terça-feira, setembro 18, 2012

Rei morto, rei posto - ANCELMO GOIS

O GLOBO - 18/09

A ideia da ex-ministra Ana de Hollanda era arrumar suas coisas em Brasília e retornar ao Rio hoje.
Mas preferiu antecipar sua volta no fim de semana. É que, ainda na sexta, cortaram seu telefone e queriam levar o computador com suas coisas pessoais.

Segue...

Tudo bem que deve ser coisa do terceiro escalão, afinal a ex-ministra foi superbem tratada por Dilma e Marta Suplicy.
Mas retrata um pouco a alma humana.

Entre sem bater

A Casa da Palavra lança este mês uma biografia do Barão de Itararé (1895-1971), o jornalista, escritor e humorista que lançou o jornal de humor "Manha" (sem til mesmo), nos anos de 1920.
A obra, de Claudio Figueiredo, vai se chamar "Entre sem bater”

Em tempo...

O título tem a ver com a prisão e a tortura do Barão depois de publicar no "Jornal do Povo" a história do marinheiro João Cândido.
Na saída da cadeia, pôs um aviso na porta da Redação: "Entre sem bater"

Tente outra vez

A17? Vara Cível do Rio determinou que a Warner Brasil pague R$ 93 mil às herdeiras de Raul Seixas e a Paulo Coelho, por conta da venda de sucessos da dupla, entre os quais "Tente outra vez’!

Deus castiga!
O Frei Gino, da Paróquia São Francisco de Paula, na Barra, parou missa de domingo, a das 18h, para dar uma bronca nos fiéis.
Ele diz que um paroquiano roubou o dedo da imagem de São Francisco de Paula.

ENCONTRO INÉDITO EM ‘ALÔ, DOLLY’Marília Pêra e Miguel Falabella, os talentosos atores, vão estar paramentados assim e juntos no palco pela primeira vez na carreira. Estreiam dia 12 de outubro “Alô, Dolly”, a versão brasileira de “Hello, Dolly”, um dos maiores clássicos da Broadway, no Teatro Oi Casa Grande, no Leblon. Marília, a diva do nosso teatro, vai reviver o papel que foi interpretado pela grande Bibi Ferreira, em 1964, na primeira e única montagem do espetáculo no Brasil. A superprodução tem 29 atores em cena e uma orquestra com 16 integrantes. Que sejam felizes! •

Ponto de vista

O cientista político Wanderley Guilherme dos Santos discorda de que o STF esteja cedendo a pressões da mídia, no caso do mensalão:
— Acho que vários juízes compartilham o julgamento negativo sobre a atividade política, especialmente da política de maior apelo popular, prevalecente no meio ilustrado brasileiro.

Aliás...
Para o presidente da Casa Rui Barbosa, o fenômeno do julgamento negativo sobre a atividade política "não é só nacional."
É. Pode ser.

Todo mundo nu
A terra treme em Brasília com todo tipo de disse me disse sobre Marcos Valério e o seu possível arsenal contra alguns figurões do PT.
Fala-se que o operador do mensalão petista tem até fotos de festas de gente graúda com moças, digamos, fogosas. A conferir.

Povo de SucupiraA Globo Marcas lança dia 30 agora o DVD de "O bem-amado” 40 anos após a estreia da novela de Dias Gomes.

O ano do Nelson
Esta microescultura de Nelson Rodrigues é parte da mostra do artista plástico Zé Andrade, que estreia na reabertura da Biblioteca do CCBB, no Rio, dia 12 de outubro.
Há também esculturas de Fernando Sabino, João Ubaldo Ribeiro, Vinicius de Moraes, Aldir Blanc, Ziraldo e Verissimo.

Cidade partida
Um dado mostra como escola boa fica, quase sempre, em bairros de classe média ou alta. A conta é do economista Mauro Osório.
Os resultados do Ideb de 2011 apontam que 33% das 70 melhores escolas da 1? à 5? série do Rio estão na Zona Sul e Grande Tijuca. E apenas 16,9% deste grupo de melhores unidades de ensino estão na Zona Oeste, região da cidade com os piores indicadores sociais e de renda.

Briga de bicheiros

A 2? Vara de Cachoeiras de Macacu interrogou ontem o PM Marcelo Alves da Silva, um dos acusados de tentar matar Rogério Mesquita (executado em 2009) por causa da disputa pelo espólio do bicheiro Maninho, morto em 2004.
Segundo o MP, o crime teria sido encomendado por Shanna Garcia, filha de Maninho.

Guerra dos artistas
Barretão reúne hoje uma tribo de artistas em torno de Eduardo Paes.

Grande Hotel
A Secretaria municipal de Urbanismo licenciou o projeto da GL Eventos de construção de um hotel de 306 quartos no Riocentro, no Rio.

Poxa, Boninho

Boninho foi visto furando a fila da ArtRio, domingo.

O governismo não compensa - JOSÉ AUGUSTO GUILHON ALBUQUERQUE

FOLHA DE SP - 18/09


Que disputa é esta em que Maluf pode optar entre os palanques do Lula e do Serra e o malufismo votará com Russomanno? Não há opção


As eleições na capital estão se revelando uma caixinha de surpresas.

A primeira delas é que, até agora, o tão esperado efeito Lula não deu o ar de sua graça. Nas eleições de 2010, a esta altura Dilma já estava garantida no segundo turno, enquanto o novo protégé de Lula continua comendo poeira, já tendo gasto meia sola de sapato.

Outra surpresa é a inversão de papéis entre Serra e Russomanno. Pelo andar da carruagem, não está de todo excluído que seja Serra, e não Russomanno, quem disputará com Haddad a honra de chegar ao segundo turno na lanterna, contra o candidato populo-malufo-evangélico que, tal um Jânio redivivo, come o eleitorado centrista de Serra pelas duas bordas, à direita e à esquerda.

Poupado até ontem pela esperteza dos adversários que o consideravam carta fora do baralho, Russomanno vem nadando de braçada, juntando rejeições ao lulismo a rejeições ao tucanato, somadas ao voto malufista.

O lugar do malufismo nestas eleições -ao mesmo tempo oficialmente no palanque do PT e profundamente enraizado no populismo de direita que inspira Russomanno- é muito revelador: esta é uma eleição sem rumo e sem norte, deixando o eleitor sem opção.

Que disputa política é esta em que Maluf pode optar entre os palanques do Lula e do Serra e o malufismo votará com Russomanno?

Onde estará o eixo dessa competição entre variantes de um governismo envergonhado, difuso e onipresente? Obviamente não com o candidato petista, subproduto do ressentimento de Lula face às sucessivas derrotas que os paulistanos lhe têm infligido, imposto ao PT goela abaixo e com quem o eleitorado petista mais fiel sequer consegue se identificar.

Tampouco serão essas outras caras novas, com pouco ou nenhum lastro conhecido e que disputam entre si a medalha de melhor comportamento junto ao padrinho e à madrinha dos pobres.

Quanto a Serra, deixou-se iludir pela extensão do tempo de TV e pela esperança de que o marketing resolvesse tudo.

Mas quem elege é mesmo o cidadão comum e, em São Paulo, o governismo não compensa. O paulistano não deve sua existência a nenhum governo, já não tem paciência com a corrupção, a impunidade, o desperdício, a incompetência, o eterno improviso, a mudança quase diária de normas e leis, o nível que o compadrio e o filhotismo atingiram em nosso país.

Isso sem falar na intimidação e no desrespeito aos direitos essenciais dos cidadãos, impostos por hordas de desordeiros que afrontam as leis e paralisam o país, mimetizando a luta de classes em autêntico deboche para com os mais necessitados.

O gesto do STF, ao castigar impiedosamente os graúdos, tratando a bandidagem como criminosos que são, está tendo um impacto profundo na população. Talvez não dure, mas enquanto durar o eleitor não vai aceitar, de seus representantes, nada menos do que um gesto à altura.

Os estrangeiros perguntam - VINICIUS TORRES FREIRE

FOLHA DE SP - 18/09


Lula volta? Por que Dilma é popular? Por que tanto protecionismo? E elogiam luta anticorrupção 

LULA VAI voltar? Mas Dilma Rousseff não é muito popular, com mais de 70% de aprovação? Onde fica a praia "x", que tem baleias? Muito animadora a "Clean Record Law" (Lei da Ficha Limpa). O Brasil melhora na corrupção, mas regride na economia, com Estado demais. Existe um bom restaurante brasileiro na região de Boston?

Reunião informal, "festa", com professores de Harvard e universidades da região, além de pesquisadores e estudantes e brasileiros vários. A maioria conhece razoavelmente o Brasil. Poucos falam de economia. Muito "brasilianista" agora se dedica mais a assuntos como sexo, educação, religião, ambiente, "culturas das periferias", empreendedorismo.

Quem fala de economia trata de protecionismo e/ou dos motivos do baixo crescimento recente.

A conversa curta, em meio ao barulho, não permite descobrir se o interlocutor conhece bem a política econômica. Pode ser que as perguntas apenas tenham sido sugeridas pelo mais recente dos muitos textos que a "Economist" ou o "Financial Times" publica desancando o governo brasileiro.

Seja como for, pergunta-se por que o Brasil barra importações ("até louças! Comida congelada!", dizem), por que o governo "só" compra de empresas nacionais, por que barrou a importação de carros, por que a Petrosal, por que o BNDES subsidia multinacionais no Brasil, por que o Brasil não segue o exemplo de Chile, Peru, Colômbia e México, que montam uma área de livre comércio "de verdade".

Mas há quem lembre que Dilma quer "reduzir o custo Brasil" (assim mesmo, em português) e lançou também um "plano de privatizações" (as concessões na área de infraestrutura). Os professores mais "heterodoxos" da universidade obviamente não estão na festa.

