quarta-feira, janeiro 02, 2013

Tsunami como metáfora - MARTHA MEDEIROS

ZERO HORA - 02/01


A palavra tsunami só entrou no meu repertório a partir da tragédia acontecida na Tailândia. Antes disso, se eu a vi escrita em algum lugar, devo tê-la confundido com alguma sobremesa, quem me garantiria que não era uma prima do tiramisu?

Pois tsunami, descobri, era outra coisa, possuía um significado trágico. Águas revoltas emborcando corpos, afogando vidas, eliminando gente num ataque surpresa. Você imagina que está no paraíso (à beira-mar, quem não está?) e de repente é arrastado para as profundezas com tal violência que, se conseguir escapar, não voltará o mesmo. Quem sobrevive, coleciona cicatrizes e traumas. Ou seja, tsunami passou a ser a metáfora ideal para todos aqueles momentos em que somos atingidos por uma força exterior capaz de deixar nosso mundo fora de lugar.

Seu marido saiu de casa, um tsunami. Demissão coletiva na empresa, um tsunami. Seu filho foi vítima de um assalto com arma, um tsunami. Todas as vezes em que você disse para si mesmo “não sei se vou segurar a onda”, era porque um tsunami estava passando por cima da vida satisfatória que você tinha antes.

Eu, que sempre fui fascinada por água, que sonho frequentemente com o mar e que costumo comparar a vida a um barco à deriva, passei a usar e abusar do termo tsunami para descrever abalos emocionais. Até que fui assistir ao filme O impossível, que reproduz o que aconteceu a uma família em férias naquele fatídico 26 de dezembro de 2004, e botei meus pés de pato de molho.

Amores terminam, pessoas adoecem, perde-se o emprego, e tudo isso modifica destinos, mas há que se levar em conta que esses são tsunamis razoavelmente previsíveis. É muito improvável que, durante toda uma vida, você não padecerá de algum infortúnio. Doerá, mas sabe-se que são através dessas dores que amadurecemos. Sofrer é péssimo, ninguém deseja nem merece, mas há que se reconhecer algum valor terapêutico nisso.

Já um tsunami de verdade faz sofrer de uma forma bem menos didática. O filme, principalmente no início, é de um realismo de embrulhar o estômago. Do meio para o fim, ele apela um pouco para o melodrama – a trilha sonora avisa a plateia: hora de chorar, pessoal! Mas é nas cenas iniciais, em que um inocente banho de piscina no hotel se transforma num terror absoluto, que a gente se dá conta de que quase nada do que vivemos em nosso cotidiano se compara a essa brutal agressão pela qual se é atingido de um segundo para o outro.

O que é pior: a dor física ou a dor emocional? Quando ambas acontecem ao mesmo tempo, a catástrofe é completa. Fiquei muito impressionada com o que assisti, porque não era apenas um filme, e sim um convite a entender o que sentem as vítimas de um drama que atinge o corpo por dentro e por fora. Tsunami como metáfora? A partir de agora, usarei com mais parcimônia.

Chacinas em escolas são tsunamis. Assassinato de um filho é um tsunami. Já para as nossas dores de cotovelo, frustrações profissionais e tristezas congênitas, a analogia prescreveu. Temporais: é isso que cai sobre nós de vez em quando, amém.

Quem escreveu a Bíblia? (As Bíblias?) - ALDO PEREIRA

FOLHA DE SP - 02/01


Sempre se aponta a inspiração divina dos textos. Aí começa a dificuldade. Há contradições, expurgos posteriores de textos e discórdia sobre autenticidade


Judeus devotos talvez respondam: antigos hebreus inspirados por Deus ou de quem receberam revelações em encontros pessoais. Cristãos devotos acrescentariam que homens do credo judaico reformado por Jesus também contribuíram com outros textos inspirados por Deus.

Elemento comum nessas respostas é a ideia de inspiração divina dos textos bíblicos. Dela deriva toda a autoridade sacra da Bíblia. Bíblias cristãs explicitam na segunda Epístola a Timóteo 3:16: "Toda escritura é inspirada por Deus (...)".

Aí começam as dificuldades.

Alguns arqueólogos, paleógrafos e outros especialistas pigarreiam: Paulo deve ter escrito, sim, sete das treze cartas atribuídas a ele, mas três das outras seis, hum, são de autoria duvidosa -e as demais são decididamente não paulinas, inclusive as duas a Timóteo.

Pareceres como esse indicam ceticismo quanto à autoria dos textos compilados como "livros" da Bíblia.

Em 2 Macabeus 2:13-14 se lê que Neemias (século 5 a.C.) e Judas Macabeus (século 2 a.C.) compilaram textos presumivelmente bíblicos. Mas até hoje a arqueologia não recuperou nenhum texto original desses: apenas cópias de cópias, todas posteriores ao século 15 a.C. Datação de carbono atesta que os mais antigos dos manuscritos do mar Morto, descobertos de 1947 a 1956, são cópias escritas no século 5 a.C.

Nem todo o material do Velho Testamento é originalmente hebraico. A narrativa do dilúvio, por exemplo, reconta episódio da epopeia de Gilgamesh, poema sumério escrito séculos antes de haver menção histórica a hebreus.

Em Gênesis 2:7-22, Deus cria o homem depois de transcorridos os sete dias da criação. Em seguida, cria o Éden e seus rios, ouro e pedras preciosas; só então anestesia o homem para lhe efetuar ressecção duma costela e com esta criar a mulher.

Mas no capítulo anterior, 1:27, Deus cria do pó o homem e a mulher, juntos, no sexto dia da criação. Ocorre pois, nos dois capítulos, clara colagem de documentos diferentes; as duas narrativas provêm de fontes distintas. Outra evidência de montagem são abundantes redundâncias e contradições, quer no mesmo livro, quer de um livro para outro.

A Bíblia cristã já foi bem diferente. Antes do século 13, nenhum livro dela se dividia em capítulos como hoje; numeração dos versículos é invenção do século 16. Ao longo da era cristã, a Bíblia passou por acréscimos de livros e expurgo de outros, tidos como "apócrifos". Este eufemismo conota faltar ao texto a tal inspiração divina. Bíblias protestantes excluem como apócrifos treze livros da Bíblia católica, inclusive os dois Macabeus.

Autenticar inspiração de cada livro abrangeu discórdia furiosa, tortura, hereges à fogueira, até guerras, disputas que remontam a indicações aceitas ou rejeitadas, por votação, em sínodos e concílios (assembleias de bispos). De cada um deles resultava um cânone, coleção de material atestado como autêntico; isto é, de inspiração divina.

Bispos dos primeiros séculos da era cristã montaram cânones segundo arbítrios pessoais, mas decisões colegiadas subsequentes reformariam tais seleções. Teólogos como o próprio Martinho Lutero (1483-1546) teriam preferido excluir, se pudessem, livros como Cântico dos Cânticos, Ester, várias epístolas e Apocalipse. "A história de Jonas é tão monstruosa a ponto de ser absolutamente incrível", escreveu Lutero em "Colóquios Familiares".

Hoje, católicos, protestantes, cristãos ortodoxos e judeus creem na inspiração divina do Pentateuco (ou Torá). Quanto aos demais livros, não há consenso.

Feliz 2013 - ROBERTO DAMATTA


O Estado de S.Paulo - 02/01


Estamos no segundo dia de 2013, mas o ritual de transição - um ato teatral com seus abraços, suas imensas promessas e outros fogos de artifício sem os quais não teríamos consciência do tempo - ainda está na nossa memória. Esse 2012, que para alguns anunciava o fim do mundo, foi mais um testemunho da vitória do princípio da realidade. Pois o ano chegou ao fim, mas seguimos com um mundo que permanece.

O tempo, entretanto continua passando, inexorável. As festas materializam calendários e, sem elas, jamais iríamos saber que passamos do 12 (no jogo do bicho, a dezena do elefante e do julgamento com outros escândalos em cascata...) para o 13, a dezena do galo.

Os sinais e tendências que encontramos depois de viver 2012, provam o seu fim. Já o ano-novo é uma caixa de palpites. Como tudo que tem inicio, meio e fim, 2012 morre paquidérmico. Mas 2013, que apenas principia, traz a leveza imprevisível e nervosa do galo. Esse 13 que a ciência brasileira dos sonhos associa a desavenças. Sonhou com briga? Joga no galo! Esse galo de todas as brigas; um espetáculo que é legalmente proibido, mas culturalmente aprovado.

* * * * *

Atacado de incertezas, fui nesta virada à missa de sétimo dia de um conhecido. Era um ateu, mas os amigos (todos descrentes) fizeram celebrar um missa e não o levaram ao túmulo sem a bênção final do caixão. Viveu como ateu e morreu como um bom católico, disse para mim mesmo. Viveu como quis, mas morreu como brasileiro.

Porque tanto na vida quanto na morte, nós, brasileiros, vivemos uns para os outros. Mesmo quando ele dizia que era ateu, a família e, quem sabe, até mesmo os mais radicais do seu partido, ninguém acreditava. A maioria supunha que seu ateísmo fosse parte de um vasto arsenal de bravatas individualistas. A morte deixa ver como não pertencemos a nós mesmos, mas aos amigos. O Zé é meu amigo, mexeu com ele, mexeu comigo! Quer coisa mais reveladora?

