637,11 em 2012 para R$ 1.710,78 em 2013. Se, desde 1996, a tabela tivesse sido corrigida de acordo com a inflação, a faixa de isenção seria de R$ 2.784,81. A defasagem se repete, na mesma proporção, na definição das faixas das alíquotas. com os porcentuais definidos em negociações trabalhistas, ultrapassou o limite de isenção. Das que já recolhiam, muitas recolhem parcelas cada vez maiores de seus rendimentos com base em alíquotas mais altas. Em resumo, a carga tributária aumentou para todas essas pessoas.

Proporcionalmente, o efeito negativo da correção insuficiente da tabela é mais perverso para quem ganha menos. Num exemplo apresentado ao jornal O Globo (24/2) pelo diretor de Estudos Técnicos do Sindifisco, Luiz Antonio Benedito, um contribuinte com renda mensal de R$ 3 mil pagaria R$ 29,44 de imposto se a tabela tivesse sido corrigida integralmente de acordo com a inflação. Com a correção insuficiente, o mesmo contribuinte terá de recolher R$ 129,39, ou quase 340% mais. Já quem ganha R$ 100 mil pagará R$ 26.709; se a tabela tivesse tido correção integral, pagaria R$ 26.295. No último exemplo, a variação se reduz para 1,6%.

Além da correção insuficiente da tabela, as regras do IRPF impõem outras perdas aos contribuintes. Alguns limites de deduções são irrealmente baixos, como os permitidos para despesas com educação do declarante ou de seus dependentes.

Não é de estranhar que, desse modo, seja cada vez maior, proporcionalmente, o número de declarantes que, concluída a declaração de ajuste anual com o Fisco, constatam que ainda terão de recolher mais imposto. Até o início da década passada, cerca de um terço dos declarantes constatava que ainda tinha imposto a recolher depois de concluída a declaração. Hoje, mais da metade precisa recolher imposto adicional ao que recolheu ao longo do exercício.

Ajustando a rota - SONIA RACY


O ESTADÃO - 02/03

Nota-se uma certa perplexidade com a situação da economia do Brasil - que ontem, por meio do IBGE, confirmou 2012 com crescimento de 0,9%.

E conseqüente corrida do governo Dilma atrás da atração do investimento privado, tentando convencer os agentes econômicos de que os projetos das concessões de infraes-trutura são viáveis e as regras serão razoáveis e estáveis.

Rota 2
Por que isso? "É resultado de duas grandes apostas que não deram certo, feitas nos primeiros dois anos de Dilma", explica José Roberto Mendonça de Barros, da MB Associados.

Primeira: a de que o PIB aumentaria por meio do investimento público. Segunda: a de que, promovendo a queda dos juros e a valorização do real, o investimento privado também. cresceria por gravidade.

Nenhuma das duas apostas acabou acontecendo.

ldeiafSx
Aviso aos navegantes: de uma forma ou de outra, Haddad vai cancelar o contrato da Prefeitura com a Controlar.

Leia-se inspeção veicular.

Aproximação
Ficou acertado na última reunião do Conselhão, em Brasília: Dilma terá almoço com Paulo Skaf, da Fiesp.

Está marcado para março.

Do peru
E policiais brasileiros estão indo treinar no... Peru. Curso? Operações táticas de alto risco. Parte do plano de segurança para a Copa do Mundo.

As aulas acontecem na Academia Internacional de Lima, mantida pelos EUA.

Com selo
O Inmetro acaba de publicar regulamento para a certificação voluntária do... pirarucu , salgado seco. Motivo? Garantir a qualidade do produto.

Para obter o selo, o peixe típico do Amazonas terá de ser avaliado desde o processo produtivo até a comercialização.

Cena urbana
Susto, ontem pela manhã, em loja da Vivo na região da avenida Paulista. Uma senhora entrou alterada, gritando com atendentes e clientes.

Havia perdido o celular novinho e cobrava restituição. Na dúvida, teve até marmanjo abandonando o lugar antes mesmo de ser atendido.

Em nome...
A Secretaria de Políticas para as Mulheres lança, amanhã, campanha pelo Dia lntemacional da Mulher, celebrado na sexta-feira.

Slogan? "Cada vez mais as mulheres conquistam seu espaço.

Cada vez mais o Brasil é feito também por mulheres."

...delas
Além de perfis de mulheres vencedoras, há também personagem que prestará queixa na delegacia por agressão.

Reforma
Galeno Amorim, da Biblioteca Nacional, convidou e Sérgio Besserman topou. O economista irá coordenar o conselho do projeto de recuperação da BN.

Trata-se do restauro da sede e da implantação do segundo prédio da Biblioteca no Rio.

Vem apito?
Além de vistoriar estádios, Jérôine Valcke alertará o governo brasileiro de que "a Copa das Confederações não é um teste, como estão falando", segundo fonte próxima ao dirigente.

Valcke chega semana que vem.

.Nos-palcos
Lima Duarte abre o Festival Ibero-Americano de Teatro de São Paulo com o espetáculo A Língua de Deus, de Ariane Porto. O ator será o homenageado deste ano por sua contribuição ao teatro e à cultura brasileira. Dia 18.

FLÁVIA OLIVEIRA - NEGÓCIOS & CIA

Montadora

A Land Rover deve tirar do papel, até o fim do ano, o projeto da fábrica no Brasil. Se confirmada, será a 1ª fora do Reino Unido. “Estamos otimistas. Ainda estudando o melhor local e analisando orçamentos", revela Flávio Padovan, diretor-presidente para a América Latina.

Energia
A Odebrecht Infraestrutura terminou de escavar o 1º túnel de desvio do Rio Tele Pires. Com 315 metros, faz parte da construção da hidrelétrica de mesmo nome, entre Pará e Mato Grosso. Até maio, serão três passagens, num aporte total de R$ 18 milhões.

Em viagem
É crescente a número de viagens corporativas para o Nordeste em 2012, segundo a Argo IT. “É sinal que as companhias estão fechando mais negócios na região”, diz o diretor Alexandre Arruda. A empresa responde por 8% dos R$ 28,5 bi que o setor movimenta no Brasil.

Convenções
O Village Rio das Pedras, do Club Med, reabre o centro de convenções até dia 15. Investiu R$ 5 milhões. Poderá abrigar mil pessoas.

Faturou
A Hotelaria Brasil, de gestão de hotéis, faturou R$ 43,7 milhões ano passado. Foi alta de 14% sobre 2011. O Matiz Guarulhos teve o melhor desempenho. Aumentou receitas em 24%.

NOS SERVIÇOS, A CHAVE DO CRESCIMENTO DO PIB
Desde 1996, setor registra taxa positiva no acumulado em quatro trimestres. Nem consumo das famílias subiu igual
Está no setor de serviços, cada vez menos na indústria, a chave do crescimento da economia. Em 2012, esse conjunto de atividades (dos transportes às comunicações, da intermediação financeira à administração pública, da saúde e educação privadas ao comércio) cresceu 1,9% e foi a âncora do desempenho do PIB (+0,9%), atestou o IBGE. Mas a tendência não é nova. Desde o 1º trimestre de 1996, o setor registra resultados positivos na taxa acumulada em quatro trimestres. Nem o consumo das famílias conseguiu tal feito: no mesmo critério, sobe desde o início de 2004.O setor é grande, diversificado e concentra indicadores de apuração árdua. Por isso, é difícil explicar de onde vem tanto vigor. “Em 2012, a massa salarial alta e o desemprego baixo empurraram o consumo. E há uma relação íntima entre consumo e serviços”, diz Roberto Olinto, o homem do PIB no IBGE. A partir de 2014, os estudos vão se intensificar. É quando sai a Pesquisa Mensal de Serviços. De outro lado, o Sistema Integrado de Pesquisa Familiar ajudará a entender melhor os gastos das famílias.
+1,1%
NO SEGUNDO SEMESTRE 
Desde 2009, o PIB não registrava na 2á metade do ano resultado superior ao da 1á. Até junho de 2012, a economia crescera 0,6%. É sinal de recuperação da atividade.

