sábado, março 12, 2011

AUGUSTO NUNES

A folha corrida do carregador da mala
AUGUSTO NUNES
VEJA ONLINE

Quando lhe perguntam como é que um ex-metalúrgico sempre tem dinheiro disponível para socorrer amigos necessitados, Paulo Okamotto, atualmente empenhado na montagem do Instituto Lula, recita a mesma resposta: “Sou um expert em economia formado pela universidade da vida”. Se a organização britânica Times Higher Education, que divulgou nesta quinta-feira o ranking das melhores universidades do mundo, soubesse onde fica esse colosso do ensino superior, o Brasil não seria o único país do Bric sem representante entre as 100 primeiras. A instituição que diplomou Okamotto decerto estaria entre as 10 mais: os alunos muito espertos aprendem até a emprestar mais dinheiro do que ganham.

Paulista de Mauá, ex-tesoureiro do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e ex-presidente do PT paulista, Okamotto ocupou do primeiro ao último dia do governo Lula a chefia do Sebrae, entidade que representa mais de 15 milhões de microempresários, emprega quase 5 mil funcionários e administra um orçamento anual superior a R$ 1 bilhão. Amigos desde que se conheceram numa assembleia sindical, Okamotto (que Lula chama de “Japonês”) deve esse empregão a “Baiano” (como “Japonês” o chamava antes da chegada ao Planalto). Lula deve muito mais.

Okamotto mostrou que sabia operar milagres fiscais em 2002, quando socorreu com R$ 25 mil a filha do amigo, Lurian Cordeiro Lula da Silva, às voltas com cobranças do dono do imóvel em São Bernardo que, dois anos antes, servira de sede para a campanha malograda da candidata a vereadora. Se é verdade o que declarou à Receita Federal, gastou com Lurian mais da metade dos R$45.600 que ganhou durante o ano inteiro. Presenteado com o Sebrae, ficou ainda mais generoso. E começou a pagar até dívidas não reconhecidas pelo Primeiro Amigo.

Desde 2002, por exemplo, o PT cobrava a quitação de uma dívida de R$ 29.536 cuja existência Lula nunca admitiu. “Como é que posso ter alguma coisa a devolver se eu era o presidente de honra do partido?”, retrucava o devedor sempre que reaparecia a história do que o PT qualificava de empréstimo. Em agosto de 2005, a CPI que investigava pagamentos suspeitos relacionados com o escândalo do mensalão fez uma descoberta intrigante: o débito que Lula não reconhecia fora saldado em 2003.

A MÃO DE JOBIM
Uma semana mais tarde, Paulo Okamotto apareceu sem ser chamado para declarar-se responsável pelo pagamento. A história que contou conseguiu tornar o mistério mais denso. Sem dizer nada a Lula, gaguejou, havia liquidado a pendência com dinheiro do próprio bolso. Não mostrou nenhum comprovante. Primeiro, jurou que esquecera o local do pagamento. Depois de algum tempo, lembrou-se de que fizera o acerto numa agência do Banco do Brasil em Brasília.

Convocado por outra CPI, enredou-se de vez. Ao insistir na versão original, colidiu com documentos e extratos do Banco do Brasil que provavam que o dinheiro foi remetido a uma conta do PT no ABC paulista por alguém chamado Luiz Inácio Lula da Silva. Okamotto não conseguiu decifrar o enigma. Tampouco soube explicar por que os R$29.536 não apareceram na sua declaração de renda nem na do presidente.

A CPI solicitou a quebra do sigilo fiscal, bancário e telefônico do depoente. Encerrada a sessão, Okamotto achou sensato pedir socorro ao Supremo Tribunal Federal. Merecia ter sido preso só por isso: no Brasil, quem foge da quebra de sigilo como o diabo foge da cruz é pecador juramentado. Mas o cofre ambulante foi resgatado pela mão amiga do ministro Nelson Jobim (PMDB-STF), que rejeitou no mesmo dia a solicitação dos parlamentares. Para sorte dos envolvidos, o episódio coincidiu com o climax do maior dos escândalos. Acabou engolido sem engasgos pelo país atordoado com a sequência de torpezas produzidas pela quadrilha do mensalão.

Passados quase seis anos, o homem que reinou no Sebrae preside uma entidade que nem existe oficialmente. Mas está mais feliz do que nunca: depois que virou agente de palestrante, o principal investimento enfim começou a dar lucro. Já na palestra de estreia, Okamotto conseguiu R$200 mil. Pelo andar da carruagem, vai recuperar em poucas semanas o que investiu em muitos anos. O expert em economia diplomado pela universidade da vida agora acompanha o amigo em viagens internacionais.

