segunda-feira, julho 11, 2011

ALEXANDRE BARROS - Protecionismo... contra brasileiros


Protecionismo... contra brasileiros
ALEXANDRE BARROS
O Estado de S. Paulo - 11/07/2011

"País rico é país sem pobreza" é o slogan do governo Dilma. Mas há uma cacofonia econômica quando o governo propala isso e, ao mesmo tempo, anuncia políticas protecionistas. Políticas protecionistas para evitar a "invasão" de produtos baratos querem dizer, na verdade, que você, brasileiro, será obrigado a pagar mais caro por produtos, muitas vezes, piores.

Políticas protecionistas sempre são trombeteadas como grande vitória dos brasileiros. Falta o lado oculto da história. Henry Hazlitt, em seu clássico Economia Numa Única lição, ensina que para analisar qualquer política pública é importante virá-la pelo avesso e fazer algumas perguntas. Quanto custa? Quem paga? Quem se vai beneficiar, a curto e a longo prazos? E quem pagará a farra? Sem respostas para essas perguntas, qualquer política pública que pareça ótima pode ser, na realidade, péssima para a população.

Perdem os cidadãos e ganha o governo, que passa a cobrar impostos mais altos. Com uma penada aumenta o preço e a arrecadação. O cidadão só pode comprar se concordar em pagar um pouco (ou muito) mais caro.

Em 1995, o modelo mais simples de liquidificador existente no mercado americano custava US$ 14,99 e o equivalente mais barato produzido no Brasil, R$ 45. Traduzindo: os pobres brasileiros - que já eram várias vezes mais pobres que os pobres americanos - tinham de pagar três vezes mais pelo mais elementar eletrodoméstico: um motor de alta rotação com uma hélice afiada e um copo em cima.

Agora o governo aumentará os impostos de vários importados, alegando proteger o consumidor brasileiro contra produtos estrangeiros de má qualidade. Ora, quem precisa julgar a qualidade do produto que consome é o usuário, não um grupo de burocratas muito bem pagos e bem servidos de eletrodomésticos, simples e complexos.

Já tivemos proteções contra tecidos de algodão, calças do tipo jardineira, automóveis e motocicletas, barcos, freezers, fogões, leite em pó, celulares, trigo, nozes, ketchup e molhos de tomate, gomas de mascar sem açúcar, sucos de frutas, metanol, medicamentos com paracetamol, perfumaria, dentifrícios, batons, xampus, pneus, lâminas de barbear, abrunhos frescos e óleos de nabo silvestre. Vejamos o que vem agora.

A roupa será bonita: a defesa do interesse do consumidor brasileiro. A realidade, mais amarga: preços mais altos para coisas que os consumidores querem porque, no seu julgamento, são melhores ou mais desejáveis.

Todos falam de lobby, mas poucos sabem como funciona. Na versão light, senhoras e senhores simpáticos argumentam com burocratas por que o governo deve sobretaxar este ou aquele produto. Na versão mais pesada, dinheiro muda de mãos em troca de decisões governamentais protecionistas. Na versão violenta, funcionários contrários ao protecionismo chegam a sofrer ameaças de retaliações físicas, como me contou um diplomata envolvido em negociações comerciais internacionais.

A tarefa dos lobistas é tentar convencer os burocratas de que seus produtos, e não outros, devem entrar na lista. Assim engordam artificialmente os lucros das empresas para as quais trabalham e nós, brasileiros, pagamos a conta. A razão é simples: como tais itens ficarão mais caros se forem importados, fabricantes locais ganham uma bela licença para cobrar mais por seus produtos no Brasil.

E aí é que a porca torce o rabo, caro leitor: a retaliação nada tem que ver com uma vitória de governos, uns contra outros. Ao contrário, é uma tremenda derrota - para você, porque a conta é toda sua. Todo esse dinheiro sairá do seu bolso: o governo autorizará os produtores brasileiros (ou que fabricam no Brasil) a aumentar os preços de tudo o que entrar na lista, financiados com os seus caraminguás.

Isso mesmo, caro leitor, além de trabalhar de janeiro até quase fins de maio de cada ano (ou de junho, se você for mais pobre) para pagar os impostos que já existem, o governo autorizará um grupo de empresas - que foram mais eficazes em buzinar o seu interesse em sobretaxas nas orelhas burocráticas brasilienses - a transferir os problemas de incompetência empresarial delas para o seu bolso.

Já está com dor de cabeça? Trate de achar um remédio fora da lista de proteção, senão a sua dor de cabeça custará mais caro.

Em suma, meu caro leitor, voltando a Henry Hazlitt, essa vitória que será vendida pelo governo como sua será uma grande derrota, porque o que o governo estará fazendo é cortesia com o seu chapéu: cada vez que ele cobrar mais caro o imposto de importação de um dos produtos da lista, será a sua cabeça que ficará descoberta. Assim, não se apresse a comemorar uma vitória que não é sua, é dos produtores beneficiados e do governo, que arrecadará mais impostos. Essa política é uma grande potoca!

A pergunta do pessoal que entrou nas classes C e B, em parte graças a produtos importados mais baratos, não vai ficar nada feliz ao ser forçada a voltar à sua classe de origem por um capricho burocrático para beneficiar os vizinhos do Mercosul.

Como sempre, o governo resolveu fazer propaganda para tentar fazer você acreditar que saiu ganhando, quando você será o grande perdedor.

De quebra, já está proibida desde o dia 1.º de julho a venda de todos os aparelhos elétricos que tenham qualquer tipo de plug que não o novo, de três pinos redondos, fora de linha, cortesia dos çábios do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro). Multa para os comerciantes flagrados vendendo outros tipos de plug ou tomada: até R$ 1,5 milhão, mais o salário de 700 fiscais.

Parabéns, consumidor brasileiro, o pagamento de todas essas contas vai sair do seu bolso!

SÉRGIO VALE - América Latina interrompida


América Latina interrompida
SÉRGIO VALE
Brasil Econômico - 11/07/2011

A história da América Latina tem sido marcada por uma série de interrupções. Aquela ideia de progresso contínuo, em que reformas são permanentemente o centro do desenvolvimento econômico, contaminou apenas o Chile ao longo de sua história.

Os outros países, inclusive o Brasil, são rajados de lapsos de modernidade que em geral se perdem por políticas mal feitas.

Essa percepção se torna ainda mais interessante hoje quando muitos consideram que o Brasil já é um país pronto para o crescimento, que não precisaria mais de grandes reformas.

A inatividade dos primeiros seis meses da presidente Dilma sugeriria que não há muito mais o que fazer de reformas institucionais no país.

Para quem, como eu, não acredita que o grosso do trabalho já está feito pode ter em mãos um manual de América Latina, escrito por Sebastian Edwards, com o sugestivo nome de Left Behind: Latin America and the False Promise of Populism.

O conteúdo é mais elegante, mas são inegáveis as lembranças do Manual do Perfeito Idiota Latino Americano, editado por Carlos Alberto Montaner e outros alguns anos atrás.

A história que Edwards conta é a de fracassos de países que tentaram escapar das sinas do subdesenvolvimento usando políticas populistas.

É moda ainda em alguns rincões do continente, mormente Venezuela, Bolívia, Equador e Argentina, mas vale aqui trazer a discussão feita sobre o Brasil.

Na avaliação do autor, o crescimento dos países passa por três fases.
A primeira é de crescimento da produtividade, em que a eficiência e não o acúmulo de capital dá o tom do crescimento.