PEQUENOS CIENTISTAS
A Veggi, marca infantil de roupas de dormir, estreia campanha de inverno nesta segunda. Será veiculada em mídias impressas e na internet. As fotos seguem a inspiração da coleção, batizada de “Laboratório dos sonhos”. Com loja própria no Ipanema 2000, 2.500 pontos de vendas no país e e-commerce, a grife espera aumento de 20% no faturamento.

ROCK
A Minizen, grife infantil da Zerozen, lança coleção de inverno na segunda-feira. As fotos são de Alex Santana. As peças têm inspiração no estilo rocker da marca-mãe. Ainda este ano, uma nova unidade das duas grifes abre as portas no Rio. Ficará no Shopping Metropolitano, na Barra. A estimativa é vender15% mais sobre a temporada do ano passado.

É Páscoa 1
O Carrefour encomendou três mil toneladas de pescados e bacalhau para a Páscoa 2013. De ovos de chocolates serão 7,5 milhões de unidades. A rede também planeja vender 1,4 milhão de bolos de Páscoa.

É Páscoa 2
O Walmart prevê elevar em 20% as vendas do bacalhau dessalgado Bom Preço. É a marca própria da rede.

É Páscoa 3
A Vila de Arouca, do Rio, importou cinco mil caixas de vinhos portugueses e cinco mil litros de azeites. É alta de 14% sobre o ano passado.

REBATIZADA
A Mini Dress, marca teen da Dress To, aproveita o lançamento da coleção de inverno para mudar de nome. Passa a se chamar Love Dress. Alvo da grife, as meninas de 8 a 14 anos não queriam ser chamadas de mini. A loja do Shopping Leblon será a 1ª a trocar de identidade. A linha será vendida em 47 das 72 filiais da Dress To no país. Haverá campanha nas redes sociais. Rodrigo Esper fotografou.

IMAGINA NA COPA
Funcionários da Brasilcap estrelam a campanha do Ourocap Torcida, criação da Heads. Vai circular, mês que vem, em TV, rádio, internet e impressos. Haverá sorteio de 2.014 prêmios por mês, nos títulos com pagamento mensal. No julho da Copa, distribuirá até R$10 milhões.

Bombardeio
A Oi registrou alta de 72% no envio de mensagens de texto em 2012. Só em dezembro, os clientes dispararam 1,8 milhão de torpedos (SMS).

Vezes três
A francesa Benetau, de barcos, inaugura hoje galpão de laminação de 2.500 m2 na fábrica de Angra dos Reis. Investiu R$ 3 milhões. Prevê triplicar o número de barcos produzidos por ano.

Alimentos
A rede Mundo Verde, de alimentação saudável, lança linha com marca própria na 2ª quinzena do mês. Investe R$ 2,5 milhões. Começa com quatro produtos. Até o fim de 2014, serão 150. “A projeção é que 30% dos itens vendidos pelo grupo em 2019 sejam próprios”, diz Sérgio Bocayuva, diretor-executivo.

É chocolate
A Nestlé lança na 2ª edição limitada da bebida Fast Suflair Shake. Será vendida em 72 mil pontos no país.

Livre Mercado
É na 2ª o lançamento das ações de coleta de dados do Projeto Azul, na Bacia de Santos. Robôs mergulhadores farão medições no oceano, por três anos. Coppe, BG e Prooceno são parceiros.

Beira R$1,5 milhão a previsão de negócios no leilão de 45 cavalos Pampa e 150 cabeças de gado Brahman do Portobello Resort. Vai de amanhã a domingo.

A Yoggi lança linha de produtos de açaí. Os homens pediram.

A Imporium, de calçados, estreia campanha de inverno hoje na web. Espera vender 30% mais.

Eloah, de moda praia, lança campanha 2ª, também na web. Quer faturar 30% mais.

A top lituana Dovile Virsilaite estrela a campanha de inverno da grife Giovanna Parizzi.

O Itaú patrocina pelo 5º ano o Sony Open Tennis. O torneio, de 18 a 31, em Miami, vai distribuir US$10,3 milhões em prêmios.

Três alunos do Japeri Golfe vão receber Bolsa Atleta do governo.

CÉU COM NUVENS - MÔNICA BERGAMO


FOLHA DE SP - 02/03

A cantora Céu, que faz show gratuito amanhã no parque da Juventude, às 14h, diz adorar cantar ao ar livre. "Cresci andando de bicicleta no Ibirapuera. Acho saudável que as pessoas estejam interessadas em ocupar os lugares públicos." No mês que vem, ela fará uma apresentação na África do Sul.

BISCOITO FINO
Elton John e Dilma Rousseff devem se encontrar nos próximos dias. Ele quer mostrar a ela projetos de combate à Aids. Já a presidente é fã do cantor inglês e o convidou para um café. Ou um chá das cinco.

NA AGENDA
O encontro já estava sendo combinado há tempos. Mas anteontem a equipe do artista recebeu sinal mais firme de que ele deve mesmo ocorrer. Elton John faz show em Brasília na próxima sexta, 8.

HERMANOS
A Ancine anunciará na próxima semana o terceiro edital de coprodução com a Argentina, no valor de US$ 1 milhão. São US$ 200 mil a mais do que nos anos anteriores. O edital premiará quatro projetos -dois de cada país, de longas de ficção, documentário ou animação. Depois de Portugal, a Argentina é o principal parceiro do Brasil em coproduções. Entre 2005 e 2012 foram feitos 11 filmes binacionais.

CACILDA
O Teatro Oficina conseguiu aprovação do Ministério da Cultura para captar R$ 3,8 milhões com 100% de benefícios fiscais. A trupe de Zé Celso vai investir na montagem do terceiro episódio da tetralogia "CACILDA!!!!". A peça "Do TBCeli à Gloria da Rainha Decapitada até o Teatro Brasileiro de Companhias" aborda a fase adulta de Cacilda Becker e tem previsão de estreia para agosto.

TANQUINHO
"Sempre quis ser mãe, mas ter um filho da minha barriga exige uma relação muito profunda que eu não pretendo ter. Então, penso em adotar." A revelação foi feita pela atriz Cleo Pires no "Marília Gabriela Entrevista", do canal GNT. O programa vai ao ar amanhã.

TANQUINHO 2
Separada do publicitário João Vicente de Castro desde dezembro, a atriz diz que não precisa de um homem ao lado para ser feliz. E afirma que pensa em congelar óvulos. "Vai saber, né?"

NA TERRA DE CAMÕES
A biografia de Reynaldo Gianecchini será lançada em Portugal no dia 28 de maio, com a presença do ator. O autor, Guilherme Fiuza, também estará presente.

DE TRÊS PONTOS
O bicampeonato mundial de basquete masculino, conquistado pela seleção brasileira em 1963, será tema de um documentário. "Cesta Bicampeã", de Belisario França, será filmado em abril.

HIDRATAÇÃO JONAS
O grupo Jonas Brothers, que se apresenta em São Paulo no dia 10, no Credicard Hall, quer no camarim apenas toalhas da cor preta -12 de mão e 12 de rosto, mais quatro de banho. E nada de bebida alcoólica.
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Os garotos tomarão energético, água de coco, água tônica, suco de abacaxi e de maçã, chá e água mineral de marcas importadas.