Muitos falam de Lula, que faz menos de um mês deu entrevista ao "New York Times". O texto da reportagem sugeria que Lula poderia voltar, embora talvez não em 2014.

Querem saber também o que o ex-presidente tem a ver com o "julgamento da cúpula do Partido dos Trabalhadores" (o julgamento do mensalão), como diz um conviva.

Este brasileiro ouve várias congratulações sobre o progresso nacional no combate à corrupção. Mencionam especificamente tribunais barrando candidatos podres ao posto de prefeito, obviamente o julgamento do mensalão, as tentativas de barrar o tráfico no Rio (sic) e até as providências do Conselho Nacional de Justiça. Enfim ninguém pergunta da Amazônia, mas comentam os problemas com direitos de trabalhadores rurais e escravidão.

Uma pesquisadora observa que o Brasil tem uma presidente mulher e a maior cidade do país teve "recentemente" duas prefeitas, também um progresso "admirável", ao qual os americanos resistem.

Por que Dilma Rousseff é tão popular, se é tão discreta e a economia tem crescido tão pouco? É o desemprego baixo? Foi o apoio que deu ao combate à corrupção (a demissão de ministros enrolados pegou bem até aqui fora)?

Um professor diz que Dilma tenta dar "racionalidade ao debate político brasileiro, muito radicalizado no governo anterior". Mas na rodinha discute-se se ela terá o "impulso" de fazer grandes reformas econômicas (FHC) ou "sociais" (Lula).

Muita calma nessa hora! - TUTTY VASQUES


O Estado de S.Paulo - 18/09


Ainda não se pode responsabilizar a torcida do Palmeiras por toda situação que ameace fugir de controle em São Paulo! Ontem mesmo, tanto o quebra-quebra nos trilhos do trem quanto o incêndio na favela não tiveram, decerto, nada a ver com a derrota de véspera para o Corinthians.

O que não diminui a preocupação até de quem não é palmeirense com a possibilidade de uma volta do Verdão à segundona. Se, faltando 13 rodadas para escapar da catástrofe, a galera começou a quebrar estádio e lanchonete por conta, sabe Deus onde isso vai parar!

Mal comparando, multidões em fúria são todas iguais e pelo menos duas delas protagonizam más notícias internacionais de grande porte no momento.

A explosão de ira detonada no Oriente Médio por um filmete da 5.ª divisão do cinema americano faz sombra no noticiário às manifestações explícitas de ódio chinês fervoroso contra tudo que é japonês - aí incluídos carros e restaurantes -, em função da disputa por uma porcaria de arquipélago inabitável entre os dois países.

Besteira, como se vê, argumentar com a Mancha Alviverde que não há motivos para sair por aí barbarizando a cidade. Melhor pedir calma ao pessoal, e rezar!
Exemplo frustrado

Que coisa feia a briga judicial da família de Orestes Quércia pela herança do ex-governador que, pelo visto, não deixou para mulher e filhos o que tinha de melhor: o total desapego pelo dinheiro! Que Deus o tenha!

Basta!

Parado numa blitz da lei seca no Rio, o ex-comandante do Bope Fernando Príncipe Martins teve bons motivos para se recusar a soprar o bafômetro. Se desse essa confiança a um subalterno, o soldado que o abordou ia acabar querendo saber o que faz um coronel da PM pilotando um Porsche zero-quilômetro. Francamente!

Essa não!

Sempre à frente de seu tempo, Curitiba pode até mudar sua intenção de voto em Ratinho Jr., azarão nas pesquisas, se o candidato a prefeito insistir em ficar por aí dizendo que "meu pai dá credibilidade à minha campanha". Peralá! Pega mal pro eleitor!

Vai que...

Está aberta a Semana de Carona Solidária. Ainda que isso não vá melhorar em nada o trânsito na cidade, é sua grande chance de se oferecer para levar aquela vizinha ao trabalho sem parecer uma cantada barata.

Revelação decepcionante

Por razões diversas da bronca da família real britânica, fãs de Kate Middleton também estão inconformados com a publicação de fotos da mulher do príncipe William de topless. Alegam que a duquesa de Cambridge parecia bem mais interessante nas fantasias de cada um. Há controvérsias!

Ra, rai, ri, ri...

Parentes e amigos de Silvio Santos estão preocupados! Depois do Bozo e da Hebe, o dono do SBT mandou chamar o Lombardi de volta à emissora.

PT parte para o improviso - DENISE ROTHENBURG


CORREIO BRAZILIENSE - 18/09

Nos tempos do telefone “orelhão”, que funcionava à base de ficha, criou-se a expressão “caiu a ficha”, usada quando alguém de se dava conta da importância ou da gravidade de determinado fato. É mais ou menos isso que aconteceu ontem no comando petista e entre os réus do mensalão. A leitura de parte do voto do relator Joaquim Barbosa no capítulo que trata da compra de apoio no Congresso já foi suficiente para tirar quaisquer esperanças de absolvição na Ação Penal 470. E olha que Barbosa apenas começou a tratar do núcleo político. Mencionou justamente o caso do PP, um partido que, na época, nem da base aliada era, mas, mesmo assim, recebeu recursos. Logo, estaria aí, na visão do relator, caracterizada a compra de votos. Para alguns petistas, a senha está dada: se Barbosa diz que houve votos comprados, dirá que houve compradores, ou seja, o antigo núcleo petista está com os dias contados e, justamente nessa reta final da temporada eleitoral.

Barbosa ainda lia seu voto ontem, quando o PT fez circular uma nota chamando seus militantes às ruas para defender o partido, o legado do governo Lula e tentar tirar a estrela da sombra dos malfeitos, alguns já julgados — como o caso do fundo Visanet, em que o STF considerou que houve desvio de dinheiro público. Por isso, logo na primeira linha, a comissão executiva nacional apoia as medidas econômicas da presidente Dilma Rousseff, citando as mais populares — redução dos juros e das tarifas de energia elétrica. Tenta, assim, vincular o partido justamente àquelas medidas que tiveram apoio unânime. Afinal, quem não gosta de juros baixos e conta de luz mais barata?

Em seguida, a Executiva Nacional petista entrou no que interessa no momento à legenda: levar seus militantes a defender seus candidatos nessas eleições. A forma como o PT convoca seus filiados à campanha lembrou os tempos antigos, quando o partido não tinha tanto dinheiro, nem poder. Era uma época em que muitos corriam à loja de tecidos mais próxima em busca de um pano vermelho para costurar em casa a sua bandeira do PT. Eram voluntários lutando por uma causa. Agora são novamente convocados para afastar esse clima de condenação e lembrar ao eleitor as coisas boas do governo Lula. Resta sabe se atenderão ao chamado.

Por falar em clima…

Dentro do PT, há quem diga que essa defesa deveria ter sido feita há alguns anos — e pelo próprio Lula. Durante todo o período que esteve no governo, o ex-presidente não enfrentou o debate do mensalão. Em 2011, quando recém havia deixado a Presidência da República, Lula mencionou no aniversário do partido que era chegada a hora de discutir esse assunto de forma clara dentro da legenda. Mas o tempo passou, o ex-presidente foi cuidar de outros temas e, depois, veio o câncer que tirou Lula de cena. Agora, curado, ele volta em pleno julgamento embolado com a eleição municipal. Mas não se pode colocar a culpa em Lula. O PT, ao longo de sete anos, simplesmente não encontrou um tempo para fazer esse debate e construir a sua defesa política antes do julgamento. Foi empurrando com a barriga. Primeiro, foi a reeleição de Lula, depois a construção da candidatura de Dilma. O resultado é que agora terá que improvisar, a três semanas das eleições.

Paralelamente, há outro problema nesse improviso: parte daqueles que costuravam suas próprias bandeiras saíram para fundar o PSol ou seguiram outros rumos, justamente por discordar não só da proposta de reforma da Previdência, mas também da aliança com partidos que classificavam de “direita”, como o PP, o PTB e o antigo PL — coincidentemente os mesmos que têm seus comandantes em 2004 como réus na Ação Penal 470.

Por essas e outras é que, da mesma forma que os petistas vislumbram a condenação de seus antigos comandantes, muitos no partido não têm dúvidas de que enfrentarão nas próximas três semanas talvez a eleição mais difícil de toda a sua história. E, diante de decisões do STF, soa falso dizer que tudo não passou de armação política. Esse discurso, o PT ainda não encontrou. Diz apenas que os réus têm CPF e não CNPJ. Ou seja, o partido não fez até agora — e, pelo visto, não fará — o debate do mensalão. (E olha que até aqui não citamos sequer as supostas declarações de Marcos Valério e a tentativa de envolver Lula no enredo. E é de se estranhar o silêncio do PT a respeito dessas supostas declarações. A nota do partido, convocando os militantes, fala em eleição, na defesa de Lula, mas não explica os motivos pelos quais Lula, o mais popular do partido, precisaria de defesa. Diante dessa constatação, é possível afirmar que o PT continua firme na decisão de afastar a eleição do mensalão. Se vai dar certo, outubro dirá.)

A vida e os autos - MERVAL PEREIRA

O Globo - 18/09


A parte mais sensível do julgamento do mensalão, justamente a que cuida do envolvimento de políticos na trama criminosa, começou ontem cercada de fatos que não estão nos autos, mas na vida real: as denúncias atribuídas ao lobista Marcos Valério publicadas na revista “Veja”, a entrevista do ex-ministro José Dirceu, réu no processo, afirmando que não pretende fugir do país mesmo condenado, e o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, dando declarações cuidadosas sobre o envolvimento do ex-presidente Lula no mensalão.

Fatos da maior relevância que demonstram a etapa delicada da História política que vivemos atualmente.