A segunda seria dada pelas reformas institucionais, seguida da última fase que seria a acumulação de capital, em que tanto o capital humano quanto o físico crescem de forma a sustentar o crescimento.

O autor considera que o Brasil ainda esteja na primeira fase, faltando muito ainda para chegar à segunda fase, no que concordo. Entretanto, escapa a Edwards que o Brasil quase alcançou avançar da segunda fase para a terceira.
De Fernando Henrique Cardoso até o primeiro mandato de Lula passamos por crescimento de produtividade e um início de processo duradouro de reformas institucionais, que foram paralisadas no segundo mandato de Lula e assim permanecem nesse início de governo. Estávamos em velocidade de cruzeiro no projeto de reformas, quando o país começou a aumentar o acúmulo de capital humano e físico,mas sem terminar o processo de reformas. O que se verá é que esse pulo fictício para a terceira fase, tão alardeado pelo governo a todo o momento, não se sustenta porque justamente o período de reformas não foi prolongado e aqui o livro de Edwards é farto em exemplos de como estamos muito atrasados nessa área.

Sempre se esquece no Brasil que reformar não é um processo temporário, mas sempre permanente, sendo o Chile o exemplo máximo disso.

Na década de 70, os chilenos se encontravam em pior situação que o Brasil. Em 30 anos de reformas ininterruptas aquele país está muito mais avançado que nós. Há esperança de mudança? Parece-nos que, no momento, não.

Propina de 10% para 50%


Propina de 10% para 50%
O Globo - 11/07/2011

Como noticiou ontem o GLOBO, um empresário, beneficiado pela delação premiada, revelou ao Ministério Público federal, que, na semana da tragédia que matou mais de 900 pessoas na Serra, um acerto entre empreiteiras e autoridades de Teresópolis elevou a taxa da propina para a aprovação de contratos de serviços: passou de 10% para 50%.

Denúncias sobre irregularidades e suspeitas de corrupção também atingiram Nova Friburgo, município que mais sofreu com o temporal, tendo recebido R$10 milhões - a maior fatia das verbas federais enviadas aos municípios. Até agora, o MP federal já instaurou na cidade mais de dez inquéritos civis públicos e promete outros, cobrando explicações da prefeitura.

O caso mais grave aponta para funcionários da Fundação Municipal de Saúde, que autorizaram, em meio à tragédia, o pagamento, sem licitação, de mais de R$900 mil a uma empresa do Rio, a Spectru Instrumental Científico Ltda. O contrato previa que a empresa faria a manutenção e a conservação de equipamentos da rede municipal de saúde, atingidos pela enxurrada.

Em Teresópolis, as investigações começaram com o relato do empresário ao MP federal. Ele recorreu à delação premiada (quando o criminoso faz acordo com a Justiça e ajuda nas investigações) para revelar um suposto esquema de corrupção entre a prefeitura e empresas que atuaram em pelo menos quatro municípios da Serra. Segundo ele, na semana das chuvas, empresários e secretários municipais se reuniram na prefeitura, administrada pelo PT, para dividir contratos sem licitação e os recursos federais. Um total R$100 milhões foi enviado ao estado pela União.

ANCELMO GÓIS - Marina e o tempo

Marina e o tempo
ANCELMO GOIS
O GLOBO - 11/07/11

Deve se chamar “Marina e o tempo” o filme de Sandra Werneck sobre Marina Silva. Nove atrizes são cogitadas para viver a ex-senadora nas várias fases de sua vida: Dira Paes, Cleo Pires, Camila Pitanga, Vanessa Giácomo, Emanuelle Araújo, Alice Braga, Lucy Ramos, Luciana Bezerra e Ana Cecília Costa. 

Segue...
O filme começa a rodar em 2012 e deve estrear em 2013. Sandra vai filmar no Acre, terra de Marina e de suas batalhas pelo verde ao lado de Chico Mendes, em Brasília e no Rio. 

Isto é Dilma

Dilma, ao contrário de Lula, prefere não marcar compromissos no almoço. Costuma fazer a refeição no Alvorada, ao lado da mãe, dona
Dilma Jane, 87 anos. 

Memórias de Vera 
Vera Gertel, 73 anos, a atriz e ativista que foi casada com Oduvaldo Vianna Filho e Carlos Lyra, entregou os originais de suas memórias à Editora Record. O livro vai se chamar “Um gosto amargo de bala”. Entre outras, Vera brilhou na primeira montagem de “Eles não usam black-tie”, de Gianfrancesco Guarnieri, em 1958, no Teatro de Arena, no Rio. 

No mais

Quem acha que o mensalão não existiu ou é muito bobo ou não se importa com a safadeza. Tanto o ministro Joaquim Barbosa, relator do caso no STF, como o procurador-geral Roberto Gurgel, que pediu a condenação de 36 réus, são pessoas honradas e indicadas por Lula.

GilPad
Gilberto Gil, de novo, está na frente no mundo digital. O cantor já tem aplicativos para iPhone e iPad disponíveis de graça na loja da Apple. Quem tiver os dois aparelhos pode baixar sua discografia, ver fotos e ler notícias sobre o artista.

Gois na Flip I
Solteiro, 39 anos, valter hugo mãe, o escritor angolano que só assina com minúsculas e levou a plateia da Flip ao delírio, externou, como se sabe, a vontade de ser pai. Ele foi a Paraty com... um amigo português, que é eletricista. 

Gois na Flip II
Não foi só o italiano Antonio Tabucchi quem boicotou a Flip por causa do caso Battisti. Sua mulher, Maria José de Lancastre, autora de um livro sobre Fernando Pessoa, faltou a um debate sobre o português na Casa da Cultura. O pernambucano José Paulo Cavalcanti, autor de “Fernando Pessoa, uma autobiografia”, falou sozinho e deu um show. 

Gois na Flip III
Quem não conseguiu ingresso ou não se interessou pela Tenda Principal pôde se deliciar com a programação paralela, a mais rica e diversificada de todas as Flips. Isso sem falar que Paraty se transformou, como sempre, numa espécie de Ilha de Caras da Cultura. Até ano que vem. 

Linha cruzada

Eduardo Paes mandou a Oi “retirar imediatamente esses trambolhos” (palavras do prefeito) que pôs em Ipanema para substituir antigos orelhões. 

Justiça do homens 
A juíza Adalgisa Emery, do 5o- Juizado Cível do Rio, condenou a 1a- Igreja Batista de Copacabana a pagar R$ 9.500 a um fiel que comprou um pacote de viagem à Terra Santa e, no dia do embarque, descobriu que a excursão não existia. Ao todo, 63 fiéis compraram o pacote; 20 estão na Justiça. 

Duas rodas 
Chega ao Rio amanhã o fotógrafo dinamarquês Mikael Colville-Andersen. É o fundador do movimento Cycle Chic, que prega o uso da bicicleta, e criador do blog Copenhagen Cycle Chic, eleito pelo “The Times” um dos 100 melhores do mundo. Vem lançar na cidade o seu Cycle Chic. 

Morte no trabalho
O TRT-RJ condenou a Petroflex, gigante da borracha sintética, a pagar mais de R$ 1 milhão à família de um ex-empregado. A empresa terá ainda de pagar salário vitalício à viúva e a duas filhas do trabalhador. Em 2006, uma placa de metal caiu sobre ele e o matou. 

Efeito olímpico 
Os investimentos para a Copa de 14 e os Jogos de 16 já dão frutos no Rio, diz o professor Marcelo Neri, da FGV. Nos últimos 12 meses, o salário do carioca cresceu 14,7%, já descontada a inflação. Em outras seis metrópoles, a média foi de 6,1%.

