quinta-feira, junho 09, 2011

DEMÉTRIO MAGNOLI - Palocci como sintoma


Palocci como sintoma
DEMÉTRIO MAGNOLI
O Estado de S.Paulo - 09/06/11

Ninguém pediu a revelação de conselhos ou relatórios confidenciais. Antônio Palocci, porém, foi ao Jornal Nacional para dizer que a lista de clientes de seus serviços de consultoria constitui, em si mesma, uma informação ultrassecreta. É bizarro: um dos homens do círculo mais próximo de Lula, ex-ministro da Fazenda, coordenador de campanha de Dilma Rousseff, futuro poderoso ministro à espera de nomeação ganhou milhões de empresas com múltiplas interfaces com o Estado - mas se nega a declinar o nome dos responsáveis por sua fortuna súbita. "Ele foi muito leal com seus clientes", fulminou cruelmente o vice Michel Temer. A lista de Palocci, sugerem as aparências, constitui um artefato capaz de destruir reputações políticas e empresariais numa única explosão. Mas, apesar de tudo, o affaire deveria ser interpretado menos como a própria enfermidade do que como um sintoma.

Palocci irrompeu na paisagem nacional há 15 anos, como prefeito petista de Ribeirão Preto, quando decidiu privatizar a companhia telefônica municipal. O gesto equivalia a cortar com faca um artigo de fé do seu partido - que, à época, demonizava noite e dia o programa de desestatização do governo FHC. Certo ou errado, o alcaide iconoclasta tinha o dever político de introduzir no PT o debate sobre as relações entre mercado e Estado, tentando persuadir o partido a revisar suas convicções. Isso ele nunca fez.

O nome de Palocci elevou-se à constelação de estrelas do lulismo em maio de 2002, na Adega do Leone, restaurante português da recorrente Ribeirão Preto. Ali, num jantar restrito, por sua iniciativa, Lula foi convencido a assinar a Carta ao Povo Brasileiro, pela qual o candidato prometia submeter-se aos paradigmas macroeconômicos oriundos do Plano Real. O documento seria escrito a seis mãos: as duas de Palocci e outras quatro de companheiros ex-trotskistas por ele convocados. Era um programa substituto, que anulava de facto a plataforma aprovada no 4.º Congresso do PT, em Olinda, um ano antes.

Meses depois, alçado por Lula ao Ministério da Fazenda, Palocci cercou-se de uma equipe de economistas de inspiração monetarista, muito mais ortodoxos que os de FHC, convertendo-se num talismã insubstituível da nata empresarial do País. Da prefeitura à Adega e dela à Fazenda, Palocci traçou uma linha reta, desenhando no seu extremo uma seta de norte: a sua política seria formulada do lado de fora do partido, num intercâmbio direto entre o governo e o mercado. Contudo, e isso é crucial, ele jamais rasgaria a sua carteira de filiação ao PT, fonte das conexões pessoais, dos símbolos políticos e das reminiscências históricas indispensáveis ao projeto de poder que persegue.

Não, Palocci não é "o Delúbio de Dilma", como pretende um Ronaldo Caiado seduzido pelo brilho fácil do paralelo falso. O ex-tesoureiro do PT é uma engrenagem mecânica de uma máquina político-partidária. O ex-tesoureiro do Brasil é um visionário político: ele acreditou que a Nação poderia ser governada à margem dos partidos, por um mediador situado entre Lula e as altas finanças. E, desgraçadamente, tinha razão. No verão de 2005, em meio ao tumulto do "mensalão", Gilberto Carvalho, encarnação operativa de Lula, confidenciou ao ministro da Fazenda que ele era o sucessor acalentado pelo presidente.

A cadeira presidencial, reservada para o poderoso ministro, escapou-lhe como decorrência de seus próprios atos desastrados. Palocci deixou a província, mas a província não desencarnou de Palocci. O príncipe embalado por Lula, querubim de uma elite econômica sem nenhum princípio, destruiu o plano sucessório palaciano ao protagonizar uma trama sórdida, um crime de Estado urdido para desmoralizar uma testemunha honesta. No 27 de março de 2006, dia da renúncia, parecia encerrada a longa jornada palocciana em direção ao Planalto.

De fato, não era assim. De acordo com o diagnóstico estratégico de Palocci, o Brasil do lulopetismo é uma imensa República bananeira disfarçada atrás das fachadas de mármore de instituições políticas sem valor. Pela diferença mínima de um voto, o STF deu-lhe razão, rejeitando a mera abertura de processo sobre suas responsabilidades na violação dos direitos básicos de um homem comum. Então, na vereda aberta pelos juízes encarregados de proteger a igualdade perante a lei, guiado por uma bússola política imutável, o aventureiro provinciano retomou sua marcha.

"Um ex-ministro da Fazenda tem alto valor de mercado", explicou candidamente um Palocci já milionário. O sucesso de muitos zeros da firma pessoal de consultoria nada esclarece sobre a sabedoria palocciana no campo da economia, mas diz tudo sobre a natureza de uma elite empresarial incapaz de distinguir a palavra "nação" da palavra "mercado". Os clientes secretos do coordenador da campanha de Dilma talvez tenham obtido vantagens competitivas imediatas, mas apostaram principalmente no mercado futuro. Dez ou vinte milhões não são muito pelo quase certo primeiro-ministro de um governo fraco. É um preço de oportunidade por um provável futuro presidente da República.

"Qualquer João da Silva já teria seus registros devassados pela Receita, Banco Central e Polícia Federal, a requerimento do procurador", exclamou um procurador de Brasília, indignado com a recusa de Roberto Gurgel, procurador-geral da República, de abrir investigações preliminares sobre a parceria público-privada do consultor mais bem pago do País. Gurgel segue o precedente criado pelo STF. Como os juízes do tribunal supremo, o chefe do Ministério Público está dizendo que Palocci não é um João da Silva ou um Francenildo Costa. Que ele está além e acima do alcance da lei.

Palocci tem uma opinião tão ruim sobre o sistema político brasileiro e a elite econômica nacional que acreditou na hipótese de ele se tornar presidente. Mesmo depois de sua demissão, não se provou que ele está errado. Eis aí a enfermidade.

JOSÉ SERRA - A pior ideologia é a incompetência



A pior ideologia é a incompetência
JOSÉ SERRA
O Estado de S.Paulo - 09/06/11

Parece ter virado rotina. Em época de eleição, nada mais demonizado do que a ideia de privatização de empresas ou serviços públicos. Passadas as eleições, a mesma ideia se torna apreciada pelos mesmos que a satanizaram. Essa é uma especialidade do PT, embora, a meu ver, a citada demonização estivesse longe de explicar os resultados da eleição do ano passado. Mas esse não é nosso assunto de hoje.

