quinta-feira, março 08, 2012

A vida como ela é - ANCELMO GOIS

O GLOBO - 08/03/12
Acredite. O inventário de Nelson Rodrigues, o genial escritor que morreu há 32 anos, até hoje não foi concluído, por divergências entre os herdeiros.
A 11ª Vara de Órfãos e Sucessões do Rio marcou para dia 27 agora, às 14h, um encontro de todos para tentar um acordo.

Tijolo cor de rosa
Aumentou 30%, em 2011, a venda de modelos femininos de equipamentos de proteção individual, os chamados EPI’s (macacões, capacetes etc.), na construção civil, segundo o “Guia do EPI”, anuário do setor.

Mulher na obra...
O Ministério do Trabalho registrou aumento de 65% da mão de obra feminina na construção civil na última década.
As mulheres já ocupam 6% dos empregos do setor.

Ilha da fantasia
Will Smith, o ator americano, negocia a compra de uma ilha em Itacuruçá, no Rio.
Coisa de uns R$ 18 milhões. A operação é feita pela M&S Consultante.

No mais
Antes que algum araponga desconfie de infiltração comunista entre militares da reserva, é bom dizer: o título desse manifesto contra a Comissão da Verdade (“Eles que venham. Por aqui não passarão”) não foi influenciado pelo “No passarán”, de Dolores Ibárruri (“La Pasionaria”), da Guerra Civil Espanhola.
O nome do manifesto a favor da ditadura foi copiado de frase famosa do marechal Emílio Mallet, o grande patrono da Artilharia. Com todo o respeito.

Michelangelo no Rio
O Museu Nacional de Belas Artes, coordenado pelo Ibram, foi escolhidos pela Arquidiocese do Rio para receber eventos da vinda do Papa em 2013.
Já está certa uma exposição de Michelangelo e de objetos do Museu do Vaticano.

Fator aeroporto
Ontem, por volta 19h, o avião da Webjet que fazia o voo WJ 6796 (Rio-Brasília) ficou uma hora parado na pista do Santos Dumont porque... atolou.
A explicação foi que, com o peso da aeronave, fez-se um buraco no chão da área de manobras. Foram necessários dois tratores para desatolar o avião.

Aliás...
A Infraero iniciou um programa de medição de desempenho e de metas para funcionários nos aeroportos.
Já está em curso no Galeão.

COMO MARTIN Luther King, a coluna tem um sonho: fazer o pessoal bacana do Jockey Club Brasileiro usar 1% da energia desperdiçada nas brigas pelo controle do clube na recuperação deste imundo e feioso muro da vergonha, na Rua Jardim Botânico. Até as casas do Jockey que ficam grudadas no monstrengo — em frente à entrada principal do Jardim — estão caindo aos pedaços (veja a foto), deixando em risco os pedestres. Aliás, Eduardo Paes, ainda antes de tomar posse, prometeu se empenhar na melhora do lugar. Mas a promessa não foi cumprida até agora. É pena 



Show do milhão
A Roka Hotéis e Eventos foi autorizada a captar pela Lei Rouanet R$ 4.400.220 para o Arena Cultural SP.
Trata-se de uma arena móvel para shows, peças e filmes.


Carro novo
A Mesa Diretora da Assembleia do Rio aprovou a “padronização da frota” de carros oficiais da Casa.
Cada um dos 70 deputados deve ganhar um Renault novo.

Barca velha
Um pedido de moção de repúdio na Assembleia do Rio contra o aumento da passagem das barcas Rio-Niterói só foi assinado, até agora, por 12 dos 70 deputados (são necessários 24 para ir à votação).
Os outros 58... deixa pra lá.

Onde está você?
“Amor, eterno amor”, a novela da TV Globo, vai divulgar, no fim de cada capítulo, fotos de crianças desaparecidas, cadastradas na Secretaria estadual de Assistência Social do Rio.
Em 1995, iniciativa igual da novela “Explode coração” ajudou a localizar 70 crianças.

Casseta no mar
Hélio de la Peña, nosso casseta, vai participar da maratona aquática Circuito Rei e Rainha do Mar, sábado, no Rio.
Vai nadar 3,5km, do Leblon ao Arpoador.

Novo capítulo
O juiz Joaquim Domingos Neto, do 9º Juizado Especial Criminal, marcou para dia 27 uma audiência entre Grazi Massafera, seu motorista e o aposentado João Manoel Bouzas, vítima, em 2010, de um acidente causado pelo veículo em que estava a atriz, na Barra.
Na pauta, um possível acordo entre as partes. Cauã Reymond, marido de Grazi e dono do carro, também será intimado.

PROGRAMAÇÃO ESPORTIVA NA TV


15h - Atlético de Madri x Besiktas, Liga Europa, ESPN Brasil

15h - Sporting x Manchester City, Liga Europa, RedeTV! e ESPN

15h - Twente x Schalke, Liga Europa, ESPN HD

17h05 - Valencia x PSV, Liga Europa, ESPN Brasil

17h05 - Manchester United x Athletic Bilbao, Liga Europa, RedeTV! e ESPN

17h05 - AZ x Udinese, Liga Europa, ESPN HD

19h30 - Paulista x Goiás, Copa do Brasil, Sportv

19h30 - Flamengo x Emelec, Taça Libertadores, Fox Sports

21h - Washington Capital x Tampa Bay Lightnin, hóquei, ESPN

21h45 - Godoy Cruz (ARG) x Nacional de Medellín (COL), Taça Libertadores, Fox Sports

21h50 - Cuiabá-MT x Portuguesa, Copa do Brasil, Sportv

22h - Chicago Bulls x Orlando Magic, NBA, Space e Space HD

24h - Junior de Barranquilla (COL) x Bolívar (BOL), Taça Libertadores, Fox Sports

A aposta de Dilma - DENISE ROTHENBURG


Correio Braziliense - 08/03/12


A presidente está tão empenhada em fazer do agronegócio a alavanca da economia que vai criar um núcleo específico no Palácio do Planalto apenas para cuidar desse setor



Enquanto os partidos aliados bagunçam a vida do governo no Poder Legislativo, a presidente Dilma Rousseff concentra seus esforços na única coisa que não pode deixar desandar neste momento em que o ex-presidente Lula se recupera da pneumonia: a economia e a alavancagem do crescimento. E o principal caminho é o agronegócio, a área que segurou o Brasil em 2011 e foi responsável pelo índice positivo do Produto Interno Bruto.

Por ordem da presidente, a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, reuniu ontem em seu gabinete representantes de sete ministérios com a presidente da Confederação Nacional de Agricultura, senadora Kátia Abreu (PSD-TO). O encontro foi resultado de uma conversa entre Dilma e a senadora em novembro do ano passado no aniversário da CNA. Ali, Dilma pediu que a entidade preparasse um conjunto de ações capazes de solucionar os gargalos do setor.

A apresentação da senadora foi rica em detalhes. Por uma hora e meia, Kátia Abreu expôs a situação atual dividia em quatro eixos: infraestrutura, marco regulatório, política agrícola e insegurança jurídica no campo. O quesito infraestrutura foi o mais demorado da exposição. Com o mapa do Brasil em mãos, a senadora mostrou que a maior parte da produção de soja e milho que segue para exportação sai do centro do Brasil. Em especial, os portos, sucateados.

Por falar em portos...
Kátia contou aos ministros que o certo seria escoar essa produção por Belém e Itaqui, no Maranhão. E não por Paranaguá e Santos, como é feito hoje. De Belém a Roterdã, na Holanda, são 11 dias. De Paranaguá, leva-se 18 dias, aumentando os custos de exportação. Ou seja, é hora de o governo pensar em mudar o eixo das exportações desses grãos para o Norte e o Nordeste do país.

Na frente de diretores da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), Kátia Abreu reclamou também das hidrovias. Disse que o país tem se preocupado muito com hidrelétricas, mas não providencia as eclusas para que se mantenham navegáveis, capazes de escoar a produção pelos rios Madeira e Tocantins.