FHC: "EU SEMPRE FICO QUIETO"

Fernando Henrique Cardoso desconversa e entra no elevador da Sala São Paulo, anteontem, após a coluna questioná-lo sobre a sugestão de Lula de que ele "deveria, no mínimo, ficar quieto". FHC tem criticado a presidente Dilma Rousseff.
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"Ele falou isso? Ah, não. Imagina...", diz.
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Mais tarde, na saída do concerto que abriu a temporada 2013 da Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo), a coluna o aborda de novo. E ele: "Eu sempre fui quieto".
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Não, FHC não jogou fora a carta com rasgados elogios que Dilma enviou a ele no dia de seu aniversário de 80 anos, em 2011. "Deve estar nos meus arquivos", afirma. Em seguida, brinca: "Mas eu já fiz 80 anos?".
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Na época, Fernando Henrique Cardoso agradeceu pela correspondência declarando que "não vale a pena um só destruir o outro".
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O tucano, que deixará a presidência do Conselho de Administração da Osesp em junho, diz que "tem que haver renovação". Ele já exerceu dois mandatos de quatro anos na orquestra e não pode se reeleger.
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FHC assiste à apresentação no camarote da Secretaria de Estado da Cultura, junto com o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o prefeito Fernando Haddad (PT).
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No intervalo, os três vão para uma sala de coquetel reservada. Conversam "só sobre a Osesp, amenidades", segundo afirma o prefeito petista. As primeiras-damas do Estado e da capital acompanham os maridos.
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Haddad vai embora na metade do concerto. "O senhor também acha que FHC deve ficar quieto?", pergunta a coluna. "Como posso dizer isso se acabei de conversar com ele?", responde o prefeito. "A relação [com FHC] é boa e sempre foi."
Geraldo Alckmin não quer falar com jornalistas. Cabe ao ex-governador Alberto Goldman (PSDB-SP) responder às críticas de Dilma.
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"Ela é como uma biruta. Comporta-se de acordo com os ventos da disputa eleitoral", diz Goldman, que se sentiu "pessoalmente atingido por tanta insensibilidade e desrespeito" da petista.
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Para o ex-governador, Dilma foi "injusta com a história e com a inteligência dela mesma" ao dizer que não herdou "nada" dos tucanos.
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"Nós [PSDB] deixamos uma herança boa, com condições positivas, a inflação controlada."
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Prossegue Goldman: "Não foi o PSDB que antecipou a campanha eleitoral. Ela [presidente] está no palanque todo dia, já fala como candidata há tempos. O que há de novo é só o fato de o Fernando Henrique dizer que o Aécio [Neves] pode vir a ser candidato".

CURTO-CIRCUITO
Pedro Lourenço apresenta hoje sua coleção na semana de moda francesa.

Barbara Fialho desfila amanhã para a Givenchy.

Ruth Villela de Andrade lança o projeto "Mangalarga, Um Cavalo Nobre por Uma Causa Mais que Nobre, a Equoterapia", hoje, na Fazenda Capoava (Itu).

Ah, o meu 'Fakebook' - ZUENIR VENTURA

O GLOBO - 02/03
Graças ao colega André Miranda, descobri que há meses tenho uma concorrida página no Facebook, onde já recebi 600 amigos, muitos novos, alguns velhos e outros desconhecidos, dei opiniões, fiz recomendações, deitei regras, disse coisas aceitáveis e muita bobagem. E, sobretudo, fiz muita propaganda da Editora Lecto, à qual deveria cobrar pelo merchandising involuntário. Cheguei a elogiar o novo logotipo e anunciar a contratação de "vendedores, pareceristas e diagramadores". Também recomendei uma nova rede social, uma certa Dotpipol, "muito melhor do que o Facebook" (uma seguidora chegou a dizer: "Com prazer vou lá para ler seus textos.")

Teria sido uma experiência interessante, se não se tratasse de um falso Facebook. Com perdão do trocadilho, é um Fakebook, pois não criei a página, não autorizei ninguém a criá-la e fico me perguntando se não há um filtro ou uma forma de controle para impedir uma fraude virtual como essa, tão fácil de ser perpetrada. Basta pegar fotos já publicadas em revistas ou jornais, recolher dados biográficos no Google ou na Wikipédia, inventar algumas histórias, e pronto: que venham os incautos. E qualquer um pode cair nesse conto do vigário moderno. Como adivinhar o que é fake em meio a algumas informações corretas e outras que poderiam ser? Tudo bem que, dizem, você reclama e a página é retirada do ar. Mas e se você não descobrir por conta própria ou através de um amigo? E se o estrago, se houver, já tiver sido feito? Como os leitores desta coluna não são necessariamente os daquela página, como avisar a todos? Não haveria um jeito de punir os autores por apropriação indébita de identidade?

Houve coisas engraçadas, como a descoberta de três raros homônimos - um jovem "Zuenir Ventura", "Zuenir Brito" e "Claudio Zuenir" - e outras tocantes, como pessoas me agradecendo por tê-las adicionado. O que mais me irritou foi ver gente de boa-fé sendo envolvida candidamente no golpe. Li mensagens generosas, como a de um leitor cujo nome não cito porque não pedi sua autorização: "Que mal fiz eu para não ter conhecido a obra deste escritor há mais tempo?" No lançamento do livro do Merval, Leiloca, a Astróloga, me comunica que entrou no meu Facebook. Só me restou pedir desculpas por ter-lhe causado a decepção de se ver enganada, ela, a quem os astros não costumam enganar.

De qualquer maneira, alguém deveria ter notado que, sem Alice uma vez sequer, tudo não passava de uma farsa.

PS - Acabo de saber que a página foi cancelada, ou, de acordo com o aviso, "não está mais disponível". Ainda bem. Leiloca, a Astróloga, me comunica que entrou no meu Facebook. Só me restou pedir desculpas por ter-lhe causado a decepção de se ver enganada

Os tapeceiros de "Argo" - ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR

FOLHA DE SP - 02/03

Comparar o filme vencedor do Oscar com a reportagem da "Wired" que o inspirou é uma aula de narrativa


Acho que estou meio atrasado nessa, mas se você se interessa por roteiros de cinema, tenho uma proposta: além de ver "Argo", Oscar de melhor filme, que tal ler a reportagem da revista americana "Wired" que o inspirou? Fácil, aqui:http://goo.gl/f1xbr. Em inglês, infelizmente, mas o esforço compensa.

Cotejar fato e ficção vale por uma aula de narrativa hollywoodiana. Detalhes que, no artigo original, não mereceram mais que três linhas viram elementos cruciais do roteiro. Momentos anticlimáticos da vida real são puro suspense na versão para as telas. Situações são inventadas para que o espectador mergulhe de fato na história.

Podem-se criticar as liberdades tomadas pelo roteirista, Chris Terrio. Mas não as vejo como falsificações históricas. São artifícios legítimos para impulsionar a narrativa. O filme não é um documentário. Apresenta-se como "baseado em fatos reais". Não engana ninguém.

Para quem ainda não viu, vai aqui um resumo, com o alerta de que entrega um pouco do final.

Irã, 1979. Os seguidores do aiatolá Khomeini, recém-instalados no poder, invadem o complexo diplomático dos EUA em Teerã. Disparando uma crise que duraria 444 dias, fazem reféns 52 funcionários, equipe completa. Ou quase, porque seis americanos conseguiram escapar. Trabalhavam em um prédio anexo que tinha saída direta para a rua.

