FOLHA DE SP - 28/04/12
Marcello Antony raspou a cabeça para viver Macbeth na peça de mesmo nome que estreia em 1º de junho, no Teatro Vivo. Ele está ensaiando há dois meses em SP. "Ser protagonista de qualquer coisa é um desafio. É um personagem com suas belezas e malvadezas, como todo humano", diz. "Já fiquei careca por outros personagens. É tranquilo."
ZÍPER ABERTO
O empresário do jogo Carlinhos Cachoeira afirmou não apenas à mulher, Andressa Mendonça, mas também a advogados e a amigos que o visitam que "está louco" para falar.
EU TE CONHEÇO
Um de seus interlocutores diz ter entendido que Cachoeira quer, antes de mais nada, passar "recados" a seus críticos. Mas sem, a princípio, revelações bombásticas e comprometedoras.
DE OUTROS CARNAVAIS
O mesmo interlocutor afirma que Cachoeira caiu na gargalhada ao ver a lista de parlamentares que fazem parte da CPI que o investigará. Afirmou estar curioso para saber as perguntas que alguns integrantes, que conhece, farão no dia em que ele for depor na comissão.
DIETA FORÇADA
E Andressa, que namora Cachoeira há nove meses, emagreceu dois quilos nesses dois meses em que ele está preso. Mas não deixou de fazer ginástica duas vezes por semana, em casa. E de ir ao salão de beleza.
ALIANÇAS
Os dois, que haviam planejado se casar em março, mantêm os planos de oficializar a união. Ela disse a Cachoeira que ele precisa "sair logo da cadeia para casar", pois já está se sentindo "enrolada". Pensam numa cerimônia em casa. Ela é evangélica e ele, católico.
TERRA DO JOGO
No ano passado, os dois fizeram viagem romântica para Las Vegas. Assistiram a um show de Celine Dion e a um musical sobre os Beatles.
DILEMA
E o filho mais velho de Cachoeira, que tem 13 anos, quer visitar o pai. Ele não quer que o garoto vá.
VIZINHANÇA
Naji Nahas visitou José Sarney (PMDB-AP) no hospital Sírio-Libanês, onde estiveram internados -o empresário colocou três pontes de safena. Nahas foi ao quarto do senador desejar "boa sorte" quando ele teve alta.
BIEBER VEM AÍ
O cantor Justin Bieber, 18, deve vir ao Brasil em maio para divulgar seu novo CD.
SEM FILTRO
De janeiro até a última segunda-feira, já foram apreendidos quase 1,1 milhão de pacotes de cigarros contrabandeados pela Polícia Rodoviária Federal. Em todo o ano passado, foram 4,8 milhões. Governo e indústria esperam que o decreto que definirá o preço mínimo de R$ 3 para o maço, que entra em vigor na terça, ajude a reduzir a pirataria do produto.
NOITE NO AEROPORTO
Além de Zeca Pagodinho, o sambista Monarco, 78, também não conseguiu embarcar de volta ao Rio, anteontem à noite, porque o aeroporto de Congonhas fechou devido à chuva. Ficou mais de quatro horas no local até conseguir que a TAM enviasse os passageiros a um hotel.
ERA UMA VEZ
Jennifer Morrison, a Cameron do seriado "House", desembarca em SP na próxima semana. Divulgará a série "Once Upon a Time" (Sony).
ACELERADOR
Os pilotos Rubens Barrichello, Helio Castroneves, Bia Figueiredo e Ryan Hunter-Reay foram ao jantar em homenagem aos "Amigos da Indy" promovido pela Bandeirantes no restaurante Pobre Juan, anteontem. Vice-presidente do grupo, Marcelo Meira estava lá.
CURTO-CIRCUITO
Acontece hoje, às 18h, a exibição do curta "De Outros Carnavais", de Paulo Miranda, na Cinemateca Brasileira. Classificação etária: livre.
A ONG Make-A-Wish Brasil promove hoje, a partir das 10h, a quarta Caminhada pelos Sonhos, no parque Ibirapuera.
Nana Moraes autografa o livro "Andorinhas" no dia 4 de maio, a partir das 19h, na Livraria da Vila da alameda Lorena.
com DIÓGENES CAMPANHA, LÍGIA MESQUITA e THAIS BILENKY
sábado, abril 28, 2012
Faz de conta - MERVAL PEREIRA
O GLOBO - 28/04/12
Estamos começando a viver um clima de faz de conta mesmo antes de a CPI do Cachoeira começar seus trabalhos de fato. O PT formalmente declara-se disposto a limitar as investigações sobre a empreiteira Delta ao que acontecia na sua direção do Centro Oeste, cujo diretor já está preso. Como se os métodos adotados naquela região pela empresa nada tivessem a ver com a sua cultura no resto do país.
Ora, a empreiteira tem (ou tinha) obras em praticamente todas as unidades da Federação, sobretudo devido ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), e nada indica que seus métodos de ganhar licitações fossem diferentes em Goiás e no Rio de Janeiro, por exemplo.
A relação próxima, quase promíscua, do empresário Fernando Cavendish com o governador Sérgio Cabral e seus secretários, se não estivesse já demonstrada no episódio do trágico acidente de helicóptero ocorrido em Porto Seguro, fica explicitada pelas
fotos que o deputado e exgovernador Garotinho postou em seu blog ontem.
A comemoração do governador e vários de seus secretários em Paris com o empreiteiro revela um tipo de comportamento incompatível com o decoro de servidores públicos, além de intimidade suspeita com o empreiteiro responsável por grandes obras no estado.
Nenhum daqueles funcionários públicos provavelmente terá condições de provar que pagou a farra com dinheiro próprio, mesmo que alguns deles, como o secretário de Transportes, Julio Lopes, pudessem ter condições de fazê-lo.
E o secretário de governo, Régis Fichtner, que é o encarregado de auditoria dos contratos da Delta com o estado, nesfa fase em que se pretende fazer desaparecer os traços de ligação entre a empreiteira e o governo do Rio, aparece abraçado a Cavendish em uma das fotos, o que o descredencia para a tarefa.
Não é possível fazer de conta que a relação profissional da Delta com políticos de vários partidos e em vários estados não mereça ser investigada quando há claros indícios de que os métodos utilizados no Centro-Oeste não eram específicos apenas daquela região do país onde atuava originariamente o bicheiro Cachoeira.
Também o senador petista Humberto Costa quer fazer de conta que não há as gravações que implicam o senador Demóstenes Torres em diversos crimes e desvios de conduta. Como relator da Comissão de Ética do Senado, que vai julgar o senador amigo do bicheiro, ele diz que não vai usar as gravações por temer que elas sejam desqualificadas pelo Supremo Tribunal Federal, o que anularia uma eventual decisão da Comissão baseada nelas.
Ora, se não vai se basear nas gravações, presume-se que Humberto Costa vai inocentar Demóstenes Torres, ou então vai condená-lo por ter recebido do bicheiro fogão e geladeira importados como presente de casamento, o que ele já admitiu da tribuna do Senado.
Enquanto seus desvios éticos se resumiam a isso, o senador de Goiás se sentiu em condições de subir à tribuna para se defender, e recebeu apoio de nada menos que 44 senadores de todos os partidos, dispostos a lhe perdoar esse pequeno desvio de conduta.
A situação de conluio com o bicheiro só ficou clara depois que as gravações da Polícia Federal vazadas para a imprensa mostraram o grau de intimidade entre os dois e a atuação do senador em órgãos do governo e no próprio Senado a favor dos interesses de Carlinhos Cachoeira.
A atuação de sua defesa, na tentativa de impugnar as provas obtidas através das gravações, é perfeitamente compreensível, mas não se compreende que seus pares se antecipem a uma decisão da Justiça que está longe de ser consensual e retirem dos autos da Comissão de Ética as provas contra Demóstenes.
Aliás, foi mais uma vez devido ao vazamento de gravações e de dados do processo que a opinião pública ficou sabendo da verdadeira dimensão de mais esse escândalo.
Parece, portanto, mais um faz de conta o empenho do ministro do STF Ricardo Lewandowski para que o processo que ontem pôs à disposição de várias comissões do Congresso não vaze.
O ministro chegou a citar os artigos que punem com a prisão a quebra do sigilo de justiça. Embora seja esse o papel que lhe cabe, não é possível esquecer que o relatório está com ele há meses e há meses vem sendo vazado diariamente de diversas maneiras, sem que se possa saber as origens dessas informações.
As penas a que se refere Lewandowski em seu ofício ao Congresso se referem àqueles que quebram o sigilo, e já há jurisprudência no sentido de que os meios de comunicação que reproduzem essas informações não são alcançáveis pelas punições, e sim os servidores públicos responsáveis pela preservação do sigilo do processo.
Neste caso como em vários outros que provocaram a demissão de diversos ministros do governo Dilma, foram as revelações da imprensa que escancararam os desvios que estavam acontecendo em diversos ministérios, e sem essas revelações não teria sido possível apanhar os servidores públicos que se desviaram de suas funções.
Mesmo que nenhum deles tenha sido preso ou que os processos sobre seus “malfeitos” acabem dando em nada, pelo menos a opinião pública ficou sabendo o que se passava nas entranhas do governo.
Agora mesmo temos o exemplo do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que ficou com a investigação da Polícia Federal
e do Ministério Público em sua gaveta inexplicavelmente sem denunciar o senador Demóstenes Torres ao Supremo, o que só viria a acontecer quando o escândalo estourou e as gravações foram vazadas pela imprensa.
A intenção de quem vaza essas informações e os seus efeitos colaterais que podem favorecer o interesse de partes em conflito no submundo não têm importância diante dos benefícios à sociedade que as revelações trazem.
