sábado, julho 16, 2011

RUTH DE AQUINO - Quando a escola é o espaço do inferno

Quando a escola é o espaço do inferno
RUTH DE AQUINO
REVISTA ÉPOCA

Época
RUTH DE AQUINO é colunista de ÉPOCA
raquino@edglobo.com.br
Quase 1.000 alunos são punidos, suspensos ou expulsos por dia nas escolas. Quase 1.000 por dia, alguns com 5 anos de idade! Por abusos verbais e físicos. No ano passado, 44 professores foram internados em hospitais com graves ferimentos. Diante do quadro-negro, o governo decidiu que professores poderão “usar força” para se defender e apartar brigas. E poderão revistar estudantes em busca de pornografia, celulares, câmeras de vídeo, álcool, drogas, material furtado ou armas.
Achou que era no Brasil? É na Grã-Bretanha.
Os dados são de um relatório governamental. “O sistema escolar entrou em colapso”, diz Katharine Birbalsingh, demitida do Departamento de Educação depois de criticar a violência nas escolas públicas inglesas. “Os professores acabam sendo culpados pela indisciplina. A diretoria da escola estimula essa teoria, os alunos a usam como desculpa e até os professores começam a acreditar nisso. Eles não pedem ajuda com medo de parecer incompetentes.”
Os alunos jogam a cadeira no mestre, chutam a perna do mestre, empurram, xingam. Ou furam o mestre com o lápis, fazem comentários obscenos, estupram, ameaçam com facas. Alguns são casos extremos pinçados pela imprensa. Os números na Grã-Bretanha preocupam. Mostram que as escolas precisam restaurar a autoridade perdida. Muitos professores abandonaram a profissão por se sentir impotentes. Educadores mais rigorosos pregam tolerância zero com alunos bagunceiros e que não fazem seu dever de casa.
As reflexões de lá são iguais às de cá. A violência nas escolas seria uma continuação do lado de fora, na rua e nos lares. A hierarquia cai em desuso. Valores e limites, que quer dizer isso mesmo? Crianças e adolescentes não respeitam ninguém. Nem os pais, nem as autoridades, nem os vizinhos, os porteiros, os pedestres, os colegas, as namoradas. Há uma falta de cerimônia, pudor e educação no sentido mais amplo.
E aí a culpa é jogada nos pais. Por não mostrarem o certo e o errado. Não abrirem um tempo de qualidade com os filhos. Esquecê-los em frente a um computador ou televisão. O de sempre. O aluno que peita o professor também xinga os pais. Aric Sigman, da Royal Society of Medicine, em Londres, autor do livro The spoilt generation (A geração mimada) , afirma que, hoje, até criancinhas nas creches jogam objetos e cadeiras umas nas outras. “Há uma inversão da autoridade. Seus impulsos não são controlados em casa. É uma geração mimada que ataca especialmente as mães”, diz ele.
Muitos professores abandonam o ensino por se sentir impotentes diante da violência dos alunos
E o que o governo britânico faz? Manda o professor revidar. Até agora, ele era proibido de tocar no aluno, mesmo ao ensinar um instrumento numa aula de música. A nova cartilha promete superpoderes aos professores. Mestres, usem “força razoável”, vocês agora têm a última palavra para expulsar um aluno agressivo, revistem mochilas suspeitas. Dará certo? Não acredito. Sem diálogo e consenso entre famílias, escolas, educadores e psicólogos, esse pesadelo não tem fim.
No Brasil, a socióloga Miriam Abramovay, da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), admite que os professores passaram a ter medo. Numa pesquisa para a Unesco em Brasília, em 2002, um depoimento a chocou: “Um professor me disse que ia armado para a escola. Como se fosse uma selva. Isso mostra total descrença no sistema”. Ela acha que o Brasil está investindo dinheiro demais em bullying, mas esquece todo o resto: “Nossa escola é de dois séculos atrás”. Os ataques aos professores não se limitam à sala de aula. Carros dos mestres são arranhados, pneus são furados. Eles não têm apoio nem ideia de como reagir. Muitos trocam de escola ou abandonam a profissão.
Quando Cristovam Buarque era ministro de Lula, tinha, com Miriam, um projeto nacional de “mediação escolar” para prevenir conflitos, melhorar o ambiente e estimular o aprendizado. “Paulo Freire dizia que a escola era o espaço da alegria, do prazer, mas assim ela se torna o espaço do inferno”, diz Miriam. O projeto não vingou. Cristovam abandonou o barco por sentir que Educação não era prioridade nos investimentos. E continua não sendo. Deveria ser nossa obsessão.

ANCELMO GÓIS - Vulcão sobrevive

Vulcão sobrevive
ANCELMO GOIS
O GLOBO - 16/07/11

O vulcão do natimorto projeto de fusão do Pão de Açúcar com o Carrefour não está completamente extinto. Acionistas minoritários do
grupo brasileiro preparam ação na CVM contra o francês Casino, que implodiu o negócio. 

Segue...

Os miúdos vão alegar que a operação era boa para eles, tanto que as ações do Pão de Açúcar subiram logo após o anúncio da proposta de fusão. É. Pode ser.

Aliás...
Quem vai ganhar muito dinheiro com tudo isso são grandes escritórios de advocacia. 

Terra de Sarney

O IBGE mostrou que o nordestino, viva!, já não precisa migrar para o Sul maravilha. Mas Maranhão e Bahia ainda são “regiões expulsoras”.

Saliência de volta

A Termas 4x4, no Centro do Rio, voltou a funcionar. A casa de saliência havia sido fechada pela polícia semana passada. O desembargador Siro Darlan, da 7a- Câmara Criminal do Rio, concedeu habeas corpus a uma mulher apontada como responsável pelo negócio. 

‘The thing is black’ 
Ontem, quem foi ao Consulado do Brasil em Nova York encontrou os funcionários vestidos de preto. Além disso, só atendiam a emergências. O luto se estendeu a outras representações lá fora, como parte de protesto dos 3.500 servidores contra os baixos salários.

Clube do milhão

“Cilada.com”, o filme de José Alvarenga Jr, em oito dias de exibição, já entrou para o clube dos longas nacionais com mais de 1 milhão de espectadores. O filme também teve a melhor estreia do cinema brasileiro no ano (440 mil pessoas).

Fator Air France

Veja como a culpa dos péssimos serviços prestados nos aeroportos não é só da Infraero. Quinta passada, os passageiros do voo Paris-Rio da Air France que desceu no Tom Jobim às 6h30m esperaram duas horas para ter acesso às bagagens. 

