Por que será que acharam “Paris” parecido com “Cairo”? A proximidade das épocas em que as histórias se dão?
Uma amiga inteligente me disse que achou “Meia noite em Paris” legal mas muito parecido com “A rosa púrpura do Cairo”. Fiquei me perguntando por quê. Dois dias depois, Xexéo disse a mesma coisa. Mais: que Woody Allen não vem se repetindo, como dizem, mas que no caso deste último filme, ele repete aquele em que uma fã de cinema é engolida pelo filme. Xexéo confessa que é um daqueles admiradores de Allen que, pelos anos 1980, estavam certos de que o cineasta é um gênio excelso. Era uma turma com quem eu gostava de contrastar gritantemente. Fui contar essa história numa entrevista que dei a uma revista de cinema de João Pessoa — uma entrevista que era uma espécie de “autobiografia de um cinéfilo” —, e meu amigo Geneton Moraes a transcreveu em seu blog, o que causou uma pequena onda de revolta. É que Geneton tinha posto uma chamada tipo imprensa sensacionalista (coisa tão diferente dele!), com uma frase minha muito negativa sobre Woody, e isso deu primeira página do Segundo Caderno. Na verdade, eu estava contando como reagi ao cinema de Allen logo que tomei contato com ele. Ressaltando, inclusive, que hoje gosto muito mais dele do que então — e constatando algo que o próprio Xexéo também percebe: mesmo os filmes de Allen de que a gente gosta menos ficam melhores quando revistos na TV.
Mas vi “Meia-noite em Paris” no cinema e adorei como nunca tinha adorado nenhum filme desse diretor — e nem sequer me lembrei de “A rosa púrpura do Cairo”, filme que, quando vi, só me fez pensar duas coisas: 1) que Allen pegou um esboço de roteiro de Maiakóvski e o adoçou; e 2) que Mia Farrow, que até ali era uma menina atraente, sob suas lentes ficou parecendo um cachorro sem dono, fazendo olhos compridos de vítima do destino, sem nenhum resto de sex-appeal.
Por que será que acharam “Paris” parecido com “Cairo”? A proximidade das épocas em que as histórias se dão? A vivência delirante da fantasia? Mistério. O fato é que “Meianoite em Paris” resulta arrebatador. Não é um adjetivo que eu usasse sobre nenhum outro filme de Allen. Aqui vemos o avesso do name-dropping de tantas de suas comédias: os gênios que se reuniam na Paris do
final dos anos 1920 aparecem como fantasmas maravilhosos que habitam a mente do diretor, eles vêm à tona — e não se parecem com os autores que os personagens de outros filmes de Allen citam em papos supostamente despretensiosos. Eles não surgem para valorizar as piadas do seu devoto: eles são a piada, assombram o filme como os personagens de Fellini assombram os dele: de modo necessário e inevitável.
Allen nunca escondeu que queria fazer filmes como Fellini. Mas nunca aconteceu de sequer uma cena de filme dele parecer-se com o que amamos em Fellini: a elevação dos personagens a aparições quase sobrenaturais. Quando Alice B. Toklas abre a porta para o jovem roteirista louro ou quando Cole Porter o paquera do piano; quando Dalí dá seu show de egotrip ou quando Buñuel encana com a ideia central de “O anjo exterminador”, eu choro de hilaridade, alegria e comoção. Quando a moça dos anos 1920 expressa sua nostalgia da Belle Époque e logo é transportada, com o protagonista, para lá, uma verdadeira reflexão sobre a dificuldade de aceitar o presente se apresenta de modo fluente e profundo.
Não que coisa semelhante nunca tivesse sido sugerida por outras cenas de filmes de Allen. Mas jamais com essa abertura, essa entrega, essa liberdade que os fantasmas aparecidos lhe deram. E eu, de minha parte, estou mais aberto do que quando me engajava na resistência ao hype. Fiz assim também com Wim Wenders. Em “O cinema falado”, pus na boca de um garoto: “Paris, Texas” é um dramalhão mexicano encenado como gravura hiperrealista americana com verniz alemão” — e a plateia da pré-estreia urrou uma vaia: era composta da turma que venerava Wenders no então indie Estação Botafogo.
Vontade de ser do contra? Não é tão simples assim. Há um aspecto geracional: amamos filmes que vimos na juventude e tememos que seus lugares no pódio sejam tomados. Porém, há coisa mais respeitável. É que detesto mistificações. Talvez eu tenha tido de lutar muito contra mim mesmo para não deixar que minhas eleições se dessem sem uma exigência de autenticidade, sem um “exame de consciência”. Eu queria exigir dos novos cinéfilos esforço igual.
Ruy Castro flagrou a lista dos “melhores cantores de todos os tempos da “NME”, onde não há Sinatra nem Sarah nem Ekstine: ninguém prérock. Um amigo meu, culto e sensível, me disse que as canções de Gershwin não lhe dizem nada: coisas anteriores aos Beatles inexistem. Allen ocupa o extremo oposto: tem a agressão a Dylan, tem a tosca cena dos punks em “Hannah e suas irmãs”. Eu próprio não vivo sem Ella, mas aguento tão mal a reação contra o rock quanto em 1968. Mais: pessoas da minha idade viveram num Brasil de responsabilidades internacionais nulas: não falávamos para o mundo exterior, daí, pichar estrangeiros não implicava riscos. Hoje, adorando o Woody da frase sobre a masturbação (“o único sexo que você pode ter com alguém que você realmente ama”) eu ficaria triste de encontrá-lo pessoalmente com opiniões negativas sobre seu trabalho. E Wim Wenders acaba de filmar Pina Bausch em 3D — e me chamou para a pré-estreia brasileira. Não desejo um “Vicky, Cristina, Rio”, mas Pina em 3D é a glória da invenção do cinematógrafo. Que as salas com o equipamento não se restrinjam a blockbusters.
Um resultado científico é válido, em uma margem de erro, até que uma nova descoberta científica seja anunciada e bem avaliada
No final de junho, bem antes do dia da independência nos EUA, a Associação Americana para o Avanço da Ciência, organização semelhante à nossa SBPC, circulou um manifesto contra os ataques que vários cientistas que pesquisam a questão do aquecimento global têm recebido, alguns até incluindo ameaças de morte.
O manifesto, que toca na liberdade acadêmica e na relação entre a pesquisa científica e o desenvolvimento de políticas governamentais, é uma análise lúcida e direta de como funciona a ciência e do que necessita para ser bem sucedida:
"A ciência avança por meio de um sistema em que resultados são divididos e avaliados criticamente por outros cientistas, e experimentos são repetidos quando necessário. Desacordos sobre a interpretação de dados, de metodologia e de descobertas são parte do discurso diário da ciência. Cientistas não deveriam ser submetidos a investigações de fraude ou serem perseguidos por gerarem resultados controversos. A maioria das desavenças científicas não está relacionada com qualquer tipo de fraude, mas é parte legítima do processo científico."
O conhecimento científico avança, mas não em linha reta. Conforme escrevi na semana passada, o resultado científico, mesmo se correto, é válido apenas em uma margem de erro. Quando uma nova descoberta é anunciada, cabe à comunidade julgar o seu valor. Quanto mais importante a descoberta, mais cuidadosa deve ser esta análise.
A pesquisa climática funciona exatamente assim. Perseguir cientistas como se fossem políticos corruptos é ridículo e inútil. Como nem todo cientista é infalível ou virtuoso (como médico, juiz, jornalista, bombeiro ou professor), o processo científico se protege dessas falhas pessoais: mais cedo ou mais tarde, dados errados ou fraudulentos são descobertos. Erros podem persistir por um tempo, mas não indefinidamente. Essa é a força da ciência.