Assim como o ex-governador Garotinho tem interesse político em denunciar seu hoje inimigo Sérgio Cabral, também o bicheiro Cachoeira tinha muitos interesses em jogo quando fazia suas gravações clandestinas.
Mas a revelação por parte da imprensa ajuda a colocar luz no ambiente público.
A mágica de Tábata - ÁLVARO PEREIRA JUNIOR
FOLHA DE SP - 28/04/12
A estudante de origem humilde não passou no ITA, mas entrou em seis universidades nos EUA
FILHA DE um cobrador de ônibus e de uma vendedora de flores, a estudante paulista Tábata Amaral de Pontes, 18, recebeu uma notícia triste no fim de 2011: foi reprovada no vestibular do ITA, o Instituto Tecnológico de Aeronáutica, um dos mais difíceis, senão o mais difícil do país.
A decepção só não foi completa porque, semanas depois, chegaram notícias excelentes: Tábata foi aceita em seis universidades americanas de ponta, a elite da elite do ensino e da pesquisa: Harvard, Yale, Princeton, Columbia, Universidade da Pensilvânia e até o sacrossanto Caltech, recém-eleito a melhor instituição de ensino superior do mundo.
Para uma família americana, ver um filho em qualquer dessas universidades é motivo de um orgulho que ultrapassará gerações. Só o pequeno Caltech teve, em sua história, 32 prêmios Nobel, conquistados por 31 de seus cientistas (um deles, Linus Pauling, o maior químico do século 20, ganhou duas vezes: Química e Paz).
Imagine, então, o que essas aprovações representam para Tábata e sua família (o pai, infelizmente, morreu três dias depois de saber que ela passara em Harvard). De origem humilde, a jovem fez ensino médio com bolsa, em São Paulo, e se arriscou nos EUA porque o colégio incentiva seus alunos estelares a tentar faculdade no exterior.
Mas vamos lembrar o primeiro parágrafo: o ITA não quis saber dela. A fera em exatas levou bomba na respeitada instituição de São José dos Campos. De nada adiantaram seus prêmios em olimpíadas de física, matemática, química, robótica, informática, astronomia e linguística. Só contaram as notas das provas. Não deu.
Não há como fugir da conclusão: há algo muito errado com os vestibulares -no Brasil, em geral, e no ITA, em particular.
Por mais que alguns vestibulares se modernizem, busquem a interdisciplinaridade, a contextualização social, por mais que algumas instituições (USP e Unicamp são os exemplos mais evidentes) elaborem provas elegantes, fugindo da simples decoreba de fórmulas e do acúmulo bitolado de conhecimento, não há como escapar do caráter "lotérico" do vestibular. Mesmo os candidatos mais preparados e frios precisam de sorte também.
Uma indisposição, um branco na memória, e adeus. Nova chance, pelo menos nas melhores universidades brasileiras, só dali a um ano.
No caso do ITA, a situação é ainda mais aguda. Um vestibular brutal, que tem muito pouco a ver com o que de fato se aprende no ensino médio -mesmo nos colégios mais fortes. De tanta exigência, resulta uma distorção. Só passa no Instituto Tecnológico de Aeronáutica quem se prepara especificamente para ele. E a estatística mostra uma curiosidade: a cidade com mais aprovados é Fortaleza.
Historicamente, Fortaleza tem colégios e cursinhos voltados ao vestibular do ITA. Neste ano, dos 120 convocados, nada menos que 40 eram da capital cearense. São José dos Campos, sede do instituto, vem logo atrás, com 38. Mesma razão: cursinho focado no ITA.
O ITA, não me entenda mal, é uma escola de engenharia de enorme prestígio na graduação (na pós, menos). Uma busca no Google por "formado no ITA" encontra profissionais de muito destaque, ocupantes de altos cargos no governo, na iniciativa privada e na academia.
A Embraer, terceira maior fabricante de aviões do mundo, deve muito de seu sucesso à formação sólida dos engenheiros que saem do instituto para a empresa. A qualidade do ensino, incontestável, não está em questão.
O que discuto é que, para ser escolhida pelas universidades mais importantes do planeta, Tábata foi avaliada como um todo. Fez uma prova, o SAT, inspiração do nosso ENEM (mas que, ao contrário deste, não é usado como critério único de admissão).
Também levou cartas de recomendação, escreveu redações, foi entrevistada, apresentou seu histórico escolar e, principalmente, teve analisadas suas atividades extracurriculares (Tábata fundou, há três anos, o grupo Vontade Olímpica de Aprender, que treina alunos de escolas públicas para olimpíadas educacionais).
No sistema brasileiro, nada disso teria contado. Nem nos vestibulares que tentam ser mais modernos, nem nas provas mega tradicionais do ITA.
Para passar nas escolas dos EUA, bastou Tábata ser ela mesma. Nos últimos dias, tem cruzado os Estados Unidos para decidir onde estudar. Também entrou em física, na USP, mas seu destino está fora do Brasil. O ITA a reprovou, ela foi voar no hemisfério Norte.
Nas entrelinhas - MIRIAM LEITÃO
O GLOBO - 28/04/12
A sombra da crise voltou a amedrontar a semana. A Espanha e a Inglaterra, em recessão oficialmente, e termômetros da atividade mostram que o fim do problema ainda está longe. Aqui dentro, o Copom admitiu no texto da sua ata que a economia está mais fria do que era de se esperar, mas ao mesmo tempo está acabando o espaço para o estímulo monetário. Queda nas taxas agora serão com parcimônia, avisou o Banco Central.
A Europa não surpreende.
São assim mesmo as crises fiscais. Longas e intermitentes.
Às vezes há pequenos sinais de melhora, depois os dados ruins aparecem novamente.
O continente demorará a mostrar vigor. Até a Alemanha, mais robusta e preparada, terá baixo crescimento em 2012. Os EUA também decepcionaram no primeiro trimestre, com crescimento abaixo do esperado, apesar dos sinais mostrando uma recuperação mais sólida.
No Brasil, o Copom às vezes surpreende. É que ele muda de tom e convicção a cada 45 dias. Os especialistas olham o documento e encontram contradições. Não está errado o item 35 da ata, e nele está dito que, apesar de a economia estar ainda mais fria do que se esperava, os estímulos monetários já concedidos têm efeito cumulativo e defasado no tempo, por isso novas quedas da taxa terão que acontecer devagar.
Agora é olhar os dados com calma, até porque começa a chegar naquele ponto em que haverá comparação entre ativos de renda fixa e a caderneta para decidir os investimentos.
O que os economistas estranham é a alteração de tom de uma ata para outra. Isso continua alimentando a impressão de um Banco Central errático.
É o que acha, por exemplo, Luiz Roberto Cunha, da PUCRio, que sempre lê minuciosamente as comunicações do Banco Central para extrair daí a visão que a autoridade tem do momento presente e como pretende conduzir a política monetária: - Temos um BC que muda partes significativas das atas de uma reunião para outra. Isso demonstra uma certa insegurança.
Por mais que a Europa viva em crise, não há mudanças tão fortes assim em 45 dias. Se pegarmos, por exemplo, o parágrafo 29, da ata de março, lemos que o BC avalia que os preços das commodities têm apresentado cenário benigno. Na ata seguinte, essa frase sumiu. Ficamos sem saber se na visão do BC esse cenário continuou ou piorou.
Parece detalhe, mas o vai e vem, o afirma e omite das atas vão reduzindo a qualidade da comunicação do Banco Central com os financiadores da dívida pública e com os agentes econômicos que tomam decisões sobre preços. Parte do sistema de metas de inflação se dá por essa relação que parece sutil mas que é fundamental para alimentar decisões e expectativas.
Luiz Roberto mostrou que a ata ainda não contempla aumento da gasolina. Nas últimas semanas, aumentarem os sinais por parte da Petrobras de que o reajuste não será indefinidamente postergado porque os preços da matéria- prima e do dólar subiram, os dois componentes para a definição do preço interno.
Além disso, há muito tempo se acumulam os efeitos da política que manteve congelado por sete anos o valor que a Petrobras cobra das distribuidoras: aumentou o consumo, cresceram as perdas para a estatal, que importa gasolina e diesel por preços mais altos do que pode cobrar, e houve desestímulo à indústria do etanol. Por mais que a percepção do consumidor seja de que já paga caro demais, o BC não desconhece, nem pode, os artificialismos que estão se formando na economia.
No último dado divulgado, a inflação subiu, mas ela tem estado em queda desde setembro no acumulado de 12 meses, como o Banco Central havia previsto. A alta de abril é porque os novos impostos sobre cigarros, que haviam sido decididos no ano passado, foram postergados para que a inflação de 2011 não estourasse o teto da meta. Não é uma tendência, a inflação continua baixa, mas ainda acima do centro da meta. O problema é que acabou a convicção de que o Banco Central persegue o centro da meta.
- O mercado já entende que esse BC aceita qualquer inflação acima de 4,5% e abaixo de 6,5% - diz Luiz Roberto Cunha.
Não é bom que se sedimente a impressão de tolerância com níveis mais altos, como se a meta tivesse se deslocado do centro para o teto. O Brasil já tem tido inflação mais alta do que os níveis de outros bancos centrais.
Na ata passada, no item 29, o Banco Central dizia que eram "decrescentes os riscos à concretização de um cenário em que a inflação convirja tempestivamente para o valor central da meta". Desta vez, no mesmo item, o texto foi alterado para "o comitê ressalta que, no cenário central com que trabalha, a taxa de inflação posiciona-se em torno da meta em 2012". Isso parece uma desistência de se buscar o centro, que é o mandato do BC e do qual pode se afastar apenas em momentos em que há choques de preços na economia? Na Europa, a crise continua.
É já a banalidade do mal.