Segue...
Depois de uma rebelião dos passageiros, descobriu-se que a francesa... só tinha dois funcionários terceirizados, acredite, para desembarcar todas as malas do Boeing 447. O mínimo para este tipo de avião são cinco trabalhadores. 

Fazenda tombada
A “Época” que chega às bancas hoje diz que uma fazenda de R$ 45 milhões, em Avaré, SP, de propriedade de Ricardo Mansur, o ex-dono do Mappin, foi tombada como patrimônio histórico. Na Justiça paulista há quem suspeite de manobra para dificultar o confisco do imóvel. 

Paulo Gracindo, 100
A TV Globo prepara um tributo à memória de Paulo Gracindo (1911-1995), o grande ator que faria 100 anos este mês. Dia 21, no Espaço Estação, em Botafogo, no Rio, exibirá para convidados o filme “Paulo Gracindo, o bem-amado”, de seu filho, Gracindo Jr., e os Correios lançarão um selo. Merece. 

Raul Ryff, 100 

A família de Raul Ryff (1911- 1989) prepara ato na ABI para marcar o centenário do jornalista, político e assessor de Jango. Raul, cuja viúva, Beatriz, está lúcida aos 102 anos, completaria 100 no dia 8 de agosto. 

Mário Lago, 100
João Roberto Kelly, o grande compositor de carnaval, vai pôr nova música numa marchinha, cuja melodia se perdeu, feita por Mário Lago e Nelson Barbosa para o Cordão da Bola Preta nos anos 1930. O Cordão do Boitatá a gravará e lançará dia 26 de novembro, quando Mário faria 100 anos. Vampiros no Rio Morcegos hematófagos (que gostam de sangue, inclusive o nosso) têm atacado pessoas em Laranjeiras, no Rio. O Hospital Lourenço Jorge, capacitado para cuidar destes casos, já recebeu vítimas. 

Cena carioca

Quarta, um ônibus 474 (Jardim de Alah-Jacaré) parou na Praça XV, e os lugares foram ocupados, restando em pé apenas uma menina, que fez cara de choro. A trocadora avisou: 
— No próximo ponto, aquele senhor vai descer e você senta. Não é fofa?

JORGE BASTOS MORENO - NHENHENHÉM - Surrealismo

Surrealismo
JORGE BASTOS MORENO - NHENHENHÉM
O GLOBO - 16/07/11

 Nem a minha amiga Denise Bandeira — que está escrevendo um seriado de ficção política a oito mãos, com Euclydes Marinho, Nelson Motta e Guilherme Fiúza — imaginaria tal situação. Um dos protagonistas da mais recente crise introduziu um novo personagem no cenário dos escândalos: trata- se de uma ministra de Estado, absolutamente louca. Ela simplesmente odeia a presidente. Queres fazer mal a alguém? Basta dizer à ministra que Dilma adora essa pessoa. Ela destrói essa pessoa. É doença! Que as duas nunca se bicaram, até as carpas do Planalto já sabiam. Mas não com essa intensidade toda. 

Solidão do poder 
 O que se diz hoje da Dilma é a mesma coisa que sempre disseram de Ulysses Guimarães: 
— A presidente Dilma é uma mulher solitária, na sua intimidade política.

Cabra macho
 Luiz Antonio Pagot, um dos protagonistas da mais recente crise, informa que não se importa mais com a sua demissão do cargo de diretor do Dnit. E avisa: 
— Quero apenas preservar as minhas honra e dignidade pessoal. Não sairei deste episódio com o nome sujo.

Prosas pantaneiras  Como conterrâneo e não como juiz, o ministro Gilmar Mendes e eu rompemos a madrugada dessa sexta recordando os tempos em que eu mandava nele e a colonização de Mato Grosso pelos paranaenses que hoje dominam o estado e o agronegócio do país no mercado mundial. 
— Blairo não botou o Pagot no Dnit para roubar, mas para construir estradas de escoamento agrícola. Mas o Dnit foi usado por outros, não por eles, como centro arrecadador de campanhas — disse. Realmente, com um faturamento anual de US$ 4 bi, Blairo não precisa roubar. 

A realidade, como sempre, supera a ficção
 Euclydes Marinho, sem favor, um dos maiores autores da dramaturgia brasileira, me mostrou a sinopse de uma das cenas do seriado a que me referi lá atrás, passada dentro do fictício “Palácio Copacabana”.
— É tão real — comentei, depois de lê-la. Euclydes, chegou minha vez de te mostrar uma história real com cara de ficção. Inventaram que Dilma tinha de fazer uma festa de seis meses de governo para esconder a baita crise que estamos vivendo. Contrariada, mas, para demonstrar que é flexível, a presidente topou, com uma condição:
— Mas não me tragam um bolo horroroso de casamento como aquele da festa do PT com o PMDB. Nunca vi coisa mais ridícula! Lembra, Euclydes? O bolo de casamento tinha um boneco dela com um do Temer). 
Marcado para as sete e meia da noite, no Alvorada, Dilma só chegou uma hora depois. Era outra Dilma, mais simpática impossível. Parecia a Hebe, beijinhos em todo mundo. 
Aí, meu caro Euclydes Marinho, vem a coisa mais sensacional. Dilma chamou todo mundo para fora do Palácio: “Vamos tirar fotos deste encontro maravilhooooooso!”. Como um seriado, segue no próximo bloco.

Bota-fora
 Os convidados todos correram para a rampa. Cada um queria o melhor lugar. A sessão de fotografias foi muito rápida. E, quando todos se preparavam para retornar com ela de novo para dentro do Palácio, Dilma se despediu dos convidados ali mesmo. Euclydes do céu! A maioria das mulheres tinha deixado as bolsas lá dentro. De vergonha, foram para casa sem elas. Dia seguinte, tinha uma fila de devolução de bolsas, casacos e celulares tão grande que foi preciso senha. O melhor, ninguém se zangou. Todos querem copiar agora o modelo de expulsão. 

Concurso de beleza
 Depois de ver o apoio de Lula à candidatura de Fernando Haddad para a prefeitura de São Paulo, o governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, me diz: “Também apoio porque ele, além de tudo, é bonito, só que menos que eu.”

Preso pela boca
 No Congresso da UNE, Lula era só elogios a Haddad. 
Mas agora o ministro não quer mais deixar o MEC. 
Depois de 20 anos com a fama de pior cozinha do poder, uma ousada estagiária de gastronomia do Iesb, universidade particular, acaba
de revolucionar o menu e prepara um manjar dos deuses para ele.

