terça-feira, agosto 09, 2011

ANTONIO DELFIM NETO - Receita para o caos


Receita para o caos
ANTONIO DELFIM NETO 
VALOR ECONÔMICO - 09/08/11

Houve novidade na última semana? Nenhuma! Talvez apenas a confirmação que a "racionalidade" dos agentes no mercado é a mesma dos carneiros de Panurge, o célebre personagem criado por Rabelais: tendo sido um deles jogado ao mar, foi fielmente seguido pelos outros. O mercado é a "manada". É a "imitação". É o contágio. É a busca da segurança na insegurança: todos seguem todos, supondo que o vizinho sabe o que está fazendo. Aliás, foi aquele o exemplo dado pelo maior matemático do século XIX, Henry Poincaré (1854-1912), para não dar o grau máximo à tese de Louis Bachelier, o criador da economia financeira, cujo elegante modelo supunha que o comportamento dos agentes fosse independente...

O fato lamentável é que o "mercado em geral" deixou de observar o único mercado em que a possibilidade de um "default" dos EUA seria visível: o próprio mercado dos títulos do Tesouro! Como de costume, o Tesouro continuou vendendo semanalmente (até a última semana de julho), cerca de US$ 80 bilhões de papéis com vencimento de 30 dias, um ano e dois anos (com demanda igual a quatro vezes o total vendido) e com taxa de juros declinante. Esse é o claro fato que nele sempre se considerou um evento de probabilidade nula (ainda que não impossível): os EUA, depois de 250 anos de construção da maior credibilidade do mundo, virem a reconhecer um "default" no cumprimento de obrigações com relação a sua dívida pública.

Não pode haver dúvida. Os EUA estão diante de grave problema: a ocasional disfuncionalidade da sua administração política. O Congresso, dominado por radicalismos, tem dificultado fortemente uma ação adequada do Executivo. A discussão farsesca sobre a ampliação do teto da dívida americana que perturbou todos os mercados (menos o dos próprios títulos da dívida como mostramos acima!) é um sinal daquela disfuncionalidade que aumentou de forma irresponsável a volatilidade de todas as economias do mundo. Ao mesmo tempo, ajudou a ampliar as incertezas sobre a solvência de alguns países da Eurolândia. Infelizmente, esses fazem parte de uma comunidade que, seguramente, não é uma área monetária ótima, não tem mecanismo de controle efetivo sobre as finanças de cada participante e seu Banco Central está mais perplexo e dividido internamente do que o Fed.

Para encurtar uma longa história é preciso reconhecer que a única solução para esses problemas é uma aceleração do crescimento econômico contra o qual, infelizmente, conspiram: 1º) as políticas contracionistas impostas a alguns países; e 2º) a falta de coordenação capaz de impor, pelo ajuste negociado das taxas de câmbio, um reequilíbrio do comércio mundial.

Para o mundo em recessão, a disputa entre as sugestões "neoclássicas" e as "keynesianas" são completamente irrelevantes, uma vez que é visível e palpável o imenso desemprego e a redução do uso do capital físico. Obviamente o que lhes falta é demanda global, isto é, a soma da demanda privada com a pública. A primeira encolheu diante das amargas consequências da imensa patifaria do sistema financeiro, feita sob os olhos complacentes dos governos que estimularam a destruição da regulação produzida nos anos 30 (criada em resposta às mesmas safadezas feitas pelo mesmo sistema financeiro e repetidas nos anos 90). A causa básica da redução da demanda foi a destruição do "circuito econômico" produzido pelo colapso instantâneo do sistema financeiro, resultado da miopia com que foi tratado o problema do Lehman Brothers.

Não é preciso ser macroeconomista para saber que a única forma de manter a demanda global, em tal circunstância, é ampliar a demanda pública, que é o remédio keynesiano. É preciso insistir que o aumento da demanda pública (pela ampliação do gasto) pode ser eficaz para ampliar o uso dos recursos "desempregados" pela queda da demanda do setor privado se, e unicamente se, estimular um aumento do consumo ou do investimento do próprio setor privado. O problema com um certo keynesianismo é esquecer Keynes. O resultado final do aumento da demanda pública só será funcional se alterar as "expectativas" do consumidor (que vê - no futuro opaco - a possibilidade de encontrar emprego) e recuperar o espírito animal do investidor (que vê - no futuro opaco - o renascimento da demanda).

O famoso "multiplicador" dos gastos públicos depende do "estado de espírito" dos agentes econômicos e só pode ser conhecido "a posteriori". É até possível obter uma ampliação do crescimento com uma redução do gasto público ou dos impostos (multiplicador negativo!) em condições excepcionais de "expectativas". A política funcionou muito mal nos EUA e na Europa porque os governos foram incapazes de cooptar a confiança do setor real das suas economias, aquele que emprega e investe. Protegeram o setor financeiro criador da desgraça (da qual eles mesmos foram coadjuvantes) e foram incapazes de restabelecer a confiança necessária ao pleno funcionamento do "circuito econômico".

É por isso que a receita neoclássica de mais "aperto" fiscal e mais aumento de impostos é um equívoco. Não pode levar a lugar nenhum porque não estimulará o uso dos recursos "desempregados" na aceleração do crescimento, que é a única solução do problema no longo prazo.

Mas e a recomendação da abandalhada S&P?

ANCELMO GÓIS - A terra treme I


A terra treme I 
ANCELMO GOIS
O Globo - 09/08/2011

Um ex-presidente do BC brasileiro acha que a Europa precisa voltar a trabalhar mais se quiser sair da crise.
Ele ficou impressionado ao saber que a reunião do BCE, que decidiu comprar títulos de Espanha e Itália, foi realizada por videoconferência porque alguns diretores estavam de férias.

A terra treme II
Guido Mantega também acha que a crise bancária dos EUA, há três anos, era mais grave para o Brasil do que a de agora:

- Se pudéssemos medir a crise pela escala Richter, estaríamos hoje em 2,2. Em 2008, batemos em 8...

É. Pode ser.

Outra má notícia
Uma nova projeção da safra de cana deve apresentar outra queda, além daquela de menos 6%, em julho, em relação a março.

Até os 70
Antônio Patriota levará ao pé da letra a norma do Itamaraty que fixa em 70 anos a idade-limite dos embaixadores lá fora.

É por isso que Arnaldo Carrilho, 72 anos, está deixando o posto na Coreia do Norte, que ele mesmo inaugurou em 2009.

Cuba libre
FH, em entrevista a Eric Nepomuceno no programa "Sangue Latino", que vai ao ar hoje, às 21h, no Canal Brasil, elogiou a Revolução Cubana de 1959:

- Você nunca ouviu uma só palavra minha contra a Revolução. O que aconteceu em Cuba depois é outra coisa.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO


Incorporadora investe R$ 480 milhões no Sul do país 
MARIA CRISTINA FRIAS
 Folha de S.Paulo - 09/08/2011

A incorporadora Nex Group investirá R$ 480 milhões em dez empreendimentos que serão lançados neste ano nos Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina.

A companhia, criada no primeiro semestre deste ano após fusão de quatro construtoras gaúchas, deverá encerrar 2011 com VGV (Valor Geral de Vendas) de R$ 1 bilhão.

"Unimos as quatro empresas para multiplicar o nosso crescimento", afirma o presidente da companhia, Carlos Alberto Schettert.

A principal área de atuação da Nex Group é a construção de condomínios, além da participação no programa Minha Casa, Minha Vida.

Entre os municípios com obras da incorporadora estão Porto Alegre, Pelotas, Canoas, Alvorada (todos no RS) e Itajaí (SC).

A companhia também busca parceiros para comprar terrenos no Paraná e em SP.

"As negociações para nosso primeiro empreendimento em São Paulo já estão adiantadas", diz Schettert.

O grupo deve investir R$ 30 milhões na capital paulista, em parceria com a incorporadora MaxCasa, de José Paim de Andrade.

O acordo também prevê transferência de tecnologia para construções em Porto Alegre, nas quais a MaxCasa terá 13% de participação.

Importadores temem demora com fiscalização do Inmetro

A medida do governo que delega ao Inmetro a responsabilidade de fiscalizar a qualidade dos produtos importados preocupa os importadores do setor de máquinas.

"Nós somos favoráveis, mas tememos que colocar mais uma fiscalização nos portos e aeroportos torne o processo de desembaraço aduaneiro mais moroso do que já é", diz Ennio Crispino, presidente da Abimei (associação dos importadores de máquinas e equipamentos).

Uma carga para ser liberada na alfândega demora atualmente de cinco a sete dias úteis, segundo Crispino.

"A demora maior vai causar prejuízo para os empresários, tanto na linha de produção como nos custos de armazenagem", diz ele. "O instituto não deve ter contingente suficiente para estar em todas as entradas."

A delegação de fiscalizar foi dada ao Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia), autarquia vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, na semana passada, dentro das medidas do Brasil Maior.

Investimento nos trilhos
A ALL (América Latina Logística) vai quadruplicar seu investimento em desenvolvimento de tecnologia interna neste ano, com a injeção de R$ 40 milhões para colocar em operação projetos novos.

Em 2011, a empresa coloca em funcionamento, entre outros, um novo sistema de rádio e um equipamento que orienta o maquinista em relação a condições de clima, velocidade e terreno.

A maior parte do valor representa aquisição e implementação dos rádios digitais, que substituem o sistema de comunicação via satélite, de resposta mais lenta.

Em média são investidos pelo menos R$ 10 milhões por ano no desenvolvimento de tecnologias, valor que não inclui renovação e atualização de sistemas já em uso.

Bolsa... 
A ESPM criou um fundo para ampliar a oferta de bolsas de estudos, o Crédito Solidário, que financiará R$ 10 milhões nos próximos quatro anos.

...de estudo
O programa cobrirá no máximo 80% das mensalidades ao ano de até 200 estudantes de administração, publicidade e propaganda, entre outros cursos.

Plástico
A Lecca fechou as primeiras operações de cartão de crédito com a bandeira Good Card no Estado de SP. A meta é expandir para dez as redes de varejo em municípios paulistas até o final deste ano.

Turbinado
A Silimed, fabricante brasileira de próteses de silicone, começa a exportar para Rússia, Finlândia e Jordânia. Já vende para 60 países.

Carro na Bolívia
A Abla (Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis) lança hoje um programa de recuperação dos seus veículos que foram furtados e levados à Bolívia.

A entidade estima que ao menos mil carros de seus 1.200 associados estejam no país vizinho.

A associação afirma ter identificado um tipo de golpe em que o cliente alugava o carro por até seis dias e dizia ter sido roubado.