A cada semana, um dado negativo.
Nesta, houve vários deles. Na alça de mira continua a Espanha, cuja avaliação da dívida soberana foi rebaixada pela Standard & Poor"s e ainda colocada em perspectiva negativa, um anúncio de que pode cair mais. A visão da agência é que o país continuará em recessão ao longo deste ano e no próximo e que vai se deteriorar o resultado fiscal.
Na Inglaterra, a recessão prova que não ser da Zona do Euro não garantiu e não garante ao país um destino diferente do continente. Na França, o alto desemprego de jovens na casa dos 21% mostra a face mais cruel da crise.
A sombra da crise voltou a amedrontar a semana. A Espanha e a Inglaterra, em recessão oficialmente, e termômetros da atividade mostram que o fim do problema ainda está longe. Aqui dentro, o Copom admitiu no texto da sua ata que a economia está mais fria do que era de se esperar, mas ao mesmo tempo está acabando o espaço para o estímulo monetário. Queda nas taxas agora serão com parcimônia, avisou o Banco Central.
A Europa não surpreende.
São assim mesmo as crises fiscais. Longas e intermitentes.
Às vezes há pequenos sinais de melhora, depois os dados ruins aparecem novamente.
O continente demorará a mostrar vigor. Até a Alemanha, mais robusta e preparada, terá baixo crescimento em 2012. Os EUA também decepcionaram no primeiro trimestre, com crescimento abaixo do esperado, apesar dos sinais mostrando uma recuperação mais sólida.
No Brasil, o Copom às vezes surpreende. É que ele muda de tom e convicção a cada 45 dias. Os especialistas olham o documento e encontram contradições. Não está errado o item 35 da ata, e nele está dito que, apesar de a economia estar ainda mais fria do que se esperava, os estímulos monetários já concedidos têm efeito cumulativo e defasado no tempo, por isso novas quedas da taxa terão que acontecer devagar.
Agora é olhar os dados com calma, até porque começa a chegar naquele ponto em que haverá comparação entre ativos de renda fixa e a caderneta para decidir os investimentos.
O que os economistas estranham é a alteração de tom de uma ata para outra. Isso continua alimentando a impressão de um Banco Central errático.
É o que acha, por exemplo, Luiz Roberto Cunha, da PUCRio, que sempre lê minuciosamente as comunicações do Banco Central para extrair daí a visão que a autoridade tem do momento presente e como pretende conduzir a política monetária: - Temos um BC que muda partes significativas das atas de uma reunião para outra. Isso demonstra uma certa insegurança.
Por mais que a Europa viva em crise, não há mudanças tão fortes assim em 45 dias. Se pegarmos, por exemplo, o parágrafo 29, da ata de março, lemos que o BC avalia que os preços das commodities têm apresentado cenário benigno. Na ata seguinte, essa frase sumiu. Ficamos sem saber se na visão do BC esse cenário continuou ou piorou.
Parece detalhe, mas o vai e vem, o afirma e omite das atas vão reduzindo a qualidade da comunicação do Banco Central com os financiadores da dívida pública e com os agentes econômicos que tomam decisões sobre preços. Parte do sistema de metas de inflação se dá por essa relação que parece sutil mas que é fundamental para alimentar decisões e expectativas.
Luiz Roberto mostrou que a ata ainda não contempla aumento da gasolina. Nas últimas semanas, aumentarem os sinais por parte da Petrobras de que o reajuste não será indefinidamente postergado porque os preços da matéria- prima e do dólar subiram, os dois componentes para a definição do preço interno.
Além disso, há muito tempo se acumulam os efeitos da política que manteve congelado por sete anos o valor que a Petrobras cobra das distribuidoras: aumentou o consumo, cresceram as perdas para a estatal, que importa gasolina e diesel por preços mais altos do que pode cobrar, e houve desestímulo à indústria do etanol. Por mais que a percepção do consumidor seja de que já paga caro demais, o BC não desconhece, nem pode, os artificialismos que estão se formando na economia.
No último dado divulgado, a inflação subiu, mas ela tem estado em queda desde setembro no acumulado de 12 meses, como o Banco Central havia previsto. A alta de abril é porque os novos impostos sobre cigarros, que haviam sido decididos no ano passado, foram postergados para que a inflação de 2011 não estourasse o teto da meta. Não é uma tendência, a inflação continua baixa, mas ainda acima do centro da meta. O problema é que acabou a convicção de que o Banco Central persegue o centro da meta.
- O mercado já entende que esse BC aceita qualquer inflação acima de 4,5% e abaixo de 6,5% - diz Luiz Roberto Cunha.
Não é bom que se sedimente a impressão de tolerância com níveis mais altos, como se a meta tivesse se deslocado do centro para o teto. O Brasil já tem tido inflação mais alta do que os níveis de outros bancos centrais.
Na ata passada, no item 29, o Banco Central dizia que eram "decrescentes os riscos à concretização de um cenário em que a inflação convirja tempestivamente para o valor central da meta". Desta vez, no mesmo item, o texto foi alterado para "o comitê ressalta que, no cenário central com que trabalha, a taxa de inflação posiciona-se em torno da meta em 2012". Isso parece uma desistência de se buscar o centro, que é o mandato do BC e do qual pode se afastar apenas em momentos em que há choques de preços na economia? Na Europa, a crise continua.
É já a banalidade do mal.
A cada semana, um dado negativo.
Nesta, houve vários deles. Na alça de mira continua a Espanha, cuja avaliação da dívida soberana foi rebaixada pela Standard & Poor"s e ainda colocada em perspectiva negativa, um anúncio de que pode cair mais. A visão da agência é que o país continuará em recessão ao longo deste ano e no próximo e que vai se deteriorar o resultado fiscal.
Na Inglaterra, a recessão prova que não ser da Zona do Euro não garantiu e não garante ao país um destino diferente do continente. Na França, o alto desemprego de jovens na casa dos 21% mostra a face mais cruel da crise.
Ueba! O Rubinho é INDYabrado! - JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SP - 28/04/12
Um amigo não vai viajar. Prefere gastar o dinheiro do pedágio em pizza, cinema, joias e reforma da casa
BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Direto do País da Piada Pronta: "Adriano processa o Corinthians por causas trabalhistas através de seu advogado Andrade MINTO!". Segunda piada pronta: "Acostumado com Interlagos, Rubinho se perde pra chegar ao Anhembi". E marcou o caminho de volta com pedacinhos de pão pra não ser perder. E promete uma vitória histórica com a chegada a Interlagos! Rarará!
E adorei a charge do Salvador com dois banqueiros: "Está chorando por que explodiram seu caixa eletrônico?". "Pior, baixaram meus juros." Baixar os juros é pior do que explodir caixa eletrônico! E atenção! Feriadão do Dia do Trabalho.
O meu único trabalho é arrumar as malas e ir pro aeroporto! E tem que fazer um check-up antes de encarar a fila do check-in. Check-up para o check-in. Aí a mulher do check-in pergunta: "Qual poltrona o senhor prefere?". A POLTRONA DA MINHA CASA! Sabe por que eles só servem barra de cereal e sanduíche? Pra você comer na vertical! E periga de você passar metade do feriadão na fila do pão de queijo do aeroporto!
E amanhã tem Fórmula Indy! Com a participação especial do Rubinho, o INDYABRADO! Rarará! O bom da Fórmula Indy é que é GALVÃO FREE! Tem Fórmula 1, tem Fórmula Indy e tem fórmula pra fazer o Galvão desaparecer? Rarará!
Fórmula Indy é o sonho de todo paulistano: poder correr na Marginal. Porque na Marginal só se usam quatro marchas: parado, paralisado, ponto morto e puto da vida!
E três regras pros pilotos da Fórmula Indy: não pode passar dos 90, senão o radar te multa. Pra estacionar nos boxes, tem que pagar "déizão" pro flanelinha, senão ele risca o carro. E, quando passar pelo Sambódromo, tem que descer do carro e dar aquela sambadinha! Rarará!
E diz que tem três mulheres na Indy. Espero que uma delas não seja aquela minha vizinha que bate no meu carro. E depois fala: "Ih, eu não vi!". "Mas eu buzinei!". "Ih, eu não ouvi!". Rarará! É mole?
É mole, mas sobe!
E olha esta: "Hotel Jaguaribe Praia, Salvador, Bahia. Feriadão de 1º de Maio! Depois do trabalho, o DESCANÇO!". Rarará! E o único brasileiro que não gosta de feriadão é aquele que tem mulher feia!
E um amigo meu não vai viajar. Prefere gastar o dinheiro dos pedágios em pizza, cinema, joias e reforma da casa. Rarará! Nóis sofre, mas nóis goza. Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
Estudante branco e pobre é condenado - EDITORIAL O GLOBO
O GLOBO - 28/04/12
Aprovadas por unanimidade pelo Supremo Tribunal Federal (STF), no julgamento de uma ação sobre a aplicação do sistema pela Universidade de Brasília (UnB), as cotas raciais são um fato. Mas continua necessário discutir suas implicações. O fato é consumado, mas não seus desdobramentos. Não cabe ir contra a decisão judicial em nenhuma hipótese, sob o risco de o estado de direito ser alvejado. Pertinente é discutir a execução da sentença. Mesmo que ela fosse em sentido contrário, contra as cotas.
É simbólica a reação de grupos indígenas ao veredicto. Se fica fácil chegar ao status de “estudante universitário”, sem considerar, no devido peso, o mérito escolar, é compreensível que etnias e “raças” queiram também um passaporte especial para embarcar nesta viagem rumo a uma suposta vida de sucesso profissional, independentemente de aptidões pessoais. Vendese um sonho, como se não existisse a seleção do mercado de trabalho.
