domingo, julho 03, 2011

GAUDÊNCIO TORQUATO - O Supremo legislador


O Supremo legislador 
 GAUDÊNCIO TORQUATO
ESTADÃO - 03/07/11

O Poder Judiciário não se cansa de mandar recados ao Poder Legislativo recitando a máxima latina si vis pacem para bellum (se queres a paz, prepara-te para a guerra). O alerta quer significar que os legisladores, para preservarem os princípios da harmonia e da independência entre os Poderes, estatuídos na Carta Magna, precisam fazer a lição de casa e enfrentar a batalha de elaborar as leis necessárias para garantir a normalidade das relações sociais, econômicas e políticas no País. O mais recente recado foi a decisão do STF de que fixará as regras sobre o aviso prévio proporcional ao tempo de serviço prestado pelo trabalhador. O inciso XXI do artigo 7.º da Constituição, que trata desse tema, aguarda regulamentação há 23 anos. Como o poder não admite vácuo, a Corte o tem preenchido com farta legislação judicial. Chegou até a abrir espaço em seu site para as omissões inconstitucionais, o que pode ser interpretado como puxão de orelha nos parlamentares.

Essa questão do aviso prévio, que começa a ser analisada pelo Supremo por demanda de quatro funcionários do Grupo Vale, abre expectativas pelas consequências que deve gerar para o setor produtivo. O receio é que o Judiciário, ao interpretar a Constituição, acabe alargando os prazos para trabalhadores com muitos anos de casa (hoje o aviso prévio é de 30 dias), o que causaria impacto econômico de vulto e tornaria inviáveis pequenos e médios empreendimentos. Seja qual for a decisão a ser tomada, o que chama a atenção é a incapacidade do Legislativo de preencher as lacunas abertas pela Carta de 1988. De lá para cá, publicaram-se 4.813 leis ordinárias e 80 leis complementares, mas há ainda 126 dispositivos constitucionais que esperam por regulamentação, alguns vitais para a clarificação de direitos e deveres de cidadãos e empresas.

A questão central é: deve o STF entrar no terreno legislativo ou só informar às Casas congressuais sobre suas omissões? É oportuno lembrar que o Supremo só age quando acionado. Sua missão precípua é interpretar a Constituição ante a falta de clareza ou inexistência de leis que detalhem normas sobre os mais diversos assuntos de interesse social. Observa-se que os magistrados, de um comportamento mais cauteloso nos idos de 90, quando apenas comunicavam ao Parlamento a falta de leis, passaram a produzir regras, deixando o desconforto de lado. Nos últimos tempos, sob o empuxo de demandas da sociedade civil, capitaneadas por organizações de intermediação, o STF reposicionou-se no cenário institucional, tomando decisões de impacto, e sem se incomodar com críticas sobre invasão do território legislativo.

Nessa direção se incluem decisões por omissão inconstitucional em áreas como aposentadoria especial (decorrente de trabalho insalubre), direito de greve no serviço público, criação de municípios e criação de cargos no modelo federal. No caso do direito de greve, a decisão foi a de se aplicarem ao funcionalismo as mesmas regras para o setor privado, mas em certas áreas do serviço público a manutenção de um mínimo de 30% das atividades (previstas para as empresas) é inadequada, como é o caso de hospitais públicos.

A perplexidade expande-se. Por que os parlamentares, tão afeitos à produção legislativa, deixam de fora de sua agenda a regulamentação de dispositivos importantes da Constituição? A resposta aponta para a falta de consenso. Veja-se a bomba que está prestes a explodir no Congresso: a Emenda 29, de 2000, fixando porcentuais mínimos para gastos na área de saúde. Estados devem destinar 12% e municípios, 15%. Aguarda-se há dez anos! Ora, o Executivo teme que o saldo da conta negativa acabe batendo em seus cofres. Além de emendas já aprovadas carecendo de regulamentação, há projetos de efeitos devastadores, como a PEC 300, que cria o piso salarial para as Polícias Civil, Militar e os bombeiros. As duas matérias representam impacto de R$ 58 bilhões, montante que rasparia os cofres públicos. Portanto, os parlamentares sentem-se entre a cruz e a caldeirinha: de um lado, comprimidos por demandas da sociedade e, de outro, confinados aos parâmetros das políticas econômica e fiscal do governo. No meio do cabo de guerra emerge a miragem de um pacto federativo, que não passa de promessa retórica. Compromissos, acordos e obrigações entre União, Estados e municípios são precários e desmontam o escopo da unidade. Não por acaso, a propalada reforma tributária é um marco divisor de interesses.

Chega-se, assim, ao centro do argumento aqui suscitado: a legislação judicial aparece no vácuo da legislação parlamentar. Não há, nesse caso, transgressão ao princípio democrático de que o representante eleito pelo povo é quem detém o poder de legislar? Em termos, sim. Mas a questão pode ter outra leitura. A construção de uma sociedade livre, justa e solidária, conforme preceitua a Constituição, se assenta na preservação dos direitos individuais e coletivos. E os princípios da autonomia, harmonia e independência dos Poderes, sob sistemas políticos em processo de institucionalização, ganham certa frouxidão.

Compreende-se, assim, a interpenetração de funções dos Poderes do Estado. Importa, sobretudo, que eles estejam conscientes de seus deveres e omissões. E tocados pela chama cívica que Thomas Paine acendeu no clássico Os Direitos do Homem. "Quando alguém puder dizer em qualquer país do mundo: meus pobres são felizes, nem ignorância nem miséria se encontram entre eles; minhas cadeias estão vazias de prisioneiros, minhas ruas de mendigos; os idosos não passam necessidades, os impostos não são opressivos... quando estas coisas puderem ser ditas, então o país deve se orgulhar de sua Constituição e de seu governo."

ANCELMO GÓIS - Dieta

Dieta
ANCELMO GÓIS
O GLOBO - 03/07/11

Palocci, longe do poder, já perdeu 3kg. 

Retratos da vida 
Um homem acusado de bater na mulher num condomínio de casas do Recreio, no Rio, foi preso sexta à tarde em cumprimento a um mandado de prisão decorrente de ações movidas pela vítima. Mas... no mesmo dia, aos prantos, sua companheira foi à 16a- DP implorar pela liberdade do valentão.

Mercado aquecido

O Rock in Rio inflacionou muito o mercado de shows de artistas internacionais no Brasil. O pessoal do SWU 2011, em novembro, em Paulínia, SP, sua a camisa para trazer estrelas. Tem oferecido uns US$ 2 milhões e, mesmo assim, está difícil fechar o elenco internacional. 

A grife BNDES

Abílio Diniz disse a um amigo que poderia muito bem conseguir no mercado financeiro privado os R$ 3,9 bi que o BNDES topou aportar nessa operação com o Carrefour: 
— Preferi o BNDES porque o banco, hoje, é uma grife. Ah, bom! 

Falta de tempo
Eduardo Paes lamenta. Desde que assumiu a prefeitura do Rio, em 2009, não leu um livro. 

Jogos de 16 
A União anda atrasada nas obras na região de Deodoro para os Jogos de 16, no Rio. Ali, serão realizadas as provas de hipismo, tiro, pentatlo, esgrima, canoagem e mountain bike.

Corações sujos 

Esta semana, estreia “Corações sujos”, filme de Vicente Amorim, filho de Celso Amorim. É adaptação do livro de Fernando Morais sobre a parte da colônia japonesa que não acreditava que o Japão havia sido derrotado pelos EUA na II Guerra.