O relator Joaquim Barbosa escolheu a dedo começar esta etapa do julgamento pelo PP, pois é o caso exemplar da compra de apoio político em troca de dinheiro. Partido que estava na oposição, o PP passou-se para o governo sem que houvesse nenhum motivo político relevante naquele momento para a adesão.

Até ali, nosso presidencialismo de coalizão não estava tão desmoralizado quanto hoje, quando todos cabem no barco governista a troco de cargos e salários. No início do primeiro governo Lula, ainda havia uma divisão de partidos mais claramente definida, e era preciso fazer a maioria à custa de pagamentos.

Além disso, o PP montou esquema de lavagem de dinheiro muito sofisticado, usando a corretora Bonus Banval, o que serve como exemplo da acusação de lavagem de dinheiro, que, para Barbosa, vem junto com a de corrupção passiva.

Essa, aliás, promete ser a discussão mais acalorada no plenário do STF. Se até agora as condenações e as absolvições foram definidas por placar elástico, a acusação de lavagem de dinheiro contra João Paulo Cunha foi aceita por placar bastante apertado, 6 a 5.

Nessa conta entram não apenas os votos dos ministros Lewandowski e Toffoli, que absolveram João Paulo até mesmo da acusação de corrupção passiva, mas até os que, como Rosa Weber, o fizeram por questões de entendimento jurídico. Para ela, a ocultação do dinheiro recebido por ato de corrupção faz parte desse crime, não significando um crime separado passível de nova punição.

Isso quer dizer que os que votaram pela condenação de João Paulo pelos dois crimes podem repetir a dose nesta rodada, ou, se um deles mudar de posição, pode até mesmo influir na sentença do ex-presidente da Câmara, já que os ministros podem mudar de voto até o acórdão com a decisão final do julgamento. Retirar a acusação de lavagem de dinheiro pode reduzir a pena de um condenado entre três a dez anos.

O relator deve ocupar pelo menos mais uma sessão, se não a totalidade das sessões desta semana, para ler o seu voto, pois estão em jogo nada menos que 23 réus e dezenas de acusações.

E o revisor provavelmente usará igual tempo para ler o seu voto de contraponto, o que levará o julgamento para um tempo bem além do previsto, quem sabe entrando mesmo por novembro.

Apesar disso, os ministros não entram em acordo para fazer sessões extras, uns porque, como Marco Aurélio Mello, acham que o julgamento não deve ter tratamento especial além do que consideram razoável, outros porque têm compromissos já assumidos ou trabalham também no Tribunal Superior Eleitoral.

Mas até mesmo os que, como o presidente Ayres Britto, gostariam de fazer mais sessões para apressar o julgamento, já veem no prolongamento dele fatores positivos. Como, por exemplo, o detalhamento da acusação e da defesa, assim como o debate entre os ministros vogais, para dar uma demonstração de que o julgamento obedece aos melhores ritos do estado de direito.

Simultaneamente, com o interesse crescente da população, alguns ministros estão convencidos que as sessões do STF se transformaram em exemplo de democracia e devem ter um efeito exemplar para os hábitos políticos do país.

O desfile de mutretas, encontros em quartos de hotéis, acordos políticos às escondidas em troca de dinheiro serve para demonizar essas práticas.

Ao mesmo tempo, os comentários paralelos, ora chamando a atenção para aspectos do rito do devido processo legal, ora para criticar atitudes heterodoxas na negociação política, além do teor dos próprios votos dos ministros, serviriam como uma lição de democracia.

Para começar - VLADIMIR SAFATLE

FOLHA DE SP - 18/09


Peço permissão para falar na primeira pessoa, pois creio que o valor do que gostaria de relatar não é meramente anedótico.


Há uma semana, achei por bem fazer um teste e perguntar à minha filha de 12 anos como ela imaginaria o mundo no ano de 2030.

A ideia era procurar descobrir alguém que vê o futuro como um campo completamente virgem. Talvez uma oportunidade para ouvir a voz de sujeitos para quem 2030 seria seu espaço de direito. Espaço que, a princípio, poderiam moldar a partir da soberania de sua vontade.

Mas, aos poucos, sua descrição foi assemelhando-se a uma distopia de cidades à beira de um colapso, pessoas obesas por não fazerem exercícios e celulares de hologramas.

A primeira reação foi acreditar que tinha forçado um pouco a mão na ideia de uma educação baseada no desenvolvimento do senso crítico. Não deixa de ser surpreendente ouvir alguém tão novo e tão crítico a respeito das possibilidades de transformação do futuro.

Mas talvez tal fenômeno deva ser compreendido de outra forma. Ver o futuro como uma distopia é a expressão mais simples de desconforto com o presente. Há algo no presente que parece se esgotar rapidamente. Como ainda não temos a imagem do novo, a figura do futuro problemático aparece como sinal de respeito pelo que ainda não é possível.

Muitas vezes, a verdadeira esperança não está na crença radiante em um mundo reconciliado. Essa crença, quando aparece muito cedo, acaba por matar toda reconciliação possível. Por isso, a verdadeira esperança sempre é precedida por uma profunda recusa. Dessa recusa vem a abertura para realizar o que ainda não sabe-mos como fazer.

Theodor Adorno costumava dizer que a posição atual do artista era a de alguém que deve fazer coisas que não podem ser esboçadas previamente como projetos intencionais. Ele deve ser capaz de confiar no que não consegue enxergar completamente. Isto porque ele sabe que deve conseguir fazer falar o que ainda não tem figura.

Essa estranha confiança dos artistas adornianos é o que acolherá a recusa de alguns que, agora, estão a sair da infância e a caminhar em direção a um momento de profunda reconstrução. Uma reconstrução na qual experiência subjetiva e experiência social se entrelaçam.

Por caminhos os mais insuspeitos, a vida sempre consegue resolver os problemas que ela coloca para si. Às vezes, ela tenciona as expectativas ao máximo, pois sabe que só isso coloca a criatividade em movimento. Por tudo isso, creio que, mais uma vez, minha filha tem razão no que diz.

Um só Deus, muitas vozes - CLÓVIS ROSSI

FOLHA DE SP - 18/09


Durante a Conferência Ministerial da Organização Mundial do Comércio em Doha (2001), o então ministro da Saúde José Serra foi abordado por uma jornalista árabe que queria uma entrevista sobre a chamada "guerra das patentes", um dos eixos em torno do qual girava a reunião.

Serra olhou para a moça e disparou: "Você é árabe e está vestida desse jeito?"

A jornalista vestia uma T-shirt branca discreta e jeans idem. Suponho que Serra deve ter pensando que mulher árabe usa obrigatoriamente o véu islâmico, talvez a burca.

Conto esse episódio, obviamente micro, apenas para pontuar o fato de que "o público e a mídia ocidentais tendem a ser no geral ignorantes a respeito do Islã e da natureza dos movimentos islamitas", como diz Joost Hiltermann, sub-diretor do Programa para o Oriente Médio e o Norte da África do International Crisis Group, dedicado à prevenção de conflitos.

Completa o especialista: "O movimento islamita é muito diverso, com muitas diferentes ideologias, metas e métodos".

Essa diferenciação é essencial se se quiser entender melhor as manifestações dos últimos dias a pretexto de um filme que ofende o Profeta Maomé. A violência empregada nelas dá a sensação de um levante dos muçulmanos contra o Ocidente ou mais precisamente os Estados Unidos.

Impressão falsa. Foi, essencialmente, uma agitação salafista (o movimento ultra-ortodoxo que pretende viver o Islã como nos tempos do Profeta; "salaf" em árabe quer dizer exatamente "predecessor" ou "ancestral").

Tariq Ramadan, um dos principais acadêmicos do Islã no Ocidente, já havia deixado claro esse aspecto na excelente entrevista que Marcelo Ninio fez com ele, publicada ontem, ao dizer que os militantes salafistas usaram o filme "com o objetivo de se apresentar como a única e exclusiva corrente islâmica".

Os salafistas não são os únicos nem sequer os majoritários nem a violência é predominante no Islã, como o demonstra a equação assim apresentada por Joost Hiltermann:

"Todos os militantes da Al Qaeda são salafistas mas nem todos os salafistas são membros da Al Qaeda ou de qualquer outra variante de 'guerra santa' violenta; de fato, a maioria dos salafistas são inteiramente pacíficos".

Mais: "Embora todos os salafistas sejam muçulmanos, a vasta maioria dos muçulmanos não são salafistas, o que significa dizer que estamos falando da minoria de uma minoria, de um grupo extremamente pequeno de pessoas que, no entanto, por sua extrema violência tem influência desproporcional".

Influência ainda maior quando se acrescenta a visão de Jean-François Daguzan, diretor-adjunto da Fundação para a Pesquisa Estratégica de Paris, para "El País": a força dos grupos violentos "cresce ante a debilidade do Estado (Líbia) ou o que se percebe como debilidade dos partidos islamitas no poder (Egito, Tunísia, Marrocos), que não sabem bem como enfrentá-los, se com dureza ou mediante negociação".

Tudo somado, é razoável supor que a galáxia continuará desafiando a compreensão do Ocidente

Incentivos fiscais e desenvolvimento regional - ANTONIO DELFIM NETTO



Valor Econômico - 18/09


O imperativo de uma reforma fiscal constitui unanimidade entre nós. É, portanto, paradoxal que mudanças nessa área apresentem tanta dificuldade para avançar. No caso do sistema tributário - apenas uma dimensão da questão fiscal -, todas as tentativas de reforma até agora foram frustradas, principalmente pela impossibilidade de reunir o necessário consenso dos entes da Federação em torno de uma agenda mínima.

Em sua essência, nosso sistema atual continua sendo o sistema de 1967 - desvirtuado e, pior, com uma carga tributária bem mais alta. Encontra-se evidentemente superado pelo tempo, dada a magnitude das mudanças ocorridas na economia brasileira desde então.