Meia mentira
 A coluna divulgou, com local e data, uma reunião entre possíveis candidatos de oposição à prefeitura.
Meia verdade. 
Realmente, informalmente, inclusive na Assembleia, na Câmara dos Vereadores e até em casamentos, essas pessoas estão conversando sobre eleições de 2012. 
Mas aquela reunião, naquele local, não aconteceu. E Marcelo Freixo informa que não conhece pessoalmente Cesar Maia. Não sabe
o que está perdendo! 
Não é, Eduardo Paes?!

DRAUZIO VARELLA - Craqueiras e craqueiros

Craqueiras e craqueiros
DRAUZIO VARELLA 
FOLHA DE SP - 16/07/11

Não seria mais sensato construir clínicas pelo país com pessoal treinado para lidar com dependentes?


A CONTRAGOSTO, sou daqueles a favor da internação compulsória dos dependentes de crack.
Peço a você, leitor apressado, que me deixe explicar, antes de me xingar de fascista, de me acusar de defensor dos hospícios medievais ou de se referir à minha progenitora sem o devido respeito.
A epidemia de crack partiu dos grandes centros urbanos e chegou às cidades pequenas; difícil encontrar um lugarejo livre dessa praga.
Embora todos concordem que é preciso combatê-la, até aqui fomos incapazes de elaborar uma estratégia nacional destinada a recuperar os usuários para reintegrá-los à sociedade.
De acordo com a legislação atual, o dependente só pode ser internado por iniciativa própria. Tudo bem, parece democrático respeitar a vontade do cidadão que prefere viver na rua do que ser levado para onde não deseja ir. No caso de quem fuma crack, no entanto, o que parece certo talvez não o seja.
No crack, como em outras drogas inaladas, a absorção no interior dos alvéolos pulmonares é muito rápida: do cachimbo ao cérebro a cocaína tragada leva de seis a dez segundos. Essa ação quase instantânea provoca uma onda de prazer avassalador, mas de curta duração, combinação de características que aprisiona o usuário nas garras do traficante.
Como a repetição do uso de qualquer droga psicoativa induz tolerância, o barato se torna cada vez menos intenso e mais fugaz. Paradoxalmente, entretanto, os circuitos cerebrais que nos incitam a buscar as sensações agradáveis que o corpo já experimentou permanecem ativados, instigando o usuário a fumar a pedra seguinte, mesmo que a recompensa seja ínfima; mesmo que desperte a paranoia persecutória de imaginar que os inimigos entrarão por baixo da porta.
A simples visão da droga enlouquece o dependente: o coração dispara, as mãos congelam, os intestinos se contorcem em cólicas e a ansiedade toma o corpo todo; podem surgir náuseas, vômitos e diarreia.
Quebrar essa sequência perversa de eventos neuroquímicos não é tão difícil: basta manter o usuário longe da droga, dos locais em que ele a consumia e do contato com pessoas sob o efeito dela. A cocaína não tem o poder de adição que muitos supõem, não é como o cigarro cuja abstinência leva o fumante ao desespero esteja onde estiver.
Vale a pena chegar perto de uma cracolândia para entender como é primária a ideia de que o craqueiro pode decidir em sã consciência o melhor caminho para a sua vida. Com o crack ao alcance da mão, ele é um farrapo automatizado sem outro desejo senão o de conseguir mais uma pedra.
Veja a hipocrisia: não podemos interná-lo contra a vontade, mas devemos mandá-lo para a cadeia assim que ele roubar o primeiro transeunte.
A facção que domina a maioria dos presídios de São Paulo proíbe o uso de crack: prejudica os negócios. O preso que for surpreendido fumando apanha de pau; aquele que traficar morre. Com leis tão persuasivas, o crack foi banido: craqueiras e craqueiros presos que se curem da dependência por conta própria.
Não seria mais sensato construirmos clínicas pelo país inteiro com pessoal treinado para lidar com dependentes? Não sairia mais em conta do que arcar com os custos materiais e sociais da epidemia?
É claro que não sou ingênuo a ponto de acreditar que, ao sair desses centros de tratamento, o ex-usuário se tornaria cidadão exemplar; a doença é recidivante. Mas pelo menos ele teria uma chance. E se continuasse na cracolândia?
E, se ao receber alta contasse com apoio psicológico e oferta de um trabalho decente, desde que se mantivesse de cara limpa documentada por exames periódicos rigorosos, não aumentaria a probabilidade de permanecer em abstinência?
Países, como a Suíça, que permitiam o uso livre de drogas em espaços públicos, abandonaram a prática ao perceber que a mortalidade aumenta. Nós convivemos com cracolândias a céu aberto sem poder internar seus habitantes para tratá-los, mas exigimos que a polícia os prenda quando nos incomodam. Existe estratégia mais estúpida?
Faço uma pergunta a você, leitor, que discordou de tudo o que acabo de dizer: se fosse seu filho, você o deixaria de cobertorzinho nas costas dormindo na sarjeta?

JOSÉ SIMÃO - Trem-bala vira "Trem das Onze"!

Trem-bala vira "Trem das Onze"!
JOSÉ SIMÃO 
FOLHA DE SP - 16/07/11

Essa fusão Perdigão-Sadia é a Fusão Viagra: todo mundo já tá sabendo que a linguiça vai subir! Rarará!


BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Confirmado! A camisa oficial da seleção do Paraguai é pirata! E o novo apelido do Corinthians é golfinho: sobe, dá uma brincadinha e afunda de novo. Rarará!
E um outro me disse que essa fusão Perdigão-Sadia é a Fusão Viagra: todo mundo sabe que a linguiça vai subir! Rarará!
E a mulher do ministro dos Transportes é a cantora Rosa Passos. Ou seja, se não sair o trem-bala, deve sair o "Trem das Onze"!
E o resumo da seleção: o Equador tem o Caicedo, o Júlio César Caitarde, o Neymar Caissempre e o Ricardo Teixeira Cainunca! Rarará!
E, depois que o BNDES negou dinheiro para o Abilio Diniz, o Pão de Açúcar deveria se chamar Pão Duro! Rarará!
E essa do Pará: "Lavrador enfia garrafa de cerveja no fiofó e vai pro hospital". E o lavrador é de Curralinho. E ainda tava usando um boné da Roskoff! Rarará!
E "O Astro"? Ops, "O Canastro"! Manchete do Sensacionalista: "No remake de "O Astro", Salomão Hayalla morrerá atingido por um bueiro da Light". Rarará!
E um amigo estava viajando pela Web Jet quando anunciaram o copiloto: Barbeiro! E um outro estava fazendo check-in quando a funcionária perguntou: "Qual poltrona o senhor prefere?". "A poltrona da minha casa." E um outro estava viajando pro Nordeste quando o piloto estressado gritou: "Segura aí atrás que o avião vai balançar". Rarará!
E o Obama vai dar calote. Essa é a melhor definição pra situação socioeconômica dos Estados Unidos: todo galo tem seu dia de canja! Os Estados Unidos viraram um país socialista: querem socializar os prejuízos com o resto do mundo!
E um corintiano me disse que o patrocinador do Corinthians agora é o Ipiranga, quilômetros de vantagem. Rarará! É mole? É mole, mas sobe!
Os predestinados! Mais três pra minha série "Os Predestinados". Direto de Campinas, a psiquiatra: Andréa ZEN. E ainda de Campinas o cirurgião plástico: Milton CARETA!
E deu no "Jornal Nacional": "Governador de Roraima vive às turras com os índios da reserva Raposa Serra do Sol". E o governador se chama José de Anchieta. Rarará. Avisa ao José de Anchieta que os jesuítas foram expulsos do Brasil. Rarará. Nóis sofre, mas nóis goza.
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

RUY CASTRO - Belezas em reserva


Belezas em reserva
RUY CASTRO
FOLHA DE SÃO PAULO - 16/07/11

- Outro dia, em show no Rio, o trombonista Vittor Santos convidou a plateia -uma plêiade cascuda de fãs de bossa nova e samba-jazz- a identificar título e autor do tema instrumental que ele iria executar. Veio o tema, de melodia hipnótica e só vagamente familiar, que se desdobrou por dez minutos. Quando terminou, o músico esperou por um palpite. Não se ouviu um pio. Nem o meu.
Ninguém reconheceu o tema, "Acapulco", e muito menos seu compositor: João Gilberto. Quando Vittor o revelou, aí, sim, alguns de nós produzimos aquele cacarejo coletivo de quem liga o nome à figura. Mas ficou a sensação de que há muito não ouvimos direito o disco "João Gilberto en México", de 1971, em que a música foi apresentada originalmente. Talvez por "Acapulco" ser um vocalise de pouco mais que uma frase musical e de enganadora simplicidade -mas cheio de sutilezas harmônicas, que Vittor teve a bondade de explicar.
É possível que, nos 80 anos de João Gilberto, recém-feitos, esse lado de sua criatividade tenha sido menos destacado: o do compositor. E, no entanto, ele é o autor de títulos que marcaram a infância da bossa nova: o samba-baião "Bim Bom", o beguine "Hô-Ba-La-Lá" e o maroto "Um Abraço no Bonfá", este "adaptado" do choro "O Barbinha Branca", de Luiz Bonfá e Tom Jobim -que levaram a "adaptação" na esportiva.
Diante do papel de João Gilberto como fixador de um gênero cujos clássicos foram estabelecidos por ele, não espanta que algumas de suas próprias composições -o samba "Minha Saudade" (em parceria com João Donato), as valsas "Bebel" e "João Marcelo", o baião "Undiú", com suas letras inexistentes ou desnecessárias -tenham ficado na sombra. O próprio cantor raramente as inclui em seus shows.
Mas é típico da personalidade de João Gilberto, um autor manter tantas belezas em reserva.

ILIMAR FRANCO - Operação Haddad

Operação Haddad
ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 16/07/11

 Para viabilizar a candidatura à prefeitura de São Paulo do ministro Fernando Haddad (Educação), o ex-presidente Lula está sugerindo que ele deixe o cargo em outubro. Quer que Haddad deflagre um trabalho político junto às bases para conquistar a militância petista. Na
última conversa entre eles, Lula assegurou ao ministro que, se ele for candidato, o PCdoB e o PSB abrem mão de eventuais candidaturas próprias para apoiá-lo.

Instinto de sobrevivência
Diante da perspectiva de ter que aceitar, goela abaixo, a candidatura de Haddad, o PT paulista está deixando de lado as disputas internas e começa a se unir em torno da candidatura da senadora Marta Suplicy (PT) à prefeitura de São Paulo. Ela largou na frente e é
o nome mais consolidado internamente. Haddad não tem militância partidária e enfrenta muita resistência no partido. Nem o fato de a candidatura do ministro da Educação ter sido abraçada pelo ex-presidente Lula tem sensibilizado os petistas. O ministro Aloizio Mercadante (Ciência e Tecnologia), que era um dos précandidatos, agora prefere continuar à frente da pasta.

"Somos um partido que sobrevive para prestar serviço ao povo do Brasil na oposição” — José Agripino, presidente do DEM e senador (RN)

RACHA. No encontro dos jovens do ProUni, no Congresso da UNE, anteontem, os presidentes da UNE, Augusto Chagas, e da Ubes,
Yann Evanovick, ambos do PCdoB, não cumprimentaram a secretária nacional de Juventude, a petista Severine Macedo. Percebendo a situação, o ex-presidente Lula, em sua saudação, disse que Severine é “secretária da Juventude do Brasil”. Antes de ocupar esse cargo, ela era secretária de Juventude do PT.

Lado B
 Apesar das pesquisas favoráveis ao governo Dilma, a oposição comemora o semestre. Festeja as demissões dos ministros Antonio
Palocci e Alfredo Nascimento e o fracasso do leilão do trem-bala e da operação Pão de Açúcar-BNDES.

Ufa! 
 Os tucanos começam a duvidar do cumprimento da promessa da presidente Dilma de instalar 500 UPAs em sua gestão. O líder do PSDB, deputado Duarte Nogueira (SP), registra que o governo ainda não liberou nada para o programa.

Entrou em operação a TV da Gleisi
 A Infraero instalou ontem, no computador da ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil), sistema pelo qual ela poderá monitorar online o movimento em 15 aeroportos brasileiros. O sistema mostra imagens de câmeras instaladas em terminais de embarque. A iniciativa faz
parte de esforço conjunto com a Secretaria de Aviação Civil para marcar de cima as companhias aéreas e garantir que os passageiros sejam bem atendidos.

Distritão
 Do senador Francisco Dornelles (PP-RJ) defendendo o “distritão”, sistema majoritário de eleição para deputado: “O chamado endinheirado pode ser eleito por qualquer sistema”, disse ele, rebatendo a crítica de que o “distritão” favorece o poder econômico.