Segundo a Abla, porém, a mesma pessoa que fazia a locação do veículo cruzava a fronteira para vendê-lo no país andino.

"Enquanto houver demanda na Bolívia, estelionatários continuarão praticando o golpe. Hoje, se um boliviano quiser alugar um carro no Brasil, terá muita dificuldade", diz o presidente do Conselho Gestor da entidade, Paulo Gaba Jr.

Em julho, a Polícia Federal identificou cerca de 4.000 carros roubados na Bolívia.

Demanda por... 
O setor de bens de consumo foi o campeão de contratações de executivos no primeiro semestre, com alta de 93% na oferta de vagas, segundo a Search, consultoria em RH.

...executivos
Os demais setores que mais demandaram foram: transporte e logística, com 70% de alta, seguido por automotivo (55%), infraestrutura e construção (41%) e óleo e gás (32%), segundo a Search.

Sashimi
A goiana Max Sushi, de culinária japonesa, vai começar a se expandir por meio de franquias. Serão abertas ao menos seis unidades, no interior de SP, BH e RJ.

Varejo...
Mais uma rede de farmácias investe na expansão para o mercado paulista, a Drogabel, que tem origem no Rio Grande do Sul e possui cerca de 70 lojas.

...farmacêutico
A rede, que pretende abrir mais de dez lojas no Estado, inaugura nesta semana a primeira, na cidade de Campinas.

Visão
A Alcon lança no Brasil, em setembro, uma lente para que pacientes de catarata compensem também um astigmatismo preexistente, o que elimina a necessidade de óculos após a cirurgia. O produto foi aprovado pela Anvisa e já é vendido em 37 países.

ILIMAR FRANCO - Muda Conab


Muda Conab 
ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 09/08/11

A presidente Dilma determinou ontem ao ministro Wagner Rossi (Agricultura) que faça uma ampla mudança na diretoria da Conab. Ela pediu ao ministro que dê “um caráter técnico e unitário” à diretoria. Após examinar a documentação apresentada pelo ministro, ambos concluíram que a Conab é vítima de uma disputa política entre os atuais diretores. E, para evitar traumas com os aliados, as alterações serão negociadas com eles.

Sem chance

Em conversa recente, por telefone, a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, voltou a insistir com o ministro Antonio Patriota (Relações Exteriores) na adesão do Brasil ao Protocolo Adicional do Tratado de Não Proliferação, que autoriza a Agência Internacional de
Energia Atômica a inspecionar instalações nucleares com um curtíssimo aviso prévio. Patriota foi categórico ao descartar essa possibilidade. A diplomacia brasileira considera o aumento das restrições do tratado, no protocolo adicional, uma interferência na soberania nacional e na decisão de desenvolver tecnologia nuclear para fins pacíficos.

"Estou preocupado com a votação da emenda da Desvinculação das Receitas da União (DRU). É preciso o voto de três quintos para aprovar” — Cândido Vaccarezza, líder do governo na Câmara (PT-SP), ontem, na reunião da coordenação de governo

DE SAÍDA. 
O prefeito de Manaus, Amazonino Mendes, na foto, está trocando o PTB pelo PDT. O ministro Carlos Lupi (Trabalho) conta: “Ele pediu para entrar no PDT.” Para não perder o mandato, ele recebeu uma carta do presidente do partido, Roberto Jefferson, atestando “incompatibilidade” com o presidente regional da sigla, o deputado federal Sabino Castelo Branco. Os dois estavam em pé de guerra.

Sigilo eterno

O senador Fernando Collor (PTB-AL) teve um breve diálogo com Celso Amorim ontem, na posse do novo ministro da Defesa. Collor é um dos que têm impedido a votação da lei que acaba com o sigilo eterno dos documentos oficiais.

Pente-fino
Assim como foi feito com o Ministério dos Transportes e o Dnit, o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) vai solicitar todas as auditorias que foram feitas pelo Tribunal de Contas da União no Ministério da Agricultura e na Conab.

Caças: à espera da liquidação
O assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, diz que a crise econômica internacional é uma oportunidade para a retomada das negociações para a compra dos caças para a Aeronáutica, já que os preços devem cair. Esse assunto só deve voltar para a pauta, no entanto, no final do ano. Depois que o governo Lula praticamente fechou com o Rafale francês, a presidente Dilma suspendeu as conversas devido ao corte no Orçamento da União.

Prévias
São dois os pré-candidatos do PT à prefeitura de Niterói: o deputado federal Chico D’Angelo e o estadual Rodrigo Neves. Os dois vão
às prévias caso a opção do partido não seja apoiar a reeleição do prefeito Jorge Roberto Silveira (PDT).

Expectativa
Somente após a posse, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, vai se posicionar sobre a Adin da OAB, que pede o fim das
pensões para ex-governadores no Rio. Em decisão anterior, ele foi pelo fim das pensões no Paraná.

 NOMEADO pelo ex-ministro Nelson Jobim, o exdeputado José Genoino continuará como assessor do Ministério da Defesa com o ministro Celso Amorim.
 O MINISTRO Garibaldi Alves chamou a bancada do PMDB no Senado para um almoço hoje. Vai abordar a situação e as necessidades da Previdência.
● A FUNDAÇÃO Astrogildo Pereira, do PPS, lança amanhã, no Senado, o livro “Itamar Franco, homem público democrata e republicano”. A publicação foi organizada pelo jornalista Francisco Almeida e pelo historiador Ivan Alves Filho.

TUTTY VASQUES - Pior para eles!


Pior para eles!
TUTTY VASQUES
O ESTADÃO - 09/08/11

O carioca que saiu ontem cedo de casa para caminhar sob fog inglês teve a segunda surpresa do dia na leitura do noticiário servido no café da manhã: a violência de rua em Londres transformou a zona norte da cidade numa espécie de Complexo do Alemão de antigamente no atual cenário de conflitos da Scotland Yard.

Isso quer dizer o seguinte: com o mundo de cabeça pra baixo do jeito que está, capaz de ter chegado a hora de o Hemisfério Sul dar a volta por cima do caos em que o Primeiro Mundo mergulha progressivamente.

Com o advento da praça de guerra de Tottenham, a Olimpíada de 2012 na capital inglesa superou em temeridade as piores expectativas com o evento programado para o Rio em 2016.

Está ficando mesmo difícil viver praquelas bandas. Cá pra nós, mal comparando com a histeria habitual na Bovespa, a grande depressão global em curso é outro sintoma de que, de ponta-cabeça, o mundo talvez esteja ficando melhor pra gente do que pra eles.

Não demora, o respeito dos motoristas à faixa de pedestres em São Paulo vai contrastar com reportagens sobre o inferno dos engarrafamentos no trânsito de Genebra. Repara só!

É grave a crise
Fracassou por falta de lance mínimo fixado em US$ 500 mil o leilão de um curta-metragem pornô com Marilyn Monroe. E pensar que há 2 meses teve tarado que pagou US$ 4,6 milhões pelo vestido marfim pregueado que a atriz usou em O Pecado Mora ao Lado.

Chororô

"GARFARAM OS EUA!"

Barack Obama, revoltado com o rebaixamento dos títulos da dívida americana.

Fenômeno novo

O pessoal que cuida do visual de Miriam Leitão no Bom Dia Brasil comemorou discretamente: o rebaixamento da avaliação de risco do crédito americano pela agência Standard & Poor"s tirou um bocado do volume dos cabelos da comentarista econômica do telejornal matinal da TV Globo.

Sintoma clássico

Em turnê pelos EUA, Paul McCartney está desconfiado de que foi grampeado na Grã-Bretanha. Dói um pouco quando ele senta!

Mérito do Jobim

Celso Amorim disse aos militares que não pretende "reinventar a roda" no Ministério da Defesa. Isso quer dizer o seguinte: vai respeitar a obra de seu antecessor.

Guerra é guerra

Circula no parlamento iraniano um projeto de lei que proíbe o uso de pistolas d"água em brincadeiras juvenis. A bomba atômica continua liberada em todo o país.

Outro reforço

Neymar já sabe como vencer o Barcelona no Mundial de clubes: "Temos de pedir ajuda a Deus!" Precisa ver se o Pelé vai topar formar dupla de área com Ele!

Sem faxina

Pela avaliação do Palácio do Planalto, a safra de pepinos e abacaxis no Ministério da Agricultura só evidencia o bom desempenho da pasta.

LUIZ ZANIN - Onde andará Paulo Henrique Ganso?


Onde andará Paulo Henrique Ganso?
LUIZ ZANIN
O Estado de S.Paulo - 09/08/11

Assisti a Santos x Ceará e fiquei procurando Paulo Henrique Ganso em campo. Sim, de vez em quando ele estava lá, reconhecível nos passes de classe, refinados e quase sempre certeiros. Mas, de certa forma, era como se não estivesse. Encontrava-se ausente, como em outros jogos. O que será isso? Apenas a tão famosa "falta de ritmo", uma daquelas explicações que servem para tudo, e portanto para nada? Não, me parece que as razões são mais profundas. Insondáveis até.

Podemos apenas especular sobre elas porque, no fundo, ninguém sabe o que vai pela alma de um homem. Mesmo que seja um homem jovem, desses que, como gostamos de dizer, têm a vida toda pela frente.

O que acontece é que Ganso parece estar atingido por alguma espécie de banzo, uma melancolia dessas que tiram o ânimo do cidadão diante da vida. Em tempo: não estou escrevendo esta coluna para perseguir o rapaz. Nem para cobrar-lhe garra, raça, ou qualquer coisa do tipo. Não faz meu gênero. Tento apenas entendê-lo. E o faço porque me lembro, com saudade, daquele jogador da final do Paulista de 2010, que recusou sair de campo quando o treinador Dorival Jr. quis substituí-lo. Muita gente viu no gesto um ato de indisciplina.

Eu não. Vi amor ao clube e amor ao jogo. Aquela sensação que jogadores raros têm de que o momento exige um líder e ele é o único em condições de exercer esse papel. Ganso soube sentir o momento e esteve à altura dele. Pressenti ali o nascimento de um grande jogador. Não apenas pela categoria excepcional do seu futebol, inquestionável, mas pelas provas de maturidade, equilíbrio e liderança dadas por um jovem. Qualidades que, separadas, já são muito difíceis de encontrar por aí; ainda mais todas juntas, na mesma pessoa.

