sábado, junho 04, 2011

DRAUZIO VARELLA - Bactérias que engordam


Bactérias que engordam
DRAUZIO VARELLA
FOLHA DE SÃO PAULO - 04/06/11

Seria possível realizar o grande sonho de pessoas modernas: comer e beber à vontade sem engordar?


HÁ MAIS bactérias no corpo humano do que sonha nossa vã filosofia.

Mais numerosas do que o total de células do organismo inteiro, elas colonizam a pele e as mucosas que revestem a superfície interna dos aparelhos respiratório, gênito-urinário e digestivo.
Na fase intrauterina vivemos num ambiente estéril, porque a placenta cria uma barreira que impede a flora materna de chegar até nós. Assim que o útero de nossas mães decide expulsar o parasita que lhes consumiu as entranhas durante nove meses, caímos num mundo com germes no ar, na água, nas pessoas que nos embalam e até nos seios daquelas que nos alimentam com tanto amor.

Já na primeira mamada, nossos intestinos são invadidos por milhões de bactérias, decididas a encontrar um nicho ecológico que lhes permita cumprir o mandamento supremo da vida na Terra e em qualquer planeta em que tenha existido ou porventura venha a existir: crescei e multiplicai-vos.

Nos míseros 5 milhões de anos em que nossa espécie tem feito de tudo para sobreviver, as bactérias aprenderam que a simbiose com as células intestinais é estratégia mais inteligente do que invadir a mucosa, penetrar os tecidos internos, desorganizar a fisiologia humana e matar o hospedeiro. Em ambiente de convivência harmoniosa podem ter acesso aos nutrientes que ingerimos e até ajudar a digestão de alimentos para os quais não estamos preparados, sem despertar a ira do sistema imunológico.

Em 2006, um grupo da Universidade de Washington observou que os intestinos de ratos obesos abrigavam uma população de bactérias diferente daquela existente nos magros. Três anos mais tarde, o mesmo grupo publicou na revista "Science" um estudo mostrando que ratos magros "alimentados" com a mesma flora bacteriana dos gordos, também ganhavam peso.

Por simples manipulação das bactérias que vivem no intestino, seria possível realizar o grande sonho das mulheres e dos homens modernos: comer e beber à vontade sem engordar?
Pode parecer uma ideia mirabolante, mas faz algum sentido. Há muito tempo os criadores sabem que adicionar pequenas doses de antibióticos à ração faz o gado engordar e que o efeito é tão mais evidente quando mais cedo começa o tratamento dos bezerros.

Se com o gado ocorre esse fenômeno, será que os antibióticos receitados às crianças, desde a descoberta da penicilina, não estariam implicados na epidemia de obesidade que se dissemina pelos cinco continentes?

No último Congresso Internacional sobre o Microbioma Humano, em Vancouver, no Canadá, Martin Blaser, da Universidade de Nova York, apresentou um trabalho comparando dois grupos de ratos criados em condições comparáveis: o primeiro recebeu diariamente doses baixas de antibióticos, enquanto o segundo não foi medicado. No final, os ratos alimentados com antibióticos tinham flora intestinal com menor diversidade do que os outros, pesavam 15% mais e acumulavam 25% mais gordura no fígado (esteatose hepática).

Pesquisadores do consórcio Meta-HIT que se dedicam a investigar a relação entre as condições de saúde e os genes bacterianos presentes no intestino humano, compararam os genes das bactérias presentes nas fezes de 177 dinamarqueses magros com aqueles detectados em 122 conterrâneos obesos ou com excesso de peso. Enquanto as fezes da maioria dos participantes continham cerca de 600 mil genes bacterianos diferentes, pelo menos um terço dos obesos apresentavam ao redor de 360 mil, indicando menor biodiversidade.

Foram identificadas seis espécies de bactérias cuja presença ou ausência permitia predizer em mais de 80% dos casos se pertenciam à flora intestinal de uma pessoa magra ou gorda, enquanto a análise dos fatores genéticos predisponentes à obesidade possibilitava prever com acerto apenas 58% das vezes.
O que não está claro é se as diferenças encontradas entre os microbiomas intestinais são a causa ou a consequência da obesidade, ou se representam fatores que apenas contribuem para que ela se instale.
Ainda levará tempo para surgir um iogurte rico em bactérias capazes de emagrecer sedentários que bebem sem moderação e comem tudo o que lhes oferecem.

WALTER CENEVIVA - O futebol e seu preço


O futebol e seu preço
WALTER CENEVIVA 
FOLHA DE SÃO PAULO - 04/06/11

Atrasar as obras tem sido forma de causar ansiedade pelo seu término e facilitar os valores sobrefaturados 

O SECRETÁRIO-GERAL da Fifa (Federação Internacional de Futebol Associado), Jérôme Valcke, disse que o Qatar "comprou" o direito de sediar a Copa do Mundo de 2022.
Tentou corrigir-se, mas as emendas posteriores de Valcke só pioraram a situação, nesses tempos em que a Fifa e outras entidades ligadas ao futebol e alguns de seus próceres mais destacados são envolvidos em denúncias de subornos pagos e até de subornos devolvidos.
Nesse panorama se desenvolvem preparativos para a Copa do Mundo, que o Brasil concordou em realizar. Há milhões a serem gastos em obras necessárias (aeroportos e estradas, por exemplo), mas outras parecem destinadas a gerar "elefantes brancos", como já se viu na África do Sul e no Rio de Janeiro, para os Jogos Panamericanos.
O leitor deve saber de outro lado dessa questão: atrasar obras tem sido forma de agitar a ansiedade pelo término delas e, assim, facilitar o sobrefaturamento. O estouro dos orçamentos não pode ser visto como fato corriqueiro.
O precedente governador de São Paulo e o prefeito desta capital garantiram que nem um real sairia dos cofres públicos para assegurar jogos por aqui.
Quando há isenções fiscais concedidas, os milhões nem mesmo entram nos cofres públicos. O Corinthians não quer a expansão de mais 20 mil lugares que depois não terá como preencher e da manutenção no novo estádio. Alguém vai ter que pagar a conta.
A maior parte do povo quer a sede da Copa do Mundo, mas tem o direito de saber se tanta despesa no esporte profissional é legal.
Ocorre que a Constituição aceita o patrocínio de certames esportivos, mas ninguém duvida que a seguridade social, com saúde, previdência e assistência social, é mais importante para seus usuários, mesmo que os gastos com a Copa sejam todos honestíssimos.
Se o dinheiro a desembolsar em obras para um único evento do futebol fosse aplicado em hospitais, centros de saúde, na assistência aos seus segurados, aposentados, beneficiários do SUS (artigos 194 a 204 da Constituição) e em moradias para todos, seria melhor.
Os recursos reduzidos da escola pública não permitem preparar o aluno para os embates da vida. Por isso mesmo cada brasileiro tem, mais que o direito, o dever de estar atento e emitir sua opinião a respeito, individualmente ou em seu grupo social, porque no fim de tudo o dinheiro sai mesmo de nosso bolso.
As atuais pressões de gastos visam o esporte profissional, mas a Constituição privilegia a educação, direito de todos (artigos 205 a 214) e a cultura (215 e 216) e, ao tratar do desporto afirma a prioridade do esporte educacional e amador.
O mesmo se diga de verbas para ciência e para a tecnologia, essenciais na melhora da vida do brasileiro. Apesar dessa ordem de preferências, nem as verbas dos Jogos Olímpicos competem com o futebol.
O povo, tendo o pão e circo do futebol, vai sentir-se feliz, dizem os espertos. Não basta. Antes temos de saber se as entidades do futebol merecem confiança, na aplicação das verbas públicas e se é equilibrada a divisão dos recursos oficiais com outros interesses da população.
Na esfera federal, a presidente Dilma deve evitar concentração excessiva dos recursos em um segmento da sociedade em detrimento de todos os outros.