Portanto, pergunto o que se passa na mente das pessoas que tentam denegrir cientistas que trabalham com mudanças climáticas. Acho que existem várias respostas. Uma delas é a ignorância de como a ciência funciona. Outra, é a manipulação por políticos, por membros da mídia com agendas políticas claras ou pela indústria de combustíveis fósseis, que tratam qualquer evidência sobre aquecimento global como uma ameaça.
A pior parte é que a indústria de petróleo é um dinossauro tecnológico do qual todos nos alimentamos. Mesmo que a exploração de petróleo conte com tecnologia de ponta, historicamente, combustíveis fósseis vêm alimentando o crescimento industrial da humanidade nos últimos 200 anos. Está na hora de criarmos novas alternativas.
Quando penso nos 7 bilhões de pessoas neste planeta, e na iniciativa de encontrar energias alternativas que sejam beneficiais ao planeta e à humanidade, fica difícil entender a resistência de alguns ao aquecimento global.
Mesmo se as previsões climáticas estiverem equivocadas (e não estão), o que temos a perder mudando nossos hábitos para proteger melhor nosso planeta? A Terra existia já bem antes da gente, e vai continuar a existir sem nós. Mas nós não existiremos sem ela.
Veja como o Brasil tem muitos endinheirados. A rede Caltabiano, de venda de BMW, recebeu prêmio internacional por ter sido a que mais comercializou possantes da marca em 2010.
Portinari leiloado Foi a leilão judicial, sexta, um quadro de 1942, sem título, de Candido Portinari, que pertencia ao espólio da família Tochikatu Oshina. O lance inicial foi de R$ 950 mil. Mas foi arrematado por R$ 1,65 milhão pelo construtor paulista Meyer Nigri, dono da Tecnisa.
Da Vinci no Rio O Museu Nacional de Belas Artes vai fazer, em 2012, uma exposição de Leonardo Da Vinci (1452-1519). Obras importantes, como desenhos originais, serão trazidas da Itália para o Rio. Mãe quer ser pai Valter Hugo Mãe, o badalado escritor angolano que faz 40 anos em setembro, vai embora de Paraty com 35 bilhetes de mulheres que querem gerar um filho dele. É que, em sua palestra, Mãe disse que sentia necessidade de ter filhos e que este até será o mote de seu próximo livro. Calcinha miúda A Duloren, fabricante de lingerie, põe no mercado brasileiro em agosto uma calcinha que, diz, será “a menor do Brasil”. O modelo tem só cinco centímetros na frente e... nada atrás, só um fiozinho que entra no... você sabe. Bertha Ribeiro Ana Arruda Callado, a escritora e coleguinha, depois da biografia de Darcy Vargas, vai partir agora para pesquisar a vida de Bertha Ribeiro, antropóloga que foi casada com o saudoso professor Darcy, Ribeiro. Vem nova biografia por aí. Morar bem Ronaldo Fenômeno vendeu seu apartamento de Higienópolis, em São Paulo, para Adriano, o Imperador, e comprou uma casa no Jardim Europa. O ex-jogador fechou o negócio e viajou com a família para passar uns dias em Ibiza, sem data para voltar. Tiger Bueno Galvão Bueno virou adepto do golfe. O narrador põe até uniforme para jogar. Na Argentina, onde acompanha a Copa América, tem iniciado no esporte o amigo Arnaldo Cezar Coelho, comentarista boa-praça de arbitragem, que... carrega seus tacos. Laranja na Barra A Holanda sonha em ficar no Rio na Copa de 2014. Antes mesmo de se classificar para o Mundial no Brasil e do sorteio dos grupos, já reservou para daqui a três anos, acredite, o Hotel Sheraton Barra. Brasil das mulheres Em tempo de mulher na Presidência, a Biblioteca Nacional reabre hoje suas exposições aos domingos, como fazia, veja só, no início do século passado. A volta será com “Brasil feminino”, sobre as lutas das mulheres do Brasil — como Maria Quitéria (foto), heroína da guerra da Independência, em 1822. O preço da pimenta O capitão da PM do Rio Bruno Schorcht, aquele que espirrou gás de pimenta em moradores do Morro do Bumba, em Niterói, em março, seria promovido a major em agosto. Mas teve o nome retirado da lista quinta passada, dois dias depois de ter sido denunciado pelo MP por seu malfeito. Procissão do samba Clara Nunes (1942-1983), a saudosa cantora, será homenageada pela Portela em 2012. O título do enredo, sobre as festas da Bahia (“E o povo na rua cantando é feito uma reza, um ritual”), é um verso de “Portela na avenida”, samba de Paulo Cesar Pinheiro e Mauro Duarte, gravado por ela. Veja um clipe no site da coluna.
Presidente Delegado Surge uma candidatura de consenso para presidente de honra da Mangueira. É Delegado, o lendário exmestre- sala da escola, que em dezembro agora completa 90 anos. Merece.
As notícias voam por todos os lados e, como é natural, em torno delas adejam boatos, interpretações e ações, estas às vezes bastante inesperadas, ou pelo menos surpreendentes. Obtive entrevista exclusiva com Zecamunista, na qual surgiram diversas revelações que talvez não tenham chegado a vocês. Zeca só sai da ilha para suas turnês de alto carteado, mas é muito bem informado e tem acesso a fontes reservadíssimas. Achei-o no bar de Espanha, encerrando uma pequena alocução sobre o tema "vergonha na cara".
- Por conseguinte - concluiu ele -, esse ministro, como-é-o-nome-dele, esse ministro dos Transportes que levou esbregue e depois teve de demitir seus homens de confiança, esse ministro aí deve ser falto de vergonha na cara, é a minha modesta opinião. Se não fosse, pedia o boné dele também.
- Mas a presidente podia também demiti-lo.
- Os que estão por dentro lembram que, se ele for demitido e tiver que voltar para o Senado, o suplente tem de sair. E o suplente é amigo do presidente Lula e aí...
- Ex-presidente.
- Para uns. Eu estava dizendo que o suplente é amigo do peito do presidente Lula, que assim ia perder a convivência dele lá em Brasília. E o presidente Lula não quer isso, e aí falou: não demite ninguém aí.
- Eu não acredito nisso.
- De besta que você é. Então nem lhe conto o esquema que estão aprontando, você vai dizer que eu gosto de teorias de conspiração e sou paranoico, você vive me difamando no jornal.
- Eu não difamo nada e publico o que você disser.
- É que essa imprensa burguesa... Então bote aí que as dezenas de milhares de delinquentes presos que vão ser soltos vão se juntar às centenas de milhares, ou alguns milhões, que estão soltos, sem contar a maior parte, que a cana não pegou. Sentiu? Sentiu? Eles vão ser maioria declarada, estatística! Eles vão olhar para um lado, olhar para o outro e ver que estão na maioria, só precisa um pouquinho de coordenação. Com os políticos ladrões e todos os corruptos e membros de quadrilhas que, quando são presos soltam logo, com esse pessoal todo na rua e mais o crime organizado, sentiu a consequência? Tá tudo dominado! Maioria, maioria, três entre cada cinco concidadãos vão ser corruptos ou bandidos, por aí. Até porque quem não concordar, já viu, você sabe como é bandido, bandido não aprecia muito a divergência de opiniões.
- Exagero seu, isso é impossível.
- Impossível é banco não ganhar dinheiro, isso é a única coisa impossível no Brasil. O resto é todo possível, tanto assim que já estão armando aí uma ONG para fazer um megaevento, logo que terminarem de soltar os presos todos. Já iniciaram os trabalhos em diversos Estados. Assim que os presos estiverem todos na rua, os organizadores entram em contato com eles e aí se realizará o Arrastão da Inclusão. Eu mesmo não vou ficar aqui, vou passar uns dias no cassino em Buenos Aires, não estou mais em idade para barricadas.