O que se passou depois todo mundo sabe. Vieram as contusões graves, o longo período de afastamento e a disputa com o clube tendo por pivô uma dessas empresas que, curiosamente, são chamadas de "parceiras" no mundo do futebol. Passou a haver uma brutal pressão pela venda imediata de Ganso para a Europa, pois a tal parceira queria fazer dinheiro rápido, como é de sua natureza. Espremido entre clube e investidores, Ganso se viu alvo de especulações variadas. A cada dia surgia na imprensa um clube interessado com o qual ele já teria acertado salários e outros detalhes. Até mesmo no rival Corinthians colocaram Ganso.

Segundo boatos, o clube do Parque São Jorge funcionaria como ponte para a transferência europeia. Custa crer que um clube com a grandeza do Corinthians se preste a semelhante papel. Mas, no mundo do futebol, quem botaria a mão no fogo por alguém ou alguma entidade? O quanto existe de verdade em tudo isso é difícil saber. O futebol tornou-se mercado especulativo, no qual notícias, não necessariamente com base real, são "plantadas" para causar determinados efeitos.

Grupos de investidores e agentes têm todo o interesse em desestabilizar vínculos de jogadores vendáveis com seus clubes porque é negociando atletas que realizam seu lucro. Precisam dos clubes apenas a título de vitrines, nas quais as commodities são exibidas e testadas para que possam ser repassadas aos mercados dominantes.

Em tudo isso, onde fica o fator humano? Em lugar nenhum. Para essa gente isso não conta. É papo "romântico", segundo seu curioso vocabulário. Mas atenção: não acho que Ganso seja um coitadinho, manipulado por gente inescrupulosa. Ele tem sua parte de responsabilidade, mesmo porque é rapaz de personalidade forte, como já mostrou diversas vezes dentro de campo.

Parece, no entanto, que todo esse processo vem lhe roubando o fundamental, que é a alegria de jogar. Enquanto espera uma definição sobre o caso, desaparece em campo. Ou faz apenas o estritamente necessário para estar lá, vestindo uma camisa que já não parece mexer com seus sentimentos. É muito triste isso, e se for verdade, torço para que Ganso acorde a tempo e entenda que precisa apenas jogar o que sabe para conseguir o que deseja e merece.

VINÍCIUS TORRES FREIRE - Armínio Fraga e a Bolsa

Armínio Fraga e a Bolsa
VINICIUS TORRES FREIRE 
FOLHA DE SP - 09/08/11

Economista comenta as últimas da Bolsa no Brasil e a influência de ações do governo sobre os mercados


A BOVESPA sangra faz tempo. Desde o último pico, em novembro, o Ibovespa caiu cerca de 33%. Das Bolsas de ações mais importantes do mundo, é a campeã do tombo.
Investidores daqui e de fora apontam vários fatores para a avaria do mercado de ações brasileiro.
Inflação e, pois, juros em alta reduziram as expectativas de crescimento, dizem -mas a perspectiva de crescimento econômico aqui é muito maior que no mundo rico.
Outra hipótese seria a intervenção do governo em grandes empresas, como Petrobras e Vale, que têm grande peso na Bolsa. Enfim, note-se que os investimentos estrangeiros em ações foram taxados.
Ontem, o Ibovespa caiu mais de 8% -chegou a mergulhar 9,7%.
Algum problema especial e pontual com o Brasil? Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central, da Gávea Investimentos, duvida de explicações simples, a quente. "Foi tudo junto [as Bolsas daqui e de fora]. Não dá para explicar tudo", diz.
Numa conversa que começou no final da semana passada, a coluna perguntou a Fraga qual a interpretação para o massacre que vinha acontecendo na Bovespa.
"Sempre difícil dizer. Alguns fatores: problemas recentes de governança [em relação a empresas como Petrobras, Vale e Pão de Açúcar], percepção de problemas nos bancos, impostos sobre investimentos e a natural reação de um mercado que é um dos favoritos e [ainda] líquido", diz o economista.
Fraga também é presidente do Conselho de Administração (conselheiro independente) da BM&F, que tenta lidar com o recente pacote do governo sobre câmbio, que taxou operações com derivativos, negociados na casa. Especialistas no assunto veem grande dificuldade em tornar operacional a taxação.
A BM&F acha que vai chegar a algum acordo com o governo sobre o pacotaço dos derivativos?
"Não estamos buscando acordo. Governo não faz acordo. Sugestões foram apresentadas para melhorar aspectos operacionais e minimizar distorções", diz Fraga.
Dá para implementar o pacote? O que mais está pegando?
Fraga: "Problemas operacionais no curto prazo e sinais antimercado e pró-business (sugiro a leitura do artigo de Zingales: "Capitalism After the Crisis")".
Fraga se refere ao economista e professor da Universidade de Chicago Luigi Zingales, que advoga reformas que reforcem princípios como meritocracia e liberdade; a rejeição das "socializações de prejuízos" e da ideia de que certas firmas sejam "grandes demais para quebrar". Zingales critica o "capitalismo de compadres", a influência indevida de grandes empresas sobre o governo: é isso que o economista de Chicago chama de "abordagem pró-mercado, e não pró-empresas.
E os negócios com derivativos? Vão mesmo migrar para fora?
"Não acontece instantaneamente, mas já está ocorrendo [volume local na Bolsa versos ADR, por exemplo]", diz Fraga.
Qual o maior dano ao mercado que vocês [BM&F] já notaram?
Cedo para dizer, mas a médio prazo a oferta de capital para empresas brasileiras pode se reduzir. Para um país que precisa investir e empreender mais, seria muito ruim. O Brasil ficará mais na mão de grandes grupos locais e multinacionais, como no passado", conclui.

JANIO DE FREITAS - Bis

Bis
JANIO DE FREITAS 
FOLHA DE SP - 09/08/11

Sobre a recusa de Nelson Jobim em transmitir o cargo a Celso Amorim, não é preciso dizer mais nada



A RECUSA DE Nelson Jobim a fazer a transmissão de cargo a Celso Amorim reproduziu a recusa do general Figueiredo a transmitir o cargo ao sucessor.
Não é preciso dizer mais nada sobre a atitude ou seu protagonista. Ou protagonistas.

SEGUNDO LANCE
A operação de afastamento de um ministro da Defesa e apresentação de outro foi perfeita pela precisão e presteza, como uma cirurgia urgente e delicada.
O intervalo entre queda e indicação do substituto não deu tempo a mais do que a perplexidade.
Quando jornalistas quiseram começar a agitação, era tarde e sobretudo inútil. A substituição do indicado publicamente só poderia dar-se por meio de uma crise ins- titucional incabível nas circunstâncias atuais.
Apesar de tudo, não foi, como operação política, a mais brilhante do dia. Aquela é atribuída à própria Dilma Rousseff. Uma outra, paralela, não está claro quem a tenha idealizado, para o problema Dnit.
Órgão de vida fácil por tanto tempo, o Dnit esgotou sua liberdade de rodar bolsinha.
O inconformismo de congressistas, partidos e das pagadoras empreiteiras aprestou-se, porém, para forçar as mesmas fórmulas tapeadoras que, em escândalos anteriores, fizeram mudanças no DNER e no sucessor Dnit sem alterar o bordel.
Com isso, as demissões recentes, cumprida a sua função de limpeza, logo se tornaram problemas para o governo, cercado pelas voracidades políticas e conflitantes para abocanhar os cargos vagos.
O Dnit foi entregue, de surpresa, a Jorge Ernesto Pinto Fraxe. Nenhum político e nenhum partido pôde nem sequer dizer coisa alguma. Engenheiro, com larga experiência no comando de obras, o escolhido assim calava os que tinham "técnicos" para indicar.
A nenhum político ou partido deixava a possibilidade de criar problema dada a entrega do cargo a outro partido ou outro político, como PR e PMDB estavam prontos para fazer.
Fraxe não tem filiação partidária. Desconhecido, nome tirado de um bolso planaltino em desafio aos partidos? Bem, isso sim.
Mas em que Senado, em que Câmara, em que partido haveria protesto contra a perda de um cargo para um general, e, além de general, sem conexão política e com as habilitações adequadas?
Os cargos subsequentes, esvaziados dos representantes políticos, preenchem-se nestes dias com técnicos nas atividades do Dnit.
O inconveniente do retorno da entrega de cargo civil a militar, uma velha prática de governos que não trouxe benefício algum à funcionalidade administrativa, fica superado pela esperada devolução do Dnit e de seus muitos bilhões aos interesses do país. Até prova em contrário, se houver.

FRAUDULÊNCIA
Considerar que ganho mensal de R$ 1.000 situa na classe média é, no mínimo, uma fraude. Esses R$ 1.000 não chegam nem sequer a dois salários mínimos.
É mais do que tempo de constituir-se uma comissão séria, competente e de ideias livres, para compor uma tabulação honesta da relação entre escala de ganho/salário e escala social.

EDITORIAL - O ESTADO DE SÃO PAULO - O escândalo na Agricultura


O escândalo na Agricultura
EDITORIAL
O Estado de S. Paulo - 09/08/2011

A primeira reação pública da presidente Dilma Rousseff às denúncias de grossa corrupção no Ministério dos Transportes foi a de dar um voto de confiança ao seu titular Alfredo Nascimento, a ponto de lhe atribuir o comando das investigações dos malfeitos. Dois dias depois, quando se revelou que o patrimônio de uma empresa do filho de Nascimento havia crescido inimagináveis 86.500% em dois anos, a presidente deu o dito pelo não dito. Ou, nas palavras do já ex-ministro, ao depor no Congresso, retirou-lhe o apoio prometido. A história - ou, pelo menos, a sua primeira parte - se repete.

No domingo, um dia depois de a revista Veja noticiar que um influente lobista aboletado no Ministério da Agricultura, Júlio Fróes, teria uma gravação na qual o secretário executivo da pasta, Milton Ortolan, exigiria 10% de propina para renovar o contrato de uma gráfica com o órgão, o Planalto informou que a presidente "reitera sua confiança" no ministro Wagner Rossi, que está tomando "todas as providências necessárias". A essa altura, Ortolan, que se declara amigo de Rossi há 25 anos e foi seu chefe de gabinete, havia se demitido, embora protestando inocência. O ministro também soltara uma nota dizendo não ter a menor ideia de quem era Fróes, o lobista.

Na semana anterior, Rossi já tinha sido colocado na berlinda por um ex-diretor financeiro da Conab, Oscar Jucá Neto, demitido por mandar pagar uma fatura de R$ 8 milhões a uma empresa fantasma. Irmão do líder do governo no Senado, Romero Jucá, ele afirmou que "só tem bandido" na pasta e na Conab. Rossi foi se explicar a uma comissão da Câmara - conforme instrução da presidente a todos os ministros em situação similar -, onde foi tratado na palma da mão pelos correligionários do PMDB, parceiros da base aliada e até parlamentares da oposição. Mas, à parte a confiança de Dilma, as coisas mudaram de figura para o apadrinhado do dirigente da sigla e vice-presidente, Michel Temer.