Do resto da bagagem outros cuidam. Paulo Okamotto é o carregador da mala

RUTH DE AQUINO

Cisne negro, uma fantasia de Carnaval

RUTH DE AQUINO

REVISTA ÉPOCA


Época
RUTH DE AQUINO é colunista de ÉPOCA
raquino@edglobo.com.br
Se tivéssemos de adivinhar qual fantasia faria mais sucesso nos blocos de rua neste ano, apostaríamos no cisne branco ou no cisne negro? Nenhum dos dois, provavelmente. O filme que deu o Oscar a Natalie Portman remete muito mais ao terror e à dor que à alegria e à leveza do Carnaval. Mas muitas moças – e rapazes – se travestiram de cisne. O preferido não foi o bonzinho. E sim o cisne maquiavélico, lascivo, misterioso. Isso quer dizer alguma coisa. O cisne negro foi escolhido por ser mais sedutor.
Acho que só eu ainda não tinha visto o filme de Darren Aronofsky que dividiu a crítica entre os que amaram, odiaram e não entenderam. Não estava preparada para o impacto que Cisne negro me causou. Dancei balé clássico sete anos. Os dedos dos pés ficavam feridos com a sapatilha de ponta, por mais esparadrapos, plumas e truques a que eu apelasse. A música, os ensaios, a coreografia, tudo era paixão e valia a pena. Mas o Cisne negro não me sequestrou por aí.
O som hipnotizante de Tchaikovsky. A fotografia, os efeitos especiais, os closes e o uso excepcional de dublês. As exigências do coreógrafo. Os labirintos mentais de Nina (Natalie). Tudo me pareceu verossímil por retratar a dualidade de todos nós e a busca da plenitude. Por que se preocupar com o que é ou não fantasia? O filme é genial por ser um turbilhão, belo, forte e sensual. O diretor não separa o simbólico do real. E não tem a menor importância. No fim, eu via os créditos sem enxergar, com a respiração ofegante. Não pelo sangue ou pela pergunta estéril – morreu ou não morreu? Mas pela força transformadora do roteiro, pela sombra fictícia das asas negras no palco.
Conversei com nossa prima ballerina Ana Botafogo, que assistiu ao filme duas vezes: “O diretor usou o universo do balé como apoio por ter disciplina rigorosa, egos e emoção à flor da pele. Só receio que o filme leve pais e crianças a achar que os exageros são reais, as drogas, a bissexualidade. Como em toda profissão desafiadora, no balé há cisnes brancos, há cisnes negros e há os que surtam”. O desempenho de Natalie como bailarina foi elogiado por Ana: “Ela fez eximiamente as tomadas da cintura para cima. No conjunto de braços, colo e pescoço, conseguiu uma harmonia impossível numa bailarina não profissional, mesmo tendo estudado dois anos para o papel. A trucagem com os dublês, para o trabalho de pés e piruetas, é muito caprichada. Cheguei a me confundir na primeira vez em que vi o filme”.
O filme “Cisne negro” incomoda, não é para todos. Tem a ver com delírio, transgressão e liberdade
Só depois de assistir a Cisne negro, li sobre ele. Valorizou-se demais a rivalidade entre mãe e filha – comum em quase todo divã. Cada um vê o que lhe toca mais: a competição, a automutilação, a ânsia de perfeição. Há o time dos implicantes com Natalie. Acham que “a expressão dela é sempre a mesma no filme”. Ela estava arrebatadora no papel de uma jovem confusa, sozinha, virgem e imatura que quer ser perfeita a todo custo. E surta.
Cisne negro incomoda. É um thriller psicológico sadomasoquista, um gênero que não é para todos. Não dá para levar a sério quem diz: “Não gostei do filme porque é exagerado”. É como não gostar de uma ópera “por ser dramática”. Ou não gostar de A single man (título patético no Brasil: Direito de amar), de Tom Ford, porque só percebeu no cinema, tarde demais, que o protagonista era homossexual e o roteiro era sobre gays. Veludo azul e Cidade dos sonhos, ambos de David Lynch, são ruins por serem confusos, doentios? Esses filmes são alucinações. Não se exige compromisso com a lógica ou o comedimento. Quem deseja mergulhar num cristalino Lago dos Cisnes deve evitar a turbulência de Cisne negro, porque se sentirá ludibriado.
A frase que mais me marcou foi a do coreógrafo para a bailarina: “Perfeição não é só sobre controle; é também saber abandonar-se” . Técnica irrepreensível sem emoção deixa a desejar em qualquer profissão. É preciso deixar rolar, entregar-se, ser flexível e até imperfeito. Rir de si mesmo e de tudo. O cisne branco, com sua rigidez, parecia incapaz de relaxar e se divertir. O cisne negro era passional, imprevisível, com a centelha da loucura, e por isso tão sedutor. Os foliões escolheram a fantasia certa. Carnaval é uma festa pagã. Tem a ver com delírio, transgressão, máscaras e liberdade.

ANCELMO GÓIS

Paes é neutro
ANCELMO GÓIS
O GLOBO - 12/03/11

Acredite. Eduardo Paes deve ser o primeiro prefeito do mundo a ter o selo “neutro em carbono”. 

É assim...
Como se sabe, qualquer movimento numa cidade gera gases do efeito estufa. Nos últimos anos, virou moda no mundo empresas, eventos como a Copa do Mundo e até artistas como Paul McCartney e os roqueiros dos Rolling Stones calcularem, na ponta do lápis, a quantidade de carbono que emitem para, depois, compensarem com plantio de árvores. 

No caso de Paes...
Assessorada pelo economista Sérgio Bessermann, especialista no tema, uma empresa vai calcular a contribuição individual do prefeito, pessoa física, para o aquecimento global. A partir daí, será feito um planejamento para neutralizar Paes. Isto pode incluir troca de lâmpadas na Gávea Pequena, uso de carros menos poluidores etc. 

Novos voos
A TAM pediu autorização à Anac para ter mais três voos por semana para a Inglaterra. A voadora já havia pedido, outro dia, autorização para novos voos para os EUA. 

Cidade de Deus 
A possível escolha da Cidade de Deus para a visita de Obama a uma favela do Rio será por uma questão de logística. Contam a favor as ruas mais largas, que facilitam a locomoção da comitiva, e a proximidade com o aeroporto de Jacarepaguá para pouso e decolagem do helicóptero do americano. 

Merda no BNDES

Quinta passada, parte dos funcionários do BNDES foi liberada mais cedo porque algum engraçadinho pôs... cocô no ar-condicionado. O cheiro da coisa impregnou todo o ambiente — principalmente, o 10o- andar.

Rap das armas
O sucesso internacional de “Rap das armas”, na voz dos MCs Júnior e Leonardo, começa a trazer problemas para a dupla de funkeiros. É que, de tanto tocar lá fora, chamou a atenção dos autores da melodia na qual seria inspirada, “Your love”, da banda britânica The Outfield, muito tocada aqui nos anos 1980. 

Segue...
Uma batalha judicial no exterior parece estar a caminho. Júnior e Leonardo, já cobrados pela editora de “Your love”, deixaram de autorizar a execução do “Rap das armas” em shows de outros artistas, temendo problemas.

De fato...
A melodia de “Rap das armas”, tema do filme “Tropa de elite”, é muito parecida com a de “Your love”. Veja só em youtube.com/watch? v=h_bmOp2UWOc.

Rainha de bateria
A atriz Ana Furtado, que apresenta o “Vídeo Show”, da TV Globo, deve substituir Cris Viana no posto de rainha de bateria da Grande Rio, em 2012. 

Chegou atrasada...
Aliás, a atriz Sheron Menezes não é mais rainha de bateria da Portela. 

Emoções continuam 
Roberto Carlos, feliz com a vitória da Beija-Flor, vai fazer um show na quadra da escola, em Nilópolis. O Rei já discute até a data.

Caso médico
Elke Maravilha, 66 anos, a atriz, foi internada quinta-feira no Hospital São Lucas, no Rio, com arritmia cardíaca. Depois de uma noite no CTI, já está no quarto, onde se recupera bem e ficará uns dias em observação. Viva Elke! 

Rosa e Gisele
A carnavalesca Rosa Magalhães relutou, mas aceitou a homenagem de sua escola, a Vila Isabel: vai sair de destaque no último carro, no lugar de Gisele Bündchen: 
— Falei para eles que fui musa do século passado. As pessoas no Sambódromo querem mulheres bonitas e jovens, de preferência deste século — brinca Rosa, às gargalhadas. 

Segue...
Cláudia Leitte, que ocuparia o lugar da übermodel Gisele, não pôde aceitar o convite por ser contratada da Niely, concorrente da Pantene, patrocinadora da Vila.