JUAN ARIAS - Por que os brasileiros não reagem?


Por que os brasileiros não reagem?
JUAN ARIAS
O Globo - 11/07/2011

O fato de que em apenas seis meses de governo a presidente Dilma Rousseff tenha tido que afastar dois ministros importantes, herdados do gabinete de seu antecessor Luiz Inácio Lula da Silva (o da Casa Civil da Presidência, Antonio Palocci - uma espécie de primeiro-ministro - e o dos Transportes, Alfredo Nascimento), ambos caídos sob os escombros da corrupção política, tem feito sociólogos se perguntarem por que neste país, onde a impunidade dos políticos corruptos chegou a criar uma verdadeira cultura de que "todos são ladrões" e que "ninguém vai para a prisão", não existe o fenômeno, hoje em moda no mundo, do movimento dos indignados.

Será que os brasileiros não sabem reagir à hipocrisia e à falta de ética de muitos dos que os governam? Não lhes importa que tantos políticos que os representam no governo, no Congresso, nos estados ou nos municípios sejam descarados salteadores do erário público? É o que se perguntam não poucos analistas e blogueiros políticos.

Nem sequer os jovens, trabalhadores ou estudantes, manifestaram até agora a mínima reação ante a corrupção daqueles que os governam.

Curiosamente, a mais irritada diante do saque às arcas do Estado parece ser a presidente Rousseff, que tem mostrado publicamente seu desgosto pelo "descontrole" atual em áreas do seu governo e tirou literalmente - diz-se que a purga ainda não acabou - dois ministros-chave, com o agravante de que eram herdados do seu antecessor, o popular ex-presidente Lula, que teria pedido que os mantivesse no seu governo.

A imprensa brasileira sugere que Rousseff começou - e o preço que terá que pagar será elevado - a se desfazer de uma certa "herança maldita" de hábitos de corrupção que vêm do passado. E as pessoas das ruas, por que não fazem eco ressuscitando também aqui o movimento dos indignados? Por que não se mobilizam as redes sociais?

O Brasil, que, motivado pela chamada marcha das Diretas Já (uma campanha política levada a cabo durante os anos 1984 e 1985, na qual se reivindicava o direito de eleger o presidente do país pelo voto direto), se lançou nas ruas contra a ditadura militar para pedir eleições, símbolo da democracia, e também o fez para obrigar o ex-presidente Fernando Collor de Mello (1990-1992) a deixar a Presidência da República, por causa das acusações de corrupção que pesavam sobre ele, hoje está mudo ante a corrupção.

As únicas causas capazes de levar às ruas até dois milhões de pessoas são a dos homossexuais, a dos seguidores das igrejas evangélicas na celebração a Jesus e a dos que pedem a liberalização da maconha.

Será que os jovens, especialmente, não têm motivos para exigir um Brasil não só mais rico a cada dia ou, pelo menos, menos pobre, mais desenvolvido, com maior força internacional, mas também um Brasil menos corrupto em suas esferas políticas, mais justo, menos desigual, onde um vereador não ganhe até dez vezes mais que um professor e um deputado cem vezes mais, ou onde um cidadão comum depois de 30 anos de trabalho se aposente com 650 reais (300 euros) e um funcionário público com até 30 mil reais (13 mil euros).

O Brasil será em breve a sexta potência econômica do mundo, mas segue atrás na desigualdade social, na defesa dos direitos humanos, onde a mulher ainda não tem o direito de abortar, o desemprego das pessoas de cor é de até 20%, frente a 6% dos brancos, e a polícia é uma das que mais matam no mundo.

Há quem atribua a apatia dos jovens em ser protagonistas de uma renovação ética no país ao fato de que uma propaganda bem articulada os teria convencido de que o Brasil é hoje invejado por meio mundo, e o é em outros aspectos. E que a retirada da pobreza de 30 milhões de cidadãos lhes teria feito acreditar que tudo vai bem, sem entender que um cidadão de classe média europeia equivale ainda hoje a um brasileiro rico.

Outros atribuem o fato à tese de que os brasileiros são gente pacífica, pouco dada aos protestos, que gostam de viver felizes com o muito ou o pouco que têm e que trabalham para viver em vez de viver para trabalhar.

Tudo isso também é certo, mas não explica que num mundo globalizado - onde hoje se conhece instantaneamente tudo o que ocorre no planeta, começando pelos movimentos de protesto de milhões de jovens que pedem democracia ou a acusam de estar degenerada - os brasileiros não lutem para que o país, além de enriquecer, seja também mais justo, menos corrupto, mais igualitário e menos violento em todos os níveis.

Este Brasil, com o qual os honestos sonham deixar como herança a seus filhos e que - também é certo - é ainda um país onde sua gente não perdeu o gosto de desfrutar o que possui, seria um lugar ainda melhor se surgisse um movimento de indignados capaz de limpá-lo das escórias de corrupção que abraçam hoje todas as esferas do poder.

CARLOS ALBERTO DI FRANCO - Jornalismo, humildade e qualidade


Jornalismo, humildade e qualidade 
CARLOS ALBERTO DI FRANCO
O Estado de S. Paulo - 11/07/2011

O jornalista Rosental Calmon Alves é um fenômeno de renovação permanente. Começou a sua carreira de jornalista em 1968. Entre outros veículos, passou pelas Rádios Tupi e Nacional, no Rio de Janeiro, e pelas revistas IstoÉ e Veja. No Jornal do Brasil foi correspondente em Madri, Buenos Aires, Washington e Cidade do México. Em 1995 foi o responsável pelo lançamento da primeira versão para a internet de um jornal brasileiro: o JB Online. Um ano depois trocou as redações pela carreira acadêmica, tornando-se professor na Universidade do Texas, em Austin. Em 2002, criou o Centro Knight para o Jornalismo nas Américas.

Rosental, um carioca simpático e acolhedor - tenho saudade do nosso encontro em Austin -, surpreende por sua capacidade de adaptação às novas tecnologias. Sua visão de futuro foi reconhecida e homenageada durante o 6.º Congresso de Jornalismo Investigativo da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), em São Paulo, no começo deste mês. Considerado um dos grandes teóricos do jornalismo online, ele chamou a atenção para os desafios a serem enfrentados pelos jornais neste momento de revolução digital.

Segundo Rosental, o surgimento das redes sociais, como o Twitter e o Facebook, não mudou somente o jornalismo, mas também o mundo. "Nunca antes os avanços tecnológicos nos afetaram tanto e, consequentemente, afetaram a forma de fazer jornalismo", observou. "Há mais de uma década que eu venho alertando para isto: não dá mais para continuar fazendo jornais do mesmo jeito."

Essa é uma nova realidade que as grandes empresas de mídia precisam aceitar, ponderou: "Hoje a comunicação não é mais vertical, unidirecional, com a internet ela passou a não ter limites. Outra diferença é que a audiência não é mais passiva, não se trata mais de um monólogo, é preciso haver uma constante troca de informações entre os leitores e o jornal".

Rosental Calmon Alves foi ao ponto. Precisamos, todos, fazer uma urgente autocrítica. E a primeira reflexão nos leva a depor as armas da arrogância e assumir a batalha da humildade. A comunicação, na família, nas relações sociais e no jornalismo, não é mais vertical. O diálogo é uma realidade cultural. Ainda bem. Os oráculos morreram. É preciso ouvir o leitor. Com respeito. Com interesse real, não como simples jogada do marketing. O leitor não pode ser tratado como um intruso.