"Argo" e a reportagem de Joshuah Bearman, na "Wired", contam a história dos esforços de espionagem para tirar do Irã esses fugitivos, hospedados secretamente na casa do embaixador do Canadá.

Um agente da CIA, Tony Mendez, entra no Irã se fingindo de produtor de um filme de ficção científica em busca de locações no país. Enrola uns dias na capital e, na hora de sair, traz consigo os fugitivos, dizendo que faziam parte de sua equipe. Será que vai colar?

A história real, de tão delirante, é daquelas de bater o olho e decretar que daria filme. Mas, do ponto de vista de roteiro, tem um problema grave: o final chocho. A saída do país foi fácil. Ninguém no aeroporto deu muita bola para os gringos. Embarcaram tranquilos.

Agora, tente se imaginar no lugar do roteirista de "Argo". Ele lê o texto da "Wired" e pensa: OK, história saborosa, mas só até certo ponto. Como imprimir ritmo e suspense à parte final?

Aí entra, a meu ver, a grande sacada do filme. A reportagem cita de passagem a convocação, pelos invasores da embaixada, de crianças tapeceiras. Acostumadas a lidar com fios que, unidos, fazem surgir os desenhos complexos da tapeçaria persa, foram chamadas para tentar reconstruir documentos que os americanos, às pressas, tinham picotado no começo da confusão.

O que era só um detalhe na história verdadeira acaba brilhando no roteiro de "Argo". Em cenas espalhadas pelo filme, surge a molecada tentando juntar os pedacinhos de papel, como fios de um tapete. E não são documentos quaisquer, mas as fotos dos funcionários americanos, para conferir se todos estão mesmo nas mãos dos sequestradores. Se aparecer um retrato de alguém que não está na embaixada, é porque conseguiu escapar. Precisa ser capturado.

O roteiro amarra tudo isso maravilhosamente no segmento final, o chamado "terceiro ato". Os meninos tecelões estão prestes a reconstruir uma foto. E se for de um dos fugitivos? E se ficar pronta bem na hora em que ele estiver tentando passar na imigração do aeroporto?

Na vida real, a ação dos tapeceiros mirins não teve tanta importância. No roteiro, ganhou força e poder de condução narrativa. Funciona como "lifeline", linha de apoio. Ainda que o espectador perca interesse na história principal, espera-se que o fato de o filme sempre voltar para aqueles meninos vá intrigá-lo e prender sua atenção. Os garotos vão mesmo reconstruir as fotos? E, se conseguirem, para que isso vai servir?

Os minutos finais são os mais exasperantes, nada a ver com o anticlímax da história real. Na ficção de "Argo", a passagem dos fugitivos pelo aeroporto é um desespero, cheia de percalços. Culmina com uma perseguição eletrizante mesmo para quem já tinha lido a reportagem e sabia o final (meu caso).

Patriotada americana, conspiração pró-CIA etc. Os críticos movidos só por ideologia podem atirar todas essas pedras em "Argo". Só não podem negar o ritmo e a consistência do roteiro. No arcabouço do cinema comercial de Hollywood, difícil fazer melhor.

Adversários e inimigos - ROSISKA DARCY DE OLIVEIRA

O GLOBO - 02/03

Um grupo de pessoas, com a força da convicção sobre uma causa, é capaz de influenciar a sociedade. As minorias destrutivas têm o mesmo poder



No entorno dos estádios é comum ver grupos de garotos, radiantes, se preparando para assistir a um jogo de futebol. Deve ter sido assim que um menino boliviano saiu de casa para ver seu time enfrentar o Corinthians, lendário campeão brasileiro e mundial. Voltou morto, o rosto trespassado por um sinalizador náutico atirado da “torcida organizada”. A mesma que no ano passado acabou com a apuração do concurso das escolas de samba de São Paulo, estragando mais uma festa popular.

O sinalizador era idêntico ao disparado dentro de uma boate e que provocou a tragédia de Santa Maria. É um naufrágio o que esses dois crimes estão sinalizando. Não pode ser tratado como um problema menor. Onde vamos parar, perguntava, chorando, um jogador de futebol, campeão do mundo, indignado com a leniência com que o crime de Oruro era tratado nas redes sociais?

O futebol é uma das maiores alegrias do povo brasileiro, um esporte que se confunde com nossa identidade e autoestima, que habita o sonho dos mais pobres e ensina a derrota ao poderosos. Imprevisível, na caixinha de surpresas de Nelson Rodrigues, uma decisão do juiz, um lance infeliz, uma falta que provoca uma expulsão decidem uma Copa do Mundo. O acaso faz dele um verdadeiro jogo.

Esse jogo mágico está sendo pervertido pela violência de uma minoria que encontra eco no comportamento anônimo e impune das multidões. A cada partida que mobiliza as torcidas dos grandes clubes brasileiros, em meio à alegria, a catástrofe espreita como um possível avesso. Pacíficos torcedores têm medo de ir ou de levar seus filhos aos estádios, que se tornaram lugares perigosos. As camisas dos clubes vestem hordas que se enfrentam aos urros, como num circo romano de filme da velha Metro.

Um clima guerreiro se infiltra nas famílias, a hostilidade e a provocação gratuitas se sentam à mesa e separam irmãos, aberração justificada como paixão, corroendo uma palavra que se associa mais facilmente ao amor do que ao ódio.

O adversário está deslizando perigosamente para o papel de inimigo, a competição para a guerra. Essa deriva extrapola o futebol e infesta a política. Nos estádios europeus o insulto racista exprime de maneira particularmente cruel, sobretudo em tempos de crise, o ódio ao imigrante, bode expiatório de todos os males. Aqui e lá é de ódio que se trata, negação do outro como ser humano, reificado em alvo a ser destruído.

Os jogos são uma sublimação do instinto de competição que herdamos da difícil sobrevivência na selva. O respeito às regras, saber ganhar e perder, são conquistas de um pacto civilizatório. A violência das torcidas nos leva de volta a um passado simiesco.

A combinação literalmente explosiva de atos irresponsáveis com um clima generalizado de agressividade não é nada auspiciosa para o país que vai hospedar a Copa das Confederações, a Copa do Mundo e as Olimpíadas, cujo sentido profundo é a competição leal entre os melhores. As medidas de segurança contra possíveis atentados talvez não sejam mísseis antiaéreos e sim o uso, urgente, de todos os recursos legais e educativos disponíveis para desarmar essa bomba impalpável que a violência acende para explodir nos estádios. O terrorismo das arquibancadas pode ser devastador.

Vimos convivendo com a violência sem perceber que, pouco a pouco, o que era minoritário propaga-se, se entranha nas relações, faz-se natural, vira um modo de ser e de se comportar. Pesquisa recente do MEC e da Fundação Lemann constatou, ao longo de um ano, 4.500 casos de professores agredidos por alunos nas salas de aula. 51.330 pessoas foram assassinadas no Brasil no ano de 2011. São baixas de uma guerra civil.

A psicologia social ensina que um grupo de pessoas, ainda que minoritário, com a força da convicção sobre uma causa é capaz de influenciar a sociedade como um todo, construindo novas posturas e opiniões. As minorias destrutivas têm o mesmo poder. Desagregam sociedades, impõem-lhe seus padrões de comportamento, à sua imagem e semelhança.

A violência no Brasil é epidêmica e como tal tem que ser tratada: prevenção e cuidado com a contaminação. E severidade na punição a quem a propaga, o que é responsabilidade do governo, que deveria priorizar seu enfrentamento. A nossa responsabilidade, os que recusamos a selvageria, é dentro de nossas casas, nas relações interpessoais. Na rua, no cuidado com o espaço público, no trânsito. Para que não constatemos um dia, perplexos, que também nos tornamos violentos. Ou que somos nós, agora, a minoria e que eles ganharam a partida.