JOSÉ SIMÃO - Palofi, o pepino contaminado!


Palofi, o pepino contaminado! 
JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SÃO PAULO - 04/06/11

Brasil joga com a Holanda. O time dos laranjas. Ótimo. Se tem uma coisa de que o Brasil entende é de laranja

BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República!
E mais dois predestinados. Direto de Dourados (MS), o cirurgião plástico Valdir FUZIL! Só atende canhão! E o personal trainer da Gretchen: Alexandre MANGUEIRA! Rarará!
Quando nasceu, a mãe falou: "Meu filho, você vai se chamar Alexandre Mangueira e vai bombar a Gretchen". E quem se casa com a Gretchen é bundão? Rarará!
E o Neymar é santista ou bambi? "Após perder o anel no banheiro, Neymar se apresenta". Rarará! Neymar vai pra balada e perde o anel no banheiro! Rarará!
E a manchete do Sensacionalista: "Convocação de Palocci surpreende o Neymar: em que time ele joga mesmo?". No time dos 20! O Palocci é que é o verdadeiro pepino contaminado! Avisa pro mundo pra não comer o Palofi! Rarará!
E o chargista Neo Correia: "Como é que a Dilma vai carregar o Palocci se ele tá 20 vezes mais gordo?".
E atenção! Hoje amistoso em Goiânia. Brasil x Holanda. O time dos laranjas. Ótimo. Se tem uma coisa de que o Brasil entende é de laranja. E a Holanda não usa ônibus. Usa van! Vem jogar de van: Van Piersie, Van der Wiel, não confirmados Van Bommel e Van der Vaart. E o técnico: Van Marwijk. Tá faltando um: o VAMPETA! E a WANderléa!
E quem vai transmitir? O Galvão Urubueno? A Foca da Disney? Tá mais rouco que a foca da Disney. Rarará!
E o estádio do Corinthians. Sabe por que eles estão com problema de grana? Porque as notas manchadas de caixas eletrônicos explodidos não serão ressarcidas. Rarará!
Os corintianos estão precisando urgente de um estádio. Pra pichar. E é o estádio com mais nomes: Gambazão, Diferenciadão, Fielzão, Ateuzão, Lulão, Maloqueirão, Faixa de Gaza e Arena Mãos ao Alto!
O Brasil é Lúdico! Existe uma cidade no Rio Grande Norte chamada São Miguel do Gostoso. Santo sexy!
E olha a placa: "Aqui se faz GOSTOSO, bem-vindo". E esta faixa em Taubaté: "Mirian Regina, pastora, escritora e profeta de Deus! Faltam 30 dias pro mundo acabar".
Mas o mundo não pode acabar. Porque o Sarney ainda tem 50 mandatos pra cumprir. Rarará!
E esta placa de cão bravo: "Cuidado! Hot Vale!". Rarará! O Brasil é lúdico. Nóis sofre, mas nóis goza!

MERVAL PEREIRA - Sem convencer


Sem convencer 
MERVAL PEREIRA
 O GLOBO - 04/06/11

A entrevista do (ainda) ministro Antonio Palocci ao "Jornal Nacional" ontem não melhorou sua situação e esgotou sua capacidade de dar explicações à opinião pública, coisa que, aliás, ele acha que não precisa fazer.
Ele se declarou mais preocupado com as eventuais consequências para as empresas a que prestou "consultoria" do que com os prejuízos para o governo brasileiro que sua atividade dupla como político e "consultor" poderia ter causado.
A insistência em não apresentar as empresas atendidas por sua empresa mostra que ele se considera dispensado de revelar ao público a que serve como membro do governo os detalhes de sua atividade.
Alegou Palocci que todas as informações detalhadas foram encaminhadas aos órgãos públicos controladores, como a Procuradoria-Geral da República ou o Conselho de Ética do governo.
E a decisão que eles tomarem deve ser acatada pela opinião pública, sem mais discussões.
Não passa pela cabeça do (ainda) ministro que, sem que seja revelado exatamente para que tipo de empresas ele trabalhou, e que "consultas" deu, não se pode ter certeza de que não houve tráfico de influência.
Quando diz que é preciso ter boa-fé na discussão política, Palocci pede que o cidadão comum se convença de que não existe tráfico de influência no governo, em qualquer governo, e que servidores públicos de posse de informações privilegiadas não têm que ser vigiados pela opinião pública porque, em princípio, todos são sérios e honestos.
Infelizmente, a nossa História recente registra inúmeros exemplos de uso de informações privilegiadas que não justificam uma atitude de boa-fé cega.
Ainda mais com tantos milhões envolvidos em tão poucos anos.
Não é razoável que o (ainda) ministro Palocci peça à opinião pública que confie em suas palavras e não se impressione com o formidável faturamento de sua empresa de "consultoria", que supera o de outras empresas muito mais tradicionais no ramo.
A insistência de Palocci quanto à legalidade das atuações de sua empresa de "consultoria" parece uma tentativa de desviar a atenção das acusações mais graves, pois em nenhum momento discutiu-se alguma ilegalidade fiscal, e nem mesmo ilegalidade formal de sua atividade dupla de "consultor" e deputado, permitida por uma legislação que só não é revogada porque é dos interesses dos parlamentares que fique como está.
O que se discute na atividade de Palocci é que ele precisa provar que não usou as informações internas que tinha, sobretudo quando já era coordenador da campanha da candidata oficial Dilma Rousseff, para orientar seus clientes.
Por mais que tenha se destacado como ministro da Fazenda, o médico Antonio Palocci não tem conhecimento técnico suficiente para dar conselhos sobre investimentos ou fusões e aquisições.
Ou pelo menos teria competidores mais bem aparelhados tecnicamente para essa tarefa.
Sua farta remuneração, incluída aí uma "taxa de sucesso" que parece altamente discutível, parece muito mais consequência das suas relações dentro do governo, mesmo depois de ter saído do Ministério da Fazenda, do que de seus conhecimentos econômicos.
Palocci alegar que, quando estava na campanha de Dilma Rousseff, exercia um papel político, e não na área econômica, é puro diversionismo.
Também na campanha de Lula em 2002, sua função nada tinha a ver com a economia até ser indicado como ministro da Fazenda.
Ele era o que sempre foi, um articulador político altamente competente e eficiente por seu relacionamento pessoal com Lula e sua história dentro do PT.
Sua indicação para a área econômica, portanto, foi uma decisão política de Lula para indicar que um homem de sua confiança estaria à frente da economia, garantindo a continuidade da política de controle da inflação e equilíbrio fiscal.
Foi na prática que ele foi aprendendo os segredos do ofício e teve a sensatez de ouvir pessoas adequadas, como o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga e o ex-ministro da Fazenda Pedro Malan, e convocar para sua equipe técnicos competentes, mesmo que ligados historicamente a governos tucanos.
No governo Dilma, o fato de ele estar no comando da chefia do Gabinete Civil nunca o impediu de dar sugestões na área econômica, e seria risível afirmar que o governo abriria mão de sua "consultoria" na área econômica, tão valorizada pelo setor privado.
O (ainda) ministro Palocci revelou, desta vez à "Folha de S. Paulo", que não entrou em detalhes com a presidente Dilma sobre sua empresa de "consultoria" e, portanto, não revelou a ela quais seus clientes e que tipo de "consultas" produziu tanto dinheiro.
Fica a sensação de que ele não teve a exata noção do risco político que sua atividade privada poderia produzir, ou não quis entrar em detalhes justamente porque sabia o grau de periculosidade política.
Dizer, como cansou de repetir, que a ética é regulada por decisões burocráticas que ele seguiu à risca chega a parecer um deboche.
Não há alguém que pense que um político experiente como Antonio Palocci atuasse no ramo de "consultoria" à margem da lei explicitamente.
O que está em discussão é a obrigação de um político, especialmente poderoso como Palocci, de exibir comportamento idôneo e evitar conflitos de interesse mesmo que eles não sejam previstos pela legislação.
É o caso, por exemplo, do período em que ficou trabalhando como "consultor" e ao mesmo tempo coordenador da campanha da candidata oficial.
De quantas reuniões de trabalho Palocci não terá participado em que se discutiram medidas econômicas futuras que poderiam ter impacto nas empresas que o contrataram?