- Mas que barricada, Zeca, você está maluco?
- Não garanto que vai haver barricadas, mas que vai haver combate, vai. A ONG vai promover o arrastão como um meio democrático e moderno de efetivar a inclusão social desses presos todos. Cada capital terá seu arrastão, eles dizem que vai ser uma festa bonita, aquele tsunami de vagabundos, assaltantes e até assassinos saindo em revoada e pegando quem estiver pela frente. Viu como é uma manobra revolucionária? Sou forçado a rever meus conceitos, a história do Brasil me obriga.
- Você deixou de ser marxista?
- De certa forma, sim. Por exemplo, já deixei de ver a ditadura do proletariado como uma etapa a cumprir. Não vai haver ditadura do proletariado nenhuma, vai haver a ditadura da bandidagem - aliás, já está começando a haver, é que a gente vive nela como um peixe na água e aí não nota. Depois do arrastão e de certas solenidades destinadas a compor uma bela imagem para o movimento, como, por exemplo, um monumento ao preso desconhecido, será oficialmente abolido qualquer tipo de cadeia e quem quiser justiça que procure o bandido de seu bairro. Ou seu deputado, vai acabar dando no mesmo.
- Você está fazendo piada, esse tipo de coisa nunca vai acontecer.
- Nunca vai acontecer? Onde é que você mora, o que é que falta mais para convencer você? Parece que só falta mesmo o arrastão, mas ele vem aí.
- Mas, assim ou assado, o Estado proporciona alguma segurança.
- Proporciona, proporciona. Aqui mesmo está uma segurança que ele nos proporciona, é para a gente não tomar choque. Está vendo este plugue? É de um barbeador elétrico que eu comprei. Não se encaixa na tomada, vou ter que mudar as tomadas todas da casa. E não se pode vender adaptador, porque é burlar a lei. Ou seja, quando eu viajar e quiser me barbear vou ter que ir ao barbeiro, porque meu plugue só se encaixa no Brasil. O mesmo vai acontecer a quem quiser ligar o computador na tomada do hotel ou do aeroporto.
- Mas será que você não acha em casa um adaptador velho, ou benjamim, que quebre o galho?
- Não achei. Mas não ia adiantar, eles já devem ter criado a multa pelo porte ilegal de benjamim e o confisco de adaptadores clandestinos. Embora nada que uma boa propina não possa resolver. A corrupção é o nosso modo de estar no mundo. Gostou? Acho que dá até para escrever um livro de autoajuda. Vai ser um sucesso, enquanto não piratearem.
As previsões são do governo: em 2011 o déficit previdenciário de 950 mil funcionários públicos vai somar R$ 50 bilhões e o de 28 milhões de trabalhadores privados, R$ 40 bilhões. Ou seja, para zerar os dois déficits, 190 milhões de brasileiros já começaram a pagar, este ano, em média, R$ 4.386,00 por mês para cada funcionário aposentado ou pensionista e R$ 120,00 por mês para cada trabalhador privado segurado do INSS.
Diante de uma realidade tão desigual e injusta, anunciar mudanças de regras para reduzir o déficit do INSS e ignorar solenemente o desequilíbrio dos servidores públicos é não resolver o problema e zombar da população que sustenta os dois déficits pagando impostos. É claro que o rombo do INSS precisa ser equacionado, mas o outro, além de maior, é concentrador de renda, porque beneficia um conjunto de pessoas 30 vezes menor e que desfruta de um benefício pra lá de bom. Tanto que, no INSS, dos 28 milhões de segurados, cerca de 16 milhões recebem um salário mínimo, enquanto entre os servidores não há uma só aposentadoria neste valor.
O ministro da Previdência, Garibaldi Alves Filho, anunciou que enviará ao Congresso um projeto que reduziria o déficit do INSS, de janeiro e maio deste ano, de R$ 17,8 bilhões para R$ 8,9 bilhões. Como? Devolvendo a cada ministério setorial as isenções previdenciárias que concederam a empresas e entidades filantrópicas por décadas. A proposta do ministro só tira o peso das costas do INSS, transferindo-o para cada ministério (Educação, Saúde, Desenvolvimento Social e até Fazenda), mas não acrescenta um centavo à receita tributária, porque não elimina as isenções.
Quando ministro da Previdência de FHC, Reinhold Stephanes tentou acabar com essas isenções e obrigar muitas das entidades beneficiadas - que ele chamava de "pilantrópicas" - a pagar a contribuição previdenciária. Não conseguiu. Foi derrotado pelo poder de lobby político dos beneficiados em Brasília. São clubes de futebol, unidades educacionais, instituições de caridade de fachada e, recentemente, até empresas exportadoras do agronegócio.
Essa é a reforma da Previdência do governo Dilma. Não acrescenta um centavo à receita do INSS e ignora completamente o déficit da Previdência pública, que só no governo Lula aumentou de R$ 29,6 bilhões para R$ 47 bilhões. Velho conhecedor das tramoias políticas vividas em Brasília, o economista Raul Velloso diz que ali o poder corporativo-lobista aborta qualquer iniciativa de eliminar privilégios de seus representados. Por isso é cético quanto à possibilidade de saírem do Congresso decisões que contrariem interesses do funcionalismo. Em 2003 Lula experimentou a força desse poder, ao tentar unificar as Previdências - pública e privada - com uma reforma em que os novos funcionários públicos que ingressassem no trabalho teriam os mesmos direitos e deveres dos aposentados privados do INSS. Não conseguiu e logo desistiu.
No Brasil as regras previdenciárias são antigas, de quando a população vivia, em média, pouco mais de 50 anos. Por isso são incompatíveis com o avanço da longevidade nas últimas décadas, que elevou para 73 anos a expectativa de vida dos brasileiros. O mundo todo vive esse dilema. Na Europa há greves e rebeliões nas ruas contra o aumento da idade mínima para aposentadoria. A reação política é inescapável, ninguém gosta de perder direitos e vantagens.
Mas é, também, imprescindível adequar a receita que o trabalhador acumulou com suas contribuições previdenciárias na vida ativa à despesa com o pagamento de seus proventos quando ele se aposentar. Sem esse equilíbrio financeiro, o pagamento de aposentadorias - para trabalhadores públicos e privados - a cada ano vai devorar mais e mais dinheiro público e o governo terá de desviar recursos da saúde, educação, investimentos, programas sociais, etc., para suprir a Previdência. Entre nós, isso já ocorre há algumas décadas. Em 2002 os dois déficits previdenciários (trabalhadores públicos e privados) somavam R$ 45,5 bilhões, em 2011 o valor dobrou para R$ 90 bilhões. Quanto será daqui a dez anos, se as regras não mudarem?
Completo hoje minhas razões para sugerir cuidado com a China. Há duas semanas escrevi que não se pode jogar fora a possibilidade daquele país seguir, de alguma forma, a trajetória recente do Japão, que após um longo período de crescimento rápido passou a enfrentar dificuldades para sustentar seu desenvolvimento. Naquela ocasião, apresentei minhas cinco observações iniciais, chamando a atenção para: o envelhecimento rápido da população; a redução na oferta de terras; a redução na oferta de água; os problemas decorrentes da poluição do meio ambiente e, finalmente, as limitações da oferta de energia, cara e suja.
Essas primeiras observações sugerem crescentes pressões sobre a renda familiar (dificultando a expansão do mercado interno) e crescentes pressões inflacionárias decorrentes de altas nos preços de alimentos e energia. Além disso, qualquer esforço para alterar a matriz energética (como por exemplo, a expansão da energia eólica) vai tornar o custo mais elevado ou demandar grandes subsídios uma vez que as energias alternativas e sustentáveis ainda são mais caras que as fontes de carbono tradicionais, carvão e petróleo. Ademais devemos considerar os seguintes pontos:
6 - Maiores dificuldades nas exportações.