Código Civil e suas mudanças - WALTER CENEVIVA

FOLHA DE SP - 02/03

Os códigos fundamentais, próprios do passado do direito, já entraram no estágio de substituição


NA PRIMEIRA metade do século 20, os códigos ainda eram uma espécie de bíblia imprescindível de todo o conjunto das normas vigentes. Cada código regulava, em princípio, todo ou quase todo segmento do direito envolvido nas práticas da vida.

A tradição da força da lei codificada encontrou bom apoio no Código Civil francês de 1804. A redação, orientada por Napoleão Bonaparte, foi no sentido de que fosse escrito com tal clareza que nenhum cidadão deixasse de compreendê-lo.

Referido como "Code Napoleon", em sua esteira servem de exemplo codificações civis da Alemanha e da Suíça. Depois se espalharam, aí incluído nosso Código Civil de 1916.

Os tempos mudaram. Impôs-se o ajuste da lei a um universo mutante. A grande massa do direito foi dividida em partes cada vez menores.

O tipo compacto dos códigos foi superado, aos poucos, por leis específicas, uma para cada alternativa inovadora da concentração urbana, da industrialização e dos inventos que mudaram a vida e a família.

O exemplo mais atual desse resumo está em nosso Código Civil, que começou a vigorar em 11 de janeiro de 2003. A concentração do interesse predominante dos juristas nas emendas da norma codificada marcou o último decênio.

Em breve repasse da parte geral, contei 25 artigos e parágrafos emendados ou substituídos até o art. 232. Daí até o art. 2046, foram 45 alterações na parte especial. Total: 70 mudanças. Sete por ano, em média.

Além do Código, há, no direito civil brasileiro, mais de quarenta tipos de leis envolvidas.

É o caso -entre outros exemplos- das questões de família, da criança e adolescente e do idoso. Sem falar na união estável ou no casamento entre parceiros do mesmo sexo.

Ou seja: apesar da atualização do Código e de sua qualidade, é enorme o conjunto dos direitos estranhos à regra codificada. Como isso é possível? O cidadão comum tem dificuldade em encontrar resposta para seus problemas. Ou até mesmo para entendê-los.

Uma crítica é válida, pela evidência da disparidade jurídica entre situações encontradas na França do século 19, comparadas com as situações de hoje, no Brasil.

Haverá modo qualificado de superar a confusão? Ela é gerada pelas mudanças da sociedade heterogênea de nosso tempo, com os progressos da eletrônica, do transporte aéreo, da energia elétrica, do sistema bancário e da comunicação instantânea mundial.

Pensando a questão em termos de direito, a resposta é difícil. A curto prazo, continuaremos navegando pela confusão encontrada no campo das múltiplas alternativas e das etapas no rumo do domínio completo de alterações extremas nos padrões da vida.

Lembremos que no hemisfério sul do planeta Terra, a densidade de ocupação territorial é muito mais baixa que no hemisfério norte.

Lá como cá, porém, os códigos fundamentais, próprios do passado do direito, já entraram no estágio de substituição de seus articulados específicos para o dos grandes princípios e fundamentos como parâmetros gerais da vida em grupo.

Até que esse caminho seja percorrido, continuaremos sofrendo com a confusão. Anote, porém: falamos só do direito civil. Quando ajustarmos a grande massa das leis gerais ao novo perfil do progresso, teremos compreendido quanto o primeiro passo foi precioso.

Ueba! Papa tá na Ilha de Caras! - JOSÉ SIMÃO

FOLHA DE SP - 02/03

"Vaticano deve ser punido por abusos sexuais". Vão ter que rezar missa com portões fechados!

Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! E acaba de sair a primeira declaração do Imposto de Renda: "Imposto de Renda! Eu te amo".

Pronto, já fiz a minha declaração: te amo. Isso alivia pra mim? Rarará! E já comecei a declarar. Declaro que tô duro! Esse é o melhor quesito: "Situação em 31/12/2012". BÊBADO! Qual a situação do brasileiro em 31 de dezembro? Bêbado, claro!

E o Papa? Habemus Preguiça! "Vaticano deve ser punido por abusos sexuais". Vão ter que rezar missa com portões fechados! E uma amiga: "Isso se quatro coroinhas não entrarem na justiça!". Rarará! Liminar pra assistir missa.

E continuo fascinado pelos quatro corintianos no estádio vazio! Já imaginou uma ola de quatro?

E os quatro manos brigando num estádio vazio: "Essa cadeira é minha". "Não empurra! Já disse que essa cadeira é minha."

E um cara no Twitter: "Torcida palmeirense punida pela Conmebol: portões abertos em todos os jogos". A torcida vai ter que comparecer. Castigo. Não tem desculpa! Rarará!

E a manchete do Sensacionalista: "Aposentado, Bento 16 é visto jogando dominó numa praça em Copacabana". Eu achava que era na Ilha de Caras! Papa Bento 16 se aposenta e vai viver na Ilha de Caras!

Ou então vai alugar gerente de banco. Pra ver como tá o papatrimônio! Meu pai, quando se aposentou, era assim: todo dia de manhã ia alugar o gerente do banco!

E depois da renúncia, a fumaça. Vai começar a novela da fumaça! Fumaça preta é que os bispos queimaram a pizza! Mamma mia, queimamos a pizza! Fumaça preta com cheiro de churrasco é que o papa vai ser gaúcho. Fumaça preta com cheiro de mato queimado é que o papa vai ser jamaicano. Papa rasta!

E o povo aplaudindo a fumaça? Eu nunca vi isso: aplaudir fumaça. Eu sou do tempo em que a gente aplaudia o pôr do Sol!

E, papa por papa, eu prefiro um papagaio! Só fala palavrão e só

dá o pé! Rarará! É mole? É mole, mas sobe!

Os Predestinados! Mais dois para a minha série dos predestinados. Autor do projeto da estátua dos 60 anos do Zico: Marcelo Tijolo! E a notícia: "Tijolo inaugura estátua de Zico". E um casal de leitores foi pra Portugal e jantou num restaurante chamado Chana, localizado em São Bento da Porta Aberta! Rarará! Nóis sofre, mas nóis goza!

Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

Um conceito inovador - SÉRGIO MAGALHÃES

O GLOBO - 02/03

Em geral, o desenvolvimento econômico e social é pensado dissociado da questão urbana; abstrai-se a dimensão territorial ou espacial da cidade



Meio ambiente, desigualdade social e mobilidade formam o conjunto de problemas urbanos mais significativo comum às grandes cidades, conforme Bernardo Secchi. Arquiteto e professor italiano, com produção urbanística em importantes cidades mundiais, considera que eles não podem ser enfrentados isoladamente, nem entre si, nem na equação espacial.

Este conceito foi realçado no âmbito do Seminário Q+50, recentemente realizado no Rio, no qual se debateram políticas urbanas para as cidades brasileiras. (O encontro é parte das comemorações do cinquentenário do histórico Seminário de Habitação e Reforma Urbana, realizado em 1963, no Hotel Quitandinha, Petrópolis — onde, aliás, se cunhou a expressão “reforma urbana”.)

De fato, o tripé ambiente-desigualdade-mobilidade está no cerne da questão urbana que caracteriza as cidades deste século XXI. Herdados da industrialização e da expansão vertiginosa das cidades, tais problemas são pensados como disciplinas autônomas. No entanto, eles são interdependentes.