Pretendo abordar a questão de outro ângulo, a partir da oportuna reportagem de Renée Pereira, no Estadão, sobre as estradas federais concedidas à gestão privada durante o governo Lula. A matéria ilustra de forma perfeita até que ponto uma política pública pode ser malfeita e se candidatar a estudo de caso em cursos de economia ou administração pública.

Em resumo, foram concedidas sete rodovias federais em outubro de 2007. Ganhou quem ofereceu o menor pedágio e se comprometeu a realizar R$ 5 bilhões em investimentos, num prazo de cinco anos. O que aconteceu desde então?

Os pedágios aumentaram bem acima da inflação, mas o programa de investimentos não foi cumprido. Nos primeiros três anos de concessão, o índice de execução atingiu pouco mais da metade do acordado nos contratos. O governo deixou que isso acontecesse.

Diante das queixas de prefeitos do Paraná a respeito de um trecho de rodovia federal sob concessão, o diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), o principal órgão federal que cuida das estradas, foi flagrado pelo Jornal Nacional esbravejando: "Se a empresa não duplicar, tira e põe outra... Qualquer coisa, vamos queimar as praças de pedágio, vamos tocar fogo nas coisas, entendeu?"

É assim: o chefe do Dnit, a quem cabe fiscalizar, fazer cumprir leis e contratos nessa área, cuidar da segurança e da qualidade das rodovias, destempera-se como se não tivesse nenhuma responsabilidade sobre o assunto. Não é maravilhoso?

Na verdade, o Dnit, como a quase totalidade dos órgãos e agências do governo, já foi privatizado há muito tempo, e essa é uma das causas do fracasso rodoviário brasileiro. Falo da privatização viciosa, não da virtuosa: sua diretoria é loteada entre partidos, grupos e subgrupos, que põem a instituição a serviço dos seus interesses político-pecuniários, os quais pressupõem não apenas a falta de planejamento e modelos de concessão malfeitos, mas também lassidão no tratamento dos contratados privados.

Enquanto isso, as rodovias federais batem recordes em matéria de acidentes - em 2010, 15,4% de mortes a mais do que em 2009, ano que já tinha batido o mórbido recorde. Do ponto de vista econômico, o mau estado dessas rodovias provoca um aumento médio dos custos de transporte de quase 30%. Aliás, pesquisa da CNT mostrou que apenas 30% das estradas federais têm pavimentação em bom ou ótimo estado. É o barato que sai caro.

O melhor exemplo de concessões rodoviárias bem feitas tem sido o de São Paulo, onde 75% das estradas são consideradas ótimas ou boas e os acidentes por quilômetro de veículo rodado caem ano após ano. Nessas concessões - amaldiçoadas pelos candidatos petistas na última campanha - o investimento por quilômetro/ano associado ao modelo paulista é cerca de 170% superior ao federal. É o caro que sai barato.

Na verdade, o PT não chega a ter um problema ideológico com as privatizações. Fosse assim, poderia aprender alguma coisa e mudar. A questão é mais séria. Eles têm dificuldades para realizar privatizações de sucesso em razão de seu despreparo em matéria de gestão e da maneira como governam. A essência do seu padrão de administração pública é o patrimonialismo - uso do setor público para atender aos que governam e a seus partidos -, mais o talento ilusionista: o que conta é o anúncio, a publicidade, o mundo virtual e o vale-tudo nas eleições. Planejar e servir ao público, e não servir-se do que é público, não fazem parte da cartilha.

Isso tudo está por trás também do colapso dos aeroportos brasileiros. Quando governador de São Paulo, insisti sempre junto ao presidente Lula na necessidade de conceder a gestão dos Aeroportos de Viracopos e Guarulhos ao setor privado. No fim, apesar do apoio do ministro da Defesa, Nelson Jobim, o governo recusou-se a fazê-lo. Anos foram perdidos, os problemas se agravando. A candidata adversária e seu partido houveram por bem até satanizar a proposta durante a campanha eleitoral.

Passadas as eleições, dá-se uma cambalhota e anuncia-se a concessão desses dois aeroportos e do de Brasília, como se o anúncio em si fosse uma panaceia. Entre outras coisas, enfia-se, não se sabe como vai ser, a Infraero, empresa estatal do setor, como sócia minoritária (49%). A Infraero, como os Correios, foi uma das estatais mais castigadas e estragadas pelo governo Lula, passando a ser a detentora da taça nacional de superfaturamento de obras. Por cima, anuncia-se um prazo impossível para o edital de concorrência: até o fim do ano! Isso numa área complexa e na qual não há nenhuma experiência no Brasil. Note-se que depois do edital vem a concorrência. Depois desta, as obras...

Outra modalidade recente de privatização é a que envolve dinheiro público doado à área privada, criando grandes espaços de influência, quando não de manipulação e arrecadação de recursos. Grandes subsídios ao capital privado para compensar projetos mal elaborados (Belo Monte) ou mesmo alucinados (trem-bala), financiamentos do BNDES a esses e outros projetos, a juros equivalentes à metade das taxas de captação de recursos pelo Tesouro. Custo anual, não aprovado em nenhuma lei orçamentária: R$ 20 bilhões ao ano. (Veja-se a esse respeito meu artigo Um Banco Muito Especial em http://www.joseserra.com.br/archives/1132.)

A transformação de recursos públicos em privados no governo petista é rápida e malfeita, tal como no lema da Cavalaria antiga, estilo retratado num filme antigo, A Carga da Brigada Ligeira. Já as concessões e parcerias com o setor privado são lentas e malfeitas, contrariando metade do lema. O pior dos dois mundos.

DORA KRAMER - O uso do cachimbo

O uso do cachimbo
DORA KRAMER
O ESTADÃO - 09/06/11

Qualificada Gleisi Hoffmann já mostrou que é nestes poucos meses de mandato como senadora do PT.  Resta saber, e a resposta só o tempo dará, se reúne qualidades suficientes para dar conta da chefia da Casa Civil.

Articulada, petista de quatro costados, defensora da tese de que o mensalão foi um deslize dedicado à causa e, portanto, digno de defesa, a senadora tem sido vista como a marca inicial do efetivo começo do governo Dilma Rousseff, formado por pessoas de sua confiança.