A insistência na utilização de um sistema desenhado para uma realidade econômica, doméstica e mundial, completamente diferente, produz sérias distorções na economia. Sua inadequação aos tempos atuais vem causando estragos na nossa competitividade, especialmente graves no setor industrial.

O sistema tributário está evidentemente superado pelo tempo

Igualmente importante, o sistema vem se tornando crescentemente obsoleto como esteio do pacto federativo, o grande acordo que mantém a convivência harmônica entre União, Estados e municípios. Em muitas instâncias, talvez em função da dificuldade para enfrentar de forma definitiva os problemas, soluções provisórias foram adotadas, como nos casos dos critérios de rateio dos fundos de participação e dos incentivos e benefícios de ICMS concedidos pelos Estados. Em ambos os casos, a Constituição prevê a regulamentação da matéria por meio de novas leis complementares.

No primeiro, a regra provisória de rateio, de 1989, foi declarada inconstitucional pelo STF. No segundo, a nova lei complementar do ICMS simplesmente omitiu o tema, mantendo assim a solução provisória de utilização da Lei Complementar 24, de 1975, ou seja, de obrigatoriedade da aprovação de qualquer benefício estadual de ICMS, por unanimidade, no Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz).

Especialmente no caso dos incentivos estaduais, de longe a mais complexa das questões federativas, a falta de uma solução definitiva vem provocando um quadro de insegurança jurídica muito preocupante, pois causa adiamentos e/ou cancelamentos de investimentos, com sérios prejuízos para a nossa capacidade de crescer e gerar emprego e renda.

Não é sustentável o contexto atual, no qual ações abarrotam a Justiça, em grande maioria arguindo a constitucionalidade dos créditos de ICMS gerados no comércio interestadual a partir de operações que auferiram benefícios/incentivos nos Estados de origem, sem que os mesmos tivessem sido aprovados pelo Confaz. O tema, inclusive, encontra-se sob a ameaça de edição de súmula vinculante pelo Supremo.

Torna-se urgente retirar o foco do debate do Judiciário, trazendo-o novamente para o campo político. Somente um grande acordo político pode pacificar o atual ambiente de conflito. A busca de uma solução para o problema requer uma reflexão sobre as causas que lhe deram origem.

A questão apresenta, sem dúvida, múltiplos aspectos. Um dos mais relevantes relaciona-se à política de promoção do equilíbrio regional. Efetivamente, a redução das disparidades regionais consta como objetivo estratégico de todos os planos nacionais de desenvolvimento. Ocorre que com o passar do tempo, por uma série de razões, a União foi paulatinamente abandonando suas responsabilidades no campo do desenvolvimento regional.

A tendência acentuou-se principalmente a partir da crise fiscal e da promulgação da nova Constituição, em 1988, que impactaram negativamente as contas federais, e da abertura ao exterior promovida em 1991. Como consequência, a União desinteressou-se dos impostos compartilhados, notadamente o IR e o IPI, que constituem a base de recursos dos fundos de participação. Essa base caiu, entre 1988 e 2010, de 78% para 48% do total de recursos arrecadados pela União, reforçando o processo de enfraquecimento dos Estados, principalmente dos menos desenvolvidos, os mais dependentes da receita proveniente dos fundos de participação.

Estados fracos enfraquecem a Federação. De fato, os Estados detêm hoje (2010) cerca de 25,3% da receita total do bolo tributário, contra 38,3% em 1965 e 30,0% em 1988. Enquanto isso, tanto a União quanto os municípios experimentaram aumentos expressivos, principalmente os últimos, que, de cerca de 8,9% em 1965, alcançaram em 2010 nada menos que 18,5% do bolo tributário. O mais grave é que tais mudanças na repartição do bolo de recursos não tiveram a contrapartida correspondente na divisão de encargos entre as três esferas.

Está claro que passou da hora para se editar uma nova lei complementar, que modernize a regulamentação da concessão de incentivos de ICMS, como prevê a Constituição Federal. É preciso encontrar uma solução que preserve o instrumento da harmonização, mas, ao mesmo tempo, devolva aos Estados, dentro de limites bem definidos, algum grau de autonomia.

Essa seria uma iniciativa importante no contexto de uma política de desenvolvimento regional, instrumento fundamental em um país como o nosso, que, a despeito do progresso alcançado em muitas áreas, apresenta ainda enormes e persistentes disparidades regionais.

Na rede - SONIA RACY


O ESTADÃO - 18/09

O MP vai sugerir ao governo mudanças no Marco Civil da Internet, em discussão no Congresso. Procuradores alertam: do jeito que está, o texto traz “risco excessivo” aos direitos do consumidor, da criança e do adolescente.

O documento será encaminhado ao Ministério das Comunicações e à Anatel.

Na rede 2
Uma sugestão é endurecer as regras para responsabilizar provedores de internet que divulgam conteúdo impróprio de terceiros – como racismo.

Pela proposta, em tramitação na Câmara, eles são obrigados a retirar o conteúdo do ar só após serem notificados por um juiz. Até lá…

Na rede 3
O projeto, diga-se, vem causando rebuliço entre deputados há mais de duas semanas. Parlamentares alinhados com Dilma querem, primeiro, votar o Marco Civil; já a oposição defende que o melhor, antes, é tipificar os crimes cibernéticos.

Dança de cadeiras
Maria Luiza Viotti está de malas prontas. Depois de ceder seu lugar a Luiz Alberto Figueiredo na ONU, vai para a embaixada de Berlim.

Tem lógica
Aos que estranham o fato de tanto Serra como Haddad não baterem forte em Russomanno, vai aqui uma explicação apurada junto a especialistas em eleição.

O PSDB, tradicionalmente, tem 60% dos votos no centro expandido de SP e, hoje, está com 25%. Já o PT, que conta com 50% dos votos da periferia, hoje está com 20%.

Tem lógica 2
Ao bater em Russomanno, a expectativa é de que ele caia, sim, nas pesquisas. O problema é onde, fator importantíssimo na briga para estar no segundo turno.

Não se sabe se o candidato da TV Record cairia primeiro na área dominada pelos tucanos (aí, Serra subiria, garantindo o segundo turno) ou se perderia votos primeiro na periferia – permitindo a Haddad subir e ultrapassar Serra.

Futuro de lado
No almoço de Lula e Haddad com os governadores do Nordeste, domingo, em São Paulo, Aloizio Mercadante e Alexandre Padilha eram só elogios a Marta Suplicy. Lembrados por repórteres que os três são prováveis pré-candidatos ao governo do Estado de São Paulo, ambos saíram pela tangente.

Explicaram que, no momento, só têm cabeça para seus… ministérios.

Way in
Não será tentando comprar a Amil que a gigante americana UnitedHealth Group, com faturamento de mais de US$ 110 bilhões por ano, entrará no vasto mercado brasileiro.

Contrariando as expectativas, a empresa decidiu não atuar no segmento de seguro-saúde. Os americanos se assustaram com as “especificidades” regulatórias.

Way in 2
Entretanto, vão entrar na área de serviços de assistência à saúde. Como? Criaram a Optum do Brasil, que está comprando uma pequena companhia de serviços.

Não entra mosquito
Salman Rushdie– escritor cuja cabeça valorizou e está sendo leiloada por U$3,3 milhões no Irã – deu determinação a seus agentes pelo mundo: não comentar os ataques às embaixadas americanas no mundo árabe.

“Deixo esta função para Mitt Romney”, justificou Rushdie.

Bombordo
André Ribeiro, a bordo de seu carro, desafiará um… barco a motor. Ambos sairão hoje da ponte das Bandeiras e irão até a ponte dos Remédios (o Cebolão) – em pleno horário de pico.

Dentro do projeto Por Uma Cidade Navegável, promovido pelo São Paulo Boat Show.

Finger de luxo
E executivos da Etihad já estão à caça de um lugar para abrir escritório em São Paulo.

A empresa aérea inicia operações no País em junho de 2013, na rota Cumbica-Abu Dhabi.

Na frente
Ronaldo gravou com Zeca Camargo no Rodeio dos Jardins, sexta. É o Medida Certa?

Em prol da Amigoh, Martha Medeiros, Maythe Birman, Claudia Cinel, entre outras, organizam lançamento de joias de Ana Cláudia Rocha e Ana Appolinário. Amanhã, no Morumbi.

A Prada arma festa na loja do Shopping JK. Hoje.

André Singer lança o livro Os Sentidos do Lulismo. Hoje, na FFLCH-USP.

A pré-estreia do filme Boca acontece hoje, no Cine Livraria Cultura da Paulista.

Rosana e Marcelo Cunha armam evento gastronômico e leilão para arrecadar fundos para a Fundação Oftalmológica Dr. Rubem Cunha. Quinta, no Rubaiyat Faria Lima.

O Conjunto Nacional e a Sala São Paulo apagarão os relógios por um minuto, às 20h de hoje. Ação do Tucca para conscientizar a população sobre a importância do diagnóstico precoce do câncer de olho infantil.

Breve relato do combate à corrupção no Brasil - VÍCTOR GABRIEL RODRÍGUEZ


Valor Econômico - 18/09


A versão que conheço leva Pinochet à ponta da mesa, comandando a reunião de ministros, mas como não deve passar de um ilustrativo mito urbano, podemos substituí-lo por qualquer outro governante latino. O ditador chileno anuncia o orçamento para o ano seguinte, porém destina uma verba dez vezes maior para a manutenção e reforma do sistema prisional do que a reservada para a pasta da Educação. Cadeias novas, celas individuais, como prevê a lei. Logo interpelado por seu corrupto ministro da Educação, acerca da disparidade de valores orçamentários via a ladainha sobre a importância dos professores, Pinochet teria retrucado: "Tenha em conta, ministro, que nenhum de nós pretende voltar à escola."