No Brasil, 85% da população vivem em cidades. Aí, os problemas ambientais estão associados ao saneamento, à poluição do ar e das águas, ao consumo de combustíveis fósseis. A desigualdade social é estreitamente correlacionada ao acesso aos serviços públicos, onde a infraestrutura urbana tem papel relevante. A mobilidade se agrava proporcionalmente à expansão da cidade e à intensidade do uso do modo rodoviário — no entanto, continua sendo tratada por rodoviaristas, ainda não compreendida como um problema social, urbano e ambiental.

Mas a necessária interdisciplinaridade não se promove sem a dimensão espacial como estrutura. E este é um conceito inovador.

Em geral, o desenvolvimento econômico e social é pensado dissociado da questão urbana; abstrai-se a dimensão territorial ou espacial da cidade. Superestima-se a influência da economia sobre a forma urbana, chegando-se a admitir certo determinismo.

Mas o estudo das principais cidades tem evidenciado justamente o valor do desenho urbano na promoção do desenvolvimento, inclusive o econômico. Essa evidência se apresenta nos ganhos da superposição de funções urbanas, que sustenta a interação capaz de potencializar energias dispersas e de estimular uma das bases da economia contemporânea: o conhecimento e a inovação. Diferentemente do que se pensava, as facilidades de comunicação via web têm expandido a necessidade da interação interpessoal e social.

A democracia e a ética exigem a universalização dos serviços públicos, cuja escassez é um dos pilares da crescente desigualdade social. A falta da prestação do serviço de segurança pública é fator determinante na exclusão, no empobrecimento e na perda de cidadania. Hoje sabemos que a universalização dos serviços é indissociável da necessidade de se repensar a expansão das cidades e impedir a ocupação predatória do território e em baixa densidade.

As agendas econômica e geopolítica do Brasil subestimam a agenda urbana e, sobretudo, a metropolitana. Por quanto tempo o desenvolvimento e a democracia suportarão esse desencontro?

Roma, cidade aberta - ALBERTO DINES

GAZETA DO POVO - PR - 02/03

Ponto focal da história do mundo, inspiração para tantas metáforas, a Cidade Eterna está vacante. “Não há papa, nem governo e o ancião presidente da República, Giorgio Napolitano, já avisou que irá embora quando terminar o mandato, dentro de algumas semanas”, escreveu nesta sexta-feira Pablo Ordaz, correspondente do diário espanhol El País, num dos mais solenes e graves despachos jornalísticos dos últimos tempos.

Bento XVI falava baixo, só foi ouvido quando apresentou sua renúncia e, agora que a torrente de palavras pronunciadas a partir de 11 de fevereiro começam a fazer sentido, escancara-se dramaticamente a imensa agenda de desafios que aguarda não apenas o sucessor, mas também a Cúria Romana, a hierarquia eclesiástica e as lideranças católicas em todo o mundo. Não foi a morte a acionadora deste encadeamento de impasses; ao contrário, a longevidade deste refinado intelectual alemão foi a responsável pela montagem deste momento único na história contemporânea.

A presente tragédia política italiana não pode ser examinada como fenômeno à parte. Nem minimizada dentro da crise do euro. O inesperado renascimento do populismo berlusconista e o surpreendente estouro do palhaço Beppe Grillo com o seu Movimento 5 Estrelas, igualmente populista, antipolítico e antidemocrático, não aconteceram por acaso: fazem parte de um consistente reencontro da sociedade italiana com as ideias, práticas e maneirismos fascistas de Benito Mussolini.

Il Duce precedeu o Führer em 11 anos; suas milícias, xenofobia e socialismo corporativo foram adotados em mais países que o brutal nacional-socialismo alemão, sobretudo na Península Ibérica e na América Latina. A Concordata com a Santa Sé pavimentou seu assalto ao poder e estabeleceu um duradouro paradigma de convivência do Vaticano com movimentos de extrema-direita em todos os cantos do globo.

Com o pretexto hipócrita da separação entre Igreja e Estado, o Vaticano acabou oferecendo a Silvio Berlusconi um irresponsável manto de complacência e, quando percebeu o perigo, já era tarde. O pseudoanarquismo de Beppe Grillo é um subproduto do farsesco Berlusconi – insignificantes são as divergências; suas convergências parecem inevitáveis.

O Vaticano não está acéfalo; o solene rito da sucessão pontifícia já foi posto em marcha, mas o assustador vácuo criado pelas eleições italianas pode influir de alguma maneira na escolha do sucessor de Joseph Ratzinger. Um novo papa italiano terá de defrontar-se de imediato com uma grave crise política e econômica que, de alguma forma, alcançará a Santa Sé.

O filme Roma, Cidade Aberta, de Roberto Rosselini, precursor do neorrealismo italiano, retrata a aliança entre comunistas e católicos em 1943-1944 para enfrentar a ocupação alemã e eliminar os últimos focos da resistência fascista. O conceito de “cidade aberta”, embora militar, visa à desmilitarização de uma cidade preservando-a de bombardeios.

Os dois Estados que convivem na bota italiana – o secular e o religioso –, embora em esferas distintas, precisam reencontrar-se com aquele pedaço da história. Ou buscar algo mais recente, o aggiornamento, palavra de ordem do Concílio Vaticano II lembrado com tanta emoção por Ratzinger depois de anunciar a renúncia. Significa atualização, também reencontro, repúdio à intolerância.


Da ilha da fantasia à Ilha do Tesouro - ROLF KUNTZ

O ESTADO DE S. PAULO - 02/03

Candidata à reeleição e já em campanha aberta, a presidente Dilma Rousseff precisará de resultados muito melhores que os do último biênio, na economia, para cumprir a missão recebida de seu chefe, publicamente. A tarefa é levar adiante o projeto de poder de seu partido. Para isso ela terá de conseguir mais que um ano de crescimento na faixa de 3% a 4%. Um resultado melhor que a humilhante expansão de 0,9% em 2012 é praticamente certo neste ano. Mas é pouco, depois de um crescimento acumulado de apenas 3,6% na primeira metade de seu mandado.

Além disso, até seus principais assessores devem ter notado um fato evidente para qualquer pessoa medianamente informada: a política centrada no estímulo ao consumo fracassou. Os gastos familiares cresceram pelo nono ano consecutivo, mas foram insuficientes, mesmo somados às despesas do governo, para promover o crescimento industrial. A indústria de transformação, a melhor referência para se examinar o assunto, produziu 2,5% menos que em 2001. Ao mesmo tempo, os preços ao consumidor continuaram subindo velozmente. A inflação em 12 meses, 5,8%, ficou mais uma vez muito longe da meta, 4,5%.

Algo funciona mal nesse quadro e até em Brasília - no Palácio do Planalto e em suas vizinhanças - essa noção começou a difundir-se há algum tempo. Não adianta muito apoiar o consumo quando o problema principal está do lado da oferta. E o lado da oferta, como devem saber até alguns membros do atual governo, só pode responder à demanda se houver capacidade produtiva e competitividade. Isso depende de vários fatores, incluído o investimento em capital fixo, As contas nacionais recém-divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) confirmaram um cenário de desastre.

O valor investido nesses ativos foi 4% menor, em termos reais, que o do ano anterior. Além disso, o País só investiu o equivalente a 18,1% do produto interno bruto (PIB). No ano anterior havia investido 19,3%. As duas taxas são miseravelmente baixas. Mesmo na América Latina a formação bruta de capital fixo alcança 25% do PIB em vários países. Em economias da Ásia supera 30% e na China tem ficado na vizinhança de 40%.