ZONA FRANCA
 A ala Sem Limites, da TV Globo, desfila hoje na escola de samba Embaixadores da Alegria.
 Como parte da Mostra David Perlov, o Instituto Moreira Salles promove encontro com Mira Perlov, hoje, às 19h.
 Café Du Lage está em novo endereço, na Casa Laura Alvim, com café da manhã sábados, domingos e feriados.
 Fundador da Toque a Campainha, Hertz Uderman lança nesta terça, no Clube Israelita Brasileiro, o livro “Os judeus no desenvolvimento brasileiro”.
 O Santa Cruz Shopping e O Boticário fazem evento de maquiagem pelo Dia Internacional da Mulher.
 A empresária Denise Porcaro inaugura o W Spa.
● O BeerJack HideOut promove festa St. Patrick’s Day dia 17.

CRISTIANE SEGATTO

O cisne negro de cada um

CRISTIANE SEGATTO


REVISTA ÉPOCA

A busca pela perfeição desperta nosso lado mais sombrio


  Reprodução
CRISTIANE SEGATTO 
Repórter especial, faz parte da equipe de ÉPOCA desde o lançamento da revista, em 1998. Escreve sobre medicina há 15 anos e ganhou mais de 10 prêmios nacionais de jornalismo. Para falar com ela, o e-mail de contato écristianes@edglobo.com.br
Muita gente correu aos cinemas para conferir Cisne Negro desde que Natalie Portman ganhou o Oscar de melhor atriz. A festa de Hollywood é passado, mas a questão central despertada pelo filme continuará atualíssima por muito tempo. É por isso que resolvi falar sobre ela na coluna de hoje. Saí do cinema completamente impactada pelo auge da loucura da bailarina obcecada pela perfeição.
Vou logo avisando: se você pretende assistir ao filme talvez seja melhor fugir deste texto. Não vou resistir a comentar o fim, o meio, o começo - nessa ou em outra ordem. Se já o assistiu ou não pretende encarar o turbilhão emocional provocado nos espectadores, siga em frente. Depois me diga se entendi direito ou se delirei junto com a personagem brilhantemente interpretada por Natalie.
Nina é uma bailarina dedicada que se esforça além da conta para atingir a perfeição técnica. Em uma das cenas, o diretor da companhia diz que ela é tecnicamente perfeita, mas incapaz de sentir. Tinha técnica e nenhuma vida. A primeira lição de casa que dá à moça é masturbação. Outra bailarina, que Nina passa a enxergar como rival em seus delírios persecutórios, é o oposto: está longe de ser tecnicamente perfeita. Mas quando dança, sente.
O maior desafio de Nina é interpretar os dois cisnes - o branco e o negro - no clássico O Lago dos Cisnes. Esse é também o pesadelo do diretor. Nina é um primor como o cisne branco, mas não convence na pele do cisne negro. O papel que a bailarina precisa desempenhar toma conta de sua vida. O espectador assiste, aos sobressaltos, a transformação da moça doce, pura e inocente numa pessoa descontrolada, agressiva, ensandecida.
Cisne Negro não é uma fábula estapafúrdia. Ele nos toca justamente porque é verossímil. Ninguém precisa ser uma bailarina na competitiva batalha pelo melhor papel para despencar naquele abismo. O filme é quase um aviso: “Ei, todos nós somos cisnes brancos e negros”. A linha que separa os dois é tênue e fluida.
Nina não parece ser psicopata - aquele tipo de pessoa perversa, desprovida de culpa e capaz de passar por cima de qualquer ser humano para satisfazer os próprios interesses. Para gente assim não existe cura. Só cadeia.
A bailarina me fez lembrar de quem sofre de algo mais frequente: o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC). Para muita gente, TOC é a doença de quem pratica atos repetitivos como checar sete vezes se a torneira está fechada antes de sair de casa. Não é só isso. O distúrbio tem diferentes nuances e gradientes. No convívio social, pode passar despercebido. Um colega de escola, de trabalho, um amigo querido, a mulher, o marido pode estar passando por isso agora mesmo sem que você se dê conta.
“O perfeccionismo é muito característico desse tipo de transtorno”, diz a psicóloga Patricia Vieira Spada, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). “Tudo tem que estar no lugar porque a pessoa não suporta lidar com as surpresas da vida.”
Como Nina, quem sofre desse transtorno de ansiedade tem preocupações excessivas, desconforto, medo, aflições, depressão. A perfeição é um falso porto seguro. Para não sentir, para não ter afeto, tudo precisa estar sob controle. Ter afeto é lidar com a imprevisibilidade das relações humanas. Ninguém sabe o que vem pela frente. Não ter resposta é dolorido, mas é preciso saber suportar a dúvida.
O desfecho da história da bailarina é clássico. Reprimida pela mãe e por ela mesma, perde o controle sobre a impulsividade. Torna-se um bicho agressivo, psicótico, atormentado por alucinações. “É importante conhecer o cisne negro que existe dentro de cada um de nós”, diz Patricia. “Perigoso é negá-lo.”
Precisamos nos conhecer, entrar em contato com nossa fragilidade. “Beber desesperadamente como tantos jovens fazem é anestesia cerebral. Embriagado, ninguém pode pensar. Isso é investimento constante em cisne negro”, diz Patricia.
A decadência de Nina nos atinge em cheio. Quem não almeja o sucesso? Quem não batalha para chegar o mais próximo possível de um desempenho perfeito? A partir de quando o perfeccionismo se torna patológico? Segundo Patricia, ele é comum em pessoas que se sentem no centro do Universo. O sujeito se acha tão importante, tão único, tão insubstituível que não aceita exercer - seja lá o que for - com exatidão.
Quantas pessoas você conhece que agem exatamente assim? Essa característica pessoal mal administrada passa a ser um problema quando compromete o convívio social ou a saúde - física, mental ou emocional. Nina alcançou aquilo que julgava ser a perfeição. Mas não pôde receber o reconhecimento da plateia.

NELSON FONSECA LEITE

Amanhã seremos a Argentina?

NELSON FONSECA LEITE

O ESTADO DE SÃO PAULO - 12/03/11

Sempre que acontece alguma coisa negativa na Argentina, ainda nos lembramos do chamado efeito Orloff e nos perguntamos se amanhã não poderá ocorrer a mesma coisa por aqui.

O setor elétrico da Argentina passa por uma crise muito séria. Segundo o jornal Clarín, de 24/12/10, "os cortes de fornecimento voltaram a afetar milhares de usuários na região metropolitana de Buenos Aires e as pessoas saíram para protestar pelas ruas". Uma onda de calor, com as temperaturas atingindo os 35,2°C, provocou aumento da carga e as redes elétricas de distribuição, que não foram ampliadas nos últimos anos, entraram em sobrecarga.