O STF discorda que, ao se importar um modelo racialista de uma sociedade constituída sobre “ raças”, a americana, o Brasil, construído na miscigenação — não entender como ausência de racismo —, estará se inoculando vírus de tensões inexistentes na história nacional. Que tenha razão o Supremo. Torçamos.
É da ideologia do “politicamente correto” que decisões “políticas” resolvem intrincados problemas. As cotas derivam desta fonte. Bem intencionada, a proposta pressupõe que o passe livre para a entrada no ensino superior operará milagres, sem considerar o mérito acadêmico. Engano. A cor da pele não pode substituir o conhecimento.
Oportuno comentário o da pesquisadora do Núcleo de Pesquisas Públicas da Universidade de São Paulo (USP) Eunice Durham: “Você está tentando consertar a goteira do telhado, quando a casa está toda ruim. Em vez de reparar erros do passado, você dá cotas, que não reparam.” É certo. Apenas mascaram, de forma discriminatória, a baixa qualidade do ensino.
Mesmo nos Estados Unidos, onde as cotas se destacaram nas ações afirmativas, elas, por decisão da Suprema Corte tiveram sua ponderação reduzida nos programas de admissão de estudantes universitários.
Criticar cotas raciais não deve ser interpretado como desconhecimento da realidade social e educacional do país, em que a grande massa de pessoas de baixa renda, de qualquer cor, continua a ter acesso apenas ao ensino público, quase sempre de nível deplorável. Com as cotas, uma parcela dos jovens de baixa renda foi premiada, ganhou a sorte grande. O que fazer com o branco pobre? Este deve torcer para que as promessas oficiais de melhoria do ensino sejam cumpridas. Pelo ritmo de avanço dos programas de aprimoramento da escola pública, pelo menos parte de uma geração da “raça branca” de brasileiros de baixa renda foi condenada a não ascender ao ensino superior.
Aprovadas as cotas raciais, o problema da qualidade do ensino básico continua. E o branco pobre precisa se conscientizar da necessidade de ter melhor qualificação. A cor da pele agora é uma questão institucional no Brasil. É preciso conviver com ela e evitar as piores consequências.
Aprovadas por unanimidade pelo Supremo Tribunal Federal (STF), no julgamento de uma ação sobre a aplicação do sistema pela Universidade de Brasília (UnB), as cotas raciais são um fato. Mas continua necessário discutir suas implicações. O fato é consumado, mas não seus desdobramentos. Não cabe ir contra a decisão judicial em nenhuma hipótese, sob o risco de o estado de direito ser alvejado. Pertinente é discutir a execução da sentença. Mesmo que ela fosse em sentido contrário, contra as cotas.
É simbólica a reação de grupos indígenas ao veredicto. Se fica fácil chegar ao status de “estudante universitário”, sem considerar, no devido peso, o mérito escolar, é compreensível que etnias e “raças” queiram também um passaporte especial para embarcar nesta viagem rumo a uma suposta vida de sucesso profissional, independentemente de aptidões pessoais. Vendese um sonho, como se não existisse a seleção do mercado de trabalho.
O STF discorda que, ao se importar um modelo racialista de uma sociedade constituída sobre “ raças”, a americana, o Brasil, construído na miscigenação — não entender como ausência de racismo —, estará se inoculando vírus de tensões inexistentes na história nacional. Que tenha razão o Supremo. Torçamos.
É da ideologia do “politicamente correto” que decisões “políticas” resolvem intrincados problemas. As cotas derivam desta fonte. Bem intencionada, a proposta pressupõe que o passe livre para a entrada no ensino superior operará milagres, sem considerar o mérito acadêmico. Engano. A cor da pele não pode substituir o conhecimento.
Oportuno comentário o da pesquisadora do Núcleo de Pesquisas Públicas da Universidade de São Paulo (USP) Eunice Durham: “Você está tentando consertar a goteira do telhado, quando a casa está toda ruim. Em vez de reparar erros do passado, você dá cotas, que não reparam.” É certo. Apenas mascaram, de forma discriminatória, a baixa qualidade do ensino.
Mesmo nos Estados Unidos, onde as cotas se destacaram nas ações afirmativas, elas, por decisão da Suprema Corte tiveram sua ponderação reduzida nos programas de admissão de estudantes universitários.
Criticar cotas raciais não deve ser interpretado como desconhecimento da realidade social e educacional do país, em que a grande massa de pessoas de baixa renda, de qualquer cor, continua a ter acesso apenas ao ensino público, quase sempre de nível deplorável. Com as cotas, uma parcela dos jovens de baixa renda foi premiada, ganhou a sorte grande. O que fazer com o branco pobre? Este deve torcer para que as promessas oficiais de melhoria do ensino sejam cumpridas. Pelo ritmo de avanço dos programas de aprimoramento da escola pública, pelo menos parte de uma geração da “raça branca” de brasileiros de baixa renda foi condenada a não ascender ao ensino superior.
Aprovadas as cotas raciais, o problema da qualidade do ensino básico continua. E o branco pobre precisa se conscientizar da necessidade de ter melhor qualificação. A cor da pele agora é uma questão institucional no Brasil. É preciso conviver com ela e evitar as piores consequências.
Baixa o nível na Suprema Corte - ALOÍSIO DE TOLEDO CÉSAR
O Estado de S.Paulo - 28/04/12
Duas expressões culturais completamente diversas, e quase antagônicas, entraram em choque no Supremo Tribunal Federal (STF), na semana passada, com acusações pessoais que vazaram para a opinião pública e provocaram compreensível indignação. O presidente em retirada, ministro Cezar Peluso, com mais de 40 anos de exercício na magistratura, ou seja, bastante experiente em julgamentos, acabou entrando em choque com o ministro Joaquim Barbosa, detentor de linda carreira acadêmica, mas que nunca ocupara anteriormente nenhum cargo diretamente ligado à tarefa de julgar.
Não se pode dizer que o ministro Cezar Peluso tenha sido um diplomata no trabalho de presidir a Suprema Corte. Sempre se observou em sua conduta, desde os tempos de juiz singular, juiz do Tribunal de Alçada, juiz corregedor e desembargador do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJSP), uma certa intransigência na defesa de suas convicções.
O Direito não é uma ciência exata e sempre envolve na aplicação da lei um raciocínio lógico que não é o mesmo entre os juízes, por força das diferentes formações culturais e das convicções pessoais de cada um. As divergências, assim, são extremamente corriqueiras, mas acabam superadas, em geral com educação, até porque isso é necessário para a elaboração dos acórdãos.
O próprio termo acórdão deriva da circunstância de resultar de um entendimento que exprime a vontade da maioria. As divergências entre os julgadores, portanto, é bom que se ressalte, não são pessoais, mas de entendimento, de convicções, e por isso mesmo devem ser toleradas com respeito.
Com alguma frequência, porém, há juízes que se mostram muito enfáticos na manifestação de seu entendimento, e isso causa a impressão de que se trata de uma divergência de ordem pessoal. O ministro Cezar Peluso, sempre admirado no TJSP por sua atuação como juiz, tem a característica de não aceitar muito serenamente as convicções contrárias. Em razão dessa característica unicamente pessoal, algumas vezes causou no Supremo Tribunal a impressão de que investia contra o ministro de quem divergia. Em verdade, na presidência do STF ele se mostrava indignado e tendia até mesmo a dar "um puxão de orelhas" em algum colega, em determinadas circunstâncias.
Isso aconteceu, por exemplo, certa vez em que um ministro determinou de ofício o arquivamento de processo-crime, ou seja, iniciativa que é privativa do Ministério Público. Peluso presidia a sessão e foi bastante cáustico, praticamente exigindo uma retratação, quando o ideal, no interesse das boas relações na Corte, seria contornar o incidente com diplomacia, para não ferir suscetibilidades e também para evitar que o assunto ganhasse maior dimensão.
Por força dessa conduta, marca de sua carreira como magistrado ao longo de mais de quatro décadas, em certas oportunidades ele chegou a "cutucar" ministros, colegas do dia a dia. É bastante provável que não o tenha feito com o propósito de ofender, humilhar, mas porque esse é o seu estilo - o que não o ajuda nem um pouco.
No seu relacionamento profissional com o ministro Joaquim Barbosa, tendo ambos a característica de "pavio curto", sucederam-se incidentes que os separaram, quando o ideal exigido pela atividade na Corte e pelo interesse público seria exatamente o contrário. Ou seja, era de esperar que a grandeza do cargo por eles ocupado levasse ao respeito mútuo ou, no mínimo, a uma convivência educada.
Embora na raiz de tudo estivesse o estilo de cada um deles na forma de julgar, as trocas de acusações entre ambos, feitas recentemente, caíram a um nível que não se pode, em absoluto, admitir, por envolverem ocupantes do mais alto posto na carreira jurídica do País. É uma honra ser ministro do Supremo Tribunal Federal e, por isso mesmo, os seus integrantes não devem jamais baixar o nível das discussões do terreno unicamente jurídico para o pessoal.
O episódio serve para demonstrar que talvez o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não tenha sido muito feliz na escolha de ambos para ocuparem cargo de tanto destaque. Emerge também a ideia de que pode ter chegado a hora de o Congresso Nacional debater o critério da escolha de novos ministros do Supremo.
Nos últimos tempos vem prevalecendo o critério de escolha de pessoas com identidade cultural e política próxima do governante. Amizades familiares, pressões da Igreja Católica e serviços prestados ao Partido dos Trabalhadores foram decisivos na escolha de alguns ministros.
A circunstância de o ministro indicado ficar devendo o favor da indicação a quem o indicou leva à presunção de que estará a serviço desse relacionamento. A demora no julgamento do processo do mensalão deixou claro que essa grave conduta poderá estar ocorrendo, porque o infeliz retardamento contém em si a ameaça de prescrição de alguns dos delitos ali tipificados.