Os jornalistas precisam escrever para os leitores, e não para os colegas. Alguns cadernos culturais parecem produzidos numa bolha. Falam para si mesmos e para um universo cada vez mais reduzido, pernóstico e rarefeito. O jornal precisa ter a sábia humildade de moldar o seu conceito de informação, ajustando-o às autênticas necessidades do público a que se dirige.

Falta humildade, sem dúvida. Mas falta, sobretudo, qualidade. O nosso problema, ao menos no Brasil, não é de falta de mercado, mas de incapacidade de conquistar uma multidão de novos leitores. Ninguém resiste à matéria inteligente e criativa. Em minhas experiências de consultoria, aqui e lá fora, tenho visto uma florada de novos leitores em terreno aparentemente árido e pedregoso. O problema não está na concorrência dos outros meios, embora ela exista e não possa ser subestimada, mas na nossa incapacidade de surpreender e emocionar o leitor. Os jornais, prisioneiros das regras ditadas pelo marketing, estão parecidos, previsíveis e, consequentemente, chatos.

A juventude foge dos jornais. Falso. Evitam, sim, os produtos que pouco falam ao seu mundo real. Milhões de jovens, em todo o mundo, vibram com as aventuras de O Senhor dos Anéis e com a saga de Harry Potter. São milhares de páginas impressas. Mas têm pegada. Escancaram janelas para a imaginação, para o sonho, para a fantasia. Transmitem, ademais, valores. Ao contrário do que se pensa, os jovens reais, não os de proveta, manifestam profunda carência de âncoras morais. Os jornais que souberem captar a demanda conseguirão, sem dúvida, renovar a sua clientela.

A revalorização da reportagem e o revigoramento do jornalismo analítico devem estar entre as prioridades estratégicas. É preciso seduzir o leitor com matérias que rompam com a monotonia do jornalismo declaratório. Menos Brasília e mais vida. Menos aspas e mais apuração. Menos frivolidade e mais consistência. Além disso, os leitores estão cansados do baixo-astral da imprensa brasileira. A ótica jornalística é, e deve ser, fiscalizadora. Mas é preciso reservar espaço para a boa notícia. Ela também existe. E vende jornal. O leitor que aplaude a denúncia verdadeira é o mesmo que se irrita com o catastrofismo que domina muitas de nossas pautas.

Precisamos, enfim, combater a síndrome ideológica que ainda persiste em alguns guetos anacrônicos. Seu exemplo mais acabado é a patologia dos rótulos. Alguns jornalistas não perceberam que o mundo mudou. Insistem, teimosamente, em reduzir a vida à pobreza de quatro qualificativos: direita, esquerda, conservador, progressista. Tais epítetos, estrategicamente pendurados, têm dupla finalidade: exaltar ou afundar, gerar simpatias exemplares ou antipatias gratuitas. A boa reportagem é sempre substantiva. O adjetivo é o adorno da desinformação, o farrapo que tenta cobrir a nudez da falta de apuração. É, sempre, uma fraude.

É importante que os repórteres e os responsáveis pelas redações tomem consciência desta verdade redonda: a imparcialidade (que não é neutralidade) é o melhor investimento. O leitor quer informação clara, corajosa, bem apurada. Não devemos sucumbir à tentação do protagonismo. Não somos construtores de verdades. Nosso ofício, humilde e grandioso, é o de iluminar a História.

LUIZ FELIPE PONDÉ - Objetos

Objetos
LUIZ FELIPE PONDÉ
FOLHA DE SP - 11/07/11

Humildemente confesso que, quando penso a sério em mulher, muitas vezes penso nela como objeto (de prazer). Isso é uma das formas mais profundas de amor que um homem pode sentir por uma mulher.

E, no fundo, elas sentem falta disso. Não só na alma como na pele. Na falta dessa forma de amor, elas ressecam como pêssegos velhos. Mofam como casas desabitadas. Falam sozinhas.

Gente bem resolvida entende pouco dessa milenar arte de amor ao sexo frágil.

Sou, como costumo dizer, uma pessoa pouco confiável. Hoje em dia, devemos cultivar maus hábitos por razões de sanidade mental. Tenho algumas desconfianças que traem meus males do espírito.

Desconfio barbaramente de gente que anda de bicicleta para salvar o mundo (friso, para salvar o mundo).

Recentemente, em Copenhague, confirmei minha suspeita: a moçada da bike pode ser tão grossa quanto qualquer motorista mal-educado. Trinta e sete por cento da população de lá usa as "magrelas". E nas ciclovias eles são tão estúpidos, estressados e apressados como qualquer motorista "subdesenvolvido".

Fecham a passagem de carros e ônibus como se, pela simples presença de seus "eus" perfeitos, o mundo devesse parar diante de tanta "pureza verde".

Aliás, um modo seguro de ver que alguém NÃO conhece a Europa é se essa pessoa assume como verdade o senso comum de que os europeus são bem-educados. Muitos deles, inclusive, não sabem o que é uma coisa tão banal como uma fila.

Outra coisa insuportável é quem toma banho com pouca água para salvar o planeta. Esse tipo de gente é gente porca que arranjou uma desculpa politicamente correta para não tomar banho direito. Provavelmente não gosta de banho mesmo.

Mas, falando sério, desconfio de homens que não pensam em mulheres como objeto. Pior, são uns bobos, porque, entre quatro paredes, elas adoram ser nossos objetos e na realidade sofrem, porque a maioria dos caras hoje virou "mulherzinha" de tão frouxos que são.

Imagino o quão brocha fica uma mulher quando o cara diz para ela: "Respeito você profundamente, por isso não vou...".

Pergunto filosoficamente: como achar uma mulher gostosa sem pensar nela como objeto?

A pior forma de solidão a que se pode condenar uma mulher é a solidão de não fazê-la, de vez em quando, de objeto. E esta é uma forma de solidão que se torna cada vez mais comum. E, sinto dizer, provavelmente vai piorar. A não ser que paremos de torturar nossos jovens com papinhos politicamente corretos sobre "igualdade entre os sexos".

Igualdade perante a lei (e olhe lá...). No resto, não há igualdade nenhuma.

A feminista americana Camille Paglia, recentemente, em passagem pelo Brasil, disse que muitas das agruras das mulheres heterossexuais se devem ao fato de elas procurarem "seres iguais a elas" nos homens. Que pensem como elas, sintam como elas, falem como elas.

Entre o desejo "correto" de ter um "eunuco bem-comportado" e um homem que diga "não" à tortura da "igualdade entre os sexos", ficam sozinhas com homens que são "mulherzinhas".

O que é um homem "mulherzinha"? É um homem que tem medo de que as mulheres achem-no machista, quando, na verdade, todo homem (normal) gosta de pensar em mulher como objeto.

Um mundo de "mulherzinhas" acaba jogando muitas mulheres no colo (vazio) de outras mulheres por pura falta de opção. E aí começa esse papinho de que é "superlegal ser lésbica". Afora as verdadeiras, muita gente está nessa por simples desespero afetivo.

Nada contra, cada um é cada um. Só sinto que muitos homens "desistam" delas porque a velha "histeria" feminina da qual falava Freud (grosso modo, a insatisfação eterna da mulher) virou algo do qual não se pode falar, senão você é machista.

Muito desse papinho "progressista" é conversa fiada para esconder fracassos afetivos, a mais velha experiência humana, mas que nos últimos anos virou moda se dizer que a culpa é do capitalismo, da igreja, do patriarcalismo, da família, de Deus, da educação, do diabo a quatro.