Bandeiras
 O movimento suprapartidário organizado por Marina Silva, que deve culminar na formação de um novo partido, em 2013, parte de dois temas para mobilizar seguidores: manifestações contra o novo Código Florestal e a construção da usina de Belo Monte. 

SOCIALISTA? O empresário José Batista Júnior, do frigorífico Friboi, filiou-se ao PSB. Seu plano é disputar o governo de Goiás em 2014. 
 O GOVERNADOR Sérgio Cabral (RJ) e o prefeito do Rio, Eduardo Paes, fizeram questão de ir ontem à homenagem ao vice-presidente Michel Temer, na Associação Comercial do Rio de Janeiro. 
● O EX-MINISTRO Ciro Gomes se reuniu ontem com o governador Renato Casagrande (ES). Conversaramsobre a redistribuição dos royalties do petróleo. O irmão, Cid Gomes, governador do Ceará, resiste às propostas dos estados produtores.

MERVAL PEREIRA - Obsessão


Obsessão
MERVAL PEREIRA
 O Globo - 16/07/11

Como se sabe, temos no Brasil dois grandes especialistas em imprensa: o ex-presidente Lula e o ex-ministro José Dirceu. Os dois dedicam-se, desde os primeiros meses do primeiro mandato do petista na Presidência da República, a tentar aprovar legislações que controlem a informação, uma tendência que vem se alastrando por toda a América Latina.

O movimento de contenção da liberdade de imprensa está presente em diversos países, como Venezuela, Argentina, Bolívia e Equador, onde TVs, rádios e jornais vão sendo fechados sob os mais variados pretextos, e muitos outros são ameaçados com diversas formas de pressão, seja financeira, seja por meio de medidas judiciais.

No início do governo, tivemos que lutar contra a criação de várias agências oficiais. A Agência Nacional de Cinema e Audiovisual daria poderes para o governo interferir na programação da televisão e direcionar o financiamento de filmes e de toda a produção cultural para temas que estivessem em sintonia com as metas sociais do governo.

O Conselho Nacional de Jornalismo teria a finalidade de controlar o exercício da profissão e poderes para punir, até mesmo com a cassação do registro profissional, os jornalistas que infringissem normas de conduta que seriam definidas pelo próprio conselho.

Os mesmos grupos políticos continuam empenhados em aprovar novos tipos de cerceamento à liberdade de imprensa no país, sob o pretexto de exercer um "controle social" sobre os meios de comunicação, sendo que o Partido dos Trabalhadores decidiu que uma das prioridades é o que chamam, paradoxalmente, de "democratização da comunicação".

A presidente Dilma, ao assumir o governo, relegou a um plano secundário um projeto que objetivava controlar a informação, sob o pretexto de regulamentação dos novos meios eletrônicos.

Nossos dois "especialistas" voltaram às suas obsessões nos últimos dias. Lula motivado pelas críticas ao apoio oficial ao Congresso da UNE, onde foi o grande homenageado. E José Dirceu incentivado pelo escândalo na imprensa inglesa que provocou o fechamento do jornal "News of the World", além da demissão de vários dirigentes do conglomerado de informações do magnata Rupert Murdoch, uma espécie de "cidadão Kane" pós-moderno.

Insistindo nos seus equívocos, Lula tentou pela enésima vez menosprezar o peso dos jornais tradicionais que chamaram a reunião da UNE de chapa-branca. E declarou-se "invocado" por considerar que a imprensa não larga do seu pé.

A pretexto de consolar o presidente da UNE, Augusto Chagas, o ex-presidente garantiu a ele que os grandes jornais do Rio e de São Paulo não têm alcance nacional e não chegariam, segundo o ex-presidente, à Baixada Fluminense ou ao ABC paulista.

"Eles não perceberam que as coisas estão mudando no Brasil. O povo não quer mais intermediário entre eles e a informação. O povo está se informando de muitas formas. Muitas formas. E não apenas naqueles (meios) que habitualmente achavam que formavam", argumentou o ex-presidente, revelando sua peculiar postura ética, além de ignorância em relação à circulação das informações nas novas mídias.

Se a notícia não chega a todo o país, e muito menos ao interior, então não é preciso se preocupar, ensina Lula. O fato em si não tem a menor importância, desde que a grande massa de cidadãos permaneça na ignorância deles.

Esquece-se o presidente que, da mesma maneira que a internet e as novas mídias sociais permitem que as informações circulem mais largamente, com versões de várias fontes, elas também levam as reportagens da grande imprensa aos recantos mais longínquos do país.

Estudo recente demonstra que as reportagens da grande imprensa são replicadas no Facebook, no Twitter e em outras mídias sociais, amplificando sua repercussão.

O ex-presidente também se esqueceu que, no Brasil, a circulação dos jornais vem crescendo, especialmente a dos chamados "jornais populares", o que leva as questões nacionais a esse público que Lula pretende controlar sozinho, sem a interferência de outros agentes.

Além do mais, os blogs mais acessados são justamente os que se ligam aos principais jornais do país, cujas marcas e tradição lhes dão os meios para apuração das notícias e a credibilidade que muitas vezes faltam a blogs personalistas.

Não é à toa que a presidente Dilma Rousseff vem demitindo ministros e assessores do primeiro escalão com base em denúncias da chamada "grande imprensa". E, se considerasse mesmo desimportantes os grandes jornais, Lula não perderia seu tempo com eles.

Não há dúvida de que, com o surgimento das novas tecnologia, os jornais perderam a hegemonia da informação, mas continuam sendo fatores fundamentais para cidadania.

O jornalista espanhol José Luis Cebrian, diretor do "El País", talvez o jornal mais influente hoje da Europa, considera que os jornais perderam a centralidade da formação da opinião pública, mas continuam sendo um "contrapoder", com uma enorme influência, embora menor do que anteriormente à chegada das mídias sociais.

Ele relembrou em recentes entrevistas que os jornais continuam sendo importantes para a institucionalização democrática dos países, embora precisem se adaptar à nova realidade tecnológica.

Já o escândalo das escutas ilegais do jornal britânico "News of the World" fez com que o ex-ministro José Dirceu recuperasse o fôlego, depois de ter sido reafirmado pelo procurador-geral da República Roberto Gurgel como o "chefe da quadrilha" do mensalão, e voltasse à carga em seu blog na campanha pela "regulação da mídia", nova maneira de denominar sua permanente tentativa de controlar a informação.

A gravidade do que aconteceu no "News of the World", com escutas ilegais e chantagens, liga perigosamente a prática de crimes comuns ao jornalismo, o que é inaceitável e põe em risco a própria essência da liberdade de expressão. O jornalismo, instrumento da democracia, não pode se transformar em atividade criminosa.