Certos processos judiciais, por serem emblemáticos e estarem no aguardo de milhões de pessoas, devem, sem nenhuma dúvida, merecer prioridade tanto na instrução como na inclusão na pauta para o desejado julgamento. No caso da "ficha suja", a omissão do Supremo, retardando o julgamento, concorreu seriamente para deixar em descrédito a instituição.
Nos dias atuais, com o mensalão, pior ainda, porque o seu desfecho poderá ter influência muito forte na vida política e partidária do País. Os principais acusados de crimes tão graves continuam impunes e talvez estejam dando risadas da morosidade da Justiça. A despeito de toda a sua falta de diplomacia, Cezar Peluso sempre cobrava do ministro relator atuação mais rápida, chegando a fazê-lo de público e com isso abrindo a "troca de chumbo" profundamente lamentável a que se assistiu na semana passada.
'Negocinho' - VERA MAGALHÃES - PAINEL
FOLHA DE SP - 28/04/12
Trecho do inquérito da Polícia Federal sobre o esquema de Carlinhos Cachoeira mostra um diálogo ocorrido em julho do ano passado entre Demóstenes Torres (GO) e Gleyb Ferreira, auxiliar direto do empresário, no qual o senador fornece o endereço do seu apartamento funcional em Brasília para receber uma encomenda.
"Tô com um negocinho para entregar, queria ver com o senhor onde quer que eu eu leve", diz Gleyb.
Demóstenes dá as coordenadas da residência do Senado e agenda o encontro: "Vem lá pelas 15h".
Segundo a PF, o "negocinho" tratado na conversa eram R$ 20 mil que chegariam às mãos do senador.
Toga 1 O inquérito mostra articulações com o Judiciário. Demóstenes falou com ministros do STJ sobre processos de interesse de Cachoeira. Em telefonema, o senador tranquiliza o amigo sobre um julgamento: "Aquele ministro que nós pedimos votou com a gente; o outro votou contra. Então tá um a um''.
Toga 2 O inquérito afirma que o ministro Guilherme Caputo, do TST (Tribunal Superior do Trabalho), queria patrocínio de empresas do grupo para eventos. Gilmar Mendes e José Toffoli, do STF, são citados em alguns diálogos.
Contatos O grupo trata ainda de negócios no Dnit, do Ministério dos Transportes, e revela preocupação com o então ex-diretor Luiz Pagot. Cachoeira cita o senador Blairo Maggi (PR-MT): "Blairo mandou falar que não tem nada não. Blairo que manda nele".
Tentáculos Os diálogos também mostram a atuação de Demóstenes para tentar levar uma empresa farmacêutica do grupo de Cachoeira para Santa Catarina. O contato do senador, segundo a PF, é Ênio Branco, atual secretário de Comunicação do governo.
Imagem Escolhido para chefiar a CPI, o senador Vital do Rego (PMDB) pediu para trocar a cadeira da presidência. "Se você é pequeno, nessa cadeira fica menor ainda".
O rio... A bancada do Nordeste encaminhou abaixo-assinado para o Planalto pedindo a permanência de Guilherme Almeida na presidência da Codevasf, empresa de desenvolvimento do vale do São Francisco.
... é nosso O movimento, liderado pelo senador Benedito de Lira (PP-AL), conseguiu o apoio de 37 deputados e 19 senadores. Almeida, funcionário de carreira da empresa há mais de 30 anos, ocupa a vaga interinamente desde o início do ano.
Nó PT e PSB brigam pela vaga. Após perder o comando da Petrobras e do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Jaques Wagner (BA) quer indicar o comando do órgão. "A Petrobras vale por dez ministérios", reclama um aliado do governador petista.
Não saio O MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) afirma que o governo Agnelo Queiroz (PT-DF) vai despejar as 400 famílias que ocupam terreno da empresa Terracap em Ceilândia, batizada de "Novo Pinheirinho'', desde o dia 21.
Sinal vermelho O movimento afirma que Agnelo vai provocar a "versão petista do massacre", como chamam a reintegração de posse da área invadida em São José dos Campos (SP). A invasão no DF ocorreu depois que o governo Agnelo cancelou 400 bolsas-aluguel.
Visita à Folha Ronaldo Nazário, ex-jogador e sócio-diretor da 9ine Sports & Entertainment, visitou ontem a Folha, a convite do jornal, onde foi recebido em almoço. Estava com Marcus Buaiz, seu sócio na empresa.
com SILVIO NAVARRO e ANDRÉIA SADI
tiroteio
"O Acre é terra de planície. Aqui não tem cachoeira, só rios de água limpa e cristalina. A JM atua no Estado muito antes de a Delta aparecer, e nunca houve nenhum problema."
DO GOVERNADOR TIÃO VIANA (PT-AC), que nega influência de empresas ligadas à Delta Construções e ao esquema de Carlinhos Cachoeira no Estado. A JM Terraplanagem, que atua no Acre, é citada em diálogo interceptado pela PF.
Contraponto
A grande família
O ministro Garibaldi Alves (Previdência) se esforçava, na última quinta, para achar um lugar na lotada sessão de "Pela primeira vez", documentário sobre a transição entre os governos Lula e Dilma, quando foi abordado por um fotógrafo, que brincou se ele não teria vontade de voltar a presidir o Senado, já que ainda tem mandato.
- Quando o senhor vai voltar para o Senado?
Garibaldi, primo do candidato à presidência da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), devolveu:
-Pare com isso. Quer matar meu primo do coração?
A Espanha baqueia - CELSO MING
O Estado de S.Paulo - 28/04/12
Este final de abril, mês da primavera no Hemisfério Norte, decididamente, se revelou um desastre para a Espanha - e não foi apenas para seus melhores clubes de futebol, eliminados da Copa dos Campeões em seus próprios templos esportivos.
Ontem, por exemplo, números oficiais revelaram um avanço na inflação anual, que foi de 1,8%, em fevereiro, para 2,0%, em março. Entre tantos dados negativos, este pode ter sido o menos preocupante.
Também ontem, o Instituto Nacional de Estatística (INE) do Ministério da Economia e Competitividade da Espanha revelou que o desemprego no país saltou de 22,85% da força de trabalho (dados do quarto trimestre de 2011) para 24,44% (no primeiro trimestre de 2012). São 5,6 milhões de pessoas de braços cruzados em 23,1 milhões que constituem a população ativa. A destruição de empregos cresce a 4% ao ano. Pior que isso é o futuro de mãos vazias. Nada menos que 52% dos jovens (com 25 anos ou menos) não encontram trabalho.
A agência de classificação de riscos Standard & Poor's, ainda ontem, rebaixou em dois degraus os títulos de dívida da Espanha, colocando-os, ainda, em perspectiva negativa. Ou seja, é provável que dentro de mais alguns meses o rebaixamento prossiga.
Até o ministro das Finanças da Alemanha, Wolfgang Schäuble, condenou essa perda de posições da Espanha: "A decisão torna a situação que já era crítica ainda mais crítica". Mas tanto agências de rating como auditores não são pagos para botar panos quentes, mas para apontar problemas - ainda que agravem as coisas.
A percepção de que aumentou o risco de calote dessa dívida terá duas graves consequências imediatas. A primeira delas é a tendência à elevação dos juros a serem cobrados pelos tomadores de títulos da Espanha nos próximos meses. Juros mais altos, por sua vez, tendem a aumentar o déficit público, hoje é de 8,5% do PIB.
O segundo efeito é a deterioração patrimonial dos bancos espanhóis, que já enfrentam, em conjunto, 184 bilhões de euros em ativos podres, cerca de 60% dos quais pertencentes às carteiras imobiliárias. Cálculos não oficiais dos analistas apontam para a necessidade de capitalização das instituições financeiras espanholas de nada menos do que 100 bilhões de euros. Se o Tesouro espanhol tiver de intervir, serão mais despesas não previstas e uma pressão adicional para o crescimento do rombo orçamentário.
Toda a indignação das ruas se volta neste momento para as medidas de austeridade implantadas pelo primeiro-ministro Mariano Rajoy. Mas os problemas vêm lá de trás, das políticas descuidadas dos governos anteriores.
As análises conduzem para a conclusão de que a Espanha não é a Grécia e que as condições para a recuperação da economia são muito melhores. Além disso, os mecanismos de socorro já estão bem mais estruturados na Europa, em situação de circunscrever a crise. O problema é que o tempo dos mercados é diferente do tempo dos políticos. Qualquer fagulha pode detonar novo desastre. A propósito, desastrado é aquele que não conta com a proteção dos astros. E esse pode ser o caso da Espanha.
Justiça com lentes coloridas - EDITORIAL O ESTADÃO
O Estado de S.Paulo - 28/04/12
A discriminação racial no Brasil é constitucional, segundo decidiram por unanimidade os ministros do Supremo Tribunal (STF), num julgamento sobre a adoção de cotas para negros e pardos nas universidades públicas. Com base numa notável mistura de argumentos verdadeiros e falsos, eles aprovaram a reserva de vagas para estudantes selecionados com base na cor da pele ou, mais precisamente, na cor ou origem étnica declarada pelo interessado. Mesmo enfeitada com rótulos politicamente corretos e apresentada como "correção de desigualdades sociais", essa decisão é obviamente discriminatória e converte a raça em critério de ação governamental. Para os juízes, a desigualdade mais importante é a racial, não a econômica, embora eles mal distingam uma da outra.