Em primeiro lugar, o relato da Veja não ficou na acusação de Fróes. Fala dos espaços de que ele dispunha, fazendo lembrar o poder exercido nos Transportes por um pseudosservidor que agia a mando do deputado Valdemar Costa Neto, um dos chefões do PR que controlavam a pasta. Entre outros feitos, Fróes chegou a redigir o equivalente à minuta de um contrato de R$ 9 milhões com a Fundação São Paulo, presidida por ele mesmo e mantenedora da PUC paulista. Rossi autorizou a contratação a toque de caixa. Depois, testemunhas teriam visto Fróes distribuindo pastas com dinheiro aos que o ajudaram no contrato.

Além disso, segundo a Folha de S.Paulo e O Globo, Rossi - que dirigia a Conab havia três anos quando foi promovido a ministro por Lula em março de 2010 - transformou numa sesmaria peemedebista, com vagas para o PTB e o PT, o organismo com um orçamento da ordem de R$ 2,8 bilhões. Nos seus cabides estão pendurados um filho do senador alagoano Renan Calheiros, um neto do senador cearense Mauro Benevides, um sobrinho do falecido político paulista Orestes Quércia e a ex-mulher do líder do partido na Câmara, Henrique Alves. Rossi, oriundo do quercismo, voltará a depor no Congresso amanhã, desta vez na Comissão de Agricultura do Senado.

Mas, enquanto não se materializar o espectro que ronda todas as autoridades na mira da imprensa - um letal "fato novo" -, ele tem as costas quentes. A sua queda não interessa nem à presidente nem aos sócios da coalizão governista, a começar do PT. Para Dilma, um coisa é afrontar o PR - e ainda assim, mordendo e assoprando -, outra é provocar o PMDB de Michel Temer, unido como nunca esteve, cujos 78 deputados e 20 senadores fazem da sigla a maior força do Congresso. O PT, por sua vez, tem um motivo capital para não criar marola. É o fundamentado temor de que, à primeira denúncia que espocar contra um companheiro, os aliados darão à oposição as assinaturas para a CPI sobre escândalos que o governo barrou no caso do PR.

"É perigoso dar um tratamento isonômico a situações diferentes", teoriza o senador petista Walter Pinheiro. Mas o deixa-disso deixa Dilma cada vez mais debilitada diante da tigrada.

CLÓVIS ROSSI - Mais governo, menos mercado

 Mais governo, menos mercado
CLÓVIS ROSSI 
FOLHA DE SP - 09/08/11

O cassino das finanças utiliza erro da agência Standard & Poor's para aumentar a especulação


O PRESIDENTE Barack Obama atacou ontem de Luiz Inácio Lula da Silva e sua propensão ao ufanismo/ bravata: "Os mercados subirão e baixarão, mas os Estados Unidos sempre seremos um país triplo A", cantou.
Não havia mesmo outra coisa a dizer, no momento em que a desconfiança sobre os Estados Unidos está no auge, até porque seus títulos de dívida deixaram de ser AAA, pelo menos para a Standard & Poor's.
Mas, para investidores e governos do G20 que compraram tais papéis, eles continuam sendo triplo A, desmoralizando ainda mais a S&P.
No desespero pela queda mundial nas Bolsas de Valores, a procura pelos títulos da dívida norte-americana só fez aumentar. Em consequência, cai o retorno, em proporção inversa ao aumento do preço. No meio da tarde de ontem, a queda no "juro" pago pelos papéis de dez anos caía 8%.
Ironizava Lou Crandall, da firma Wrightson Icap, para o "Financial Times": "O que você faz se [os títulos, chamados "treasuries"] são degradados? Compra mais treasuries".
Ironia à parte, no próprio mercado a S&P foi duramente criticada. Escreveu, por exemplo, Bill Miller, chefe de investimentos da Legg Mason Capital Management: "O rebaixamento pela S&P da dívida soberana dos EUA foi precipitada, errada e perigosa".
Nada que você não pudesse ter lido domingo neste espaço, mas, repito, em inglês e vindo de uma voz de mercado, fica sempre mais sonoro.
Se você prefere em francês, eis o que disse ao "Le Monde" de ontem Rama Cont, diretor do Centro de Engenharia Financeira da Universidade Columbia (Nova York): "Se as agências [de rating] sopram hoje o calor e o frio sobre os Estados e os mercados, é porque reguladores e legisladores lhes conferiram o estatuto de oráculos".
Tanto é assim que o rebaixamento foi o pretexto do dia para mais uma jornada infernal nas Bolsas de Valores. O que reforça outra avaliação constante deste espaço, a de que os mercados estão crescentemente tomando o lugar dos governos.
Avaliação compartilhada por Bernd Riegert, da Deutsche Welle, a mídia pública alemã: "Instáveis investidores estão influenciando as políticas fiscal e monetária mais do que os líderes nacionais. Os políticos, nos Estados Unidos, na Ásia e na Europa, olham impotentes enquanto uma massa de investidores sem rosto movimenta bilhões de euros e dólares através dos mercados mundiais, ditando as futuras políticas fiscal e econômica no percurso".
Bingo. A decisão do Banco Central Europeu de comprar papéis italianos e espanhóis não foi por convicção, mas porque os mercados vinham há duas semanas apostando contra Itália e Espanha, elevando a níveis insuportáveis os juros cobrados pelos títulos da dívida.
É verdade que a ação do BCE foi positiva: os juros caíram substancialmente, mas o mal já feito no percurso está dado.
Nem os Estados Unidos nem a Europa nem ninguém conseguirá manter o AAA ou chegar a ele se continuar esse jogo em que os mercados, não eleitos, determinam as políticas aos líderes devidamente eleitos. Estes podem ser bons ou ruins, mas têm que prestar contas regularmente aos eleitores. Os mercados, não.

JOSÉ SIMÃO - Natalie! I Love Periguetis!


Natalie! I Love Periguetis! 
JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SP - 09/08/11

BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Direto do País da Piada Pronta: "Ex-detentos erguerão o estádio do Corinthians, o Itaquerão". Tão dizendo que é o Mutirão da Casa Própria! Rarará!
"Aniversariante da semana, Zagallo garante: sexo aos 80 anos é normal." E sabe o que ele anunciou na festa do aniversário? A próxima rodada de Viagra é por minha conta. Rarará! E esta: "Presa professora acusada de fazer sexo com estudante de 16 anos". Como é o nome dela? TARA! Tara Driscoll!
E a crise americana? A CRAISE! O Buraco Obama! A crise tá tão grande que: na compra de uma passagem da American Airlines, ganhe greencard para toda a família! Rarará! E mais: "Comerciantes da 25 querem comprar Miami!". E outra: "Galeria Pajé abre filial em Nova York!". E o índice Dow Jones mudou de nome pra DOWN JONES!
E "Insensato Coração"? Eu concordo com a Dilma: a melhor da novela é a Natalie! Eu amo a Natalie! Eu amo periguetis. A Globo devia lançar a camiseta I Love Periguetis! E um leitor me disse que queria ver a Deborah Secco molhadinha! A Deborah Secco foi a inventora das periguetis, ops, da minissaia perigueti. Aquela miniminissaia que bate no umbigo. Vulgarmente chamada de abajur de perereca! Rarará!
E eu disse uma vez que a Deborah Secco trabalha mal até em foto. Mas agora ela surpreendeu. A Natalie surpreendeu o Brasil. Ela tá dando um show de interpretação. Podia ser um show de interTREPAÇÃO! Rarará! Ela devia virar ministra da Dilma. É isso que tá faltando no Periquitério da Dilma: uma perigueti. Natalie Lamour pro Ministério das Periguetis! E a manchete do Piauí Herald: "Dilma demite Cortez de 'Insensato Coração'". Rarará!
E olha essa placa que recebi por e-mail: "Demite-se pedra e muro etc!". Deve ser a placa em frente à casa da Dilma. Rarará!
E mais uma da série Os Predestinados! Direto de Portugal: dono de uma empresa de preservativos: Pedro ALEGRIA! E um português cortou a ponta da camisinha pra não gastar. Rarará! E diz que um português entrou na farmácia e gritou: "Me dá uma camisinha que hoje vou dar uma tremenda bimbada". E o farmacêutico: "Português! Cuidado com a língua!". "Então me dá duas!" Rarará! Viva o Pedro Alegria!
Nóis sofre, mas nóis goza.
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

LUIZ GARCIA - Supremo e Superior


Supremo e Superior
LUIZ GARCIA
O Globo - 09/08/2011

Alguém já disse - e, se não disse, deveria ter dito - que o Brasil é um país que adora redundâncias: se uma coisa é boa e dá certo, repete-se a sua receita quantas vezes for possível. Até, claro, deixar de dar certo.

Uma aparente redundância existe na cúpula do Poder Judiciário, onde estão o Superior Tribunal de Justiça e o Supremo Tribunal Federal. Para um observador ingênuo, "superior" já indicaria o fim da linha, o topo da pirâmide. Nada disso: pelo visto, era preciso mais um degrau - e ficou decidido que "supremo" estava acima de "superior". Talvez tenhamos de dar graças a Deus pela inexistência no vocabulário de um patamar depois de "supremo".

A instância "superior" é o fim da linha para questões que não têm a ver com a Constituição. E no patamar "supremo" julga-se a constitucionalidade das leis. O STF também é o tribunal para crimes de que sejam acusados os ocupantes de cargos no topo da pirâmide: presidentes e vice-presidentes da República, membros do Congresso etc.

Só para comparar, sem a pretensão de palpitar sobre qual é o melhor sistema, nos Estados Unidos o Supremo Tribunal só julga questões que, na opinião dos seus sete ministros, envolvem a interpretação da Constituição americana, que é muito menos detalhada que a nossa. O que talvez seja uma virtude. Ou, quem sabe, uma questão de temperamento: os anglo-saxões tendem a ser mais concisos que os latinos, alguma coisa por aí.

Seja como for, parece que o nosso sistema está com um sério problema: no ano passado, os ministros do STJ receberam perto de 230 mil processos. No fim do ano, mais de 190 mil deles aguardavam julgamento. Justiça adiada, como se sabe, é injustiça.