E o pior é que quase todo mundo tem medo de dizer a verdade: uma das formas mais profundas de amor à mulher é fazer delas objeto.

JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO - "Deslulização"" a fogo lento

"Deslulização" a fogo lento
JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
O Estado de S.Paulo - 11/07/11

Em semanas, Lula perdeu dois ministros na Esplanada e um amigo no Senado por ação direta de Dilma Rousseff. Pode-se argumentar que a presidente não teve escolha, que as demissões de Antonio Palocci, da Casa Civil, e de Alfredo Nascimento, dos Transportes, eram inevitáveis pelas confusões em que ambos se meteram. E que o suplente João Pedro (PT) foi um dano colateral da volta de Nascimento ao Senado.

Mas é inegável que os substitutos no ministério têm muito mais a cara de Dilma do que a de Lula. Daí ter voltado à moda a expressão "deslulização" do governo. "Boutade" ou fato?

Há muito de torcida - da imprensa, por notícia; da oposição, por intriga entre criador e criatura - na "deslulização". Uma resposta truncada da presidente em uma entrevista para uma rádio em Rondônia virou manchete: "Dilma levanta possibilidade de segundo mandato". Se foi de propósito, pior ocasião seria difícil de achar. Se foi ato falho, nem Freud poderia cravar. E apostar no erro humano nunca empobreceu ninguém.

Mas há mudanças de comportamento do Palácio do Planalto - este ente inanimado que os jornalistas gostamos de transformar em personagem para ocultar fontes (ou a ausência delas). Em vez de hostilizar a imprensa, algo comum na gestão Lula, emissários de Dilma passaram a alimentá-la. Um vazamento aqui, um recado ali, uma confirmação "off the record" acolá. É o tempero de fritar ministro.

Nada comparável ao festival gastronômico do governo Sarney, por exemplo, quando a rotatividade ministerial era comparável à das mesas do McDonald"s. Mas que o ministro Nascimento saiu dos Transportes chiando como toucinho na chapa, isso saiu. Sua imagem pública lembra a do ditador do Iêmen, Ali Abullah Saleh, pós-bombardeio.

Tentadora, a fritura deve ser consumida com moderação. Pode saturar a base aliada com rapidez. Dilma parece apostar no efeito pedagógico do óleo fervente. Quem não se comportar direito ou, mais imprudente, desobedecer a chefe está sujeito à frigideira. É um jeito de lidar com a fome insaciável dos aliados do governo no Congresso muito diferente do que o apaziguador Lula costumava empregar.

Que o diga Gilberto Carvalho, principal herança palaciana deixada pelo ex-presidente. O noticiário descreve o secretário-geral da Presidência como um bombeiro tentando baixar a chama das várias bocas do fogão industrial que Dilma e a ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil) andam acendendo.

Segundo relato da repórter Tânia Monteiro, no Estado, Carvalho irritou Dilma por transmutar em "férias" a demissão do diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit), Luiz Antônio Pagot, no auge da crise no Ministério dos Transportes. Acabou tendo que engolir a própria alquimia.

Cada um cozinha com os ingredientes que tem à mão, e o estilo de Dilma e suas "sous-chefs" é muito mais quente do que o de Lula. Mas fritar sem se queimar não é tão fácil quanto parece.

É o suficiente para falar em "deslulização"? Não como sinônimo de rompimento iminente. Sim no sentido de Dilma encontrar caminho e equipe próprios, que funcionem (ou tentem funcionar) além da sombra de Lula. O distanciamento é o processo natural, até esperado, entre sucessor e sucedido.

Só o titular da cadeira presidencial sabe o tamanho dos problemas, conhece todas as circunstâncias, tem a caneta para tomar as decisões e a responsabilidade de arcar com as consequências. É a tal solidão do poder. Quem palpita de fora, mesmo com oito anos de experiência, não precisa assumir o compromisso de seguir os próprios conselhos. No popular, falar é fácil, difícil é fazer.

Em contrapeso, Dilma está longe de fixar uma imagem própria e independente de Lula. Sua popularidade é inercial e hereditária. Os picos que galgou foram circunstanciais, empurrada, por exemplo, pelos elogios do presidente norte-americano, Barack Obama. O caminho imediato à frente promete muitos solavancos econômicos. Nada que incentive um voo solo.

Se esse balanço vai evoluir para uma separação entre Dilma e Lula, como tantos exemplos históricos sugerem, não há como prever sem travestir-se de pitonisa. E o carnaval ainda está longe.

CARLOS ALBERTO SARDENBERG - Com o dinheiro do governo

Com o dinheiro do governo
CARLOS ALBERTO SARDENBERG
O ESTADÃO - 11/07/11
O governo, qualquer um, não é bom administrador de imóveis. Há quanto tempo se ouve falar que o governo federal vai "otimizar" o uso de suas propriedades urbanas? E até agora não se sabe bem quantas são, quanto valem e para que servem.

Até se compreende que seja uma tarefa complicada, para os burocratas de Brasília, localizar e avaliar um terreno no interior de Rondônia. No caso de uma prefeitura, mesmo grande como a de São Paulo, o negócio, em tese, fica mais fácil. Os imóveis estão aí mesmo, à vista de todos, em mercados imobiliários bem desenvolvidos. Mesmo assim, é enorme a relação de propriedades municipais que estão abandonadas, mal utilizadas e/ou ocupadas por entidades privadas de qualquer natureza.

Um bom exemplo é o Estádio do Pacaembu em São Paulo. Custa dinheiro para a Prefeitura, a começar por uma folha de salários inchada. Há anos, políticos de todas as tendências conseguem acomodar correligionários ali. O que poderia ser um moderno e lucrativo centro de eventos permanece com um estádio velho (não conseguem nem reformá-lo nem preservá-lo efetivamente), mal utilizado e, de certo modo, apropriado por interesses privados - de times e suas torcidas até pessoas da região que o usam como se fosse um clube particular.

E nem se cogitou de utilizar o Pacaembu na Copa do Mundo de 2014. Claro, do jeito que ele está, não presta nem para clássicos locais. Mas, convenhamos, se haverá algo como R$ 750 milhões em dinheiro público para financiar o Itaquerão do Corinthians, não haveria alguns trocados para dar um jeito no Pacaembu e no seu entorno?

A propósito, para continuar em Copa do Mundo, se o Pacaembu fosse considerado um caso perdido para esse evento global, esse mesmo dinheiro público poderia ter aplicação melhor no estádio do São Paulo F.C. De novo, do jeito que está, não serve. Mas a reforma e as obras no entorno sairiam mais baratas do que todo o conjunto do Itaquerão.

Também haveria, ali, no Morumbi, um bom efeito de revitalização urbana, numa região já densa e carente de equipamentos e meios de transporte.

Ou seja, há bons argumentos para o apoio público ao Itaquerão, como comentamos aqui, na coluna da semana passada, Comprando com o dinheiro público (também pode ser lida em www.sardenberg.com.br, item Política Econômica). Mas a questão é o teor e o modo como foi tomada a decisão pelo estádio do Corinthians.

Também tratamos desse tema na coluna da semana passada, mas, aparentemente, de modo incompleto, dadas as observações de leitores. Por isso, voltamos ao assunto.

Que a CBF e a Fifa tivessem razões políticas para desqualificar o estádio do São Paulo, por divergências entre dirigentes, poderia ser antieconômico e antiético, mas um problema lá, deles. Desde que não envolvesse dinheiro público.

Ora, a decisão pelo Itaquerão teve clara motivação política, a começar pelo empenho do ex-presidente Lula e a concluir pelo esforço atual do prefeito Gilberto Kassab. A coisa só para de pé com financiamento público, mas a preocupação técnica e com o planejamento urbano ficou em último lugar, se é que apareceu.