O interessante é que nem mesmo na Grã-Bretanha, epicentro dessa grave crise do jornalismo, está em discussão uma legislação oficial para controlar meios de comunicação.

São grandes as críticas à atuação da Press Complaints Commission (comissão de queixas sobre a imprensa), órgão formado pelos próprios jornais para se autorregular, e há um amplo debate sobre a revisão de seus critérios para reconquistar a confiança do público britânico.

Mas até agora não apareceu nenhum Dirceu para defender o controle governamental da imprensa.

MÔNICA BERGAMO - "O PIOR SERIA 'MASTIGAR' NA CABEÇA UM CÂNCER"

"O PIOR SERIA 'MASTIGAR' NA CABEÇA UM CÂNCER"
MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SP - 17/07/11

O Festival de Paulínia (SP) terminou anteontem com a premiação de "A Febre do Rato" como melhor filme. Estavam lá artistas como Giulia Gam, Eriberto Leão, Selton Mello e Lima Duarte. O ator e diretor Marcos Paulo, da TV Globo, comemorava no evento o que dizia ser o seu "renascimento". Ele se referia à primeira exibição do filme "Assalto ao Banco Central", sua estreia em direção cinematográfica, aos 60 anos. O pique profissional o ajuda a lidar contra um câncer no esôfago, disse ele à coluna.

Folha - O sr. está nervoso com a estreia do filme?
Marcos Paulo - A estreia é o maior nervosismo, um parto. Quando a gente entra num projeto é um túnel sem fim. Aí é você conseguir sair.


Como está sendo o seu tratamento contra o câncer?
Eu acabei de fazer a primeira parte do tratamento, com sessões de quimioterapia e radioterapia, que durou cinco semanas. Eu vou fazer um exame agora no começo de agosto. É um exame complexo, que vai dizer como está a doença e que tratamento vem depois.


Está se sentindo bem?
Muito, pelo filme.Toda sensação boa ajuda. O pior seria "mastigar" na cabeça um câncer. Então estar bem ocupado é bom.


Mas o sr. está com aparência tão boa...

Minha aparência, ótima?! Estou me sentido muito bem, obrigado. É o que conta.

PLANTÃO MÉDICO

Depois de se encontrar com Dilma Rousseff em Brasília, o chanceler venezuelano, Nicolás Maduro, viajou para São Paulo e se reuniu ontem com médicos do hospital Sírio-Libanês para falar sobre a doença do presidente Hugo Chávez. Conversou com o cardiologista Roberto Kalil, o oncologista Paulo Hoff, o gastroenterologista Raul Cutait -e com o urologista Miguel Srougi, o maior especialista em câncer de próstata do país.

PISTA

Lâminas dos exames do presidente venezuelano sugerem que ele tem lesão na próstata. Mais informações são necessárias para que os médicos brasileiros tenham o quadro completo da doença. As conversas não foram conclusivas e até aquele momento nem mesmo estava definido se Chávez viria ao Brasil para tratamento.

MÃO AMIGA

Foi o ex-presidente Lula quem deu em Hugo Chávez o empurrão definitivo para que ele enviasse emissários para conversar com o governo e com os médicos brasileiros. O petista e o venezuelano falaram longamente sobre o problema.

DATENA DE VOLTA?
O apresentador José Luiz Datena e Johnny Saad, dono da TV Bandeirantes, conversaram por quase três horas no domingo passado, na casa do empresário. "Somos vizinhos e nos encontramos. Falei com ele por um tempo legal, como amigo e ex-funcionário", diz Datena. O apresentador, que trocou a emissora pela Record há um mês, admite ter conversado sobre a possibilidade de voltar. "A Band é a emissora do meu coração", diz ele. E mais: "Essa possibilidade [de retorno] não está afastada. Já houve conversas e comuniquei isso à Record".

PEDRAS NO CAMINHO
Datena admite que seria uma reviravolta difícil. "É complicado. Tem os entraves jurídicos. Se a Record estiver satisfeita com o meu trabalho e colocar dificuldades, eu fico [na emissora]", diz o apresentador. "No fundo, no fundo, o melhor seria as coisas ficarem do jeito que estão. Mas, se todo mundo sentar e entrar num acordo, para mim está tudo certo."

CHICO.COM.BR
Chico Buarque se apresentará ao vivo na internet na próxima quarta, entre 15h e 16h (horário a definir). Ele cantará junto com João Bosco a música "Sinhá", que os dois fizeram juntos para o novo CD de Chico. A apresentação será exibida no site chicobastidores.com.br.

HOTEL MARONI
Oscar Maroni diz que vendeu o Oscar's Hotel, interditado pela Prefeitura de SP na época do acidente da TAM. Ele afirma que repassou o espigão para um grupo italiano "que trabalha com comunicações". Não quis revelar o nome. Nem o valor da transação. Diz que continua dono do imóvel que abrigava a boate Bahamas, que o tornou célebre.

NOVAS TECNOLOGIAS
Tom Zé, 74, comprou um iPod nesta semana. O cantor vai passar para o aparelho as novas composições que ele fez para o seu show na terça, em Nova York. Quer ouvir as letras para decorá-las durante a viagem SP-NY.

'SEXO' E FLORES

Lima Duarte disse à Serafina de julho que seu pesadelo inconfessável era "ter vivido 'sexo solitário' com Hebe Camargo". Na semana passada, mandou flores à apresentadora depois de ouvir dizer que ela tinha ficado chateada com a frase.

Folha - Sabe como a Hebe recebeu as flores?
Lima Duarte - Espero que ela tenha aceito. Eram uma homenagem, assim como a frase.


Então a frase foi um elogio?
Sim. E o ato também. É uma homenagem do tipo que faço a poucas pessoas.

CURTO-CIRCUITO

O filme "Viva Marajó", de Regina Jeha, estreia hoje, às 20h, no Espaço Unibanco, dentro do 6º Festival de Cinema Latino-Americano. Livre.

A mostra "Personagens Remixados", de Marcelo Paciornik, fica em cartaz até 4 de agosto na galeria Jô Slaviero e Guedes.

A pianista Júlia Tygel faz apresentação de seu disco "Entremeados" hoje, às 20h30, no Centro de Convivência de Campinas. Livre.

com DIÓGENES CAMPANHA, LÍGIA MESQUITA, THAIS BILENKY e CHICO FELITTI

MÍRIAM LEITÃO - Eles não podem


Eles não podem
MÍRIAM LEITÃO
O GLOBO - 16/07/11

Se você é um sobrevivente das crises dos anos 80 e 90, pense no que seria impensável naquela época: que os Estados Unidos entrassem numa corrida contra o tempo para evitar o calote da dívida.