Uma tentativa de sinalizar a tomada de comando, inicialmente prevista para após um ano de governo, quando seriam reavaliadas as indicações feitas pelo antecessor e reformado o ministério.

O desmoronamento de Antonio Palocci conjugado à exposição da desordem reinante na área política do governo resultaram em crise e acabaram antecipando parte das mudanças.

Isso é uma coisa. Outra bem diferente é por isso se chegar à conclusão de que se inicia agora uma nova fase de total renovação em que a presidente toma a si as rédeas e muda tudo.

Essa é a versão que interessa ao governo fazer prosperar, mas não necessariamente é a tradução da realidade.

Dilma desde ontem assumiu a Casa Civil, até então uma cidadela onde Palocci reinava absoluto. Mas, daí a dizer que o governo mudará de forma substancial vai uma boa distância.

Por vários motivos. O principal é que as pessoas não mudam do dia para a noite.

Partindo do princípio de que a ausência de atenção política e o estilo belicoso da presidente resultaram na desarticulação da base, na paralisia administrativa, no encolhimento dos ministros ao temor de agir e desagradar, não é de esperar grandes modificações porque ela continua a mesma.

Nesta semana, no almoço de “conciliação” com o PTB, foi extremamente ríspida com Luiz Sérgio, das Relações Institucionais.

Quando Fernando Collor ponderou que a liberação dos documentos oficiais ao público traria constrangimentos a governos recentes, Luiz Sérgio informou que já havia dito isso à presidente e foi cortado. “Que disse o quê! Não disse nada”, reagiu Dilma na frente dos senadores.

Gleisi Hoffmann pode até ajudar, mas vai se deparar com a impossibilidade de acumular atribuições políticas e administrativas na mesma intensidade.

Esse acúmulo configurou-se um equívoco na época de José Dirceu e repetiu-se como erro no breve período Palocci, que, assoberbado, acabou produzindo um passivo enorme de insatisfações entre os partidos aliados.

Também conspira contra a tese da “refundação” ou “reinauguração” o fato de que o desenho permanece inalterado: PT de um lado, PMDB de outro e a tensão entre os dois. A dinâmica do embate permanente não será alterada. É da natureza da aliança.

Agora, mesmo os parceiros vivem um momento de especial estresse. Satisfeito com a consolidação pública de sua condição de fiel da balança, o PMDB prefere assistir de camarote ao PT resolver ao seu modo a reorganização da área política.

Para concluir o raciocínio sobre a precipitação de se enxergar mudança profunda no modo petista de governar, temos a evidência de que Lula não se afastou nem se afastará do cenário. Uma porque Dilma não pode prescindir dele e outra porque interessa a ele levar o crédito.

Dilma decidiu contra a opinião de Lula, que defendia a manutenção de Palocci? Difícil crer. Quando precisou demitir Palocci Lula o fez em tempo mais breve que o utilizado pela presidente para chegar à mesma conclusão sobre o prejuízo de ter na Casa Civil um ministro na berlinda.

Primeiro a saber. Segunda-feira, durante a recepção a Hugo Chávez no Palácio do Planalto, o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, puxou de lado o ministro Paulo Bernardo e comunicou: “O desfecho tem a ver com você”.

Antes que o ministro, cotado que estava, concluísse ter sido o escolhido para substituir Antonio Palocci, Carvalho completou: “A presidente vai chamar a senadora para a Casa Civil”.

Em seguida, o marido chamou a mulher, Gleisi Hoffmann, de lado e transmitiu a informação.

MERVAL PEREIRA - Gerência política


Gerência política 
MERVAL PEREIRA

 O Globo - 09/06/2011

Se não houvesse outro motivo, tudo indica que o estilo- trator da nova chefe da Casa Civil seria razão suficiente para que o governo reforce suas relações institucionais, pondo no ministério algum político de mais peso e habilidade de negociação do que os exibidos nestes cinco meses pelo ministro Luiz Sérgio.

Os relatos dos que conviveram com Gleisi Hoffmann no Senado confirmam que ela realmente é “a Dilma da Dilma”, sobretudo pela maneira áspera com que interagia com os colegas.

Aquela suavidade de falar esconderia, segundo esses relatos, uma atitude arrogante no trato com a divergência que lembra muito relatos sobre a atuação da própria presidente Dilma quando coordenava a ação dos diversos ministérios na Casa Civil

Desse ponto de vista, o governo parece que estará bem servido, pois os principais programas estão precisando de quem os gerencie de perto e com energia.

Mas a questão central hoje é de gerência política, sem o que a ampla base partidária continuará travando a ação governamental, paralisando a administração e criando embaraços políticos ao governo.

Mesmo tendo atribuído sua escolha a uma homenagem ao Congresso, a senadora licenciada Gleisi Hoffmann já anunciou que sua tarefa será de gestão interna do governo, na coordenação de diversos programas interministeriais.

Alguns desses grupos terão à frente ninguém menos que o vice-presidente Michel Temer, num sinal de que o governo despertou para a necessidade de incluir mais o PMDB em seu processo decisório.

A desconfiança recíproca é tamanha, porém, que no PMDB se perguntava se o fato de colocar Temer para coordenar um programa de fronteiras significa a vontade da presidente de tê-lo mais dentro do governo ou mais longe de Brasília.

Além do mais, a especialidade do vice não tem a ver com fronteiras físicas, mas com fronteiras políticas.

De fato, o PMDB não está confortável com o aumento de poder petista dentro do governo, já que a substituição de Palocci por Gleisi não foi uma simples troca de petistas, mas o deslocamento para o centro do governo de uma política dos quadros partidários, enquanto Palocci deixou de ser um petista originário da máquina partidária para se tornar com o tempo um representante do lulismo, que dá mais importância ao pragmatismo da manutenção do poder do que às disputas partidárias.

Desse ponto de vista, Palocci era mais flexível na relação com os aliados, especialmente com o PMDB, e menos propenso a lutar pelos interesses petistas imediatos

Quando entrou em rota de colisão com o vice Michel Temer, ele o fez por pressão da presidente Dilma, que, segundo consta, ficou ouvindo no viva- voz Palocci ameaçar Temer com a demissão de todos os ministros peemedebistas.

Quer dizer, quando deixou de ser o político maneiroso para se transformar num trator, por determinação presidencial, Palocci perdeu a parada política para Temer, que gritou com ele e ameaçou retirar todos os ministros do PMDB do governo em protesto ao tratamento recebido.