Liberdade crônica

A ex-casseta Maria Paula lançará o livro “Liberdade crônica”, pela Editora Faces, na Bienal do Livro, em setembro.

Neymar até 2012
Alguém com ouvido muito atento e entrada no Santos ouviu o vice-presidente do clube, Odílio Rodrigues Filho, falar num almoço que Neymar sairia no meio de 2012 para o Real Madrid por 60 milhões de euros. O Chelsea teria chegado ao valor da multa, 45 milhões de
euros, e o clube madrilenho teria coberto a proposta.

E mais...
Outro negócio no Santos seria a troca de Ganso por Robinho, agora no fim do ano. A conferir. 

Óleo na Namíbia

O governo da Namíbia autorizou a Petrobras e a inglesa Chariot Oil & Gas a continuarem a exploração no bloco marítimo 2714A, no Sul do país. A Petrobras tem 50% do bloco e pretende perfurar o primeiro poço até agosto de 2013. 

Hélio Turco
Um grupo de beneméritos da Mangueira articula a candidatura de Hélio Turco a presidente de honra da escola, como sucessor de Roberto Paulino, que morreu semana passada. O sambista, de 75 anos, é um dos autores de “O mundo encantado de Monteiro Lobato”, hino campeão de 1967. 

Chupa-sangue
A recuperação da Estrada Paraty-Cunha é um sonho de 40 anos do Estado do Rio. O governo Cabral não pode fazer a obra agora, veja só, porque o Instituto Chico Mendes, do Ministério do Meio Ambiente, não dá licença, pois se descobriu ali um tipo raro de... morcego.

Brizola, o filme
Vem aí um documentário sobre a histórica eleição de Leonel Brizola para o governo do Rio, em 1982. Vai se chamar “1982, quando
nosso muro caiu”. Direção e roteiro são de Marton Olympio e Guto Graça. A ideia é que o filme fique pronto em 2012, quando a vitória de Brizola completa 30 anos.

VINÍCIUS TORRES FREIRE - A decidida impaciência de Dilma

A decidida impaciência de Dilma
VINICIUS TORRES FREIRE
FOLHA DE SP - 03/07/11  

Presidente precipita certas decisões e tem de recuar, dos rolos com o PMDB ao caso BNDES-Pão de Açúcar



DILMA ROUSSEFF começou seu governo numa espécie de retiro gerencial, cumprindo voto de silêncio midiático, em estrita observância de sua fama de "técnica". O período de abstinência verbal pegou bem entre o público opinante, que não é bem a opinião pública, embora não só aí.
Depois da campanha eleitoral odienta e da fanfarrice estridente de Lula, o momento de sossego e reflexão era mais do que conveniente.
Além da reputação "técnica" e de avessa a políticos, Dilma reforçou a imagem de pessoa decidida e opinionada; de pavio curto. Quando começa a perder a paciência com o interlocutor, costuma chamá-lo de "ôôô, santinho!" -e por aí vai.
Mereceu ainda a fama injusta e mesquinha de ser "chata", pois lê documentos e gosta de estudar os assuntos que discute, um pecado entre gente dada à falação ignara.
Ao sair do retiro, porém, Dilma pegou um vento ruim. De volta da China, em abril, contraiu pneumonia grave, explicada de modo inepto pelos seus assessores. Curioso é que os abalos começaram após a presidente aprovar o reajuste do salário mínimo como quis e quando esfriava ao zum-zum sobre o "descontrole inflacionário". No final de abril, Dilma iria à TV dizer que controlaria os preços e que lançaria o Brasil sem Miséria. E o caldo entornou.
Quando o Congresso voltou à ativa, o PMDB deu o troco do descaso da presidente com barganhas e, enfim, com a política. Em meio ao escândalo Palocci, Dilma mostrou-se decidida a não aceitar os acordos do Congresso sobre o Código Florestal e colocou fermento numa derrota que nem era sua. Decidiu que pediria a cabeça de ministros do PMDB, mas teve de recuar. Tomou mais decisões precipitadas pelo pavio curto.
No esforço de manter Palocci, cancelou campanha contra a homofobia a fim de agradar a parlamentares religiosos. O Brasil sem Miséria, alta prioridade, foi lançado às pressas como uma proposta modesta, pois assim o demandava a "agenda positiva contra a crise".
Nos exageros sobre a "crise do governo", o envolvimento "técnico" da presidente com a administração começou a ser chamado de atitude "excessivamente centralizadora".
Tão decidida, Dilma por um momento não soube o que fazer do desarranjo político de maio e viu Lula se aproveitar da situação para se relançar no mercado político.
Havia decidido fazer uma concessão de aeroportos para inglês ver, decidindo semanas depois privatizá-los à vera a fim de tentar evitar o vexame de uma Copa sem voos.
A seguir, embananou-se com várias decisões a respeito do sigilo eterno de documentos de Estado.
Havia decidido não liberar o pagamento de emendas parlamentares velhas de 2009 para depois ceder à política de que não gosta.
Apesar da ameaça do Congresso de aprovar leis que podem estourar Orçamentos públicos, certa paz parecia voltar ao governo Dilma. Que, porém, decidiu de modo precipitado e bisonho apoiar a entrada do BNDES no negócio cabeludo do Pão de Açúcar com o Carrefour.
As precipitações não definem o governo Dilma, claro. Por ora, mostram mais falta de tarimba política, a obsessão da presidente com minúcias demais e carência de planos de médio e longo prazos. Melhor seria fazer como Baudelaire, digamos ironicamente: cultivar suas flores do mal com "raiva e paciência".

CAETANO VELOSO - FH


 FH
CAETANO VELOSO
O GLOBO - 03/07/03

O desejo íntimo de FH de que Lula se elegesse (...) era emocional, sentimental, históricomelodramático


Aos 80, o Fernando Henrique que foi chamado de maconheiro pelos partidários de Jânio Quadros (um hilário populista de direita que falava como se os gramáticos que só existem na cabeça de Possenti tivessem ganho a guerra) faz campanha para a descriminalização da maconha. Na pré-estreia de “Quebrando o tabu” ele brincava com o plano de escrevermos juntos um livro-depoimento intitulado “fiz um filme com Fernando Grostein Andrade e sobrevivi”. Era uma referência a um tempo irritada e carinhosa ao jovem diretor paulista que, antes de fazer com ele esse estudo demolidor da Guerra às Drogas de Nixon, Reagan e Bushes, fez o documentário acidental sobre minha excursão com o show de “A foreign sound”.

FH estava mais cool do que nunca. Ele apresentou o filme no mesmo tom em que aparece numa de suas cenas dizendo que nada fez a respeitoda questão quando era presidente porque então não
sabia o que sabe agora. Seu melhor momento é quando comenta a temática pedestre da pintura holandesa, comparando- a aos arroubos religiosos e aristocráticos dos pintores italianos ou espanhóis: o pragmatismo que possibilita a mirada serena dos modernos batavos relativamente ao uso e comércio das drogas é da mesma natureza da sensibilidade que pintava comedores de batata, pessoas comuns, cenas
indigentes. Nessa fala do expresidente a forma permanece despretensiosa, mas o fundo é denso. Em quase todas as outras sequências ele exibe uma leveza que quase confirma a acusação de mera eleição de um tema para enfeitar o terceiro ato de uma vida chique.