Nosso ateísmo é tão formal quanto o nosso individualismo, ambos prontos para o desmanche na primeira demanda de um conhecido ou parente. A polícia reforça, a casa aumenta. Quem não quis deixar de ir à missa domingo e acabou desistindo porque um domingo sem missa não é domingo?

Conheci uma senhora que, de dia, fazia parte da congregação do Sagrado Coração de Jesus; mas, à noite, realizava memoráveis sessões espíritas na sua sala de jantar. A nobre mesa de comer, transformando-se no altar em que os "irmãozinhos sofredores" encontravam alento.

Visitando um amigo baiano com um doutoramento em filosofia pela Universidade de Paris e filiado ao candomblé, vi em sua casa um belo altar budista em que ele meditava depois de rezar o terço ao lado de um sacerdote filiado à Teologia da Libertação. Pelo que sei, ele continua tão católico quanto todos nós e, se tudo correr bem, iremos todos ter uma bela missa de sétimo dia.

"Neste ano-novo, fomos à praia vestidos de branco dos pés à cabeça. As mulheres da família carregavam buquês de flores a serem ofertados para Iemanjá. Estávamos um tanto preocupados com o trânsito - prosseguiu Raimundo Vieira, traumatologista e médium da linha cruzada -, porque não queríamos perder a bela Missa do Galo, sempre realizada com enorme espiritualidade pelo padre Varela em bom e sonoro latim, seguindo as melhores tradições do medievo ocidental."

Ao ouvir essas palavras, lembrei-me de um velho ano-novo de 1960 quando, em companhia de amigos, fui à praia de Icaraí e vi uma das mais belas moças de nossa vizinhança - uma mulher que usava maiôs de fazer parar até mesmo as mais candentes discussões políticas, tão comuns daqueles tempos de "esquerda e direita" - possuída por um Preto Velho, fumando desbragadamente um enorme e fedorento charuto. No dia seguinte fomos encontrá-la na mesma praia, fagueira e lindíssima, com a sua costumeira medalhinha de Nossa Senhora das Graças no pescoço.

A cada ano essas múltiplas facetas surgem mais claramente. Um lado meu diz que o mundo fica cada vez mais cristalino e mais chato porque a tecnologia ocidental tem origem em Lutero e Calvino, que queriam colocar o céu na terra e idealizavam uma vida social absoluta e absurdamente transparente. Ainda não temos casas de vidro, como propôs o velho surrealista comunista André Breton, mas o nosso aparato eletrônico é a chave para essas moradas.

Se o ano do elefante, o 2012 que acaba de fechar, mostrou muita gente importante com muitas caras; o do galo - esse 2013 que apenas começa - promete muitas rinhas e movimentos surpreendentes. Feliz ano-novo!


Nostalgia da matinê - DIANA CORSO

ZERO HORA - 02/01


Minha infância careceu de matinê. Nunca soube o que era programação dupla: bang-bang seguido de filme de aventuras, capa e espada ou comédia. Estive ausente do cinema da tarde, onde crianças e jovens emergiam do escuro de alma lavada. Em contrapartida, vi surgir os filmes-catástrofe, como Terremoto, quando sentimos pela primeira vez o cinema tremer com os efeitos especiais.

Sem falar do inesquecível pânico e nojo de O Exorcista. Além da diversão da tela, havia o prazer de partilhar em silêncio do mesmo sonho. O cinema é uma escuridão acompanhada, pesadelos não causam ansiedade, desejos não geram culpa. Por isso, não podia ser maior minha gratidão com Peter Jackson, que levou às telas as histórias de Tolkien.

Fui apresentada à literatura do filólogo inglês durante a infância das minhas filhas. O padrinho da mais velha presenteou-a com um exemplar de O Hobbit, livro introdutório da saga, a história que acaba de tornar-se filme. Laura tinha seis anos quando seu pai começou a lhe ler aquelas intrincadas aventuras.

Ela escutava com a respiração suspensa. A operação se repetiu anos mais tarde com Júlia, a caçula, mas, àquela altura, eu mesma já havia entrado no livro. Lembro de ter ido trabalhar sem dormir, incapaz de deixar meus heróis em meio de uma batalha contra Trolls ou nas garras de um dragão.

“Todas as histórias precisam de polimento!”, diz o mago Gandalf num diálogo dessa adaptação de Jackson. Ele tomou liberdades, sim, mas em nome do direito de reapresentar a saga ao público de outro tempo, quase quatro décadas após sua publicação. As histórias da Terra Média nunca deixaram de ser o lar imaginário de sucessivas gerações de jovens iniciados, e no cinema se tornaram acessíveis a todos.

O mago Gandalf é uma espécie de guru da masculinidade e, como está difícil saber como tornar-se homem atualmente, seus ensinamentos vêm a calhar. Quando li o livro, as músicas cantadas pelas personagens, cujas letras Tolkien inseria na trama, me matavam de tédio. Na recente versão filmada, se ouvisse aquele canto dos anões convocando para resgatar sua terra natal, eu teria me alistado! Assim fez o pacato Bilbo, que abandonou a rotina doméstica rumo ao desconforto e, pior, ao perigo.

Suas aventuras resultaram numa história para contar, e foram justamente essas narrativas que levaram seu descendente Frodo à jornada com a Sociedade do Anel. Os humanos fazem-se a partir de histórias, e elas sempre podem ser mais e melhor contadas: no escurinho do cinema, nas páginas de um livro, tanto faz, desde que traga o épico para nossa vida banal.

Arrependimentos terminais - MARCELO COELHO

FOLHA DE SP - 02/01


Às vésperas da morte, as pessoas com quem Bronnie Ware conversou não têm muito de notável a dizer


Poderia ser uma boa ideia para o final de ano. Em "Antes de Partir" (editora Jardim dos Livros), uma cuidadora especializada em doentes terminais fala do que eles mais se arrependem na hora de morrer.

A época, como se sabe, é boa para arrependimentos e resoluções, e não sofro especialmente de medo quando se trata de temas trágicos. Se alguém, como Bronnie Ware, aguentou tratar de pacientes desenganados por muitos anos, não seria impossível prestar um pouco de atenção no que ela quis contar.

Infelizmente, "Antes de Partir" acaba se revelando um livro de autoajuda, não muito diferente das dezenas que existem por aí. Às vésperas da morte, as pessoas com quem Bronnie Ware conversou não têm muito de notável a dizer.

Há cinco arrependimentos básicos, cada um dos quais explicado e reexplicado em capítulo próprio.

"Não deveria ter trabalhado tanto", diz um dos pacientes. "Desejaria ter ficado em contato com meus amigos", lembra outro. "Desejaria ter a coragem de expressar meus sentimentos", confessa um terceiro. Outro alerta: "Não deveria ter levado a vida baseando-me no que esperavam de mim".

Por fim, a chave de ouro: "Desejaria ter-me permitido ser mais feliz". Claro que, nesse nível de generalidade, tudo se equivale. Mas esses arrependimentos também dizem um bocado sobre o tipo de personalidade mais comum em nossa época.

Há cem anos, ou 50, quem sabe, sem dúvida seriam outros os arrependimentos terminais. "Gostaria de ter sido mais útil à minha pátria", diria alguém. "Gostaria de ter deixado um patrimônio maior para meus descendentes", poderia suspirar o pai de família. "Deveria ter sido mais obediente a Deus", confessaria um terceiro.

Ideias de autosacrifício, de dever, de empenho na construção do futuro da comunidade, tudo isso compunha um tipo de personalidade sem dúvida mais rígido e convencional, para quem os conceitos de honra, de virtude e de disciplina ainda faziam sentido.

É o que desaparece nos arrependimentos contemporâneos. Menos do que morrer com a sensação do nome limpo e do dever cumprido, morre-se com a sensação de um ego insatisfeito.

A insatisfação existe porque o ego, afinal, é insaciável. Por mais que eu me dedique a ser feliz em cada momento, a ser sincero com meus desejos, a fugir das obrigações, sempre vou achar que não me dediquei o bastante a mim mesmo. A vida autocentrada será, desse modo, inevitavelmente frustrante. Mais que isso, vida e frustração se tornam sinônimos. Quando o paciente terminal reclama de não ter pensado mais em si mesmo, ele no fundo está reclamando apenas de não estar podendo viver mais.

Não digo, é claro, que seja fácil morrer em qualquer circunstância. Mas o problema dos pacientes de Bronnie Ware, e dos leitores de seu livro, não é a falta de autoajuda. É o excesso de autoajuda; quem só se preocupa em atender a si mesmo sempre se sentirá desatendido.

O paradoxo é que a autora, conforme vai contando suas experiências, demonstra uma extrema capacidade para se dedicar aos outros. É vegetariana, por que não suporta a ideia de ver animais sacrificados. Depois de muitos anos prestando conforto a pacientes terminais, resolveu dar aulas de música para detentas (ela também compõe canções no estilo folk) e, para mudar um pouco de ambiente, faz shows para crianças em idade pré-escolar.

Nascida na Austrália, Bronnie Ware largou seu trabalho num banco para levar uma vida errante, e começou seu trabalho de cuidadora meio por acaso, no interior da Inglaterra.

É possível que tratar de pacientes terminais corresponda ao desejo de mudar sempre de casa, de vida e de lugar; durante um tempo Bronnie Ware morou no próprio carro, que aliás caía aos pedaços. A depressão, e um quase suicídio, estavam à espreita.

Ela se considera uma "doadora natural" -e sua maior dificuldade está, diz ela, em saber receber a ajuda dos outros. Com certa maldade, seria possível observar que no mundo da autoajuda perfeita ninguém estaria ligando muito para ajudá-la de qualquer modo.