Os custos chineses estão subindo, embora ainda sejam muito competitivos. Entretanto, a alta dos salários, o custo da energia e de materiais e a esperada valorização da moeda continuarão a tornar os produtos chineses mais caros; na verdade já se observam mudanças de muitas plantas de produtos mais simples para países vizinhos como Vietnã, Camboja, Filipinas e Bangladesh. Ao mesmo tempo, acredito que os produtos chineses serão crescentemente objeto de contestações na OMC e de restrições comerciais e não comerciais em muitos países importadores, incluindo o Brasil. As acusações de diversas práticas desleais de comércio são cada vez mais recorrentes. Essa imagem negativa está sendo reforçada pela natureza de boa parte dos investimentos chineses nos países emergentes, onde a característica de enclave, a pouca atenção aos direitos trabalhistas e a destruição do meio ambiente são recorrentes. Isto é verdadeiro mesmo em países africanos mais pobres (sugiro olhar a edição de 11 de fevereiro deste ano do El Pais e no site www.foreignpolicy.com, China"s rise no longer just about China). Em resumo, embora as exportações chinesas devam continuar a crescer ao longo dos próximos anos, elas deverão contribuir algo menos para o crescimento, inclusive porque a internacionalização de várias empresas chinesas deve levar à produção em terceiros mercados, como é certo, por exemplo, no caso das indústrias automotivas que estão entrando no mercado brasileiro.
7 - A valorização do câmbio é
inevitável.
O crescimento do comércio exterior chinês, a desvalorização do dólar e as incertezas quanto ao futuro do euro estão levando as autoridades chinesas a uma liberalização controlada do mercado cambial, buscando a internacionalização da moeda. Nos últimos meses os regulamentos foram sendo flexibilizados para permitir maior participação dos bancos nas operações cambiais e no relacionamento comercial com regiões mais próximas como Cingapura. Essa é uma consequência direta da ascensão da China como a segunda maior economia do mundo. Embora a cautela continue sendo a norma é inevitável que o câmbio se aprecie nos próximos anos, reforçando a elevação dos preços de exportação em dólares dos produtos chineses. Mais importante, se admitirmos que a recuperação da economia americana se dê no próximo ano, o dólar deve voltar a se valorizar, quebrando a confortável situação de hoje, onde a moeda americana se desvaloriza e o yuan vai junto, em virtude do "peg" com o dólar, e terceiros países, como o Brasil, pagam a conta (a Alemanha, dada a elevação da produtividade, mantem-se com uma taxa de câmbio efetiva estável, alavancando suas exportações). Ao invés de uma guerra cambial entre China e Estados Unidos existe um casamento de conveniência que empurra o custo do ajuste para terceiros países. Ao mesmo tempo, as tendências inflacionárias mencionadas antes colocam um dilema para as autoridades monetárias: se os juros subirem o suficiente para bater a inflação de forma decisiva, a atividade pode se contrair bastante reduzindo a expansão do emprego e elevando os riscos de conflitos sociais, o que assusta muito o governo. A valorização da moeda passa a ser instrumento útil também no combate à inflação.
8 - A limitação do mercado interno.
O consumo das famílias na China é próximo a 35% do PIB, um número modestíssimo quando comparado com o que ocorre nas principais economias do mundo. Como consequência, a economia depende de elevadas taxas de expansão das exportações e dos investimentos para sustentar seu crescimento. Para vários analistas, a demanda por infraestrutura deverá crescer mais moderadamente no futuro, ainda que a taxa de urbanização deva continuar a crescer, tal o salto na construção que vem ocorrendo (vejam-se os casos do trem bala e dos aeroportos). Ao mesmo tempo, e como argumentado acima, é possível que as exportações venham a crescer mais moderadamente. Neste caso pergunta-se: irá o mercado interno expandir-se a uma velocidade tal que compense a redução relativa de gastos de capital, das exportações e das pressões decorrentes do envelhecimento rápido da população tal que mantenha o crescimento forte como até agora? Mais uma vez vem à mente o caso do Japão, onde a limitação do mercado interno refreou o crescimento quando as exportações deixaram de crescer a taxas muito elevadas.
9 - A produção de conhecimento.
É absolutamente certo que a China tem desenvolvido intensamente seu sistema educacional; é também certo que o número de patentes registradas tem subido muito, dando suporte para melhorias tecnológicas. Entretanto, duas observações poderiam ser feitas: vários analistas apontam que o sistema educacional muito rígido não estimula a criatividade, tal como ocorre em outros países desenvolvidos, o que é uma dificuldade a longo prazo. Ao mesmo tempo, os inúmeros casos de roubo de tecnologia têm levado várias multinacionais a utilizar em investimentos na China apenas tecnologias mais maduras, o que também reduz o progresso tecnológico.
10 - Riscos sociais e políticos.
A elevação da renda das famílias vem produzindo, ao lado de maior padrão de vida, várias manifestações de insatisfação. Em boa medida isso decorre da natural demanda por maior liberdade que acompanha o crescimento da renda. Não se trata necessariamente de demanda por democracia, mas demanda por liberdade de ler, de se movimentar, de protestar contra arbitrariedades do poder local, de defender minorias de diversas naturezas etc. Há também alguma repulsa a corrupção generalizada (que sempre cresce quando partidos hegemônicos assumem o poder). Estas demandas chocam-se com a ditadura do PC chinês e ao longo do tempo elevam as chances de fragmentação e a perda de eficiência do sistema.
Em resumo, acredito que a China continuará a crescer bem no futuro próximo. Entretanto, a prazo mais longo não tenho a mesma certeza e o Japão está aí mesmo para nos mostrar como é arriscado projetar a manutenção de tendências atuais. O futuro continua surpreendente.
A explicação, que parece risível, é dada de maneira séria por autoridades: as obras da Copa de 2014 e da Olimpíada de 2016 não sofrerão atrasos. Vai dar tudo certo. Aos fatos: a Arena das Dunas, em Natal (RN), aguarda propostas de parceria. Outros empreendimentos estão em fase inicial. E mais: dos 12 estádios que serão construídos, 5 correm o risco de se transformar em "elefantes brancos" por falta de torcedores suficientes e pelos altos custos de manutenção.
A novela sobre a preparação do Brasil para sediar os dois maiores eventos esportivos mundiais segue um enredo que tem tudo para se tornar sucesso de público e de mídia, por exibir vasto painel do temperamento nacional. Abriga traços do caráter, a começar pelo desleixo, passando pela improvisação, entrando pelo jeitinho e chegando à malandragem, pela inferência de que o atraso no calendário de obras é algo deliberado. Teria o fito de driblar a montanhosa burocracia e, desse modo, livrar a licitação de projetos de complicações, liberar recursos de forma ágil e no fluxo adequado, garantindo a satisfação de todos os "jogadores" da copa preparatória. O afogadilho seria sinônimo de esperteza, e não de improvisação, sob a lógica invertida de "não fazer hoje o que pode ser feito amanhã". E assim o Brasil pode levar a taça de campeão de novo escopo da administração: "a emergência programática".
De início, a lembrança: o Brasil foi escolhido para ser a sede da Copa do Mundo de Futebol em 30 de outubro de 2007. De lá para cá, em termos práticos o resultado fica próximo de zero. É evidente que, sendo a paixão nacional, o futebol abre intenso foro de debates, acende fogueiras de vaidades e impulsiona visões conflitantes entre os atores envolvidos na organização do megaevento: times e torcidas, cartolas, cidades-sede da Copa, autoridades governamentais, políticos, empreiteiras e a formidável malha de prestadores de serviços. Cada qual quer tirar proveitos - e proventos - da gigantesca teia de interesses, sabendo-se que não haverá rigidez no controle dos orçamentos.