Eu adoro que o nome escolhido para a nova moeda tenha sido “real”. É nome de dinheiro em português desde sempre: está no inconsciente do povo — e, usado hoje, ressalta que deixou de indicar realeza para indicar realidade. De todo modo era finalmente livrar nossa moeda da cruz que a nomeava e pesava sobre ela, esmaga n d o - a . D e quem terá sido a ideia? Não procurei saber antes de escrever estas notas. Sobre todos os nomes dos arquitetos do plano e nomeadores da obra paira a assinatura de quem liderou a empreitada. É uma beleza de alegria alguém chegar aos 80 anos tendo feito isso.

O PT foi contra, xingou, esperneou, esbravejou, mas depois se sentiu mais capaz de fazer os governos que fez. Uma das coisas mais deselegantes do Brasil da última década foi a rejeição ao nome e à figura de Fernando Henrique. A carta de Dilma agora foi, desde os belos dias da transição entre o segundo mandato de FH e o primeiro de Lula, a única luz na treva da ingratidão e da desfaçatez. Luz intensamente brilhante, já que Lula ele mesmo nunca agiu de modo parecido, sempre ecoando a feíssima fórmula “herança maldita”, lançada por Zé Dirceu em entrevista que se seguiu à comovente festa da posse do torneiro pernambucano. O fato é que Fernando Henrique elegeu Lula. Não apenas este é feliz continuidade daquele, mas o primeiro agiu como quem no íntimo torcia para ver o operário lá. Serra não queria ser identificado com o governo que saía: não seria boa tática eleitoral. Mas a verdade é que ele discordava da política econômica, manteve-se sempre à esquerda dela, jamais teria feito o que Palocci fez (vejam que, mesmo agora, enfrentando Dilma, ele insistia em restringir mais a independência do Banco Central). O desejo íntimo de FH de que Lula se elegesse, no entanto, era visivelmente de outra ordem. Era emocional, sentimental, histórico-melodramático. Eu votei em Lula com sentimento semelhante — e chorei na cabine. Parece que não há oposição e que não há PSDB, porque toda a política possível desde então nasceu desse momento sentimental de FH. É bom.

Meu camarada André Nassif, economista, me explicou que pode-se dizer que o governo Lula recebeu sim uma herança má porque “no primeiro mandato do FH, houve uma estratégia de crescer e manter a inflação pós-Real baixa e sob controle com base em financiamentos externos (os economistas chamam isso de ‘crescer com poupança externa’, estratégia que o professor Bresser Pereira, que se desligou do PSDB, tanto combate): acelerouse a permissão para o livre fluxo de capitais de curto prazo. Isso, aliado a câmbio semifixo e a juros elevados, fez subir enormemente tanto a dívida interna como a externa. Tá
bom: os tucanos c o m r a z ã o d izem que isso se agravou com a t u r b u l ê n c i a ocorrida durante a p r i m e i r a eleição de Lula. Mas àquela altura as dívidas já eram bem elevadas”. Papo de economista é assim mesmo meio difícil de entender. Mas gosto de ouvir quem fala assim (não em economês, mas de modo equilibrado). Nada a ver com a histeria dos “blogueiros progressistas”.

Me contaram, na época, que FH falou meu nome na primeira entrevista como presidente. Uma vez, depois de um show em Brasília, ele me convidou para visitar o Alvorada. Gostei muito de ouvi-lo (e a Dona Ruth) sobre o significado simbólico do palácio — e da cidade. Também sobre as obras de arte que o Alvorada contém. Uma afirmação do Brasil era o cerne do que FH teria dito que gostava em minha visão das coisas. Como diz Zé Miguel, paulistas sentem ou um déficit de brasilidade ou uma superioridade sobre o país. FH falando à “Piauí” foi horrível. Parecia dizer: “Se eu, que estou acima dessa gente que nem sabe marchar, não consertei, não esperem que o Brasil saia do horror que sempre foi.” Eram conversas descuidadas, embora tristemente reveladoras. Mas elas não se sobrepõem à inspiração que foi sua passagem pelo poder máximo.

ILIMAR FRANCO - Proteção à criança

Proteção à criança
ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 03/07/11
 
Motivada pela tragédia da Região Serrana do Rio, a presidente Dilma Rousseff assina, nos próximos dias, um decreto com procedimentos para assegurar a proteção de crianças e adolescentes nos locais em situação de emergência ou de calamidade pública. Haverá orientações para a localização de parentes; regras para abrigos e acolhimento; procedimentos para confirmar, sem documentos, a filiação. Com o apoio dos estados, o governo vai criar um cadastro nacional de famílias para acolher essas crianças e adolescentes.

Preparativos para a Copa
A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República pretende fortalecer os conselhos tutelares nas capitais que serão sede da Copa de 2014, para coibir a exploração sexual de crianças e adolescentes. Há preocupação também com as obras do evento esportivo, que reúnem uma grande população masculina. Em outra frente, baseada em mapeamento feito pela Polícia Rodoviária Federal dos pontos das estradas onde há exploração sexual de menores de idade, a secretaria também pretende melhorar a estrutura dos conselhos tutelares nesses municípios. Atualmente, 98% das cidades brasileiras contam com esse colegiado.

"São três os tipos de dias no Planalto. Tem os dias longos, os dias longuíssimos e os dias intermináveis” — Ideli Salvatti, ministra das Relações Institucionais

CORRENDO PARA O ABRAÇO. Com postura moderada na discussão do Código Florestal, o senador Luiz Henrique (PMDBSC), um dos relatores da proposta, tenta uma aproximação com a presidente Dilma. Na campanha, ele apoiou José Serra. O senador tem defendido até a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais), sua adversária no estado. O fato de o governador Raimundo Colombo (SC) ter trocado o DEM pelo PSD contribuiu.

Não acerta uma
O líder do PT na Câmara, Paulo Teixeira (SP), parece viver num inferno astral. Tentou fazer o ministro das Relações Institucionais, e a
ex-senadora Ideli Salvatti levou. Quis um petista líder do governo no Congresso, e o PMDB emplacou.

Candidatura
O líder do PMDB, Henrique Alves (RN), não é o único a antecipar sua campanha para a presidência da Câmara. O deputado José
Guimarães (PT-CE) já está costurando apoios para ser o líder da bancada petista no ano que vem. 

Obra do PAC parada
Chefe do Departamento de Engenharia do Exército, o general Ítalo Avena enviou um ofício, no dia 10 de março, ao diretor-geral do Dnit, Luiz Antônio Pagot, devolvendo as obras de duplicação da BR-101 entre os municípios de Marechal Deodoro e Pilar, em Alagoas,
devido à “incapacidade do 2o- BEC em bem cumprir a missão a ele imposta (...) no prazo almejado por esse departamento”. Essas obras fazem parte do PAC. 

Poupando aliados
Para compensar o impacto nos pequenos partidos do fim da coligação nas eleições proporcionais, o deputado Henrique Fontana (PTRS), relator da reforma política na Câmara, vai propor a federação partidária com prazo de três anos.