No quesito marco regulatório, ela disse que a navegação de cabotagem no Brasil é hoje uma das mais caras do mundo. Na política agrícola, lembrou que atualmente, o seguro agrícola cobre apenas 8% do setor enquanto nos Estados Unidos alcança 89%. Também foi mencionada aos ministros a insegurança jurídica quanto a terras limítrofes a áreas indígenas e ainda uma fiscalização específica para o campo no que se refere ao trabalho escravo.

Por falar em ministros...
A presidente Dilma Rousseff está tão empenhada em fazer do agronegócio a alavanca da economia que vai criar um núcleo específico no Palácio do Planalto apenas para cuidar desse setor. E isso não é à toa. Afinal, é o mais fácil de destravar. Se com os entraves de hoje o agronegócio cresceu mais de 3% em 2011, segurando a economia brasileira, será ajudando esse setor que o país crescerá mais. E, para completar, de boba Dilma não tem nada. Ela sabe que a política é como o amor: quando a dificuldade financeira entra pela porta, a felicidade sai pela janela. E, em termos políticos, quando as dificuldades econômicas se acumulam no país são os votos que voam pelos janelões do Palácio da Alvorada.

Por falar em votos...
Há alguns dias, peemedebistas me avisavam que não tinham nada contra Bernardo Figueiredo, indicado para a Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT). Mas era esse técnico que pagaria o pato do curto-circuito entre o governo e os aliados, em especial, o PMDB. E assim se deu. Não foi a primeira vez que uma indicação do governo terminou rejeitada no Senado. Pelo visto, são esses cargos que servem para dar recados políticos sem grandes consequências para a economia. Dos males, o menor.

Feliz Dia Internacional da Mulher!

O peso da concorrência desleal - EUGÊNIO DELIBERATO


O Estado de S.Paulo - 08/03/12


Os dados da indústria de pneumáticos mostram que o setor terminou 2011 com uma queda de 0,5% na produção, na comparação com o ano anterior. Além da óbvia explicação sobre a queda das exportações por causa da crise em países compradores dos pneus produzidos no Brasil, há um outro fator que tem peso ainda maior neste resultado: a concorrência desleal dos produtos asiáticos importados.

O Brasil tem hoje 15 fábricas de pneus, com uma produção de 66,9 milhões de unidades em 2011. O setor emprega diretamente mais de 25 mil profissionais, além de 100 mil indiretos. Só em tecnologia, essas empresas investiram mais de R$ 4 bilhões no Brasil nos últimos cinco anos. Além disso, o setor tem os melhores salários médios da indústria de transformação brasileira, de acordo com o IBGE.

Em 1999, com o Programa Nacional de Coleta e Destinação de Pneus Inservíveis, as empresas começaram a se organizar e investir para que hoje o setor tenha um bem-sucedido programa de pós-consumo, a Reciclanip, que tem servido de exemplo para setores que agora precisam cumprir a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Mais de US$ 159 milhões já foram investidos no programa, desde 1999, quando começou a coleta pelos fabricantes. Para este ano, o investimento previsto é de US$ 41 milhões. Mais de 1,86 milhão de toneladas de pneus inservíveis foram coletadas e destinadas adequadamente, o equivalente a 373 milhões de pneus de passeio, numa complexa operação logística que envolve 726 pontos de coleta e pelo menos 60 caminhões por dia, transportando pneus de pontos de coleta para os destinos de reutilização, nos sete dias da semana, 24 horas por dia.

Todos esses fatores são responsáveis por uma equação que resulta numa indústria equilibrada e saudável, mas que pode, no entanto, sofrer um significativo abalo com a concorrência injusta dos produtos asiáticos. Cerca de 40% do mercado nacional de pneus já é dos produtos asiáticos, que chegam no Brasil com preço abaixo do normal, uma vez que os pneus de lá não têm o custo de todos esses benefícios citados acima.

Um exemplo: o último Relatório de Pneumáticos do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que apresenta os dados de coleta e destinação de pneus inservíveis no Brasil de outubro de 2009 a dezembro de 2010, revelou que os fabricantes nacionais cumpriram sua meta, inclusive ultrapassando um pouco a quantidade que por obrigação deveriam coletar no período. Esse documento revelou, no entanto, uma situação com a qual devemos nos preocupar como sociedade: os importadores de pneus, sujeitos às mesmas regras de sustentabilidade que os fabricantes nacionais, não estão cumprindo sua obrigação.

Os dados de queda da produção nacional de pneumáticos em 2011, num período de crescimento interno, já são um sinal evidente de que algo precisa ser feito. Reconhecendo a concorrência desleal, o governo brasileiro chegou a instituir, em 2009, taxa antidumping para pneus chineses. Foi uma decisão importante, mas com efeito de curta duração, pois nos meses seguintes foi registrado um grande crescimento na entrada de importados de outros países asiáticos, também com preços desleais e abaixo do mercado. Desde então, a fatia de mercado dos importados asiáticos só tem crescido.

O que está ocorrendo no setor de pneus pode ter consequências ruins para a sociedade, com perda de postos de trabalho, de remuneração e diminuição do investimento em tecnologia. É importante deixar claro que o setor de pneumáticos não quer reserva de mercado e considera a competição justa muito bem-vinda e saudável para o desenvolvimento da indústria nacional. O fator que está desequilibrando a equação e afetando as empresas que produzem aqui é a competição em condições desiguais. Intervir no assunto e tomar uma decisão não é uma questão protecionista. É tão somente uma questão de comércio justo.

Mais coisas no ar - SONIA RACY

O ESTADÃO - 08/03/12


A ação da Odebrecht e da Changi, questionando o vencedor da concessão do Aeroporto de Viracopos na Anac, está dando o que falar. No mercado das empreiteiras, acredita-se que a empresa baiana não teria tomado tal atitude sem aval do governo Dilma – que teme pela obra nas mãos do consórcio liderado pela Triunfo, UTC e Egis.

No Grupo, a versão acima é motivo de chacota. A ação pode atrasar o processo? “Claro que não, está dentro dos prazos para questionamento. Não é judicial”, explica fonte credenciada da Odebrecht.

Entretanto, se a reclamação administrativa for acatada, a coluna apurou que o consórcio vencedor ameaça acionar o Judiciário, deflagrando gigante embate. E uma Copa… sem ampliação de Viracopos.

Pote de ouro
Não foi por pouco que Henrique Meirelles aceitou ser presidente do conselho consultivo do grupo J&F, holding que controla, entre outras, a JBS.

Consta que seu salário anual, conforme o desempenho do Grupo, pode chegar a R$ 30 milhões. Excelente complemento aos US$ 700 mil/ano que recebe como aposentado do BankBoston.

Vai e vem
Dentro do PSB, há quem defenda uma cadeira para Marcio França ou outro nome da legenda na Esplanada dos Ministérios. Em troca de apoio a Fernando Haddad.

O recado chegou à cúpula da campanha petista.

Bolsa de apostas
Tem gente jurando que Ricardo Tripoli já acertou sua saída das prévias do PSDB. Indagado, o deputado nega. “Quem espalha essa notícia quer diminuir meu eleitorado”.

Centro do centro
Guilherme Afif está de partida para Madri e Lisboa. Com a missão de selar aliança entre a Fundação Espaço Democrático, do PSD, e a europeia Internacional Democrata de Centro – que reúne partidos de… centro.

No poder hoje, a IDC tem gente como Mariano Rajoy, na Espanha, e Aníbal Cavaco Silva, em Portugal.

Cortê
Per Westerberg, presidente do parlamento sueco, encontrou-se, anteontem, com Michel Temer.

Foi discutir relações comerciais e oferecer cem bolsas de especialização a engenheiros e estudantes brasileiros na Saab, fabricante do… caça Gripen.

Haja saúde
Depois de perder a compra da Schincariol, adquirida pela Kirin por R$ 6 bilhões, a Heineken faz nova tentativa no País.

Os holandeses estariam “trocando” uma ideia com Walter Farias, dono da Petrópolis.

Dia da Mulher
O grau de discriminação contra a mulher, aferido pela pesquisa Global Gender Gap Report, mostra que ele é menor em países bem colocados no IDH. “O Brasil está na 81ª posição entre 134 medidos pelo GGGR”, destacou, anteontem, Flávia Piovesan, procuradora e especialista em direitos humanos.