Real ou não o diálogo, o fato é que também no Brasil, durante os tempos de chumbo, algo muito parecido ao conselho do general deveria ressoar ao próprio legislador, que foi extremamente condescendente com o corrupto, apenas porque este fazia, como sempre faz, parte do Estado. Um pequeno histórico da alteração desse status é o que ora se pretende traçar.

De início devo reconhecer, com tristeza, que a produção científica nacional sustentou essa branda legislação, e, portanto, talvez a tenha antecedido. Clássicos do direito penal redigidos até a década de 1970 não resistem a uma análise de discurso apurada, que neles desmascara a velada tolerância a delitos contra a administração: ao mesmo tempo em que assentam explicitamente que o suborno é o mal que faz sangrar o país, suavizam o discurso quando se trata de determinar punição severa a funcionários públicos desonestos.

Depois da abertura democrática de 1980, mas ainda de modo não majoritário, uma nova geração de penalistas altera esse quadro e denuncia, dentre muitos outros anacronismos, a complacência com que o Estado trata seus funcionários corruptos. Isso fermenta algumas reformas legislativas, mas não há dúvida que o golpe mais certeiro é a reforma gerencial dos anos 1990 (de Bresser e demais brancaleones), que culmina nas Emendas Constitucionais 19 e 20, de 1998, cujo espírito se refrata em todo o ordenamento: a partir de então, o servidor público não é mais carne do próprio Estado, a ser por este sempre preservada. É a filosofia de tantas outras reformas, já de característica criminal, contemporâneas à alteração constitucional: a gigantesca ampliação da possibilidade de perda do cargo público como efeito da condenação, em uma reforma penal de 1996 (feita pela Lei nº 9.268), delas é a que creio mais importante.

Essa vontade política, acompanhada pela ciência, segue nos governos posteriores, agora especificamente sobre o crime nuclear: uma lei de 12 de novembro de 2003, já sob o governo do PT, dobrou a pena mínima dos delitos de corrupção e condicionou a progressão de regime à total reparação do dano. De um modo análogo, uma lei processual de 2008 estendeu a todos os cidadãos um instrumento-chave de defesa preliminar, que era privilégio dos funcionários públicos, a quem, dizia-se, interessava ao Estado proteger, em nome de sua imagem como administração.

Todo esse histórico próximo de alterações legislativas influencia no julgamento do mensalão. Basta dizer que essa nova pena mínima é aplicável aos delitos descritos na denúncia da Ação Penal nº 470, cometidos depois de novembro de 2003. Inexistente tal lei, firmada pelo então ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos e pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, dificilmente esses delitos escapariam à prescrição.

Porém, por ser Brasil, faltava saber se o Judiciário seria elo da mesma corrente, diante do primeiro julgamento de corrupção. Em bom português, queríamos saber se a lei pegou ou não. Coisas do destino, o tal julgamento é o do mensalão, e nele a resposta já se constrói, confesso que de modo diferente de o que eu previa: os juízes do Supremo Tribunal Federal (STF), nas condenações que se esboçam e já não se revertem, demonstram que se curvam a esse espírito político-legislativo. E nisso interfere, vetorialmente no mesmo sentido, a gradual recomposição da Suprema Corte, mesmo de um ou outro ministro que parcialmente absolve alguns réus mas condena a tantos outros, com votos fundamentados.

Começo então a me convencer, diante de condenações que já não permitem penas diversas do cárcere, que a Ação Penal nº 470 é sim o coroamento de uma reforma gradual dos governos pós-ditadura. Se estes recrudesceram a lei porque realmente estavam convictos do desvalor da corrupção, ou se o fizeram porque continuaram crendo, em desobediência ao conselho da anedota de Pinochet, que a lei jamais os atingiria, é algo que não nos cabe descobrir. Vale somente destacar que cientistas, legisladores e, agora, juízes coincidiram na meta comum.

Não sei - FRANCISCO DAUDT

FOLHA DE SP - 18/09


Todos têm explicações engatilhadas, teorias engendradas, receitas preparadas, conselhos a dar

SERÁ QUE a origem e o desenvolvimento do indivíduo (ontogênese) repetem a origem e o desenvolvimento de sua espécie (filogênese)? Sei que esta teoria já foi desacreditada há tempos, mas às vezes ela faz sentido.
Todos nós, quando crianças, precisávamos nos agarrar a fatores externos que nos dessem segurança. Real ou inventada, acreditávamos na proteção dos pais, das preces, de nossas crenças, das superstições, dos rituais, das explicações que arranjávamos para tapar os buracos de nossos conhecimentos, e desprezo total para escapar do que não nos era alcançável, como uma língua estrangeira, por exemplo.
Mesmo aí, lembro-me de inventar uma algaravia de sons parecidos para poder cantar músicas em inglês.
À medida que crescemos, vamos descobrindo que não sabemos inglês, que a tempestade com trovoadas não é consequência da lavagem do céu e de móveis lá empurrados para a faxina, que os bebês não são trazidos pelas cegonhas, e que se fecharmos os olhos bem apertados, as ameaças não somem. Perdemos frequentemente até crenças religiosas. Ou seja, migramos do mundo mágico para um realismo relativo.
Ora, o mesmo aconteceu com nossa espécie. Nossos antepassados tinham uma quantidade de crendices semelhantes às que as crianças têm. Nós saímos da infância, a espécie também foi saindo. O que não significa que, adultos, desprezemos o pensamento mágico para produzir uma sensação ilusória de segurança.
Era folclórico no colégio: um livro grosso de problemas de matemática nos dava uma compulsão masturbatória. O que há de erótico na matemática? Nada, claro. Era o horror do abismo da nossa ignorância exigindo um mecanismo de defesa, um devaneio que tirasse nossa atenção daquilo. Enfrentar o "não sei" nunca foi fácil, quer para o indivíduo, quer para a espécie. No entanto, pensar "não sei, mas quero saber" foi o motor da filosofia, que depois foi mãe da ciência.
Repare em torno. Quantas pessoas respondem "não sei" a qualquer pergunta que lhes seja feita? Muito poucas. Todos têm explicações engatilhadas, teorias engendradas, receitas preparadas, conselhos a dar a cada problema que se lhes é apresentado.
Mesmo os cientistas, eles ficaram tão deslumbrados com o "poder mágico" da ciência e da tecnologia, que passaram a endeusá-las como crianças e suas crendices.
Uma paciente foi ao oftalmologista. Ele ficou horrorizado porque, pelo aparelho, sua pressão ocular era zero. Foi ela a três outros, só para ouvir o mesmo. Finalmente consultou-se com um quarto. Este nem usou aparelho. Simplesmente apertou o dedo em seu olho e disse: "Um olho é como um pneu de bicicleta. Quando não tem pressão, o dedo afunda. O seu tem".
Era a forma da córnea que impedia a medição. Mas para os outros, se o aparelho dizia zero, zero deveria ser. A ciência era inquestionável (e olhe que, por definição, ela é o interminável questionamento).
A verdade é como o açúcar do Barão de Itararé: "uma substância que dá muito mau gosto ao café, em se não lho botando". Nossa espécie, em geral, parece preferir café amargo.

DEVAGAR E SEMPRE - MÔNICA BERGAMO


FOLHA DE SP - 18/09

A Secretaria Nacional do Consumidor divulga hoje o ranking das empresas que mais atendem à reclamação da clientela, resolvendo os problemas. A pior da lista é a AES Eletropaulo, que só conseguiu solucionar 25,9% dos casos. Depois vêm TAM, com 29,9%, e Carrefour, que resolveu 33,6% das reclamações em 2011.

DEVAGAR
A média de atendimento das demandas em todo país é bem maior: 63%.

O levantamento é inédito.

BONS AMIGOS
Marcos Pereira, presidente do PRB, pastor licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus e coordenador da campanha de Celso Russomanno (PRB-SP), está pedindo agenda com o ex-presidente Lula.

Em pauta, as eleições paulistanas. PRB e PT são aliados em Brasília. Os dois partidos fazem parte da base de apoio de Dilma Rousseff.

BANDEIRA BRANCA
Pereira tenta também agendar encontro da coordenação da campanha com a cúpula da TV Globo.

SALTO
Monica Serra, mulher de José Serra (PSDB-SP), sofreu um acidente caseiro e por isso está afastada da campanha do marido a prefeito de SP. Ela descia uma escada quando o salto de seu sapato enganchou na barra da calça. Bateu a cara na quina da parede, chegou a deslocar o globo ocular e teve que operar o pulso. Já está melhor.

NOVELA SUPREMA
Com os votos duros contra os réus do mensalão, a ministra Cármen Lúcia, do STF (Supremo Tribunal Federal), está sendo chamada de "Carminha" pelos advogados dos acusados.

É que a personagem má da novela das nove "Avenida Brasil", da TV Globo, se chama Carmem Lúcia Moreira de Souza.

PLANO C
A ex-modelo Cristina Mortágua procura revisor para a autobiografia "Plano C: Superação", que está na gaveta desde 2010. "Escrevi com meu linguajar corriqueiro. Falo de como foi sofrido o divórcio de um casamento que achava que seria eterno", diz a ex-mulher do ex-jogador Edmundo. Ela adiou o lançamento após uma série de polêmicas, como posar numa foto nua ao lado de seu seu filho com o ex-jogador.

BEM NO DISCO
O mercado de discos de SP está aquecido. "É cada vez mais difícil encontrar LPs antigos", diz o colecionador Márcio Custódio, que organiza a Feira do Disco do Bar Brahma, no dia 30.

Mas o evento ainda terá raridades à venda, como "Molhado de Suor" (1974), de Alceu Valença, por R$ 140.