Em outra edição, de 30/12/10, o mesmo jornal reporta: "Cortes de luz: o governo fala de falta de manutenção. O governo reconhece que não se investiu para manter o sistema".

Todos sabem que as empresas de energia elétrica da Argentina reduziram seus investimentos nas redes em virtude de uma política tarifária equivocada, que reduziu drasticamente o fluxo de caixa das distribuidoras.

É notório que a falta de uma remuneração adequada para os investidores impede as empresas de fazerem as necessárias expansões e reformas das redes.

Essa é uma bomba de efeito retardado. As consequências aparecem alguns anos depois, dependendo da taxa de crescimento do mercado e da margem de segurança do sistema existente. A bondade no curto prazo pode ser uma tragédia a médio e longo prazos. A prática de tarifas artificialmente baixas resulta na inviabilização dos investimentos, piorando a qualidade dos serviços.

A pergunta que cabe voltar a fazer: será que o Brasil repetirá a Argentina amanhã? A meu ver, a resposta, felizmente, é não. Explico os motivos:

O arcabouço legal que dá sustentação ao modelo do setor de distribuição de energia elétrica no Brasil está centrado em contratos de concessão, cujo núcleo essencial é a política tarifária baseada no serviço pelo preço e na chamada regulação por incentivos.

O regulador desse serviço no Brasil, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), é um órgão de Estado e não de governo, com independência para garantir a estabilidade regulatória necessária à sustentabilidade do setor.

Conforme previsto nos contratos de concessão, a cada 4 ou 5 anos, dependendo do contrato, o regulador promove a revisão das tarifas, respeitando o equilíbrio econômico-financeiro firmado e promovendo a modicidade das tarifas para os consumidores. Isso é garantido pela regulação por incentivos: o concessionário é estimulado a obter ganhos de produtividade nos anos entre revisões tarifárias e esses ganhos são compartilhados com os consumidores nas revisões. Concessionárias com ganhos de produtividade inferiores à média do segmento são penalizadas; as de desempenho superior se beneficiam e são estimuladas a obter mais ganhos. Peculiaridades das diversas áreas de concessão são devidamente consideradas nessas comparações de custos reais e desejáveis (ou "custos regulatórios").

Exatamente nesse momento, o Setor de Distribuição de Energia Elétrica do Brasil, por meio da Audiência Pública 040/2010, discute com o regulador as regras para o terceiro ciclo de revisões tarifárias.

A obediência às leis e aos contratos firmados, princípio básico que norteia a atuação da Aneel, será um norte à atuação daquela agência na análise das propostas apresentadas.

O setor de distribuição acredita que a redução na capacidade de investimento, comprometendo as necessidades de expansão do sistema elétrico e a melhoria da qualidade dos serviços, não ocorrerá no Brasil.

Acredita ainda que a manutenção da estabilidade regulatória é fundamental para a sustentabilidade do setor, possibilitando o consequente fornecimento de infraestrutura necessária ao crescimento econômico do País.

Portanto, pelos motivos aqui apresentados, amanhã não seremos como a Argentina. O efeito Orloff, felizmente, está se tornando coisa do passado.

PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS DISTRIBUIDORES DE ENERGIA ELÉTRICA (ABRADEE)

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE

Sobre as asas

SONIA RACY

O ESTADO DE SÃO PAULO - 12/03/11

Está se formando, finalmente, o quadro que irá procurar o tempo perdido em relação aos aeroportos brasileiros. Pelo que se apurou, Dilma decidiu: quem deve ocupar a Secretaria de Aviação Civil é Luiz Eduardo Falco, ex-presidente da Oi. O executivo só não vai se... a "ligação" cair.
Fará dupla com Gustavo do Vale, novo presidente da Infraero, conforme antecipou a coluna no começo de fevereiro.

Desmobilizando

O governo Alckmin decidiu vender o edifício onde está instalada a Secretaria do Planejamento, na rua Iguatemi.
O negócio pode render R$ 80 milhões aos cofres da Prefeitura que, com o dinheiro, pretende comprar prédios no centro da cidade.

Sob suspeita

O Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social está na mira do PMDB.
O partido de Michel Temer faz pressão para transferi-lo da Secretaria de Relações Institucionais para a de Assuntos Estratégicos, comandada por Moreira Franco.

Na cozinha

A Cia das Letras acaba de comprar os direitos de publicação de The Age of Miracles.
Trata-se do primeiro livro de Karen Thompson Walker, editora da Simon & Schuster.

Pé na estrada

Marisa Monte, conhecida por sua reclusão, sai da toca. Lança repertório inédito, em 2012, em turnê com a Orquestra Sinfônica Brasileira. Investimento? Algo perto dos R$ 5 milhões.

Assino embaixo

Ana de Hollanda liberou R$ 1,2 milhão, por meio de lei Rouanet, para Regina Duarte viver no teatro A Mulher do Alergista, texto de Charles Busch. Contracena com Odilon Wagner.
Estreia em maio.

Rei posto?

Marcus Baldini nem bem colheu os frutos de seu primeiro longa, Bruna Surfistinha, e já entra no projeto Sonho Verde - O Filme.
O longa é baseado no livro de Fabio Lamachia que conta a história de um garoto que vai passar as férias em Trancoso e, por obra do acaso, acaba indo para a Serra da Carnaíba tomar conta de uma mina de esmeraldas. As filmagens começam ano que vem.

Duas patas disputam clube de quatro patas

A temperatura subiu de vez na disputa pela presidência do Jockey Club paulista. A oposição, liderada por Eduardo da Rocha Azevedo, o "Coxa", tem procurado eleitores para um tête-à-tête contra Mário Gimenes, candidato da situação. Azevedo propaga o que seria uma "ocupação petista" de clube. Pelo fato de o atual presidente, Márcio Toledo, apoiador de Gimenes, ser namorado de Marta Suplicy.
A situação se defende, afirmando que o grupo de Azevedo abandonou o clube há uma década e quer retomá-lo agora por causa da recuperação financeira. E critica, por sua vez, a atuação de Coxa no episódio Naji Nahas e quebra da bolsa do Rio.
Fato, fato, só há um, segundo bem lembra um dos mais antigos criadores de cavalo do Brasil, preferindo anonimato: nenhum dos dois apresentou até agora um plano consistente de trabalho.

Susto

Chieko Aoki está em Tóquio e sentiu na madrugada o tremor que arrasou parte da ilha de Honshu, a maior do Japão.
Nada a preocupar. A empresária já entrou em contato com São Paulo e informou que, sim, está bem. Volta semana que vem.