Gays & lésbicas
Com o projeto que criminaliza a homofobia sem chance de ser aprovado, militantes da comunidade LGBT ressaltam que são o único segmento da sociedade que nunca teve uma proposta específica aprovada pelo Congresso Nacional

 O EX-PRESIDENTE Lula pretende chamar o PMDB para discutir a reforma política. O PT quer aprovar o voto em lista e o PMDB defende o “distritão”. 
 NOVO FIDEL. Autoridades brasileiras se irritaram, quarta-feira, no Paraguai, com o presidente Rafael Correa (Equador). Enquanto os demais presidentes falaram 20 minutos, ele discursou intermináveis 45 minutos.
● AS MULHERES que comandam o Planalto se divertem dizendo que o “núcleo duro” virou “núcleo doce”.
Uma delas, depois de citar a presidente Dilma e as ministras Ideli Salvatti, Gleisi Hoffmann e Helena Chagas, completa: “É só doçurinha!

MARCELO GLEISER - A verdade e o erro

A verdade e o erro
MARCELO GLEISER
FOLHA DE SÃO PAULO - 03/07/11 

Podemos não ser a medida de todas as coisas, mas o fato de sermos criaturas que conseguem medir as coisas é algo notável


NO Domingo passado, o jornalista Carl Zimmer publicou um artigo no "New York Times", no qual argumentou que, na prática, a ciência é bem menos eficiente em corrigir seus erros do que se acredita. Ele cita uma série de exemplos da literatura científica recente, quando um resultado publicado gera uma série de críticas de membros da comunidade, mas raramente uma tentativa de duplicação no laboratório. Essa questão, de fato, toca a essência do método científico.
A refutação de um resultado experimental ocorre apenas após outros grupos falharem na tentativa de replicá-lo. Por outro lado, a repetição de um experimento requer imenso cuidado. As condições experimentais devem ser replicadas exatamente, incluindo os vários compostos químicos usados.
Está claro que a reprodução de um resultado experimental é problemática. Ademais, o ganho em fazê-lo não é dos maiores. Afinal, cientistas querem ser os primeiros a descobrir algo de novo, e não a provar que a descoberta de um colega é incorreta. Porém, mesmo sem ter o mesmo glamour, a refutação experimental é extremamente importante. Sem ela a ciência simplesmente não funcionaria.
Na prática, nenhum experimento pode ser exatamente duplicado. Temos que nos contentar com o melhor possível. Um cínico (ou um pós-modernista) poderia argumentar que esse é o calcanhar-de-aquiles da ciência: se não é possível duplicar exatamente um experimento, como podemos nos certificar de que seu resultado está certo? Como descobertas científicas podem ser consideradas como a "verdade"?
Isso me lembra o ditado atribuído ao filósofo grego Heráclito: não podemos entrar no mesmo rio duas vezes. Felizmente, em ciência ao menos, isso não é necessário. (Aliás, quando é? Tudo na Natureza está em fluxo constante, que é o que Heráclito quis dizer com sua filosofia.)
Todo resultado científico inclui margens de erro que representam a precisão do procedimento. Nenhuma medida é exata. Por exemplo, quando você mede seu peso numa balança com uma escala graduada em meio quilo, a precisão da medida será no máximo de um quarto de quilo, 250 gramas; ou seja, metade da menor graduação. (Portanto, o pessimista fazendo dieta pode dizer que ganhou 250 gramas, enquanto que o otimista diria que perdeu.)
Medidas experimentais sempre incluem margens de erro. Se o resultado estiver correto, outros grupos poderão reproduzi-lo dentro do intervalo de erro aceito. Para diminuir erros experimentais (existe um outro tipo de erro, o erro sistemático, que é mais complicado), é necessário aumentar a precisão das medidas, usando equipamento melhor ou um número maior de medidas. Mesmo assim, não existe um valor final, "verdadeiro": apenas o mais preciso dentro do que é possível com a tecnologia existente.
Talvez não sejamos a medida de todas as coisas, conforme sugeriu Protágoras em torno de 450 a.C. Mas somos as coisas que podem medir. Mesmo que nossas medidas não sejam exatas, o fato de que temos um procedimento universal para distinguir o certo do errado é notável. A ciência pode não ser perfeita; mas a alternativa, o subjetivismo descontrolado, é muito pior.

DANUZA LEÃO - O último ato

O último ato
DANUZA LEÃO 
FOLHA DE SP - 03/07/11

Não acredito que o suicídio seja um ato de agressão contra alguém, contra muitos ou contra todos


IMAGINO QUE ninguém se jogue de um prédio ou se atire debaixo de um trem por impulso de momento. Um suicida deve pensar durante muito tempo nesse desfecho voluntário por diferentes razões, até mesmo por não entender essa estranha coisa que é o mistério da vida; e deve programar sua morte com dias -anos, talvez- de antecedência. O suicida costuma já nascer suicida.
Assisti uma vez a um documentário sobre a morte assistida. Depois de toda uma parte burocrática, o/a suicida, que sofria de uma doença degenerativa, embarcou com seus dois filhos de Londres para Genebra, e de lá foram para uma pequena clínica que parecia um hotel, onde houve mais um pouco de burocracia -até nessa hora; muitos papéis foram assinados, e se bem me lembro, até um vídeo foi feito, para que não houvesse dúvida de que aquele era mesmo o desejo da pessoa.
A cena era muito triste; ele se despediu da família, tudo foi acontecendo conforme programado, e o médico trouxe um copo com a droga letal que o matou em minutos.
Acabar com a própria vida é um ato radical, talvez o mais radical que possa ser praticado. Por isso, não dá para compreender que uma pessoa aceite, em seu momento final -escolhido por ela-, ter a seu lado um estranho. É sempre possível se matar sem precisar de ajuda, seja por estar em processo terminal, seja por razões de qualquer ordem.
Se estiver num hospital, vai ser mais difícil comprar o veneno ou o revólver, mas sempre haverá alguém que o ame o bastante para ajudar.
Acho que já contei a história de um casal que se amava muito; ele ficou dias internado, sem chances de recuperação. Quando percebeu que estava chegando a hora -ou talvez ele tenha escolhido a hora-, fez um sinal para ela, que tirou da sacola um iPod com as músicas de que mais gostavam, uma garrafa de uísque, serviu em dois copos que também havia trazido, tirou o oxigênio que o ajudava a respirar e pôs em sua mão um cigarro já aceso.
Ele sorriu como não fazia há muito tempo, e eles passaram algumas horas ouvindo música, fumando, bebendo e driblando as enfermeiras. Na mesma noite ele se foi, e ela ficou quase feliz, por terem passado uma tarde tão boa. Foram considerados loucos.
Não acredito que o suicídio seja necessariamente um ato de agressão contra alguém, contra muitos ou contra todos, segundo dizem os que acham que entendem tudo sobre a natureza humana.
Eles apenas acham, já que nunca ninguém soube nem jamais saberá o que se passa na cabeça de alguém que decide se matar; e mesmo os que tomam essa decisão, deixando uma ou muitas cartas, talvez não saibam exatamente em que momento ela foi tomada, e por que a vida ficou tão impossível de continuar sendo vivida; só sabem que ficou.
Não sei se o suicídio é um ato de coragem ou de covardia, mas não entendo a morte assistida; se já são raros os que se matam na presença de alguém, é incompreensível que o façam na presença de um médico desconhecido, nesse que é o momento mais solitário do ser humano.