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE


Malpassado
SONIA RACY

O ESTADÃO - 04/06/11

Apesar das operações do JBS-Friboi não serem tão afetadas com o embargo da carne brasileira pela Rússia, Wesley Batista defende rapidez na solução do problema. Em conversa com a coluna, o dirigente do maior complexo frigorífico do mundo atesta não ter recebido qualquer notificação oficial sobre o assunto: "Li nos jornais".

E não arrisca um palpite sobre o porquê da retaliação russa, se é política ou técnica.

A sanção atinge três unidades do Friboi. Mas como outras oito continuam podendo vender para lá, as exportações da empresa não devem ser afetadas.

Malpassado 2
Para o setor de suínos, entretanto, a medida terá efeito bomba a partir do dia 15. "Dos 21 frigoríficos habilitados para vender à Rússia, sobrou apenas um", conta Pedro de Camargo Neto, presidente da associação dos exportadores de carne suína.

Freio de mão

O Corinthians guarda uma carta na manga na construção do Itaquerão. A cada etapa da obra, o clube tem o direito de fazer tomada de preços no mercado. E mostrar a tabela de valores à Odebrecht, que terá que se posicionar.

Tudo para o estádio sair pelo menor preço possível e Lula, torcedor alvinegro, ficar feliz.

Pelo ladrão


Mal intencionados têm um destino imprevisto para as cédulas manchadas por tinta de dispositivo antifurto, agora sem valor segundo o Banco Central: máquinas de refrigerantes, lanches, livros. O aparelho de recarga do metrô paulistano, por exemplo, aceita notas de até R$ 50.

Indagado, o BC diz que a questão é da PF. E vice-versa.

I love you


A Confederação Nacional do Lojistas prevê um Dia dos Namorados gordo. Acreditam que as vendas vão crescer 10%, com aumento de 20% no tíquete médio, calculado em R$ 120.

Mas se a vontade de gastar cresceu, a imaginação, não. Espera-se que os presentes preferidos sejam sem surpresas: perfumes, joias, roupas e calçados.

Gesto democrático


Ana de Hollanda resolveu abrir para consulta pública a discussão sobre os direitos autorais na internet. A ideia do Minc é traçar até o fim do ano os contornos da lei que regulará o que já está no ar e novas publicações na rede.

Bola na rede


Péter Esterházy, estrela da Flip, tem o Brasil "marcado". Seu irmão, exímio jogador de futebol, fez gol pela Hungria contra o Brasil, em 1985. Detalhe: o escritor jura que joga ainda melhor que o caçula.

Pé quente?
Depois da carona de avião que deu para diretoria santista até Assunção, onde o time se classificou para a final da Libertadores, Guilherme Leal refez a agenda. Estará nos próximos jogos e sonha com a Copa em Tóquio.

Plugados

Líderes em sustentabilidade valorizam o tempo. Em encontro, anteontem, no Cine Livraria Cultura, nenhum dos dez participantes avançou além dos seus 15 minutos para falar sobre sua contribuição a favor do Planeta.


Na frente


Michael Bloomberg, prefeito de NY, expressou desejo em fazer doação generosa para alguma entidade filantrópica brasileira. Em jantar na casa do publicitário Alan Strozenberg, anteontem.

A pousada Estrela D"água, em Trancoso, vive dias de Hollywood. Estão por lá Emma Thompson e o marido,Greg Wise, e Juliana Overmeer com Donald Rosenfeld.

Depois de fechar parceria com a CBF, Jean-Marc Jacot, da Parmigiani, desembarca em Sampa para assistir Brasil e Romênia, terça, no Pacaembu.

Floriano Pesaro vai aderir a campanha Eu dou sangue por São Paulo, que será lançada em todo o Estado amanhã. Faz a sua parte sexta, na Fundação Pró-Sangue, do Hospital das Clínicas.

MÍRIAM LEITÃO - Dois tempos


Dois tempos
MIRIAM LEITÃO
O GLOBO - 04/06/11
O PIB cresceu mais no primeiro trimestre do que no último do ano passado, mas a economia está desacelerando como queria o Banco Central quando apertou o crédito e elevou os juros. E ele fez isso exatamente para reduzir o passo e conter a inflação. Nos Estados Unidos os esforços para a criação de emprego não estão funcionando. O desemprego aumentou para 9,1%.

O crescimento no Brasil nos últimos quatro trimestres caiu de 7,5% para 6,2%, apesar de o primeiro trimestre deste ano ter crescido 1,3%, mais do que o ritmo do último do ano passado, que foi 0,7%. Quando se contar em gráfico a história do crescimento de 2011 a linha vai mostrar que no segundo trimestre o ritmo será menor do que no primeiro, no terceiro bem menor, para estabilizar no quarto. A melhor notícia é que o investimento, que tinha crescido apenas 0,4% no último trimestre de 2010, voltou a acelerar e cresceu 1,2%.