Livrarias X tablets

As duas maiores redes de livrarias americanas dão sinais de fraqueza: a Borders pediu concordata no mês passado, e a Barnes & Noble está mal das pernas. Para falar sobre o assunto, a coluna procurou Samuel Seibel, da Livraria da Vila.

Por que elas chegaram a este ponto?

Por uma conjunção de fatores. Além dos tablets que estão aí, existem outros pontos importantes. Quando vi o tamanho do endividamento da Borders, por exemplo, fiquei surpreso. É tão grande que não pode ter vindo somente de dois anos para cá.

Quais outras variáveis influenciaram nesse processo?

Acredito que o tamanho físico das lojas é um fator. São espaços grandes, muitos de quatro andares, em pontos nobres e caros das cidades. Além disso, as lojas são muitas em número e também próximas, o que causa uma "autocanibalizaçao", se é que podemos chamar assim.

Qual o peso dos tablets nisso?

É grande, mas está sendo exagerado. É claro que nos EUA tudo acontece em velocidade muito maior do que no Brasil e Europa. Mas as novas mídias, ao que me parece, não vão substituir o mercado dos livros.

As livrarias não se resumem a um local para comprar livros. São também pontos de encontro. Acredita que estão ameaçadas pela compra na internet?

Livraria é ponto de encontro e polo cultural. Muitas pessoas não abrem mão do livro. As editoras também vão se preocupar em adaptar os formatos. Acredito que o público que frequenta livrarias no Brasil é diferente daquele que compra pela internet. O que vai acontecer daqui 50 anos é especulação. Mas minha opinião é que as duas plataformas (livro e tablet) vão conviver. /MARILIA NEUSTEIN

Na frente

Ausência notada, Zeca Pagodinho vai, enfim, dar o ar da graça hoje no desfile das campeãs... cantando. O garoto-propaganda da cervejaria topou fazer show na Sapucaí com Latino.

Mariana Belém se apresenta na festa da marca Tatiana Loureiro terça. No Lounge One, do Iguatemi.

Tem Festival do Coelho no Freddy, a partir de segunda. O animal é regente do ano-novo chinês em 2011.

O livro Um Olhar do Mundo 4x4, da Mitsubishi, será lançado terça. No Iguatemi.

Acontece, segunda, homenagem ao Dia da Comunidade Libanesa e a Rafik Hariri, premiê assassinado, em 2005, no Líbano. Na Assembleia Estadual Paulista.

Pegada hídrica ou virtual da água é a base da exposição fotográfica Hydros IV - Cotidiano. Abre segunda-feira, na estação Sé do metrô.

Roberto Carlos é esperado na feijoada das campeãs, que acontecerá hoje no Hotel Caesar Park Ipanema. A Beija-Flor levará a bateria, Raíssa de Oliveira, rainha, e Selminha Sorriso, porta-bandeira.

RUY CASTRO

Desfechos previsíveis

RUY CASTRO 
FOLHA DE SÃO PAULO - 12/03/11


RIO DE JANEIRO - O jogador Adriano, demitido pelo Roma, da Itália, volta ao Brasil tentando reconstruir uma carreira que podia ser brilhante e cujo desfecho, nada feliz, está mais à vista do que nunca. Nesta mesma semana, o ator Charlie Sheen, também demitido pela Warner e pela CBS, produtores de um seriado que ele estrelava, ainda não se deu conta de que sua carreira no cinema e na TV já foi para o abismo.
Adriano e Sheen têm problemas graves com substâncias de que são dependentes: o jogador, com o álcool; o ator, com o álcool e toda espécie de drogas ilegais.
Adriano, bem à brasileira, não se considera alcoólatra -ofende-se e se magoa quando o chamam assim. Aferra-se ao discurso de que quer apenas "ser feliz", e tem quem acredite ou queira acreditar no que ele diz. De propósito ou não, usa a seu favor a maciça ignorância nacional sobre o assunto, segundo a qual seu único problema é uma certa falta de "força de vontade".
Sheen, por sua vez, não esconde nada, nem isso é mais possível nos EUA nesse departamento. Ao contrário, gaba-se de usar todas as drogas e ser imune a elas ("Já fumei sete pedras de crack num só dia e continuei vivo. Sou diferente."). Agride a mulher, perde a guarda dos filhos, insulta os produtores de Hollywood e sai dando bananas para o mundo. Está no auge da prepotência. Não admira que já queiram filmar sua vida, com ele próprio no papel -provavelmente seu último.
Adriano se ilude com a ideia de que lhe basta treinar, entrar em forma e jogar. Sheen também acha que controla a situação e que a quantidade de tóxicos que consome está passando em branco por seu organismo.
Mas qualquer profissional com um mínimo de entendimento de dependências químicas sabe que a única esperança para eles é a internação -Adriano, por nunca menos de seis meses; Sheen, por pelo menos um ano.

ILIMAR FRANCO

Réquiem
ILIMAR FRANCO
O GLOBO 12/03/11

Após um acordo que pacificou as duas correntes do partido, o DEM faz sua convenção nacional na terça-feira, quando elegerá o senador José Agripino (DEM) seu novo presidente. Mas o tom não será de festa. “A convivência é a pior possível”, disse um cacique do grupo de Jorge Bornhausen. “Não vai ser uma festa, mas também não será clima de velório. Será formal”, resumiu um líder da ala do atual presidente, Rodrigo Maia. A eleição de Agripino é uma tentativa de reerguer o partido.

“Não tenho crise de princípios, tenho crise com pessoas do meu partido” — Kátia Abreu, senadora (DEMTO), de malas prontas para deixar a sigla

Sobrou para o Obama
As centrais sindicais dos trabalhadores vão entregar um documento para o presidente dos EUA, Barack Obama, com quem almoçarão na semana que vem, reclamando do déficit do comércio bilateral entre Brasil e Estados Unidos, que foi de US$ 7 bi no ano passado. Há restrições a produtos brasileiros como aço e suco de laranja. Os sindicalistas foram convidados ontem pela presidente Dilma Rousseff para participar do encontro. “Vocês reclamam que não participam de nada no governo, então vamos almoçar com o Obama”, disse ela. O ex-presidente Lula costumava se reunir com sindicalistas quando ia aos Estados Unidos.

ESTRATÉGIA. A presidente Dilma jogou temas espinhosos colocados pelas centrais — como oposição à desoneração da folha de
pagamento, redução da jornada de trabalho e fim do imposto sindical — para a mesa permanente de negociação, a ser criada pelo governo. O mesmo aconteceu no encontro com os líderes da Câmara. Questões como o corte das emendas parlamentares foram
adiadas para a reunião do conselho político. 