A situação levou o ministro Marco Aurélio Mello, do STF, a propor uma medida dramática: dobrar o número de membros do STJ, de 33 para 66. Não sairia barato. Para se ter uma ideia, no ano passado o tribunal precisou de mais de R$700 milhões para a sua folha de pagamentos - uns cem milhões acima do que o STF pretende gastar em 2012. E é preciso não esquecer que, mesmo com o reforço de 33 ministros, o tribunal obviamente não conseguirá botar os julgamentos em dia.

Na verdade, o problema do Judiciário não é apenas financeiro: tem deficiências de estrutura e organização, que não serão sanadas simplesmente por injeção de recursos. Apenas por exemplo, talvez seja até necessário discutir se precisamos mesmo ter dois tribunais na última instância da Justiça. Afinal de contas, "Supremo" e "Superior" são sinônimos, ou quase isso.

XICO GRAZIANO - Jogo da memória


Jogo da memória
XICO GRAZIANO
O Estado de S.Paulo - 09/08/11

Quem não se comunica se estrumbica. O conselho do saudoso Chacrinha parece ter atingido a turma da roça, acostumada a levar paulada da opinião pública. Surgiu uma campanha de mídia para valorizar a agricultura. Tomara que funcione.

"Sou agro", diz o mote principal da campanha, que, segundo o ex-ministro Roberto Rodrigues, articulador do movimento, concretiza uma ideia cultivada há tempos. Ferrenhamente, ele defende, com conteúdo e graça, a necessidade de mostrar ao cidadão a importância da agricultura na vida da sociedade. Comunicação, afinal, é a alma do negócio.

Ninguém valoriza o que desconhece. O difícil jogo da mensagem começa por esclarecer a força econômica do campo. O Brasil deixou de ser essencialmente agrícola. Mas sua agropecuária movimenta um complexo produtivo que, desde antes da roça até o consumo, representa cerca de um quarto das riquezas do País.

O dinamismo do agro tem superado a média nacional. Entre 1980 e 2008, o PIB agropecuário cresceu à média de 3,8% ao ano, enquanto o PIB geral se expandiu à taxa de 2,8%. Valiosa, e desconhecida, informação. No interior do Brasil, quando a agricultura vai bem, o comércio se movimenta, o emprego se aquece, as pessoas se alegram.

Assusta o mundo o Brasil agropecuário. O saldo das exportações menos importações gerou, ano passado, superávit de US$ 61 bilhões. Muita gente não sabe disso. São, porém, as exportações do agronegócio que pagam a conta das mercadorias importadas. Sem as divisas oriundas da soja, de carnes, café, açúcar, suco de laranja, frutas, celulose, o padrão de consumo dos brasileiros estaria bem abaixo do atual. E a inflação, mais elevada.

Sobram desempregados nos grandes centros urbanos. Nas movimentadas regiões agrícolas, ao inverso, faltam trabalhadores para a faina, como agora na colheita nos cafezais mineiros e capixabas. Em todo o Centro-Oeste, requerem-se operadores de máquinas e gerentes de produção, com salários que dobram a média nacional. Chega a ser surpreendente.

Nada disso aconteceria sem a incrível modernização tecnológica que transformou a produção agropecuária nos últimos 30 anos. Mas o passado condena. O brilho da modernidade rural se ofusca nas reminiscências do coronelismo e do escravismo, somadas às do desmatamento histórico, marcas indeléveis cravadas nas costas dos fazendeiros.

Aqui reside o grande desafio do marketing rural: superar a imagem negativa herdada do sistema latifundiário, substituindo os traumas idos pelas benesses presentes. Difícil jogo da memória coletiva.

Novos obstáculos se criaram, obviamente, pelas luzes da urbanização. Rápido demais, no processo do êxodo rural se gerou uma espécie de rejeição ao modo antigo de vida, depreciando os pés sujos, que ficaram para trás. Infelizmente, o Jeca Tatu, de Monteiro Lobato, mais alguns filmes de Mazzaropi destruíram a reputação do homem do campo. Uma tragédia cultural.

Começa, recentemente, a ser vencida essa sina. Em face dos dramas da violência e da poluição, famílias retornam ao interior, encontrando bom emprego e melhor qualidade de vida. Jovens citadinos vestem-se de xadrez para agradar às meninas nas festas de peão boiadeiro. Chácaras servem de palco para o bom churrasco do fim de semana campestre. Turismo de aventura se embrenha nas matas. Revaloriza-se o espaço rural.

Está correta a campanha "Sou agro" ao destacar o vínculo, geralmente inconsciente, das pessoas com as coisas da terra. Começa pelo alimento. Parece banal, mas muita gente perdeu a noção da labuta rural no provimento da própria mesa. Alimentos processados e embalados escondem sua verdadeira origem.

Arroz dá em árvore ou no cacho? Brincadeiras à parte, falta transmitir conhecimentos básicos para mostrar que o labor agrário se espraia pela sociedade. Os jovens, certamente, pouco se lembram dos cotonicultores ao vestirem seus cômodos jeans. Muito menos os santistas sabem que aquele memorável gol do Neymar, na Vila Belmiro, contra o Flamengo contava com a presença da pecuária no couro da bola de futebol.

Na cevada que fermenta a cerveja, no látex da seringueira que estica a camisinha, na celulose do eucalipto que fabrica o caderno escolar, na sola do sapato, no tanque de combustível do carro, no xampu, no chiclete, por onde se procura facilmente se encontram, transfigurados em mercadorias, rastros da agropecuária.

A turma da roça está feliz, até mesmo orgulhosa, escutando no rádio e vendo na televisão atores famosos falando bem do seu mundo. Em geral, nos noticiários, quando sai assunto sobre a agropecuária, só ressalta o lado negativo. E nas novelas, caricaturas ridículas obrigam jovens atores ao linguajar caipira sem nunca terem eles visto uma galinha na vida.

Eu desconheço o resultado que essa campanha de mídia agora trará. Mas de uma coisa tenho certeza: as lideranças da agropecuária também precisam ajudar a melhorar a sua imagem na sociedade. Começa pela renovação, das posições e dos antigos discursos. Deixem os jovens ocupar o seu lugar.

Não custa, também, acertar o vocabulário. Não me refiro ao linguajar do erre carregado. Falo do cuidado com os termos. Noutro dia, por exemplo, lá em Ribeirão Preto, o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, empolgado, desatou a discursar: "Aqui está a cadeia do café, ali vejo a cadeia do etanol, lá a cadeia do boi...". Coisa mais pejorativa!

Cadeia é lugar de bandido. Agronegócio já anda uma palavra estigmatizada. Agora, referir-se à cadeia produtiva excluindo seu complemento adjetivado complica mais. Economiza palavra, mas destrói a comunicação da turma da agropecuária.

Assim, nem Lima Duarte e Giovanna Antonelli resolvem isso!

ARNALDO JABOR - Hiroshima, meu amor

Hiroshima, meu amor
ARNALDO JABOR
O GLOBO - 09/08/11

Outro dia tentei ver o filme "Hiroshima, Meu Amor", de Alain Resnais, e não consegui; parei no meio porque as cenas documentais inseridas na história são insuportáveis mesmo para nossos olhos já acostumados a horrores.

Há 66 anos, em 6 e 9 de agosto de 1945, os norte-americanos destruíram Hiroshima e Nagasaki. Todo ano me repito e escrevo artigos parecidos sobre a bomba nessa data. Mataram 150 mil pessoas em minutos e repetiram o feito três dias depois. Escrevo sempre sobre esse fato histórico, sobre essa tragédia extra depois do Holocausto, não para condenar um dos maiores crimes da humanidade, mas para lembrar que o impensável pode acontecer a qualquer momento.
A situação no Oriente Médio, mesmo com a "Primavera Árabe" ainda meio ilusória, tende a um conflito entre os cada vez mais poderosos Irã e Israel, com o corrupto Paquistão atômico ao lado da Índia também atômica. Sem falar no chiqueiro da Coreia do Norte.

Ou seja, vivemos ainda na era inaugurada por Hiroshima.

Lá e em Nagasaki, inaugurou-se a "guerra preventiva" como chamamos hoje.

Enquanto o Holocausto dos judeus na Segunda Guerra fecha o século XX, o espetáculo luminoso de Hiroshima marca o início da guerra do século XXI. O horror se moderniza, mas não acaba.

Auschwitz e Treblinka ainda eram "fornos" da Revolução Industrial, eram massacres "fordistas", mas Hiroshima inventou a guerra tecnológica, virtual, asséptica. A extinção em massa dos japoneses no furacão de fogo fez em um minuto o trabalho de meses do nazismo.

O que mais impressiona na destruição de Hiroshima é a morte "on delivery", "de pronta entrega", sem trens de gado humano, morte "clean", anglo-saxônica. A bomba norte-americana foi considerada uma "vitória da ciência".

Os nazistas matavam em nome do ideal psicótico e "estético" de "reformar" a humanidade para o milênio ariano. As bombas norte-americanas foram lançadas em nome da "razão". Na luta pela democracia, rasparam da face da Terra os "japorongas", seres oblíquos que, como dizia Truman em seu diário, "são animais cruéis, obstinados, traidores". Seres inferiores de olhinho puxado podiam ser fritos como "shitakes"...

A bomba A agiu como um detergente, um mata-baratas. A guerra como "limpeza", o típico viés norte-americano de tudo resolver, rápida e implacavelmente...

A destruição de Hiroshima foi "desnecessária" militarmente. O Japão estava de joelhos, querendo preservar apenas o imperador e a Monarquia. Diziam que Hitler estava perto de conseguir a bomba - o que é mentira.

Uma das razões reais era que o presidente e os "falcões" da época queriam testar o brinquedo novo. Truman fala dele como um garoto: "Uau! É o mais fantástico aparelho de destruição jamais inventado! Uau! No teste, fez uma torre de aço de 60 metros virar um sorvete quente!...". O clima era lúdico e alucinado... tanto que o avião que largou a bomba A em Hiroshima tinha o nome da mãe do piloto na fuselagem - "Enola Gay". Esse gesto de carinho derreteu no fogo 150 mil pessoas. Essa foi a mãe de todas as bombas, parindo um feto do demônio.

Os norte-americanos queriam vingar Pearl Harbour, pela surpresa de fogo, exatamente como o ataque japonês três anos antes. Queriam também intimidar a União Soviética, pois começava a Guerra Fria; além, claro, de exibir para o mundo um show "maravilhoso" de som, luz e fúria, uma superprodução a cores do novo Império.

O espantoso também é que o Holocausto sujou o nome da Alemanha (até hoje), mas Hiroshima soa como uma vitória tecnológica "inevitável". Na época, a bomba explodiu como um alívio e a opinião pública celebrou tontamente. Nesses dias, longe da Ásia e da Europa, só havia os papéis brancos caindo como pombas da paz na Quinta Avenida sobre os beijos de amor da vitória.
Naquele contexto, não havia conceitos disponíveis para condenar esse crime hediondo. A época estava morta para palavras, na vala comum dos detritos humanistas.