O Brasil vive a discussão sobre como e quanto reduzir o ritmo do crescimento para conter a inflação elevada pelo excesso de gasto público durante a eleição de 2010. Nos EUA, vive-se a discussão sobre o que fazer para elevar o PIB, estimular a confiança das empresas para que elas possam recontratar. Com mais emprego, as eleições presidenciais de 2012 acontecerão num ambiente mais favorável a Obama. Segundo o "New York Times", desde Franklin Delano Roosevelt nenhum presidente foi reeleito com o desemprego acima de 7,2%. A taxa está em 9,1% e ninguém acredita, nem os assessores econômicos do presidente Barack Obama, que ela possa cair substancialmente até as eleições. Ele será o primeiro, deste o mítico FDR, a testar este limite estatístico.

As empresas americanas estão demitindo menos, mas estão criando pouco emprego. Vinham criando 220 mil vagas por mês nos últimos dois meses mas em maio criaram apenas 54 mil. E mesmo em abril, que teve um desempenho melhor, 13,7 milhões de americanos procuraram emprego e não encontraram. O tempo para encontrar trabalho está ficando mais demorado. Milhões de americanos estão ficando desanimados de procurar porque quanto maior o tempo de desemprego, mais difícil é reinserir-se no mercado, segundo estudos citados pelo "NYT". Vários indicadores mostram que o ritmo da economia americana está piorando, depois de pequena melhora, entre outros motivos por causa do tsunami no Japão. Várias cadeias produtivas estão sendo afetadas, como se temia, pela falta de peças que são produzidas na área atingida pelo terremoto, tsunami e desastre nuclear. As indústrias automotiva e de eletrônicos têm sentido isso.

No Brasil a transição de um ritmo superquente para outro menos quente tem ocorrido com sinais contraditórios. Esta semana saiu um dado péssimo para a indústria, queda de 2,1% em abril. Vários setores começam a se inquietar com a queda da demanda. Mas o varejo comemora números fortes. Entrevistei na Globonews o presidente do Instituto de Desenvolvimento do Varejo, Fernando de Castro, e o presidente da Nielsen, Eduardo Ragasol. Os dois estão otimistas com as perspectivas de curto e longo prazos do varejo. Segundo Fernando de Castro, o varejo deve crescer este ano 8%, bem acima do PIB. Esta tem sido a constante nos últimos anos e ele disse que o varejo que hoje representa 15% do PIB vai ter uma fatia cada vez maior. Ragasol acha que o grande motivo desse avanço é a soma das mudanças positivas que aconteceram no Brasil nos últimos tempos e que incluíram mais consumidores na classe média. Segundo ele, que é mexicano, isso está acontecendo em todos os países da região, exceto Venezuela e Argentina. Nestes dois, a inflação tem subido: "A inflação é veneno para a economia", disse.

No mundo inteiro os índices subiram neste começo do ano pelo impacto das commodities que se elevaram, principalmente o petróleo, por causa dos acontecimentos do Norte da África. No Brasil havia outros fatores determinantes da alta, como o excesso de demanda, os gastos públicos e resquícios da indexação. Nos próximos meses a taxa ficará bem mais baixa, mas o setor de serviços ainda está com inflação acima de 8%. Nada no entanto se compara aos absurdos que estão acontecendo na Venezuela e na Argentina em termos de inflação. Por isso eles estão fora da festa que está ampliando a classe média no continente; porque estão permitindo a alta dos preços.

Um dos problemas que estão preocupando a indústria atualmente é a queda do dólar. Mas isso tem a ver mais com a política monetária americana. Para tentar reavivar a economia e reduzir a taxa de desemprego o governo americano recomprou títulos públicos para jogar mais dinheiro na economia. Essa é uma das razões da queda da moeda americana em relação à maioria das moedas do mundo. A indústria brasileira diz que assim não consegue competir. Fernando de Castro afirma que o diferencial de preço de alguns produtos é muito maior do que se supõe que seja a defasagem do dólar:

- Imagine que o dólar suba 20%. Alguns produtos têm diferença de preço de 50%.

Com a desaceleração do PIB, a tensão entre indústria e varejo vai aumentar. Nos EUA, os próximos 18 meses serão de queda de braço político, e a taxa de desemprego jogará um papel fundamental.

EDUARDO GRAEFF - Venezuela 2012


Venezuela 2012
EDUARDO GRAEFF

O Estado de S.Paulo - 04/06/11

Há eleição presidencial marcada para 2 de dezembro de 2012 na Venezuela. É a chance de um reencontro pacífico do país com a democracia. Hugo Chávez é candidatíssimo, claro. Não mostra a menor disposição de passar o poder aos "inimigos", como trata todos os que não estão do lado dele. Mas a oposição está se preparando para ganhar e levar. Sabe das arbitrariedades que tem sofrido e vai sofrer, mas aposta na sua própria unidade e no cansaço dos venezuelanos com 14 anos de "socialismo bolivariano". Não vai repetir o erro de 2005, quando desistiu de participar das eleições parlamentares.

Três jovens militantes e uma deputada da oposição venezuelana estiveram em São Paulo recentemente. Fui ouvi-los no Instituto Fernando Henrique Cardoso (iFHC). Falaram da crise econômica e política em que seu país está mergulhado, da sua luta para renovar, ampliar e unificar as forças de oposição, dos desafios que veem pela frente de uma Venezuela democrática. E deixaram um apelo: que nós, brasileiros, ajudemos a garantir a limpeza da eleição e respeito ao seu resultado.

A crise econômica é profunda. Como é que o país dono das maiores reservas de petróleo do mundo conseguiu arruinar a sua economia enquanto o preço do barril de petróleo ia às nuvens? Chávez rompeu contratos, expropriou e afugentou investidores privados do setor petrolífero e sucateou a estatal PDVSA. Resultado: hoje a Venezuela exporta um sexto do petróleo que exportava há 60 anos, em termos per capita. E a fatia do petróleo no total das exportações, que já foi cerca de 70%, subiu para 95%, porque a indústria e a agricultura também foram sucateadas a golpes de expropriação e intervenção arbitrária. Idem a infraestrutura: estradas esburacadas, pontes desabando, apagões de energia elétrica. Proezas do socialismo, bolivariano ou não.

Os serviços públicos essenciais de saúde, educação e segurança pública foram pelo mesmo caminho. Os homicídios na capital, Caracas, chegam a 210 por 100 mil habitantes - na cidade de São Paulo, para ter um parâmetro de comparação, esse índice caiu recentemente abaixo de 10 por 100 mil, que ainda é alto, mas considerado suportável pelos padrões internacionais. Autoridades da União Europeia estimaram que metade da cocaína que chegou à região em 2010 passou pela Venezuela. Os tentáculos do narcotráfico envolvem a polícia e penetram nas Forças Armadas venezuelanas.

Chávez fechou emissoras de rádio e de televisão "inimigas" - quer dizer, independentes - e fala sem parar nos veículos "amigos", persegue opositores, reprime protestos, mas não consegue tapar o sol com a peneira. Sua popularidade vem caindo, dando alento a uma nova geração de ativistas e políticos democráticos. Nas eleições parlamentares de 2007 a oposição teve maioria dos votos populares, embora o chavismo, por artifícios legais, tenha mantido maioria do Legislativo. A chance de uma virada em 2012 é real.