Durante encontro de Gabriel Chalita com lideranças femininas do PMDB.

Mulher 2
Ganha reforço feminino o plano de governo de Chalita. O de Luciana Temer, filha de Michel.

Mulher 3
Daniella Helayel assiste em pessoa, durante o Great Launch Rio, no Morro da Urca, ao desfile de sua coleção I Love Rio. Amanhã.

Ao lado do príncipe Harry.

Amor e luta
Para falar sobre o Dia Internacional da Mulher, a coluna escolheu a ex-ministra, ex-senadora e candidata verde à presidência nas eleições de 2010, Marina Silva. Que, em meio ao gigante embate sobre o Código Florestal, encontrou espaço na agenda para a entrevista a seguir:

A data faz diferença? Ou reforça a discriminação?

Datas simbólicas sempre fazem diferença. Diferença positiva. Elas nos lembram de questões não resolvidas que nos são caras. O Dia Internacional da Mulher é uma homenagem à nossa capacidade de realização. Somos 51% da população e queremos nossos direitos.

Por que não existe o Dia Internacional do Homem?

Porque o dominador não precisa de dia. A data é um grito do dominado, a dizer “eu estou aqui, eu existo”. É o marco que mostra algo que permanece incoerente com a diversidade da existência.

O que ainda precisa ser feito em relação aos direitos das mulheres brasileiras?

Salários iguais, por exemplo. Ainda ganhamos 25% menos do que os homens. E muitas de nós não conseguem empregos porque… engravidam. O importante é estabelecer a igualdade com o homem, mas sem perder o direito à diferença, que é inalienável. Eis a contradição.

Quando as mulheres forem tratadas de maneira igual aos homens, este dia poderá ser cortado do calendário?

Quando o meio ambiente for cuidado todos os dias, talvez não seja preciso um dia para ele. Serve para as mulheres também. Quando esse dia chegar, que se torne parte da nossa memória histórica. Porque a busca deve ser pelo “dia do ser humano”.

Que mensagem a senhora daria às brasileiras neste dia?

Não é possível amar mais o outro do que a si mesma. Por isso, lutem. É legítimo continuar buscando a interação social que merecemos. /DANIEL JAPIASSU

Na frente
Depois da passagem por Brasília, Márcia Milhazes negocia trazer para São Paulo seu espetáculo Camélia. Cujo cenário foi montado por sua irmã e artista renomada…Beatriz.

Todas as 579 funcionárias e professoras da ESPM receberão hoje, por e-mail, o poema Mulheres, de Mauro Salles. Mais um convite para a página Mulheres da ESPM no Facebook. Para celebrar o Dia Internacional da Mulher.

O Citi, por sua vez, resolveu celebrar a data convidando um homem para conversar com convidadas, hoje pela manhã. Trata-se de Roberto Pandiani, velejador.

A Maria Bonita lança coleção hoje. Na Oscar Freire.

Alex Atala apresenta sua nova marca, Retratos do Gosto, bem como seu 1º produto, o Mini Arroz. Hoje, no Dalva e Dito.

Com direção de Antonio Abujamra e texto de Dib Carneiro Neto, estreia, amanhã, a peça Paraíso. No Sesc Belenzinho.

Ao ouvir sua paciente questionar, pelo vigésimo ano consecutivo, o comportamento do famoso marido, conhecido psicanalista não aguentou: “Pare de tentar comprar sapato em… açougue”.

QUESTÃO DE JUSTIÇA, SÓ ISSO - ELIANE CANTANHÊDE

FOLHA DE SP - 08/03/12

Para comemorar o Dia Internacional da mulher, que é hoje, o Congresso resolveu brindar as trabalhadoras nesta semana com leis de ampla repercussão na minha, na sua e na nossa vida. E na deles -dos nossos companheiros, companheiras, filhos e filhas.
A primeira estabelece multas para patrões que pagarem remunerações diferentes para mulheres e homens que exerçam as mesmas funções.
De acordo com o Banco Mundial, a participação da mulher no mercado de trabalho aumentou 22% no Brasil desde 1980, mas há uma defasagem entre os salários: a trabalhadora ganha em torno de 27% a menos que o trabalhador em cargos iguais.
Com a lei, a mulher que se sentir discriminada pode entrar na Justiça e reivindicar o pagamento de uma multa de cinco vezes a diferença entre os salários, durante todo o tempo em que ela estiver empregada.
Só não vale, claro, usar a lei para tirar vantagem indevida, alegando discriminação por gênero, quando, na verdade, há diferenças de qualificação profissional, de qualidade técnica do trabalho, de produtividade, de empenho. Fazer isso é trabalhar contra a mulher, não a favor dela.
Dilma não apenas decidiu que vai sancionar a lei, assim que for definitivamente aprovada, como irá pessoalmente ao Congresso para formalizar a sanção. A simbologia é boa.
Outros dois projetos têm o objetivo de aumentar a licença maternidade de 120 para 180 dias. Nada mais justo. Ah, se já houvesse essa regra quando minhas filhas eram bebês...
Para setores patronais, projetos assim são "demagógicos", penalizam as empresas e vão dificultar a contratação de mulheres. É chororô de derrotados. Deixe para lá.
Nós queremos ser a quinta economia do mundo só para inglês ver? Ou queremos ser, de fato, um país mais moderno, mais justo, mais igual?
PS - O veto a Bernardo Figueiredo para a ANTT (a agência de transportes terrestres) foi uma derrota pessoal de Dilma no Senado. A primeira.

O governo perdeu - ILIMAR FRANCO

O GLOBO - 08/03/12


Os partidos da base do governo rejeitaram ontem a orientação do Planalto na votação do Código Florestal. A maioria dos aliados, no gabinete da ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais), informou que apoia as posições do setor produtivo rural. Surpreendida, a ministra afirmou que, nesse caso, o mais conveniente seria adiar a votação para não criar embaraços à atuação da presidente Dilma durante a Conferência Rio+20.

As razões da derrota
No debate da votação do Código Florestal, o governo Dilma decidiu adotar as posições da ministra Izabela Teixeira (Meio Ambiente), que não conta com votos na Câmara a seu favor. O governo queria manter o texto aprovado no Senado. Enquanto isso, o relator, deputado Paulo Piau (PMDB-MG), e a maioria dos líderes aliados adotaram as teses defendidas pelo ministro Mendes Ribeiro (Agricultura). Depois da reunião, no Planalto, o líder do PMDB, Henrique Alves (RN), alertou que seria apostar no impasse ameaçar a bancada ruralista com a não reedição do decreto que dá anistia temporária aos desmatadores.

"Me sinto na obrigação, como base do governo, de chamar a atenção para esse erro. Votem com responsabilidade e impeçam esse absurdo” — Roberto Requião, senador (PMDB-PR), na votação que rejeitou a recondução de Bernardo de Figueiredo para a ANTT

ABUSADO. O carro oficial do Senado, placa 11, trafegava ontem, por volta das 14h20min, a mais de 100km/h na avenida que corta o Lago Sul. Colocando em risco a vida de terceiros, o veículo também fazia ultrapassagens pelo acostamento em alta velocidade. Na escolta, um carro com placa de Belo Horizonte. O veículo parou na casa 1 do conjunto 5 da QL 14; e dele desembarcou o senador Fernando Collor de Melo (PTB-AL).

FGTS
O líder do PSDB na Câmara, Bruno Araújo (PE), e a deputada Andreia Zito (PSDB-RJ) entraram com representação contra a presidente Dilma na Procuradoria Geral da República e na Procuradoria Geral do Trabalho por causa do uso do FGTS para fazer superávit.

Espada de aluguel
A cúpula do PT na Câmara quer abrir uma CPI para investigar as relações do líder do DEM no Senado, Demóstenes Torres (GO), com o jogo do bicho. Mas não quer assumir. Por isso, faz gestões para que o Delegado Protógenes (PCdoB-SP) apresente o requerimento.

Um presente para quem perdeu no voto
Durante a votação da recondução de Bernardo Figueiredo para a Diretoria-Geral da ANTT, o deputado Acelino Popó (PRB-BA) autografava luvas de boxe no plenário do Senado e as mostrava para o senador Aécio Neves (PSDB-MG). Questionado se as luvas eram para ele, depois de registrado o resultado no painel eletrônico, com a rejeição aprovada, Aécio respondeu: "Não, é para o Bernardo Figueiredo, que está ali atrás."