Mas não é verdade. Seu livro tem um precedente respeitável na filosofia de Alain (1868-1951), para quem só as pessoas felizes podem ajudar plenamente o próximo. A felicidade não é um direito, dizia; é um dever. Que cada um cumpra o seu em 2013.

Já fico feliz se em 2013... - ZUENIR VENTURA


O GLOBO - 02/01

... o Rio, apesar das mazelas, continuar lindo e adorável — só que um pouco menos quente


"Gracias a la vida, que me há dado tanto" (Violeta Parra), me dando mais do que eu merecia, contento-me com pouco. Assim, já fico feliz em 2013...

• Se Alice superar a sua crise existencial por causa do ciúme do irmãozinho Eric. Sei que esse sentimento de perda é natural e inevitável, mas nem por isso é menos sofrido para ela.

• Se os mensalões do PSDB e do DEM forem
julgados pelo Supremo Tribunal Federal com o mesmo critério e rigor com que foram tratados os aloprados do PT. Não por represália, como querem alguns, mas por uma questão de equidade e justiça.

• Se o governador e o prefeito impedirem que o metrô — bem-vindo a Ipanema — seja usado como pretexto para a devastação da Praça N. S. da Paz, paraíso das crianças, idosos, bebês e cadeirantes. Especula-se que o motivo seria a construção de um desnecessário shopping subterrâneo. O bairro está satisfeito com o comércio de rua que tem.

• Se o tricolor repetir o brilhante desempenho de 2012.

• Se Eduardo Paes olhar com cautela para o que se pretende construir em torno do Porto
Maravilha, sua obra magna. Com ela, se não errar, ele vai ficar na história do Rio como um novo Pereira Passos, que abriu a Avenida Central, ou o Carlos Lacerda, que fez o Aterro do Flamengo.

• Se nosso sistema de saúde e de educação deixar de ser a vergonha nacional. Se uma criança de 10 anos com uma bala perdida na cabeça não levar oito horas para ser atendida num hospital municipal do Rio.

• Se eu não precisar embarcar (ou desembarcar) no aeroporto Galeão-Tom Jobim ou Santos Dumont num dia de calor.

...o Rio, apesar das mazelas, continuar lindo e adorável — só que um pouco menos quente
• Se não voltar aquele tempo em que se cantava: "Rio, cidade que me seduz, de dia falta água, de noite falta luz"

• Se a presidente não der entrevista chamando de "ridículo" o risco de racionamento, quase ao mesmo tempo em que cerca de 1 milhão de moradores da região metropolitana e da Baixada Fluminense eram vítimas de apagões.

• Se as autoridades conseguirem impor a ordem no caos do nosso trânsito de cada dia — inclusive das bicicletas que em geral não respeitam as calçadas nem o sinal vermelho.

• Se o pôr do sol no Arpoador continuar sendo um dos espetáculos mais bonitos da natureza, merecedor dos aplausos diários dos banhistas.

• Se o Rio, apesar das mazelas, continuar lindo e adorável— só que um pouco menos quente.

Paris é uma festa - ANCELMO GOIS


O GLOBO - 02/01


O ex-senador Demóstenes Torres, braço político do bicheiro Carlinhos Cachoeira, jantava, quinta, no Taillevent (um dos restaurantes mais caros de Paris), com duas moças.

PAC é marketing político
A economista marxista Leda Paulani, 58 anos, cooptada pelo velho amigo Fernando Haddad, para ser Secretária do Planejamento, foi crítica de Lula. Em 2007, em entrevista ao “IHU On-Line”, disse que o Brasil crescia por causa da economia mundial e não por mérito próprio, que o PAC é marketing político e criticou o governo “por ser muito amigo do capital produtivo e financeiro”.

Feliz Ano Novo
Lula passou o réveillon em Portogallo, Angra dos Reis.

É grave a crise
Eike sempre ele Batista frustrou seus vizinhos em Angra. Este ano não promoveu, talvez por economia, a tradicional queima de fogos no réveillon.

O alvo é a gestão
Os economistas Arminio Fraga, Edmar Bacha e Pedro Malan, que fizeram semana passada uma reunião de trabalho de quatro horas com Aécio Neves, vão formar o núcleo duro da campanha do tucano à Presidência em 2014. Em fevereiro o grupo vai ganhar a adesão de jovens economistas.

Segue...
O grupo deve preparar uma proposta de crescimento consistente da economia, a partir de 2015, de 5% ao ano. O tucano vai concentrar ataque na imagem de Dilma como boa administradora.

Pernas para o sucesso
Resultados parciais indicam que o filme “De pernas pro ar 2”, de Roberto Santucci, estrelado por Ingrid Guimarães, vendeu entre 570 e 580 mil ingressos no fim de semana de estreia. É a segunda maior abertura da retomada do cinema brasileiro. Só fica atrás de “Tropa de elite 2”.

ALÉM DA PRAIA
No verão são tantos os caminhos que levam a Armação de Búzios, o balneário do Rio, que muita gente nem tem tempo para admirar um dos seus tesouros escondidos: a bela coleção de flamboyants que ornamenta o lugar nesta época do ano, notadamente em Geribá. Aliás, esta árvore de origem africana e flores coloridas também é conhecida pelo nome flor-do-paraíso, que, no caso de Búzios, faz todo o sentido. Búzios, gente, reúne, como poucos, a possibilidade de uma pessoa se isolar do mundo em estado nirvana e, no minuto seguinte, cair na gandaia, num roteiro que pode incluir restaurantes, boates, comércio, bom papo etc. Que Deus abençoe o lugar, e a nós não desampare .

Vassoura da História
A vassoura verde e amarela, que foi lançada pelo Rio de Paz e virou símbolo da luta contra a corrupção em 2011, agora faz parte do acervo do Museu Histórico Nacional, do Rio. É uma política de aquisição de itens cotidianos ligados à História contemporânea brasileira.

Redentora, mas nem tanto
Em abril, chega às livrarias “Castelo de papel”, da historiadora Mary Del Priore, da Rocco. É sobre a vida íntima da princesa Isabel (1846-1921). Apesar de ter assinado a Lei Áurea em 1888, a princesa não era politizada e nem fazia qualquer reflexão sobre a escravidão. “A coisa foi apertando e ela assinou a lei”, conta Del Priore.

Lágrimas...
“Castelo de papel” revela uma Isabel apaixonada pelo marido, o conde d’Eu. Na época em que ele esteve na Guerra do Paraguai, a princesa mandou cartas borradas de lágrimas. Uma dizia: “Sinto falta dos abraços e do calor do seu corpo na nossa cama de amor.”
Não era fofa?

Feliz ano velho
Veja como, para a Infraero, vale o ditado: ano novo, vida... velha.
Em plena virada do ano, as esteiras de bagagem do Terminal 1 do Galeão-Tom Jobim pifaram. A turma teve de carregar as malas no muque.

Segue...
A informação que chegou ao Sindicato Nacional dos Aeroviários foi que a terceirizada MPE, que cuida das esteiras, não recebeu da dona Infraero.

No mais
Deixa a turma da coluna, após mais de dez anos, o coleguinha e compositor Marceu Vieira, que alça novos voos. Filho de Morro Agudo, na Baixada Fluminense, além de amigo muito querido, é dono de uma capacidade ímpar de fazer uma nota miúda virar uma crônica saborosa. Que seja feliz!

Chávez e as Farc
O governo colombiano tem uma razão a mais para se preocupar com o agravamento da saúde de Hugo Chávez. O presidente venezuelano tem ajudado a Colômbia a conseguir um acordo com o grupo guerrilheiro Farc.

O canto de Zezé
Zezé Motta, a querida atriz, vai festejar seus 40 anos de carreira dia 5 agora, no Cariocando. Ela, que entra no ar dia 8 com a minissérie “O canto da sereia”, da TV Globo, vai subir ao palco para cantar umas músicas de Paulo César Pinheiro, Vinicius de Moraes e Carlos Lyra.


Pagamento por serviços ambientais - PAULO R. HADDAD

O Estado de S. Paulo - 02/01


No ano 1600 a.C, o imperador chinês Yu dizia que, para proteger as nossas águas, era preciso proteger as nossas montanhas.A afirmativa estabelecia com clareza a diferença entre o que é uma variável estoque e o que é uma variável fluxo, assim como as interdependências entre elas. A variável estoque é estimada num dado momento do tempo e expressa o valor da riqueza ou do patrimônio acumulados até então. A variáve lfluxo é estimada ao longo de um período de tempo e expressa o valor da renda, da demanda e dos serviços nesse período.

No Brasil, o sistema de contas nacionais está estruturado para medir os fluxos de produção, de consumo, de investimentos, etc, que ocorrem ao longo do ano e do trimestre. Não se referem ao capital nacional, seja ele o capital físico (infraestrutura, máquinas e equipamentos, etc.) ou o capital natural (florestas, bacias hidrográficas, biodiversidade, etc.) acumulado ou depreciado até determinado ponto no tempo.

Essa lacuna no sistema leva a imprecisões e equívocos muito significativos sobre o que está ocorrendo com a realidade econômica do País e de suas regiões.

Considere, como exemplo, uma área de mil hectares da Amazônia que é desmatada para a implantação de projetos de pecuária extensiva. As contas nacionais irão registrar a produção anual ou trimestral de grãos e de carnes durante o período da operação dos projetos. Mas nada dirão sobre o valor econômico do capital natural destruído: a madeira de lei, a biodiversidade, a bioenergia, o banco genético, etc.