O descalabro do "socialismo bolivariano" facilita a tarefa dos oposicionistas de se porem de acordo sobre a alternativa, pelo menos em suas linhas gerais: eles querem liberdade, democracia, um ambiente que incentive a livre empresa, em vez de criminalizá-la, e políticas de efetiva proteção e inclusão social. Nada muito diferente de uma receita que parece dar certo no Chile e no Brasil, para tomar dois exemplos próximos. Sabem, é claro, que terão enormes dificuldades para reconstruir o país segundo essas diretrizes. Apostam para isso na integração com a América Latina, o Mercosul incluído, e veem com bons olhos a liderança do Brasil na região.

O que eles não veem com bons olhos, nem entendem, é o modo como o governo de Lula jogou o peso dessa liderança para legitimar o chavismo. Afinidade ideológica? Difícil compreender isso, quando as opções econômicas e políticas do Brasil nos últimos 20 anos lhes parecem o oposto das da Venezuela chavista. Vá-se tentar explicar a eles a ambiguidade da relação de Lula e seu partido com a "herança maldita" de Fernando Henrique Cardoso... Interesses econômicos? Eles sabem dos bons negócios de empresas brasileiras em seu país. Põem alguns na conta dos maus negócios para a Venezuela que Chávez, por trás da retórica populista e nacionalista, fez com vários países. Mas acreditam que isso é uma fração pequena do que pode render uma parceria equilibrada do Brasil com uma Venezuela estável e em crescimento sustentado.

Integração econômica, sim, mas baseada em quais valores permanentes? Essa é a pergunta que a Venezuela democrática nascente faz à liderança emergente do Brasil.

Em 2006, quando a oposição venezuelana lutava para renascer das cinzas, teve de ouvir Lula dizer, numa visita oficial, que "Chávez é o melhor presidente que a Venezuela teve nos últimos cem anos". A última coisa que essa oposição quer é uma reprise disso na reta final para a eleição de 2012.

Mas os jovens que ouvi no iFHC esperam algo mais que neutralidade do Brasil: esperam atenção, não para interferir no processo eleitoral, mas para garantir que ele chegue a bom termo. A oposição vai pedir o envio de observadores internacionais para acompanhar as eleições venezuelanas. Parece pouco, mas pode significar a diferença entre o impasse e uma transição pacífica para a democracia. Como a diplomacia brasileira responderá a esse pedido?

Dos brasileiros sinceramente democratas os venezuelanos merecem solidariedade ativa. Dados os antecedentes do governo Lula, alguma pressão interna parece mais do que oportuna para levar o nosso Congresso Nacional e o Poder Executivo brasileiro a, desta vez, fazerem a coisa certa em relação aos nossos vizinhos.

CIENTISTA POLÍTICO, FOI SECRETÁRIO-GERAL DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA (GOVERNO FHC)

CESAR MAIA - Pontos fora da curva


Pontos fora da curva
CESAR MAIA
Folha de S. Paulo, 04/06/11

A política tem tendências de longo prazo que se expressam, em números aproximados, nos processos eleitorais.


Nas eleições de 1947, por exemplo, PTB e PCB -partidos ligados ao “trabalhismo”- somaram uns 12% dos deputados federais. Nas eleições seguintes, foram crescendo progressivamente, até que em 1962 o PTB tornou-se o principal partido, com uns 30% dos deputados federais.

O golpe de 1964 interrompeu esse processo, mas apenas provisoriamente. Com a redemocratização, o “trabalhismo” retornou com cara própria -com o PDT e o PT, inicialmente. E esse processo se repetiu: partindo praticamente de uns 10% dos deputados federais, seu crescimento foi permanente. A diferença é que agora o “trabalhismo” é muito mais pulverizado.

O PT tem 16,5% dos deputados, e a este somam-se PDT, PSB, PC do B, PSOL… para chegar aos mesmos 30% ou pouco mais.

Quem olha as correntes abaixo da linha do mar ou a floresta de cima perceberá essas tendências. Mas há eleições que são pontos fora da curva. Por exemplo, a do Plano Cruzado de 1986, quando o PMDB elegeu todos os governadores, menos o de Sergipe, e 52% dos deputados federais.

Quem pensou que tal eleição lançava uma nova tendência, se deu mal.

Dois anos e meio depois, Fernando Collor vencia as eleições presidenciais disputando com Lula o segundo turno. Brizola foi o terceiro candidato mais votado. Em 1990, o PMDB passava a ter 20% dos deputados federais.

A eleição de 2010 é outro ponto fora da curva. Um presidente mitificado, entrando no processo eleitoral como fator exógeno, gravando “telemarketing”, aparecendo na TV, inventando sua candidata a presidente e elegendo-a, pedindo votos aos seus e contra os adversários, num processo nunca visto nas democracias maduras. Ele levou o que queria: a máquina presidencial.

Mas, para não ter riscos, foi cedendo espaço nos Estados para seus parceiros. O PT fez 16,5% dos deputados federais, cinco governadores -só dois em Estados mais importantes: Bahia e Rio Grande do Sul.

Portanto o ponto fora da curva pela popularidade do presidente em 2010 deixou fundações tão frágeis quanto em 1986 -quando, depois, ocorreu o que ocorreu.

Em 2012 e em 2014, o processo eleitoral voltará à normalidade. Isso não quer dizer que uma ou outra força política se beneficiará. Apenas que não haverá fator exógeno. O custo dos artificialismos para ganhar parceiros já está sendo cobrado e as eleições serão competitivas.

Todos estão no jogo. Perdedores serão aqueles que se agarrarem naquele ponto fora da curva de 2010. Cairão como aqueles que caíram depois de 1986. O PMDB parece ter aprendido a lição.

MÔNICA BERGAMO - PALOCCI AO MAR


PALOCCI AO MAR
MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SÃO PAULO - 04/06/11

A presidente Dilma Rousseff falou mal de Antonio Palocci para pelo menos dois interlocutores muito próximos. Segundo disse, o ministro da Casa Civil jamais deu a ela informações completas sobre sua consultoria, que faturou R$ 20 milhões só em 2010. Ele teria dito apenas que tinha uma "empresinha", já desativada.

QUE SURPRESA!
Os comentários de Dilma se afinam com os de líderes do PT, que nos bastidores afirmam que jamais tiveram ideia de que Palocci era um consultor tão bem-sucedido.

MELHORES AMIGOS
Acompanhando Lula no tour pela América Latina, José Dirceu (por sinal, desafeto de Palocci) esteve com o ex-presidente em quase todos os compromissos em Cuba e na Venezuela-inclusive num café da manhã com os maiores empresários venezuelanos, anteontem. Nele estavam também Emílio e Marcelo Odebrecht, da empreiteira brasileira que tem obras no país de Hugo Chávez.

DO PEITO
O cantor Jair Oliveira, 36, fará show para comemorar seus 30 anos de carreira, em julho, no Auditório Ibirapuera. O repertório incluirá sucessos do grupo Balão Mágico, quando ele era Jairzinho.