JOÃO UBALDO RIBEIRO - Vida de escritor


Vida de escritor
JOÃO UBALDO RIBEIRO
O Estado de S.Paulo - 03/07/11

Com mais de 50 anos de escrevinhação nas costas, descobri algumas ideias que muita gente faz da vida de um escritor. Por exemplo, tem quem ache que os escritores, notadamente entre eles mesmos, só falam difícil, uma proparoxítona para abrir, uma mesóclise para dar classe e um tetrassílabo para arrematar. "Em teu parecer, meu impertérrito amigo", perguntaria eu ao Rubem Fonseca, durante nosso almoço periódico, "abater-se-á hoje, sobre a nossa urbe, uma formidanda intempérie?" Ao que o Zé Rubem reagiria com uma anástrofe, um mais-que-perfeito fazendo às vezes do imperfeito do subjuntivo e uma aliteração final show de bola, coisa de craque mesmo. "Augure do tempo fora eu, pressagiá-lo-ia libentissimamente", responderia ele. "Todavia, de tal não me trato." E assim iríamos almoço afora, discutindo elevadíssimos assuntos, em linguagem só compreensível por indivíduos especiais.

Além de falar difícil, os escritores são ricos. Todo mundo acha que o escritor com quem se defronta é o mesmo que, segundo os jornais, lançou oito best-sellers em sucessão nos Estados Unidos e os vendeu por todos os dólares disponíveis em Hollywood, além de ter dormido com nove em cada dez estrelas de cinema. Muitos não acreditam que o escritor, quando ganha com o que faz, leva entre 5 e 12% do preço do livro na livraria. Na verdade, a imensa maioria dos escritores tem que se virar em outras atividades, como a de professor ou de jornalista, nos intervalos das quais, desassistido e muitas vezes com fama de maluco, teima em ceder a uma vocação imperiosa ou ao que lá o impila a escrever.

E acredita-se muito nas matérias que, de tempos em tempos, ressurgem com uma regularidade que as faz parecer sazonais, a respeito do boom experimentado por nossa literatura no exterior. Com exceção de alguns dias como objeto de uma feira importante, nunca houve boom nenhum. As editoras, livrarias e feiras, de modo geral, criaram uma categoria literária e lá socam brasileiros, peruanos, chilenos, cubanos, argentinos e toda a malta latina. Saem daí noções estapafúrdias, como "cultura latino-americana". Já contei aqui como fui recebido, uma vez, na Áustria, por uma "noite de cultura sul-americana", que passei ouvindo índios andinos tocando aquelas flautas deles. O ensino de língua e literatura de língua e literatura em português é frequentemente enfiado em departamentos de espanhol e português, de verbas curtas, equipes minúsculas e prestígio mínimo.

Os brasileiros portam a carga adicional da Amazônia. Na Alemanha, falando em público, eu notava que algumas pessoas acreditavam que praticamente todo o Brasil era a Amazônia e achavam que, assim ou assado, poucos brasileiros viviam longe dela. Não é incomum que nos tomem satisfações pessoais pela situação da Amazônia como descrita pela imprensa local. E os índios são também obrigatórios. Se o palestrante brasileiro ousar afirmar que nunca viu um índio, como aconteceu comigo (eu só tinha visto o Juruna, comendo frango de paletó e gravata, na casa de Darcy Ribeiro), pode ser tido na conta de mentiroso cínico.

O brasileiro que se meter a discutir problemas literários, digamos, universais não obterá a atenção de ninguém. Se aparecer um filósofo brasileiro, vão achar que é uma aberração. E isso acontece também em outras áreas. Balé brasileiro tem que basear-se em danças de origem africana ou indígena, com música percussiva e, se possível, gente pelada no palco. Para balé moderno brasileiro, torcem o nariz, assim como para qualquer manifestação de áreas vistas como ilegítimas para nós. E, sim, respondemos sempre a perguntas sobre identidade nacional - eles lá mudando de país e povo na mera travessia de uma rua e nós aqui, com bem mais território que a Europa ocidental e tudo quanto é tipo de gente misturada, falando a mesma língua e se considerando o mesmo povo. Muitos não se conformam, saem resmungando das palestras e elaboram teorias complexas, mostrando cisões de todos os tipos no povo brasileiro, as quais não percebemos nem quando muito explicadas por eles.

Os escritores africanos partilham conosco certos problemas. Talvez ainda em maior escala do que nós, são rotulados simplesmente de "literatura africana". Tenho vários amigos em vários países africanos, que não aguentam mais serem escritores africanos, metidos no mesmo barco que todos os originários de nações negras. A identidade de uma nação como essas não é vista por sua história, sua língua, sua religião, seus costumes, sua cultura, enfim, mas, sim, através da estéril, pobre e equivocada ótica racial - são todos negros, logo são iguais, onde haver mais igualdade do que nisso?

Se a minha cultura, no episódio da Áustria, foram os índios andinos, bem mais complicadas serão as homenagens à "cultura" africana. Não canso de apontar a completa falta de sentido dessa expressão, pois um continente como a África, que deve dar umas três Américas do Sul, só tem uma cultura? Está na hora de até nós mesmos, brasileiros, negros ou não, pararmos com essa história de "africana" (não convide para a mesma mesa um zulu e um masai), "música africana" e não sei o que mais lá africano, assim fomentando a visão equivocada e colonialista de uma África homogeneizada pela cor da pele e não partilhada por povos que além dela pouco mais têm em comum.

Comecei a escrever tudo isso por causa da Flip, que vem aí, no fim de semana. Fui escrevendo, fui escrevendo e, quando dei por mim, já tinha acabado o espaço. Eu vou aparecer por lá e sei que vai ser bom. Foi somente por precaução que pedi que não fizessem homenagem à minha cultura e dispensassem algum trio elétrico porventura contratado.

DORA KRAMER - Portas da corrupção


Portas da corrupção
DORA KRAMER
O Estado de S.Paulo - 03/07/11

Autor da Lei de Licitações em vigor (8.666), líder na Câmara e ministro da Casa Civil no governo José Sarney, durante 15 anos presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção, Luis Roberto Ponte pediu ao presidente do Senado que o chame a uma audiência pública para explicar como e por que o novo regime de contratações para as obras da Copa de 2014 "escancara as portas da corrupção".

Na última terça-feira, Ponte deixou no gabinete do senador José Sarney todas as explicações por escrito, acompanhadas de um bilhete apelando ao ex-chefe que as lesse com atenção, "em nome da decência e do interesse público que nortearam suas decisões de presidente da República".

Segundo Ponte, o RDC "ressuscita dispositivos obscuros" de antigas legislações e "legaliza sorrateiros mecanismos de corrupção de legislações anteriores e ainda hoje utilizados quando não se cumpre a Lei 8.666".

Escreve o ex-ministro a Sarney: "Disseram-lhe que a divulgação prévia do orçamento da obra facilita a vida dos concorrentes para o conchavo; o quanto, então, deve facilitar a vida do concorrente preferido receber essa informação privilegiada?"

Na opinião do ex-ministro, é fato que são se pode presumir que haveria ilegalidades na condução do processo por parte do governo. Nem por isso, pondera, é aceitável que o poder público abra mão de instrumentos preventivos contra a ocorrência de corrupção e de beneficiamentos a grupos ou empresas.

"Desde quando a ausência de preço impede que haja conchavos? Sem projeto nem orçamentos conhecidos mesmo é que a tendência é que as propostas sejam apresentadas com valores mais altos que o estritamente necessário para a execução da obra."

Luis Roberto Ponte vê ingenuidade ou má-fé nas comparações que aludem às vantagens de contratações mediante o sigilo do preço pretendido, por exemplo, numa obra em casa.