Só para contrariar
A base do governo mandou um recado para a presidente Dilma, ontem, ao rejeitar a recondução do diretor-geral da ANTT, Bernardo de Figueiredo. Votaram contra senadores do PMDB, do PSB, do PDT, do PTB, do PP, do PCdoB e do PT.

Bufando
A primeira reação da presidente Dilma ao saber que o Senado tinha rejeitado a recondução de Bernardo Figueiredo para a ANTT foi de surpresa e perplexidade. Logo em seguida, essa impressão foi substituída por palavras de fúria.

INTERESSES. O novo presidente da Comissão de Agricultura, o deputado Raimundo Gomes de Matos (PSDB-CE), teve 13% de sua campanha financiados pela Bunge Fertilizantes.

OS AMBIENTALISTAS estão em polvorosa com a iminente votação, na Câmara, de proposta que concede ao Congresso a palavra final na homologação de unidades de conservação e terras indígenas.

SUSTO. O senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) sugeriu na reunião da bancada que o líder Álvaro Dias (PSDB-PR) fosse substituído por Mário Couto (PSDB--PA). A bancada votou pela recondução de Dias.

Diferenças - MERVAL PEREIRA

O GLOBO - 08/03/12

No momento em que as estatísticas mostram o Brasil em sexto lugar entre os maiores PIBs mundiais e a China como segunda economia, fazendo sombra aos Estados Unidos, um trabalho do economista José Tavares de Araújo Jr; diretor do Centro de Estudos de Integração e Desenvolvimento (Cindes), constata que as diferenças entre os atuais estilos de inserção internacional do Brasil e da China derivam fundamentalmente de dois fatores: a fragmentação dos processos produtivos contemporâneos, que faz com que o comércio de partes e peãs cresça mais rapidamente do que o de bens finais; e a importância da geografia econômica e da infraestrutura de transportes na conformação das vantagens comparativas de cada país.

São estilos de inserção internacional radicalmente distintos, mas não é possível concluir, diz José Tavares, que um seta superior ao outro, embora a- China esteja podendo tirar mais proveito que o Brasil dessa revolução nas tecnologias de informação, que, para os especialistas, reduziu drasticamente os custos de transação, ampliou o grau de transparência dos mercados e estimulou novas estratégias empresariais baseadas na subcontratação de bens e serviços, e na formação de parcerias estáveis entre fornecedores e compradores de insumos e componentes industriais.

O economista pega a produção de iPhones como exemplar desse novo modelo: cerca de 90% dos componentes são fabricados fora dos Estados Unidos. O aparelho é montado na China e distribuído para as lojas da Apple no mundo inteiro. Apenas algumas atividades são realizadas nos Estados Unidos, como software, estratégia de publicidade e determinados semicondutores, produzidos no Texas pela coreana Samsung.

Tavares ressalta que o grau de integração das economias asiáticas já era alto em 1992, por exemplo, quando os membros da Asean (associação criada em 1967 por Cingapura, Filipinas, Indonésia, Malásia e Tailândia), Austrália, Coréia do Sul e Hong Kong destinaram aos países vizinhos parcelas da ordem de 40% a 60% de suas exportações. Naquele momento, os dois principais centros do comércio regional eram o Japão e a Asean, que mais tarde foi ampliada com a adesão da Birmânia, do Brunei Darussalam, do Camboja, do Laos e do Vietnã Japão e Índia, contudo, destinavam mais de 70% de suas exportações ao resto do mundo, perfil similar ao da China, com grande parte de seu comércio de longa distância realizada através de Hong Kong.

A importância da infraestrutura de transportes nesse processo dificilmente poderia ser exagerada, lembra Tavares. Hoje, entre os oito paises líderes mundiais na movimentação . de contêineres, seis são asiáticos, em contraste com a situação da América do Sul. Em 2008, a movimentação de contêineres nos portos brasileiros foi inferior à metade do volume da Malásia, que ocupa o último lugar na Ásia. A diferença relativa entre Brasil e Chile, segundo colocado na América do Sul, é da mesma ordem.

Outro fator que contribuiu para reduzir os custos de transação foi a convergência das políticas comerciais. Para Tavares, esse crescimento exponencial foi devido em grande parte à divisão regional do trabalho. Assim, a principal função da China nesse processo é o de servir como plataforma de exportação para os países vizinhos. As perspectivas de crescimento do comércio regional continuam elevadas, dada a probabilidade de que a Índia venha a estreitar suas relações econômicas com os países vizinhos.

Já a participação da América do Sul nas exportações e nas importações brasileiras nas duas últimas décadas passa por altos e baixos.

Entre 1990 e 1998, as exportações brasileiras para o continente registraram dinamismo inédito na História da região, tendo saltado de 9% para 24% do total exportado pelo pais.

O crescimento relativo das importações vindas da região foi menor: de 16% para 20%. Essas mudanças resultaram das reformas comerciais unilaterais no Brasil e em outros países no início daquela década, bem como do lançamento do Mercado Comum do Sul (Mercosul) em 1991.

Entretanto, na década seguinte, os níveis de integração regrediram. Em 2002, a parcela das exportações caiu para 12%, devido basicamente à crise argentina, e a partir de 2005, estabilizou-se num patamar de 19%.

Do lado das importações, a parcela declinou lentamente ao longo da década e, desde 2004, tem oscilado em torno de 15%.

Em síntese, diz Tavares, o Brasil não tem condições de exercer na América do Sul um appel similar àquele exercido pela China na Ásia. Além de não ter vizinhos com as características das economias do Sudeste Asiático, falta a logística de transporte.

Visando enfrentar essa situação, em agosto de 2000 os governos dos 12 países do continente lançaram a iniciativa para a integração da infraestrutura Regional Sul-Americana (IIRSA), que constitui um conjunto de projetos organizados a partir do conceito de eixos de integração.

Não obstante seus méritos conceituais, Tavares frisa que a principal fragilidade da IIRSA é sua dependência de investimentos estatais, pois obras públicas de longo prazo raramente são executadas conforme os cronogramas originais, que podem ser alterados ou interrompidos em virtude de restrições fiscais ou da eleição de novos governantes com prioridades distintas daquelas adotadas pelos antecessores.
José Tavares ressalta no seu estudo que, em contraste com o voluntarismo e a complexidade da América do Sul, os acordos firmados pelos países asiáticos se caracterizam por progmatismo e simplicidade.

Da mesma forma, não há, até o presente, registros de resistência protecionistas que tenham impedido o bom funcionamento dos compromissos firmados, como é usual no Mercosul.

Aparências enganam - DORA KRAMER

O Estado de S.Paulo - 08/03/12

As aparências, sabemos, não são confiáveis. Mostram uma coisa, mas não necessariamente querem dizer a mesma coisa.

Tomemos o caso da eleição municipal de São Paulo, exemplo recorrente, mas expressivo por causa do caráter decisivo para o quadro político nacional.

Aparentemente os petistas estão ávidos pela retirada da candidatura de Gabriel Chalita à Prefeitura de São Paulo e, aparentemente, a resistência do PMDB prejudica os planos do PT.

Aparentemente os correligionários do ainda pré-candidato Fernando Haddad fazem de tudo - até abrir mão de um ministério - para que Celso Russomanno, do PRB, desista da candidatura e, aparentemente, a resistência do partido do novo ministro da Pesca sinaliza fracasso na manobra.

No caso da entrega da pasta ao senador Marcelo Crivella, não é apressado pensar que o gesto não tenha tido como objetivo tirar Russomanno da disputa, mas precisamente mantê-lo nela.

Tenta-se matar dois coelhos: acenar com a disposição de dirimir conflitos com o eleitorado evangélico (Crivella foi eleito na condição de bispo da Igreja Universal) e, assim, entre outros benefícios, poder contar com mais uma voz no campo de batalha de ataques a José Serra, do PSDB.

Nesse cenário, atua também Gabriel Chalita, conforme mostram suas declarações iniciais.