Economia solidária
A CUT pediu à presidente Dilma para incluir entre as atribuições do Ministério da Micro e Pequena Empresa, a ser criado pelo governo, a economia solidária. Dilma teria se mostrado receptiva à ideia, de acordo com os sindicalistas.

Passe de mágica

Da presidente Dilma, ontem, em reunião com as centrais sindicais: “Não dá para acabar com o fator previdenciário em um passe de mágica. Quero negociar uma alternativa”. Ela já avisou que nada será feito este ano.

Desguarnecido

O presidente da Nova Central, José Calixto, reclamou, na reunião com a presidente Dilma, que o Ministério do Trabalho estaria desaparelhado, sendo deficiente, por exemplo, na área de fiscalização. “Falta até selo”, disse ele. Presente, o ministro Carlos Lupi reconheceu que faltam funcionários, mas disse que Calixto estava exagerando. “Se falta selo, é porque o Lupi está levando pra casa”, encerrou Dilma, em tom de brincadeira. 

Reforma política
A tendência da comissão de reforma política do Senado é mudar o sistema de suplência de senador só para os casos de renúncia ou morte, quando seria convocada nova eleição. No caso de licença, que ocorre, por exemplo, para assumir um ministério, continuaria assumindo o suplente, como é hoje. Já quanto à data da posse de presidente da República, a tendência é mudar de 1º de janeiro para o dia 15. Mas isso valeria somente para quem tomar posse em 2019.

 O GOVERNO brasileiro quer aproveitar a visita do presidente dos EUA, Barack Obama, para fechar acordo a fim de agilizar o reconhecimento de patentes. Hoje o prazo médio é de três anos.
 O MINISTRO do STF Ayres Britto liberou seu voto sobre união homoafetiva. Só falta agora o presidente Cezar Peluso marcar o julgamento. 
 ROMPIDOS. Braço-direito de José Serra, o deputado Jutahy Júnior (PSDB-BA) não fala mais com o presidente do partido, Sérgio Guerra. O motivo foi a divulgação de abaixo-assinado de apoio à recondução de Guerra ao cargo, que era almejado por Serra.

FERNANDA KRAKOVICS (interina) com Fábio Fabrini

MARCELO RUBENS PAIVA

Pra não ficar falada
MARCELO RUBENS PAIVA
O ESTADO DE SÃO PAULO - 12/03/11

"Eu, pai da (nome da filha), decido diante de Deus seguir a minha filha com autoridade e proteger no campo da pureza. Serei puro na minha própria vida como homem, marido e pai, e um homem com integridade para liderar, o guia e conselheiro da minha família. Como este juramento, tal compromisso pode ajudar Deus a proteger gerações que virão."
"Eu senti o poder dessas palavras, que atingiram diretamente o meu coração. Meu pai jurou me proteger e prometeu me proporcionar uma vida de pureza e integridade. Senti a força da sua promessa, que serve de exemplo. Finalmente tenho um modelo a seguir por toda a minha vida e estou tão grata pela decisão do meu pai, que me sinto encorajada por assumir esse compromisso."
Pode uma coisa dessas?
Tais juramentos são feitos num culto em que pais e filhas - de longo e maquiagem, que vão de 4 a 12 anos de idade - trocam alianças e firmam um pacto para elas se manterem o quê? Sim, apesar dos novos tempos, da revolução digital e no mundo árabe, virgens até se casarem.
São partes da doutrina do Purity Ball, criado em 1998 pelo pastor Randy Wilson, e que já se espalhou por 48 Estados americanos e 17 países. Evento que custa US$ 89 por pessoa e dá direito a um jantar.
O ponto alto da cerimônia é quando os pais formam um círculo ao redor das filhas. Cada um pega a sua, diz o quanto ela é linda e perfeita, entrega uma flor rosa e faz o juramento. Depois, o bailinho rola até meia-noite.
Wilson explica o sucesso da sua seita, Generation on Light: "Pergunte a qualquer garota com qual homem ela gostaria de se casar, e ela dirá: "Com um que se pareça com o meu pai"."
Freud há muito dizia o mesmo, baseado numa ciência que muitos acusam de não ser empírica e no teatro grego, cujas tragédias foram escritas baseadas em mitos por autores beberrões e pederastas. Um deles fez uma peça em que o filho se apaixona pela mãe.
E os garotos? Não ficam fora dessa.
Convidados a assistir ao rasta-pé evangélico das irmãs e amiguinhas, eles ganham uma espada pesada e maior do que eles. Os líderes acreditam que eles se inspirarão e transcenderão suas vontades mais censuráveis, já que terão de crescer para usar a espada. Literalmente. "Garotos se tornam homens observando os pais", justifica o pastor.
***
Clamor do Sexo (Splendor in the Grass), filme de Elia Kazan, retrata as angústias de um casal de adolescentes, que vivia numa cidadezinha do longínquo Kansas dos anos 20 e é sufocado pela rígida moral puritana da época.
Bud, o capitão de time (Warren Beatty, estreando no cinema), e Deanie (Natalie Wood) são os garotos que, no auge da paixão, precisam, devem, são obrigados moralmente a se controlar, para manter a pureza regida pelas convenções.
Durante todo o tempo, os personagens do filme se perguntam como é possível reprimir tamanho desejo.
Nem os pais, nem os médicos, são capazes de explicar o que fazer com a libido característica da idade. As coisas são assim e pronto. O pai sugere (e leva) o filho a um bordel. Chega a pagar uma garota de programa para o rapaz.
Na cidade, as moças não querem "ficar falada" como Loden, a irmã do cara, que dava para todos, inclusive para os homens casados, e vivia de porre, pois não suportava a moral rígida daquele canto do mundo.
Bud e Deanie se pegam, se amassam, mas não podem ir além. Ele decide terminar o namoro, quando descobre que irá para Yale e ficará quatro anos longe da garota, pois sabe que não conseguirá se segurar e não quer estragar a pureza da garota amada.
Na escola, a professora de línguas dá uma dica do terror pelo qual os alunos passarão, ao ler o famoso poema de William Wordsworth, Splendor in the Grass, e pedir para as mocinhas interpretarem: "Apesar de que a luminosidade foi um dia brilhante e tenha sido para sempre tirada da minha vista, embora nada possa trazer de volta o momento, do esplendor na relva, da glória na flor, nós não lamentaremos por algo que ficou para trás".
É quando Deanie reflete sobre a idealização em que vive, se nega a encarar a verdade e pira de vez. É internada num manicômio em que fica dois anos e meio. Enquanto Bud larga os estudos depois do Crash de 1929, se casa com uma ex-garçonete e vira um rancheiro pobretão e digno.
O estrondoso sucesso do filme (Oscar de melhor roteiro) tem uma razão de ser.
Retrata a geração dos nossos avôs, é "de época", mas foi produzido e lançado no comecinho dos anos 60, quando a pauta de uma revolução sexual que estava para ser detonada era aventada em todos os lares, bancos de escola e diners, entre um milk-shake e outro.
O movimento dos direitos civis não saía das manchetes, o tabu da virgindade se desintegrara, o sutiã se tornaria peça obsoleta do vestuário, e o controle da natalidade, prioritário, inclusive com a liberação do aborto, mudando para sempre a vida sexual de todos, jovens ou não.
Clamor do Sexo é considerado um dos dramas mais marcantes do cinema americano, daqueles que provocam debates por um longo tempo. Causou escândalo por retratar a crueldade que o amor entre adolescentes pode gerar, e por mexer em vespeiros fundamentais como educação e liberdade de escolha.
Temas que, pelo visto, ainda incomodam. Afinal, o que seria de uma revolução sem uma contrarrevolução, por mais que ela soe ridícula e pretensiosa. No caso da seita Generation on Light, talvez não sejam as filhas que precisem de proteção, mas os pais, de cuidados médicos.