ONZE E MEIA
E Jô Soares vai trocar de lugar com Marcelo Tas: será entrevistado pelo apresentador do "CQC" na próxima quarta, quando receberá o título de professor honoris causa na faculdade Belas Artes.

GREVE DE PROFESSORES
Uma placa na estação Jabaquara do metrô, anteontem, avisava aos passageiros, com erro de português, sobre a greve dos trens da CPTM: dizia que a circulação estava "paralizada" -com "z" no lugar do "s".

CHÁ DE SENHORAS
O secretário estadual do Esporte, Jorge Pagura, vai levar as mulheres dos presidentes dos clubes de SP (como Pinheiros, Paineiras, Paulistano e Hebraica) para tomarem chá da tarde com a primeira-dama, Lu Alckmin. Ela pedirá apoio para a Campanha do Agasalho.

NOVA CASA

A diretora Camila Faus, que tem no portfólio comerciais de Brahma, Bob's e Grendene, é a nova contratada da Spray Filmes, de Fernando Grostein Andrade e Fernando Menocci.

PRESO AO TRABALHO
A Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de SP) fará um evento para incentivar 400 empresários a empregar detentos e ex-detentos. A reunião para apresentação do programa Começar de Novo, do Conselho Nacional de Justiça, será em setembro.

LIMPANDO O BAÚ
A Anvisa vai jogar fora mais de 280 mil arquivos, datados de 1951 a 2005, que já caducaram. Se a papelada fosse empilhada, formaria uma montanha de 1,3 quilômetro de altura.

LEOA
Caetano Veloso cantou "Leãozinho" para a modelo Bárbara Fialho desfilar no programa "Altas Horas", da Globo, que vai ao ar hoje. No fim, Bárbara disse: "Foi o dia mais feliz da minha vida".

ITÁLIA UNIDA
O Consulado da Itália comemorou os 150 anos da unificação do país com festa no Theatro Municipal de SP, anteontem. A cantora Mafalda Minnozzi e o tucano José Serra foram recebidos por Marco Marsilli, cônsul da Itália na cidade.

CURTO-CIRCUITO

O Ministério da Justiça abrirá na segunda o primeiro Núcleo de Justiça Comunitária em SP, em São Bernardo.

Começa hoje bazar do estilista João Pimenta, na Vila Madalena, com até 70%.

Zeca Pagodinho se apresenta nos dias 17 e 18 de junho no Citibank Hall do RJ às 22h. Classificação: 15 anos.

A galeria Marilia Razuk abre hoje às 11h mostra do artista Vanderlei Lopes.

Celso Lafer dará palestra hoje às 21h na CIP (Congregação Israelita Paulista).

com DIÓGENES CAMPANHA, LÍGIA MESQUITA, THAIS BILENKY e CHICO FELITTI

ROBERTO RODRIGUES - Dois movimentos


Dois movimentos
ROBERTO RODRIGUES

FOLHA DE SÃO PAULO - 04/06/11


No país, mais investidores visam o agronegócio; no exterior, outros países aumentam a área plantada


INFORMAÇÕES divulgadas recentemente apontam para o crescimento do padrão tecnológico na safra brasileira de 2011/2012: haverá novo recorde na venda de fertilizantes, a procura por sementes também está crescendo e foi grande a venda de máquinas e implementos agrícolas na Agrishow e em feiras similares.
Todos são indicativos claros naquela direção e também sinalizam para um possível aumento da área plantada, especialmente em pastagens degradadas.
Tudo isso resulta do maior estímulo para a produção rural, que é o bom preço das commodities em geral. Mas não se trata apenas de uma posição dos agricultores tradicionais do Brasil.
Dois outros movimentos muito nítidos vão se delineando, um aqui e outro no exterior.
Internamente, vem crescendo o interesse de investidores de fora do setor rural pela produção agropecuária. Esse fato não se baseia apenas nos altos preços atuais que, de resto, como era previsto, já começaram a cair, ainda que suavemente.
Tais agentes são operadores de fundos ou companhias de investimentos que, finalmente, deram-se conta de que a terra agricultável disponível no planeta não vai aumentar muito, que a demanda por produtos do campo -alimentos, fibras, energia e seus subprodutos- vai crescer, de modo que esses ativos (terra e produtos) passaram a atrair muito mais do que outros, até porque entre esses outros houve perdas espetaculares na famosa crise financeira de 2008/2009.
De qualquer modo, é de olho nesse horizonte de longo prazo que tais capitais buscam o campo. E aí tem de tudo: aqueles que esperam se beneficiar com a valorização imobiliária em determinado prazo, aqueles que desejam montar um projeto produtivo para depois abrir o capital ou simplesmente vendê-lo e aqueles que querem entrar para valer, inclusive já projetando a agregação de valor via agroindústrias ou tradings.
Em todos os casos, no entanto, o investidor deseja resultados rápidos, mesmo se o investimento for um negócio meramente imobiliário e precisa produzir bem. E isso tem uma importante consequência: a atividade deve ser lastreada em dois pilares essenciais: tecnologia e gestão.
Os gestores contratados utilizam os mais modernos mecanismos de produção sustentável, com respeito ao ambiente e preocupação social.
Isso é muito bom, porque gera um efeito demonstração que se propaga por todo o meio produtivo. E, por outro lado, exige segurança jurídica: ninguém vai investir sem o indispensável aparato jurídico que garanta a estabilidade do empreendimento.
Nesse sentido, a recente votação do novo Código Florestal tem um efeito bastante positivo, porque tira do horizonte a questão da ilegalidade que vinha assombrando nossos produtores.
E isso leva ao segundo movimento já referido, o do exterior, porque o Brasil não é o único país com nova fronteira agrícola por abrir. É de longe o maior (tem 72 milhões de hectares cultivados em todas as culturas e mais 93 milhões por cultivar), mas outros países estão aumentando sua área plantada.
Países africanos e do Leste Europeu estão entre os que mais cresceram ultimamente. Dados do Usda mostram que, de 2007 até este ano, a área plantada com os quatro principais grãos (arroz, trigo, milho e soja) aumentou 5% no mundo todo.
No Leste Europeu, com as ex-repúblicas da União Soviética, o crescimento foi de 12%; nos principais países africanos, de 9%. Só a Ucrânia cresceu 26,7% em suas férteis terras planas. E a Nigéria, 13,1%.
No Brasil, segundo a Conab, a expansão de área plantada será de 7%, acima da média mundial, mas abaixo daquelas outras regiões.
Também nesse capítulo temos muito o que fazer, seja para atrair capitais de fora que queiram investir aqui, seja para evitar que nossos grandes investidores prefiram outras terras.
Segurança jurídica é essencial, como também a nossa velha lição de casa: logística, infraestrutura, acordos comerciais e apoio ao pequeno produtor, que está fora desses movimentos.