Acontece que Temer também tinha vários correligionários ouvindo no viva-voz a discussão, e esse embate em tempo real acabou levando o confronto entre governo e PMDB a um impasse que não era do interesse de ninguém

Não foi por acaso, portanto, que o PMDB como partido uniu-se na defesa da permanência de Palocci, pois identificava nele um político cordial que dava valor às alianças políticas, em vez de ser um petista ortodoxo, como a nova ministra Gleisi Hoffmann, um quadro petista cuja tarefa prioritária no Senado foi a defesa do governo, sem condicionantes.

Sua indicação corresponde também ao fortalecimento do PT, e não foi à toa que ontem o ex-ministro José Dirceu recebeu ministros e políticos em Brasília, identificado como o canal de influência política fortalecido com o aumento de poder petista no governo.

(Por falar nisso, quanto não estará valendo hoje uma “consultoria” de Dirceu?).

Com o PT fortalecido no Ministério, alas do PMDB tentam emplacar um correligionário nas Relações Institucionais, o que sob Dilma parece mais difícil do que sob Lula, que já colocou no mesmo lugar deputados do PTB (José Mucio e Walfrido Mares Guia) e do PCdoB (Aldo Rabelo).

Houve até quem pensasse que o próprio Michel Temer poderia assumir o cargo, o que seria uma temeridade a pôr em risco a autoridade natural do vice eleito.

Também Nelson Jobim chegou a ser cogitado nas especulações, mas essa seria uma mexida complicada no xadrez político, já que ele está bem entrosado no Ministério da Defesa, uma posição delicada para ser preenchida.

Mas Jobim teria a vantagem de, sendo do PMDB, ter trânsito muito bom tanto na máquina partidária petista - não esquecer que ele teve a ousadia de pôr José Genoino como seu assessor especial - como com a oposição.

Seu maior problema é mesmo no PMDB, onde nunca foi íntimo da cúpula do partido.

O mais provável é que o ministro Luiz Sérgio permaneça no cargo por mais algum tempo, por uma razão singela: a presidente Dilma não quer tirar um ministro que a chamada mídia está criticando, depois de ter tirado seu principal assessor em decorrência de denúncias dessa mesma mídia.

Mas como Luiz Sérgio, um protegido de José Dirceu - outro obstáculo à sua substituição -, é muito fraco para assumir essa coordenação política ampliada pela saída de Palocci, a realidade se imporá com o tempo. A crise continuará até que se ponha na coordenação política um ministro de peso reconhecido por aliados e oposição.

ANCELMO GÓIS - Cidade wi-fi


Cidade wi-fi
ANCELMO GÓIS
O GLOBO - 09/06/11

O Rio deve ser a primeira grande cidade brasileira totalmente coberta por wi-fi gratuito. É aquela rede de internet sem fio, hoje muito comum em restaurantes, hotéis, museus etc. O plano do ministro Aloizio Mercadante, da Ciência e Tecnologia, e de Sérgio Cabral é que a cidade esteja toda coberta até junho de 2012, para a conferência mundial Rio+20, que vai discutir as mudanças ambientais.

Rio Estado Digital...
Aliás, boa parte do Rio já dispõe do sinal gratuito, oferecido pelo governo estadual. O projeto Rio Estado Digital começou em 2009, com wi-fi de graça no Morro Dona Marta. Desde então, outras favelas e praias, como Copacabana, Ipanema e Leblon, caíram na rede. 

Beleza pura
De um grande senador da oposição, sobre a nomeação da bonita Gleisi Hoffmann para o lugar de Palocci: 
— Sem querer, o governo acertou com a escolha... Ele acha que uma cara nova, linda e articulada fará bem num governo comandado por, digamos, uma sisuda. 

Lula peruano

Dilma recebe hoje Ollanta Humala, presidente eleito do Peru. 

Bolsa peruca
A queda de cabelo fez uma mulher diabética processar o governo do Rio por lhe negar uma peruca sob medida. A pedido da Procuradoria Geral do Estado, o juiz Luiz Fernando de Andrade Pinto negou o pleito e ainda a condenou a pagar R$ 300 de honorários.

Coração das trevas
A Editora Revan vai pôr nas livrarias uma nova tradução de “Coração das trevas”, clássico do polonês Joseph Conrad, lançado originalmente em 1902. A obra narra a viagem de europeus à África, em busca de negros e marfim.

Diário de Justiça

A 7a- Câmara Cível do Rio condenou ontem o empresário Alberto Geyer, integrante da tradicional família dona da Unipar, a pagar R$ 29 milhões aos herdeiros de Tarsilo Vieira de Melo. A ação se arrastava há 12 anos. Diz respeito ao não pagamento de 2% de comissão a Melo por intermediar a venda de 31% da Unipar na empresa OPP. 

A TV em livros

A coleguinha Patrícia Kogut vai escrever, pela editora LeYa Brasil, uma série de livros sobre a TV do século XXI. O primeiro, sobre novelas, sai no primeiro semestre de 2012.

Dois em um
Cláudio Manoel, o casseta Seu Creysson, é o novo supervisor artístico do “Fantástico”. Vai acumular a função na TV Globo com um projeto em preparação pelos outros cassetas.

Maldade humana
A Defesa Civil do Rio recebeu 1.500 ligações no domingo. Acredite: 1256 (84%) eram trotes. A polícia já identificou o dono do celular de onde partiram mais de 200 ligações. Merece ser preso.

Viva o Tremendão!

Erasmo Carlos festejará seus 70 anos de idade e 50 de carreira dia 2 de julho, com um show no Teatro Municipal do Rio. O amigo Roberto Carlos e a cantora Marisa Monte já confirmaram presença.

Nelson na Sapucaí

Nelson Rodrigues será enredo da Viradouro ano que vem. O grande escritor completaria 100 anos em 2012. 

Vampiros no Rio
Uma moradora do Parque Guinle, em Laranjeiras, no Rio, foi atacada por um morcego enquanto dormia. 

Asas de anjo 
A Victoria’s Secret venceu mais um round contra o Monange Dream Fashion Tour, evento brasileiro de moda, beleza e música. A 6a- Câmara Cível do TJ-RJ determinou que a brasileira não use elementos característicos da marca americana, como asas de anjos e plumas. 

Lavínia é fofa
Lavínia Vlasak, a linda atriz, vai se vestir de Mulher Maravilha para festejar seu aniversário, sábado, numa festa à fantasia. Pediu de presente doações em dinheiro para o InstitutoPró-Criança Cardíaca, da abnegada doutora Rosa Célia.