Lembre-se de que as obras para os Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, em 2007, foram orçadas inicialmente em R$ 400 milhões. Acabaram em R$ 3,4 bilhões, deixando, ainda, extensos espaços ocupados por "elefantes brancos". E qual será o orçamento para os dois eventos? Uma incógnita. A decisão de tornar esse orçamento sigiloso - aprovada pela Medida Provisória 527, que cria o Regime Diferenciado de Contratações - faz parte da estratégia de evitar obstruções, o que, para uns (empreiteiros, por exemplo), seria medida de bom senso e, para outros (organizações não governamentais), brecha para os dutos da corrupção.
Se houver recursos a rodo, é evidente que o cronograma de obras, mesmo sob aperto, deverá ser cumprido. Tecnologia, gestores e parceiros, isso é o que não falta para tocar o conjunto. Mas, sob o prisma do rigor técnico - dentro do qual se inserem os projetos executivos, a quantidade e a qualidade de materiais, o controle das etapas, a lupa sobre preços e o superfaturamento, a rígida obediência aos parâmetros socioambientais, a preparação da infraestrutura e, obviamente, a análise sobre uso futuro dos equipamentos -, há um imenso acervo a ser examinado. O que exigiria muito tempo.
Na esteira da pressa, o risco Brasil sobe aos píncaros. Veremos na paisagem um portentoso conjunto de obras, algumas chamando a atenção pela pujança estética, mas, no obscuro limite entre os territórios do público e do privado, vicejarão sementes de improvisação, que produzirão colheitas de irresponsabilidade nas frentes das obras. Essa é a química que explica no nosso ethos traços de negligência, desleixo, displicência, relaxamento, bagunça e vivacidade.
A pergunta emerge naturalmente: ante tão flagrante constatação, por que não se muda o ritual? Por que não se fez um planejamento em prazo adequado? Ora, o Brasil cultiva o gosto pelo instantâneo, pelo provisório. Prefere-se, por aqui, administrar o varejo, e não o atacado. É mais vantajoso apagar incêndios do que preveni-los. Coisas planejadas com muita antecedência parecem não combinar com a alma lúdica brasileira, brincalhona, irreverente. Se não fosse obrigado a enfrentar o batente para sobreviver, o brasileiro adoraria passar o ano inteiro na folia. Oswald de Andrade traduziu, um dia, tal estado de espírito ao versejar: "Quando dá uma vontade louca de trabalhar, eu sento quietinho num canto, e espero a vontade passar". Ademais, como se procurou argumentar, é perceptível uma aliança entre parceiros para deixar para a "última meia hora" o que poderia ser feito "na última hora". Haverá menos fiscalização, menos burocracia, menos senões e mais apoios.
Da parte de cima da pirâmide social, a expectativa é de que o Estado continue a equilibrar o triângulo que lhe dá sustentação: o poder político, a gestão pública e os círculos de negócios. No caso dos eventos esportivos, o triângulo é formado pela Autoridade Olímpica e pelo Comitê Olímpico, que farão a administração; pelo poder político, que ditará as regras do jogo (por exemplo, votação do regime diferenciado de licitações); e pelos negócios, onde estão os parceiros privados dos empreendimentos. E quanto aos "cinco elefantes brancos"(estádios de Brasília, Cuiabá, Manaus, Natal e Recife), que após a Copa poderão gerar grande prejuízo por falta de contingentes necessários para torná-los autossustentáveis? No país que aprecia o status provisório, essa questão será analisada nas calendas. Cada imbróglio no seu devido tempo. Quando aquele momento chegar, os figurantes pegarão carona no jeitinho e arrumarão verbas para dar nova finalidade às edificações, incluída a sua derrubada.
E, assim, o Brasil vai rolando a bola e brandindo o slogan "antes tarde do que nunca". Afinal, fazê-las "antes cedo do que tarde" daria muito na vista. E isso, convenhamos, prejudica a visão (e os negócios) dos parceiros.
Mais desemprego em junho nos Estados Unidos. Foram criadas apenas 18 mil vagas. Não foi só o setor privado que não criou empregos, foram os governos federal e estaduais que cortaram 39 mil postos de trabalho. É a retração da demanda provocada pela insegurança no emprego. É a estagnação da renda, levando a um crescimento talvez menor que 2% este ano.
Nos Estados Unidos, o desemprego é de 9,2% da força de trabalho, na Eurozona 9,9%. E eles, que representam cerca de 50% do PIB mundial, não a China, são os únicos que poderiam aumentar a importação de produtos industrializados do Brasil.
Desemprego lá, problemas aqui. Lá se vão os primeiros 15 dias do terceiro trimestre nesse clima negativo que pode durar pelos próximos meses. Talvez até o fim do ano. Aqui, o cenário é outro. O emprego industrial cresceu 2,2% até maio, 3,5% em doze meses, mas dá sinais de vacilar. Em maio sobre abril deste ano, apenas 0,1%, informa o IBGE. O mesmo para horas pagas.
São os primeiros efeitos da desaceleração econômica, provocada pelas medidas para conter a inflação. Neste cenário de deterioração das expectativas externas, não há que contar com os Estados Unidos e Europa para importarem mais produtos industriais e sustentar o nível de emprego no Brasil.
As vendas externas devem continuar se concentrando pela alta dos preços das commodities agrícolas, minério e petróleo, que não agregam valor e geram pouco emprego, com efeito negativo sobre o mercado de trabalho nos próximos meses.
Bom, se não piorar. Dificilmente o Brasil vai reconquistar espaço perdido no exterior para países que, ainda em clima de recessão, se esforçam para exportar mais. Será até um grande êxito se puder conservar o que ainda lhe resta no mercado interno e é cada vez menor.
Como se não bastasse, há novas pressões inflacionárias das commodities agrícolas. Os efeitos positivos do real valorizado, que permite importar a um preço menor, começam a ser atenuados pela contaminação interna da cotação das principais commodities agrícolas.
Nesta semana, a FAO acusou a queda da produção brasileira de açúcar pela alta dos preços no mercado mundial. A organização prevê um segundo trimestre de fornecimento de grãos mais apertado. Todos estão importando mais grãos, temendo perda de safras, o que eleva os preços no mercado internacional, já estimulado pelas operações financeiras que rendem mais. Há muitos países importando, até mesmo trigo produzido aqui. O Brasil surpreendeu a todos, este ano, ao se tornar o 90.º maior exportador de trigo mundial.
Um caso de amor e raiva. O governo enfrenta, neste caso, uma luta que pode ser inglória se nada for feito rapidamente. Pode estimular o plantio de cana, mas isso leva anos. Se comprar para fazer estoques, os preços sobem ainda mais. Resta-lhe reduzir impostos que representam 39% do preço da gasolina e do álcool nos postos. É importante contê-los, pois combustível tem grande peso no índice de inflação. O vilão da história não é a gasolina, que custa R$ 1 por litro num preço de R$ 3, mas o álcool.
Os preços excepcionais do açúcar estão aumentando com a queda da safra de cana, estimada em 3,3%, desviando matéria-prima do álcool combustível, R$ 1,70 o litro nos postos de gasolina, em junho. Uma alta fortíssima de 42,4%!
É um quadro difícil, complicado com o açúcar mais rentável desviando cana para produzir álcool. Sinônimo de mais inflação, mais juros, mais medidas restritivas do BC e do governo para conter os preços. Só que as cotações estão em alta lá fora e pouco se pode fazer a não ser conter a demanda e o crescimento. Só que isso deverá pesar negativamente no mercado de trabalho mesmo porque, voltamos ao inicio da coluna, não se pode agora contar com o mercado exterior, os Estados Unidos e a Europa, para importar produtos industriais brasileiros. Resumindo, como não se prevê que o cenário externo mude, ao contrário, pode piorar, pode esperar um menor crescimento do mercado de trabalho no Brasil.