RENATA LO PRETE - PAINEL DA FOLHA


Epílogo
RENATA LO PRETE
FOLHA DE SÃO PAULO - 04/06/11

No governo, as entrevistas de Antonio Palocci à Folha e ao "JN" foram vistas como um passo da coreografia de despedida, não como marco de uma improvável recuperação do chefe da Casa Civil. O diagnóstico geral é que ele silenciou por tempo demais sobre seu rápido enriquecimento para poder ser salvo por esclarecimentos tão pouco esclarecedores.
Se o ministro ainda estiver no cargo na segunda, o Planalto sabe que terá pela frente uma nova semana de paralisia e intempéries. Além da ameaça representada pelo iminente parecer do procurador-geral da República, haveria a necessidade de mobilizar todas as forças governistas para derrubar, na terça, a convocação de Palocci para se explicar na Câmara.

Resistência 

O DEM já avisa que, se o presidente da Casa, Marco Maia (PT-RS), mandar repetir na Comissão de Agricultura a votação que havia convocado Palocci, o deputado Lira Maia (DEM-PA) simplesmente se negará a fazê-lo. Além disso, o partido promete levar o caso ao Supremo Tribunal Federal.

Lábia

Comentário de um envolvido na operação para fazer Palocci falar publicamente: "Não houve coerção. Houve convencimento".

Peso 
O que o Planalto ontem mais queria era tirar das costas da presidente a pressão por uma manifestação sobre o caso.

Santinho! 
Quem circulou ontem perto da comitiva presidencial na passagem pelo Rio de Janeiro presenciou ao menos uma cena que registra a falta de paciência da presidente com o seu ministro das Relações Institucionais, Luiz Sérgio.

Bipolar 
Enquanto integrantes do PSD comemoravam decisão do TSE que afasta a ameaça de punição por infidelidade partidária, o DEM -de longe o mais afetado pela legenda de Gilberto Kassab-, também a enxergava com bons olhos. Mais especificamente o ponto que veda a participação do PSD nas eleições-2012 caso não consiga o registro do estatuto até o início de outubro.

Corrida 
O DEM e outros partidos prometem "inundar" a Justiça com ações para atrasar ao máximo o processo de criação do PSD. O deputado Eduardo Sciarra (SC) rebate: diz que o PSD já tem as quase 500 mil assinaturas exigidas, devendo obter o registro ainda em julho.

Pé de anjo 
Embora o presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, mantenha conversas com o PMDB no sentido da conciliação, o PSB de São Paulo está decidido a recorrer à Justiça para reaver o mandato de Gabriel Chalita, que hoje se filia ao PMDB. Caso o mandato do deputado venha a ser cassado, o ex-jogador Marcelinho Carioca assumirá a cadeira na Câmara.

Bedel 
Expoentes do PT como o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza, também assistirão à filiação. Presidente do diretório paulistano, o vereador Antonio Donato brinca: "Estarei lá para prestigiar o Chalita e também para vigiar os petistas. Que ninguém diga que a gente vai ser vice dele!".

Fumaça 
A recém-criada Coordenadoria Antidrogas do governo de Geraldo Alckmin (PSDB) lançará, como ato inaugural de suas atividades, uma campanha contra a descriminalização da maconha, causa abraçada por FHC em documentário que estreou ontem.

Oremos 
Na segunda versão de seu governo itinerante, o governador de São Paulo concedeu ontem ao Santuário Nacional de Aparecida certificado turístico que permitirá à arquidiocese local acesso a crédito do BNDES para construção de um megaempreendimento hoteleiro nos arredores da basílica.

com LETÍCIA SANDER e RANIER BRAGON

tiroteio
"Houve flexibilização para beneficiar o Paraguai, no contrato de Itaipu. Se pode para o país vizinho, por que aqui não?"
DO SENADOR CASILDO MALDANER (PMDB-SC), lembrando da aprovação da proposta do governo que ampliou o valor pago ao Paraguai pela energia da hidrelétrica para defender a renegociação da dívida dos Estados.

contraponto

Asilo político
Na quarta-feira, ao retonar para o Senado depois de participar do almoço de representantes de seu partido com Dilma Rousseff no Palácio da Alvorada, um peemedebista contava a um colega a justificativa dada pela presidente para a ausência de Antonio Palocci:
-Ela nos explicou que, no mesmo horário, ele tinha uma reunião sobre fronteiras...
Um curioso que passava por perto perguntou:
-Ele já está pensando em deixar o país?

ARTHUR BARRIONUEVO - Regulamentação não deve expandir competição no setor


Regulamentação não deve expandir competição no setor
ARTHUR BARRIONUEVO

FOLHA DE SÃO PAULO - 04/06/11

O Conselho Diretor da Anatel aprovou anteontem três consultas públicas para atualizar a regulamentação de TV a cabo.
Cabe entender se essas mudanças atendem ao interesse público de forma eficiente e se as medidas guardam coerência entre si e com os objetivos de política pública que a sociedade demanda. A mudança da regulamentação objetiva "criar um mercado mais flexível e permeável ao ingresso de novos competidores, em um ambiente de convergência de serviços e interatividade", segundo a Anatel.
Para tanto, introduz o conceito de empresa com poder de mercado significativo, que pode influenciar de forma relevante as condições do mercado em que atua.
Para o estabelecimento de metas, sugere a criação de um índice de cobertura, para definir o percentual de domicílios que devem ter infraestrutura disponível para o serviço em cada área. As prestadoras de TV a cabo com poder de mercado devem atender a um índice de cobertura definido pela Anatel, que consta do instrumento de outorga.
As sem poder de mercado terão obrigações atenuadas e apenas em localidades com população superior a 100 mil habitantes.
O índice de cobertura pode ser revisto a cada cinco anos e não haverá limite ao número de outorgas para prestação do serviço.
Sabe-se que, no momento, a massificação da banda larga é o tema que mais interessa à sociedade, o que só poderá ocorrer com uma combinação de investimento privado, empurrado pela competição, e por incentivos estatais onde isso não for viável.
Daí a estranheza de reestruturar o serviço de cabo antes que banda larga, competição e conteúdo tenham seu quadro definido. Há dúvidas também sobre como essa nova regulamentação se coaduna com "criar um mercado em um ambiente de convergência de serviços e interatividade", se a relação com outros serviços (banda larga e voz) não é considerada.
Mesmo dentro da TV por assinatura, a regulamentação é restrita ao cabo, ignorando a TV por satélite.
E como "criar um mercado mais flexível e permeável ao ingresso de novos competidores", com obrigações pesadas de investimento em cada mercado, quando a maioria dos municípios sem cobertura não viabiliza economicamente novos prestadores? As obrigações sobrecarregarão novos operadores em municípios pequenos, ao mesmo tempo em que permitirão que as teles dominantes entrem em mercados já atendidos, como Rio ou São Paulo, quase sem obrigações, pois não terão poder de mercado nesses locais. Com certeza há muito a discutir sobre a nova regulamentação.
ARTUR BARRIONUEVO é professor de economia da FGV-SP e especialista em concorrência e regulação.

FERNANDO RODRIGUES - Nem em Alfa Centauro

Nem em Alfa Centauro
FERNANDO RODRIGUES
FOLHA DE SÃO PAULO - 04/06/11

Quem já assinou um contrato na vida sabe. É possível romper o acordo a qualquer tempo e época. Paga-se uma multa. 
Em raras ocasiões, negocia-se uma redução da pena. 