O ministro Cezar Peluso mencionou as diferenças de oportunidades oferecidas a diferentes grupos de estudantes. Com isso, chamou a atenção para um dos maiores obstáculos à concretização dos ideais de justiça. Todos os juízes, de alguma forma, tocaram nesse ponto ou dele se aproximaram. Estabeleceram, portanto, uma premissa relevante para o debate sobre a formação de uma sociedade justa e compatível com os valores da democracia liberal, mas perderam-se ao formular as conclusões.
O ministro Joaquim Barbosa referiu-se à política de cotas como forma de combater "a discriminação de fato", "absolutamente enraizada", segundo ele, na sociedade. Mas como se manifesta a discriminação? Candidatos são reprovados no vestibular por causa da cor? E os barrados em etapas escolares anteriores? Também foram vítimas de racismo?
A ministra Rosa Weber foi além. "A disparidade racial", disse ela, "é flagrante na sociedade brasileira." "A pobreza tem cor no Brasil: negra, mestiça, amarela", acrescentou. A intrigante referência à cor amarela poderia valer uma discussão, mas o ponto essencial é outro. Só essas cores identificam a pobreza no Brasil? Não há pobres de coloração diferente? Ou a ministra tem dificuldades com a correspondência de conjuntos ou ela considera desimportante a pobreza não-negra, não-mestiça e não-amarela.
Mas seus problemas lógicos são mais amplos. Depois de estabelecer uma correspondência entre cor e pobreza, ela mesma desqualificou a diferença econômica como fator relevante. "Se os negros não chegam à universidade, por óbvio não compartilham com igualdade das mesmas chances dos brancos." E concluiu: "Não parece razoável reduzir a desigualdade social brasileira ao critério econômico". A afirmação seria mais digna de consideração se fosse acompanhada de algum argumento. Mas não é. O fator não econômico e estritamente racial nunca foi esclarecido na exposição da ministra nem nos votos de seus colegas.
Nenhum deles mostrou com suficiente clareza como se manifesta a discriminação no acesso à universidade ou, mais geralmente, no acesso à educação. O ministro Celso de Mello citou sua experiência numa escola pública americana sujeita à segregação. Lembrou também a separação racial nos ônibus escolares nos Estados Unidos. Seria um argumento esclarecedor se esse tipo de segregação - especificamente racial - fosse no Brasil tão normal e decisivo quanto o foi nos Estados Unidos.
Talvez haja bons argumentos a favor da discriminação politicamente correta defendida pelos juízes do STF, mas nenhum desses foi apresentado. Brancos pobres também têm dificuldade de acesso à universidade, mas seu problema foi menosprezado.
Se um negro ou pardo com nota insuficiente é considerado capaz de cursar com proveito uma escola superior, a mesma hipótese deveria valer para qualquer outro estudante. Mas não vale. Talvez esse branco pobre também deva pagar pelos "danos pretéritos perpetrados por nossos antepassados". Justíssimo?
Como suas excelências poderão ser envolvidas em outras questões de política educacional, talvez devam dar uma espiada nos censos. Os funis mais importantes e socialmente mais danosos não estão na universidade, mas nos níveis fundamental e médio. Países emergentes bem-sucedidos na redução de desigualdades deram atenção prioritária a esse problema. O resto é demagogia.
Sete meses na vida do STF - WALTER CENEVIVA
FOLHA DE SP - 28/04/12
Ayres Britto põe fé que a votação do caso do mensalão terminará antes do fim de seu mandato
O PRESIDENTE do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Ayres Britto, ao se empossar no cargo, fez análise da situação da Justiça em nosso país e, nela, da posição do Poder Judiciário. Inspirou-se em verso de T. S. Elliot, no qual o poeta recomenda a sua alma que fique tranquila e espere, "até que as trevas sejam luz".
No Brasil da comunicação instantânea, o direito nacional se preocupa hoje com o resultado do julgamento do chamado processo do mensalão no STF. Parece ter pela frente uma série de possíveis armadilhas, políticas e não políticas, quanto a seu resultado. Seus termos já foram bem colocados no minucioso relatório do ministro Joaquim Barbosa, que comentei, há meses, nesta coluna.
Será complementado, em breve, pelo ministro Ricardo Lewandowski, cujo trabalho preferi referir como o de um relator. Dois motivos me sugeriram o abandono da técnica: o fato de Lewandowski ter a tarefa de complementar dados na individuação da conduta dos acusados no caso e o longo prazo entre o enunciado de Joaquim Barbosa e o pronunciamento final do STF. A maioria do povo precisa receber as informações a serem acrescidas para situar o julgamento histórico. Ayres Britto põe fé que a votação será terminada bem antes do fim de seu mandato, em sete meses, quando ele será substituído por Joaquim Barbosa.
É natural que o atual presidente do STF queira ligar sua passagem pelo cargo a isso, conseguindo que das trevas resulte a luz, apesar do curto tempo de que dispõe. Quer ele, que também é poeta, com a luz, que a chegada ao fim seja marcada pela satisfação plena da Justiça. Esperemos que a fala presidencial seja profética nesse caso tormentoso, destinado a fazer história em nosso país.
Além da preocupação com a urgência, Ayres Britto foi feliz ao dizer que se observada a Carta Magna e obedecidas as leis, estará garantido o cumprimento dos deveres do Judiciário em face das "prioridades temáticas" do país. No quadro atual da nação, nota-se em muitos segmentos da administração pública a carga de referências desairosas a próceres da política. Aliás, a prática democrática tem sido prejudicada, mesmo no Judiciário.
Nesse campo, vozes da magistratura têm manifestado queixas vigorosas contra veículos de comunicação e contra o CNJ (Conselho Nacional de Justiça). O presidente do STF reconhece, porém, que os meios de comunicação têm dado cooperação eficiente para apontar erros e deficiências de órgãos públicos e de seus administradores, no cumprimento de seu papel essencial, mesmo quando haja desvios na fidelidade à realidade dos fatos -a prática da democracia terminará corrigindo defeitos. É uma necessidade imperiosa do resguardo dos interesses nacionais, pois a democracia se enlaça intimamente à liberdade de imprensa e, mais ainda, "romper esse cordão umbilical é matar as duas: a imprensa e a democracia". As repercussões da crítica certamente contribuíram, por exemplo, na reação positiva do Tribunal de Justiça de São Paulo. Por isso mesmo tem particular relevo acentuar esse ângulo na palavra do presidente do Supremo, uma vez que oJudiciário nem sempre tem compreendido a atuação dos órgãos de imprensa, em suas variadas formas de contato com o público. Voltarei, ainda uma vez, ao assunto.
Ayres Britto põe fé que a votação do caso do mensalão terminará antes do fim de seu mandato
O PRESIDENTE do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Ayres Britto, ao se empossar no cargo, fez análise da situação da Justiça em nosso país e, nela, da posição do Poder Judiciário. Inspirou-se em verso de T. S. Elliot, no qual o poeta recomenda a sua alma que fique tranquila e espere, "até que as trevas sejam luz".
No Brasil da comunicação instantânea, o direito nacional se preocupa hoje com o resultado do julgamento do chamado processo do mensalão no STF. Parece ter pela frente uma série de possíveis armadilhas, políticas e não políticas, quanto a seu resultado. Seus termos já foram bem colocados no minucioso relatório do ministro Joaquim Barbosa, que comentei, há meses, nesta coluna.
Será complementado, em breve, pelo ministro Ricardo Lewandowski, cujo trabalho preferi referir como o de um relator. Dois motivos me sugeriram o abandono da técnica: o fato de Lewandowski ter a tarefa de complementar dados na individuação da conduta dos acusados no caso e o longo prazo entre o enunciado de Joaquim Barbosa e o pronunciamento final do STF. A maioria do povo precisa receber as informações a serem acrescidas para situar o julgamento histórico. Ayres Britto põe fé que a votação será terminada bem antes do fim de seu mandato, em sete meses, quando ele será substituído por Joaquim Barbosa.
É natural que o atual presidente do STF queira ligar sua passagem pelo cargo a isso, conseguindo que das trevas resulte a luz, apesar do curto tempo de que dispõe. Quer ele, que também é poeta, com a luz, que a chegada ao fim seja marcada pela satisfação plena da Justiça. Esperemos que a fala presidencial seja profética nesse caso tormentoso, destinado a fazer história em nosso país.
Além da preocupação com a urgência, Ayres Britto foi feliz ao dizer que se observada a Carta Magna e obedecidas as leis, estará garantido o cumprimento dos deveres do Judiciário em face das "prioridades temáticas" do país. No quadro atual da nação, nota-se em muitos segmentos da administração pública a carga de referências desairosas a próceres da política. Aliás, a prática democrática tem sido prejudicada, mesmo no Judiciário.
Nesse campo, vozes da magistratura têm manifestado queixas vigorosas contra veículos de comunicação e contra o CNJ (Conselho Nacional de Justiça). O presidente do STF reconhece, porém, que os meios de comunicação têm dado cooperação eficiente para apontar erros e deficiências de órgãos públicos e de seus administradores, no cumprimento de seu papel essencial, mesmo quando haja desvios na fidelidade à realidade dos fatos -a prática da democracia terminará corrigindo defeitos. É uma necessidade imperiosa do resguardo dos interesses nacionais, pois a democracia se enlaça intimamente à liberdade de imprensa e, mais ainda, "romper esse cordão umbilical é matar as duas: a imprensa e a democracia". As repercussões da crítica certamente contribuíram, por exemplo, na reação positiva do Tribunal de Justiça de São Paulo. Por isso mesmo tem particular relevo acentuar esse ângulo na palavra do presidente do Supremo, uma vez que oJudiciário nem sempre tem compreendido a atuação dos órgãos de imprensa, em suas variadas formas de contato com o público. Voltarei, ainda uma vez, ao assunto.