Não existe nada melhor do que uma agenda novinha em folha, com todas as páginas em branco
OUTRO DIA ME programei para passar a limpo a agenda de telefones, coisa que não fazia havia cinco anos. Eu talvez seja a última pessoa a ter uma agenda de papel, mas como sou romântica e sentimental, é assim, e pronto. Não existe nada melhor do que uma agenda novinha em folha, com todas as páginas em branco. É quase igual a recomeçar a vida, com muitas delícias e algum tormento.
No dia marcado, comecei a saber dos últimos escândalos pelos jornais, e quando li sobre o inacreditável código de ética do nosso inacreditável governador Sérgio Cabral, achei que tinha mais o que fazer; toda animada, comecei pela letra A, achando que ia ser tudo uma delícia, e no princípio até foi.
Mas percebi que a cada nome era preciso fazer uma opção e reavaliar as relações para saber se valia a pena tê-las na agenda nova. Algumas eu tinha certeza que sim, outras que não, e algumas, francamente não sabia.
Aquela amiga com quem abri meu coração tantas vezes, com quem ficava horas no telefone falando do passado e fazendo planos para o futuro; com ela desabafei, ri e chorei, juntas compartilhamos alegrias e tristezas.
Gostava dela de verdade, mas na verdade, entre nós só havia em comum o fato de sermos solteiras, nos encontrarmos todos os dias na ginástica e, frequentemente, à noite, para a balada, o que não chega a ser muito. Um dia ela mudou para outro bairro, se casou, teve um filho, e os telefonemas, claro, foram rareando. Se nos cruzarmos hoje em algum lugar vai ser um prazer -será mesmo?- mas sinceramente: vou ligar para ela algum dia na vida? Finjo que estou na dúvida, mas já sei que não.
Responder a essa pergunta é um exercício de autoconhecimento. Será que eu não tenho sentimentos e de tudo o que passamos juntas não sobrou nada? Sobrou uma amizade, sim, só que ela agora faz parte do passado, e as lembranças -poucas- vão ficar só no coração, não na agenda. Aliás, eu nunca liguei para ela, mas nem ela para mim.
A cada nome vinham coisas na cabeça, e na letra L já tinha passado metade da minha vida a limpo. De algumas, lembrei com prazer -e doeu, por já terem passado- e de outras, preferia ter esquecido. Aquela empregada que trabalhou para mim durante anos e que foi testemunha de todas as coisas -as boas e as péssimas- e para quem nunca mais telefonei.
E o remorso? Vou ligar, adoro ela, mas já sei que vou sofrer.
Mas tem outras: houve um homem por quem um dia inventei sei lá o quê, e como essas invenções têm prazo de validade curto, logo chegou a hora de desinventar.
Um dia, num aeroporto, achei que era ele e enfiei a cara no jornal para não ter que falar. Podia pintar tomar um café, com direito a perguntas sobre como vai a vida, só que a última coisa no mundo de que eu queria saber era da vida dele, e ele, provavelmente, da minha. E se nosso avião fosse o mesmo? E conversar, durante a viagem? Essa foi até fácil: ele não foi para a agenda nova.
E os que estão na agenda, mas que você não vê há 20 anos, como estarão? A memória protege e nos faz lembrar da pessoa como da última vez em que a vimos, mas a vida deixa marcas no rosto e na alma. Quando você vê essas marcas no outro, sofre e pensa que está sofrendo por ele, mas na verdade está sofrendo por você mesma. Afinal, os 20 anos não passaram só para ele.
Refazer uma agenda é uma queima de arquivo, e ninguém passa por isso impunemente; a vida é cruel, e em alguns casos, a única defesa é endurecer, e sem nenhuma ternura.
Eles são todos do PMDB, na maioria ex-governadores e recém-eleitos para o Senado. Se de longe já olhavam com preocupação a respeitabilidade da Casa se esvair em crises e desmandos, de perto viram que o cenário era ainda pior: uma estrutura corporativista voltada para assegurar benfeitorias de funcionários e senadores, cujo desmonte só se fará ao custo da ruptura do pacto não escrito que a sustenta.
A partir dessa constatação, um grupo de oito senadores pemedebistas começou a se organizar numa espécie de rebelião pacífica com o objetivo de disputar a próxima eleição para presidente e impedir que José Sarney tenha êxito no plano de fazer de Renan Calheiros seu sucessor.
Os “novatos” Eduardo Braga (AM), Luiz Henrique (SC), Casildo Maldaner (SC), Roberto Requião (PR), Ricardo Ferraço (ES) e Waldemir Moka (MS) juntaram-se a Pedro Simon (RS) e Jarbas Vasconcelos (PE), que até então combatiam sozinhos e eram marginalizados no partido, para primeiro reorganizar o equilíbrio de forças dentro do PMDB.
Eles conseguiram reintegrar os colegas à bancada, começando por recuperar a vaga de Pedro Simon, que havia sido afastado da Comissão de Constituição e Justiça, e obtiveram algumas vitórias.
Foi por pressão deles que Renan Calheiros e Romero Jucá foram à tribuna defender que a presidente Dilma Rousseff vetasse duas emendas em medidas provisórias, apresentadas por parlamentares do próprio partido e consideradas “indecentes”. Uma dava anistia a dívidas de banqueiros falidos e outra prorrogava, sem licitação, os contratos de lojas e serviços comerciais nos aeroportos.
E por que Renan e Jucá atenderam às exigências, quando normalmente não dariam bola para reclamações? Porque o grupo dos oito recebeu a adesão de outros três e, com isso, formaram maioria de 11 em uma bancada à época de 19 (hoje são 20) senadores Se não aceitassem, poderiam ter dificuldades: por exemplo, perder apoio para se manterem respectivamente como líderes do partido e do governo no Senado.
Já houve também ampliação da interlocução com o governo, até então uma exclusividade da trinca Sarney, Renan e Jucá. A ideia desses senadores é estabelecer um ambiente mais qualificado na bancada do PMDB, a maior do Senado, e depois estender o movimento para outros partidos onde há parlamentares igualmente desconfortáveis com a degradação da Casa.
Não se espere, porém, uma evolução muito rápida nessa movimentação. Experientes, os senadores sabem do poder do “pacto da mediocridade” sustentado por funcionários-chave encastelados em postos estratégicos com respaldo de senadores. Qualquer tentativa de confronto, como aprovação de uma reforma administrativa agora a ferro e fogo, poderia pôr tudo a perder.
O trabalho é lento, requer paciência e capacidade de convencimento para conseguir a adesão da maioria e alterar a correlação de forças hoje francamente favorável ao “esquema”.
Nascimento e morte
Um, Alfredo Nascimento, se licencia do Senado para não enfrentar processo – se demissão por suspeita de corrupção não for quebra de decoro na vida de um parlamentar “emprestado” ao Executivo, difícil saber o que seria – , e outro, Blairo Maggi, não aceita ser ministro porque tem telhado de vidro, morre de medo de virar alvo e ir ao chão.
Ao mesmo tempo o secretário-geral, controlador do partido em foco (PR) e réu do mensalão, Valdemar da Costa Neto, submerge para não chamar atenção enquanto espera passar o vendaval. Ou seja, está tudo errado nessa insistência da Presidência da República de preservar as credenciais do PR como aliado com direito ao manejo de um naco da administração federal.
Isso não é sinal de habilidade para contornar dificuldades políticas. Denota hesitação e abre espaço a um erro de cálculo, pois ao deixar o PR fritar-se a presidente Dilma Rousseff corre risco de se queimar junto à sociedade e ao Congresso por falta de regras claras quanto ao que é aceitável ou inaceitável na rotina de seu governo de coalizão.