Já foi interessante para o PT a retirada dele. Hoje não é mais. Por dois fatores: um, porque nessa altura não há o que o governo possa oferecer ao PMDB para forçar um recuo que deixaria o vice-presidente numa situação periclitante, justamente no momento em que Michel Temer tenta administrar a contestação interna.

Chalita ocupou espaço no programa de TV nacional do partido, retirando de cena lideranças regionais que cederam -a contragosto - ao argumento de que a candidatura era ponto de honra do PMDB contra a hegemonia do PT.

Agora vai dizer que deixou de ser? E o manifesto assinado por 70% da bancada na Câmara ao qual Temer emprestou apoio?

O outro fator que leva o PT a não mais enxergar vantagem na retirada é o reforço que Chalita dará no primeiro turno ao contingente de combate à aliança Serra/Gilberto Kassab.

Por motivos diversos, os interesses convergem e atendem às circunstâncias.

Sempre se pode argumentar que a desistência dos candidatos da base nacional do governo - PMDB, PRB e até o PC do B de Netinho de Paula - daria ao PT um tempo de televisão no horário eleitoral obrigatório (não gratuito, pois custam milhões em renúncia fiscal) mais confortável.

Em termos. Se seguirem a mesma linha de discurso, a divisão dos fatores não altera o resultado, pois todos os programas serão direcionados contra o mesmo alvo.

Com a vantagem adicional de tornar remota a hipótese de uma vitória do PSDB no primeiro turno e a união das tropas no segundo.

Barrados. A lista de políticos atingidos pela Lei da Ficha Limpa organizada pelo site Congresso em Foco já tem mais de 30 nomes relacionados.

Há gente conhecida como Severino Cavalcanti, que não poderá concorrer à reeleição para a Prefeitura de João Alfredo (PE) porque renunciou ao mandato de deputado quando era presidente da Câmara, para evitar processo de cassação por quebra de decoro.

Foi acusado de receber propina na época em que ocupava a primeira-secretaria.

Na listagem constam cinco ex-governadores, dois ex-prefeitos, quatro ex-presidentes de assembleias legislativas e três ex-senadores. Os deputados e ex-deputados são os campeões da ficha suja: 18.

A conferir. Pelo andar da carruagem conduzida por petistas que já reclamam uso mais eficaz da máquina federal em favor de Fernando Haddad, a presidente Dilma ainda acabará sendo apontada como responsável caso a candidatura à Prefeitura de São Paulo não deslanche.

Mais fácil que responsabilizar Lula pela escolha, se vier a se revelar equivocada.

A imagem invisível - EUGÊNIO BUCCI


O Estado de S. Paulo - 08/03/12


A capa da revista Time com data de 5 de março provocou um bom debate. Em 20 fotografias enfileiradas sobre fundo branco, ela retratou rostos de americanos de origem latina. São homens e mulheres, de várias idades, mas todos eles, sem exceção, morenos, de olhos sutilmente puxados. Ao centro, uma chamada em espanhol: Yo Decido. Ao lado, um pequeno texto explicativo: "Por que os latinos decidirão a escolha do próximo presidente".

Detalhe explosivo: numa das fotos, logo na fileira do alto, o terceiro da esquerda para a direita, está alguém que não nasceu nem no México nem na Guatemala. Embora nenhuma das personagens da capa esteja identificada, logo se soube que aquela pessoa, fisicamente parecida com as outras 19 que lhe fazem companhia na capa, era Michael Schennum, um tipo simpático de ascendência chinesa. Ele não é, nem nunca foi, o que a revista Time chama de latino, mas está lá para provar que os latinos existem.

Foi o que bastou para que se armasse uma grita na internet. Duramente questionada pela multidão, a revista não teve outra saída: em questão de poucos dias, precisou pedir desculpas em seu site pelo que chamou de "mal-entendido".

O episódio, que já rendeu polêmicas pertinentes, ainda vai ser muito comentado na imprensa e nas escolas de Jornalismo. Uns dirão que a Time cometeu um deslize ético. Outros, mais técnicos, afirmarão que houve pressa e descuido na seleção das fotos. Haverá ainda os que falarão da força crescente das redes sociais para fiscalizar e denunciar os desvios da mídia. Todos estarão certos, como de costume, mas o que essa história tem de mais interessante não tem que ver apenas com a ética ou com a técnica da atividade jornalística, assim como não se restringe ao poder dos internautas de desmentir a famigerada "grande imprensa". O melhor do episódio está num campo mais vasto, mais crítico, mais fascinante e mais incerto: ele nos leva a refletir sobre o limite da fotografia como registro da realidade no jornalismo.

Comecemos pelo óbvio: há fenômenos que a fotografia é incapaz de registrar. Parece uma aleivosia dizer isso nestes tempos de culto das imagens, mas há notícias, há fatos, há personagens que os olhos não podem ver, mas o pensamento pode saber que existem de verdade. O jornalismo pode dar conta deles, sem dúvida, mas, aí, as câmeras fotográficas não apenas não ajudam, como, às vezes, atrapalham. Foi o que aconteceu agora com a Time, que tentou fabricar um fenótipo quase individualizado para uma demografia difusa.

O equívoco da Time não veio de um preconceito racial ou de más intenções inconfessas, mas da tentativa de fotografar o que não tem face própria, nem pode ter. A revista quis dar rosto a algo que não tem um rosto uniforme e, nesse artifício gráfico, distorceu a face da América. Pior: contribuiu para estigmatizar, pela cor da pele, pelo formato dos olhos, pela textura dos cabelos, pessoas que são tão americanas quanto Kim Basinger, Muhammad Ali ou Louis Armstrong. A Time apontou sua objetiva para uma demografia e captou apenas um erro de informação. Atenção para isso: mesmo que o descendente de chineses Michael Schennum não estivesse ali, a capa da Time com data de 5 de março seria bastante problemática. Ou mesmo errada.

Para que se entenda melhor a invisibilidade de que estamos falando aqui, pensemos no conceito de América Latina. Alguém consegue demarcar no mapa, com exatidão, onde começa e onde termina esse território? Aliás, a América Latina é território? Ou é um conceito cultural? Será que a América Latina acaba na cerca mortal que separa o México dos Estados Unidos? Ou ela continua para dentro do Estado do Texas, chegando mesmo à periferia de Nova York? Será que a América Latina não está, hoje, dentro da própria alma do eleitorado americano? A revista Time, a seu modo, diz que sim, mostrando que 9% dos eleitores americanos são latinos. São eles, segundo a revista, que decidirão a disputa. Por isso ela quis mostrar o rosto deles, e errou.

Os latinos não têm um rosto homogêneo. Assim como o conceito de América Latina não tem fronteiras nítidas na geografia, o aspecto físico dos latinos não é único, distinto de todos os demais, pois nascem bebês de olhos azuis no Peru e em El Salvador. Há latinos loiros e negros despejando suas escolhas nas urnas americanas, mas eles não são um tipo físico. Os latinos da Time são reais, eles existem, mas, para quem quiser enxergá-los um a um, no meio das massas humanas que trafegam nas cidades americanas, eles são invisíveis. Podemos deles ter muitas imagens, mas não podemos ter um retrato. A não ser que queiramos estigmatizá-los, segregá-los, isolá-los, separá-los do povo - e se for esse o caso, teremos de inventar um tipo físico e, com base nele, traçar a linha de corte, o que poderia dar em tragédia.

De tudo isso temos uma conclusão provisória: vídeos, filmes e fotografias não são o critério da verdade, não são capazes de separar o que existe do que não existe. Às vezes as fotografias só mostram uma ilusão, como ocorreu com esse estereótipo de "latinos" que tomou de assalto a capa da Time. Quando é assim, a fotografia é antifactual, antijornalística por definição, apenas uma miragem.

No documentário Janela da Alma, de 2001, dirigido por João Jardim e Walter Carvalho, o escritor José Saramago dá um depoimento difícil de esquecer: "Foram necessários mais de 2 mil anos para que a humanidade inteira entrasse dentro da caverna de Platão". Para ele, a nossa civilização é prisioneira da crença fanática que tem nas imagens. Só damos o estatuto de verdade ao que podemos ver. Um dos muitos problemas que isso nos causou aparece agora na capa da Time. Às vezes criamos falsos deuses, ou falsas fotos jornalísticas, para dar traços de fisionomia ao que são apenas fantasmas da ideologia.