A região, zona leste, merece incentivos para se desenvolver? Certamente, mas outras áreas da cidade também merecem. Qual a sequência de prioridades? Além disso, um estádio é o melhor meio de estimular? Fábricas não gerariam mais empregos? Conjuntos habitacionais? Um amplo centro educacional, com diversas escolas? Centros hospitalares?

Se um clube quer construir o seu estádio, problema dele e de seus associados. Mas, se esse clube vai fazer isso com financiamento público e incentivos fiscais da Prefeitura, o problema muda de nível. Por exemplo: quantos estádios cabem na cidade de São Paulo?

Cálculos dizem que um estádio de tamanho médio para grande, como esses de que falamos, só é rentável com 50 bons eventos por ano (jogos de futebol importantes ou espetáculos como um show da Madonna). Considerando o Pacaembu, o Morumbi, o Itaquerão e a arena do Palmeiras, além do Anhembi, seriam 250 grandes espetáculos ao ano. Tem isso?

É claro que, se o empreendimento for totalmente privado, o caso não é do governo. O São Paulo e o Palmeiras que se virem com suas arenas. Mas, se o governo vai emprestar dinheiro ou dar incentivo, essa preocupação é necessária. Se o estádio apoiado pelo governo não realizar esses grandes eventos na quantidade esperada, o empreendimento não terá rentabilidade para pagar a tempo o empréstimo tomado no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Nem gerará os negócios que "paguem" os incentivos fiscais dados pela Prefeitura.

Na verdade, esse é o risco que o setor público e, portanto, o contribuinte estão assumindo para os estádios da Copa. A maior parte deles não será rentável o suficiente para devolver o dinheiro público ali aplicado. E a conta fica para o contribuinte, claro. Ou alguém imagina que o BNDES ou a Prefeitura de São Paulo poderiam, por exemplo, confiscar o estádio do Corinthians, em caso de inadimplência?

Os políticos e dirigentes esportivos certamente estão levando isso em conta. Não pagar o que se deve ao governo não é propriamente uma novidade para esse pessoal.

Para falar francamente, suspeito que só ficarão de pé - economicamente falando - os estádios que forem de algum modo privatizados, com a construção e, sobretudo, a operação do negócio por companhias de mercado.

Voltaremos ao assunto dos terrenos municipais.

MARCELO DE PAIVA ABREU - Depois da bonança, a borrasca?

 Depois da bonança, a borrasca?
MARCELO DE PAIVA ABREU
O ESTADÃO - 11/07/11
A comemoração do aniversário de 80 anos de Fernando Henrique Cardoso, o lançamento do livro de Miriam Leitão Saga brasileira. A longa luta de um povo por sua moeda (Rio de Janeiro, Record, 2011) e a morte de Itamar Franco reavivaram a memória coletiva quanto às mazelas da inflação e à crucial importância do sucesso do Plano Real para a história brasileira.

A percepção de alguns dos benefícios da estabilização demorou a amadurecer, mas, com grande atraso, está ocorrendo o reconhecimento de que o Plano Real foi o ingrediente principal no reerguimento econômico do Brasil, após quase um quarto de século de estagnação a partir do início da década de 1980. A saudação madura e civilizada da presidente da República a FHC, por ocasião de seu aniversário, reconhece esse fato.

É marcante o contraste entre Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula. No caso deste, a síndrome do "nunca antes neste país" dificulta o reconhecimento de méritos de outros. E, no entanto, a competência de FHC no Ministério da Fazenda, ao criar as condições necessárias para o sucesso do Plano Real, foi crucial para que Lula tivesse sucesso na Presidência em 2003-2008.

O contrafactual em relação à escolha de Fernando Henrique por Itamar Franco é claro. Se Itamar não tivesse "acertado a mão" com FHC, depois de três tentativas frustradas, não teríamos o Plano Real. Sem o Plano Real, em meio à inflação galopante e com boa parte do eleitorado vacinada contra caçadores de marajás, é bem provável que Lula tivesse sucesso na eleição de 1994. Ainda antes de tomar posse, teria enfrentado a pororoca mexicana do final de 1994 e as ideias econômicas estapafúrdias do Partido dos Trabalhadores não teriam sido ajustadas tendo como referência as políticas macroeconômicas adotadas por Fernando Henrique entre 1993 e 2002, como ocorreu em 2003.

No terreno econômico, a coalizão lulista sempre mostrou grande propensão a dar continuidade a políticas herdadas e gritante fraqueza na concepção de novos planos de jogo. Vitoriosa em 1994, não teria de quem copiar. E alguém acredita que teria sido possível uma Carta ao Povo Brasileiro em 1994? É difícil imaginar que o governo de Lula 1995-1999 pudesse ter sido um sucesso. Sua reeleição seria improvável.

A combinação de estabilização, reformas estruturais - mesmo que incompletas -, políticas de redistribuição de renda, descobertas minerais importantes e crescimento espetacular da economia chinesa levou ao restabelecimento da credibilidade do Brasil. Se no passado era o fracasso que nos rondava, o que preocupa agora são os exageros atrelados a um sucesso que, em grande medida, ainda está no futuro e pode ser bastante avariado por políticas públicas equivocadas.

Os fatos. O Brasil é, em termos de desempenho econômico, um carona destoante entre os Brics. A taxa média de crescimento do PIB per capita entre 2002 e 2009 é medíocre, a menor do grupo: 2,2% ao ano, comparada aos 2,4% da África do Sul, 5,2% da Rússia, 6,3% da Índia e 10,1% da China. A inclusão do ano de 2010 resultaria no deslocamento por margem mínima da África do Sul, com o Brasil abandonando a lanterna do grupo. Em termos de formação bruta de capital fixo (FBKF), a relação FBKF/PIB no Brasil nunca excedeu 19,1% nem mostra sinais de aumento, em contraste com os outros integrantes do Brics. A relação FBKF/PIB na Rússia e na África do Sul está na casa de 21%-22%, enquanto na Índia excede os 30%-32% e na China alcança 45%. O único conforto que o Brasil pode encontrar é na comparação com outras grandes economias latino-americanas, como o México, cujo crescimento do PIB per capita em 2002-2009 foi de 0,5% ao ano.

Um clima colorido por alta dose de otimismo afeta analistas brasileiros e internacionais. O relatório de força-tarefa montada pelo Council on Foreign Relations intitulado Global Brazil and US-Brazil Relations, a ser publicado esta semana, é um bom exemplo. Marca clara inflexão na posição do "establishment" norte-americano quanto ao Brasil. Mas, em meio a propostas construtivas, visando a incentivar o governo dos EUA a acomodar as posições independentes da diplomacia brasileira e a restringir o próprio protecionismo agrícola, há menções ao "forte crescimento econômico" do País e à "continuidade do programa econômico ortodoxo" que não parecem muito atualizadas.

De fato, tanto a possibilidade de assegurar trajetória sustentada de crescimento econômico futuro bem acima do que se registrou no passado quanto a manutenção de políticas macroeconômicas prudentes parecem hoje pressuposições infundadas. Mas aqui e ali já se vislumbram reservas sobre o futuro milagre brasileiro: reticências quanto à bolha imobiliária, aos perigos da expansão indevida de crédito, à imprudência fiscal persistente e à vulnerabilidade externa.