Jornalista é um ser estranho, admito. Em férias no Rio, a editora adjunta do Corriere della Sera , convenceu a família de que precisava fazer umas entrevistas. Quando saiu para passear, levou a filha de seis anos para conhecer o teleférico do Alemão, porque queria ver uma comunidade pacificada. Não a culpo, meu passado me condena; também já fiz essas falsas férias em terra alheia.
A jornalista italiana Barbara Stefanelli está interessada em tudo sobre o Brasil: como foi que o País fez a virada? Como venceu a inflação? Para onde vão os traficantes quando ficarem sem território? Por que a população dos locais ocupados pelo Exército e pela Polícia aderiu imediatamente ao poder do Estado, em vez de demonstrar uma relação ambígua, como alguns italianos em regiões que eram controladas pela máfia? O que há de errado com o sistema político brasileiro? Como nasceu o Bolsa Família? A presidente Dilma conseguirá erradicar a pobreza extrema?
Conversamos sobre todos esses temas apaixonantes. Há sempre boas e más notícias. Uma das boas notícias é o interesse que o Brasil desperta em outros países, porque agora não é mais uma curiosidade pelo exótico, mas dúvidas bem informadas. Apesar do nível de informação, há novos estereótipos. Ela conta que, de fora, se tem a ideia de que o ex-presidente Lula sozinho salvou a pátria da desordem.
Expliquei que o Brasil deu a virada passo a passo, com avanços em cada um dos governos democráticos. O grande ponto de ruptura foi o Plano Real - feito por Fernando Henrique no governo Itamar Franco e mantido por Lula nos seus dois mandatos. Marcou o fim da tolerância com a inflação e o começo do tempo de construção do projeto de ordem monetária e inclusão social. Mesmo sendo pessoa bem informada, ela ficou impressionada com o volume de eventos, dramas, fracassos e lutas pelos quais os brasileiros tiveram de passar para conquistar e manter a moeda estável. Eu disse que acredito que a presidente tentará erradicar a extrema pobreza, mas dificilmente conseguirá no seu governo; mesmo assim, os brasileiros deveriam persistir nessa meta, porque está no horizonte de nossas possibilidades.
Sobre o destino dos traficantes expulsos dos seus territórios, eu expliquei que, como todos sabemos, os crimes, o tráfico e as drogas continuarão existindo; mas o intolerável era a existência de território sob controle do tráfico; onde não havia o direito de ir e vir. Essas áreas ainda existem.
Apontei a Rocinha e disse que lá deve ser a batalha final. Bárbara pediu que eu mandasse notícias, quando chegasse esse momento. Contei que a adesão da população às ocupações das Forças Armadas e da polícia em áreas do Rio era reveladora de que os traficantes oprimiam, exerciam o poder de forma tirânica.
No dia anterior, eu tinha conversado rapidamente com o vice-governador, Luiz Fernando Pezão, sobre economia do Complexo do Alemão, após ocupação do Exército. Ele falou com admiração sobre a força do empreendedorismo local, pessoas que organizam negócios para fornecer serviços aos trabalhadores das obras. Falou das possibilidades logísticas do Alemão perto da Avenida Brasil, Linha Vermelha e Linha Amarela.
Há empresas que associadas a ONGs estão começando a se instalar lá, como na parceria AfroReggae e Santander, e a Natura. A Oi conseguiu em semanas por lá uma base de clientes maior do que a cidade de Goiânia. As forças econômicas estavam reprimidas pelo tráfico. Não é tudo, mas é um começo. O fato de uma estrangeira ser capaz de levar uma filha de seis anos para passear no Complexo do Alemão já é um sinal de que algo mudou radicalmente. A menina gostou de tudo. Já tinha entrado em bolhas voadoras assim para esquiar, desta vez olhou as lajes, admirada com o que pode acontecer em telhados. Disse que quer um telhado daqueles para ela.
Nem tudo é bom de contar para um estrangeiro. Preferi ficar nas boas notícias. O Bolsa Família nasceu de experiências exitosas em Campinas, Brasília e Belo Horizonte e, apesar de ter chegado ao nível federal no governo Fernando Henrique, ganhou a atual dimensão no governo Lula. Informei que mesmo somando tudo o que se transfere aos pobres hoje em recursos públicos, o governo ainda gasta mais com os empréstimos subsidiados às grandes empresas.
Há más notícias, das quais não falei. Da sensação de que o País está diante de um problema que parece intransponível na política, com os escândalos que se repetem com uma frequência desanimadora. Na Itália, eles sabem bem o que são escândalos políticos, que lá estão diretamente ligados ao presidente. A oposição não consegue se organizar para ser uma alternativa clara e sólida ao caduco "berlusconismo".
O interessante é o fato de que eles fizeram uma reforma política como a que muitos aqui no Brasil sugerem que será a solução para os nossos problemas: abandonaram o sistema proporcional. Em vez de sanear a política, melhorar a representação e fixar mais a relação com os eleitores, criaram as bases que levou a Berlusconi. Os italianos, em breve, ela me disse, deverão reformar a reforma. Serão feitos referendos que podem restaurar o sistema proporcional. Não há solução fácil à vista para problemas políticos, sejam eles brasileiros ou italianos.
Perguntei à Bárbara como é que ela convenceu a família de que poderia trabalhar em plenas férias, interessada em usar o mesmo truque. Ela mostrou a chuva da janela: "o tempo está fechado no Rio; o que se pode fazer?" Eu não a culpo. Acho que jornalismo é sempre bom, faça chuva ou faça sol.
BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Direto do País da Piada Pronta! Substituto do Ministro dos Transportes: Paulo Sérgio PASSOS! A partir de hoje o Brasil vai andar a pé! A passos de tartaruga! Rarará! O ministro Nascimento caiu! O Nascimento morreeeeu! Esse ministério da Dilma é o Ministério Matte Leão! Já vem queimado! "Olha o mate!"
E o pensamento do Twitter: "Deus fez o céu e a terra. O resto foi feito na China". Menos água de coco! Rarará! E mais uma predestinada. Especialista em Recursos Humanos, o famoso RH: Alessandra DEMITE! Rarará!
E esta: "Búlgaro faz cirurgia de mudança de sexo para virar a Lady Gaga". Como é o nome dele? PENIO! Penio Faskalavov!
E eu fui lançar o meu livro "A Esculhambação Geral da República" no programa da Lourebe Camargo. A sucessora da mulher mais velha do mundo! E me sentei entre a Hebe e a Marta Suplicy. E estou até agora me desintoxicando do cheiro de laquê. Já tomei uns dez copos de leite. E nada! Rarará! E a Hebe é o maior fenômeno da televisão: foi da válvula pro HD!
BUM! Buemba da semana: os bueiros-bomba! Os aerobueiros do Rio. O Rio vai mudar de nome pra Bueiros Aires! E Copacabana pra Copacabomba. E Leblon pra Leblomba! E uma menina no Twitter me disse que o Rio tem um novo terrorista: OSAMA BIN LIGHT! E que a Light vai lançar um programa de fidelidade. Pra quem quiser voar pelos bueiros. Milhagem de bueiro!
E o Eramos6 pegou cinco tampas de bueiro e fez o logotipo da Olimpíada de 2016. Sabe aquelas cinco rodinhas? Agora são cinco tampas de bueiro. E saiu uma nova expressão: BUM-EIRO! Bum-eiro: buraco que esquenta e explode debaixo das pessoas. Rarará! Parece filme das Tartaruga Ninjas!
E pior: "Light pode ter 4.000 bueiros com risco de explodir". Tá se preparando pro Réveillon?
E o suplente do Itamar, Zezé Perrella, presidente do Cruzeiro? Retrocesso: presidente do real substituído pelo presidente do cruzeiro!