Desenvolvimento e democracia - MARCO AURÉLIO NOGUEIRA
O Estado de S.Paulo - 28/04/12
Parece maduro um novo ciclo de desenvolvimento no País. Ainda que não se devam simplificar nem relativizar as importantes distinções que existiram entre os diferentes governos que se sucederam a partir de 1994, trata-se de uma fase que deriva, antes de tudo, da fixação de um padrão de política econômica que já se estende por mais duas décadas. Isso possibilitou a aquisição pelos gestores governamentais, por empresários e trabalhadores de uma mentalidade mais racional no que diz respeito à gestão econômica, além de ter consolidado a estabilidade monetária e o controle da inflação, que são decisivos para o desenvolvimento.
A fase também está determinada por aquilo que se conseguiu em termos de sincronia de certas potencialidades inscritas nas esferas econômica, social e política. O País tem conseguido retomar o crescimento econômico e, ao mesmo tempo, reduzir a pobreza e fortalecer a democracia. Desarmaram-se os freios neoliberais.
Fortalece-se uma ideia de desenvolvimento mais estrutural, menos aprisionada a modelos prontos e sustentada por uma articulação específica entre Estado e mercado. Na sua base, imagina-se um tripé de políticas: responsabilidade fiscal, juros moderados e câmbio competitivo. Tudo combinado com uma vigorosa política de transferência de renda que reduz desigualdades sociais e impulsiona o ingresso de grandes contingentes populacionais no mercado interno. É o que alguns chamam de "novo desenvolvimentismo" e outros, de "social-desenvolvimentismo". Em nome dessa orientação, alimenta-se o pacto político que tem dado sustentação aos governos ao menos desde 2003 - uma espécie de concertação social entre o Estado, o empresariado industrial, os trabalhadores e vastos setores da classe média.
O modelo construído ao longo das duas últimas décadas aponta para um crescimento voltado para o mercado interno, com tendência à expansão das exportações e sustentado pela estabilidade, pela expressiva presença do Estado e pela busca de autonomia empreendida pela política externa. É por isso que há tanta tensão quando se discute a taxa de juros. A economia brasileira está internacionalizada e privatizada. O "capitalismo dependente" de que se falava na década de 1960 parece ressurgir, com o crescimento econômico se apoiando sempre mais numa articulação do Estado com grandes empresas multinacionais e algumas poderosas empresas nacionais. Respirando ares globalizados, nossa soberania estatal se afirma de modo compartilhado. A dependência virou interdependência estrutural.
Com base nisso tudo, armou-se quase espontaneamente um sistema de cooptação da sociedade pelo Estado. Seja como resultado das políticas adotadas, seja pelas idiossincrasias do sistema político e pela má qualidade de seus principais protagonistas, seja, enfim, pela reorganização "em rede" da sociedade, o fato é que o Brasil se converteu num país com pouca participação social autônoma e uma democracia política muito aprisionada aos ritos eleitorais. Há uma inegável democratização da vida social e a conflitualidade está à flor da pele, mas isso transcorre num ambiente marcado pelo poder magnético do Estado, do Executivo, que é, no fundo, o único articulador. Não espanta que as oposições ao governo federal se revelem frágeis e incapazes de ação eficiente. Estado e sociedade estão próximos, mas a ausência de dialética entre eles faz essa proximidade ser mais aparente que real. Tudo funciona de modo regular e estável, mas sem emoção. Ou seja, com pouca política.
Estão aí os principais elementos que dificultam a ação governamental. É que os governos atuam num sistema que impede sua articulação expressiva com a sociedade, roubando-lhe precisamente os elementos que poderiam ensejar uma governabilidade democrática sustentável. Governa-se de modo até certo ponto inercial: menos pela dinâmica governamental e mais pela falta de movimento autônomo da sociedade. No caso do governo Dilma Rousseff, também há uma ajuda indireta das oposições, que não conseguem agir como projeto alternativo.
Parte dessa situação aparece nas tensões que atravessaram o governo em seu primeiro ano de vida e não parecem destinadas a arrefecer. São tensões internas ao sistema, que nascem nas bases parlamentares do governo e em seu círculo operacional. A maioria que o apoia não se mostra confiável e lhe transfere permanentes demandas fisiológicas (por cargos, verbas, controle de recursos políticos), muitas vezes paralisando-o ou dificultando sua ação. O sistema também permitiu que muitos esquemas de corrupção se alojassem no coração da máquina governamental, com a consequente produção de uma mixórdia de relações escusas entre o sistema político, o Estado e organizações criminosas, o que desgasta e cria atritos no interior do governo.
O sistema político funciona mal e está aquém do que necessita a sociedade. Não reflete seu dinamismo nem é capaz de assimilar suas agendas. Tem pouca eficiência no processamento dos conflitos e das demandas sociais, está corroído pelo baixo nível e sobrecarrega as operações governamentais. Apesar disso, não se vislumbra nenhuma iniciativa voltada para a reforma política, o que piora a qualidade da democracia. No entanto, enquanto o governo continuar reiterando e expandindo as políticas que têm feito seu sucesso, permanecerá no comando.
Nenhum governo, porém, tem como controlar tudo. A vida social continua a se tornar sempre mais complexa e diversificada. Está meio entorpecida pelo poder de iniciativa do Executivo e sem saber direito como entrar no jogo político. Mas permanece como reserva essencial da democracia e da democratização, podendo fazer os ventos mudarem a qualquer momento. O que, bem ponderadas as coisas, não beneficiará necessariamente as oposições.
A privatização da democracia brasileira - FLORIANO PESARO
FOLHA DE SP - 28/04/12
Interessa à população de São Paulo ceder um terreno público localizado no mais importante polo cultural da cidade ao Instituto Lula, cuja missão é cuidar do acervo histórico da gestão do ex-presidente e divulgar as suas realizações? Parece-me claro que não. O único beneficiado com essa transação será o PT e seu projeto de poder.
O projeto de lei 29/2012, do Poder Executivo, em tramitação na Câmara dos Vereadores, autoriza a concessão, sem concorrência, por 99 anos, de uma área pública na região central ao Instituto Lula.
São 4.300 m2, estimamos pelo mercado em até R$ 20 milhões, em uma região que começa a passar por intenso processo de requalificação. O projeto de lei nem sequer exige contrapartidas, à exceção da exigência de se abrir o espaço à visitação de escolas públicas.
Segundo o texto, no local será erguido um Memorial da Democracia, um museu para "dar visibilidade pública à cultura política democrática". Mais adiante no mesmo texto, é possível entender melhor o que se entende por isso: nele será disponibilizado "todo o acervo documental referente aos oito anos de mandato do presidente Lula".
Curioso e preocupante que justo o PT se arrogue o direito de portar a memória democrática do país.
Lembremos que esse é o partido que: expulsou seus deputados que votaram em Tancredo Neves; recusou-se a assinar a Constituição, marco da redemocratização, em 1988; e combateu duramente duas das maiores conquistas da nossa história recente, a estabilidade monetária e a austeridade fiscal, chegando ao ponto de ir à Justiça contra o Plano Real, em 1994, e contra a Lei de Responsabilidade Fiscal, em 2001.
O PT nunca fez uma autocrítica oficial quanto à sua posição nesses momentos cruciais do nosso amadurecimento democrático. Será que podemos confiar a ele o papel de guardião da memória coletiva de momentos como esses?
Tudo indica que estamos diante de uma privatização, não só de um terreno, mas da própria democracia brasileira. Afinal, é da natureza do PT apostar na confusão entre o público e o privado para fortalecer seu projeto de hegemonia no país.
Que melhor forma de fazê-lo do que garantir um espaço -e com dinheiro público- onde possam transmitir aos alunos de escolas públicas a doutrina petista segundo a qual a história do Brasil começa em 2003?
Quem sabe no portão de entrada do futuro museu algum companheiro se lembre de inscrever as palavras "nunca antes nesse país"...
O Instituto Lula pode não ter fins lucrativos, mas tem fins políticos bem claros. Não podemos esquecer que Lula continua extremamente ativo na política nacional e municipal. Já declarou que se envolverá de cabeça na campanha desse ano.
Que ninguém se engane: ceder esse terreno equivale, na prática, a doar o dinheiro dos contribuintes paulistanos para um partido político cuja prioridade número um é reconquistar a prefeitura da cidade.
São Paulo merece sim um Memorial da Democracia digno do nome. Um museu que registre as conquistas do povo brasileiro na luta contra o autoritarismo, que faça justiça à memória de líderes como Ulisses Guimarães, Tancredo Neves, Franco Montoro, Fernando Henrique Cardoso e do próprio Lula.
Essa seria sim uma destinação nobre ao terreno. É evidente, entretanto, que esse é um empreendimento que só pode ser implementado e administrado por uma organização tecnicamente qualificada, isenta e apartidária, não por um partido político, para que reescreva a história do Brasil à sua maneira.
Estaríamos dando alguns passos atrás na consolidação de nossa combalida democracia.
CLAUDIO HUMBERTO
“Difícil saber o que vai acontecer”
Andressa Mendonça, mulher de Cachoeira, sobre “depoimento bombástico” do marido
ESPÍRITO SANTO TINHA ‘FILAS’ PARA FRAUDAR LICITAÇÕES
O inquérito da Polícia Federal na Operação Lee Oswald, no Espírito Santo, descobriu uma quadrilha que organizava “filas de empresários” para fraudar licitações no Estado e municípios, incluindo a região metropolitana de Vitória. Escutas telefônicas autorizadas pela Justiça comprovam o esquema e indignaram o desembargador Pedro Valls Feu Rosa, presidente do Tribunal de Justiça, que meteu na cadeia, entre outros, um prefeito, quatro vereadores e quinze empresários.
ISENÇÕES SUSPEITAS
A PF também investiga acordos de isenção fiscal milionários, quando Paulo Hartung foi governador e José Teófilo secretário da Fazenda.