O que não existe na natureza é um prêmio para quem rescinde um contrato provocando prejuízo ao contratante. 

Por exemplo, um inquilino informa ao locador que sairá do imóvel e em troca ouve o seguinte: ‘Que bom, vou te dar R$ 1 milhão de prêmio como taxa de sucesso’.

Antonio Palocci foi deputado federal e coordenador da campanha de Dilma Rousseff em 2010. Tinha contratos de consultoria com várias empresas.

Nomeado ministro, encerrou seus serviços. Causou um problema. Os clientes estavam felizes e tendo lucro com os bons conselhos recebidos do petista.

Aí operou-se algo inusitado. Em vez de multa, recompensa. Até outubro de 2010, Palocci tinha faturado R$ 10 milhões. Com Dilma eleita para o Planalto e ele nomeado, embolsou mais R$ 10 milhões.

A Folha quis saber se os contratos rompidos tinham multa rescisória. ‘Os termos de seu encerramento foram ajustados com os clientes’, respondeu Palocci.Muito bem. Que termos foram esses? O ministro não responde. 

É um direito dele. Assim como os 190 milhões de cidadãos brasileiros têm também o direito de inferir que Antonio Palocci não pagou multa por encerrar antes da hora os serviços prestados a um punhado de empresas. Ao contrário, parece ter recebido uma gorda bolada.

Faz sentido. Qual empresário no planeta Terra ou em Alfa Centauro ousaria cobrar uma multa do futuro ministro-chefe da Casa Civil? 

Se tal benemerência não configurar uma relação imprópria, o governo de Dilma Rousseff estará estabelecendo um novo padrão ético e moral na política em Brasília.

Mais detalhes não se sabe. Afinal, como diz Palocci, ‘a confidencialidade é uma praxe em contratos dessa natureza’.

CLÁUDIO HUMBERTO



“Não mudei de posição, ele tem que prestar esclarecimentos”
JAQUES WAGNER, GOVERNADOR DA BAHIA, SOBRE O MINISTRO ANTONIO PALOCCI (CASA CIVIL)

ROMÁRIO COBRA CACHÊ ATÉ PARA APOIAR FILANTROPIA 
O deputado Romário (PSB-RJ) impôs uma condição para comparecer à cerimônia do lançamento da Semana de Combate à Asma, do governo do Distrito Federal: o pagamento de cachê. Ao ser contatada, a assessoria dele explica que o ex-craque tem “três agendas”: a pessoal, a de deputado e a de ex-jogador, e que às vezes elas se confundem. Mas deixa claro que sua presença é condicionada a pagamento.

TOMA LÁ, DÁ CÁ 
Para Romário ir a um evento, a assessoria estuda o programa e depois fixa valor do cachê, e ainda pode exigir passagens e hospedagem.

CÂMARA S/A 
Quem tenta convidar Romário para eventos beneficentes fica achando que tratou com empresários e não com assessores do deputado. 

BOCA AFORTUNADA 
O senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) foi ao dentista e mandou a conta para nós: 
R$ 25.998,96. O estrago devia ser grande.

SORVETE NA TESTA 
A droga de ex-ministro Carlos Minc era esperado ontem em Brasília para a marcha de viciados em maconha. Deve ter esquecido...

CABRAL CONSTRANGE CANDIDATA FRANCESA AO FMI
O governador Sérgio Cabral (PMD) viaja e fala demais: pôs em apuros, diz a imprensa da França, a ministra Christine Lagarde (Economia), candidata no FMI à sucessão do diretor em desgraça, Strauss-Kahn. Após anúncio de empréstimo de € 650 milhões do governo francês ao Rio, Cabral soltou no jantar da Câmara de Comércio Brasil-França, em Paris: “Se eu fosse presidente do Brasil, votava nela.” 

BOCA MALDITA 
Ficou no ar a insinuação de que Lagarde condicionou o empréstimo do governo em troca do voto do Brasil à sua eleição no FMI. Ninguém riu. 

FOGO AMIGO 
Lagarde enfrenta uma acusação na justiça de “abuso de autoridade” por liberar € 285 milhões ao ex-ministro e magnata falido Bernard Tapie. 

FALTOU CONSULTORIA 
A Empresa Brasil de Comunicação, a TV do Lula, bobeou: sairia do traço de audiência com a entrevista “explicativa” do ministro Palocci. 

O POVO NÃO É BOBO?
Em uma das campanhas presidenciais de Lula, o PT colocou no ar uma “TV Povo”, contraponto à Rede Globo, e repetiu à exaustão o slogan “O povo não é bobo, abaixo a Rede Globo”. Mas ao tentar salvar o pescoço de Antonio Palocci, foi à Globo que o PT pediu socorro.

AVE, MEMÓRIA 
Há quase seis anos, em 17 de junho, Lula apareceu no Fantástico, numa entrevista exclusiva gravada em Paris por repórter desconhecida, para explicar o escândalo do mensalão: “Caixa-dois todo mundo faz”. 

PAIXÃO FINANCEIRA 
Tal como as velhas “legítima defesa da honra” ou “a violenta emoção” para crimes passionais, a “cláusula de confidencialidade” é o principal argumento de defesa de Palocci para explicar a súbita riqueza. 

O HOMEM DO CHAPÉU 
Em Goiânia para o jogo contra a Holanda, Neymar revelou um curioso desejo: conhecer o ex-zagueirão do Goiás Sebastião Macalé, hoje advogado e vice-presidente da OAB-GO. Num jogo Santos x Goiás, ele tomou um famoso “chapéu” do rei, registrado no filme Isto é Pelé.

MISÉRIA PALOCCIANA
“Brasil Sem Miséria”, programa lançado nesta quinta, foi mesmo criado à medida para Antonio Palocci, cujo patrimônio multiplicou vinte vezes em apenas quatro anos. Palocci é o retrato do Brasil sem miserê.

ELES NUNCA PERDEM 
O governo do DF não vai aumentar a tarifa dos ônibus, como queriam rodoviários e patrões, que exigiam 64%. Mas as empresas – que têm a mais ordinária frota de ônibus do País – continuarão numa boa, recebendo subsídio mensal de até R$ 7 milhões.

CALDO DE GALINHA 
Esta semana, o Financial Times advertiu para “risco de bolha” no Brasil. E a revista Economist publicou que “maior economia da América Latina é mais frágil do que parece e poderá perder o brilho”. 

DOR NO BOLSO O Superior Tribunal de Justiça determinou que o deputado e secretário nacional de Comunicação do PT, André Vargas (PR), indenize em mais de R$120 mil vigilantes de universidade de Maringá, seus supostos “financiadores de campanha”, como revelou o jornalista Ângelo Rigon. 

PENSANDO BEM... 
...qualquer dia a consultoria de Palocci vai cobrar para ele falar. 

PODER SEM PUDOR
SESSÃO ESPÍRITA
Durante sessão na Comissão de Educação da Câmara, certa vez, um deputado da chamou de “professor Anísio Teixeira” o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, Eliezer Pacheco. Confundido com o falecido professor, Pacheco reagiu com graça:
– Até que para morto eu tô bem conservado...