O investimento tem sido especialmente fraco na infraestrutura. No setor rodoviário, mal tem sido suficiente para a manutenção de um sistema de baixa qualidade. De modo geral, é preciso fazer muito para ampliar e modernizar toda a área de transportes e para isso o governo lançou um programa de logística. A intenção é correta, mas prioridades e critérios são discutíveis e o planejamento, como tem sido normal há vários anos, continua muito abaixo das intenções. A mesma observação vale para os demais componentes da infraestrutura. Não se pode atribuir a um simples capricho do mercado a desvalorização da Eletrobrás. Os investidores são capazes de reconhecer um desastre, como reconheceram no caso da Petrobrás, depredada por um intervencionismo desastroso.

Nada mais natural que a hesitação dos investidores, depois de uma longa e assustadora história de trapalhadas bem conhecidas. Não há como esquecer de um dia para outro a polêmica renovação das concessões do setor elétrico, a questão dos portos sujeitos a regimes e direitos diferentes e os danos causados à Petrobrás por uma gestão politizada. Pode-se alongar a lista com a atuação discutível do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), empenhado na criação de "campeões nacionais", envolvido em maus investimentos e dedicado a ações de escasso ou nenhum valor estratégico.

Mas o governo precisa, no mínimo por interesse eleitoral, desencadear uma onda de investimentos e, de modo especial, promover a aplicação de grandes capitais em infraestrutura. Se o esforço der certo, o País terá condições de sair do atoleiro e ganhar impulso para crescer por alguns anos.

Para isso o governo anunciou um programa de $ 235 bilhões para fortalecimento da infraestrutura e saiu em busca de interessados tanto no Brasil quanto no exterior. Na apresentação em Nova York, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, teve de ouvir perguntas sobre assuntos aparentemente estranhos ao programa: os investidores potenciais estavam interessados em temas como educação e formação de mão de obra, inflação e outros aspectos básicos da gestão pública. O ministro e vários colegas de governo têm sido forçados a afirmar repetidamente um compromisso prioritário com o combate à inflação e com o controle das contas públicas. Por que haverá tantas dúvidas?

Confiança é um ativo precioso e é preciso mantê-lo tão cuidadosamente quanto os equipamentos de um avião. Mas o governo, embora pareça perceber o problema, insiste nas soluções mágicas e voluntaristas, numa reação tipicamente brasiliense. Conhecida há muito tempo como Ilha da Fantasia, um recanto feliz e distante da realidade nacional, Brasília pode tornar-se famosa também como Ilha do Tesouro. A fantasia con - tinua, porém agora turbinada pela imagem de um cofre maravilhoso, capaz de capitalizar mais uma vez o BNDES, adiantar receita a quem investir em ferrovias, transferir fundos para bancos financiarem a infraestrutura, socorrer distribuidoras de eletricidade, conceder mais desonerações a setores escolhidos e levar adiante o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Num ambiente mais prosaico, o governo proporia aos investidores planos coerentes e realistas, sem cometer, entre outras, a tolice de querer tabelar ideologicamente a taxa de retorno (em Nova York, o ministro Mantega tentou corrigir esse erro). Ao mesmo tempo, venderia seriedade, comprometendo-se com a solidez macroeconômica, sem truques e maquiagens. Deixaria claro, por exemplo, o compromisso com a meta de inflação de 4,5%. Com base na fala de Mantega, quem poderia dizer se a meta é essa ou qualquer ponto entre 4,5% e 6,5%?


PMDB quer mais - ILIMAR FRANCO

O GLOBO - 02/03

Os peemedebistas estão insatisfeitos com o perfil de seus ministérios, que têm pouca margem para operações políticas com vistas a 2014. O partido sabe que, na reforma da presidente Dilma, o máximo que vai levar é o Ministério dos Transportes, o que resolve em parte seu problema. Mas o PMDB quer mais e voltou a negociar com força espaços privilegiados em autarquias e estatais.

Pagando pelo futuro
A decisão da presidente Dilma em dar ao PMDB de Minas Gerais o Ministério dos Transportes resolve uma questão eleitoral futura. Contemplando os peemedebistas mineiros, o ministro petista Fernando Pimentel (Desenvolvimento Econômico) garante o partido em sua chapa ao governo. Decidido o ministério, agora a bancada do PMDB na Câmara pressiona pela indicação do deputado Leonardo Quintão (MG). O atual ministro, Paulo Passos, deverá voltar a ser secretário-executivo da pasta. Resolvida a equação eleitoral com o PMDB, resta a Dilma agora enfrentar as negociações com PDT e PR como forma de não perdê-los em 2014.

“A oposição comemora PIB baixo, o povo comemora os empregos e o aumento da renda das famílias. Isto o PIB não explica”
Paulo Ferreira
Deputado federal PT-RS

Sem mágoas
Candidato derrotado à presidência da Câmara, Júlio Delgado (PSB-MG) aceitou convite do eleito, Henrique Alves (PMDB-RN), para integrar comissão, de seis deputados e seis senadores, que fará a reforma dos regimentos do Congresso.

Vídeos pesados
O procurador-geral da Câmara, Cláudio Cajado (DEM-BA), ganhou uma briga na Justiça contra o Google. A empresa terá que remover 11 vídeos considerados agressivos contra o deputado Anthony Garotinho (PR-RJ). E pagará ao parlamentar R$ 50 mil de multa. Segundo a Procuradoria da Câmara, esse tipo de ação é a mais pedida pelos deputados.

O Kassab é nosso
No PT, a avaliação é que a candidatura de Gilberto Kassab (PSD) ao governo de São Paulo prejudicará a reeleição do tucano Geraldo Alckmin e poderá dificultar a vida do PSDB num segundo turno, pois o PSD se aliaria aos petistas.

Muita calma nessa hora
Os governadores da Paraíba, Ricardo Coutinho, e do Piauí, Wilson Martins, ambos do PSB, estão preocupados com a antecipação da campanha presidencial. Fiéis aliados de Eduardo Campos (PSB-PE), levaram a ele a preocupação de que, por conta de sua pré-candidatura e o clima hostil entre PSB e PT, temem ser afetados pelo governo Dilma. Acham que podem perder investimentos.

Fundo para infraestrutura
O senador Francisco Dornelles (PP-RJ) quer incluir na MP do ICMS dispositivo que destina 30% dos juros da dívida a um fundo a ser criado nos estados para investimentos em infraestrutura. Eles pagam juros anuais de até 13% à União.

Operação salvamento
Alvo de intensa pressão e denúncias, o deputado Gabriel Chalita (PMDB- SP) recebeu voto de confiança do vice Michel Temer. "Acredito na integridade do Chalita e confio que ele dará todos os esclarecimentos necessários", disse Temer.

Sou eu assim sem você. Mais ou menos na linha da canção de Adriana Calcanhoto será o discurso da presidente Dilma, hoje, na convenção do PMDB.


Para além do PIBinho - VERA MAGALHÃES - PAINEL


FOLHA DE SP - 02/03

Dilma Rousseff foi alertada por Guido Mantega de que o PIB (Produto Interno Bruto) de 2012 registraria crescimento abaixo de 1% na véspera de sua viagem à África, na semana passada. Na conversa, a presidente recomendou, nas palavras de um auxiliar, a "política de olhar para frente''. Outros dados apresentados por Mantega preocuparam, pois projetam que o governo passará o ano pré-eleitoral toureando a inflação, que deve ficar no patamar de 6%. A meta oficial é de 4,5%.

Canetada O recém-anunciado PIB terá reflexo no salário mínimo do ano em que Dilma tentará a reeleição. Sindicalistas antecipam que o governo será pressionado "arredondar" o valor em 2014, para que o ganho real do piso salarial supere 1%.