Estudos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) sobre situações como essa, considerando desmatamentos feitos por queimadas, mostram que o valor econômico do que se produz, em regime de produtividade declinante dos recursos natuarais, é bem inferior ao valor do que se destrói. A demais, a história da colonização de nossas fronteiras agrícolas mostra que esse processo de destruição de valor econômico ocorreu por meio de intensos incentivos fiscais e financeiros oficiais.

Na busca de mecanismos de mercado que possam criar estímulos para equacionar essas questões do ponto de vista da sociedade, complementares aos mecanismos de comando e controle, o governo federal pretende instituir no País um sistema de pagamentos por serviços ambientais, por meio de um Projeto de Lei encaminhado ao Congresso Nacional em 2009. Os serviços ambientais são benefícios derivados da natureza que podem ser diretos (alimentos, por exemplo) ou indiretos (filtragem das águas) e tangíveis (matérias- primas) ou intangíveis (prazer estético). Podem ser providos localmente (turismo) ou em escala global (seqüestro de carbono). Podem ser dispersos (serviços medicinais da floresta tropical) ou importantes para as futuras gerações (manutenção da biodiversidade).

A elaboração e a implementação de sistemas de pagamentos por serviços ambientais passam por diferentes fases ou etapas e há muitas lições a serem aprendidas a partir de um número crescente e diversificado de experiências internacionais. Sem dúvida, um dos desafios mais complexos é a avaliação econômica dos serviços ambientais, uma vez que ainda não há luzes que possam vir do sistema de contas nacionais do País. Documentos do Ministério do Meio Ambiente mostram que muitos valores dos serviços ambientais, especialmente os relacionados com os benefícios locais, são específicos de cada contexto ecossistêmico, refletindo a inquestionável diversidade do ambiente natural e que os valores econômicos não são uma propriedade implícita dos ecossistemas, mas são integralmente vinculados ao número de beneficiários e ao contexto socioeconômico.

De qualquer forma, é preciso intensificar a mobilização política para a criação de um sistema de pagamentos por serviços ambientais no Brasil a fim de melhor preservar, conservar e restaurar os nossos ativos ambientais. Basta lembrar que os ciclos dos recursos naturais e os ciclos de nossa vida constituem o mesmo conjunto para os viventes e para os que vão nascer.

Europa sem Grã-Bretanha? - GILLES LAPOUGE


O Estado de S.Paulo - 02/01


N o dia 1º de janeiro de 1973, há exatos 40 anos, o primeiro-ministro britânico, Edward Heath, anunciava que a Grã-Bretanha decidira aderir à União Europeia. Naquele dia, Heath exclamou: "É o dia mais lindo da minha vida!" Na época, a Comunidade Europeia ainda não tinha as dimensões de hoje.

Compreendia apenas seis países (hoje são 27). Neste 1º de janeiro de 2013, será que Londres lembra do entusiasmo que invadiu o povo britânico ao saber que a Grã-Bretanha se unia àquela Europa, à qual o general de Gaulle recusara por tanto tempo o ingresso? Ela aderiu, mas não totalmente. Como a terrível (e extremamente anti europeia) Margaret Thatcher, por 40 anos todos os primeiros-ministros britânicos (salvo Tony Blair) esforçaram-se, por distender as relações entre a Grã-Bretanha e Bruxelas. E com certo sucesso! Evidentemente, a Grã-Bretanha faz parte da União Europeia, mas recusou-se a entrar na zona do euro. Portanto, conservou a libra e não adotou o euro. Está fora do Espaço Schengen, etc.

Todas as vezes em que Bruxelas propõe novas medidas comuns, a Grã-Bretanha protesta veementemente. Foi o que aconteceu recentemente quando Bruxelas expressou o desejo de que os bancos do Velho Continente fossem controlados pelo Banco Central Europeu, BCE.

Hoje, a Grã-Bretanha envia cada vez mais indicações de que poderá se separar completamente da organização europeia e recuperar sua liberdade. O primeiro-ministro conservador David Cameron, depois de grandes hesitações, parece decidido a dar o grande passo.

Num primeiro tempo, ele começaria devolvendo a Londres poderes que a GB cedeu, como todos os outros membros da UE, a Bruxelas. Em seguida, convocaria um referendo, provavelmente em 2015, perguntando aos britânicos se estariam dispostos a se divorciar de Bruxelas. As pesquisas de opinião afirmam que 56% deles votariam pela saída da UE.

O contra-ataque dos europeus é geral. Os economistas ressaltam que Londres se beneficia com a UE. O ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schauble, lembra aos financistas de Londres que "a Grã-Bretanha, enquanto membro da União Europeia, se beneficia com o maior mercado único do mundo".

Schauble põe o dedo na ferida. É verdade que, se a GB deixar de ter livre acesso aos compradores europeus se ressentirá. Do mesmo modo, a City, o maior mercado financeiro mundial, beneficia-se da rede europeia. Ocorre que o sonho secreto dos britânico é o seguinte: "Não ter mais de suportar as decisões burocráticas e perigosas de Bruxelas, mas conservar seu ingresso no imenso mercado único da União Europeia".

Duas ambições divergentes e incompatíveis.

O grande Winston Churchill, já havia prevenido desde o fim da Segunda Guerra Mundial: "Estamos na Europa, mas não somos parte dela".

FLÁVIA OLIVEIRA - NEGÓCIOS & CIA

O GLOBO - 02/01


Segurança
A Vault, de blindagens e sistemas de segurança, só com projetos eletrônicos cresceu 25% este ano. No Rio, é grande a demanda por proteção contra balas perdidas. Em São Paulo, há preocupação com arrastões em condomínios de luxo. Vai investir R$ 1 milhão em 2013. Espera avançar 35%.

Cartilha
O Ministério do Turismo começa a distribuir este mês o Passaporte Verde em hostels de todo o país. É uma cartilha com orientações sobre turismo consciente e consumo responsável. A Federação dos Albergues vai receber 18.700 exemplares.

Correspondência
A Câmara de Comércio França-Brasil trocou mais de 20 mil toneladas de correspondências em 2012. Sinal de alta nas transações entre os dois países. Nos 116 eventos do ano, passaram seis mil empresários.

De peso
A Odebrecht Infraestrutura investiu R$ 27 milhões num par de gruas para as obras da hidrelétrica Teles Pires (PA-MT). Uma delas tem 79 metros; é capaz de içar 60 toneladas. É a maior do tipo na América Latina.

Acordo
O MBC, Movimento Brasil Competitivo, fechou com o BNDES. Levarão o programa de modernização da gestão pública a cidades do Norte e do Nordeste do país.

Em busca de mão de obra. Qualificada
A agenda de feiras e eventos esportivos em todo o país torna urgente a qualificação, até 2015, de 6,1 milhões de trabalhadores que já estão em atividades técnicas hoje. O recorte inédito do Mapa do Trabalho Industrial 2012, feito pelo Senai, mostra que, apesar dos percalços da produção no ano passado, a procura por profissionais bem qualificados está alta em todos os setores-chaves. Só na construção civil, 500 mil pessoas devem passar por treinamentos. Sinal evidente da demanda aquecida, graças às obras de infraestrutura. Algumas profissões são consideradas “coringas”, por serem demandadas tanto em períodos de crescimento quanto de retração. É o caso do mecânico de manutenção de máquinas industriais (veja o quadro abaixo). Em tempos de expansão, garante a produção; na recessão, segura os gastos com aquisição de equipamentos. O profissional é requisitado nos setores de cosméticos, vestuário, veículos leves e madeira e mobiliário. Em 2012, foram gerados 113.117 empregos na indústria para as 15 funções listadas. São dois terços (64,6%) da geração de vagas do setor.

As profissões coringas da indústria
1. Mecânico de manutenção
2. Operador de máquina de usinagem CNC
3. Montador de veículos
4. Trabalhadores de soldagem e corte
5. Operador de máquinas e instalações de produtos farmacêuticos
6. Cosméticos
7. Trabalhador de embalagem e etiquetagem
8. Técnicos químicos Operadores de máquina de costura para peças de roupas
9. Desenhistas e modelistas
10. Alimentadores de linhas
de produção
11. Auxiliar de produção
e expedição
12. Operadores de máquinas de desdobramento de madeiras
13. Operadores de máquinas
de madeira
14. Marceneiros FONTE: Senai

Livre Mercado
A venda de cervejas especiais dobrou (+104%) no Pão de Açúcar, no Natal. Já a de espumantes subiu 22%. Na Assaí, atacadista do mesmo grupo, a procura por produtos natalinos subiu 25%.

O Vigilantes do Peso emagreceu 1,079 milhão de pessoas em 2012. Foram 30% mais que em 2011.

A Rio Negócios vai premiar os finalistas do Latin America Startup Challenge 2012. Os cinco ganharão escritórios no Rio por um ano. Quer atrair empresas de tecnologia.

A Degusto apresenta no Rio, este mês, coquetéis de cachaça da Engenho Santo Mario (SP). Investimento de R$ 250 mil, deve elevar receitas em 15% em um ano.

O Mega Polo Moda (SP) cresceu 8,87% até novembro de 2012. Para 2013, prevê alta de 12% nas vendas.

