segunda-feira, abril 11, 2011

DANIEL PEREIRA e RODRIGO RANGEL - A Fábrica de dinheiro


A Fábrica de dinheiro
DANIEL PEREIRA e RODRIGO RANGEL
Revista Veja
Mesmo banida por envolvimento no escândalo do mensalão. empresa fatura 1 bilhão de reais em obras do PAC. Seu dono é tesoureiro do partido

Esqueça a ladainha dos interesses nacionais e das prioridades da população. Os partidos mostram aquela gana toda para controlar órgãos públicos com a finalidade de conseguir prestígio político e, quase sempre, recursos financeiros. Por isso, transformam ministérios, estatais e autarquias em verdadeiras "fábricas de dinheiro" que funcionam à base de fraudes em licitações, superfaturamento de preços e cobrança de propina em contratos firmados com o governo. Esses ensinamentos são do ex-deputado Roberto Jefferson e estão registrados em documentos produzidos durante as investigações do mensalão, o maior e o mais bem documentado esquema de corrupção da história brasileira. Jefferson falou com conhecimento de causa. Em 2005, quando o escândalo veio à tona, ele presidia o PTB, que instalara uma máquina clandestina de arrecadação de propina nos Correios. Cada empresa fornecedora da estatal repassava um porcentual dos lucros do contrato para o partido. A contabilidade da quadrilha foi exposta em relatório da Polícia Federal. Mostrava, por exemplo, que a Distribuidora de Manufaturados Ltda, (Dismaf) transferia à direção do PTB 4% do que recebia dos Correios.

Seis anos depois, o mensalão é um processo à espera de julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF). Já o PTB e a Dismaf continuam a marchar de mãos dadas pelo terreno caviloso em que se misturam interesses públicos, privados e políticos. Com uma diferença: a empresa - antes modesta fornecedora de materiais de consumo - começou a movimentar cifras que, se somadas, superam a casa do bilhão de reais. Prova de que a corrupção e um excelente negócio. A Dismaf prosperou. Um dos segredos desse crescimento vertiginoso foi uma guinada mercadológica. Em vez de vender bolsas a carteiros e fardas a militares, que renderam 2,6 milhões de reais em 2006, a empresa passou a comercializar trilhos para ferrovias. Só no ano passado, suas vendas ao governo garantiram 346 milhões de reais de faturamento, oriundos de contratos com a Valec, estatal vinculada ao Ministério dos Transportes. O futuro é ainda mais promissor. Há dois meses, a Dismaf ganhou nova licitação da Valec para fornecimento de trilhos às ferrovias Norte-Sul e de Integração Oeste-Leste, duas obras prioritárias do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Valor do contrato: 720 milhões de reais. A finalização do processo, porém, depende de algumas variantes.

Ainda em fevereiro, um dia depois da licitação, o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, mandou suspender o processo. Cardeal do PR, partido que também protagonizou o mensalão. Nascimento decidiu que a Dismaf só será declarada oficialmente vencedora e o contrato só será assinado depois que a área técnica da Valec responder a questionamentos feitos pelo Tribunal de Contas da União. O TCU quer ter certeza de que não houve direcionamento na licitação. Esse é o menor dos problemas do governo. O fantasma do mensalão ronda a Dismaf. Em abril de 2010, os Correios publicaram no Diário Oficial um aviso de penalidade no qual proíbem a empresa de participar de licitações e de firmar contratos com a estatal durante cinco anos - ou seja, até 2015. Em outras palavras, ela está impedida de participar de qualquer negócio com o governo. Apesar dessa sanção, a Valec não vetou a presença da Dismaf no último pregão das ferrovias. Em linha com a empresa, a estatal alegou que a proibição só valia para contratos com os Correios. Não é verdade. Maior autoridade governamental nessa seara, a Controladoria-Geral da União (CGU) repudia tal entendimento. Em nota a VEJA, a CGU foi clara: as portas de toda a administração federal estavam fechadas para a Dismaf. Ao saber dos detalhes do caso, a CGU foi além e determinou à Corregedoria a apuração e a eventual responsabilização do diretor da Valec que autorizou a Dismaf - "declarada inidônea" - a participar da licitação.

"A Dismaf não está impedida nem foi declarada inidônea, com exceção dos Correios, não teve envolvimento com o mensalão e nunca houve intimação do Ministério Público ou da Polícia Federal para que prestasse esclarecimento", defende-se a empresa. Caberá à Justiça decidir a questão. A Dismaf não produz um prego. Importa e comercializa produtos. Da China, começou comprando têxteis. Depois, aço. Agora, apresenta-se como distribuidora exclusiva das duas maiores usinas de trilhos do mundo. Movimenta recursos astronômicos em duas pequenas salas localizadas e quase escondidas num centro comercial de Brasília. Além de mudar de ramo, com a adoção dos trilhos como locomotiva de suas operações, a Dismaf cresceu graças a uma teia de contatos políticos construída a partir da velha parceria público-privada. A empresa tem como proprietários os irmãos Basile e Alexandre George Pantazis. Basile é também tesoureiro do PTB-DF e amigo do peito do senador Gim Argello. Líder do partido no Senado. Gim se gaba de ser próximo à presidente Dilma Rousseff. Jacta-se de ter influência no Palácio do Planalto e de abrir portas na Esplanada. Foi pelas

mãos desse cicerone gargantão que Basile se aproximou dos caciques que comandam a Valec. E o caso do presidente do Senado, José Sarney (PMDB), e de seu filho Fernando, empresário cujos tentáculos na Ferrovia Norte-Sul são investigados pela Polícia Federal. Gim e José Sarney são aliados. O primeiro e soldado leal ao segundo.

Basile mandou dizer que, apesar de ser tesoureiro. não trabalha na coleta de recursos para o PTB nem procura empresários em nome da sigla. Alegou ainda que ele e sua empresa jamais contribuíram financeiramente com a legenda. "Ele nunca captou recursos para o partido. Quem faz isso sou eu. Em Brasília, o PTB só trabalha com o dinheiro do fundo partidário", disse Gim Argello. O senador contou que conhece Basile há "uns oito anos". Admira-o por ser inteligente e trabalhador. Existe proximidade afetiva e geográfica. Há pouco tempo, eles passaram a morar na Península dos Ministros, uma quadra nobre no também nobre bairro do Lago Sul. Menos de 1 quilômetro separa uma casa da outra. Basile, que costuma ser visto a bordo de uma Ferrari, comprou a mansão no ano passado por 6 milhões de reais. Segundo Gim Argello, foi-se o tempo em que o PTB se lambuzava nas tais fábricas de dinheiro. Hoje, declarou ele, não haveria mais cobrança de propina nem desvio de verbas, tal qual relatado por Roberto Jefferson, que continua presidente do PTB. "Acabou. Comigo nunca aconteceu."

Apesar de a "fábrica de dinheiro" ter sido desativada, os parlamentares do PTB continuam empenhados em ocupar espaço no governo da presidente Dilma Rousseff (veja o quadro). É apenas a velha ladainha. Sob a proteção do anonimato, um senador e um deputado petebistas contaram que Basile, o tesoureiro-empresário, e conhecido por operar para o caixa do partido - inclusive na BR Distribuidora, que tem um diretor indicado por Gim e outro pelo senador e ex-presidente Fernando Collor de Mello. No jargão, operar significa recolher dinheiro. Na semana passada, o PTB conseguiu nomear Evangevaldo Moreira dos Santos para a presidência da Conab, estatal com orçamento de 6 bilhões de reais. Evangevaldo foi investigado pela Polícia Federal por corrupção quando esteve à frente do INSS de Goiás. Luiz Antonio Marques. um ex-subordinado de Evangevaldo, anrmou à polícia que o chefe cobrava propina de empresários. O dinheiro era repassado a parlamentares do partido. Evangevaldo diz que não foi encontrada nenhuma prova contra ele, e que o inquérito foi arquivado. E tudo, portanto, coisa do passado.