Para depois O desempenho da economia freou grupo do PT que já preparava agenda política de imersão de Guido Mantega (Fazenda) visando a eleição para o governo paulista. A articulação vinha sendo estimulada por Lula.

Cobrança O PSDB vai interpelar Dilma judicialmente para que confirme ou se retrate da afirmação de que o PT não recebeu cadastro dos programas sociais em 2003. Anexará informação do site da Presidência que diz que o cadastro foi criado em 2001.

Noivado Em discurso na convenção do PMDB, hoje, a presidente deixará clara a preferência por Michel Temer como candidato a vice no ano que vem. Segundo interlocutores, ela "não deixará dúvidas'' de que Eduardo Campos (PSB) está fora do páreo.

Dote Na semana que vem, a petista receberá o vice-presidente para tratar das mudanças na Esplanada. O PMDB de Minas pleiteia o Ministério dos Transportes, hoje sob comando do PR.

Estrada Em tempos de caravanas de Lula e presidenciáveis, Ideli Salvatti obteve sinal verde para organizar encontros de prefeitos nas cinco regiões, com a presença de Dilma, no segundo semestre.

Paralelos Aliados de Eduardo Campos comparam a interferência de Lula nos rumos do PSB com a tentativa, pilotada por José Dirceu, de tirar o comando do partido do avô do governador, Miguel Arraes, no fim dos anos 90.

Profilaxia A resolução aprovada pelo Diretório Nacional do PT cobrando o governo pelo adiamento do marco regulatório da mídia é vista pelos próprios petistas como gesto para o público interno. Ninguém acredita no partido que Dilma dê prosseguimento ao debate até 2014.

Sempre ele Sem mencionar Eduardo Campos, Lula disse ontem aos dirigentes petistas que "problemas como o de Recife em 2012 não podem se repetir". Referia-se ao racha com os socialistas que resultou na derrota de Humberto Costa para Geraldo Júlio, patrocinado pelo governador de Pernambuco.

É pra já O ex-presidente pediu aos membros da direção do partido que resolvam pendências regionais para a eleição até julho. Disse ainda que será um "soldado" para rodar o país na campanha.

Que tal? Diante de queixas de empresários com contratos vigentes, parlamentares procuraram o relator da medida provisória dos portos, Eduardo Braga (PMDB-AM). Propuseram prorrogar por dez anos os acordos no modelo antigo, com a obrigação de que sejam feitos investimentos em até três anos.

Erro médico Alexandre Padilha repreendeu publicamente, no Twitter, o responsável pelo perfil institucional do Ministério da Saúde, que publicou nota sobre o uso de tomógrafo para diagnóstico de câncer de mama. "Ei pessoal, corrige isso aí!".

com FÁBIO ZAMBELI e ANDRÉIA SADI

tiroteio

"Já que a Dilma diz que não herdou nada, que assuma a responsabilidade pelo Mantega e seu PIBinho, em vez de maquiar os números."
DO DEPUTADO RODRIGO MAIA (DEM-RJ) sobre o resultado do crescimento da economia em 2012, que foi de apenas 0,9%, abaixo da expectativa do governo.

contraponto


Movimento pendular

A Rede, novo partido de Marina Silva, provoca discussões acaloradas no plenário da Câmara dos Deputados. O deputado Francisco Praciano (AM), da ala mais radical do PT, brincou com Ivan Valente (PSOL-SP):

-Ivan, você vai para a Rede com o Domingos Dutra?

O deputado paulista respondeu:

-Não. A Rede não é de esquerda nem de direita...

Ouvindo a conversa, Luís Couto (PT-PB), que diz ser especialista no manuseio de redes, explicou:

-Qual foi a surpresa, Ivan? Eu sei que as redes costumam balançar sempre pra lá e pra cá!

Limite de mandatos - MERVAL PEREIRA

O GLOBO - 02/03
A crítica do presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, aos "políticos profissionais", defendendo a limitação de mandatos parlamentares na mesma linha proposta pelo partido que a ex-senadora Marina Silva pretende organizar, provocou não apenas as especulações naturais de que estaria falando em causa própria, apresentando-se como uma alternativa, como também comentários mais ácidos de políticos que, por enquanto, preferem ficar no anonimato.

Há os exemplos concretos de grandes homens públicos que tiveram vários mandatos seguidos no Congresso, como Ulysses Guimarães, Tancredo Neves, Teotônio Vilela, além de uns poucos atuais, o que leva a crer que a questão seja de qualidade individual, e não de tempo de mandato. Há também o fato de que, entre os condenados do mensalão, a maioria é de políticos de poucos mandatos, quando não de um apenas.

Há também os argumentos jurídicos, que dizem ser flagrantemente inconstitucional uma decisão nesse sentido, pois, nas condições de elegibilidade, tal proibição não figura. Seria preciso modificar a Constituição para impor essa restrição.

Há também quem lembre que o ministro Joaquim Barbosa, assim como todos os membros do STF, tem mandato vitalício, o que por si só denotaria uma incoerência de sua parte criticar a longevidade dos políticos que, em vez de serem nomeados, são eleitos pelo voto direto dos cidadãos.

A campanha da ex-senadora Marina Silva, que pretende que seu novo partido seja "diferente" dos existentes, também não encontra muito eco entre os políticos que poderiam formar em sua bancada, ao contrário do que aconteceu, por exemplo, com o PSD do ex-prefeito paulista Gilberto Kassab, o protótipo de "mais do mesmo" no campo partidário.

O PSD foi uma válvula de escape para políticos incomodados em seus partidos originais, que gostariam de aderir ao governo Dilma. Conseguiu formar a terceira maior bancada da Câmara e transformar-se não em mais um dos muitos partidos aliados, mas em um dos principais sustentáculos da base governista. Embora tanto Kassab quanto Marina tenham definido seus respectivos partidos como "nem de centro, nem de direita, nem de esquerda", ou ainda "nem governo nem oposição", os dois partem de pontos diferentes.

Kassab formou seu partido com a adesão de políticos, Marina tenta erguer o seu através de petição pública. Por essas coincidências da política, os dois podem estar também em polos opostos na eleição presidencial de 2014, e nenhum dos dois com a presidente Dilma, pelo menos no primeiro turno.

Marina deve ser a candidata a presidente mais uma vez, na REDE ou em algum partido tradicional que a abrigue. Já Kassab pode levar seu PSD a apoiar o governador Eduardo Campos se ele sair mesmo candidato pelo PSB. O início da caminhada do PSD teve todo o apoio do PSB de Campos, que chegou em determinado momento a ser cogitado como o partido que abrigaria os dissidentes caso o PSD não conseguisse sair do papel.

Da mesma maneira que hoje Marina tem como plano B se unir a algum partido que não esteja na órbita governista ou que queira sair dela para tentar um voo solo. O presidente do Supremo, Joaquim Barbosa, surge como uma possível candidatura alternativa no rastro desse movimento contra a política tradicional, mas o exemplo mais próximo que temos dessa experiência é o hoje senador Fernando Collor, que se apresentou como candidato antipolítico na eleição de 1989, apesar de pertencer a uma família tradicional da política alagoana.

Teve êxito na sua farsa eleitoral, mas acabou sendo impedido por um movimento popular que tomou conta das ruas do país da mesma maneira que, meses antes, a maioria do eleitorado pensou ter visto nele aquele que redimiria a política nacional.

Hoje, Collor, eleito senador, faz a política mais tradicional que se possa pensar, no sentido negativo com que essa política é vista pela opinião pública, aliado a antigos adversários como o PT, Sarney, Lula e Renan Calheiros.