As dúvidas são pertinentes, pois não há indício de que o governo esteja disposto a usar a oportunidade criada pelos ventos favoráveis para se preparar para enfrentar futuras borrascas. No cenário ideal, estaríamos em meio a reformas estruturais adicionais, e não imersos na elucidação de falcatruas totalmente previsíveis.

RICARDO NOBLAT - Reféns de Pagot

Reféns de Pagot 
RICARDO NOBLAT
O GLOBO - 11/07/11

Quem tem medo de Luiz Antonio Pagot, diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura (Dnit) do Ministério dos Transportes, que a presidente Dilma Rousseff tentou afastar do cargo? Pagot bateu o pé e não se afastou. A Casa Civil da Presidência da República achou melhor autorizá-lo a entrar de férias. O Congresso ouvirá Pagot esta semana.

O coração do governo bate acelerado. Pagot fazia parte do bando dos quatro auxiliares do ex-ministro dos Transportes Alfredo Nascimento desalojados dos seus postos por suspeita de envolvimento com irregularidades — licitações fraudulentas, contratos superfaturados, enriquecimento ilícito e cobrança de comissão para o PR. 

Os outros três membros do bando acataram a decisão de Dilma. Pagot, não — desafiou Dilma e venceu por ora. Voou para Cuiabá, onde tem casa. E ameaça jogar titica no ventilador. É o que assombra Dilma, Lula, a quem Pagot deve o cargo, ministros e o PT, dono de uma das diretorias do Dnit. 

Bem feito! Quem mandou nomear um sujeito como Pagot para administrar um dos maiores orçamentos da República? O Dnit tem para gastar R$ 17 bilhões somente este ano. Pagot foi parar no Dnit em 2007 a pedido de Blairo Maggi, na época governador de Mato Grosso, de quem foi sócio e a quem serviu como secretário de estado. 

Na ocasião, o Ministério Público do Mato Grosso investigava um negócio suspeito feito entre Pagot, quando era secretário de Infraestrutura, e Moacir Pires, secretário de Meio Ambiente. Empresa de Pires ganhou licitações na secretaria de Pagot. Dois anos antes, Pires havia sido preso pela Polícia Federal e denunciado por extração ilegal de madeira. 

O negócio suspeito: 
Pagot admitiu à Justiça ter morado de graça durante 22 meses em um apartamento de Pires. Disse que levou quase três anos para comprar o apartamento a prestações. E que pagou por ele R$ 205 mil com dinheiro que guardava em casa. E que entregou o dinheiro em mãos de Pires. E, por fim, que não tinha recibo da transação. 

Quer mais?
 Entre abril de 1995 e junho de 2002, Pagot servira no Senado como secretário do senador Jonas Pinheiro (DEM-MT). No mesmo período era acionista e diretor da Hermasa Navegação da Amazônia, empresa do grupo empresarial de Blairo, com sede em Itacoatiara, a 240 quilômetros de Manaus. 

Além de carecer do dom da ubiquidade para estar ao mesmo tempo em Itacoatiara e em Brasília, separadas por 3.490 quilômetros, Pagot não poderia acumular a função de servidor do Senado com a de sócio de uma empresa privada, segundo a lei 8.112 que “dispõe
sobre o regime jurídico dos servidores públicos civis da União.” 

Crime de falsidade ideológica ocorre quando se omite “em documento público ou particular declaração que dele devia constar”. Para trabalhar no Senado, Pagot omitiu que era sócio e trabalhava para Blairo. Quando precisou da aprovação do Senado para assumir o Dnit, omitiu no seu currículo que fora servidor do Senado. 

Lula desconhecia o passado de Pagot quando o nomeou para o Dnit? E Dilma quando o manteve ali? Antes de o Senado aprovar a
nomeação, o passado de Pagot foi dissecado pelo senador Mário Couto (PSDBPA) em inflamados discursos. Lula, antes, e Dilma, depois, queriam, sim, agradar a Blairo, que doou dinheiro para suas campanhas. 

Como chefe da Casa Civil, Dilma monitorou de perto os ministérios com maior número de obras do Programa de Aceleração do Crescimento — e o dos Transportes era um deles. Escapoulhe o que se passava por lá? Só acordou quando soube que a Polícia Federal colecionava provas da bandalheira e estava perto de agir? 

Pagot avisou aos interessados que muitos contratos foram superfaturados para ajudar a pagar despesas da campanha de Dilma. Por sua vez, Dilma mandou dizer ao PR que o Ministério dos Transportes continuará sob o controle do PR. E despachou emissários para acalmar Pagot. Triste começo de governo. Mas coerente
com o anterior.

MÔNICA BERGAMO - PUXADINHO JUNINO

PUXADINHO JUNINO
MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SP - 11/07/11

Depois de meses de relativa estabilidade, a venda de cimento no mercado interno voltou a subir. Registrou alta de 11,5% em junho, em relação ao mesmo mês do ano passado. Foram comercializadas 61,312 milhões de toneladas. O salto foi de 4,4% quando os dados são comparados aos do mês de maio.

HORIZONTAL

A venda de cimento serve de termômetro para medir a atividade na construção civil, tanto de pequenas reformas, o chamado cliente "formiguinha", quanto de grandes obras. Em junho, a alta foi puxada pela região Centro-Oeste (15,4%), seguida do Sudeste (12,7%).

OSSO DURO

Os banqueiros do BTG Pactual se espantaram com a reação de Jean-Charles Naouri, presidente do Casino, que desembarcou no Brasil assessorado por grandes advogados e acusando Abilio Diniz de tentar expropriar os franceses ao propor a fusão com o Carrefour. O banco atua na proposta. E imaginava que Naouri até reclamaria - mas num tom bem abaixo.

FAMA

Larry Rother, jornalista do "New York Times", entrevistou Rafinha Bastos, do "CQC", para um perfil. O humorista teve seu Twitter eleito como o mais influente do mundo segundo pesquisa do jornal americano.

PASSE LIVRE

O fotógrafo e cineasta Mikael Colville-Andersen, criador do movimento Cycle Chic, que estimula as pessoas a pedalar com roupas comuns, passou por maus bocados ao desembarcar em SP, na sexta. Cidadão canadense e convidado para um fórum da Semana do Ciclista, ele chegou ao Brasil às 7h, sem visto, e foi retido em Cumbica. Só saiu às 18h, depois que o movimento Libvee, o Sesc e a prefeitura, que o convidaram, acionaram o Itamaraty para liberá-lo.

FROM BRAZIL
Numa palestra na Wharton Business School, na Pensilvânia (EUA), Caco Pires, da Camargo Corrêa, disse à plateia de estudantes e professores que os problemas de infraestrutura no Brasil representam, também, oportunidade de grandes negócios. E afirmou que o país vai investir US$ 1 trilhão nos próximos anos -US$ 300 bilhões apenas em grandes obras.

MAIOR E MELHOR

Suzy Rêgo, que começou a trabalhar como modelo aos 13 anos, volta ao ofício 30 anos depois. Vai desfilar na Fashion Weekend Plus Size, evento de moda para gordinhas. "Não é a forma que eu gosto de ter, de forma alguma, mas só posso estar muito grata", diz. "O peso hoje me ajuda a conseguir trabalho e pagar as contas."

PARA A BOLA

O ministro do Esporte, Orlando Silva Jr., cancelou a entrevista que daria ao programa "Roda-Viva" de hoje. Alegou problema de agenda.

PÓS-ESCRITO

Estiveram pelas ruas de Paraty nos últimos dias de Flip personalidades como o cineasta João Moreira Salles, o jornalista e escritor Jorge da Cunha Lima, a escritora Giovanna Vilela e os arquitetos Bel Lobo e Bob Neri.