"Não se pode dar aos governantes os mesmos poderes que têm dirigentes privados para negociar seus contratos porque, diferentemente destes, aqueles devem prestar contas ao povo do dinheiro gasto e assegurar iguais direitos a qualquer um que possa executar a obra, fazer a venda ou prestar o serviço."

Ponte repete aí o que estabelece o inciso 21 do artigo 37 da Constituição - cujo caput consigna o princípio da publicidade como obrigatório na administração pública - redigido por ele com a ajuda do também então constituinte Fernando Henrique Cardoso: "Igualdade de condições a todos os concorrentes".

Desse dispositivo derivou a Lei 8.666 como regulamentação da Carta para substituir o Decreto-Lei 2.300 objeto de uma rebelião de construtores no governo Fernando Collor contra os abusos cometidos no direcionamento de obras durante o processo de licitação.

O que Ponte pretende denunciar, esmiuçar e debater "olho no olho" no Senado com os defensores do RDC é que o novo regime fere o sentido ético contido na atual Lei de Licitações e legaliza autorização para seis tipos de distorções.

1. O favorecimento de um "parceiro escolhido", mediante vazamento da informação, oficialmente sigilosa.

2. Critérios subjetivos no julgamento das propostas, como forma de direcionar a escolha.

3. O sistema de licitação integrada, "posto que o prazo de 30 dias estabelecido para a entrega das propostas é incompatível com a simultânea confecção da proposta e de um projeto sério, e impossível de ser cumprido responsavelmente por quem não tenha tido anteriores informações privilegiadas".

4. A obrigação de os licitantes fazerem frente a despesas com projetos e propostas que depois serão jogadas fora "praticamente impede a participação de empresas de menor porte, privilegiando as que têm mais dinheiro e maior certeza de vitória".

5. O pagamento de prêmios adicionais por desempenho, qualidade, prazos etc. dá ao governante inescrupuloso instrumento para "aplicar em acréscimos subjetivos de pagamento".

6. O acréscimo sem limite no valor do contrato, desrespeitando a barreira de 25% estabelecida pela 8.666.

Esses são os pontos em que, no dizer de Luis Ponte para José Sarney, o RDC abre as portas para a passagem da corrupção.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

LANCES DE EMPRESÁRIO
MARIA CRISTINA FRIAS
FOLHA DE SÃO PAULO - 03/07/11

Ao trocar gramados pelo escritório da agência de marketing 9ine, Ronaldo substituiu o grito de gol pela racionalidade dos negócios. É sob essa lógica que ele defende ser a hora para mudanças na carreira de seu cliente mais famoso: Ney mar.
Para Ronaldo, é o momento de o atacante conquistar o mundo. Ney mar se divide entre os Santos e o assédio dos principais clubes europeus. Real Madrid, Chelsea e Barcelona já oficializaram interesse em pagar os R$ 102 milhões da multa contratual.
"O caso do Neymar não é financeiro. Tem de ter ambição de crescer profissionalmente. Se ele ficar, a ambição dele é menor."
Ronaldo fecha contratos de marketing para Neymar e fica com até 20% dos valores. Divide essa função de agente com o Santos.
Caso o jogador vá para a Europa, Ronaldo poderá ter maior liberdade nas negociações. Ele, porém, não é responsável pelas transferências de time de Neymar.
Além do atacante do Santos, a 9ine fecha contratos publicitários para outros quatro atletas. Recusa clientes diariamente. "A gente não quer muitos. Queremos os com potencial de venda de imagem."
O foco da 9ine agora, porém, são as empresas.
"As marcas fazem maiores investimentos e têm dinheiro para comprar propriedade olímpica", diz o diretor da 9ine, Evandro Guimarães. Ao lado dos atletas, três empresas compõem a carteira de clientes (Duracell, Extra e a farmacêutica GSK).
A agência intermedeia o patrocínio da rede de supermercados à seleção. "Somos a interface com a CBF."
Outras empresas interessadas em reforçar sua imagem na Copa estão de olho no bom relacionamento que Ronaldo diz ter com a CBF. O ex-jogador confirma que a Nestlé é uma da cinco multinacionais com que está em negociação hoje.
O trabalho da 9ine é dar visibilidade à associação das marcas ao esporte. "Podemos alugar camarotes em estádios ou realizar eventos promocionais", diz Guimarães.
Até estabelecimentos em volta dos futuros campos de futebol e estações de metrô são estudados pela 9ine como espaço para publicidade.

PRAZER NOS NEGÓCIOS


Ronaldo sente a adrenalina de marcar um gol quando um cliente vibra com o resultado do trabalho. "A última vez foi na campanha publicitária para uma empresa na despedida no Pacaembu. Ficaram megasatisfeitos."
A ambição de Ronaldo é o grande motor da 9ine. "Quero continuar no esporte e aprender. Mas também é uma questão financeira. Quero ganhar dinheiro e ser tão bom quanto fui no futebol."
Para atingir suas metas, ele planeja se mudar para Londres em 2012 e ficar um ano e meio para estudar publicidade, inglês e fazer estágio na WPP. A multinacional de comunicação é sócia da 9ine, com 45%, mesmo percentual de Ronaldo na companhia. Marcus Buaiz, marido da cantora Wanessa, tem 10%.
Como empresário, Ronaldo age em muito como o Ronaldo investidor.
Há 17 anos, três advogados da empresa espanhola Garrigues administram o patrimônio do craque.
"Nós quatro fazemos tudo. Eles apresentam as propostas dos bancos e eu decido. Na empresa, a equipe dá ideias e decidimos juntos."
Ronaldo fala espanhol, italiano e inglês "mais ou menos". Esqueceu o holandês. Tem usado, porém, pouco esses idiomas. "Focamos o Brasil e, por enquanto, não queremos expandir para fora."
Outras propostas de negócios "da China" não param de aparecer. "Mas, sou muito conservador", diz, rindo.
Quanto ao faturamento previsto, o ex-atacante Ronaldo joga na retranca. Conta apenas que já ultrapassou as expectativas iniciais.

O QUE ESTOU LENDO

Superação
"Eu já tinha ouvido falar muito sobre o livro 'Agassi - Autobiografia' (ed. Record). Estou impressionado com a história de superação do [ex-tenista Andre] Agassi."

com JOANA CUNHA, ALESSANDRA KIANEK, VITOR SION , LUCIANA DYNIEWICZ e RODRIGO MATTOS

MERVAL PEREIRA - Ao centro

Ao centro
MERVAL PEREIRA
O GLOBO - 03/07/11
Ao mesmo tempo em que utiliza todos os instrumentos legais para tentar impedir a formação do PSD que o ex-correligionário e prefeito de São Paulo Gilberto Kassab está organizando, principalmente com dissidentes do Democratas, o partido procura reforçar seu posicionamento ideológico para ocupar o nicho eleitoral que o PSD também disputará se for concretizado. O presidente do DEM, senador Agripino Maia, diz que o partido é basicamente de "centro-conservador", evitando o termo "direita".

Na tentativa de globalizar a linha do partido como de centro, ele esteve nos últimos dias, em companhia do ex-deputado José Carlos Aleluia, que preside o instituto de estudos Liberdade e Cidadania, em duas reuniões no exterior para reforçar os contatos do DEM com partidos da mesma tendência no mundo.