ANTONIO PENTEADO DE MENDONÇA - O nó que não tem espada


O nó que não tem espada
ANTONIO PENTEADO DE MENDONÇA
O Estado de S. Paulo - 11/04/2011

Médicos reclamam da remuneração que recebem do plano de saúde, mas estes alegam não ter como elevar esse pagamento sem aumentar o que cobram do consumidor

A consequência disso é a realização de um número alto de consultas por dia, o que, evidentemente, aumenta as chances de erro médico, além da solicitação de um número exagerado de exames de todos os tipos, alguns difíceis de entender a razão do pedido.

Nessa briga, quem morre com a conta é quem sofre. O consumidor dos planosde saúde privados, que é quem banca todo o sistema, acaba não tendo o atendimento a que esperava ter direito ao contratar o plano privado.

Evidentemente, isso não tira o direito dos médicos reivindicarem honorários mais condizentes com sua formação, tempo de estudo e sacrifício no exercício profissional. A questão que se coloca é: como fazer? Voltando ao exemplo norte-americano, lá o gasto médio anual com plano de saúde privado por pessoa se aproxima dos US$ 3 mil. No Brasil essa média cai bastante, mal e mal atingindo US$ 800 por ano. É a mesma realidade da diferença dos orçamentospara saúde. Enquantoosnorte-americanos gastam algo próximo de US$ 2 trilhões por ano com saúde, o Brasil não chega a US$ 100 bilhões, sendo que perto de 60% do total é gerado pelos planos de saúde privados, que atendem mais ou menos 50 milhões de pessoas. Ou seja, 140 milhões de brasileiros usam o SUS, que recebe apenas 40% do total das verbas destinadas à saúde que são pagas pelo governo.

É bom salientar que a ordem de grandeza das despesas norte-americanas nãogarante ao cidadão médio um atendimento sofisticado e que, agora mesmo, a nova lei da saúde pública, que deveria corrigir as falhas do modelo, está sob severa crítica, não apenas da oposição, mas de governadores de estado e da própria população.

Mas o fato da saúde pública norteamericana não ser boa não justifica a brasileira também não o ser. E a verdade é que nosso sistema está muito ruim, bastando, para se ter certeza disto, assistir aos noticiários das televisões.

Como o governo não está disposto a mexer noseu orçamento e realocar verbas complementares para a saúde, resta a ele forçar os planos de saúde a atenderem mais do que os seus desenhos preveem e tentar ressuscitar a CPMF.

Para auxiliá-lo na forçada de barra para o atendimento de eventos originariamente excluídos, o governo conta com duas ferramentas: a falta de uma eficiente coordenação das ações das diferentes operadoras de planos de saúde privados e o Judiciário, que, em nome de preservar a vida, obriga os planos a atenderem praticamente tudo, sem atentar que quem vai pagar a conta para as despesas excluídas são os demais segurados do sistema.

Nos últimos tempos, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), tem se esforçado para melhorar as condições operacionais do sistema. Mas é um processo longo e que tem como principal obstáculo a própria lei, já que as disposições votadas em 1998 resultaram numa lei muito ruim.

Neste momento, em função doa quecimento da economia brasileira, asoperadoras de planos de saúde privados estão vivendo um período positivo. Mas isso está apoiado na entrada de novos participantes, enão no desempenho das operadoras, ou seja, com a diminuição do nível de adesão e com o final das carências dos planos mais novos, o desequilíbrio entre receita e despesa pode voltar a se acentuar, comprometendo boa parte do sistema.

AANS tem desenvolvidoações importantes para evitar que novos problemas venham a afetar o atendimento. Mas tem um problema que ela não tem como solucionar. O brasileiro não tem como pagar mais pelo seu plano de saúde e, sem que aconteça o aumento do faturamento das operadoras, não há como elas remunerarem bem seus prestadores de serviços.

Presidênte da Academia Paulista de Letras, Sócio de Penteado Mendonça Advocacia e comentarista da Rádio Estadão ESPN

FABIO GIAMBIAGI - O Brasil em 2022


O Brasil em 2022
FABIO GIAMBIAGI

VALOR ECONÔMICO - 11/04/11

"2022". É esse o título do livro que organizamos em conjunto com Cláudio Porto e que foi recentemente lançado pela editora Campus. Nele, convidamos um conjunto de especialistas a fazer uma reflexão acerca de que perfil de país podemos aspirar a ter quando o país estiver fazendo 200 anos como nação independente. Há um tom de cauteloso (e potencial) otimismo que se depreende da leitura da maioria dos capítulos.
Na apresentação do livro, citamos o escritor Laurentino Gomes que, no seu livro "1822" (Editora Nova Fronteira, 2010), chama a atenção para o fato de que "no ano de sua Independência, o Brasil tinha, de fato, tudo para dar errado... Era uma população pobre e carente de tudo, que vivia... em uma economia agrária e rudimentar, dominada pelo latifúndio e pelo tráfico negreiro... O analfabetismo era geral... As perspectivas de fracasso, portanto, pareciam bem maiores que as de sucesso... (No entanto) o Brasil conseguiu manter a integridade do seu território e se firmar como Nação independente..." (páginas 17/18).
Destacamos que isso é uma demonstração de que o futuro não é um prolongamento predeterminado pelo passado e pelas condições vigentes. Ao contrário, ele pode ser construído. Boas políticas podem ensejar um futuro promissor - e políticas inadequadas têm consequências negativas.
O país desponta hoje como uma das principais nações emergentes do século XXI, em função de transformações positivas ocorridas ao longo de muitos anos. No livro, citamos algumas delas, parte das quais remonta a épocas bastante distantes no tempo:
1) A consolidação da democracia nos últimos 25 anos;
2) Um conjunto de avanços institucionais próprios de uma economia e de um país maduro, como a respeitabilidade adquirida pelo Banco Central (BC) ou a eficiência da urna eletrônica;
3) A modernização do país em consequência da abertura econômica nos anos 90;
4) A estabilização da economia;
5) O ajuste fiscal posterior a 1999, com destaque para a Lei de Responsabilidade Fiscal; e
6) Os avanços sociais observados desde as primeiras tentativas de inclusão social com os programas pioneiros para o meio rural ainda nos anos 70, até as conquistas mais recentes.
Ao mesmo tempo, as carências e os desafios que o país tem pela frente são maiúsculos. Entre eles, podem ser mencionados o baixo investimento; a existência de uma taxa de inflação ainda elevada; os indicadores educacionais insatisfatórios; a alta proporção de pessoas pobres e extremamente pobres; as deficiências da infraestrutura; a degradação do meio ambiente etc. Todos esses são temas tratados no livro.
Estando a pouco mais de 10 anos de 2022, há tempo suficiente para fazer intervenções que modifiquem as características do país até essa data. Uma década é tempo suficiente para que certas políticas amadureçam e apresentem resultados. Para isso, porém, é preciso evitar que o país se deixe ofuscar pelo imediatismo e ter a dimensão precisa do significado da frase do ex-ministro Célio Borja citada como uma das epígrafes do livro ("O homem de Estado antevê os tempos futuros. Não planta couves; planta carvalhos"), complementada por outra sábia frase também citada em epígrafe, esta de Georges Clemenceau, advertindo os argentinos entusiasmados pela situação do país nas primeiras décadas do século XX ("O êxito costuma perder as nações imaturas"). O Brasil precisa "plantar carvalhos" e não se deixar "perder pela imaturidade".
O livro está dividido em três partes. A primeira trata do que se poderia denominar de "macroeconomia do crescimento". A segunda constitui o resultado do esforço de identificar metas para os próximos anos para diversas questões da vida nacional, incluindo a inflação, a inserção externa do país, a Previdência Social, a política fiscal, o setor de energia elétrica, a infraestrutura em geral, o ataque à pobreza e à extrema pobreza, a educação e o meio ambiente. Por último, a terceira parte é uma tentativa de pensar alguns temas que dizem respeito à sociedade e que transcendem as fronteiras estreitas da economia, envolvendo elementos territoriais, culturais etc.
Na parte "quantificável" das propostas resultantes da reflexão feita, pode-se chegar às seguintes metas que sintetizam os objetivos que o país poderia perseguir até 2022, em termos macroeconômicos, em um contexto de crescimento médio da economia de 4,5% ao ano:
*Inflação 2022: 3% (2010: 6%)
*Taxa de investimento em 2022: 24% do PIB (2010: 18%)
*Poupança doméstica em 2022: 23% do PIB (2010: 17%)
*Proporção de pobres em 2022: 5% (estimativa 2010: 22%)
*Proporção de extremamente pobres em 2002: 0% (estimativa 2010: 8%)
Se o país conseguir atingir alguns alvos ligados a esse esforço, terá feito avanços importantes em relação à situação atual. Esperamos, com o livro, dar nossa modesta contribuição para a necessária reflexão acerca de que caminho trilhar nos próximos anos.
Fabio Giambiagi, economista, co-organizador do livro "Economia Brasileira Contemporânea: 1945/2004" (Editora Campus), escreve mensalmente às segundas-feiras.