Obama, o Brasil e os outros - CLAUDIA ANTUNES

FOLHA DE SP - 08/03/12

RIO DE JANEIRO - Na semana passada, dois americanos afirmaram, em visita ao Brasil, que o país foi colocado em patamar superior nos cálculos externos dos EUA.

O subsecretário de Estado, William Burns, e o presidente do Council on Foreign Relations, Richard Haass, citaram a posição de sexta economia mundial, o pré-sal e o recorde de turistas brasileiros nos EUA.

Falaram da importância de um hemisfério estável, em que o Brasil tem papel-chave, para que Washington desenvolva o projeto de investir mais recursos militares e diplomáticos na Ásia, onde a China se ergue.

Sem entrar no mérito de como os governos Obama e Dilma pretendem traduzir a nova escala de valor em termos práticos, o fato é que nos EUA, por enquanto, ela está limitada às teorizações do que os conservadores chamam de "elite liberal".

É possível que os comerciantes da Flórida ou de Nova York valorizem o poder de compra dos viajantes do Brasil, mas o país não está no pensamento ou no vocabulário de pessoas como Rick Santorum e Newt Gingrich, que disputam a candidatura republicana à Presidência.

Ambos fizeram carreira num Congresso que andou várias casas para a direita desde o início dos anos 1990, impulsionado por lobbies religiosos, das indústrias bélica e financeira e de países como Israel e Arábia Saudita -e sob a torcida histérica da Fox News, de Rupert Murdoch.

Na campanha eleitoral, foi Gingrich quem usou a vitória da Embraer em licitação da Força Aérea para atacar Barack Obama -e o valor em jogo, US$ 355 milhões, é insignificante diante das vendas de armas em 2010 da americana Lockheed Martin (US$ 35,7 bilhões), à qual a empresa perdedora havia se associado.

O desafio de lidar com os EUA não está na Casa Branca atual, mas num sistema de poder em que políticos caricaturais passaram a exercer influência excessiva.

Rumores de guerra - KENNETH MAXWELL


FOLHA DE SP - 08/03/12
A revista "Foreign Affairs" está conduzindo um debate sobre se os EUA deveriam ou não realizar um ataque militar preventivo para destruir as instalações nucleares do Irã.

Na edição de janeiro/fevereiro, Michael Kroenig, pesquisador de segurança nuclear do Conselho de Relações Exteriores e ex-assessor especial da Secretaria de Defesa norte-americana sobre estratégia de defesa e relações com o Irã, argumentou a favor de um ataque dos EUA cuidadosamente administrado contra o Irã. Ele afirmou que isso representaria um risco menor do que o de tentar conter a república islâmica caso esta venha a desenvolver armas nucleares.

A edição de março/abril trouxe uma resposta de Colin Kahl, professor da Universidade Georgetown, em Washington, e ex-secretário-assistente de Defesa para assuntos do Oriente Médio. Kahl disse que, dados o alto custo e as incertezas inerentes de um ataque militar, os EUA não deveriam se apressar em usar a força antes que todas as demais opções sejam exauridas: "Até lá, a força é, e deveria continuar sendo, um último recurso, e não a primeira escolha".

Os EUA e Israel não são tão polidos. Em visita à capital americana, o premiê israelense interpretou o que o jornal "Ha"aretz" definiu como "sua imitação de Churchill". Ele declarou, em um evento do Aipac (The American Israel Public Affairs Committee), grupo com enorme influência nos EUA, e diante do Congresso, que "esperávamos que a diplomacia funcionasse; esperávamos que as sanções funcionassem; nenhum de nós tem como esperar por muito mais tempo".

Ele mostrou cópias de uma carta de 1944, do Departamento da Guerra norte-americano, negando o pedido do Congresso Mundial Judaico de que fosse realizado um bombardeio sobre Auschwitz.

Netanyahu disse praticamente a mesma coisa a Obama em suas conversas privadas na Casa Branca. Ele acha que a janela de oportunidade para um ataque militar preventivo contra as instalações nucleares do Irã seja curta.

Os EUA e o Irã não contam com meios confiáveis de comunicação e sentem forte desconfiança mútua. Segundo Kahl, um ataque militar não teria precisão "cirúrgica" e haveria consequências imprevisíveis. O governo Obama acredita que sanções e diplomacia sejam a melhor opção. O presidente criticou a "retórica da guerra". A opinião em Israel também está dividida.

Mas, em um ano de eleição, todos os pré-candidatos republicanos, excetuando o isolacionista Ron Paul, defendem uma opção militar. Os iranianos também estão fazendo ameaças. Os tambores de guerra estão batendo. Os próximos meses serão perigosos.
Tradução de PAULO MIGLIACCI

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

FOLHA DE SP - 08/03/12
BB e governo de SP lançam 'Minha Casa' paulista

O Banco do Brasil e o governo de São Paulo lançam convênio para aquisição da casa própria pelos servidores públicos estaduais.

O Casa Paulista é alinhado ao Minha Casa, Minha Vida da administração federal. O benefício dado pelo programa paulista pode chegar até a 150% do valor dos descontos ou subvenções oferecidos pelo programa federal, segundo o novo diretor do BB em SP, Walter Malieni.

"Ele integra o subsídio do programa do governo federal ao do governo paulista, podendo ser de cerca de R$ 60 mil", afirma. Os recursos virão do governo estadual, de acordo com o diretor.

O Casa Paulista estará disponível para servidores ativos e inativos da administração direta, fundacional e autárquica dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.

Para solicitar o subsídio complementar da Casa Paulista, o servidor deve atender às condições exigidas pelo programa Minha Casa, Minha Vida, pelo FGTS e pelo banco, e ter renda familiar bruta mensal de até R$ 3.100.

O imóvel deve ser novo e localizado em área urbana de qualquer município do Estado de São Paulo.

A expectativa é de 20 mil operações em quatro anos - 8.000 ainda em 2012.

Os juros são de 5% a 6% ao ano e o prazo, de 360 meses. "O programa ampliará a participação do banco no mercado imobiliário", diz.

Diária de resorts tem aumento de 7,5% em janeiro ante 2011

O custo da diária nos resorts brasileiros em janeiro aumentou 7,5% em relação ao mesmo mês de 2011, segundo a associação do setor. Com a alta, a média da hospedagem chegou a R$ 684.

"É uma recuperação pequena perto do que o setor necessita", diz Rubens Régis, conselheiro da entidade.
Em 2013, o preço das diárias deve ser semelhante ou sofrer pequena alta, mas sem atingir o patamar de 2010, de R$ 698, afirma Régis.

A taxa de ocupação de janeiro se manteve estável em relação ao mesmo mês de 2011, com 76%. "Com o câmbio desfavorável e os encargos trabalhistas, estamos perdendo a concorrência para o Caribe."

EXECUTIVOS MAIS ANIMADOS
Os CFOs (executivos de finanças) dos EUA e da Ásia estão mais otimistas, de acordo com levantamento da Universidade Duke.

O índice que mede o sentimento passou de 53 pontos para 59 (em escala de zero a cem) no último trimestre.
Segundo os 873 entrevistados, os ganhos e gastos das empresas devem aumentar mais de 7%. As fusões e aquisições devem ser realizadas por 40% das companhias.

A pesquisa aponta ainda que 68% dos executivos estão tentando preencher cargos vagos. A expectativa é que as contratações cresçam 2% nos próximos 12 meses.

NÚMEROS
40% dizem que suas empresas devem realizar fusões e aquisições neste ano
2% será o aumento no número de contratações para os próximos 12 meses, segundo os entrevistados
7% deve ser a alta nos ganhos e gastos das companhias
68% dos executivos dizem estar em busca de profissionais para preencher vagas de trabalho

AVIÃO PEDE PASSAGEM
Enquanto a Infraero e companhias estrangeiras ainda discutem a possibilidade de liberar a operação do megajato A380 em Guarulhos, a fabricante Airbus trará o equipamento para uma demonstração no país.