ILIMAR FRANCO


A conspiração
ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 09/06/11

Petistas de todas as matizes participaram do movimento para tentar derrubar o ministro Luiz Sérgio (Relações Institucionais). Eles chegaram a buscar a cumplicidade do PMDB. Mas o vice Michel Temer segurou o partido. A presidente Dilma Rousseff, anteontem, logo
após a saída de Antonio Palocci, informou a seu vice que Luiz Sérgio seria mantido. Ela estava indignada com a fritura a que o PT submetia um dos seus. Mesmo assim, setores do PT insistem em desestabilizar Luiz Sérgio.

O PT paulista não se conforma
As maiores pressões pela cabeça de Luiz Sérgio partiram do PT paulista. Este não se conforma por ter perdido poder. A troca serviria ainda para unir a estilhaçada bancada do PT na Câmara. O projeto era fazer do líder Cândido Vaccarezza (SP) o novo ministro, e Arlindo Chinaglia (SP), o líder do governo. Nessa linha, agiram também o presidente da Câmara, Marco Maia (PTRS), e o líder Paulo Teixeira
(SP). Foi nesse embalo que Vaccarezza conversou com Luiz Sérgio na noite de terçafeira. Neste clima, Vaccarezza e João Paulo (SP) almoçaram com o líder do PMDB, Henrique Alves (RN), e depois foram até o vice Michel Temer para ouvir dele o que a presidente Dilma lhe dissera. 

"Estamos agora blindando quem não precisa mais ser blindado”— Pedro Simon, senador (PMDB-RS), criticando a rejeição do convite para que Antonio Palocci falasse na Comissão de Constituição e Justiça.

OS TRÊS PORQUINHOS. Antes de tomar posse, a presidente Dilma Rousseff assumiu o apelido de “Três Porquinhos” conferido aos
coordenadores de sua campanha: José Eduardo Cardozo, Antonio Palocci e José Eduardo Dutra. Passados cinco meses de governo,
apenas o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) sobreviveu. Ele virou o Prático. Dutra deixou a presidência do PT por razões de
saúde; e Palocci, a Casa Civil por motivos éticos. 

Na ativa
O tucano José Serra avisou à direção de seu partido que em 15 dias vai realizar a primeira reunião do Conselho Político do PSDB. É grande a expectativa. Os tucanos não fazem a menor ideia do coelho que Serra vai tirar da cartola.

Escaldado
Depois da surra que o PT levou do PMDB na votação do Código Florestal, os petistas estão preocupados com a postura que o PMDB da Câmara terá diante da proposta, aprovada no Senado, sobre a tramitação das medidas provisórias.

Com os pés no chão
Os relatores do Código Florestal no Senado — Jorge Viana (PT-AC), na Comissão do Meio Ambiente, e Luiz Henrique (PMDB-SC), nas de Agricultura e Constituição e Justiça — acertaram ontem que vão tentar construir um relatório único. Conta o presidente da Comissão do Meio Ambiente, Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), que “a base para um acordo é o relatório do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP)”. A ministra Izabella Teixeira (Meio Ambiente) avalizou o encaminhamento.

Nitroglicerina
O Ipea divulgou ontem o texto “Código Florestal: implicações do PL 1876/99 nas áreas de reserva legal”. Ele coloca fogo no debate. O artigo diz: “O fato de o Código Florestal não ser cumprido em sua totalidade implica passivos ambientais”.

Pirataria 
A Receita Federal vai destruir hoje em todo o país mais de R$ 200 milhões em mercadorias piratas e contrabandeadas. Trata-se de mais de quatro mil toneladas de produtos como bebidas, cigarros, medicamentos e agrotóxicos.

 OS PARLAMENTARES do DEM ironizaram as críticas do líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), ao Bolsa Família. Diziam que Dias está à direita deles. 
 UM AMIGO do ministro José Múcio (TCU) diz que é equivocada a versão petista que lhe atribui a comparação da função do ministro das Relações Institucionais com as de um garçom.
● PIADA de um petista ontem, na posse de Gleisi Hoffmann na Casa Civil: “O Palocci caiu no governo Lula sob suspeita de quebra do sigilo e cai, agora, no governo Dilma, por manter em sigilo seus clientes”.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO


B2W e Telefônica lideram em queixas no Procon-SP
MARIA CRISTINA FRIAS
FOLHA DE SÃO PAULO - 09/06/11

A B2W e a Telefônica disputam mês a mês a liderança no número de reclamações no Procon-SP desde outubro do ano passado.
A companhia varejista, das lojas Submarino e Americanas.com, foi responsável pela maior quantidade de atendimentos nos meses de janeiro, fevereiro e abril.
A empresa de telefonia, por sua vez, liderou nos três últimos meses de 2010, além de março e maio passados.
No acumulado do ano, até o dia 31 de maio, a B2W recebeu 3.140 queixas ou 5,33% do total. A Telefônica teve 2.759 reclamações.
A terceira colocada no ranking é a Eletropaulo, com 1.654 atendimentos.
A principal reclamação contra a B2W é o atraso ou a não entrega dos produtos, que representou 2.112 dos atendimentos. Por meio da assessoria de imprensa, a companhia informou que "está trabalhando intensamente" e que sua "operação está sob controle".
A maioria das queixas sobre a Telefônica diz respeito a cobranças abusivas e indevidas. "Quando o cliente pede que um serviço não seja cobrado devido a algum problema de funcionamento, nós temos 90 dias para fazer o crédito e muitos deles não esperam esse período", afirma o diretor da companhia Paulo Mesquita.
A Eletropaulo, por sua vez, informa que reduziu o número de atendimentos no Procon-SP de 1.821, nos cinco primeiros meses do ano passado, para 1.651, no mesmo período de 2011.

"DILMA DA DILMA"
A ideia de ter na Casa Civil uma "Dilma da Dilma", expressão usada pela presidente, caiu bem no empresariado. Antes mesmo das reportagens da Folha sobre a multiplicação do patrimônio de Antonio Palocci, a expressão já era usada, em especial por executivos de grandes empresas do setor produtivo, que se ressentiam da ausência da gestora anterior.
Criticavam a falta de tempo do ex-ministro para resolver problemas com a agilidade da ex-chefe da pasta.
Sem Dilma no cargo, demandas estavam dispersas, quando não paralisadas, pelos ministérios, segundo empresários. Resta saber se a empossada ministra Gleisi Hoffmann será uma nova Dilma Rousseff na Casa Civil.