CESAR MAIA

Presidentes, PIB e política
CESAR MAIA 
FOLHA DE SÃO PAULO - 12/03/11

A divulgação, por Reinaldo Gonçalves, das taxas de crescimento do PIB por período presidencial provoca a análise. O crescimento econômico atribuído a JK é na verdade um longo ciclo no pós-Guerra. Na segunda metade dos anos 1940, com Dutra, a economia cresceu 7,6%, em média.
Na primeira metade dos anos 1950, com Vargas e até a posse de JK, cresceu 6,7%, em média. Com JK, o crescimento médio foi de 8,1%.
No primeiro ano do governo Jânio Quadros (renunciou em agosto de 1961), cresceu 8,6%.
Portanto, em 16 anos do pós-Guerra, a economia brasileira cresceu, em média, 7,5% ao ano, com pouca variação entre os governos.
Nos períodos de turbulência política, a taxa de crescimento fica muito abaixo. Com Floriano Peixoto (Revolta da Armada), a taxa média de três anos de governo acusou decréscimo de 7,5%. No período Collor, também de três anos, outro decréscimo (-1,3%).
Foram os dois únicos períodos governamentais na República com queda do PIB. Inclua-se como períodos de turbulência os governos Arthur Bernardes (estado de sítio) e João Goulart (até o golpe de 1964), com média de 3,7% e 3,6%, respectivamente.
No período Hermes da Fonseca (revolta dos marinheiros, dos fuzileiros navais, estado de sítio e intervenção em Estados do Nordeste), a taxa média foi de 3,5%. No período de Wenceslau Braz, durante a Primeira Guerra Mundial, a média de crescimento foi de 2,1%. Ao contrário da Segunda Guerra, que impulsionou as exportações, na Primeira Guerra, com o bloqueio continental, o efeito foi contrário.
Os períodos governamentais de ajuste econômico também produziram redução da taxa de crescimento do PIB.
Em primeiro lugar, Campos Salles, que realizou duras medidas exigidas pelo Encilhamento no início da República. A economia cresceu, em média, 3,1%. De certa forma se pode incluir o período FHC como de ajustes econômicos, pelas reformas adotadas e pelas respostas às crises asiática e russa. O crescimento médio foi de 2,3%. No núcleo das crises de 1998-99, foi de 0,4%.
O ajuste econômico durante o governo Castello Branco foi rápido, compensado pela expectativa favorável do empresariado, pelo apoio internacional e pelas medidas que aliviaram as cargas tributária e trabalhista e alinharam preços. Só no ano do ajuste de 1965 houve menor crescimento. No período, a taxa média foi de 4,6%.
O período Figueiredo terminou sendo o desaguadouro da crise do petróleo e da transição política, e a taxa média de crescimento foi de 2,4%. O primeiro governo Lula exigiu ajustes, e a taxa média foi de 3,5%. E no segundo, incluindo o ano de crise de 2009, o crescimento teve a mesma média do período republicano: 4,5%.

CELSO MING

Divergências sobre o euro 
CELSO MING
O ESTADO DE SÃO PAULO - 12/03/11

Desta vez, pelo menos as divergências entre os países-membros da área do euro estão no mesmo campo. Já há suficiente compreensão de que não é possível dar solidez à moeda comum sem a construção de uma base fiscal comum, que, por sua vez, depende de um mínimo de unidade política.

A reunião de cúpula dos chefes de Estado do euro ontem realizada em Bruxelas mostrou divergências profundas a superar e um princípio de acordo ainda a ser sacramentado. O centro das discussões leva três nomes que, no fim, significam o mesmo. Está sendo chamado tanto de Pacto pela Competitividade, como de Pacto por Governança Econômica e de Pacto para o Euro.

A crise do euro acontece porque cada um dos 17 países do bloco tem suas próprias leis trabalhistas, seu sistema tributário, seu orçamento. Basta essa enorme diversidade para provocar enormes diferenças nos resultados das contas públicas e no tamanho das dívidas (veja tabela). E essas diferenças são, por si sós, fator de perda de competitividade.

Uma dívida muito maior em relação ao PIB, como as da Grécia e Portugal, implica pagamento de juros muito superiores, o que, por sua vez, é novo fator de aumento de custos fiscais com os juros da dívida.

Mas a crise da Irlanda mostrou que não basta ter finanças públicas relativamente em ordem. É preciso também que o sistema financeiro privado esteja saudável. O rombo nas contas públicas do país aconteceu porque, de um dia para o outro, seu governo teve de salvar os bancos.

Em caso de aumento súbito de custos, um governo pode sempre desvalorizar sua moeda. Esse recurso reduz os salários e baixa em moeda estrangeira os preços dos produtos. No entanto, países que integram uma área de moeda comum não têm essa prerrogativa porque abriram mão da soberania monetária. O que podem fazer é reduzir salários, aposentadorias e benefícios. É o que foi feito na Alemanha, com bons resultados, porque apresenta o melhor superávit comercial do bloco.

A unificação de regras na área do euro atinge gama enorme de assuntos. Vai ser preciso, por exemplo, uniformizar os sistemas tributários. Há países da área do euro que cobram 35% de Imposto de Renda sobre o lucro das empresas e outros que cobram apenas 15%.

As atuais discussões preveem proibição de reajustar salários de acordo com a inflação. Propõem, também, uniformização do limite de idade de aposentadoria aos 67 anos. Os críticos argumentam que seria melhor vincular a idade de aposentadoria à expectativa de vida da população.