ANCELMO GÓIS - Crime e castigo


Crime e castigo
ANCELMO GÓIS
O GLOBO - 11/04/11

A ministra Cármen Lúcia, do STF, após chamar a atenção para a quantidade de recursos no processo, autorizou o procurador- geral Cláudio Lopes a entrar com ação para tirar do cargo o também procurador Élio Fischberg, acusado de falsificar assinaturas de pelo menos três colegas na época em que era subprocurador- geral do MP do Rio. Fischberg deu ao deputado Eduardo Cunha, alvo de investigações e então secretário do governo fluminense, documento que dava conta do arquivamento do inquérito na sua pasta.

Diário de Justiça 

O apresentador e ator Bruno de Luca decidiu processar o Hotel Magestic, em Florianópolis. É que, a pretexto de diminuir o volume de seu som, seguranças invadiram seu quarto. 

O troco

De Frei Betto a um integrante do alto escalão do governo: — A única resposta que o Brasil pode dar ao relatório made in USA sobre os direitos humanos aqui é elaborar um relatório sobre os direitos humanos lá. 

Na verdade...
A ideia do boa-praça Frei Betto é boa. Eu apoio. Americanos torturam presos no Iraque e em Guantánamo, por exemplo. Mas o relatório americano é verdadeiro. Nossa polícia tortura e mata. Isto é muito grave. 

No mais
É como diz nosso historiador José Murilo de Carvalho: — No início do século XX, dizia-se que o Rio se civilizava; no início do século XXI, diz-se que o Rio se americaniza. 

Niemeyer é doce
É tão grande o sucesso do Centro Cultural Niemeyer em Aviles, na Espanha, que surgiu no comércio local um bombom que imita as linhas sinuosas do edifício. O doce foi batizado de... Niemeyita. Não é fofo?

Insensato coração

O site de “Insensato coração”, da TV Globo, bateu novo recorde no dia 6: 1.834.485 visitas. As matérias que antecipam tramas são as mais lidas. A armação da periguete Natalie (Deborah Secco) para conquistar Cortez (Herson Capri) foi a mais acessada por internautas. 

Mautner na TV
A LC Barreto, de Barretão, volta a produzir para a TV. A estreia é dia 19, às 20h, na TV Brasil, com programa comandado pelo boa-praça Jorge Mautner. Trata-se da série “Oncotô — Expedição Nordeste”, para mochileiros. São 28 episódios.

Antonia é de paz

Antonia Fontenelle, a querida atriz, diz que o desenho de dois revólveres 38 em seu convite de aniversário, com a frase “você está intimado a comemorar”, motivo de nota aqui, é apenas uma alusão à sua nova idade. O convite já estava pronto há 15 dias: “Ando armada, sim, mas minha munição é a ética e o trabalho árduo.” Viva Antonia!

Alô, Eduardo Paes!
Moradores do Leblon, o bairro carioca dos bacanas, temem pelo futuro de uma mangueira centenária em frente a uma casa que está para virar prédio na Rua Humberto de Campos, no quarteirão entre General Urquiza e Bartolomeu Mitre. Há risco de a árvore frondosa,
carregada da fruta gostosa, alegria da criançada da área, ir ao chão. 

Milton na ABL

Milton Nascimento vai tomar chá com os imortais da ABL quinta agora. O cantor, entre uma xícara e outra, acertará detalhes de um show que topou fazer na Academia, em julho, pelo aniversário da Casa. 

Quitéria no Império 
Mestre Átila, que comandou a bateria da Vila Isabel em 2011 e já deixou a escola, lançou-se candidato a presidente do Império Serrano, seu berço no samba e por onde ganhou quatro estandartes de ouro. Diz que, se vencer, trará de volta como rainha de bateria a minha, a sua, a nossa Quitéria. 

África e Amado 
O enredo da Vila Isabel em 2012 será Angola. Já a Imperatriz vai homenagear Jorge Amado. Novo point gay A Barra da Tijuca acaba de ganhar um novo point para as Priscilas animadas do Rio. É o Guaragay, no Posto 8. O quiosque é bem estiloso, de cor roxa, e as barracas nos tons do arco-íris.

EDITORIAL - O ESTADÃO - O dinheiro fácil das centrais


O dinheiro fácil das centrais
EDITORIAL
O Estado de S.Paulo - 11/04/11

Sem nenhum esforço, pois o dinheiro lhes é repassado automaticamente pelo governo, as centrais sindicais receberam no ano passado R$ 102,2 milhões, que gastaram do jeito que quiseram, sem se preocupar em prestar contas ao poder público. Com o aumento do número de trabalhadores com registro em carteira e da renda real média dos brasileiros, em razão do crescimento da economia, também as receitas das centrais aumentam. No ano passado, elas foram 20,8% superiores às de 2009, quando haviam crescido 21,6% em relação ao ano anterior.

A legislação que lhes assegura o direito de apropriar-se de uma parte do salário dos brasileiros não as obriga a informar, nem mesmo aos trabalhadores que dizem representar, o que fazem com tanto dinheiro. Fazem o que bem entendem.

Como mostrou o jornal Valor na segunda-feira, algumas compram ou constroem sede para abrigar com mais comodidade e conforto seus dirigentes e sua burocracia, afirmam realizar cursos de formação sindical, organizam convenções ou congressos e, sobretudo, procuram atrair mais sindicatos, pois a distribuição do bolo do imposto sindical é proporcional ao número de entidades e de trabalhadores da base que, teoricamente, elas representam. Gastam também com passagens aéreas, hospedagens, alimentação e outras despesas de viagem.