ALÍVIO NO BOLSO
Acompanhando o ritmo do IPCA, o IPS (Índice de Preços dos Supermercados) desacelerou no mês de maio.
O índice, elaborado pela Apas (Associação Paulista de Supermercados) em parceria com a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), passou do 0,95% registrado em abril para 0,52%.
O IPS, no entanto, ainda foi maior do que o registrado em maio do ano passado, quando subiu 0,40%.
Os pescados foram responsáveis pela maior pressão nos preços, com valorização de 7,23%.
Esse aumento está atrelado ao da carne. Diante da alta desta última, a demanda pelo pescado cresceu.
O leite também apresentou alta, de 4,20%. A seca no Sul do país prejudicou a pastagem e, assim, a produção da mercadoria.

Consórcios de veículos crescem quase 40% em maioO volume das vendas de consórcios de automóveis aumentou no mês de maio, na comparação com o mesmo mês de 2010.
No Consórcio Embracon, o crescimento no segmento foi de 39%. O total comercializado pela empresa (considerando os setores de veículos e de imóveis) atingiu R$ 228 milhões no mês passado.
O Bradesco Consórcios registrou aumento de 38% no setor de veículos. No segmento dos imóveis, a alta foi menor, de 7%.
Os últimos dados disponíveis das vendas de consórcios de veículos da Porto Seguro, de abril, apontam crescimento de 45,9%.
O volume global comercializado pelo HSBC Consórcio entre janeiro e maio foi 95% maior que o registrado no mesmo período de 2010.

CARRO-FORTE
O grupo Avallon vai inaugurar em julho a sua primeira unidade fora do Estado de São Paulo, no Rio de Janeiro.
A companhia triplicará a frota para locação e aumentará em 50% o número de carros blindados por mês até o final de 2012.
"Pretendemos fechar parcerias com as principais concessionárias do Estado, como temos feito em São Paulo desde o ano passado", diz o presidente do grupo, Rafael Barbero.
Em fevereiro de 2010, a Avallon foi comprada por Barbero, que, até o final de 2012, terá investido cerca de R$ 45 milhões.
Desde então, a companhia abriu a sua segunda fábrica de blindagem, em São Paulo, e começou a vender veículos.
"Nos mantivemos no ramo de segurança e de automóveis, mas também diversificamos nosso negócio", afirma o executivo.

MENOS COMPRAS

O faturamento do comércio varejista caiu 3% em abril na Região Metropolitana de São Paulo sobre o mês anterior, segundo levantamento da Fecomercio, que será divulgado hoje.
A pesquisa mostra retração do consumo de bens duráveis e concentração dos gastos com itens essenciais.
Com as medidas de restrições ao crédito, "houve forte retração nas vendas de eletrodomésticos e eletroeletrônicos, que são produtos de maior valor agregado", segundo a Fecomercio.
Os consumidores concentraram os gastos em produtos essenciais -fator que influenciou positivamente as vendas nos supermercados.
O faturamento acumulado neste ano tem alta de apenas 0,5%. O setor deve encerrar o primeiro semestre estagnado, prevê a Fecomercio.

Visão A Ótica Ventura acaba de fechar parceria com o estilista Pedro Lourenço para o lançamento de modelos para a coleção primavera-verão de 2012. A companhia também produzirá linhas para oito marcas na próxima temporada de semanas de moda, como Ellus, Cori e Neon.

Decoração 

A empresa Elgin Mobili & Design, fabricante de móveis de alto padrão, adotará um novo modelo de franquia. Ela fornecerá o produto, e a franqueada prestará o serviço (como realização do projeto, entrega e montagem), deixando de ser apenas revendedora de móveis.

Camiseta 

A marca Polo USA abrirá seis lojas no Brasil até o segundo semestre de 2012. As três primeiras serão inauguradas até o final deste mês em Santa Catarina. Duas lojas serão em Blumenau e a terceira, em Joinville. O total do investimento nas novas unidades é de R$ 2 milhões.

Caça-talentos 
A Asap, consultoria especializada em seleção de executivos para média gerência, vai inaugurar filiais em Salvador e em Vitória. A empresa passará a atuar em oito Estados. A expectativa é que cada um dos novos escritórios passe a representar cerca de 8% do faturamento.
com JOANA CUNHA, ALESSANDRA KIANEK, VITOR SION e LUCIANA DYNIEWICZ

MÔNICA BERGAMO - IVETE EM PEÇA ÚNICA


IVETE EM PEÇA ÚNICA
MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SÃO PAULO - 09/06/11

Ivete Sangalo aparece pela primeira vez de maiô na capa da revista "Boa Forma". "Nenhuma mulher tem que estar magrinha dois meses depois de parir", diz ela, que engordou 24 kg na gravidez. Com dieta que inclui aipim e carne de bode, já perdeu 20 kg.

PRÓXIMO CAPÍTULO
Os procuradores que atuaram na Operação Satiagraha vão tentar salvar ao menos uma parte dela. Eles vão recorrer ao STF (Supremo Tribunal Federal) pedindo a reconsideração da decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça), que disse que a atuação de agentes da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) na busca de provas contra o banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity, foi ilegal.

ARQUIVO
As chances de ressuscitar a operação no STF são consideradas remotas.

VISITA
O ministro Fernando Pimentel, do Desenvolvimento, tem reunião marcada na segunda-feira com o novo presidente da Vale, Murilo Ferreira, no Rio. Vão acertar ponteiros da relação da empresa com o governo.

AGORA, NÃO

Ficou para trás o tempo em que o governador Sergio Cabral, do Rio, levava um pedido ao governo e era prontamente atendido. Há alguns dias, ele insistiu com Dilma Rousseff para que ela incluísse o Galeão no projeto de privatização dos aeroportos. Ela disse que, agora, não dá. Vai primeiro testar o modelo nos aeroportos de SP e Brasília.

TALVEZ NUNCA

Cabral pediu também a antecipação da construção do terceiro terminal do Galeão. Mais uma vez, Dilma disse que não dá. Ela tem dados que questionam a viabilidade econômica do projeto.

VELHO AMIGO
Um interlocutor tanto de Dilma quanto de Lula e de Cabral diz que as negativas da presidente são exemplo acabado de como ela privilegia questões técnicas em detrimento da política -enquanto Lula abria a mão com o Rio e tinha Cabral como aliado incondicional.

CASA ARRUMADA
A estilista Isabela Capeto lançou ontem a linha casa de sua loja no Rio. Um dos ícones são os uniformes de empregada. Um deles, de algodão preto e avental cinza estampado de estrelinhas, sai por R$ 408.