Antes de desembarcar em uma feira de aviação no Chile no final de março, o avião fará uma escala em São Paulo (22) e outra no Rio (23).

A aeronave ficará estacionada, com visita aberta para convidados. É a segunda vez que um A380 pousa em pistas brasileiras. Em 2007, pousou em Guarulhos e fez voo de demonstração.

EM ALTA
O número de títulos protestados subiu 11,7% no primeiro bimestre ante igual período de 2011, segundo a Boa Vista Serviços, administradora do Serviço Central de Proteção ao Crédito. Para as empresas a alta foi de 16,5%.

CUBANOS CERTIFICADOS
A cubana de charutos Habanos lançou um selo de qualidade para tabacarias.

No Brasil, a Emporium Cigars, distribuidora da marca, será responsável por certificar as lojas.

Os vendedores das tabacarias com selo saberão identificar a 'força' do charuto e a época de fabricação.

A Emporium Cigars tem 600 clientes no país, mas apenas 14 lojas devem receber o certificado.

Neste ano, a empresa também deve expandir o número de tabacarias próprias. Hoje são cinco unidades (duas no Rio de Janeiro e três em São Paulo).

"Queremos chegar a nove", diz Alberto Salles, presidente da empresa. Brasília, Porto Alegre, Curitiba e São Paulo receberão as novas "La Casa del Habanos", lojas oficiais da marca.

Morte na avenida Paulista - CONTARDO CALLIGARIS

FOLHA DE SP - 08/03/12


Perto de onde Juliana morreu, uns idiotas tiram um fino de um ciclista, gritando: "Sentiu o vento?"


Na manhã da sexta passada, Juliana Dias, 33, circulava de bicicleta pela avenida Paulista, entre a faixa preferencial do ônibus (à direita) e a faixa de carros -ou seja, no lugar certo, se é que existe um lugar certo para ciclistas em São Paulo.

As testemunhas contam que, perto da rua Pamplona, ela foi fechada, primeiro por um carro (quem sabe o motorista tenha achado engraçado), logo, por um ônibus. Ela gesticulou e protestou. Nessa altura, segundo uma das testemunhas, de novo, intencionalmente, o ônibus foi para cima de Juliana, que caiu e foi esmagada por um segundo ônibus, que, de fato, não teve culpa.

O motorista do primeiro ônibus foi preso por homicídio culposo (não intencional) e, hoje, ele já está em casa (por sorte nossa, no momento, ele não dirige). Se for verdade que ele fechou Juliana de propósito, ele deveria ser acusado de homicídio doloso -com a intenção de matar.

Segunda, não longe de onde Juliana morreu, na alameda Santos, um idiota do volante passou bem perto de uma bicicleta, acelerando forte, enquanto seu passageiro gritava para o ciclista apavorado: "Sentiu o vento?". Talvez o motorista e seu passageiro temessem ser tão insignificantes quanto um sopro de vento e se consolassem ao ver que, por um sopro, alguém podia se sentir ameaçado.

Da mesma forma, há homens impotentes que se esfregam contra mulheres no metrô lotado: esperam confirmar sua virilidade duvidosa graças à reação indignada que eles suscitam.

Em 1949, W.A. Tillmann e G.E. Hobbs publicaram um dos primeiros estudos de psicologia do trânsito, "The Accident-Prone Automobile Driver - A Study of the Psychiatric and Social Background" (o motorista propenso a ter acidentes - estudo do pano de fundo psiquiátrico e social, "American Journal of Psychiatry", 1949; 106, acesso via http://migre.me/8ae8f). Na hora de autorizar alguém a dirigir, antes de testar seu tempo de reação ou sua visão etc., sugeriam os autores, deveríamos saber quem ele é.

Concordo, em tese: carros, caminhões ou ônibus são armas e, para outorgar um porte de armas, não verificamos apenas que o beneficiário tenha pontaria -queremos saber quem ele é.

O problema é que, na prática, selecionar motoristas por via médico-psicológica significaria quase sempre promover os preconceitos do dia. Por exemplo, Tillmann e Hobbs propunham um perfil do motorista perigoso, que, além de ser instável, insubordinado, imediatista etc., viria "de um lar marcado pelo divórcio dos pais". Tudo bem, hoje, negar a carteira aos filhos de divorciados seria a solução definitiva ao problema do trânsito.

Perfil a parte, Tillmann e Hobbs notaram, justamente entre os motoristas de uma companhia de ônibus, que uma mesma minoria era responsável pela maioria dos acidentes, ano após ano.

Talvez esses motoristas minoritários correspondessem ao perfil que Tillmann e Hobbs tentavam definir. Ou talvez a explicação psicológica da perigosidade no trânsito seja outra (por exemplo, em 1969, Stephen Black, http://migre.me/8ae0k, escrevia que, aparentemente, todos os motoristas são "do bem", mas seu inconsciente é sempre psicopata; numa linha parecida, outros diriam que dirigir é o jeito mais fácil e brutal de compensar qualquer insegurança social e privada).

Seja qual for a explicação, Tillmann e Hobbs mostraram que, fichando cada motorista de uma companhia de ônibus e adicionando constantemente, nessas fichas, o número de acidentes (mesmo menores), as denúncias telefônicas do "como estou dirigindo?" e as infrações relativas à direção arriscada, seria possível chegar a um índice de perigosidade que afastasse do volante aquelas pessoas que nunca deveriam ter se sentado atrás dele.

O afastamento, segundo eles, deveria ser definitivo ou quase: para que um motorista propenso ao acidente se torne um motorista seguro, ele precisaria mudar caraterísticas profundas de seu caráter (possibilidade remota).

Tillmann e Hobbs quiseram mostrar, em suma, que os acidentes não são apenas fruto do acaso e efeito de imperícia ou de bobeiras ocasionais; muitas vezes, os acidentes "refletem a personalidade básica do indivíduo que dirige". E essa ideia ainda não foi levada a sério.

Agora, se Juliana foi mesmo fechada propositalmente por um ônibus, ela não foi vítima do acaso nem da imperícia nem da bobeira ocasional de ninguém.

Falta projeto - MIRIAM LEITÃO

O GLOBO - 08/03/12
A política econômica tem atendido a emergências, quando deveria ter um rumo; ameaça com arsenal de medidas quando deveria implementar reformas que tirassem do caminho os obstáculos ao crescimento; distribui favores quando deveria melhorar o ambiente de negócios. O risco é continuar prisioneiro da briga juros-câmbio-inflação quando o mais acertado é plantar as bases de um novo ciclo de desenvolvimento.

O Brasil deu o salto nos últimos anos porque trabalhou para isso. O país fez reformas, como o Plano Real, a privatização, a nova regulação, o saneamento parcial das contas públicas, a Lei de Responsabilidade Fiscal, a autonomia e as metas do Banco Central. Tudo isso mudou a economia e abriu novos horizontes. A queda da inflação e a redução do percentual de pobres ajudaram a elevar o patamar de consumo criando o círculo virtuoso da ampliação da classe média. Mas o combate à pobreza ficou mais eficiente exatamente porque o país venceu a hiperinflação. A queda dos juros permitiu a ampliação do crédito que é outro elemento importante do crescimento recente.

A disputa política pela paternidade dos bons frutos é um debate medíocre. Esforços de governos diferentes foram complementares; mas é indiscutível que a pedra fundamental desse novo momento seja a estabilização. É falsa a divisão entre neoliberais e desenvolvimentistas. Primeiro porque não há neoliberais no Brasil, e segundo porque não haveria desenvolvimento sem a estabilização.

Agora é hora de plantar o próximo ciclo e tudo o que o governo tem feito é apagar incêndios, agir em emergências e ficar da mão para a boca, reagindo ao número de cada dia. O dado que preocupou esta semana foi a alta medíocre do PIB, e dentro dele a estagnação da indústria, que ainda caiu 2,7% em janeiro. Quando o ministro Guido Mantega fala que tem um arsenal de medidas cambiais para desvalorizar o real, ele acaba, no curto prazo, elevando o incentivo a que se traga mais dólares antes que seja disparado o tal arsenal. Isso derruba mais o dólar. Fala-se também em dar mais dinheiro ao BNDES. A dúvida é o que o banco fará com o dinheiro. Nos últimos tempos, tem posto mais dinheiro subsidiado na velha economia do que na nova; em setores poentes, em vez dos emergentes.