A transferência também para as centrais de parte do valor retirado anualmente do salário de cada trabalhador com registro em carteira, sindicalizado ou não, para, em tese, sustentar a representação dos trabalhadores é apenas a mais recente de um série de graves distorções e anomalias no campo trabalhista geradas pelo imposto sindical. Criado na década de 1940, durante a ditadura varguista do Estado Novo, o imposto sindical é cobrado em março de todos os trabalhadores, na base de um dia de trabalho. Mudou de nome em 1966, para "contribuição sindical", mas manteve suas características originais e continuou a gerar distorções na estrutura sindical, à custa do trabalhador.

Ao longo dos anos, a distribuição automática da arrecadação desse imposto, que no ano passado superou R$ 1 bilhão, gerou um sindicalismo estruturado primordialmente para receber esse dinheiro, e não, como é legítimo nas sociedades organizadas, para representar os trabalhadores de sua base e defender seus interesses profissionais. A maioria dos sindicatos habilitados a receber parte do imposto sindical não tem representatividade, não atua na defesa daqueles que deveria representar e serve apenas para sustentar uma casta de dirigentes que vive à custa daqueles que deveria defender. E certamente vive em condições muito melhores do que esses.

Durante o segundo mandato de Lula, as centrais sindicais foram incluídas entre as entidades sindicais habilitadas a receber uma fatia do bolo do imposto sindical. Até então, esse bolo era distribuído entre os sindicatos (60%), as federações (15%) e as confederações (5%), cabendo ao governo os restantes 20%. O governo Lula abriu mão de metade de sua fatia, cedendo-a às centrais; as demais entidades sindicais mantiveram sua participação no bolo.

A maior das centrais, a Central Única dos Trabalhadores (CUT), vinculada ao PT, e também a que recebe a maior fatia do bolo sindical (no ano passado, teve direito a R$ 31,9 milhões), diz-se contra o imposto sindical, mas não abre mão do dinheiro que o imposto lhe assegura. Outras centrais defendem essa tributação sobre o salário do trabalhador alegando que, sem ela, não haveria como sustentar um sistema de representação sindical. Ou seja, sem o imposto, a estrutura sindical brasileira ruiria.

Mas seria melhor para o País, e sobretudo para os trabalhadores, se acabasse essa estrutura anômala, formada por sindicatos que na grande maioria só existem para sustentar seus dirigentes, e que se mostrou totalmente incapaz de acompanhar as transformações do mundo do trabalho, que criou novas realidades e novas demandas. Sobre ela se construiria um sindicalismo melhor, mais decente e eficaz, verdadeiramente vinculado às bases profissionais. Ou seja, sem pelegos.

DENIS LERRER ROSENFIELD - Democracia e liberdade de imprensa


Democracia e liberdade de imprensa
DENIS LERRER ROSENFIELD
O Estado de S.Paulo - 11/04/11

A América Latina apresenta uma situação bastante curiosa, pois há uma tendência crescente a dissociar a liberdade de imprensa e dos meios de comunicação em geral da democracia. É como se o fato de realizar periodicamente eleições, frequentemente com abusos de poder ou simulacros de igualdade na competição partidária, fosse suficiente para um país ser, sem mais, qualificado como uma democracia. Mas um aspecto da maior importância é simplesmente desconsiderado: as condições de exercício da democracia, como a liberdade de pensamento e de expressão, no seu sentido mais amplo, terão sido observadas?

Uma democracia, no sentido político do termo, só cobra o seu pleno significado como realização de direitos civis, que são, assim, observados. Dentre eles devemos destacar a liberdade de ir e vir, a liberdade de organização sindical e partidária, a liberdade de pensamento, a liberdade de expressão e a liberdade de imprensa e dos meios de comunicação. Um Estado que não observa esses direitos civis, por mais que procure encobrir os seus atos como "legais", nada mais é do que uma ditadura explícita ou em via de se consumar.

Antes, no entanto, de atentarmos para casos próximos a nós, seria interessante recorrer a exemplos históricos das sociedades que fizeram a experiência do socialismo. Tomemos o caso dos países do "socialismo real", como a antiga Checoslováquia, o seu exemplo valendo para todos os demais. No início de suas manifestações, na década de 1960, por mais liberdades, que culminaram com a invasão das tropas comunistas soviéticas, os cidadãos checos não lutavam para eleger seus governantes, mas para poderem livremente expor seus pensamentos. Propugnavam uma imprensa livre, combatiam para poder expressar suas opiniões.

Muito tempo depois, quando do desmoronamento da União Soviética, com seus reflexos em todos aqueles países, muitos dos contestadores do comunismo/socialismo continuavam ainda lutando por direitos civis, por estimarem, naquele então, que as liberdades políticas não estavam no horizonte próprio, oprimidas que se encontravam pelos respectivos Partidos Comunistas e seus aparatos policiais. Para eles, tratava-se de um direito básico, condição, por assim dizer, de todos os demais. Aqueles que se recusavam a conceder tais direitos, pretendendo guardar o monopólio do poder, eram os que temiam a propagação política das liberdades civis assim conquistadas. Não há nenhum país "socialista" ou "comunista" que tenha reconhecido os direitos civis - em particular a liberdade de imprensa e expressão -, salvo em seu ocaso.

Nesse sentido, o mundo político do século 20 tinha uma vantagem sobre o do século 21: a clareza. Os socialistas, com diferentes usos de retórica, eram contra a liberdade de imprensa e dos meios de comunicação em geral, não escondendo seu propósito de silenciá-los. Os atuais, porém, são mais ardilosos: eles silenciam a liberdade de imprensa em nome da "verdadeira" liberdade de imprensa! Pervertem a democracia em nome da democracia!

Exemplo particularmente paradigmático é o fato de o presidente venezuelano, Hugo Chávez, autocrata assumido, ter recebido da Universidade de La Plata, na Argentina, um prêmio de reconhecimento por seu "trabalho" em prol da liberdade de imprensa. Ou seja, um liberticida é agraciado por "seu apreço pela liberdade de imprensa". Um protoditador que silencia empresas de rádio e televisão, ocupa despudoradamente a mídia, aniquila o Estado de Direito em seu país é "reconhecido" pelos "socialistas" como digno defensor da liberdade de imprensa. O deboche é total. E o pior de tudo é que não se trata de um programa de humor, nem mesmo de humor negro!

O prêmio, ademais, foi concedido por uma universidade, que se desonra, evidentemente, como lugar por excelência da liberdade de pensamento, compactuando com os que procuram, por todos os meios, sua eliminação. Um reitor desse tipo deveria ser nomeado pela presidente Cristina Kirchner para presidir a Comissão Pública de Censura. Pelo menos as coisas estariam no seu lugar!

A própria Cristina Kirchner, aliás, empreende luta ferrenha contra um dos mais importantes conglomerados de comunicação da Argentina, o Grupo Clarín. Recentemente, o jornal El Clarín não pôde circular por causa de piquetes organizados por sindicalistas peronistas, a serviço do mesmo grupo político. Vale simplesmente a força, tendo até ordens judiciais sido descumpridas. A polícia, por sua vez, observou o ato de violência sem agir.

Há uma espécie de tolerância com esse tipo de atos que é extremamente preocupante. Alguns fazem o "torto" - para não dizer "esquizoide" - raciocínio de que, como há eleições nesses países, tudo pode, então, ser resolvido. O problema é, porém, muito mais grave, porque as próprias eleições estão sendo deformadas, graças ao progressivo controle político dos órgãos de imprensa e de comunicação em geral e, de maneira mais precisa, do processo de formação da opinião pública.