Seria visto como improvável o que aconteceu ontem: o presidente alertar para o risco de o mercado exigir juros maiores por desconfiarem do Tesouro, e a China mandar os Estados Unidos terem juízo.

Naquelas décadas, crises sacudiram países latino-americanos e asiáticos. O norte continuou sendo os Estados Unidos. Seria impensável que a maior economia do mundo estivesse vivendo os dias que está vivendo: esta semana, o presidente Barack Obama fez dois pronunciamentos, seguidos de entrevistas, na Casa Branca, com repórteres fazendo perguntas que nos pareceria delírio naquele tempo em que eles tinham o monopólio da força.

No dia 16 de maio, os Estados Unidos atingiram o limite do endividamento permitido. Depois disso, passaram a gastar os recursos extraordinários que vão acabar no dia 2 de agosto. É urgente, imprescindível e dramático que eles cheguem a um acordo.

O cenário político polarizado pelo clima eleitoral antecipado tem impedido que republicanos e democratas concordem com um plano de ajuste fiscal que permita a aprovação de um novo teto para a dívida.

Obama começa a admitir a possibilidade de um plano B, que está sendo negociado por alguns moderados de cada lado, com uma mudança de procedimento de votação no Congresso ou uma nova permissão provisória de elevação da dívida.

Mesmo assim, disse que continuará sendo ambicioso e negociando um amplo acordo de ajuste fiscal que inclua corte de gastos e aumentos de arrecadação.

Os republicanos dizem que não aceitam aumento de impostos. Parece justo. Mas o que está realmente em jogo? Os democratas querem cortar os benefícios da indústria de petróleo, dos jatos executivos e do etanol de milho.

Os republicanos pedem cortes nos gastos de assistência médica, o Medicare. Por trás do discurso anti-impostos, está a defesa dos interesses dos muito ricos e um ataque a uma das plataformas políticas de Obama.

As agências de risco assistem a tudo perplexas. Seus manuais estabelecem que, diante de uma situação como essa, o país teria de ser rebaixado. A Standard & Poor's e a Moody's colocaram leves sinais negativos. A Fitch nem isso, porque acredita que tecnicamente é um "risco de evento".

Sendo assim, quando acontecer, não haverá uma pequena descida, mas sim uma queda dramática. Os Estados Unidos são há 70 anos a melhor nota de risco, referência a partir da qual as outras dívidas são classificadas. Seus títulos são classificados como o mais seguro dos papéis, AAA.

Hoje, o país balança no abismo do conflito político. Se no dia 2 os Estados Unidos não tiverem um acordo e não pagarem títulos vencendo, as agências teriam que derrubar a classificação para D: o pior dos riscos.

É por isso que as agências, bancos e analistas dizem que não vão considerar essa hipótese porque "eles não seriam tão loucos". E se forem? Parafraseando James Carville, marqueteiro político de Bill Clinton, pode-se dizer para os avaliadores de risco econômico: "É a política, estúpidos".

Os republicanos têm pouca chance de vencer a eleição de 2012. Mesmo com a crise econômica, o alto desemprego, o presidente Barack Obama é o mais provável vencedor da eleição. Os republicanos se dividiram, com uma ala de extrema direita. Alguns deles podem sim estar pensando no quanto pior melhor.

A hipótese parece absurda, mas quem avalia risco tem que pensar nela. A estridente ala conservadora dos republicanos pode querer jogar os Estados Unidos - e o mundo - na pior crise financeira de que se tem notícia.

Esperemos que, como pediu a China, os Estados Unidos tenham juízo neste fim de semana, em que as negociações continuarão, e cheguem ao acordo de corte de gastos, aumento de receitas, eliminação de isenções fiscais.

Se o impensável acontecer, todos os fundos de pensão, que são os maiores investidores do mundo, teriam que sair dos títulos americanos, porque eles são obrigados por lei, estatuto ou regulação a só aplicar em papéis seguros. As empresas e bancos americanos também seriam rebaixados. A China seria afetada porque é o maior detentor individual de dívida americana. O Brasil é o quarto. É uma espiral negativa em escala mundial.

Por isso, é mais fácil acreditar que eles não serão loucos a esse ponto e neste fim de semana vão chegar num acordo. Esse conflito político não é inédito. Aconteceu em 1995, quando o líder dos republicanos era o extremado Newt Gringrich e o presidente era Bill Clinton. Mas o impasse não chegou tão longe. Depois disso, Clinton fez um ajuste orçamentário ajudado pela onda de crescimento.

Agora, duas crises e duas guerras depois, a situação fiscal americana se deteriorou extremamente. Na entrevista de ontem, um jornalista perguntou se Obama estava otimista com a possibilidade de um acordo. "Eu sou otimista, não lembra da minha campanha?" Parece que agora o bordão deve mudar.

Em vez de: "Sim, nós podemos", está na hora de fazer os republicanos dizerem: "Não, não podemos".

WALTER CENEVIVA - Efeitos da lei de Murdoch

Efeitos da lei de Murdoch
WALTER CENEVIVA
FOLHA DE SP - 16/07/11

Se por um lado devemos pensar em meios contra abusos da imprensa, não devemos chegar à censura