Hoje, a época está de novo morta para palavras, insuficientes para deter ou mesmo descrever os fatos.

Agora, não temos mais a guerra fria; ficamos com a guerra quente do deserto - a mais perigosa combinação: fanatismo religioso e poder atômico. Vivemos dois campos de batalha sem chão; de um lado, a cruzada errada do Ocidente, apesar de Obama, que foi contra e hoje tem de resolver os crimes do Bush.

Do outro lado, temos os homens-bomba multiplicados por mil. E eles amam a morte.

Hoje, já há uma máquina de guerra se programando sozinha e nos preparando para um confronto inevitável no Oriente Médio. Estamos num momento histórico onde já se ouvem os trovões de uma tempestade que virá. Os mecanismos de controle pela "razão", sensatez, pelas "soft powers" da diplomacia, perdem a eficácia. Instala-se um progressivo irracionalismo num "choque de civilizações"; sim, sei do simplismo da análise do Huntington em 1993, mas estamos diante do simplismo da realidade, formando uma equação com mil incógnitas impossíveis de solucionar.
Como dar conta da alucinação islâmica religiosa com amor à morte do Paquistão, da Índia, de Israel, do Irã dominado por ratos nucleares em breve, da invencibilidade do Afeganistão, com a "hiper-direita" de Israel com Bibi, com o Hamas ou o Hezbollah que querem impedir o "perigo da paz"? E agora, com a súbita vitória dos "tea parties" na América e a porrada que deram no Obama?

"There is a shit-storm coming" - disse Norman Mailer uma vez.

A crença na razão ocidental foi ferida por dois desastres: o 11 de Setembro e a era Bush-Cheney, que pode renascer agora. A caixa de Pandora que Bush abriu nunca mais se fechará.

Sente-se no ar o desejo inconsciente por tragédias que pareçam uma "revelação". Historicamente, sempre que uma situação fica insolúvel, prosperam as ideias mais irracionais, mais boçais para "resolver" o problema. Mesmo uma catástrofe sangrenta parecerá uma "verdade" nova. Já imaginaram os "tea parties" no Poder?

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE


Faca na goela
SONIA RACY
O ESTADÃO - 09/08/11

Além da volatilidade no mundo, há outra coisa deixando as empresas brasileiras de cabelo em pé. Sem alarde, o Supremo Tribunal Federal decidiu, no fim de julho, que os acordos assinados entre estados e empresas, abrindo mão de cobrança de ICMS em troca de investimentos, é ilegal, não tem aprovação do Confaz.

Isto é, o STF confirmou a ilegalidade de incentivos usados na guerra fiscal para atrair empresas.

Faca 2

Como a prática se dá há 20 anos, a decisão, segundo conhecido advogado, é impossível de ser cumprida. Pelo menos sem quebrar as empresas.

Exemplo: como a Ford, instalada na Bahia por meio de incentivos de ICMS, vai devolver o dinheiro do imposto não pago sem inviabilizar seu negócio?

Choque

Marcelo Alvez de Lima, dono do Porsche que matou Carolina Menezes Santos em acidente, pode ter seus bens bloqueados. Os advogados da família da moça já entraram com pedido de medida cautelar.

E estudam ação de reparação de danos.

Tio Patinhas

Tudo o que reluz é... ouro. Foi para onde os mercados correram ontem.

Diferentemente do que previram muitos economistas, o comportamento do mundo não está sendo nada light após o rebaixamento do rating dos EUA..

Trombada

Ao discursar em seminário na UFABC, Jurandir Fernandes cutucou: "Um gênio da lâmpada viu o aluguel de bicicletas em estações de metro lá fora e resolveu trazer pra cá. Não pegou".

Recado para seu antecessor na secretária de Transportes. Foi José Luiz Portella que bancou a ideia em Sampa.

Disk-Paniquete

Sabrina Sato é o rosto (e o corpo) por trás de uma gigante de celulares que desembarca no País. A indiana Micromax pretende investir pesado no público jovem.

Eu voltei...

Byafra faturou ao fazer uma paródia de si mesmo no comercial do Bradesco Seguro Auto. Seus convites para shows triplicaram. O cantor espanta um assaltante de carro com o hit Sonho de Ícaro.

Melancia

Sobre as expectativas do meio militar em relação a Celso Amorim, novo ministro da Defesa, ponderava ontem um coronel, comandante de grupo combatente do Exército: "Vai ser difícil ter de explicar para ele que helicóptero também é avião, submarino é navio e blindado não é tanque".

Urubu on-line

O Flamengo ganhará, em novembro, uma rádio para chamar de sua - parceria com a Traffic. O clube colocará no ar notícias e jogos ao vivo. Mas só via internet.

Thanks, man

Pedro Herz, da Livraria Cultura, está em débito com Woody Allen. Os livros de Scott Fitzgerald, Ernest Hemingway e Gertrud Stein esgotaram na loja do Shopping Villa-Lobos.

Comprados por quem sai das sessões de Meia-Noite em Paris.

Parentada

O CEU São Pedro, em São Bernardo do Campo, será batizado com o nome da mãe de dona Marisa Letícia. A família da ex-primeira-dama é uma das pioneiras da cidade.

Saque e voleio

Ao lado do tenista Mauro Menezes, Paulo Nigro e Marcelo Lyra levaram a MasterCard Tennis Cup. Deixaram para trás Gilberto Caldart, Fernando Chacon, Ronaldo Barsotti, o Jacaré, e Roberto Lage, entre outros.

Na frente

Samuel de Almeida Lima, da Votorantim, é o convidado do Café Universitário Aberje. Hoje, em São Paulo.

Kassab, Cristiana Arcangeli, Viviane Senna, Marco Antonio de Biaggi, Gianne Albertoni e Marcela Temer estarão no Tempo de Mulher. O evento, organizado por Ana Paula Padrão, acontece hoje no Hyatt.

Julius Wiedemann autografa hoje o livro Illustration Now! Portraits. Na Livraria da Vila da Lorena.

Angela Di Verbeno abre flagship hoje. Nos Jardins.

Portinari será a inspiração do Criança Esperança 2011.

VLADIMIR SAFATLE - Maria Antonieta

Maria Antonieta
VLADIMIR SAFATLE
FOLHA DE SP - 09/08/11

Em 2006, a cineasta Sofia Coppola lançou um filme sobre Maria Antonieta. Ao contar a história da rainha juvenil que vivia de festa em festa enquanto o mundo desabava em silêncio, Coppola acabou por falar de sua própria geração.
Esta mesma que cresceu nos anos 1990.
No filme, há uma cena premonitória sobre nosso destino. Após acompanharmos a jovem Maria por festas que duravam até a manhã com trilhas de Siouxsie and the Ban- shees, depois de vermos sua felicidade pela descoberta do "glamour" do consumo conspícuo, algo estranho ocorre.
Maria Antonieta está agora em um balcão diante de uma massa que nunca aparece, da qual apenas ouvimos os gritos confusos. Uma massa sem representação, mas que agora clama por sua cabeça.
Maria Antonieta está diante do que não deveria ter lugar no filme, ou seja, da Revolução Francesa. Essa massa sem rosto e lugar é normalmente quem faz a história. Ela não estava nas raves, não entrou em nenhuma concept store para procurar o tênis mais stylish.
Porém ela tem a força de, com seus gritos surdos, fazer todo esse mundo desabar.
Talvez valha a pena lembrar disso agora porque quem cresceu nos anos 1990 foi doutrinado para repetir compulsivamente que tal massa não existia mais, que seus gritos nunca seriam mais ouvidos, que estávamos seguros entre uma rave, uma escapada em uma concept store e um emprego de "criativo" na publicidade.
Para quem cresceu com tal ideia na cabeça, é difícil entender o que 400 mil pessoas fazem nas ruas de Santiago, o que 300 mil pessoas gritam atualmente em Tel Aviv.
Por trás de palavras de ordem como "educação pública de qualidade e gratuita", "nós queremos justiça social e um Estado-providência", "democracia real" ou o impressionante "aqui é o Egito" ouvido (vejam só) em Israel, eles dizem simplesmente: o mundo que conhecemos acabou.
Enganam-se aqueles que veem em tais palavras apenas a nostalgia de um Estado de bem-estar social que morreu exatamente na passagem dos anos 1980 para 1990.
Essas milhares de pessoas dizem algo muito mais irrepresentável, a saber, todas as respostas são de novo possíveis, nada tem a garantia de que ficará de pé, estamos dispostos a experimentar algo que ainda não tem nome.
Nessas horas, vale a lição de Maria Antonieta: aqueles que não percebem o fim de um mundo são destruídos com ele. Há momentos na história em que tudo parece acontecer de maneira muito acelerada.
Já temos sinais demais de que nosso presente caminha nessa direção. Nada pior do que continuar a agir como se nada de decisivo e novo estivesse acontecendo.

MARCIA PELTIER - Banca própria


Banca própria 
MARCIA PELTIER
JORNAL DO COMMÉRCIO - 09/08/11

O ex-ministro Nelson Jobim decidiu permanecer em Brasília, apesar de ter comprado, recentemente, um apartamento em São Paulo. Ele vai abrir um escritório de advocacia no DF, o primeiro de sua carreira que levará apenas seu nome. Até o fim do ano, Jobim planeja abrir outro na capital paulista. São muitos os convites para que ele faça sociedade com bancas consagradas.

Brasília, de novo

Ana Maria Amorim, mulher do novo ministro da Defesa e funcionária pública do Serpro, pedirá transferência de volta a Brasília. Ana dá expediente no Serpro do Rio desde que Celso Amorim deixou de ser chanceler.

Xará amiga

A embaixatriz, aliás, possui uma homônima no Serpro de Brasília que leva a coincidência dos nomes na esportiva. Na maior simpatia, ela atendeu, na sexta-feira, a telefonemas de parabéns pela indicação de Celso Amorim e outras ligações cuja intenção era pedir convite para a posse do ex-ministro das Relações Exteriores. A todos passou os telefones da embaixatriz, que sabe de cor.

Meia volta

Quem chegou ao CCBB no sábado, logo que a instituição é aberta, às 9h da manhã, teve de voltar da porta. É que as recepcionistas, que trabalham em sistema de terceirização, fizeram greve em razão do atraso no pagamento dos salários pelo terceiro mês consecutivo. A negociação durou pouco mais de uma hora e o centro reabriu em seguida. Tempo suficiente, no entanto, para que um ônibus cheio de turistas e outros visitantes debandassem.