Tais exemplos deveriam ser levados seriamente em consideração em nosso país, pois no governo anterior eles começaram a ser imitados. Tivemos uma sucessão de iniciativas e conferências nacionais que compartilhavam o mesmo princípio de que deveria haver um controle de conteúdo, de que deveriam ser levadas em conta propostas de uma sociedade civil - manipulada, diga-se de passagem - que instalariam a "verdadeira" liberdade de imprensa. Estamos diante do mesmo ardil, o de suprimir as liberdades em nome da "verdadeira" liberdade. São crias do mesmo projeto autoritário.

Se é bem verdade que o Brasil precisa de uma nova legislação para o setor de audiovisual e telecomunicações, pois as leis dessa área datam da década de 70 do século passado e nesse meio tempo houve toda a revolução digital, por outro lado convém não confundir a necessária modernização do setor com a instauração velada de novas formas de silenciar os direitos civis.

MARCO ANTONIO ROCHA - Quem tem medo do doutor Guido Mantega?


Quem tem medo do doutor Guido Mantega?
MARCO ANTONIO ROCHA
O ESTADO DE SÃO PAULO - 11/04/11

No mercado financeiro e redondezas há quem compare o ministro Guido Mantega ao leão da Metro-Goldwyn-Mayer: ruge bastante, mas, vai ver, é apenas filme...
A taxa cambial tornou-se um avantesma bruxuleante que escapa sorrateiro dos botes do ministro, que sorri amarelo para não parecer assustado enquanto insiste: "Não vamos permitir grandes sobressaltos no câmbio". Isso, depois da última tentativa de "atenuar" a valorização do real, que resultou no dia seguinte numa queda do dólar para R$ 1,58. Há ainda quem ironize, dizendo que o melhor, para evitar novas desvalorizações do dólar, é Mantega parar de tomar medidas, caso contrário ele é capaz de jogar o dólar para R$ 1,2o em pouco tempo. Mas ele não desiste: "Nós vamos continuar a tomar medidas", disse em São Paulo num seminário na sexta-feira.
E há outro tema-assombração que o ministro tem administrado com grande competência: "Vamos continuar travando luta contra a enxurrada de capital" - luta que também tem sido perdida semana a semana.
Gabriel García Márquez dizia que o seu personagem coronel Aureliano Buendía entrou "em muitas revoluções, e perdeu todas". Não diremos do nosso ministro que ele lembra também esse personagem, mesmo porque não entrou em revolução nenhuma. Mas o retrospecto das suas iniciativas sugere resultado análogo. Lembremos, todavia, a bem da verdade, que Guido Mantega não está tendo a vida fácil no cargo, que, dadas as circunstâncias do momento, parece muito a famosa camisa de onze varas - expressão cujo significado é claro para todo mundo, mas cuja origem gostaríamos que alguém nos explicasse.
Uma das varas dessa camisa é justamente a questão do câmbio. Como o dólar se desvaloriza diante do real, os produtos brasileiros, cotados em dólares no mercado mundial, tornam-se cada vez mais caros para o consumidor externo e os produtos importados pelo Brasil tornam-se cada vez mais baratos para o consumidor brasileiro.
Quer dizer, o equilíbrio da balança comercial brasileira com o exterior está cada vez mais ameaçado, como aliás apontou um estudo recente da Organização Mundial do Comércio (OMC). E o nosso déficit em transações correntes, que já é elevado, eleva-se mais. E ainda há o inconveniente de que, dentro do Brasil, os produtos importados vão-se tornando mais baratos do que os produtos nacionais, prejudicando a indústria nacional, mas de certo modo beneficiando o consumidor brasileiro e até ajudando a conter o impulso da inflação, pois muita mercadoria brasileira tem participação de importados.
Mas, já que em teoria o Brasil adotou o câmbio flutuante, o remédio para o problema seria deixar o dólar ir mergulhando à vontade até encontrar um ponto de equilíbrio (ou resistência) que seria dado pelas forças do mercado. Porém, no intervalo, a indústria brasileira poderia ser arrasada, o emprego industrial cairia bastante e o consumidor brasileiro estaria, na prática, contribuindo para a criação de empregos fora do Brasil.
Como se percebe, a charada não tem solução de prateleira. É preciso, como se dizia antigamente, dar tratos à bola - que é o que o ministro anda fazendo, presume-se, sem muito sucesso por enquanto.
Mas está andando na corda bamba, com a inflação nos calcanhares - ela já bateu nos 6,3%, acumulada em 12 meses, pertinho do teto da meta, que é 6,5%. E o acumulado de 12 meses vem subindo desde agosto passado.
A outra fonte de aflição para o ministro é o que ele próprio chamou de "enxurrada de capital". A economia brasileira está bombando, o Brasil paga mais juros do que qualquer outro país e a economia externa está em passo de tartaruga. Nada mais natural, portanto, que haja enxurrada de capital para dentro do Brasil, pois capitalistas gostam é de onde há festa. Só que os dólares que entram têm de ser convertidos em reais, que aumentam a liquidez interna (a quantidade de dinheiro no mercado), o que alimenta a fervura consumista e, indiretamente, o risco de inflação.
Então, o ministro aumenta o IOF tentando conter a enxurrada e, ao mesmo tempo, encarecer os empréstimos e as vendas a prestação, para inibir o consumo. Só que isso também não está dando certo, porque, mesmo com IOF maior, ainda vale a pena operar no Brasil e tomar crédito. O IOF teria de ser gigantesco para ter efeito mais imediato. Só que depois se tornaria eterno, pois quando alguma coisa aumenta a arrecadação do governo, este imediatamente inventa novos usos para o excedente e nunca mais pode dispensá-lo. Todos conhecemos esse filme.
Digamos, portanto, que o avião do doutor Mantega não está cruzando céu de brigadeiro. Está com vento de proa e com cumulus nimbus (CBs) num horizonte mais ou menos próximo. Se ele não encontrar maneira de assegurar ao mercado que a inflação, o déficit em contas correntes e a balança comercial não escaparão da curva, e se não descobrir medidas que tenham credibilidade no mercado, no sentido de retirar, mesmo a médio prazo, os indicadores do mau caminho em que entraram, provavelmente terá de ser substituído, pois é o que um governo faz para exorcizar pessimismo e descrença.

CARLOS ALBERTO SARDENBERG - Produção pode; consumo, não


Produção pode; consumo, não
CARLOS ALBERTO SARDENBERG
O ESTADO DE SÃO PAULO - 11/04/11