ROUPA DE FESTA

O empresário Sergio Kamalakian, da marca Sergio K., fez festa de aniversário, com direito a atendentes seminuas servindo drinques. Bia Parente e Marina Ratton foram à balada, em casa do Jardim Europa.

CURTO - CIRCUITO
A missa de sétimo dia de Mário Chamie será hoje, às 19h, na Catedral Metropolitana Ortodoxa, no Paraíso.

A Escola São Paulo terá curso de formação em fotografia de 8 de agosto a 7 de dezembro.

A Secretaria Municipal de Habitação lança hoje, às 19h, a revista "Renova SP", no Instituto Tomie Ohtake.

Magic Paula e Sócrates
participam do projeto Memória do Esporte Olímpico Brasileiro, que será lançado hoje às 15h na Cinemateca de SP.

com DIÓGENES CAMPANHA, LÍGIA MESQUITA, THAIS BILENKY e CHICO FELITTI

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

Bahia atrai multinacionais e vira polo de produção de energia eólica
MARIA CRISTINA FRIAS
FOLHA DE SP - 11/07/11
Multinacionais da área de energia eólica têm desembarcado atrás dos bons ventos baianos e de incentivos para desenvolver a cadeia produtiva do setor.
A GE (General Electric) negocia a instalação de uma fábrica na Bahia.
"A GE está se preparando para ter uma nova planta de eólica no país e há uma grande tendência de que ela seja construída no Estado", afirma o diretor-executivo da Associação Brasileira de Energia Eólica, Pedro Perrelli.
A empresa chegou a agendar reunião no dia 14 deste mês com o governador Jaques Wagner (PT) para bater o martelo na decisão de investir cerca de R$ 50 milhões, mas cancelou o encontro.
A companhia nega que esteja em "negociação concreta para construção de nova fábrica", mas afirma "observar atentamente as oportunidades para a expansão de seus negócios no Brasil".
A espanhola Gamesa inaugurou na sexta-feira passada suas instalações no Estado, enquanto a francesa Alstom estreia até o final deste ano uma planta para fazer turbinas eólicas na Bahia.
Segundo a secretaria baiana da Indústria, Comércio e Mineração, cinco empresas do setor negociam a instalação de unidades no Estado.
Com 18 projetos contratados em 2009 e 16 em 2010, a Bahia vai oferecer uma potência de 977,7 MW já nos próximos anos. Foram cadastrados mais de 2.000 MW para este ano.
"As empresas querem produzir equipamentos perto de onde se vai gerar energia eólica. Daí o interesse na Bahia, que é o maior PIB da região Nordeste", diz o secretário James Correia.

Previdência privada é opção para atrair profissionais
Com a escassez de mão de obra qualificada, cresce o número de empresas brasileiras que criam fundos de previdência privada para atrair e manter profissionais.
Hoje, 70% das companhias brasileiras com faturamento superior a R$ 600 milhões já oferecem essa possibilidade, segundo a Brasilprev.
"A alternativa é interessante para reter profissionais de qualidade", diz o presidente da Bradesco Vida e Previdência, Lúcio Flávio de Oliveira.
Qualquer companhia pode procurar uma seguradora para ter um plano de previdência complementar, mesmo as que não têm fins lucrativos.
Não há restrições quanto ao valor do salário para que o profissional faça parte do plano. Algumas seguradoras, como a Porto Seguro, exigem apenas que o tíquete mensal seja de, pelo menos, R$ 50.
"As empresas também saem ganhando, pois não têm custos tributários", diz o professor do Insper Régis Braga. Nos salários, os impostos são de R$ 0,80 para cada R$ 1 pago, segundo Braga.

BANDEIRA SUÍÇA
A suíça Zellux, de serviços financeiros, começa a operar no Brasil e negocia com quatro bancos o desenvolvimento de cartões de crédito, débito e benefícios.
"O nosso nicho de mercado são bancos e empresas de varejo que ainda não possuem uma bandeira de cartão de pagamento", diz Walter Queiroz, diretor-geral da Parsec, empresa brasileira licenciada pela Zellux para a emissão dos cartões.
A empresa vai oferecer aos bancos participação no faturamento das operações efetuadas com o cartão, de acordo com Queiroz.
A companhia já fechou contratos com as redes de supermercados Bergamais e Nagumo e com a Cesta Nobre, de cestas básicas.
"Grande parte da população brasileira não tem acesso a cartões de crédito. Só essa fatia de mercado que não é atendida por nenhuma empresa atualmente já é atraente para nós."
Fundada em 2005 na Suíça, a Zellux atua em 12 países, na Europa, no Oriente Médio e nas Américas.

EFEITO LIMITADO
As recentes medidas do governo para tentar restringir a entrada de moeda estrangeira tiveram pouco efeito, segundo a Tendências Consultoria. A redução das entradas de capital pode ter sido só reflexo de uma antecipação no primeiro trimestre. Havia expectativa de colocação de barreiras no curto prazo, o que pode ter incentivado investidores a antecipar remessas ao país e levado à queda nas entradas. "Agora, com o dólar baixo, o governo voltou a cogitar medidas, mas não vemos grandes opções", diz o economista Silvio Campos Neto. "Soluções drásticas podem prejudicar a imagem do país." RECEITA MÉDICA
As indústrias farmacêuticas investem em medicamentos indicados às doenças do sistema nervoso central para o mercado brasileiro.
A Sandoz, fabricante de genéricos do grupo suíço Novartis, acaba de lançar o cloridrato de donepezila e o fumarato de quetiapina, indicados, respectivamente, para o tratamento de pacientes com doença de Alzheimer e de esquizofrenia e bipolaridade.
Em abril, já havia lançado o ziledon (para Alzheimer).
O portfólio desses medicamentos passa a representar 16% das vendas da empresa em 2011, ante 8% em 2010.
A EMS também lançou neste ano os genéricos do fumarato de quetiapina e do olanzapina (esquizofrenia), além de dois similares.
A companhia prepara mais dois lançamentos para este ano. A receita acumulada em 2011 da EMS nesse segmento é de R$ 23,5 milhões.

Peso... 
O Instituto de Pesquisas Tecnológicas colocou emfuncionamentoaFiber PlacementMachine, uma máquina para fabricação precisa de peças leves para a indústria aeronáutica, automotiva, naval e de energia.

...leve 
A máquina, de R$ 5 milhões, foi instalada em São José dos Campos (SP), onde o IPT terá um novo laboratório até 2012, com investimento de cerca de R$ 90 milhões, para concretizar materiais leves para a indústria nacional.

Residencial 

A incorporadora Lindencorp investiu R$ 11 milhões em seu novo empreendimento, na Vila Mariana. O VGV (Valor Geral de Vendas) da obra, que possui cem apartamentos de até 74 metros quadrados, é de R$ 62 milhões.

VIZINHANÇA

O número de ações de cobrança por falta de pagamento da taxa de condomínios registrou queda de 15,5% em junho, de acordo com levantamento do Secovi-SP (Sindicato da Habitação).
Foram ajuizadas 778 ações no mês, ante 921 casos em maio. Na comparação com junho de 2010, a queda é de 6%.
No primeiro semestre, o total acumulado foi o mais baixo desde 2006.
A procura por acordos extrajudiciais, que envolvem negociações e pagamentos parcelados, contribui para o resultado, segundo Hubert Gebara, vice-presidente de Administração Imobiliária e Condomínios do Secovi-SP.

com JOANA CUNHA, ALESSANDRA KIANEK e VITOR SION