CRIANÇAS FOFINHAS
A cineasta Estela Renner está finalizando "Muito Além do Peso", documentário sobre a epidemia de obesidade infantil. Para fazer o filme, viajou pelas cinco regiões do Brasil e foi também aos Estados Unidos.

O longa já foi selecionado para a 36ª Mostra Internacional de Cinema de SP e entra em cartaz em novembro.

LÁ FORA
Um dos 90 bolsistas da Orquestra Jovem do Estado vai receber maior bolsa já concedida a uma orquestra juvenil no país: R$ 60 mil.

O vencedor, que terá seu nome divulgado no dia 20 de dezembro, será enviado a uma instituição fora do país.
Henrique Gendre

O BRASIL QUE DÁ DINHEIRO

A modelo Luciana Curtis, 35, é madrinha do décimo baile de gala beneficente da Brazil Foundation, que acontece amanhã no museu de História Natural de Nova York.
"Vamos aproveitar esse momento bom de imagem do Brasil para conseguir dinheiro, que é o melhor a fazer", diz ela, que será vestida por Alexandre Herchcovitch para a festa.

LETRAS LEGAIS

Os advogados Pierpaolo Cruz Bottini e Gustavo Henrique Badaró lançaram o livro "Lavagem de Dinheiro: Aspectos Penais e Processuais Penais" na Faculdade de Direito da USP, na sexta. O ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos foi ao centro para a noite de autógrafos.

CIFRAS E PRATOS

Os economistas americanos Paul Krugman, vencedor do Nobel, e Paul Romer foram ao hotel Unique para almoço de fórum da revista "Exame". Maria Antonia Civita, do instituto Verdescola, também esteve no evento, na quinta.

CURTO-CIRCUITO

O filme "Boca" é exibido hoje. No Cine Livraria Cultura, às 21h30. 18 anos.

Luigi Cardoso Alves, Ricardo Mansur e Rubens Zogbi inauguram hoje a Brasserie des Arts, nos Jardins.

Roger del Pozo, diretor da New York Film Academy, fala hoje, às 11h, no Centro Universitário Belas Artes. Entrada franca.

O trio sueco Covenant faz show amanhã na loja Mandi, no shopping Iguatemi.

‘Capo di tutti i capi’ - CARLOS HEITOR CONY

FOLHA DE SP - 18/09


RIO DE JANEIRO – Não entendi. Marcos Valério, principal personagem envolvido no mensalão, segundo uma revista lançada na última semana, atribui a Lula toda a responsabilidade moral e operacional do escândalo, que é realmente um dos maiores de nossa história.

Acontece que ele teve milhões de oportunidades, formais e informais, para revelar tudo o que sabe ou ficou sabendo durante o processo. Inclusive foi ouvido, sob juramento, a pedido do Supremo Tribunal Federal, único lugar onde legalmente devia depor -se houvesse, da parte dele, a intenção de revelar o que sabia, para o bem da Justiça e dele próprio.

A acusação frontal da participação do ex-presidente no escândalo teria como consequência sua inclusão entre os réus do mensalão, que analisaria à luz do direito (e da Constituição) a culpa principal ou secundária de Lula, ou a sua total inocência no tenebroso episódio.

Afinal, o foro legítimo e natural para a acusação de Valério não seria a mídia, mas o tribunal. E, se as coisas se passaram como ele diz, fatalmente haveria testemunhas, provas ou indícios da atuação do ex-presidente nas complicadas operações políticas e financeiras do mensalão.

Revelando ao tribunal os sombrios porões do escândalo, Valério não estaria praticando chantagem. Pelo contrário, estaria colaborando com a Justiça. O recurso que usou -uma entrevista que pode ser contestada, falseada ou acusada de coisa pior- demonstra a fragilidade e a leviandade com que se submeteu ao apelo da mídia.

As declarações de agora em nada servirão para anular ou diminuir as penas que lhe foram aplicadas. A tática de "afundar atirando" não mudará sua situação nem atenuará a sua culpa. Pessoalmente, acredito que Lula tenha tido algum conhecimento da tramoia, mas não que tenha sido o "capo di tutti i capi".

O 11 de Setembro do setor elétrico - ADRIANO PIRES e ABEL HOLTZ


O Estado de S.Paulo - 18/09


Depois de meses e mesmo anos de adiamento, o governo definiu sua posição quanto à renovação das concessões do setor elétrico por meio de uma medida provisória (MP). Essa MP será discutida no Congresso, num ano eleitoral, levando os investidores do setor a uma série de dúvidas e incertezas sobre a própria continuidade e viabilidade dos seus negócios. A posição assumida pelo governo, de forma unilateral, atinge 20 GW de geração de energia, 85 mil quilômetros de linhas de transmissão e 44 contratos de distribuição.

A MP estabelece que as concessões retornem ao poder concedente, se o concessionário não aceitar uma remuneração a ser calculada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) que incluirá somente custos de operação e manutenção. O concessionário terá, ainda, direito a receber, após avaliação também da Aneel, um valor indenizatório correspondente ao montante de investimentos não amortizados, submetendo-se a uma série de condicionantes e exigências para que tenha direito a um novo contrato de 30 anos.

Além disso, o dono da concessão terá de aceitar o rateio de quotas da energia entre as distribuidoras conectadas ao Sistema Interligado Nacional. As concessionárias, ao serem indenizadas pelos valores não amortizados, se comprometem a investir esses valores em novos empreendimentos. À medida que as definições forem decantando e a percepção dos impactos dessas condicionantes entre os interessados for avaliada, as reações serão verbalizadas e vão aflorar ações motivadas de aceitação ou não das imposições de um autoritarismo que havíamos esquecido existir.

O tema da avaliação dos ativos não amortizados é complexo e a forma como será calculado o valor da depreciação, amortização e o valor a ser indenizado aos concessionários será o ponto-chave da aceitação ou não da prorrogação das concessões. Além disso, as lacunas jurídicas e controversas vão descortinar contestações pelos interessados tão logo as regras e os números venham à tona.

As controvérsias já começaram e, do lado do governo, a estimativa de indenizações a serem pagas na reversão das concessões deve alcançar cerca de R$ 21 bilhões. Já estudos feitos por consultores financeiros apontam para R$ 47 bilhões. A estimativa considera a depreciação de ativos até 2015 e se refere a um grupo de 25 empresas (16 distribuidoras e 9 empresas de geração e transmissão).

Não resta dúvida de que o grande apelo popular da MP é a redução das tarifas para todas as classes consumidoras. O lado bastante positivo foi a extinção de dois encargos setoriais e a redução forte de um terceiro encargo. Entretanto, chama a atenção a pouca ousadia do governo federal ao não extinguir o imposto PIS/Cofins. Outro ponto interessante é que, com a extinção dos encargos, essa conta vai para o Tesouro e passa a ser paga por todos os contribuintes, inclusive os de menor nível de renda. Isso ocorre porque a extinção ou redução dessas taxas obrigará o Tesouro a aportar recursos necessários para fazer frente à perda de arrecadação. Ou seja, sai o consumidor e entra o contribuinte.

Cabe lembrar que a ideia de convencer os Estados a diminuir a alíquota do ICMS dificilmente prosperará. Até porque a redução das tarifas levará a uma queda na arrecadação do ICMS sobre as contas de luz. É sempre bom lembrar que o ICMS cobrado da energia elétrica, dos combustíveis e do setor de telecomunicações representa algo em torno de 60% da arrecadação dos Estados.

A MP que agora é colocada num ambiente de eleições deverá ser alvo de uma enxurrada de emendas de parlamentares no Congresso. E o pior: trará como consequência um aumento do risco regulatório no Brasil, no momento em que o governo anuncia um grande pacote de concessões de aeroportos, rodovias e ferrovias. Com certeza, a intenção de reduzir as tarifas de energia elétrica é ótima e merece elogios, porém a hora escolhida e o método utilizado não poderiam ser piores.

Chama o Okamoto! - ELIANE CANTANHÊDE

FOLHA DE SP - 18/09


BRASÍLIA - A não entrevista de Marcos Valério à revista "Veja" vale menos pelo que mostra e mais pelo que não mostra, mas insinua. É um recado, um aviso, uma ameaça.

Antes do julgamento, havia a crença de que o mensalão "não ia dar em nada". Com o andar da carruagem, está dando em muita coisa: os empréstimos eram fictícios e houve desvio de dinheiro público, corrupção passiva, lavagem de dinheiro. E, ontem, o relator Joaquim Barbosa concluiu: houve compra de voto, sim. O mensalão existiu.

Bate o desespero. Quanto mais o Supremo expõe o grau de comprometimento de cada um, mais os réus revelam o seu grau de compromisso com o esquema. Intensifica-se uma aposta de anos em Brasília: quem vai "abrir o bico" primeiro?

Os maiores candidatos são os três destacados para o papel de principais vilões: Delúbio, do "núcleo político", Pizzolato, do "financeiro", e Valério, do "operacional". Mas Pizzolato é um mequetrefe no PT e, para Delúbio, é uma questão de alma. Porém Valério serve a qualquer senhor e tem bolso, não alma, lealdade.

Como diz o procurador Roberto Gurgel, ele é "um jogador". Dá as cartas, blefa e manipula as fraquezas dos demais jogadores. Sem nada a perder, é capaz de qualquer coisa.

Sua não entrevista não é o fim, é apenas o começo. Ele joga Lula no meio da mesa, sente a repercussão e avisa, como publicou o repórter Ricardo Noblat ontem, que tem fitas gravadas capazes de balançar a República petista. Assim, abre a porteira e deixa mais à vontade outros réus que, como ele, não admitem morrer sozinhos e entram na faixa do "perdido por um, perdido por mil".