Se a política do ministro Mantega funcionar direitinho, vai acontecer assim: a fábrica de automóvel terá crédito abundante e barato (subsidiado pelo governo), mas o consumidor não terá crédito para comprar o carro.
É uma caricatura, claro, mas que apenas exagera a falta de lógica da política econômica em vigor, de estimular o crédito para investimento e restringir e encarecer os empréstimos para consumo. Segundo essa linha de pensamento, o consumo aquecido é ruim porque gera inflação. Mas o investimento, mesmo superaquecido, é bom, porque cria a capacidade de produzir os bens que atenderão ao consumo lá na frente. Logo, não é inflacionário.
Ora, depois de inúmeras negativas, o governo finalmente se convenceu de que o consumo está aquecido - ou seja, um desequilíbrio entre a demanda de pessoas querendo e podendo comprar e a oferta insuficiente de produtos. Se há dez pessoas querendo comprar geladeiras e apenas sete no mercado, o preço vai subir.
Por isso o ministro Mantega vem aplicando desde novembro de 2010 uma série de medidas para reduzir e encarecer o crédito ao consumidor. A última, na semana passada, dobrou, para 3% ao ano, o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) cobrado nos empréstimos a pessoas físicas.
Vai aqui uma observação paralela. Há menos de um mês a presidente Dilma Rousseff declarava em entrevista a Claudia Safatle, do jornal Valor, que não concordava que havia inflação de demanda no Brasil. Ora, restrições ao crédito pessoal são justamente para conter a demanda de coisas como automóveis, eletrônicos, etc.
Mas, tomando pela palavra de Mantega, o governo continua contra a tese de que a expansão dos investimentos também aquece a demanda. Mais exatamente: aquece, mas, como aumenta a capacidade de produção, a situação se equilibra.
Equilibra-se mesmo? E quando?
Considerem o investimento para aumentar a produção de uma fábrica de automóveis. Para instalar novas máquinas, será preciso construir ou ampliar prédios. Assim, toda uma cadeia se move, da produção de máquinas até a construção civil, absorvendo aço, alumínio, cobre, cimento, plásticos, madeira, combustível, etc., mobilizando outros fabricantes, fornecedores e prestadores de serviços. E empregando gente em diversos setores, com salários bons, pois a oferta de mão de obra no Brasil já se esgotou.
Pode-se dizer, sem erro, que o mercado de trabalho está superaquecido, com empresas precisando pagar mais para contratar ou segurar funcionários.
Ora, parece claro que há aí um forte impulso da "demanda agregada", não importando se o aço do momento vai para o torno ou para o automóvel. Esse aquecimento ocorre bem antes de a fábrica começar a produzir os carros adicionais.
E, como o governo insiste em manter os canais de financiamento subsidiado a grandes setores escolhidos pelo BNDES, a aceleração da atividade é generalizada. Assim sobem os preços - do caminhão e do frete, do aço e da carga no porto, da borracha e dos pneus, dos móveis e dos escritórios.
Finalmente, os trabalhadores que têm conseguido ganhos reais vão às compras, não é mesmo?
Só aqui o governo pretende agir. Os consumidores topam com um crediário mais curto e mais caro. Não é muito mais caro, porém, porque o governo não quer matar o negócio, de modo que muita gente aceita pagar um pouco mais na prestação. Os que podem, é claro, que são os de maior renda.
O executivo que vai comprar a moto para passear no fim de semana encara o crediário mais caro. O motoboy que precisa trocar a moto não pode. A locadora que vai comprar 50 carros pode, o trabalhador que acaba de ingressar na classe C não pode.
Mas esses que não podem continuam empregados e, pois, vão gastar em alguma outra coisa. Ou seja, vão aquecer o consumo de outros bens e serviços (viagens, por exemplo, que podem pagar no cartão, em seis vezes sem juros, sem o IOF).
Resumindo: medidas como essa do IOF, chamadas hoje "macroprudenciais", penalizam alguns setores e pessoas - as de menor renda -, distorcem a atividade e não reduzem o consumo de maneira significativa. O nome pode ser novo, mas a prática está longe de caracterizar uma nova política.
Nas décadas de 70, 80 e início da de 90 se fazia isso direto - e a inflação subiu o tempo todo, até ser abatida pelo Plano Real, em 1993.
Na verdade, o governo Dilma está buscando objetivos incompatíveis. Como disse ao Valor, a presidente tem "certeza de que o Brasil vai crescer entre 4,5% e 5% neste ano", sendo intolerante com a inflação. Mas o seu Banco Central (BC) já prevê que a economia cresça 4%, com inflação a 5,6%, acima da meta (4,5%). Para alcançar a meta neste ano, o País teria de crescer menos ainda, é o que nos diz o BC, argumentando assim por que tem sido mais tolerante com a inflação.
Fora do governo, as previsões de crescimento já estão abaixo de 4% e as de inflação passam de 6%.
O governo também não quer aumentar mais os juros e quer impedir mais valorização do real.
O que está acontecendo? O dólar roda abaixo de R$ 1,60, os juros subiram, a inflação aumentou e o crescimento caiu.
Saiu um pouco errado, não é mesmo?
Alternativa? A ortodoxia, pessoal. Primeiro, é preciso admitir que a economia brasileira cresceu e cresce mais do que pode. Isso posto, a receita: alta mais incisiva da taxa básica de juros, que atinge todo mundo por igual, e uma forte contenção do gasto público, outro poderoso fator de aquecimento da economia. Isso derrubaria a atividade por algum tempo, mas logo criaria as condições de retomada com juros mais baixos.

JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO - O "lulômetro" de Dilma


O "lulômetro" de Dilma
JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO

O ESTADO DE SÃO PAULO - 11/04/11

Na campanha presidencial de 1960, Jânio Quadros repetia sempre o mesmo discurso moralizador em todos os comícios pelas capitais do País. Seu candidato a vice e 17 anos mais velho, o senador Milton Campos lançava um improviso diferente a cada parada da comitiva.
Querendo ser simpático com o companheiro que mais tarde trairia, Jânio puxou conversa com o vice. Demonstrou admiração com a capacidade inventiva do mineiro, sempre inovando o tema dos discursos. E Campos: "Não é imaginação, meu filho; é falta de memória mesmo".
A presidente Dilma Rousseff está mais para Milton Campos do que para Jânio Quadros: especializa-se em moldar as palavras de acordo com a audiência. Não por falta de memória, mas por pragmatismo.
Foram 33 pronunciamentos oficiais no figurino de presidente. Entre as palavras mais usadas, destacam-se "Brasil" e "país". Em terceiro lugar vem "todos", depois "governo" e "grande". São todos lugares-comuns nos discursos de qualquer presidente. Excluídos, abrem espaço para os termos que diferenciam um governante do outro.
Dilma usa mais "mulheres" e "brasileiras" do que o antecessor. Pode parecer óbvio, mas não é. Ela intensificou as referências femininas desde a posse.
Apesar de entrar na história como 1.ª "presidenta" do País, durante toda a campanha eleitoral ela teve mais dificuldades para conquistar o voto feminino do que o masculino. A ênfase agora nas mulheres reforça sua identidade e é estratégica para sua popularidade.
De Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma aprendeu que, ao menos no discurso, "gente" e "povo" são mais importantes do que "milhões" e "bilhões". Sua fala depois de eleita é mais "humana" e menos cifrada.
O melhor indicador do pragmatismo discursivo de Dilma é o emprego que faz da palavra-chave de sua eleição: "Lula". Na campanha, ela usou o nome do patrono tanto quanto pode, para alavancar votos. Depois de eleita, a referência ao antecessor é recorrente, mas seletiva.
Nos seus 33 pronunciamentos presidenciais, Dilma falou o nome de Lula 58 vezes. A média de quase duas menções por discurso afasta insinuações de ingratidão ou de distanciamento entre criador e criatura.
Mas toda média omite detalhes reveladores. Nas duas vezes que foi ao Nordeste e discursou, Dilma esbanjou citações ao padrinho. Seu recorde foram nove "Lulas" ao falar durante o fórum de governadores nordestinos em Aracaju, em 21 de fevereiro.
Pouco mais de uma semana depois, de volta à região, Dilma tascou seis "Lulas" em um discurso em Irecê, na Bahia, e, horas mais tarde, em Salvador, repetiu o nome do antecessor três vezes. Em nenhum outro lugar do Brasil Lula é mais admirado do que no Nordeste.
Mas em um terço dos seus discursos, Dilma preferiu não mencionar Lula. A presidente silenciou sobre Lula em outras situações onde era estratégico demonstrar independência: no seu primeiro pronunciamento em cadeia de rádio e TV, ao discursar no aniversário de 90 anos do jornal Folha de S.Paulo e ao receber a ordem do mérito das Forças Armadas.
O "lulômetro" de Dilma é a contrapartida do "dilmômetro" de Lula. Entre 2009 e 2010, a intenção de voto em Dilma cresceu na proporção que o então presidente repetia mais vezes o nome de sua candidata. Agora, pode ser um termômetro da relação dos dois. Por ora, indica estabilidade e pragmatismo.. 