SÓ NA PLATEIA
Ainda sem estrear no Corinthians por contusão, o atacante Adriano foi ao Pacaembu para ver o jogo da seleção e a despedida de Ronaldo. Seu Porsche Cayenne branco foi autorizado a romper o bloqueio da CET e parar na porta de um camarote.

GOL CONTRA
E a Associação Viva Pacaembu enviará relatório à prefeitura sobre a falta de fiscalização no jogo. Os moradores reclamam de ambulantes e motoristas que largaram automóveis e até ônibus fretados em frente às garagens de casas e lojas e num posto de gasolina. A CET diz que está fazendo o balanço das multas aplicadas e que mobilizou 50 agentes no evento.

CANTO DESSA CIDADE
O Prêmio da Música Brasileira será itinerante neste ano. Além da cerimônia no Rio, em 6 de julho, promoverá também show com Lenine e Zélia Duncan.

Os dois vão fazer turnê que percorrerá algumas capitais do país. Estão no roteiro cidades como São Paulo, São Luís, Belém, Vitória, Belo Horizonte e Carajás (PA).

QUEM CONTA HISTÓRIA
O novelista Silvio de Abreu, o apresentador Faustão, o escritor João Ubaldo Ribeiro, o músico Carlinhos Brown e os atores Ingrid Guimarães e Thiago Lacerda se juntam hoje a empresários como Fábio Barbosa, do Santander, e Márcio Utsch, da Alpargatas, no "Storytellers", evento da Abap (Associação Brasileira das Agências de Publicidade).

O painel, no WTC Sheraton, em SP, discutirá criatividade e negócios.

PRATO FEITO
O coquetel de abertura do festival gastronômico São Paulo Bom de Mesa levou ao espaço Zahil, no Itaim, os chefs de cozinha Laura Bonaiuti, do restaurante Laura & Francesco, e Silvia e Lamberto Percussi, do Vinheria Percussi.

CURTO-CIRCUITO

O jornalista José Hamilton Ribeiro faz palestra e autografa exemplares de seu livro "Realidade Re-Vista". Hoje, a partir das 15h, na Casa de Cultura Japonesa da USP.

Eduardo Gudin e Fátima Guedes tocam hoje no Memorial da América Latina às 21h. Classificação: livre.

Marina Silva participa hoje de seminário da Fundação Nacional de Qualidade, no espaço Apas, a partir das 8h.

com DIÓGENES CAMPANHA, LÍGIA MESQUITA, THAIS BILENKY e CHICO FELITTI

MÍRIAM LEITÃO - Gerência e política


Gerência e política
MIRIAM LEITÃO
O GLOBO - 09/06/11

A ministra Gleisi Hoffmann demonstrou ontem nos seus discursos que vai tentar manter a tradição de ser uma chefe da Casa Civil que una as duas funções tradicionais do órgão: a articulação política dos grandes temas e a função gerencial. Na definição da presidente Dilma Rousseff nos tempos em que era candidata a Casa Civil é o segundo cargo da governo.
Quando na campanha presidencial era cobrada por não ter experiência administrativa para postular o cargo que estava postulando, Dilma Rousseff sempre dizia que tinha ocupado por cinco anos "o segundo cargo mais importante do governo". Na época, foi até criticada por estar supostamente desconsiderando a função de vice-presidente. Mas no dia a dia o ocupante da Casa Civil seria uma espécie de primeiro-ministro, se fosse parlamentarista, ou um chefe da equipe, no presidencialismo americano (chief of staff).
Com a estudada cortesia com que se despediu no Senado, cumprindo todo o ritual do clube, com referência a todos os líderes e principais senadores, inclusive da oposição, ela está dizendo que quer continuar fazendo uma parte da articulação. Sua frase "estou mudando de instância, mas não de caminho" é também um claro recado da tentativa de dar à Casa Civil essa dupla função, mesmo que o ministro Paulo Bernardo tenha dito que o cargo será de gestão.
Seu currículo político é modesto. Foi assessora de partido, secretária estadual e alguns poucos meses no mandato de senadora. É portanto extremamente novata na política para a dimensão do cargo que vai assumir; mas neste campo está até melhor que Dilma Rousseff, que não tinha exercido mandato algum.
A Casa Civil tem a característica de assumir o formato que lhe quer dar seu ocupante. Pode ser gerencial, como foi na época de Pedro Parente, Clóvis Carvalho e até Dilma Rousseff, ou pode ser o coordenador político do governo, como foi com José Dirceu. Até nos regimes militares houve ocupantes da pasta com extraordinário poder, como Golbery do Couto e Silva, no governo Geisel, e Leitão de Abreu, no governo João Figueiredo.
Gleisi é desconhecida tanto administrativa quanto politicamente. O cargo de diretora financeira que assumiu na Itaipu Binacional foi por indicação política - ela havia trabalhado na equipe de transição e é mulher do ministro Paulo Bernardo, na época no Planejamento. O fato de ser indicação política não a desmerece porque a ministra teve bom desempenho na empresa binacional.
A dúvida que recai sobre ela é que não foi testada, não teve tempo de amadurecer na articulação política, não teve qualquer experiência administrativa federal e assumiu a chefia da Casa Civil num momento de crise. Ela dava sinais de que teria uma carreira meteórica, mas foi catapultada sem ter tempo nem de cumprir as primeiras etapas da ascensão que começava a ter no debate parlamentar. Se a tensão fica menor após a saída de Palocci, continuam as dúvidas sobre várias questões. A crise revelou que o governo Dilma não tem articulação política e está com sua base de 75% dos deputados e 77% dos senadores em conflito direto para saber quem vai de fato ser mais determinante: se o PT ou o PMDB; e dentro de cada partido que ala será mais influente. O governo também não tem a agilidade administrativa que garantiu que teria na campanha. Os projetos do PAC ou do Minha Casa, Minha vida estacionaram; a maquiagem que alguns receberam na campanha para parecerem mais robustos do que de fato eram já se desgastou. O que se vê é um governo que investe pouco e demora a tomar decisões.
O governo desperdiçou sua lua de mel sem ter tocado um único projeto de reforma ou de superação dos obstáculos ao crescimento sustentado. Em 2010, quando o Brasil estava crescendo a 7,5%, era mais fácil superar esses obstáculos; com a queda do nível de atividade, a lentidão do governo está provocando mais estragos. Setores empresariais que sondam o nível de confiança dos seus associados no governo já começam a perceber a queda acentuada do otimismo. Isso pode acabar se transformando em postergação de decisões de investimento.
Os empresários têm questões urgentes para resolver diariamente na confusão tributária do país - que ficou ainda mais incompreensível depois da decisão do Supremo Tribunal Federal contra incentivos estaduais - ou nos gargalos enormes de infraestrutura. O dólar baixo deixa cada vez mais setores expostos à competição de produtos chineses que chegam com a vantagem desleal do câmbio artificialmente desvalorizado. A monumental burocracia torna o ambiente empresarial um campo minado. Tudo isso era assim no ano passado, só que na transição para um ritmo de crescimento menor as dificuldades passaram a ser mais pesadas para as empresas.
Este é um momento decisivo para o governo Dilma Rousseff. Ela tem a chance de aprender com os erros, dar mais agilidade às decisões, estar mais presente nas articulações políticas, ter mais comando sobre a própria administração, afastando o fantasma de um governo sob controle remoto na mão do ex-presidente Lula. Ainda há tempo de pôr o governo nos trilhos, afinal este é apenas o sexto mês do mandato.