Uma delas foi a da Internacional Democrática de Centro (IDC), à qual o DEM aderiu desde 2005. A IDC se contrapõe à Internacional Socialista, que reúne os partidos de esquerda e social-democratas no mundo e agrupa legendas representadas por políticos como Jacques Chirac, na França; pelo PSD em Portugal, hoje de volta ao poder com o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, e Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia; e pelo Partido Republicano nos EUA.

Segundo Maia, o Democratas é um partido que defende teses semelhantes às de José Maria Aznar na Espanha, Sarkozy na França, Angela Merkel na Alemanha e do Partido Conservador na Inglaterra.

"Não nos confundam com os direitistas do Tea Party", alerta ele, que pretende estreitar o relacionamento com a nova direção do Partido Republicano dos Estados Unidos, mais identificado com os conservadores de centro, como John McCain, do que com sua candidata a vice Sarah Palin, membro ativo do Tea Party.

O que os Democratas defendem é que está na hora de uma verdadeira experiência liberal, com uma reforma do pacto federativo para diminuir o tamanho do Estado para conseguir também uma redução de impostos.

Aleluia gosta da definição ideológica contida no Manual da Identidade Partidária e Ideologia, uma publicação de 2008 do National Institute for International Affairs (Instituto Nacional de Assuntos Internacionais) mantido pelo Congresso norte-americano.

O trabalho divide em três as tendências políticas dos partidos: social-democracia; centro-direita e liberal. A definição do Democratas fica entre os dois últimos, mais para a centro-direita, um movimento conservador que historicamente emergiu entre os que se opuseram à Revolução Francesa, tendo Edmond Burke, um político inglês, como um de seus principais líderes.

Nos anos 1970 os temas sociais e econômicos ganharam destaque na temática conservadora, especialmente as críticas ao envolvimento do governo no controle da economia, defendendo a tese de que a degradação social era resultado das políticas de bem-estar social, que reduziam a responsabilidade individual. Posição semelhante à que o Democratas tem hoje com relação ao Bolsa Família.

Na reunião da IDU (União Democrática Internacional, em português) em Washington, o senador Agripino Maia se encontrou com o novo presidente do Partido Republicano, Reince Priebus, com quem combinou um trabalho conjunto.

Também estreitou relações com representantes de partidos conservadores da Bolívia, Peru e outros países latino-americanos, para se contrapor à união dos governos de esquerda, base da política externa brasileira para a região.

No plano interno, o Democratas tenta dificultar a organização do novo partido PSD, reclamando na Justiça o mandato dos dissidentes e aprovando na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, em decisão terminativa, que não é permitido a um parlamentar deixar a legenda pela qual foi eleito apenas para fundar um novo partido.

Entendimento contrário, acolhido pelo Tribunal Superior Eleitoral, permitiu que vários deputados e senadores deixassem seus partidos para aderir ao PSD, mas agora ele está sendo contestado pela decisão do Senado.

O senador Agripino Maia está convencido de que o governo fará pressão na Câmara para não aprovar a mudança na lei da fidelidade partidária, para ajudar o prefeito paulistano Gilberto Kassab.

Mas alega que o que está acontecendo é a utilização de uma falha na legislação para quebrar a fidelidade partidária. "Quem quiser sair de um partido para criar outro, pode fazê-lo, mas terá seu mandato sob risco", adverte Maia.

Como se vê, o Democratas tenta se reerguer dos seus próprios escombros para assumir um papel mais afirmativo no espectro político brasileiro: ser um grande partido de centro-conservador, próximo especialmente da classe média, trabalhando questões que afetam seu dia a dia e seus valores, como meio ambiente, altos impostos, desemprego, apagão aéreo e insegurança pública.

A refundação programática do partido foi uma tarefa que o senador Agripino Maia assumiu como principal objetivo quando aceitou presidir o partido em meio a uma crise política que prenunciava para muitos o fim da legenda.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO - A soma e o resto


A soma e o resto
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
 O Estado de S.Paulo - 03/07/11

Tomo de empréstimo o título de um livro de Henri Lefebvre, escritor francês que rompeu com o Partido Comunista em 1958 e publicou as suas razões para tanto nesse livro de 1959. Anos mais tarde, em 1967-1968, fui colega de Lefebvre em Nanterre, quando demos início - juntamente com Alain Touraine, Michel Crozier e com o então quase adolescente Manuel Castells - a uma experiência de renovação da velha "Sorbonne", na área das Ciências Humanas.

Sempre gostei do título do livro de Lefebvre e agora, ao escrever estas linhas - sem nenhuma pretensão a devaneios psicanalíticos -, recordo-me também de que Lefebvre tinha uma grande semelhança física com meu pai. Mas o fato é que há momentos para fazer um balanço. No caso, Lefebvre descontava o que o Partido Comunista lhe tirara ou ele do mesmo e via o que sobrava: a experiência dramática das revelações que Nikita Kruchev fizera dos horrores stalinistas, somadas à invasão da Hungria, provocaram uma remexida crítica na intelectualidade europeia, que não deixou de afetar a brasileira e a mim próprio.

Hoje, ao completar 80 anos de idade, diante do fato inescapável de que o tempo vai passando e às vezes não deixa pedra sobre pedra, eu, que não sou dado a balanços de mim mesmo (nem dos outros), senti certa comichão para ver o que resta a fazer e a soma das coisas que andei fazendo. Mas não se assuste o leitor: o espaço de uma crônica não dá para arrolar o esforço de oito décadas para tentar construir algo na vida, quanto mais para listar o muito de errado que fiz, que pode superar as pedras que eventualmente tenham ficado em pé. Além do mais, prefiro olhar para a frente a mirar para trás.

Quando algum repórter me pergunta o que acho que ficará de mim na História, costumo dizer, com o realismo de quem é familiarizado com ela, que daqui a cem anos provavelmente nada, talvez um traço dizendo que fui presidente do Brasil de 1995 a 2003. Quando insistem em que fiz isso ou aquilo, outra vez o meu realismo - não pessimismo nem hipocrisia de modéstia - pondera que, no transcorrer da História, quem sobra nela é visto e revisto pelos pósteros ora de modo positivo, ora negativo, dependendo da atmosfera reinante e da tendência de quem revê os acontecimentos passados. Portanto, melhor não nos deixarmos embalar pela ilusão de que há pedras que ficam e que serão sempre laudadas. Além do mais, dito com um pouco de ironia, se o julgamento que vale para os homens políticos e mesmo para os intelectuais é o da História, de que serve o que digam de nós depois de mortos?

Pois bem, se é assim, se o que vale é o agora, não tenho palavras para agradecer a tantos, e foram muitos, que se referiram a mim com generosidade neste passado mês de junho. Mesmo sabendo, repito, da efemeridade dos juízos, é bom escutar pessoas próximas, não tão próximas e mesmo distanciadas por divergências procurarem ver mais o lado bom, quando não apenas ele, e expressarem opiniões que me deixaram lisonjeado e, a despeito do meu realismo, quase embalado na ilusão de que fiz mais do que penso ter feito. Como não posso agradecer a cada um pessoalmente, nem desejo deixar de lado alguém, nem os muitos que me disseram pessoalmente palavras de estímulo ou as registraram por cartas, e-mails ou na web, aproveito esta página de jornal para reiterar que não sei como exprimir o quanto a solidariedade dos contemporâneos me emocionou.