Ser desenvolvimentista não é apenas gostar de desenvolvimento. Isso todo mundo quer, independentemente da corrente de pensamento econômico com a qual a pessoa se identifique. A pergunta relevante é que tipo de avanço está sendo projetado pelas decisões tomadas agora.

Para crescer de forma sustentada o Brasil precisa qualificar brasileiros, reduzir o peso dos impostos sobre o emprego, aumentar a poupança, incentivar investimentos principalmente nos setores de ponta, melhorar a eficiência logística, reduzir a balbúrdia tributária. A lista é conhecida e permanece intocada.

O Ministério da Fazenda e o Banco Central estão prisioneiros do imediatismo. Quando a inflação sobe, os juros são elevados, isso azeda a relação entre os dois órgãos. Os juros altos derrubam a taxa de inflação, mas valorizam mais a moeda brasileira. A indústria pede socorro aos ministros da Fazenda e do Desenvolvimento e eles reabrem o balcão que distribui vantagens setoriais ou adotam barreiras ao comércio. O Tesouro pensa estar induzindo o investimento de longo prazo transferindo recursos não contabilizados como gastos para o BNDES. O BNDES pensa estar fazendo política industrial despejando volumes extravagantes dos recursos no projeto de formação de grandes conglomerados. Tudo isso dá a impressão de que há um projeto. Não há. O país não está induzindo o próximo ciclo de desenvolvimento.

A briga com a China mostra bem isso. Quando a indústria reclama dos desequilíbrios provocados pelos produtos chineses, o Brasil ameaça adotar barreiras. Não se dá conta de dois pontos: primeiro, a China é nosso maior superávit comercial; segundo, não se pergunta o que o país que mais cresce no mundo tem feito de certo. Eles estão investindo fortemente em educação, inovação, e na nova energia, por exemplo. O Brasil deve fazer sua lista de que áreas tocar para aumentar a competitividade, mas tanto a indústria quanto o governo esperam que a taxa de câmbio dê de presente essa competitividade.

O arsenal de incentivos que qualquer governo dispõe serve para apontar os caminhos que a economia deve seguir. Os Estados Unidos não conseguiram ainda retomar o ritmo adequado de crescimento, mas os empregos criados na era Obama são principalmente na transição para a indústria de baixo carbono.

Frequentemente o governo anuncia incentivos fiscais para a indústria automobilística. Não há vantagem para a indústria investir num novo motor de baixo carbono, na inovação, no carro elétrico. Os carros flex, que foram o grande avanço das últimas décadas, são inúteis porque a política de preços dos combustíveis privilegia o combustível fóssil, em vez do etanol.

A formação dos grandes conglomerados da carne não produziu nada palpável. O Brasil continua fora dos mercados de qualidade, não houve aumento na exportação do produto. As empresas favorecidas não foram forçadas a exigir que a cadeia produtiva adotasse novas práticas ambientais e sociais. As empresas apenas ficaram maiores e agora entram em novas áreas.

Os juros caíram, isso dará um alívio temporário, mas o país continua sem projeto, sem lista de tarefas a executar, sem meta de onde quer chegar. O Brasil continua perdendo o que não pode mais perder: tempo.

NA TELINHA - MÔNICA BERGAMO

 FOLHA DE SP - 08/03/12


Os apresentadores Marcelo Tas, do "CQC", Lobão e Cazé Peçanha, que estrearão em "A Liga", e Sabrina Sato, do "Pânico", foram à festa que a Band fez para lançar sua nova programação, no Cinemark do shopping Iguatemi.

TIJOLO POR TIJOLO
O governador Geraldo Alckmin, de SP, entrou com ação no STF (Supremo Tribunal Federal) contra a obrigatoriedade de pagar o valor real de imóveis desapropriados a seus proprietários antes de obter a imissão provisória de sua posse. Ele quer pagar o valor venal, em geral bem mais baixo que o de mercado.

TIJOLO 2
Alckmin argumenta que um decreto de 1941 permite o pagamento do valor venal para a obtenção da posse do imóvel -mas o Tribunal de Justiça de SP rejeita a ideia e tem exigido o depósito do valor real. O governador entrou no STF em fevereiro com uma arguição de descumprimento de preceito fundamental.

TIJOLO 3
O relator da arguição apresentada por Alckmin é o ministro Celso de Mello, decano do STF. A decisão terá impacto em todo o país: os tribunais estaduais terão que seguir o entendimento da corte sobre o assunto.

BARREIRA
Nem mesmo os filhos de Lula estão tendo trânsito livre no quarto do pai, no hospital Sírio-Libanês. Além dos médicos, só a ex-primeira-dama Marisa Letícia e um segurança podem abrir a porta sem pedir licença.

MÃO ESTENDIDA
Os advogados do Hopi Hari devem procurar os representantes da família da jovem morta em um brinquedo do parque para discutir o valor da indenização a ser paga a eles. O pedido inicial é de R$ 2 milhões. Ademar Gomes, advogado dos familiares, diz que eles "não estão irredutíveis" e sim abertos a uma negociação.

FAZENDO SALA
O Cinesesc, na rua Augusta, ganhará duas novas salas. O prédio ao seu lado, ocupado por uma loja de biquínis, já foi adquirido. Ainda não há data para o início da reforma, mas o Sesc já iniciou negociações para, durante o período em que a sala principal estiver fechada, sua programação ser transferida para outros cinemas.

GRANDE MAÇÃ
O ator Murilo Benício comprou apartamento em NY.

HERMANOS
O ator argentino Martín Rodríguez ("O Quarto de Léo") participará do filme "O Tempo e o Vento", de Jayme Monjardim, que começa a ser rodado no fim do mês, em Porto Alegre. A modelo e atriz Mayana Moura também se junta ao elenco, ao lado de Fernanda Montenegro, Cléo Pires, Thiago Lacerda e Marjorie Estiano, entre outros.

NÓS DO MORRO
Seu Jorge e Nando Reis se apresentam nos dias 30 e 31, respectivamente, no festival Verão do Morro. A festa acontece no morro da Urca, no Rio de Janeiro.

PARA AMERICANO VER
O príncipe Harry, do Reino Unido, vem ao Brasil nesta semana, mas aqui só dará entrevista a estrangeiros.

Até agora, confirmou conversa com as emissoras americanas ABC e NBC.

INJEÇÃO DE ÂNIMO
O Ministério da Saúde anuncia hoje reajuste de 10% no valor pago por hemodiálise realizada em pacientes do SUS. Ele passa de R$ 155 para R$ 170,50. Hoje é o Dia Mundial do Rim.

LEITURAS NO DIVÃ
O psicanalista Jorge Forbes lançou anteontem o livro "Inconsciente e Responsabilidade - Psicanálise do Século XXI", na Livraria Cultura do Conjunto Nacional. O empresário Henrique Constantino, da Gol, entre outras personalidades, foi ao evento.

TEMPOS MODERNOS
O jornalista Marcos Augusto Gonçalves, editorialista e repórter da Folha, lançou anteontem o livro "1922 - A Semana que Não Terminou", também na Livraria Cultura do Conjunto Nacional. A artista Jac Leirner e o arquiteto Eduardo Chalabi, entre outros, estiveram na sessão de autógrafos.

CURTO-CIRCUITO

O livro "A Família Empresária" será lançado hoje, às 19h, na Livraria da Vila dos Jardins.

O restaurante Na Cozinha comemora o Dia Internacional da Mulher com menu em homenagem a Christine Yufon.

O barman Kascão Oliveira lança hoje, no Anexo SB, drinques comemorativos do Dia da Mulher.

O Instituto dos Advogados de SP promove hoje, das 19h às 21h, evento sobre o Dia da Mulher.

O designer francês Antoine Tesquier Tedeschi terá seus trabalhos expostos a partir de hoje, às 19h, na loja Choix.

O bar de unhas Cosmopolish dará hoje, das 17h às 21h, aulas de maquiagem para as clientes.

com DIÓGENES CAMPANHA, LÍGIA MESQUITA e THAIS BILENKY