E, em Limeira, um casal entrou na justiça para integrar no registro de casamento o nome do marido Pinto ao da mulher. Sentença do juiz: "Determino ao escrivão inserir o Pinto no assento da requerente, já que o marido não o fez em tempo hábil". Rarará! Se o marido não fez em tempo hábil, chama o Ricardão! Nóis sofre, mas nóis goza!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
As relações do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), com o PT do Senado vão de mal a pior. É comum Jucá e o líder do PT, Humberto Costa (PE), divergirem no plenário. Os petistas dizem que nem tudo que o peemedebista faz é combinado com o Planalto. Eles agora consultam a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) para checar a posição do governo. O PT quer a liderança e vai desafiar a condução do líder até derrubá-lo. Um salto na incerteza Entre os políticos, mesmo os que simpatizam com sua candidatura, não foi bem recebida a forma pela qual a ex-senadora Marina Silva deixou o PV. Consideram que ela trilhou um caminho duvidoso ao anunciar que vai construir um movimento por fora dos partidos, um dos pilares do sistema democrático. Avaliam que sua postura radical não agradou aos seus aliados. E citam a permanência de Fernando Gabeira no PV e o fato do deputado Alfredo Sirkis (RJ) ter apenas pedido licença. Os mais irritados comparam sua atitude com a de Fernando Collor, que em 1989, sem base parlamentar, elegeu-se presidente pelo nanico PRN. "Quando a presidente Dilma encorajou os governadores a se entenderem, não esperava que eles se acertassem contra a União” — Edison Lobão, ministro de Minas e Energia, sobre os royalties do petróleo A DILMA DA DILMA.Está crescendo o papel da ministra Miriam Belchior (Planejamento) no governo. Com o escândalo nos Transportes, ela deverá monitorar a pasta, independentemente de quem for o ministro. Mas não apenas isso. No Planalto, se diz que a presidente Dilma quer Miriam empurrando e fiscalizando o trabalho de vários ministérios, sobretudo aqueles com obras do PAC e com tarefas a cumprir para a Copa e as Olimpíadas. O que eles dizem Os petistas atribuem o rigor do procurador Roberto Gurgel no mensalão a uma forma de compensação diante de sua atitude no caso Palocci. Alegam que ele ficou sob fogo cruzado, pois a oposição o acusou de ser “engavetador-geral”.
Sem pressa A presidente Dilma não está preocupada com uma eventual demora do PR em definir o nome do futuro ministro dos Transportes. Para ela, o que importa é que, com o ministro interino Paulo Sérgio Passos, a pasta não está paralisada. Encontro pela transparência O ministro Antonio Patriota (Relações Internacionais ) e Jorge Hage, da CGU, participam amanhã, em Washington, de reunião do movimento “Parceria para o Governo Aberto”. São esperados 60 países, e o encontro pretende obter a adesão desses governos com a promoção da transparência, o aumento da participação cívica e o combate à corrupção. Em setembro, uma declaração de princípios será submetida a todos os países que integram a Assembleia Geral da ONU. Novelo Os petistas ficaram aliviados com a decisão do senador Blairo Maggi (PR-MT) de não assumir o Ministério dos Transportes. Diziam que a pasta continuaria na mídia por causa de ligações com o diretor do Dnit, Luiz Antonio Pagot. Rebelião A oposição não está só na crítica da operação do BNDES de apoio à compra do Carrefour pelo Pão de Açúcar. São muitos os aliados do governo que são contrários à participação do banco no negócio. A ala dos críticos é forte no Senado. CAMPOS AVANÇADO. A Escola Superior de Guerra vai deixar de ser exclusividade do Rio. As Forças Armadas vão colocar em funcionamento, ainda este ano, uma unidade da ESG em Brasília. NOS PRÓXIMOS 15 anos as Forças Armadas vão concentrar efetivos na fronteira (do Mato Grosso do Sul ao Amazonas), no entorno do poder (Brasília) e na proteção do pré-sal (Rio de Janeiro/São Paulo). ● PARA QUE o senador Blairo Maggi (PR-MT) aceitasse ser ministro, na sexta-feira à noite, chegou-se a pensar em transferir os financiamentos do Fundo de Marinha Mercante do Dnit para a Secretaria de Portos.
Tempos de Flip, quanto será que o brasileiro gastará comprando livros este ano? Segundo pesquisa do Ibope Inteligência, nada menos que R$ 7,18 bilhões. Ligeiramente acima do apurado em 2010. O Sudeste responde pelo consumo de 57,9% dos livros vendidos, média de R$ 55,08 per capita. O Norte e o Nordeste consomem quase 20%; o Sul responde por pouco mais de 15%; e o Centro-Oeste representa menos de 10% das vendas. Quem se habilita? Os produtores do filme Gonzaguinha e Gonzagão, de Breno Silveira, estão tendo dificuldades para encontrar os atores que farão o pai na juventude e, depois, mais velho. O teste de elenco está marcado para a semana que vem. Exigências? Cantar minimamente, tocar ao menos um pouco de sanfona e serem levemente parecidos com o músico.
Pedra no sapato Os americanos já conquistaram um Enéas Carneiro para chamar de seu. Michele Bachmann, republicana que disputa prévias à presidência dos EUA, tem roubado a atenção do eleitorado com sua irreverência. Mergulho urbano Mel Lisboa tem circulado pela região da cracolândia paulistana, mais especificamente na Boca do Lixo, onde eram produzidas as pornochanchadas nos anos 70. É que a atriz se prepara para encenar, em outubro, Cine Camaleão, peça de Paulo Faria. Também tem frequentando todos os dias galpão da Companhia de Teatro Faroeste. "Tenho achado tudo muito triste, degradante", conta.
Responsabilidade social Joshua Bell, virtuose do violino, se apresenta dia 23 no Cultura Artística Itaim. Em prol dos projetos da Unibes, entidade social que completa 95 anos de existência. O Portal Tela Brasil premiará com R$ 20 mil o autor do melhor roteiro de curta-metragem sobre o tema Ideias para Sustentar o Mundo. Em parceria com a ArcelorMittal Brasil. Inscrições até quinta-feira. João Carlos Martins acaba de fechar parceria entre sua Fundação Bachiana e a Fundação Carlos Chagas. Para ampliar o trabalho de educação musical que desenvolve com jovens de Paraisópolis. O recital de Arnaldo Cohen na Sala São Paulo, dia 7 de agosto, em homenagem a Franz Liszt marca o lançamento da Brasil Piano Masters, entidade que promoverá a inclusão social pela música. O Vôlei Kids, do Instituto Desportivo da Criança, comemora: nenhum dos 800 menores atendidos pelo projeto deixou a escola em 2010. O Instituto C&A apoiou pelo terceiro ano consecutivo a Flipinha. Trata-se de evento educativo para crianças que ocorre durante a Festa Literária Internacional de Paraty, que termina hoje na cidade histórica. A Petrobrás dá exemplo: imprimiu seu Relatório de Sustentabilidade 2010, pela primeira vez, em papel sintético Vitopaper, feito a partir da reciclagem de plástico. O McDia Feliz, dia 27 de agosto, beneficiará este ano também a Tucca. Que atende jovens carentes com câncer em São Paulo. Detalhes nem tão pequenos... 1. Um passo bem dado pode até virar uma vida pelo avesso. 2. Em época de festas julinas, a sanfona é a grande estrela. 3. Na noite fria, o modelito alto astral quebrou o clima e circulou, colorido, pela mostra de arte. 4. Quem não gosta de um bibelô caprichado nos detalhes? 5. As palavras gravadas na pele parecem dizer "caia aos meus pés". 6.Intercâmbio cultural promovido pelo CCBB uniu ritmos brasileiros e colombianos.