RENEGOCIAÇAO DE DÍVIDAS SERÁ PRIORIDADE NA FAZENDA CARIOCA
Titular da pasta explica projeto de refinanciamento que deve ser sancionado por Paes este mês. Créditos tributários em atraso passam de R$ 8 bi.

O ano começa com mudança de regras na Secretaria municipal de Fazenda do Rio. Este mês, o prefeito Eduardo Paes deve sancionar a lei de refinanciamento de dívidas de IPTU, ISS e outras taxas. A Câmara aprovou o texto no mês passado. O secretário Marco Aurelio Santos Cardoso detalhou à coluna o pacote de bondades, que prevê até 70% de desconto no pagamento à vista. A prefeitura também pensa em emitir títulos para antecipar receitas. Sub de Eduarda La Rocque, hoje no IPP, o economista assumiu a pasta em agosto.

•No primeiro mandato do prefeito, a preocupação foi o corte de gastos. É hora de aumentar arrecadação?
Não acho que tenha havido mudança de foco. O que houve foi uma necessidade de um ajuste fiscal mais profundo. No início, havia um comprometimento alto com dívidas e despesas obrigatórias. Hoje, somos o governo do Brasil com maior capacidade de investimento e menos dívida. O ajuste fiscal foi alcançado tanto pela receita quanto pelos gastos. A reforma tributária é sequência natural disso.

•Quais são os pontos do pacote de bondades? Quem se beneficia?
As condições financeiras de pagamento de impostos atrasados com a Prefeitura do Rio vigoram desde 1997. Por causa dos juros altos por muito tempo, alguns casos chegaram a valores sem condições de serem pagos. A partir da nova lei, praticaremos uma mora mais em linha com os juros brasileiros. Resolvemos também abrir uma janela para o estoque que cresceu em décadas de taxas altas. A renegociação estará disponível para qualquer contribuinte que tenha dívida tributária com a prefeitura. Haverá descontos sobre multas e moras, de 70%, à vista, e de 50%, parcelado. Serão 120 dias para adesão.

•De quanto é essa dívida?
Na Fazenda, temos aproximadamente R$ 8 bilhões em créditos tributários atrasados. A Procuradoria Geral do Município tem estoque total de dívida ativa de R$ 32 milhões, o que inclui valores com pouca liquidez, como causas antigas.

•E quanto deve ser recuperado?
O município nunca fez esse tipo de programa, mas experiências de outros entes demonstram que, no primeiro ano, é possível triplicar o que se vinha recebendo de atrasados. Aqui são cerca de R$ 600 milhões por ano.

•Há planos de antecipar o recebimento de recursos emitindo títulos?
Observamos o que Minas e São Paulo fizeram em securitização de fluxo de Refis. Nosso projeto tem um capítulo que segue esse exemplo. Dependendo da adesão e do perfil de parcelamento, a prefeitura pode eventualmente fazer uma transação de mercado de capitais para antecipar esse fluxo.

•A revisão do IPTU ficou fora do pacote. Qual o principal problema na arrecadação do imposto?
Como esse é um debate mais sensível, a própria Câmara ponderou que seria pertinente deixá-lo para 2013. A legislação relativa ao IPTU também já tem mais de dez anos. Dá uma série de descontos que faz com que a maioria dos imóveis da base não receba carnê (hoje 40% são cobrados). Essa é a situação mais justa fiscalmente? É eficiente para a economia da cidade? Acho que todas as pessoas, em tese, concordam que não. A expectativa é manter a taxa de investimento de 20% em 2013?
Devemos permanecer no patamar de 16% a 20%. A prefeitura ainda tem um ciclo de construção de infraestrutura grande: BRTs, habitação, expansão de saúde e de educação. Os projetos cabem nessa taxa, conquistada em 2011. Na parte de dívida, até 2009, a prefeitura comprometia até 10% do orçamento. Em 2012, passou a 3%,4%. Também deve manter isso.

•Como avalia a situação do caixa do Rio comparada a outras capitais?
Na parte de dívida, o principal limite que se usa no Brasil é da Lei de Responsabilidade Fiscal. Estamos rodando em 39%,40%. O município de São Paulo roda a 200%. Os estados de Rio e São Paulo a 150%. A cidade do Rio não tem precatório atrasado. Não sei se existe no Brasil governo de porte que possa dizer isso.

•Todos os recursos para os Jogos de 2016 já estão garantidos?
O principal norte que temos em relação às Olimpíadas é tentar concentrar o orçamento público nas obras de legado: transporte, urbanização, drenagem. Esses grandes projetos já estão equacionados e licitados. A Empresa Olímpica Municipal se concentra em mobilizar recursos privados com incentivos públicos.

•O que acontecerá, se uma dessas parcerias não der certo?
Isso está sendo costurado com o rigor e as salvaguardas necessárias. Todas essas parcerias, mesmo as público-privadas, têm premissas de repartição de risco. De qualquer forma, o espaço voluntário de recurso do orçamento da prefeitura é grande. Temos folga fiscal, mas esse não é o cenário, de forma alguma.

Mais voluntarismo - ROLF KUNTZ

ESTADÃO - 02/01


A presidente Dilma Rousseff começa o terceiro ano de mandato sem Orçamento aprovado, com a economia emperrada e a inflação ainda longe de 4, 5 %, meta muito mais alta que a de outros países bem mais dinâmicos. O cenário mundial continua ruim, com a Europa estagnada e a recuperação americana em perigo, mas o governo brasileiro, se tiver juízo, deverá abandonar a ilusão dos últimos dois anos: será inútil confiar no mercado interno como fator de crescimento, se a indústria permanecer incapaz de responder à demanda dos consumidores. Os grandes beneficiários do estímulo serão mais uma vez os produtores estrangeiros, além de alguns setores sempre favorecidos pelas autoridades.

O governo encerrou 2012 com promessas de tempos melhores, mas sem formular, pelo menos em público, sequer um bom propósito de ano-novo. Ao contrário: aceitou sem espernear a decisão dos parlamentares de jogar para fevereiro a votação do Orçamento. O adiamento, disse a presidente, foi decidido com a concordância do governo. A história é um tanto intrigante, porque o atraso impediria o governo de investir. A solução encontrada foi a edição da Medida Provisória n.° 598. Objetivo: liberar R$ 42,5 bilhões para investimentos desde o início do ano.

Os artigos 62 e 167 da Constituição proíbem a edição de medidas provisórias (MPs) sobre matéria relativa a planos plurianuais, orçamentos e abertura de créditos extraordinários, exceto para "atender a despesas imprevisíveis e urgentes, como as decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade pública". Qual dessas condições é aplicável ao caso, especialmente depois de ter o governo concordado com o adiamento da votação?

Essa MP é prenúncio de mais um ano de política econômica voluntarista, conduzida a partir do Palácio do Planalto. Só os freqüentadores do gabinete podem dizer como são dadas as ordens, mas os resultados são inequívocos. O investimento encolheu, a produção industrial diminuiu e os estímulos mal dirigidos foram um fracasso. Ao mesmo tempo, ajuste cambial e mais barreiras foram insuficientes para impedir a piora do saldo comercial. Longe de ser um luxo, um amplo superávit na conta de mercadorias é essencial para o Brasil, por causa do déficit estrutural da balança de serviços.

Para o novo ano o Banco Central (BC) projeta um superávit comercial de US$ 17 bilhões, inferior ao de 2012. Estima-se exportação de US$ 268 bilhões, com crescimento de apenas 4,7% em dois anos (sim, dois anos). As projeções do mercado financeiro são mais magras, com o saldo comercial estimado na vizinhança de US$ 15 bilhões. Se houver alguma recuperação do comércio global, em 2013, deverá ser muito lenta. A Organização Mundial do Comércio divulgou, recentemente, uma projeção de 4,5%, mas até esse número pode ser muito otimista, segundo técnicos da área.

Para os brasileiros os motivos de preocupação vão muito além dessas estimativas. No trimestre final de 2012 a presidente Dilma Rousseff acrescentou a palavra "competitividade" a seus pronunciamentos habituais. Esse reforço vocabular foi usado na apresentação dos novos planos de logística.

Esses planos incluem um novo convite ao setor privado para investir em rodovias, ferrovias, portos e aeroportos idéia incorporada pelo governo depois de muita resistência. Os investimentos só sairão, naturalmente, se houver realismo nas condições de concessão e de parceria.

Parte importante dos projetos nas áreas de transporte e energia ainda depende, no entanto, diretamente do governo e de suas empresas. De janeiro a novembro o Tesouro investiu 22,8% mais que no ano anterior, segundo a última demonstração de contas do governo central. Mas o valor desembolsado continua inferior a 60% da provisão orçamentária, inclui financiamentos imobiliários e corresponde, em boa parte, a restos a pagar. Além disso, a qualidade dos projetos e de sua execução é muito baixa. Sobra voluntarismo e falta competência na estratégia e na gestão de projetos. Não basta recorrer a truques para liberar R$ 42,5 bilhões, quando o governo é incapaz de usar bem os recursos, nem oferecer benefícios fiscais temporários e localizados, se o sistema tributário ainda onera o investimento, a produção e a exportação. Quanto aos juros, continuarão reduzidos se a inflação permanecer longe da meta?

É sempre a economia, estúpido? - ÉRICA FRAGA

FOLHA DE SP - 02/01


Se a economia tem, de fato, um peso grande nos resultados das eleições, o PT deve começar a se preocupar seriamente com 2014. Certo?