O MILIARDÁRIO áustralo-americano Rupert Murdoch está dando uma lição ao mundo, com o caso do seu extinto jornal dominical "News of the World", na Inglaterra, fonte de grande arrecadação publicitária.
Infelizmente a lição não é de boas práticas do jornalismo, mas a de que o abuso incontido da liberdade da informação nega o próprio direito à liberdade.
O jornal de Murdoch especializou-se em eventos atribuídos a personalidades conhecidas, para cujo levantamento jornalístico todas as ousadias (legais e ilegais) foram aceitas. Corrupção de policiais para darem dados de investigações proibidas, com e sem ocultação de fatos relevantes para "sensacionalizar" a notícia, são alguns dos desvios profissionais denunciados.
Murdoch, em lance brilhante, desistiu, por ora ao menos, de adquirir o controle total da BSkyB, líder multinacional da comunicação eletrônica, que ampliaria a área coberta por seus veículos.
Murdoch e seu filho disseram que não sabiam dos abusos. Pessoas ligadas diretamente à família também afirmaram ignorar os fatos.
A desculpa é conhecida por aqui, até quando utilizada por figurões da política. Seremos cegos e surdos se não atentarmos para os perigos envolvidos, principalmente porque Murdoch tem empreendimentos importantes nos EUA na área da televisão, interferindo diretamente nas disputas eleitorais americanas e nos meandros da política.
A Constituição brasileira define os princípios relativos à comunicação social (impressa, eletrônica, empresarial e não empresarial) com a plena liberdade de manifestação. Está no parágrafo 1º do artigo 220: "nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social".
Exige respeito ao artigo 5º, IV (manifestação livre, proibido o anonimato), V (assegurado direito de resposta), X (inviolabilidade da intimidade, vida privada, honra e imagem), XIII (liberdade profissional) e XIV (livre acesso à informação, resguarda o sigilo de fonte).
Tratam-se de direitos individuais, mas a sociedade deve ser protegida contra o abuso, sobretudo se atrelado a fontes vindas do exterior.
Seria inútil no caso de Murdoch, com seu império estrangeiro, se os fatos noticiados se passassem no Brasil, nada obstante a Constituição reservar a brasileiros natos ou naturalizados a propriedade de empresa jornalística ou de radiodifusão.
Os não residentes no Brasil que cometerem excessos nos veículos de comunicação serão praticamente inalcançáveis pela lei brasileira em caso de abuso contra direitos daqui. Sempre haverá um ou outro figurante de segunda categoria, bom para ser oferecido ao escárnio público.
O caso Murdoch confronta dois elementos fundamentais: a liberdade plena da informação e o direito das pessoas a sua própria intimidade, dignidade e honra. O jornal de Murdoch não hesitou, segundo o noticiário, em ousadias para vender mais, para ampliar lucro, nos veículos de comunicação dos quais ele detém o controle.
O mau exemplo das empresas de Murdoch é ruim. Se por um lado devemos cogitar seriamente mecanismos contra abusos, não deveremos partir desse mal para outro extremo muito pior: o da censura e da liberdade restringida.

RENATA LO PRETE - PAINEL DA FOLHA

Costela republicana
RENATA LO PRETE
FOLHA DE SP - 16/07/11

Uma nova sigla pode surgir das divergências internas do PR. Para escapar do controle imposto por Valdemar Costa Neto, um grupo articula a criação do PDN (Partido do Desenvolvimento Nacional). A ideia sai do armário pelas mãos do deputado Diego Andrade (PR-MG) mas, nos bastidores, o comando da operação é do seu tio, o senador Clésio Andrade (PR-MG).
Sandro Mabel (PR-GO), às turras com Costa Neto, também é entusiasta da proposta, dizem interlocutores.
Os articuladores da nova legenda asseguram já ter iniciado o processo para obtenção de registro na Justiça Eleitoral. O grupo afirma que só recua caso a atual crise nos Transportes resulte em efetiva perda de poder de Costa Neto na máquina partidária do PR.

Plano de voo 
Há negociações em curso para que o futuro PDN se una ao PRTB, partido que elegeu dois deputados federais em 2010.

Na mira 
No governo, circulava ontem a informação de que Hideraldo Caron, diretor de Infraestrutura Rodoviária do Dnit, ligado ao PT, poderia deixar o cargo ainda neste fim de semana.

Tim-tim 
Com a polêmica sobre a compra de caças pelo Brasil ainda pendente, Nelson Jobim (Defesa) e Juniti Saito (Aeronáutica) marcaram presença na festa da embaixada da França, anteontem, em comemoração à queda da Bastilha.

Repaginada 

O PT lança em agosto um site reformulado. A ideia é estimular o uso da rede em ações partidárias.

O império...
Menos de dois meses depois de assumir a vice-chefia do Comando Sul dos EUA, o vice-almirante Joseph Kernan fez ao Brasil sua primeira viagem internacional, com o objetivo de sinalizar que Washington busca estreitamento de laços militares com o país. Em Brasília e Rio se reuniu, entre outros, com a chefia do Estado Maior brasileiro.

...contra-ataca 
Kernan fez carreira nos SEAL, a força de operações especiais da Marinha, e comandou a Quarta Frota, a unidade naval para a América Latina e Caribe cuja recriação, em 2008, causou polêmica na região. Nos últimos anos, foi o principal assessor militar do ex-secretário da Defesa Robert Gates e atuou na negociação do acordo de cooperação militar Brasil-EUA.

Pente-fino 
O TRE-SP determinou ontem que todas as listas de adesões ao PSD de Gilberto Kassab sejam publicadas também no Diário Oficial -hoje são apenas afixadas nos cartórios. A mudança no rito, reivindicada pelo DEM, antigo partido do prefeito, deve dificultar ainda mais a certificação das 490 mil assinaturas exigidas para a criação da sigla.

Elétrico 

Apelidado por Geraldo Alckmin de "pai" do Via Rápida do Emprego, o vice-governador Guilherme Afif, afastado da Secretaria de Desenvolvimento quando concebia o programa, resumiu assim a saída da pasta, logo que aderiu ao PSD: "Foi só um curto-circuito".

Híbridos

Embora tenha migrado para o partido de Kassab, a ex-tucana Zulaiê Cobra trabalha para lançar seu filho Fabrício candidato a vereador pelo PSDB paulistano em 2012.

Tapetão 

Militantes do MR-8, abrigados no nascituro PPL (Partido da Pátria Livre), e do PMDB travam disputa pelo comando da CGTB, entidade sindical que teve origem na antiga Central Geral dos Trabalhadores. Após impasse no congresso da entidade realizado no início do mês, a decisão sobre os rumos da agremiação deve parar nos tribunais.
com LETÍCIA SANDER e FABIO ZAMBELI

tiroteio


"Como Lula pouco governou, não sente falta de governar. Mas do microfone para atacar a mídia, tem síndrome de abstinência."
DO DEPUTADO FEDERAL ROBERTO FREIRE (PPS-SP), sobre o discurso do ex-presidente no Congresso da UNE, em que chamou de "babacas" jornalistas que apontaram fragilidade política em sua sucessora, Dilma Rousseff.

contraponto

A fila anda

Dias atrás, o ministro Garibaldi Alves Filho (Previdência) foi questionado por jornalistas se tiraria férias em julho. O peemedebista disse que não, lembrando que está há apenas seis meses no cargo e que descanso agora só valia para os ministros que emendaram o governo Lula com o de Dilma.
Em seguida, pensou e acrescentou:
-Eu preciso é me cuidar, em oito anos foram sete ministros da Previdência. Eu tenho é que trabalhar!