Quando a coisa aperta, Valério diz que lhe enviam o faz-tudo de Lula, Paulo Okamoto: "A função dele é me acalmar". Pois quanto mais o julgamento avança, mais trabalho para Okamoto. Tem muito "jogador" precisando ser "acalmado". Só não dá para saber exatamente como.

Saudades do politeísmo - HÉLIO SCHWARTSMAN

FOLHA DE SP - 18/09


SÃO PAULO - A sensação de "déjà-vu" é inescapável. No início de 2006, foram os protestos que se seguiram à publicação, por um jornal dinamarquês, de charges ridicularizando o profeta Maomé. Cem mortos.

Alguns meses depois, muçulmanos foram às ruas para pedir a cabeça do papa Bento 16, por ter supostamente afirmado que o islã era uma religião violenta. Ao menos uma freira foi assassinada. Agora, os tumultos têm como pretexto um obscuro filme anti-islâmico postado no YouTube. É cedo para contabilizar os mortos.

Não sou um especialista em exegese corânica, mas não creio que possamos atribuir a, vá lá, veemência islâmica a especificidades de seu texto sagrado. O Antigo Testamento, que é canônico para judeus e cristãos, traz injunções tão ou mais violentas do que o Corão. Quem duvida pode consultar o Deuteronômio, 13:7-11, onde somos instados a apedrejar nossos familiares que tenham se afastado de Iahweh.

A diferença entre o islã e o Ocidente, creio, está no fato de que, por aqui, passamos por um processo de secularização que teve início no Iluminismo e afastou a maioria dos fiéis de interpretações literais da Bíblia. Os muçulmanos estariam apenas no início dessa jornada, que, na melhor das hipóteses, ainda levará décadas.

Se há um problema mais propriamente teológico, ele é comum às três religiões abraâmicas e reside no fato de elas se pretenderem universais e fundadas numa verdade revelada pelo próprio Deus. Assim, se os cristãos estão certos, judeus e muçulmanos estão necessariamente em apuros e vice-versa duas vezes.

Sob esse aspecto, éramos mais felizes nos tempos do politeísmo, cujos deuses não eram tão exclusivistas nem ciumentos. Gregos, romanos e acádios podiam passar boas horas bebendo e apontando as semelhanças entre Afrodite, Vênus e Ishtar. É verdade que isso não os impedia de se matar logo depois, mas pelo menos não era por causa da religião.

Russomanno, o católico - CLÁUDIO GONÇALVES COUTO


O ESTADÃO - 18/09


Diante do questionamento sobre seus vínculos com a Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd), o candidato do PRB à Prefeitura de São Paulo, Celso Russomanno, replica ser católico fervoroso. Diz que católico é não apenas ele, mas 80% de seu partido, que teria apenas 6% de membros da Igreja Universal. Não informa a fonte dos números, mas, mesmo admitindo sua correção, ainda é o caso de questionar sua relevância.

Afinal, as características do conjunto de filiados de um partido diz pouco sobre seus rumos ou propósitos gerais. Agremiações partidárias são organizações de poder concentrado, decisões centralizadas e relações hierárquicas. Isso não é característica do PRB, mas de quaisquer partidos políticos relevantes, mundo afora. Mesmo agremiações originalmente abertas à participação da base militante, como PT e PSDB, se tornaram partidos de poder concentrado.

A concentração decorre da profissionalização da política em geral e dos partidos, em especial. Tal como as empresas, agremiações não profissionalizadas não prosperam: não vencem eleições, não gerem bem suas finanças, não elaboram estratégias vitoriosas de conquista e manutenção do poder. E é para isso que os partidos servem - ainda que acalentemos fins mais nobres para eles.

É fundamental compreender o que realmente importa no funcionamento dos partidos e na definição dos reais interesses por eles defendidos, a saber: a composição de seu grupo dirigente. Logo, tanto faz se de fato houver 80% de católicos entre os filiados do PRB, pois o que, na verdade, conta é a composição dos ocupantes dos cargos de comando na organização.

Levantei estes dados do partido de Russomanno, observando dois tipos de informação: 1) a composição da Executiva Nacional e 2) a presidência dos órgãos estaduais. Ressalte-se ainda que, no que concerne aos Estados, o PRB está organizado (sem nenhuma exceção) em "Comissões Provisórias", um tipo de estrutura que priva os órgãos estaduais de autonomia em relação à direção nacional (como poderia haver no caso de diretórios); assim, pode-se afirmar que os presidentes estaduais são prepostos da Executiva Nacional. Em alguns Estados, como Roraima, tal "provisoriedade" dura desde 2007 e em todos os casos seu prazo de vigência é indeterminado. Assim, o partido reflete nos Estados a diretriz dada pelo centro.

A Executiva Nacional é composta por 18 membros, sendo dez deles (55%) oriundos da Igreja Universal do Reino de Deus ou da Record (em alguns casos, de ambas). No caso dos sete cargos hierarquicamente mais importantes na Executiva, todos os membros são igualmente oriundos da Iurd ou da Record. É bom frisar que essa é uma estimativa modesta, pois não foi possível obter informações sobre sete dos membros (que, aparentemente, não têm uma vida pública de relevo).

Nos órgãos estaduais os números são mais impressionantes. Dos 27 presidentes, só quatro (15%) não têm ou não tiveram vínculo formal aparente com a Igreja Universal ou a Record. Todos os demais ou são eclesiásticos da Iurd ou foram funcionários da Record, ou ambas as coisas. Se Russomanno considera que um partido com 80% de católicos não é vinculado a uma denominação neopentecostal específica, o que dizer de uma agremiação em que nada menos que 85% dos dirigentes estaduais são não apenas fiéis de uma igreja, mas seus funcionários e dirigentes?

Não há como ignorar os vínculos orgânicos entre a igreja, o grupo de comunicação e o partido. A presença simultânea e/ou a circulação de dirigentes nas três organizações evidenciam haver um mesmo grande empreendimento. Iniciado nos anos 70 por Edir Macedo, teve tanto sucesso no acúmulo de recursos que logrou comprar a Rede Record no início dos anos 90 e, após a eleição esparsa de parlamentares por diversos partidos, encampar uma agremiação própria nos anos 2000.

A presença de não membros da Iurd tanto na Record como no partido não desmente a lógica de conglomerado empresarial. Ora, por que motivo uma emissora vinculada a uma igreja evangélica tem em sua grade de programação um programa de forte apelo erótico como A Fazenda? Simples: porque dá audiência e, consequentemente, lucro. E por que um partido controlado por essa igreja evangélica tem como candidato na maior cidade do País um "católico fervoroso"? Simples: porque viu nele a opção mais competitiva para disputar (e, talvez, ganhar) a eleição. Nos dois casos, trata-se de lançar mão do melhor instrumento disponível para alavancar o empreendimento. É de negócios que se trata.

Para que ninguém se iluda, a própria Igreja Universal, por meio de seu veículo próprio de imprensa, a Folha Universal, deu boa mostra de como operam as relações de lealdade entre a direção da organização e seu corpo de funcionários. Desde 30 de agosto, em diferentes cidades do País, foi lançado um livro que traz a autobiografia do bispo Edir Macedo - com o sugestivo título Nada a Perder. Ao lançamento compareceram e adquiriram a obra, prestigiando o patrão, leais funcionários cuja trajetória não tem nada de fidelidade religiosa à Iurd: os jornalistas Paulo Henrique Amorim e Jorge Pontual, a modelo e apresentadora Ana Hickmann - para quem "o bispo Edir Macedo é uma inspiração pelas lutas que enfrentou e venceu" - e a atriz Bianca Rinaldi.

Celso Russomanno é também empregado da Record, cujos funcionários demonstraram sua lealdade ao bispo, chefe maior da igreja, que controla o grupo de comunicação. Tendo em vista que vínculo equivalente há entre igreja e partido, que conduta se pode esperar dos membros da agremiação que forem eleitos? Certamente, mandatários em cargos importantes, como o prefeito de São Paulo, podem gozar de autonomia política considerável. Desde que, claro, estejam dispostos a exercê-la. Será o caso aqui?

Os sinais de melhora - MIRIAM LEITÃO

O GLOBO - 18/09


A economia brasileira está dando seguidos sinais de que vai confirmar a previsão de melhoria do ritmo de atividade no segundo semestre. Todos os indicadores preliminares do terceiro trimestre mostram que ele será melhor do que o segundo. A dificuldade será a economia internacional, que continua em compasso de espera. Nos Estados Unidos, ainda paira a ameaça do impasse fiscal.

O Banco Central está no mais longo período de queda de taxa de juros. Em um ano, houve redução de cinco pontos. A Fazenda fez vários incentivos, com redução setorial de impostos e medidas mais estruturais, como a mudança da forma de cobrança da contribuição previdenciária. Tudo isso estimula a economia.

O Boletim Focus mostrou que o mercado continua reduzindo o crescimento do PIB de 2012. Foi para 1,57%, na sétima semana de redução. Mas até o final do ano as notícias serão melhores. Não em todas as áreas. A projeção para a inflação continua subindo. O dado de ontem foi a 5,26%. Há poucas chances de queda da inflação porque os preços de alimentos permanecerão pressionados.

A previsão de colheita de milho no Estados Unidos da safra 2012/2013 foi reduzida de 375 milhões de toneladas, em junho, para 272 milhões, em setembro, ou seja, 103 milhões a menos. Uma redução de 28%. Isso significa uma oferta menor do grão nos próximos 12 meses. No caso da soja, a previsão foi reduzida de 87 milhões de toneladas para 71 milhões. Queda de 19%. Para a economista Ana Laura Menegatti, da MB Agro, Brasil e Argentina vão conseguir repor a oferta menor de soja dos EUA, mas isso significa que não haverá recomposição de estoques até 2014.