O mais notório indicador econômico, o PIB (Produto Interno Bruto), vai mal há dois anos. A indústria patina. O investimento não decola.

Eleições presidenciais são frequentemente citadas como referendos sobre o desempenho da economia.

O impacto da oscilação de indicadores econômicos sobre a decisão do eleitor é estudado há décadas pela academia.

Essa ligação se popularizou com o termo "a economia, estúpido", cunhado por James Carville, chefe da campanha bem-sucedida do democrata Bill Clinton à Presidência dos EUA em 1992.

A fraqueza da economia dos EUA motivou a virada no humor dos americanos, que, em março de 1991, conferiam 90% de aprovação ao então presidente George Bush, mas, no ano seguinte, não o reelegeram.

Mas o que explicaria a derrota de Al Gore, vice de Clinton, em 2000, quando o país crescia com vigor havia cinco anos?

A resposta de trabalho minucioso (que analisa pleitos em 18 nações desenvolvidas entre 1979 e 2002) dos pesquisadores Raymond Duch e Randolph Stevenson é simples: a economia tende, sim, a afetar as eleições, mas nem sempre.

Além disso, segundo os autores de "The Economic Vote: How Political and Economic Institutions Condition Election Results", o peso da economia não é tão grande quanto sugere o falatório sobre o tema.

Em média, calculam, avaliações sobre a economia têm impacto de 5% a 7% na votação no candidato da situação.

Claro que há pleitos apertados em que essa variação pode ser determinante. Mas a fórmula "economia mal (bem) = garantia de derrota (vitória)" parece não ser infalível.

Mesmo que fosse, há uma peculiaridade importante -e intrigante- na conjuntura brasileira: a economia vai mal, mas o mercado de trabalho está muito bem.

Acompanhando o noticiário sobre deterioração econômica, mas empregado e vendo seu salário aumentar, o eleitor tenderia a punir ou premiar o candidato da situação?

Há outro fator em jogo. Duch e Stevenson detectaram que a chance de o eleitor votar contra o partido incumbente por problemas na economia aumenta quando ele percebe um descolamento entre a situação do país e as condições externas.

Não é à toa que o governo brasileiro insiste que a desaceleração aqui é efeito da crise externa. Por quanto tempo a tese convencerá? O desemprego resistirá em patamar tão baixo e os salários continuarão subindo se a economia não se recuperar com mais vigor?

Essas questões irão definir o peso do voto econômico no Brasil em 2014.

O pior aeroporto do mundo - ARTUR XEXÉO

O GLOBO - 02/01


Há quantos anos o Rio convive com promessas de melhorias no Galeão? Eu me lembro de uma visita de, sei lá, três ou quatro anos atrás, de uma dupla de autoridades sorridentes ao mafuá em que já tinha se transformado o aeroporto internacional da nossa cidade. O governador Sergio Cabral e o então presidente Lula percorreram as instalações precárias do Tom Jobim (coitado do Tom Jobim!), admitiram seus problemas e prometeram que o Galeão, em breve, seria um dos melhores aeroportos do mundo.

De lá para cá, e mesmo antes disso, as autoridades da Infraero ficaram cansadas de aparecer nas páginas de jornal garantindo que “nos próximos meses”, todos os elevadores seriam substituídos, as escadas rolantes estariam funcionando, as goteiras seriam tapadas, as lojas seriam reabertas, as lanchonetes funcionariam, as esteiras de malas seriam modernizadas...

Os problemas do Galeão não têm três ou quatro anos como pode sugerir a visita que Cabral e Lula fizeram a ele. Os problemas tornaram-se mais sérios quando o Rio ganhou o direito de sediar as Olimpíadas de 2016 e tornou-se uma das cidades-sede da Copa do Mundo de 2014. Há três ou quatro anos apenas acreditava-se que ainda daria tempo de serem eliminadas as barbaridades que ocorrem no Galeão.

Este colunista confessa que sempre foi otimista em relação ao futuro do Galeão. Afinal, pior do que ele estava há três ou quatro anos era impossível ficar. A tendência só podia ser melhorar. E, se todas as autoridades do país admitiam que ele estava caindo aos pedaços, o que poderia impedir suas melhorias? Pois me enganei. O Galeão piorou, sim. E muito. Ele caiu aos pedaços. Ele deveria ser interditado. O Galeão faz mal à saúde. E o que autoridades dizem não é para ser escrito. Ninguém fez nada, no governo estadual ou no federal, para que o Galeão fosse interrompido na sua corrida para se tornar o pior aeroporto do mundo. Pois ele chegou lá. E vai ser difícil, muito difícil, arrancá-lo do posto conquistado a duras penas.

Eu estava no Galeão, na agora célebre quarta-feira passada, quando um apagão levou o aeroporto ao fundo do poço. Quando cheguei, as luzes já tinham se apagado. As portas estava abertas, vários passageiros tentavam pegar um pouco de ar do lado de fora (foi o dia mais quente do ano, lembram?) e lá dentro estava o caos. O aeroporto não estava totalmente às escuras. No Terminal 2, para onde me dirigi, o black-out atingia a área ocupada pelo ckeck-in de três companhias aéreas: a Delta, a British Airways e a American Airlines. Era impossível saber o que o passageiro deveria fazer. A boa vontade de uma funcionária da Delta amenizou o problema. Era ela quem indicava onde ficava a fila de cada companhia. Fiquei numa fila que supostamente levaria ao check-in do meu voo. E esperei, esperei, esperei.

Até as luzes voltarem, minha espera demorou exatamente 60 minutos. É por isso que não entendo essas declarações da Light de que em dez minutos a energia retornou e de que, em 15 minutos, tudo estava normalizado. Eu passei por 60 minutos sem luz e, quando cheguei, já não havia energia. O black-out, portanto, demorou mais de uma hora. E, durante todo esse tempo, não recebi explicação alguma da Infraero. A mais ineficiente das empresas públicas brasileiras simplesmente deixou os passageiros agirem por conta própria.

No escuro, encontrei três funcionários uniformizados. Eram da limpeza. Imagino que terceirizados. Eles não sabiam de nada. Apenas se limitavam a recolher garrafas de água vazias no chão para jogá-las no lixo. A única informação veio de uma funcionária da British que, em vez de se esconder, como costumam fazer os funcionários das companhias brasileiras, tentava explicar alguma coisa aos passageiros que a questionavam. Ela disse que estava entrando em contato de dez em dez minutos com as autoridades do Galeão e não tinha novidades. Mas o aeroporto não tem gerador? “Eles dizem que estão tentando ligar o gerador manualmente”, relatava.

Os homens começaram a tirar as camisas, as mulheres não paravam de se abanar, o consumo de água mineral subiu. A luz, enfim, voltou e eu, ingenuamente, imaginei que estava tudo resolvido. A British foi eficientíssima, conduzindo o check-in com rapidez (o voo atrasou apenas meia hora). Imagino que na American a situação tenha sido pior pois a empresa tinha três voos diferentes para despachar. Mas eu estava encerrando apenas o primeiro capítulo da confusão.

No salão de embarque, o Galeão de sempre reapareceu. Não havia ar refrigerado. Eu precisava me dirigir ao lounge da British no terceiro andar. As escadas rolantes não funcionavam. Como a minha camisa estava encharcada de suor, pensei em comprar uma camiseta. As lojas estavam fechadas, com cara de que estavam fechadas para sempre. Não houve chamada para o voo. Uma mulher apareceu gritando “portão 10”, “portão 10”, e meus companheiros de viagem saíram correndo em bando como se estivéssemos sendo resgatados pela exército britânico após um ataque terrorista.

Falta de luz, falta de ar refrigerado, falta de escada rolante, falta de lojas... o Galeão sempre foi assim. Por que então tornou-se o pior aeroporto do mundo? Porque, durante todo esse tempo, a Infraero não se preocupou em dar uma única explicação ou um pedido de desculpas aos usuários de seu aeroporto. Quando a autoridade não se preocupa mais nem com sua imagem, é porque a situação não tem mais jeito. Galeão ? Veta, Dilma!

PRIMEIRA VEZ - MÔNICA BERGAMO


O GLOBO - 02/01


Laryssa Dias estreia em novelas como a Waleska de 'Salve Jorge'; já recebeu convite para posar nua, mas declinou: 'Não gosto de expor minha vida'

SALADA FELIZ
O governador Geraldo Alckmin deve decidir ainda neste mês se sanciona ou manda para a gaveta dois projetos que atingem o consumo infantil. Um deles proíbe a publicidade dirigida a crianças de alimentos e bebidas pobres em nutrientes e com alto teor de açúcar, gorduras saturadas ou sódio. O outro proíbe redes de fast food de venderem lanches junto com brinquedos, induzindo o consumo de seus produtos.

SALADA FELIZ 2
Entidades ligadas ao tema, como o Instituto Alana e o Idec, já mobilizam simpatizantes que defendem a proibição. E pretendem levar ao governador Alckmin tanto pareceres que defendem a constitucionalidade das medidas quanto pesquisas que mostram o amplo apoio entre pais e educadores.

VAPOR
Uma das pesquisas do Datafolha, feita em 2011, mostra que 79% de pais e mães de crianças de até 11 anos acreditam que comerciais de fast food prejudicam o hábito alimentar de seus filhos, levando-os a "amolar e pedir muito para você comprar os produtos anunciados". Eles dificultariam, assim, os esforços de educar os pequenos a se alimentar de forma saudável.