LUIZ FELIPE PONDÉ - Nós, os pterodátilos


Nós, os pterodátilos 
LUIZ FELIPE PONDÉ 
FOLHA DE SÃO PAULO - 11/04/11

Como deixar uma "prova fóssil" do fracasso afetivo de nossa espécie? Isso é completamente impossível


UM DIA a espécie humana desaparecerá pelo menos tal como a conhecemos. Não, não me converti ao bloco dos maníacos de 2012 ou ao fanatismo verde.
Falo de "ciência". Falo da peça "Pterodátilos", em cartaz no Teatro Faap, com Marco Nanini e maravilhoso elenco. Trata-se de um texto que finca suas bases numa interpretação poética trágica da teoria evolucionista.
Você sabe, caro leitor, que o mundo está dividido entre aqueles ingênuos que acham que mãe é sinônimo de amor e aqueles realistas que sabem que existem mães que não deveriam ser mães. Sim, existem mães predadoras de filhos.
Não existe tal coisa como instinto amoroso materno universal. Algumas mães vivem a maternidade como destruição sistemática de seus filhos. E quase sempre essa anulação afetiva dos filhos vem travestida de "amor".
Mas qual seria a relação entre isso e o darwinismo? Calma, tome mais um gole de café. Coma um pãozinho quentinho. Mas não se esqueça da silhueta e que se você engordar uns quilinhos, você vai perder valor no mercado dos afetos...
O antropólogo americano Ernest Becker, escrevendo uma obra na fronteira entre darwinismo e psicanálise nos anos 60 e 70, já havia apontado para um fato importante com relação à espécie humana: somos a única espécie que além de enfrentar um meio ambiente externo, tem que enfrentar um meio ambiente interno.
Mente, psiquismo, cérebro, alma, tanto faz como você chame, vivemos em dois mundos, um material, físico, externo, e um outro, composto de experiências internas tais como afeto, ideias, reflexões, medos, esperanças. Este é o meio ambiente interno.
Ao longo de nossa trajetória evolucionária de milhares e milhares de anos (é sempre bom lembrar esse pequeno detalhe para essa moçada que acha que a vida começou com a Revolução Francesa ou com Marx e Foucault ou com o "Capital"), nós nos adaptamos a um equilibro sofisticado de pesos e contrapesos afetivos, dependentes de como somos tratados e de como tratamos os outros além, claro, da constante agressão do meio ambiente, este mesmo que os fanáticos verdes acham que é feito de substância angelical.
Um modo comum de se referir a este mundo interno é "emotional bonds" (laços emocionais ou afetivos). Claro que uma relação sofisticada e sutil entre pensamentos e afetos também faz parte deste "mundo". Daí decorre o modo de como reagimos ao meio ambiente social e psicológico.
Dizem os darwinistas, mesmo a vida moral (isso que hoje está na moda chamar de "valores", apesar de que todo mundo mente sobre esses tais "valores") é fruto desses "emotional bonds".
Penso como o dramaturgo romeno Ionesco: é a condição humana que determina a condição social e não o contrário. Acho que a teoria evolucionista captura melhor essa condição humana do que o blábláblá das ciências sociais.
Voltemos à peça. Pterodátilo era um tipo de pássaro pré-histórico. Um tipo de dinossauro com asas. Durou muito tempo. De repente sumiu. Por quê? Ninguém sabe.
Na peça a analogia entre a família protagonista e essas aves extintas é a chave da interpretação poética trágica da evolução humana. Um dia também podemos sumir sem "causas aparentes". Como deixar uma "prova fóssil" do fracasso afetivo da espécie? O fracasso afetivo é invisível, mas palpável como a dor.
A mãe da família (interpretada maravilhosamente por Mariana Lima) é a chave do processo de "extinção" da família-humanidade. Uma mãe predadora dos filhos. Tema datado? Nem tanto. O horror é sempre um clássico, mesmo para os cínicos.
Egoísta, desequilibrada, fútil (esquece o nome da filha o tempo todo), pedófila, infiel, incestuosa com o filho gay (aliás, a temática homossexual surge no enredo de modo dramático, estranho para uma época como a nossa na qual está "proibido pensar" no homossexualismo para além de "é lindo"), promíscua, enfim, um fracasso afetivo que reproduz seu fracasso em "escala evolucionária".
O destino de nossa espécie pode não ser apenas função da devastação de florestas, mas também da devastação do afeto que fica invisível no cotidiano.

MÔNICA BERGAMO - Troca de guarda


TROCA DE GUARDA
MÔNICA BERGAMO

FOLHA DE SÃO PAULO - 11/04/11

Mudança à vista no Funcef, o bilionário fundo de pensão dos funcionários da CEF (Caixa Econômica Federal): Guilherme Lacerda, há oito anos no cargo, pode deixar a presidência nas próximas semanas, já que seu mandato chega ao fim. Sob seu comando, a instituição fechou 2010 com rentabilidade de 16,5% e patrimônio de R$ 43,8 bilhões.

FICA, GUILHERME
Reformado em 2007, o estatuto do Funcef diz que nenhum dirigente pode exercer mais do que dois mandatos de quatro anos. Os defensores da permanência de Lacerda, no entanto, alegam que, embora tenha assumido o cargo em 2003, ele estaria na verdade cumprindo o primeiro mandato sob as novas regras. E teria direito a mais uma reeleição.

EM QUEDA
Pela primeira vez em quase dois anos, os produtores de cimento registraram queda na comercialização do produto no país.

A retração chegou a 1,7% e foi maior nas regiões Centro-Oeste (queda de 4,5%) e Sudeste (menos 2,7%). O Sul manteve alta de 4,6%.

CRONÔMETRO
O ministro Guido Mantega, da Fazenda, disse à coluna que o governo tem "diversas medidas que poderão ser tomadas" caso o dólar siga desvalorizado. "Mas não podemos exagerar no remédio, porque ele tem efeitos colaterais", pondera. A análise da dosagem, diz Mantega, depende de avaliação que é feita não dia a dia - mas "hora a hora".

LINHA FINA
Uma das preocupações do ministro da Fazenda é com a possibilidade de empresários brasileiros se endividarem em dólar.

NO LUGAR
E, depois da palestra que deu para o Seminários Brasileiros, na sexta-feira, em São Paulo, Guido foi abordado por um empresário. Ele queria saber se a gasolina, afinal, vai subir, como diz o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli -ou fica como está, como anunciava Guido. O ministro da Fazenda foi enfático: "Eu sou o presidente do conselho de administração da Petrobras. Posso garantir ao senhor que os preços não vão subir".

"DAY OFF"
Funcionários do Consulado Geral dos Estados Unidos em SP saem de casa hoje sem saber se vão trabalhar. Se entrave na aprovação do Orçamento no Congresso dos EUA paralisar as atividades do governo americano, não haverá expediente aqui. Cogitou-se até cancelar eventos sociais marcados para anteontem no prédio diplomático.