Possante tecnológico

O diretor-presidente da Jaguar Land Rover, Flavio Padovan, é o anfitrião de um coquetel para vips, amanhã, no Casa Shopping. Será apresentado para os cariocas o Range Rover Evoque, modelo que só será lançado mundialmente em novembro mas que, desde julho do ano passado, vem sendo badalado. Trata-se de uma grande aposta da Land Rover em design urbano – seu interior, aliás, é assinado por Victoria Beckham. A noite terá telas touch screen, filme interativo e programa para configurar o carro com acessórios ao gosto do consumidor.

Nobreza no varejo

Sir Terry Leahy é um dos especialistas em varejo confirmados para a 45ª Convenção da Associação Brasileira de Supermercados, que será realizada em Campinas, de 20 a 23 de setembro. Considerado o indivíduo mais influente do Reino Unido, fora da política, pelo The Guardian em 2008, Leahy foi responsável pelo crescimento da rede de supermercados Tesco. Em dez anos, o executivo fez da cadeia britânica de supermercados a maior do Reino Unido e a terceira do mundo. Leahy acabou de se aposentar, em março, do cargo de CEO da Tesco, aos 55 anos.

Férias produtivas

Os contratos temporários firmados em julho pelos setores de lazer, entretenimento, indústria e comércio chegaram a 16,5 mil em todo o país - número 10% maior do que o registrado em 2010. Desse total, mais de dois mil foram prorrogados e transformados em emprego efetivo - ou seja, 14%. Os dados são da Associação Brasileira das Empresas de Serviços Terceirizáveis e de Trabalho Temporário. A região Sudeste liderou com 8.448 vagas temporárias, seguida do Nordeste, com 2.226; Sul, 2970; Centro-Oeste, 1.053, e Norte, 794.

Livre Acesso

Como negociar com a China? Onde estão as oportunidades, quais as diferenças culturais e o efeito nos negócios? Esses são temas do curso que vai acontecer na Firjan, quinta, de 9h às 18h, para empresários e profissionais de áreas estratégicas. Quem ministra o curso é a chinesa Ling Wang, que há nove anos presta serviços a empresas brasileiras que buscam fazer negócios com a China e Taiwan.

A partir de amanhã os restaurantes Le Vin, Cavist (Ipanema) e Térèze brindarão quem pedir uma taça de champagne Veuve Clicquot Brut. O cliente ganhará uma sofisticada entrada servida no charmoso cloche, ícone da gastronomia francesa. Especialmente criado pela Veuve Clicquot, o cloche é feito em acrílico na cor símbolo da marca, o amarelo Clicquot.

Paulo Ribeiro, diretor-geral da Fundar, apóia a exposição sobre cultura indígena que será aberta, hoje, no Museu do Índio de Brasília, às 19h.

Será amanhã, às 19h na Igreja da Ressurreição, a Missa de Sétimo Dia de Antônio Pereira da Silva, o Tonhão, ilustrador de moda e artista plástico que deixou centenas de amigos inconsoláveis.

O almirante Júlio Moura Neto representou a Marinha no lançamento do livro A Arte de Sansão Pereira, quinta-feira, na Escola Naval em Brasília.

Na quinta e na sexta-feira o Hospital Samaritano estará com um stand na VIII Maratona Urológica Internacional. O congresso vai abordar vários temas sobre o tratamento do câncer de próstata. Os médicos que visitarem o stand concorrerão ao sorteio de um iPad.

Com Marcia Bahia, Cristiane Rodrigues, Marcia Arbache e Gabriela Brito

MERVAL PEREIRA - Um Supremo petista?

Um Supremo petista?
MERVAL PEREIRA
O GLOBO - 09/08/11
Com a anunciada aposentadoria da ministra Ellen Gracie, teremos uma nova indicação para o Supremo Tribunal Federal, a décima de governos petistas. Ainda em 2012 mais dois ministros se aposentam, e estará sendo julgado o processo do mensalão. Pelo menos a (o) substituta (o) da ministra Ellen Gracie atuará no julgamento e pode ser fundamental na decisão.

A sucessão da ministra já era discutida em Brasília antes mesmo que sua aposentadoria saísse oficialmente no Diário Oficial, o que ocorreu ontem, e praticamente apenas mulheres são cogitadas, seguindo a lógica de que a presidente Dilma Rousseff tem pretendido reforçar a representação feminina em suas escolhas.

Mais: entre as indicações possíveis, pelo menos quatro têm ligações com o PT. Maria Elizabeth Guimarães Rocha, ministra do Superior Tribunal Militar (STM) indicada por Lula, trabalhou na subchefia de assuntos jurídicos da Casa Civil entre 2003 e 2007, os dois primeiros anos sob as ordens de José Dirceu, o principal réu do mensalão.

Coube a ela, durante a campanha eleitoral, interromper o julgamento da divulgação do processo sobre a prisão de Dilma durante a ditadura militar, embora tivesse votado a favor da liberação do documento.

A procuradora do estado de São Paulo Flávia Piovesan, especialista em direitos humanos, é a preferida do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, de quem foi colega na procuradoria.

A desembargadora federal Neuza Maria Alves da Silva, do Tribunal Regional Federal da 1 ª Região, tem o apoio do governador baiano, Jaques Wagner. E Maria Tereza Rocha Moura, ministra do Superior Tribunal de Justiça, foi indicada para o cargo pelo então ministro da Justiça Marcio Thomaz Bastos.

A juíza do Tribunal Penal Internacional em Haia Sylvia Steiner também está na lista e atenderia ao desejo de Ellen Gracie de assumir um cargo em um tribunal internacional.

O jurista da Fundação Getulio Vargas do Rio Diego Werneck, um estudioso tanto do Supremo brasileiro quanto da Suprema Corte dos Estados Unidos, não acredita que temos um Supremo petista, "pelo menos não no sentido de um tribunal alinhado com o partido", mas admite que o poder presidencial de indicar ministros "é certamente empregado para fins políticos no Brasil de hoje".

Contudo, como ele indica em um trabalho em conjunto com Leandro Molhano Ribeiro, os fins políticos em jogo são muitos, e aumentar a chance de decisões judiciais alinhadas com o projeto político-constitucional do presidente é apenas um dentre esses múltiplos objetivos possíveis.

Nesse trabalho, os autores dizem que, no mínimo, há três fins políticos identificáveis nas nomeações para o Supremo, um fim político interno ao Supremo e dois fins políticos externos.

O interno seria alinhar decisões do STF e preferências do presidente. Os externos seriam barganha para angariar/manter apoio de membros da coalizão e indicar para certos grupos ou para a opinião pública em geral que está atento a uma determinada questão racial, de gênero etc.

"Não há nada de necessariamente ruim na indicação de pessoas alinhadas, em linhas gerais, à visão político-constitucional do presidente", avalia Werneck.

Como argumentam no texto, a opção constituinte por um mecanismo político de indicação "reflete um compromisso com uma relativa aproximação entre os ciclos da política e os ciclos da jurisprudência constitucional".

Se um determinado partido fica muito tempo no poder, o esperado é que isso tenha reflexos na jurisprudência do STF. "Da forma como está desenhado, isso é um resultado esperado do sistema", argumenta o jurista da FGV, embora a velocidade e a intensidade dessa influência da esfera política sobre a esfera judicial dependam de muitas variáveis, ligadas, sobretudo, ao contexto político em que as indicações são feitas.

"Mesmo um presidente que queira somente indicar ministros que compartilham de sua visão sobre determinadas questões constitucionais, nem sempre pode fazer isso", adverte Diego Werneck.

No entanto, uma pesquisa de pós-doutorado de outra professora da FGV, Fabiana Luci de Oliveira, chega a conclusões interessantes sobre o comportamento dos ministros de 1988 até 2006.

O próprio título do estudo - "Processo decisório no Supremo Tribunal Federal - Coalizões e "panelinhas"" - já indica que a professora tende a defender tese oposta à de Werneck.

Seu trabalho mostra que, no período analisado, os ministros indicados pelo regime militar, pelo governo de Fernando Henrique Cardoso e pelo governo Lula apresentaram um alto índice de coesão nas decisões de Ações Diretas de Inconstitucionalidade (Adins), com índices respectivamente de 93%, 96% e 84%.

A coesão dos ministros indicados no primeiro governo Lula é menor do que as dos ministros do período FH e dos militares, mas, ainda assim, é bastante significativa e estável, além de ser transversal a diferentes temas e áreas do Direito - daí a opção da professora Fabiana Luci de Oliveira pelo termo "panelinhas".

Seu trabalho é citado no estudo de Diego Werneck e Leandro, e Werneck admite que, embora tenha reservas à ideia de um Supremo "petista", "parece haver de fato uma tendência, entre 1988 e 2006, à formação de três "blocos" de votação que podem ser em grande parte explicados pela variável da indicação presidencial".

Evidentemente, argumenta o jurista da FGV, "o estudo não é o fim da história, trata apenas de Adins". Além disso, alega Diego Werneck, o fato de ministros indicados pelo mesmo presidente tenderem a votar juntos não significa que esses votos serão sempre favoráveis a esse presidente.

"Mesmo assim, é um passo importante: o estudo mostra que ministros indicados pelos três governos mencionados acima apresentaram uma grande tendência a formar blocos de votação estáveis no período indicado". (Continua amanhã)

ELIANE CANTANHÊDE - Bandeira branca

Bandeira branca
ELIANE CANTANHÊDE
FOLHA DE SP - 09/08/11

O comandante da Marinha, almirante Julio Soares de Moura Neto, estudou boa parte da vida com Celso Amorim, agora ministro da Defesa e seu chefe civil, no colégio Mello e Souza, no Rio. O comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito, cansou de ouvir elogios à gentileza e à pontualidade de Amorim, que nos oito anos de Lula viajou 597 vezes e rodou o mundo pelas asas da FAB.

O comandante do Exército, general Enzo Martins Peri, vem da Arma de Engenharia, tem relação direta com a presidente Dilma Rousseff e não está aí para criar confusão. E o chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, general José Carlos De Nardi, ainda tem de mostrar a que veio antes de achar alguma coisa sobre o novo chefe.

Além disso, vale o que o general da reserva Augusto Heleno me disse na sexta e Dilma Rousseff repetiu literalmente ontem na solenidade de posse de Amorim: “Trocas de comando fazem parte da rotina militar”. Sai um, entra outro.