VAPOR 2
Em outubro, a primeira-dama de São Paulo, Lu Alckmin, participou do lançamento do programa de reeducação alimentar do Hospital das Clínicas que orienta as pessoas a adotarem refeições saudáveis. Gravou até um vídeo sobre o tema.

ESSE CARA SOU EU
O pastor Silas Malafaia tem almoço marcado com Amauri Soares, diretor de eventos da Globo, no dia 9. O evangélico diz que "nenhum pastor teve mais contato com a Globo do que eu" e chama a comitiva da Concepab (confederação nacional de pastores) que visitou os estúdios da emissora em novembro de "ilustríssimos desconhecidos". "Falei isso com o Amauri [por telefone]."

TAMO JUNTO
Soares -responsável na Globo por dialogar com religiosos- também tem se encontrado com representantes da Igreja Católica e de crenças afro, por causa de um ato pela tolerância religiosa, no dia 21, no Rio. Promovido pela Globo, o evento reunirá umbandistas, hare krishnas, católicos, espíritas, budistas, wiccans, ciganos, seguidores do Santo Daime, judeus, muçulmanos, ateus e agnósticos. Padre Omar, que cuida do Cristo Redentor, fará show.

VAMOS ABRIR A RODA
O sociólogo Hermano Vianna ajudou a escolher o repertório de canções de "O Canto da Sereia", microssérie da Globo que estreia no dia 8. A atração gira em torno de uma cantora de axé, interpretada por Isis Valverde. Vianna sugeriu que a personagem não cantasse hits das rainhas desse gênero musical -Ivete Sangalo e Claudia Leitte, por exemplo- para não haver comparação com as mesmas.

Na trama, Sereia entoará "A Roda", de Sarajane, e "Vapor Barato", de Waly Salomão, entre outras.

SÓ PARA QUEM PODE
Um consumidor que ligou para a TAM para remarcar uma passagem ficou surpreso com o valor cobrado pela alteração e comentou: "Que caro!". O atendente respondeu: "Só viaja de TAM quem tem dinheiro". A companhia aérea, via assessoria, "lamenta o episódio".

PRAIA DE PAULISTA
A empresária Helena Bordon, a estilista Cacá Garcia e a apresentadora Carol Castello Branco participaram da festa We Love Trancoso, em Trancoso, na Bahia. Na mesma praia, o empresário Luigi Cardoso e a socialite Lala Rudge circularam por evento no fim da tarde na pousada Estrela D'Água.

BOLO E DRINQUES
Expedito Araujo, curador artístico do programa cultural Vivo EnCena, ofereceu jantar a amigos para comemorar seu aniversário. Os atores Mariana Hein, Ilana Kaplan, Luciene Adami e Ricardo Silva foram ao restaurante Fasano, nos Jardins.

CURTO-CIRCUITO
A partir de hoje, a Caixa Cultural São Paulo passa a funcionar das 9h às 20h, de terça a domingo.

Zélia Duncan canta músicas de Itamar Assumpção no show "Tudo Esclarecido". A temporada começa amanhã e vai até o dia 13 no Sesc Pinheiros. 10 anos.

O Club A, em Moema, abre o ano com show de Thiaguinho, no dia 8. 18 anos.

A The Photographer's Gallery, em Londres, apresenta até abril a mostra "Geraldo de Barros: What Remains", retrospectiva fotográfica do artista brasileiro. Abertura no dia 17.

Talvez o jeito seja mesclar Chapolim com De Gaulle - JOSÉ NÊUMANNE


O Estado de S.Paulo - 02/01


Ao longo do ano que terminou anteontem, o de 2012, brilhou a estrela do Supremo Tribunal Federal (STF) no céu da Pátria, acostumada aos brilharecos de marketing do Poder Executivo e aos buracos negros do Legislativo, que, apesar de representar o cidadão, continua de mal com ele, segundo pesquisa do Ibope. Estreante na pesquisa, o órgão máximo da Justiça superou a própria em prestígio - o que é natural, e até óbvio, porque, enquanto a instituição absorve golpes no plexo pela lerdeza e pela parcialidade, citados pelo novo presidente, Joaquim Barbosa, na posse, a Corte maior foi festejada pela publicidade explícita de um julgamento arrasa-quarteirão, o do mensalão.

A discussão em torno de um nome, um voto - do ministro Luiz Fux -, contudo, terminou por abrir, antes das festas de Natal e da virada do ano, uma discussão sobre um flanco, se não aberto, pelo menos mal vigiado, do Supremo, o que não põe em risco sua supremacia, mas em debate sua independência. A indicação do nome dos 11 membros do STF por decisão solitária do chefe de outro Poder, o presidente da República, poderia levantar suspeitas quanto à isenção dos indicados, apesar de serem estes sempre submetidos à arguição de uma das Casas do Congresso, o Senado? A decisão do Supremo de contrariar duas vezes - ao não adiar o julgamento, que já tardava sete anos, a pretexto da iminência das eleições municipais, e condenar seus companheiros de partido e churrasco - o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu a primeira resposta negativa (do ponto de vista ético, positiva) à questão. Dos 11 ministros que deram início à maratona, 7 foram indicados por Lula ou por Dilma, sua correligionária do Partido dos Trabalhadores (PT), sua aposta solitária na campanha sucessória e sua ex-chefe da Casa Civil. Como arguir qualquer suspeição se o relator do processo e o responsável pela mediação das votações, o presidente, foram indicados - de fato nomeados, porque nunca o Senado faz qualquer objeção às indicações presidenciais - por petistas de carteirinha?

A fidelidade canina com que o revisor, Ricardo Lewandowski, e outro ministro, Dias Toffoli, se opuseram aos votos da maioria é exceção que, longe de negar a regra geral do modelo traçado pelo colegiado de magistrados, a confirma. A discussão, tornada pública pelo próprio Luiz Fux, em torno de insinuações malévolas a respeito de eventual compromisso previamente assumido por ele de absolver réus petistas no processo também serve menos para fragilizar sua posição de julgador. E mais para condenar quaisquer tentativas de subordinar a decisão de um ministro à gratidão por quem o investiu no cargo. Este é vitalício e, portanto, infenso a quaisquer retaliações de outros Poderes e poderosos.

Talvez por pretender defender-se dessas maldades, Sua Excelência deu entrevista a Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, na qual narrou seu périplo por gabinetes importantes na República para obter apoio à sua indicação para o topo da carreira, primeiro pelo ex-presidente Lula, depois pela presidente Dilma. Chegou a ser publicada afirmação atribuída a Lula de que desconfiava de alguém com apoios da direita, Delfim Netto, czar da economia na ditadura, e da esquerda, João Pedro Stédile, chefão do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST). A afirmação do guru petista é falaciosa, pois os extremos foram procurados pelo fato óbvio de que tinham amplo acesso a seus pavilhões auriculares. Além do mais, pouco tempo depois, ele foi fotografado beijando a mão de outro egresso da ditadura, Paulo Maluf, no jardim de sua mansão, para obter o apoio dele à campanha municipal paulistana do petista Fernando Haddad, como Dilma, uma aposta de altíssimo risco que acabou ganhando. A procura de apoio ecumênico às pretensões de alguém no Brasil remonta à época dos "pistolões", que decidiam desde a nomeação de delegados de polícia no interior até o preenchimento de vagas no ensino superior.

O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, informou que Fux lhe dissera que "não havia provas" contra os réus do mensalão e que sua atuação seria "muito clara". São truísmos que nada elucidam e lembram a máxima de Chacrinha: "Eu não vim para explicar, mas para confundir". O próprio Fux já havia dito antes que se surpreendera com a quantidade de provas e nenhum brasileiro que o viu atuar no julgamento poderia acusá-lo de falta de clareza. Mas não é bem disso que estamos tratando aqui e, sim, da forma da escolha dos membros do colegiado ao qual são submetidos os julgamentos finais em casos de violação da ordem constitucional. A cândida confissão de Carvalho reforça a sensação de que os figurões federais foram surpreendidos com a aplicação pelos ministros do STF da mistura de frases de Chapolim - "eles não contavam com minha astúcia" - e de Charles de Gaulle - "a maior virtude de um estadista é a ingratidão". O PT, habituado a subordinar tudo - do Banco do Brasil ao Tribunal de Contas da União (TCU) -, dava como favas contadas o aparelhamento do topo do Judiciário pela força da gravidade. E quebrou a cara.

Agora tenta desqualificar o Supremo levantando suspeitas sobre a campanha pela indicação que os eventuais candidatos à boa vaga fazem. Trata-se de uma ignomínia! Não há alternativas à vista: indicação pelo Congresso? É brincadeira! O Senado nem dá conta da sabatina, vai dar conta da indicação? Além do mais, o Congresso nomeia os membros do TCU. Recentemente, indicou Ana Arraes e o sobrenome ilustre não a impediu de tentar ajudar a companheirada considerando lícitas manobras de Marcos Valério, réu do mensalão condenado por unanimidade! E que tal a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)? Ou as associações de juízes? Aí, meus amigos, seria o caso de seguir a receita de Dilma para apagões: gargalhar.

Talvez a saída seja deixar como está e esperar que o cargo vitalício inspire a independência do julgamento do ocupante.

Candidato tipo exportação - ILIMAR FRANCO

O GLOBO - 02/01


O PSDB tenta desesperadamente montar um palanque forte para o senador Aécio Neves no Rio. Para isso, cogita exportar tucanos de outros estados para concorrer a governador, já que dificilmente conseguirá ampliar a aliança para além do DEM. Sonham com dois nomes: o ex-governador de São Paulo José Serra, algo bem improvável, e o senador paranaense Alvaro Dias.