Não me posso queixar da vida. Vivi a maior parte do tempo dias alegres, mesmo que muitas vezes tensos. Assim como senti as perdas que fazem parte de sobreviver. Perdi muita gente próxima ou que admirava a distância nestes 80 anos. Pais, irmãos, mulher, amigos, amigas, companheiros de vida acadêmica e política. Ainda agora, para que nem tudo fossem rosas, perdi às vésperas de meu aniversário um companheiro de universidade com quem convivi cerca de 50 anos, Juarez Brandão Lopes. E no momento em que escrevo estas linhas veio a notícia da morte de Paulo Renato Souza, companheiro, colaborador, grande ministro da Educação, colega de exílio.

As perdas, para quem está vivo, são relativas. Aprendi a conviver na memória com as pessoas queridas e mesmo com algumas mais distantes com as quais "converso" vez por outra no imaginário para reposicionar o que penso ou digo. Tomo em conta o que diriam os que não estão mais por aqui, mas deixaram marcas profundas em mim. Na soma, não cabe dúvida, mantive mais amigos que adversários. Não sinto rancor por ninguém, talvez até por uma característica psicológica, pois esqueço logo as coisas de que não gosto e procuro me lembrar das que gosto e pelas quais tenho apego.

Por fim, para não escrever uma página muito água com açúcar, se me conforta ter tantos amigos e receber deles tanto apoio, e se prezo a amizade acima de quase tudo, devo confessar que, apesar de meu pendor intelectual ser forte, no fundo, sou um Homo politicus. Herdado de meus pais e de algumas gerações de ancestrais, vivo a vida na tecla do serviço ao público, da polis, e para mim o público hoje não é apenas o brasileiro, mas tem uma dimensão global.

Pode parecer "coisa de velho", mas o fato é que a esta altura da vida estou convencido, sem prejuízo das crenças partidárias e ideológicas, de que cada vez mais, como humanidade, como cidadão e como seres nacionais, simultaneamente, nos estamos aproximando de uma época na qual ou encontramos alguns pontos de convergência, uma estratégia comum para a sobrevivência da vida no planeta e para a melhoria da condição de vida dos mais pobres em cada país, ou haverá riscos efetivos de rupturas no equilíbrio ecológico e no tecido social.

Não é o caso de especificar as questões neste momento. Mas cabe deixar uma palavra de advertência e de otimismo: é difícil buscar caminhos que permitam, em alguns temas, uma marcha em comum, mas não é impossível. Tentemos. Vi tanta boa vontade ao redor de mim nestas últimas semanas que a melhor maneira de retribuir é dizendo: espero poder ajudar todos e cada um a sermos mais felizes e dispormos de melhores condições de vida. Guardarei as armas do interesse pessoal, partidário ou mesmo dos egoísmos nacionais sempre que vislumbrar uma estratégia de convergência que permita dias melhores no futuro.

Com confiança e determinação, eles poderão vir.

RENATA LO PRETE - PAINEL DA FOLHA

Faxina nas emendas
RENATA LO PRETE
FOLHA DE SÃO PAULO - 03/07/11

Após ceder à pressão e adiar o cancelamento das emendas parlamentares de 2009, o Planalto busca, por meio de seus operadores no Congresso, uma forma de reduzir o estoque de "restos a pagar", compromissos orçamentários antigos que se acumulam ano a ano. A ideia é aprovar regra que permita, a partir de 2012, abater parte do "encalhe", eliminando a inscrição, no exercício seguinte, do que não saiu do papel.
Para o relator da LDO, Márcio Reinaldo (PP-MG), seria uma solução realista, na direção da proposta de Ideli Salvatti (Relações Institucionais) de diminuir o valor das emendas por congressista, hoje em R$ 13 mi.

Não rola 

A maioria dos governistas, porém, desdenha da sugestão de Ideli. "No que diz respeito ao valor das emendas, o viés é sempre de alta", lembra um cacique.

C.q.d. 

O último mandato de Itamar Franco no Senado foi curto, mas atuante. Colegas lembram do episódio em que ele logrou desconstruir o discurso da hoje ministra Gleisi Hoffmann (PT-PR) em defesa da revisão do Tratado de Itaipu, levando ao telão do plenário uma fórmula matemática para cálculo do preço da energia. A governista ficou sem fala.

Encrencado 1 

Zezé Perrella (PDT), que assumirá vaga no Senado com a morte de Itamar, integra o time dos suplentes enrolados com a Justiça. Presidente do Cruzeiro, é alvo do Ministério Público e da PF por suspeita de irregularidades na venda de jogadores e na evolução de seu patrimônio. Ele teria ocultado fazenda de R$ 60 milhões.

Encrencado 2 
Conhecido empresário e cartola em Minas, tendo cumprido mandatos na Assembleia e na Câmara dos Deputados, Perrella declarou à Justiça Eleitoral patrimônio modesto e supostamente encolhido entre 2006 e 2010 -de R$ 724 mil para R$ 490 mil agora.

Ocupação 
Afastado da Secretaria de Desenvolvimento há dois meses por ter abandonado o DEM para acompanhar Gilberto Kassab na fundação do PSD, o vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif, será nomeado nesta semana para presidir o Conselho Gestor de PPPs, posto hoje acumulado pelo secretário Emanuel Fernandes (Planejamento).

Separatismo 1 

Diante do ressurgimento do debate sobre a criação, no oeste baiano, do Estado do São Francisco, a Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia divulgou na sexta-feira passada um estudo no qual sustenta que a nova unidade da federação teria capacidade de gerar receita anual de R$ 1,7 bilhão, contra um custo de manutenção de R$ 2,5 bilhões.

Separatismo 2 

O levantamento conclui ainda que 4 dos 35 municípios do novo Estado concentrariam mais de 80% de sua arrecadação. O debate a respeito do tema voltou à pauta na Bahia depois da aprovação, pelo Congresso, da realização de plebiscito para decidir sobre possível divisão do Pará.

Pró-ativo 

Quem vê a agenda de eventos públicos do secretário Camilo Santana (PT), que o governador Cid Gomes (PSB) gostaria de emplacar como candidato à Prefeitura de Fortaleza, jura que ele já está em campanha. O titular das Cidades acaba de transferir seu domicílio eleitoral para a capital cearense, mas nega motivação política.

Vai sonhando 
Os petistas, porém, dizem que Cid está para lá de iludido se acha que lhe será dado definir o nome do partido à sucessão de Luizianne Lins (PT). Como o senador José Pimentel não mostrou interesse, o escolhido tende a ser um deputado.

Ponto futuro 
Apesar da atitude autossuficiente, o PT acredita poder contar com o apoio de Cid no pleito de Fortaleza. O raciocínio é que o governador precisará da sigla aliada em 2014, quando não poderá mais se reeleger.

com LETÍCIA SANDER e RANIER BRAGON

tiroteio


"Precisamos ficar atentos com os empregos. Eles não têm sensibilidade social."
DE LUIZ CARLOS MOTTA, presidente da Fecomerciários (empregados do comércio de SP), sobre a intenção de Abilio Diniz de fundir o seu Pão de Açúcar com o Carrefour, no Brasil, em associação com o banco BTG Pactual e o BNDES.

contraponto

Última palavra

Uma assessora de Paulo Bernardo recebeu ligação com um questionamento sobre decisão do governo. Aproveitando que o ministro das Comunicações estava ao lado, ela disse:
-Vou passar para quem manda e você pergunta diretamente a ele.
Ao entrar na conversa, porém, PB foi logo gracejando com uma referência à sua mulher, chefe da Casa Civil:
-A Gleisi não está aqui, liga depois...