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE


Manual da sobrevivência
SONIA RACY

O ESTADÃO - 09/06/11

Desconfia-se que o PT, diante das crises de governo dos últimos anos, instituiu um manual. Primeiro, nega-se com veemência qualquer acusação, alegando que os fatos são ataques infundadas da oposição. Depois, se não der certo, minimiza-se a questão, alardeando que o ocorrido está, sim, dentro da legalidade.

Se tampouco der certo, o acusado, recolhido e inacessível aos meios de comunicação, é defendido por um "Exército de Salvação" (senadores, deputados, aliados) escolhido para defendê-lo. E se ainda não funcionar, o personagem finalmente aparece para se explicar. Na maioria das vezes, chamando o problema para si.

Na sequência, algum órgão federal (Comissão de Ética da Presidência, Procuradoria-Geral, etc.) declara a lisura da conduta. O envolvido sai, o governo fica livre e o fato, com o tempo, é praticamente esquecido...

Direto da mulher

Shirin Ebadi não deixou transparecer incômodo por não ter sido recebida por Dilma no Brasil. Em jantar na casa de Suzana Villas Boas, anteontem, contou que pretende escrever carta aberta de agradecimento à presidente, por ter defendido a vida de Sakineh.

Direito

A Nobel da Paz descreveu ali a desigualdade dos direitos no Irã: "Em um processo legal, o testemunho de duas mulheres equivale ao de um homem. Assim como as indenizações."Além do homem poder ter quatro mulheres e a mulher só um marido.

Safra
Wagner Rossi, da Agricultura, dará boa notícia ao agribusiness semana que vem: a produção de algodão, nos próximos dez anos, crescerá 47 %. O maior número entre as previsões a serem divulgadas.

Martelo final

O governo do Paraná avisa: manteve o BB como administrador da folha de pagamentos do Estado. O banco pagou R$ 500 mil pela renovação.

Versa vice

De Paulo Garcia, candidato de oposição no Corinthians nas últimas duas eleições, sobre informação publicada anteontem dando conta de que estaria apoiando o movimento "Fica Andrés": "Acho mais fácil o Andrés me apoiar do que rasgarmos o estatuto para apoiá-lo".

De pai para filho

Ronaldo não foi o único da família a se emocionar, anteontem, no amistoso Brasil e Romênia.

No camarote da Gillette, Nélio Nazário, pai do craque, exibia ora cara de choro, ora sorrisão e peito estufado ao ver o filho jogar. De óculos Prada escuros na cabeça e pescoço embrulhado por cachecol verde-amarelo bordado com a frase "Obrigado Ronaldo", o pai do craque conversou com a coluna.

O que achou da participação de Ronaldo no jogo?

Ótima, né? Ele fez três finalizações fantásticas. Só não marcou gol mas acabou fazendo muito mais do que veio aqui fazer hoje. Nem era para ter finalizado tanto...

E este segundo tempo? A torcida está vaiando a Seleção e gritando para Ronaldo voltar para a partida.

Ah, para você ver a diferença, né? O jogo agora está assim, ó, paraaaaado... Você percebe a mudança entre uma partida jogada com um olhar de craque e com gente, assim, "normal" em campo... Claro que tem craque aí também, mas não com a visão excepcional do Ronaldo.

E terminou o diálogo limpando os olhos marejados.

DÉBORA BERGAMASCO


Laboratório


Se a pretensão era fazer da despedida de Ronaldo um teste para a Copa Mundo, o resultado foi frustrante. Chuva, falta de energia em volta do estádio e confusão no trânsito mostram que São Paulo ainda não está preparada para o evento. Os orientadores de torcida espalhados pelo Pacaembu não conseguiam dar informações precisas. Jogavam os torcedores de um portão para o outro.

A saltadora Maurren Maggi fez treino extra até encontrar o seu lugar. Circundou o estádio inteiro por fora. Achou o portão certo dez minutos antes do jogo começar. Galvão Bueno também apareceu bufando no acesso à imprensa. Nem Geraldo Alckmin escapou da confusão fora da arena. Chegou ao camarote da Federação Paulista de Futebol, onde estava Ricardo Teixeira, com o Hino Nacional em execução.

Já Adriano, o Imperador, estacionou sua Porsche Cayenne em fila dupla por dez minutos, bloqueando metade da rua. Nenhum policial ousou adverti-lo. O craque saiu do carro cercado por 12 seguranças.

Em conversa, Alckmin jurou que SP não está definitivamente excluída da Copa das Confederações, em 2013. Mesmo tendo a Fifa se posicionado oficialmente.

O governador informa que está "trabalhando duro" para a abertura da Copa ser em Sampa. Tendo, inclusive, telefonado para Luciano Coutinho, do BNDES, pera pedir rapidez na liberação do financiamento do Itaquerão.

Na frente

O site oficial da senadora Gleisi Hoffmann transbordou e saiu do ar, anteontem, assim que foi anunciada ministra da Casa Civil,

A Casa Vogue pilota jantar em homenagem a Piero Lissoni, na casa de Waldick Jatobá.

Gilberto de Mello Kujawski lança Machado de Assis por Dentro. Hoje, na Livraria da Vila doa Jardins.

Cesar Giobbi mudou-se para o portal Taste.

Bruce Gilden palestra hoje na Fundação Ema Klabin. E expõe na sede da Alumni, a partir de segunda.

Ante às pertinentes reclamações sobre a defasagem nas informações publicadas ontem, em relação à queda de Palocci, a coluna explica. O fechamento da página se deu antes da renúncia do ministro. E não foi possível reabri-la por motivos técnicos.