De Malan a Luciano Huck
Várias hipóteses passam pelas mentes tucanas para consolidar a candidatura de Aécio Neves a presidente no Rio, dominado por partidos aliados ao governo Dilma. Além dos candidatos “estrangeiros”, o PSDB pensa em convencer intelectuais do partido a encararem uma eleição a governador, casos dos ex-ministros Pedro Malan e Armínio Fraga e do economista Edmar Bacha. Outra possibilidade é convencer uma celebridade com atuação social a concorrer. Luciano Huck é o sonho de consumo dos tucanos. O partido teme que se não tiver um candidato competitivo, será difícil enfrentar de igual para igual campanha contra a presidente Dilma.

“O (José) Genoino que admiramos ficaria constrangido nesta nova roupagem de deputado condenado. Assumirá com espada sobre a cabeça”
Chico Alencar
Deputado federal PSOL-RJ
Quero mais
O presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS) deixará o cargo dia 4 de fevereiro com gostinho de quero mais. Tem dito a amigos e colegas de bancada que gostou da experiência e quer voltar o mais breve possível. Ficará este ano na planície, sem brigar por cargos nas comissões da Câmara ou no partido, articulando para ser eleito em 2014.

Da OAB para o Congresso
Wadih Damous, que deixará este ano a presidência da OAB/RJ depois de dois mandatos, tem cogitado concorrer a deputado federal em 2014. Está analisando por qual partido. A tendência é que opte pelo PT.

Um dia depois do outro
Apoiado pelo PT na campanha, o prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet (PDT) ignorou o quanto pode o mensalão. Em 2005, ele era do PSDB e foi um dos relatores da CPI. Na posse, ontem, pediu que julgamento do STF seja respeitado pelo PT.

Promessômetro
O DEM turbinou o site da bancada na Câmara com um “promessômetro” da presidente Dilma. São 228 compromissos assumidos em 2010 acompanhados com lupa pelos democratas. As promessas são divididas em 18 pontos, como energia, saúde e tributos. O DEM usou o programa de governo entregue ao TSE, o discurso de posse e a mensagem enviada ao Congresso.

Com a boca na botija
Um secretário de Roberto Góes (PDT), até anteontem prefeito de Macapá, foi à prefeitura durante o feriado, de madrugada, e encheu o carro de documentos. Flagrado pela polícia, voltou ao gabinete e devolveu tudo.

Herança
O último ato de Luizianne Lins (PT) como prefeita de Fortaleza foi decretar reajuste da passagem de ônibus em 10%. A medida foi publicada dia 31 de dezembro, para surpresa do sucessor, Roberto Cláudio (PSB).

Réveillon às escuras. 
Por causa de um apagão, moradores de São Luís, Maranhão, passaram a noite da virada no escuro.

Jogada ensaiada - VERA MAGALHÃES - PAINEL


FOLHA DE SP - 02/01


Ao eleger o combate à pobreza como prioridade retórica de mandato, Fernando Haddad pavimenta o que pretende transformar em marca da sincronia com Dilma Rousseff. O petista deseja apresentar, se possível nos primeiros cem dias de gestão, plano para ampliar o acesso dos paulistanos ao Bolsa Família. Diagnóstico federal mostra que São Paulo é a capital com cadastro menos consistente no programa e identifica perspectiva de rápida expansão no total de beneficiados.

Preliminar Tão logo escolhida, a secretária Luciana Temer (Assistência Social) se reuniu com a ministra Tereza Campello (Desenvolvimento Social) para tratar da busca ativa de famílias com renda per capita inferior a R$ 140.

Para depois Decreto de Haddad adiará por três meses a implantação da Amlurb (Autoridade Municipal de Limpeza Urbana), criada para substituir o Limpurb, departamento que foi extinto.

SOS O prefeito teme que a transição prejudique os serviços no período de chuvas. O concurso para preenchimento de cargos na nova empresa está emperrado na Secretaria de Planejamento.

Encrenca à vista Preocupa o QG haddadista o contrato do fornecimento de leite para alunos da rede pública. As compras para janeiro e fevereiro foram feitas por Gilberto Kassab, mas a nova gestão terá de decidir se usará ata de preços em vigor ou fará nova licitação para assegurar abastecimento em março.

No cravo No crepúsculo de 2012, o ministro Aguinaldo Ribeiro (Cidades) destinou quase R$ 5,5 bilhões do FGTS para financiamentos do Minha Casa, Minha Vida deste ano. A cifra é R$ 1,2 bilhão maior que a do ano passado e foi necessária após o aumento do valor dos imóveis cobertos pelo programa federal.

Na ferradura Para evitar dilapidação do patrimônio do Fundo de Garantia, representantes dos trabalhadores e empregadores conseguiram aprovar medida garantindo retorno mínimo de 1% nesse tipo de investimento.

Carona ACM Neto (DEM) aproveitará as obras da Copa para negociar com o governo Jaques Wagner (PT) a ampliação do metrô de Salvador até Cajazeiras, na periferia. A medida aliviaria o trânsito na região, uma das promessas de sua campanha.

Low profile A posse de José Genoino (PT-SP) na Câmara, prevista para amanhã, deve ocorrer em cerimônia discreta na sala da presidência. O protocolo será conduzido pela secretaria-geral da Casa. Como devem assumir outros 34 congressistas, não haverá tempo para discursos.

Corneta 1 Guido Mantega (Fazenda) manifestou a petistas preocupação com o fato de Lindbergh Farias (PT-RJ) assumir a presidência da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado este ano.

Corneta 2 O ministro tem afirmado, em privado, que considera o correligionário muito "instável" e que ele tende a priorizar os interesses do Rio de Janeiro, onde pretende disputar o governo em 2014, em detrimento das prioridades do Planalto.

Retiro Aliados de Renan Calheiros (PMDB-AL) dizem que ele ficará recluso em fazenda no interior de Alagoas até o dia 25. A ideia é evitar qualquer movimento que desgaste sua candidatura à presidência do Senado.

Blitz Depois de postar em seu Facebook foto pedalando, o novo prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet (PDT), foi advertido por seus mais atentos seguidores na rede social. Motivo: estava sem capacete e trafegava na contramão.

Piquete Em conversas com dirigentes da CUT, Lula estimula atividades conjuntas com outras centrais. O ex-presidente considera um erro isolar o deputado Paulinho (PDT), que controla a Força Sindical e está em atrito com o governo de Dilma.

tiroteio
O novo prefeito de São Paulo parece estar jogando com aquelas técnicas indianas de andar sobre as brasas e comer fogo.

DE CESAR MAIA (DEM-RJ), empossado vereador no Rio ontem, sobre a declaração de Haddad à Folha de que colocaria as duas mãos no fogo por Lula.

Contraponto


Sabe com quem está falando?


Durante a concorrida solenidade de posse de prefeito e vereadores eleitos em São Paulo, ontem, o ex-ministro Orlando Silva (PC do B) tentava entrar no plenário da Câmara, quando foi barrado por um segurança:

-Está muito cheio, sugiro que o senhor vá às galerias.

O suplente de vereador, que assumirá cadeira tão logo Netinho de Paula se licencie para assumir a Secretaria de Igualdade Racial, insistiu, sem sucesso:

-É só uma passadinha...

Ao notar que Silva fora cercado por jornalistas quando saía, o funcionário perguntou a um colega, inquieto:

-Nossa, será que barrei um ministro?

Aviso aos imigrantes - VERA GUIMARÃES MARTINS

FOLHA DE SP - 02/01


SÃO PAULO - A notícia de que a Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República estuda facilitar a entrada de estrangeiros no mercado nacional do trabalho é mais ou menos como rever uma peça antiga com novos atores.

O Brasil já fez largo uso da imigração como política de Estado entre o final do século 19 e as primeiras décadas do 20. Em São Paulo, o governo até concedia passagens gratuitas de terceira classe para quem aceitasse se fixar no Estado. Vieram agricultores, mascates, barbeiros, sapateiros e toda sorte de prestadores de serviços. Foram, cada um no seu quadrado, personagens fundamentais do desenvolvimento paulista.

Neste século 21, o foco mudou, e o objetivo da imigração arquitetada pela governo federal é atrair gente formada em boas universidades internacionais. É bom registrar que trata-se de medida necessária, legítima, bem-vinda -e também de um atestado da deficiência da educação brasileira.

Em cem anos, o país avançou muito, mas deixou o ensino a reboque e não formou profissionais qualificados suficientes para atender as necessidades de uma economia moderna e em desenvolvimento. Bastaram alguns anos de crescimento razoável para inaugurar a temporada da escassez.

O apagão de mão de obra atrasa obras vitais de infraestrutura, inflaciona salários de algumas categorias e reduz a competitividade do país. Daí a resposta paliativa da imigração, bem mais fácil e rápida do que solucionar o deficit educacional histórico.

Talvez até surjam alarmes xenófobos sobre uma possível ameaça aos trabalhadores nativos, mas os números mostram que o Brasil é um dos países mais fechados à mão de obra estrangeira.

Vale repetir alguns publicados no domingo: nossa população atual de imigrantes soma meros 0,3% (43% maiores de 60 anos). A média no mundo é de 3%; a da América Latina, 1,5%, e a dos EUA, 15%.