— As commodities agrícolas estão em alta e há fundamentos para isso. Será difícil separar o que é aumento de preço por razões de mercado do que é alta por especulação financeira. O repasse de preços para o Brasil tem sido imediato por causa da desvalorização do real — afirmou.

O cobre subiu 5,4% na semana passada, o ouro atingiu a maior cotação em seis meses. O petróleo está no maior preço em quatro meses. Tudo isso pode se acentuar com a nova rodada de estímulos nos EUA.

O economista Fábio Silveira, da RC Consultores, acredita que pode haver sim um aumento de preços de commodities metálicas por conta da injeção de dólares do Fed. Mas avalia que o baixo crescimento na Europa e nos EUA vai mudar essa tendência ao longo do ano que vem.

A incerteza externa continua, enquanto aqui a situação começa a melhorar. O desafio das autoridades brasileiras será evitar a alta da inflação e manter o crescimento com a economia externa ainda fria. Confira no gráfico abaixo a perda de vigor do comércio internacional. O índice CPB World Trade Monitor, que mede as importações mundiais, desacelerou de 14,5% em janeiro de 2011, numa taxa em 12 meses, para 2,9% em junho deste ano.

Além das metas - JOSÉ PAULO KUPFER


O Estado de S.Paulo - 18/09


Há uma série de importantes indicações embutidas na notícia de que os índices de mortalidade infantil, no Brasil, recuaram, em duas décadas, de forma acelerada, a ponto de alcançar - na verdade, superar - as metas estabelecidas pela ONU, para 2015, com quatro anos de antecedência. Em duas décadas, de fato, o recuo no número de óbitos de crianças até cinco anos, por ano, foi de 73%.

Morriam, em 1990, 58 brasileiros por mil nascidos, antes de completar cinco anos. Em 2011, esse número recuou para 16.

A primeira dessas indicações é que várias batalhas foram vencidas, mas a guerra ainda está longe do desfecho. O índice brasileiro continua alto quando comparado com o de outros países. Precisa cair pela metade para emparelhar com o limite superior da faixa em que se encontram muitas nações de renda média, como o próprio Brasil, e as de renda alta.

Essa é uma tarefa obviamente difícil, mas nada impossível. Na última década, o ritmo de redução da mortalidade infantil no Brasil foi de 7,5% ao ano - só outros dez países avançaram tão rapidamente. Mantido esse ritmo, portanto, até 2020 o objetivo poderia ser alcançado.

Dá até para ir mais depressa. A desnutrição infantil, um fator crítico na mortalidade precoce, também está em franco declínio. No Nordeste, a região mais afetada, a redução da desnutrição infantil avança em ritmo sem igual no mundo. Entre 1986, quando começaram os esforços sistemáticos para avaliar a extensão e as causas do problema, a 2006, o índice despencou de 34% das crianças para 6% e já está abaixo de 5%.

Se melhorarem as condições de saneamento, a desnutrição infantil também poderá ser praticamente eliminada antes de 2020.

Existe clara relação entre os avanços nesses indicadores e o resultado das políticas de renda, aplicadas nessas duas últimas décadas e, com mais agressividade, nos últimos dez anos. Mas, como observam os pesquisadores da área, o ritmo de queda nos índices de mortalidade e desnutrição infantis tem sido mais acelerado do que as melhorias de renda são capazes de explicar.

O inegável êxito brasileiro no combate a essas terríveis chagas sociais, mesmo com a contribuição ainda muito insatisfatória dos programas de saneamento básico, tem outras causas além das econômicas.

Uma delas deriva da melhora na atenção à saúde infantil. Seu aspecto talvez mais relevante seja o domínio brasileiro das tecnologias de aplicação de campanhas de vacinação em massa, em combinação com a manutenção atualizada da caderneta de vacinação como requisito para acesso a diversos programas sociais.

Outra contribuição importantíssima deriva da difusão de soluções simples eficazes, de fácil administração, do tipo soro caseiro contra diarreia e desidratação - uma das principais causas imediatas da mortalidade infantil. Aqui é obrigatório render sempre homenagens à Dra. Zilda Arns e ao trabalho por ela desenvolvido na Pastoral da Criança.

Seu legado é o da aplicação do que melhor se pode esperar de uma política econômica: a promoção, a baixo custo e máxima eficiência, de melhorias na qualidade de vida e no bem-estar de enormes e necessitadas parcelas da população. A receita de sucesso, já bem disseminada, é de uma simplicidade comovente.

Junta um simples soro caseiro de água e sal, para combater a desidratação, misturas nutritivas elaboradas com sobras de alimentos, controle periódico de peso e altura das crianças e... educação das mães.

Este último é o grande diferencial explicativo para o avanço acelerado na redução da mortalidade e da desnutrição infantis. Pesquisas e mais pesquisas já não deixam qualquer dúvida sobre o fato de que mães mais pobres, porém mais instruídas, capazes de replicar conhecimentos e orientações puericulturais, asseguram desenvolvimento mais saudável de seus filhos do que mães menos pobres e menos instruídas.

São realmente muitas as lições que os bons resultados brasileiros no combate à mortalidade e à desnutrição infantis permitem extrair.

Talvez a maior delas seja a de que a solução de problemas sociais complexos não advém de alguma ideia genial de um governante genial, adotada com ares de panaceia. De fato, essa história, que caminha para um final feliz, começou lá atrás, há mais de 25 anos, e não é obra de um único governo.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO


FOLHA DE SP - 12/09

Indústria de sorvete lança produtos para elevar venda

As altas temperaturas do inverno deste ano animaram fabricantes de sorvete, que tentam elevar a penetração em um mercado considerado ainda longe de seu potencial.

"O mercado local ainda tem muito espaço para crescer", diz Fernando Fernandez, presidente da Unilever no Brasil. Quando compara com o consumo das Filipinas, onde o executivo já atuou, a penetração do produto no Brasil é mais baixa, apesar de ter renda per capita maior.

Brasileiros associam sorvete a verão, diferentemente de europeus ou americanos, segundo Thaine Cal, da Jundiá.

"Normalmente percebemos queda maior de março a setembro. Mas, neste ano, não teve sazonalidade", diz.

As empresas não divulgam números. Informam apenas que estão em crescimento.

Para elevar o consumo, farão mais lançamentos. A Nestlé teve seis em 2011 e cinco neste ano, até agora. A Unilever fez 12 desde dezembro.

Para a Nielsen, porém, o segmento se desacelera ante o ano passado.

Um levantamento realizado de janeiro a abril mostra diminuição tanto no volume comercializado quanto no faturamento do setor.

"O verão de 2011 teve temperaturas mais altas. Alia-se a isso uma prática de preços agressiva por parte da indústria no ano passado", diz Ramon Cassel, da Nielsen.

ALAVANCADO PELA ENERGIA

O mercado em geral não reagiu bem à redução da tarifa de energia elétrica. O presidente do Goldman Sachs Asset Management, Jim O'Neil, no entanto, destoou.

Criador do termo Bric, O'Neil afirmou em sua análise semanal que a queda no preço da energia, ao lado de outras medidas do governo, "justifica que os investidores ignorem a recente desaceleração" do Brasil.

O país "ainda pode crescer entre 4% e 5%, e suspeito que, em poucos meses, essa disposição irá retornar".

Ainda em sua análise, O'Neil afirma que o mercado precisa esquecer os crescimentos anuais de 10% que a China costumava ter e parar de pensar que haverá um novo programa de investimento em infraestrutura no país.

"Estamos começando um novo tempo da China, que terá mais qualidade e menos quantidade." Sob essa perspectiva, o resultado do PIB não é tão desapontador, diz.

FRONTEIRA RASTREADA

A Iaati (Associação Internacional de Investigadores de Roubo de Automóveis), entidade que reúne órgãos públicos e empresas do setor de recuperação de veículos, criou um departamento específico para América Latina e Caribe. A associação já tinha presença em áreas como América do Norte e Europa.

A primeira iniciativa, neste ano, será montar uma operação de combate a roubo nas fronteiras com troca de informação entre polícias e empresas, segundo o novo diretor, Carlos Betancur.

"Os órgãos de segurança fazem apreensão e nós, tecnologia de rastreamento", diz o executivo, que é também diretor do grupo Tracker, que atua no setor.

IMPACTO NO CONSUMIDOR

O Brasil está em 12º lugar entre os países cuja população é menos afetada pela crise, segundo índice da GfK.

O indicador da empresa mensura as pressões econômicas sobre os consumidores de 25 países.

A Indonésia ficou no topo. Na pior colocação apareceu a Itália, que substituiu o lanterna de 2011 -a Espanha.

Na árvore A Desenvolve SP emprestou, de janeiro a agosto, quase 90% dos R$ 25 milhões disponibilizados por sua linha para financiar projetos de sustentabilidade, como troca de combustível fóssil por renovável e reflorestamento.

Em obras A Doutor Resolve, rede de franquias especializada em reformas e reparos em imóveis, planeja entrar nos Estados Unidos até o final do ano com uma unidade em Miami. No Brasil, a empresa tem 550 franquias.

BEM NA FOTO

Das onze modelos das fotos do Calendário Pirelli 2013, quatro são brasileiras. Todas desenvolvem trabalhos sociais, segundo a empresa.

Sônia Braga, Marisa Monte, Isabeli Fontana e Adriana Lima -a primeira grávida a figurar- além das estrangeiras, posaram, vestidas, para o fotógrafo americano Steve McCurry no Rio.

"O calendário celebra o Brasil e as mudanças socioeconômicas do país", diz o presidente Paolo Dal Pina. A América do Sul representa 34% dos resultados, e o Brasil, a maior parte deles.

O lançamento mundial será, no dia 27 de novembro, no Pier Mauá (Rio), com mais de 700 pessoas do mundo todo.