POBREZINHAS
Isenções fiscais do pobre Espírito Santo favoreceram mais de 300 empresas, incluindo gigantes como Coca-Cola, Petrobras e Vale.
BANCO DOS RÉUS
O prefeito de Presidente Kennedy, Reginaldo Quinta, um dos presos pela PF, terá muito trabalho: é acusado de uma dezena de crimes.
AS ACUSAÇÕES
Os alvos da Operação Lee Oswaldo responderão por corrupção ativa e passiva, prevaricação, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, etc.
TÉOFILO NEGA DENÚNCIA LASTREADA POR DOCUMENTOS
José Teófilo, que foi secretário da Fazenda do governo Paulo Hartung, de quem se fez sócio em empresa de consultoria, negou a compra de terras a preço de banana em Presidente Kennedy. Diz que apenas as “identificou”. E desqualificou a denúncia do Ministério Público Estadual, que, apesar de baseada em acusação anônima, impressiona pela documentação que a sustenta. O caso está sob investigação da PF.
GUARDIOLA, ADEUS
Está explicado, Guardiola: Lula ganhou um uniforme do Barcelona antes do fatídico jogo. Recomenda-se prudente distância de pés-frios.
GOVERNO DE PAPEL
Na contramão da era digital, a Presidência da República pretende gastar R$ 1,39 milhão em cartões de visita, de Natal e envolopes.
A, DE ARAPONGA
As informações secretas da Agência Brasileira de Inteligência estão ao alcance, inclusive de hackers, no link Sistemas, do portal do Planalto.
MERGULHO
A Marinha prorrogou por mais vinte dias o inquérito que apura as causas do incêndio na base do Brasil na Antártida, que matou dois militares em 25 de fevereiro. A previsão era meados de abril.
PROGRAMÃO
Um concurso em Malaui, África, vai premiar o melhor clipe anticorrupção. A ironia é que o vencedor vai se apresentar numa conferência no Brasil.
MÃO NA CUMBUCA
Sérgio Cabral estava murcho diante de Dilma, no início de operação da petroleira de Eike Batista. A presidente ostentava aquele sorriso de Mona Lisa de quem tinha metido a mão na cumbuca da Petrobras...
PAUTA ATRASADA
Roga-se ao governador do Piauí, Wilson Martins (PSB), que pare um pouco em Teresina após suas frequentes viagens, a exemplo do vizinho cearense Cid Gomes, o conhecido “pé no jato”.
SEM SABOR
Já é a segunda vez que, convidado ao Palácio da Alvorada, Lula leva ex-assessores de contrabando, como o ex-jornalista Franklin Martins. Dilma finge que está tudo bem, mas depois reclama pelos cantos.
SLOGAN MAROTO
O slogan do governo do Maranhão é “De Volta ao Trabalho”, numa alusão ao ritmo preguiçoso do anterior.
Mas o chefe do clã, José Sarney, curte licença de 15 dias enquanto o Senado ferve.
FOGO NO GOVERNO
Do senador Sérgio de Souza (PMDB-PR), da CPI mista do Cachoeira, sobre denúncias que envolvem o governador do Paraná, Beto Richa (PSDB): “Onde tem fumaça, pode ser que tenha fogo”.
PEGADINHA
Irmão de José Genoino, o deputado José Guimarães (PT-CE), cujo assessor foi flagrado com US$ 100 mil na cueca, reclama dos trotes em seu nome, ligando para prefeitos e lideranças locais avisando que ele está “na estrada com pneu furado”, precisando de socorro. “É mentira”.
PERGUNTA NO PROCON
Se o Senado aprovou a venda de remédios em supermercados, será que está liberada a compra de políticos nos canteiros de obras?
PODER SEM PUDOR
CAFÉ COM DESCULPA
Adhemar de Barros apoiou Café Filho para presidente e Broca Filho para deputado federal, em São Paulo, na campanha de 1950. Ao chegar em Ribeirão Preto, cidade de outro amigo candidato a deputado, e tomando conhecimento de um manifesto anti-Café Filho, Adhemar resolveu não pedir votos para as duas candidaturas que o levaram à cidade:
– Não me fica bem, na cidade de Ribeirão Preto, produtora da melhor rubiácea, enaltecer café com broca.
Andressa Mendonça, mulher de Cachoeira, sobre “depoimento bombástico” do marido
ESPÍRITO SANTO TINHA ‘FILAS’ PARA FRAUDAR LICITAÇÕES
O inquérito da Polícia Federal na Operação Lee Oswald, no Espírito Santo, descobriu uma quadrilha que organizava “filas de empresários” para fraudar licitações no Estado e municípios, incluindo a região metropolitana de Vitória. Escutas telefônicas autorizadas pela Justiça comprovam o esquema e indignaram o desembargador Pedro Valls Feu Rosa, presidente do Tribunal de Justiça, que meteu na cadeia, entre outros, um prefeito, quatro vereadores e quinze empresários.
ISENÇÕES SUSPEITAS
A PF também investiga acordos de isenção fiscal milionários, quando Paulo Hartung foi governador e José Teófilo secretário da Fazenda.
POBREZINHAS
Isenções fiscais do pobre Espírito Santo favoreceram mais de 300 empresas, incluindo gigantes como Coca-Cola, Petrobras e Vale.
BANCO DOS RÉUS
O prefeito de Presidente Kennedy, Reginaldo Quinta, um dos presos pela PF, terá muito trabalho: é acusado de uma dezena de crimes.
AS ACUSAÇÕES
Os alvos da Operação Lee Oswaldo responderão por corrupção ativa e passiva, prevaricação, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, etc.
TÉOFILO NEGA DENÚNCIA LASTREADA POR DOCUMENTOS
José Teófilo, que foi secretário da Fazenda do governo Paulo Hartung, de quem se fez sócio em empresa de consultoria, negou a compra de terras a preço de banana em Presidente Kennedy. Diz que apenas as “identificou”. E desqualificou a denúncia do Ministério Público Estadual, que, apesar de baseada em acusação anônima, impressiona pela documentação que a sustenta. O caso está sob investigação da PF.
GUARDIOLA, ADEUS
Está explicado, Guardiola: Lula ganhou um uniforme do Barcelona antes do fatídico jogo. Recomenda-se prudente distância de pés-frios.
GOVERNO DE PAPEL
Na contramão da era digital, a Presidência da República pretende gastar R$ 1,39 milhão em cartões de visita, de Natal e envolopes.
A, DE ARAPONGA
As informações secretas da Agência Brasileira de Inteligência estão ao alcance, inclusive de hackers, no link Sistemas, do portal do Planalto.
MERGULHO
A Marinha prorrogou por mais vinte dias o inquérito que apura as causas do incêndio na base do Brasil na Antártida, que matou dois militares em 25 de fevereiro. A previsão era meados de abril.
PROGRAMÃO
Um concurso em Malaui, África, vai premiar o melhor clipe anticorrupção. A ironia é que o vencedor vai se apresentar numa conferência no Brasil.
MÃO NA CUMBUCA
Sérgio Cabral estava murcho diante de Dilma, no início de operação da petroleira de Eike Batista. A presidente ostentava aquele sorriso de Mona Lisa de quem tinha metido a mão na cumbuca da Petrobras...
PAUTA ATRASADA
Roga-se ao governador do Piauí, Wilson Martins (PSB), que pare um pouco em Teresina após suas frequentes viagens, a exemplo do vizinho cearense Cid Gomes, o conhecido “pé no jato”.
SEM SABOR
Já é a segunda vez que, convidado ao Palácio da Alvorada, Lula leva ex-assessores de contrabando, como o ex-jornalista Franklin Martins. Dilma finge que está tudo bem, mas depois reclama pelos cantos.
SLOGAN MAROTO
O slogan do governo do Maranhão é “De Volta ao Trabalho”, numa alusão ao ritmo preguiçoso do anterior.
Mas o chefe do clã, José Sarney, curte licença de 15 dias enquanto o Senado ferve.
FOGO NO GOVERNO
Do senador Sérgio de Souza (PMDB-PR), da CPI mista do Cachoeira, sobre denúncias que envolvem o governador do Paraná, Beto Richa (PSDB): “Onde tem fumaça, pode ser que tenha fogo”.
PEGADINHA
Irmão de José Genoino, o deputado José Guimarães (PT-CE), cujo assessor foi flagrado com US$ 100 mil na cueca, reclama dos trotes em seu nome, ligando para prefeitos e lideranças locais avisando que ele está “na estrada com pneu furado”, precisando de socorro. “É mentira”.
PERGUNTA NO PROCON
Se o Senado aprovou a venda de remédios em supermercados, será que está liberada a compra de políticos nos canteiros de obras?
PODER SEM PUDOR
CAFÉ COM DESCULPA
Adhemar de Barros apoiou Café Filho para presidente e Broca Filho para deputado federal, em São Paulo, na campanha de 1950. Ao chegar em Ribeirão Preto, cidade de outro amigo candidato a deputado, e tomando conhecimento de um manifesto anti-Café Filho, Adhemar resolveu não pedir votos para as duas candidaturas que o levaram à cidade:
– Não me fica bem, na cidade de Ribeirão Preto, produtora da melhor rubiácea, enaltecer café com broca.
SÁBADO NOS JORNAIS
- Globo: Mortalidade cai, brasileiro volta e a renda sobe
- Folha: “É para o governador”, diz Cachoeira sobre dinheiro
- Estadão: Mortalidade infantil cai 47,5% no País
- Correio: Roubo de veículos cresce 82% no DF
- Estado de Minas: Conheça os mineiros no século 21
- Jornal do Commercio: Brasil tem forte queda da mortalidade infantile