BONO LÁ
Bono tirou os sapatos e botou os pés na mesa para imitar Lula na visita que fez a Dilma Rousseff na sexta, em Brasília. Ele contou que, em 2006, ao visitar o ex-presidente na Granja do Torto, acabou esquecendo o celular na residência oficial. Voltou, bateu, chamou, chamou -e nada. Foi abrindo as portas e gritando "Hello! Hello!". Até que deu de cara com Lula, pernas esticadas, sem sapatos, copo de cerveja na mão e TV ligada no futebol. "Entra aí, cara!", teria dito o ex-presidente. Bono repetiu a cena para Dilma.

LIXO NO LIXO
O prefeito Gilberto Kassab vai convocar uma entrevista coletiva para pedir aos paulistanos que não sujem a cidade na Virada Cultural. O lixo acumulado nas ruas gera reclamações tanto de frequentadores quanto de moradores das vias em que acontecem os eventos. Kassab vai informar os números da "guerra" contra a sujeira: serão instaladas 4.900 cestas de lixo e usados 40 contêineres; 3.300 homens trabalharão na coleta da Virada.

ALMAS PENADAS
O diretor Paulinho Caruso, da O2, filho do cartunista Paulo Caruso, transformou Laerte, Angeli e o pai em "figurantes especiais" de seu curta "Penas". O filme é inspirado em uma história em quadrinhos de Laerte que ele leu na infância. Nela, um homem descobre que tem penas nos braços, e que o mundo é comandado por uma corporação de seres alados.

FESTA DO CANAL
A apresentadora Didi Wagner circulou pela festa Mixtape do canal Multishow. O ator Pedro Neschling e a modelo Luiza Moraes também foram ao Beco 203, na rua Augusta, e a banda Miami Horror se apresentou.

VISITA À CHINA
Os fotógrafos Maurício Nahas, Paulo Mancini e Ricardo Barcellos abriram a exposição "Trilogia Vermelha: China", na Pinacoteca do Estado. A mostra tem 65 fotografias feitas na China, em 2009.

CURTO-CIRCUITO

O Ministério da Justiça lança amanhã o site participacao.mj.gov.br/CPC sobre o Código de Processo Civil.

Renato Kfouri, presidente da Associação Brasileira de Imunizações, lança às 21h de hoje a campanha Prematuro Imunizado é Prematuro Protegido. No Espaço Araguari.

A exposição "Roberto Carlos - O Artista e seu Público" abre hoje com 40 fotos do cantor. No Espaço Cultural Citi.

O Colégio Sion faz, hoje e amanhã, bazar beneficente em prol do Centro de Educação Infantil Irmã Natividade. Das 9h às 18h.

Bartolomeu Campos de Queirós autografa amanhã, às 21h, o livro "Vermelho Amargo", na Casa de Livros.

Silvio de Abreu e atores de "Passione" serão homenageados hoje pela Agência Nacional Italiana de Turismo.

com DIÓGENES CAMPANHA, LÍGIA MESQUITA, THAIS BILENKY e CHICO FELITTI

RENATA LO PRETE - PAINEL


Alerta vermelho
RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO - 11/04/11

Deflagrado sábado pelo "MST da Base", dissidência do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra liderada por José Rainha Júnior, o "Abril Vermelho" deixou o governo paulista de prontidão. O Estado reconhece apenas 12 das 33 invasões anunciadas por Rainha, mas o número já supera a marca do mesmo mês em 2010. A equipe de Geraldo Alckmin avalia que a tensão aumentará no chamado "15º Perímetro", região de 92 mil hectares no Pontal do Paranapanema, onde o líder dos sem-terra diz temer "um novo Eldorado do Carajás". O Estado pretende assentar no local 3.000 famílias em glebas que espera reaver na Justiça. Em outra frente, quer retomar as vistorias de áreas improdutivas, suspensas pelo Incra.

Derrama 

O dinheiro do valerioduto que foi sacado da conta nacional do PT e que continua sem destinação identificada pode superar a cifra de R$ 2,3 milhões, relatada pela PF. As planilhas do inquérito sobre o financiamento do mensalão desconsideraram as movimentações abaixo de R$ 10 mil.

#prontofalei 

Ao avaliar o governo Dilma em encontro da juventude do PT anteontem em SP, José Dirceu disse que as Comunicações estão "hibernando que nem o SUS". O ministro é seu correligionário Paulo Bernardo. O da Saúde é o também petista Alexandre Padilha.

Sem parar 
Apesar de Dilma chamar de "descanso" a escala em Atenas antes da ida à China, ministros se queixavam do desgaste e se arrastavam no hotel que abrigou a comitiva depois da intensa agenda -um encontro oficial e muitos passeios.

Hora extra 
Admiradora da civilização grega, a presidente fez o museu da Acrópole fechar uma hora além do expediente normal. Dilma não parava de perguntar e examinava cada detalhe.

Silêncio bilateral 

Por pouco mais de dez minutos de um encontro que durou meia hora em Atenas, Dilma e o premiê grego não trocaram nenhuma palavra. O intérprete se atrasou.

Em resumo 

Hoje, o único nome do PT para a eleição paulistana que produz consenso partidário é o de Aloizio Mercadante. E o único fator capaz de alterar esse cenário será a eventual disposição de Lula para entrar de sola e impor seu candidato predileto: Fernando Haddad.

Ensaio 

A despeito da consolidada aliança com Dr. Hélio (PDT), que caminha para encerrar o segundo mandato em Campinas, uma ala do PT defende lançar candidato próprio na cidade. Opções cogitadas: Marcio Pochmann, hoje à frente do Ipea, e Wilson Santarosa, ex-gerente-executivo de Comunicação da Petrobras.

Persuasão 
Embora minoritária na bancada do PMDB, a ala ruralista conseguiu difundir sua mensagem internamente. O partido deve votar quase em bloco a favor das mudanças no Código Florestal contempladas no relatório do deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP).
Recorte Na Câmara, o PMDB ruralista é, basicamente, o que ficou com José Serra na campanha de 2010.

Onde pega 
A última missão de José Henrique Reis Lobo à frente do PSDB paulistano será demover os vereadores tucanos do pleito pela secretaria-geral da executiva, que elegeu ontem Júlio Semeghini presidente.

Agora vai? 
A Assembleia paulista inicia amanhã um ciclo de cinco audiências públicas para debater o projeto que reorganiza a região metropolitana de SP. O texto interessa ao governo. O PT planeja apresentar um substitutivo por discordar do modelo de financiamento.
com FABIO ZAMBELI e ANA FLOR

tiroteio

"O governo defender revisão do Estatuto do Desarmamento, sugerindo que assim se poderia evitar tragédia como a de Realengo, ou é desconhecimento ou é marketing."
DO DEPUTADO FERNANDO FRANCISCHINI (PSDB-PR), sobre medidas em discussão depois do massacre na escola no Rio de Janeiro.

contraponto
Com chapéu alheio


Geraldo Alckmin liderava comitiva de secretários e correligionários em visita a uma feira de turismo no Anhembi quando sugeriu pausa para um café. Edson Aparecido (Desenvolvimento Metropolitano) prontamente se ofereceu para pagar a conta.
O gesto surpreendeu o governador, que conhece a fama de pão-duro de seu auxiliar. O susto, porém, durou pouco. Na saída, ao se dirigir à funcionária para indicar o responsável pelo pagamento, Alckmin ouviu:
-Não se preocupe, governador, o café é cortesia!