É assim que, apesar de reações no Exército, ora iradas, ora irônicas, contra outro ministro vindo do Itamaraty, depois da trombada com o embaixador José Viegas, as cúpulas militares se deixaram fotografar sorridentes, quase felizes, no encontro de sábado com Amorim no Planalto. Não é uma cena comum. Oficiais costumam sair sérios e contidos em fotos de trabalho.

Assim, passado o primeiro momento de perplexidade para alguns e de surpresa para todos, a tendência é que as peripécias de Amorim no Irã sejam relevadas e a Defesa volte à rotina de reivindicações por maiores soldos e pelo descontingenciamento que pode salvar parte dos programas de reequipamento. No fundo, é o que interessa.

Num discurso curto e sisudo, Amorim produziu uma frase de efeito com o “x” da questão: “Um país pacífico como o Brasil não pode ser confundido com país desarmado e indefeso”. Se levar isso a sério, não terá problemas.

NIZAN GUANAES - Futebol-arte, futebol espetáculo


Futebol-arte, futebol espetáculo
NIZAN GUANAES
FOLHA DE SP - 09/08/11
A Copa-14 não é o evento inocente de 1950; é um evento global que coloca o país na vitrine do mundo

OUTRO DIA um amigo esteve no estádio. Estacionar foi uma guerra, e ele teve de pagar ao flanelinha quase o valor do ingresso. Para chegar ao portão, foi esmagado com o filho num empurra-empurra assustador, tocado e estocado pela cavalaria. E ele adorou o jogo!
Que business, tirando o do sadomasoquismo, conseguiria tratar o cliente no cassetete e ele seguir voltando? Só o futebol. A paixão é sempre o melhor negócio.
Ou não: o negócio do futebol no país do futebol ainda segue aspirante comparado aos supercampeonatos e aos supertimes da Europa.
Mas a presença da Copa do Mundo de 2014, o enfraquecimento europeu com a crise econômica e a nova força da economia brasileira estão transformando o nosso futebol.
Os craques começam a voltar do exílio, os clubes evoluem para empresas e o futebol-arte vira também futebol espetáculo.
A Copa não começou, mas já está entre nós. Não só nas obras dos estádios e de mobilidade urbana que melhorarão a experiência boleira.
Há uma nova geração de dirigentes e de empresários entrando em campo numa irresistível onda de profissionalização.
Empresas especializadas como a 9ine, de Ronaldo, a participação de um craque de sua estatura nesse business, a realização do principal evento de negócios do futebol do mundo, a Soccerex, em novembro no Rio de Janeiro, provam que as coisas já estão mudando.
Neymar ficar é outra prova. Basta ver o desejo das megamarcas brasileiras pelo craque santista para entender o valor do futebol.
Vamos ser criativos e profissionais, que o céu será o limite. Em 22 de outubro, Flamengo e Santos se enfrentarão no Rio de Janeiro.
Mais que um Fla-San, será o clássico Ro-Ney, Ronaldinho versus Neymar, a primeira disputa galáctica do Campeonato Brasileiro em anos. Que marca quer ficar fora desse palco espetacular?
O futebol espetáculo e a Copa de 2014 surgem juntos com a nova prosperidade do Brasil, assim como o jejum entre 1970 e 1994 acompanhou os anos de chumbo econômico, não por acaso encerrados no ano do Plano Real. O futebol explica o Brasil.
Os anos 2010 têm tudo para ser a melhor década do Brasil, e a crônica mundial já notou que os craques estão voltando para o país depois do longo inverno europeu.
Fareed Zakaria, colunista americano, disse na CNN que "um pequeno clube de São Paulo" estava tentando tirar o argentino Tevez do Manchester City por US$ 55 milhões. Zakaria acertou no ângulo ao dizer que aquilo era sinal claro da emergência global do Brasil. Mas chutou para a arquibancada ao chamar o Corinthians de "pequeno clube".
Zakaria pediu desculpas à Fiel, mas, jornalista, pôs o dedo na ferida. Lembrou que o Corinthians, apesar dos cem anos e de milhões de torcedores, não está no ranking dos grandes times pelo lado da receita.
O Real Madrid, que virou global graças a Ronaldo, Roberto Carlos e Robinho, liderou esse ranking com faturamento de € 440 milhões em 2010 -quase R$ 1 bilhão. Isso é futebol de resultado. Nossos clubes podem e devem almejar essas cifras.
A grande transformação dos clubes europeus em grandes empresas globais, com capital aberto e gestão de primeira, bom para os clubes, os torcedores e a economia de seus países, criaram "benchmarks" como o próprio Real, o Barcelona, o Manchester United, o Porto, que estão aí para serem debulhados pelos novos dirigentes brasileiros.
E não devemos nos contentar com o território nacional. O potencial global de times como Santos, Flamengo e tantos outros é evidente: quanto vale a experiência de um Maracanã lotado para um estrangeiro? Muito! Só precisamos empacotar.
A Copa de 2014 não é o evento inocente e paroquial de 1950. É um evento global que tem o poder de organizar uma nação, que põe dia, data e hora para que as coisas aconteçam. Que coloca o país na vitrine e na vidraça do mundo, que estabelece uma pauta objetiva.
O futebol foi nosso primeiro desejo de potência global realizado. Ele projetou o Brasil alegre, inovador, vencedor, bonito, o país do futebol. Nasci em 1958, ano de nosso primeiro título mundial, e cresci marcado por nossas grandes conquistas. Isso formou minha ambição, nossa ambição, de um dia estarmos à altura do nosso futebol, campeões do mundo. Esse dia chegou.

MÔNICA BERGAMO - CLUBE DA LULUZINHA


CLUBE DA LULUZINHA
MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SP - 09/08/11

A peça "Segredo Entre Mulheres" estreou na sexta no Teatro Jaraguá. No elenco, Maria Laura Nogueira, Melissa Vettore e Martha Mellinger. O texto, sobre a relação de três mulheres de idades diferentes com o mesmo homem, é do argentino Carlos Funaro.

TELA DUPLA

A TV Bandeirantes assinou com a Fifa e a Globo contrato de sublicenciamento para a Copa de 2014. Além dos jogos do Mundial, poderá retransmitir partidas do torneio de futebol feminino e jogos do Sub-20, além da Copa das Confederações, em 2013.

TELA 2
O contrato da Band com Globo e Fifa ultrapassou os R$ 100 milhões.

JOBIM 2014
O presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, acha que, com a crise que o derrubou do Ministério da Defesa, Nelson Jobim se torna "um nomão para disputar a eleição presidencial em 2014 pelo PMDB".

ELLE DE VOLTA?
Jefferson também diz não acreditar que seu PTB consiga viabilizar um nome para tentar a Presidência. E emenda: "Eu gostaria que o Collor disputasse, mas ele não se anima. Quer ficar senador. Já disse a ele: 'A hora que você quiser, é seu'".

NOVA DIREÇÃO
David Zylbersztajn está se associando a José Victor Oliva. E assume nas próximas semanas a direção-geral da Rio 360, empresa de organização de eventos com sede na capital fluminense.

ISOLAMENTO
Por recomendação dos médicos, a Portuguesa cancelou a entrevista coletiva do jogador Rafael Silva, cuja namorada, Flávia de Lima, morreu ao cair do apartamento em que moravam, no 15º andar. A fala estava prevista para ontem. Além dos profissionais do clube, um psiquiatra atendeu o atleta, que está recluso no interior de São Paulo.

GIL GOMES LHES DIZ
O locutor Gil Gomes ligou para as rádios Tupi e Capital pedindo emprego. Ele foi demitido na sexta à noite da rádio Record, que mudou a programação. "Foi um choque", diz Gomes. Ele conta que um diretor da Record "ligou chorando" para lhe comunicar da demissão.

MÃO DUPLA
A Embratur quer inverter os sentidos das "press trips", viagens em que ela banca a vinda de jornalistas estrangeiros para o Brasil. Pretende também levar a imprensa brasileira para cobrir a atuação do órgão na divulgação do país no exterior.

TUDO IGUAL
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso falou pela primeira vez sobre Tomás Dutra Schmidt, 19, que ele reconheceu em 2009 como seu filho. À revista "Alfa" que chega às bancas amanhã, afirmou que nada muda depois que exames de DNA mostraram que o jovem não é seu filho biológico. "Vou preservá-lo totalmente. No afeto e nos recursos. Totalmente. É um assunto fora de discussão. E eu gosto muito dele. Isso é que é importante."

AL MARE
O barítono brasileiro Paulo Szot, do musical "South Pacific", vai cantar no iate Christina, que pertenceu ao magnata grego Aristóteles Onassis. Foi contratado para se apresentar no aniversário de uma empresária americana, que fará festa no barco em Portofino, na Itália.

JARDIM DA LOURA
Ana Maria Braga contratou o paisagista Alex Hanazaki para fazer o jardim de sua nova casa, no Jardim Europa, que pertencia à família Moreira Salles. Inspirada em Burle Marx, a apresentadora pediu que ele catalogasse e preservasse as árvores existentes. Duas mil mudas de plantas como orquídeas e samambaias foram usadas.

CHIQUE DE PARIS
A peça "Hell", estrelada por Bárbara Paz e dirigida por Hector Babenco, terá sua temporada encerrada no ano que vem, em Paris. O espetáculo é inspirado no livro da francesa Lolita Pille.

MÚSICA CLÁSSICA
O tenor Jean William, que acaba de voltar de uma temporada na Itália, se apresentou no recital do coral Luther King no sábado, no foyer do Auditório Ibirapuera. O maestro João Carlos Martins e os cantores líricos Elisa Borges, Davide Rocca, Roberto Mingarini, Celine Imbert e Francisco Campos também participaram. A atriz Gisela Reimann conferiu a performance.

TRABALHO COLETIVO
A mostra "Destricted.br" foi inaugurada no sábado no Galpão Fortes Villaça. Os artistas Adriana Varejão e Tunga, que participam da coletiva, o produtor Pedro Buarque de Hollanda, namorado de Adriana, e a empresária Letícia Monte, irmã de Marisa Monte, participaram do vernissage.

CURTO-CIRCUITO

A mostra "Sobre Papel", com obras de Mário Zavagli e Amílcar de Castro, será inaugurada hoje, às 19h, na AM Galeria Horizonte, nos Jardins.

A grife Schutz inaugura loja hoje, a partir das 18h, no shopping Higienópolis.

A Vinheira Percussi e a revista "Prazeres da Mesa" realizam hoje, às 20h, em Pinheiros, degustação do vinho argentino Henry Gran Guarda.

com DIÓGENES CAMPANHA, LÍGIA MESQUITA e THAIS BILENKY