Outro ponto que suscita ferozes discussões consiste em descarregar sobre os bancos parte do custo com a inadimplência de dívidas soberanas. Mas, se os bancos tiverem de pagar esse custo, o que fazer no caso em que, em consequência disso, eles também acabarem insolventes?

Falta saber também como exigir que os acordos sejam cumpridos. Os limites de despesa pública e endividamento previstos no Tratado de Maastricht não foram observados, mas não há quem possa impor sanções a essas transgressões.

Onde quer que desemboquem, as atuais negociações têm de prever um mínimo de governança comum. E isso parece conduzir à maior hegemonia da Alemanha e da França dentro do bloco.

CONFIRA

Bagulheira chinesa

No encontro que teve ontem com os sindicalistas, a presidente Dilma Rousseff reconheceu que "o Brasil é exportador de commodities para a China, mas importa muita bagulheira". Pois é justamente essa bagulheira que provoca reações indignadas do ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel. Para ele, os produtos importados da China fazem concorrência desleal ao produto industrial brasileiro.

Produto estratégico
O que a presidente Dilma está dizendo é que o produto nobre de exportação são as commodities fornecidas pelo Brasil e que "bagulheira" são os produtos industrializados importados da China. Seria, então, a "bagulheira" chinesa concorrendo com a "bagulheira" produzida no Brasil?

Baixo valor agregado

Essa observação da presidente Dilma tromba com a conclusão de tantos analistas e empresários para os quais o Brasil perde empregos e riqueza por exportar matérias-primas, produtos de baixo valor agregado.

GAUDÊNCIO TORQUATO

O fóssil corporativista está vivo
GAUDÊNCIO TORQUATO
O ESTADO DE SÃO PAULO - 12/03/11

O professor América no Philipe Schmitter, autor de densa pesquisa sobre a democracia brasileira, com a qual embasou sua tese de doutoramento no fim da década de 60, ao passar pelo Brasil, recentemente, deixou no ar incitante indagação: por que o país ainda conserva o “fóssil corporativista”? Referia-se ele ao modelo adotado por Getulio Vargas e inspirado em Mussolini, cujos elementos se apresentam organicamente vivos ainda hoje, bastando olhar para algumas de nossas instituições, que se amarram à frondosa árvore estatal, como centrais sindicais, ou as entidades que vivem de contribuições de interesse de categorias profissionais ou econômicas, como as que integram o Sistema S, encabeçadas por Sesi, Senai, Sesc e Senac.

O corporativismo brasileiro continua a dar as cartas pela relação de troca que estabelece. Os escudeiros do corporativismo, sejam representações laborais ou empresariais, querem mamar nas tetas do Estado. E este usa o equipamento para manter certo controle sobre elas.

Em pleno século 21, o Brasil ainda não se livrou de um fenômeno que faria sentido nos anos 30, e que foi eliminado em países de costumes parecidos, como o México, onde a democratização esfacelou o modelo corporativista. A surpresa se torna ainda maior quando se observam a variedade de grupos étnicos e religiosos e a diferenciação das economias sub-regionais, características brasileiras que, por si só, dariam margem ao desenvolvimento de sólidas estruturas pluralistas e, consequentemente, ao desmoronamento do corporativismo.

Expliquemos as razões da sobrevida desse fóssil, a partir de rápida interpretação sobre o ethos nacional.

Somos um povo acostumado a viver sob a tutela do Estado. Cada ator social – grupamento, núcleos organizados, setores – imbui-se de pertencimento, a noção de que tem direito a uma cota do patrimônio estatal. O patrimonialismo é o primeiro patrocinador do corporativismo.

A este valor se agrega o cartorialismo, o costume de registrar as conquistas em cartório. Resulta disso a proliferação de leis e decretos. O foro legislativo entope-se com a enxurrada de normas que visam a atacar, defender e preservar posições. O corporativismo, como se vê, se ancora em restrições, concessões, janelinhas de oportunidades e balcões de benefícios.

Quanto mais o país avança na avenida da modernização de processos e práticas da gestão pública, mais amarrado fica à floresta legislativa. Dessa forma, os trens velozes da contemporaneidade correm atrás da carroça protecionista. Esse é o gigantesco paradoxo de nossa democracia funcional. O pluralismo que se enxerga na gama de instituições sociais e políticas, nas organizações não governamentais, nos grupos de interesse, não ganha correspondência no campo do voluntarismo e nas frentes de livre escolha. A miríade de associações, cada qual defendendo reivindicações de nichos, se acostumou ao ofício de articular com os Poderes para baixar decretos, normas, instruções ou leis específicas de cunho protecionista. Tal composição, aliás, condiz com o formato de uma sociedade agrupada em núcleos especializados. A especialização se amplifica com a formação de cadeias e coalizões voltadas para eleger suas representações ao Parlamento.
Impõe-se a pergunta: quem levantará a bandeira dos grupos sociais desorganizados, das massas periféricas? Os partidos? Ora, também começam a agir de maneira corporativa.

As 27 siglas que giram na constelação partidária acabam sendo responsáveis pelo caráter fluido da política. Competitividade maior haveria se tivéssemos apenas cinco ou seis partidos, que, ajustados ao arco ideológico, fariam representação mais adequada às divisões sociais. Sob essa configuração, o conceito de bem comum ganharia força.

CLÓVIS ROSSI

Quando a infâmia compensa
CLÓVIS ROSSI 
FOLHA DE SÃO PAULO - 12/03/11

Inação do mundo na Líbia chega à indecência; vive-se um festival de retórica e ameaças -e ação zero


JOSÉ Ignacio Torreblanca, pesquisador do Conselho Europeu de Relações Externas, exumou a Guerra Civil espanhola de 1936-1939 para tratar do caso da Líbia, em artigo para "El País".
Naquela época, a Liga das Nações, precursora da ONU, foi passiva ante um conflito em que "a legalidade e a legitimidade estavam de um lado, e a mera força bruta do outro". Ganhou, se ainda é preciso lembrar, a força bruta, comandada pelo general Francisco Franco, que instalou uma ditadura que durou até sua morte, em 1975.
Conclui Torreblanca: "Tanto a doutrina de não intervenção na Guerra Civil espanhola como o embargo de armas, que prejudicou especialmente o lado republicano, passaram à história da infâmia".
Pois é. O mundo dito civilizado está escrevendo, com sua insuportável inação na Líbia, mais um capítulo para a história da infâmia.
Afinal, em carta conjunta ao presidente do Conselho Europeu, Nicolas Sarkozy e David Cameron dizem que atos cometidos pelo ditador líbio "podem corresponder a crimes contra a humanidade".
E daí? A Europa, os Estados Unidos, as Nações Unidas vão assistir passivamente a mais um desses crimes, como antes em Ruanda, na Bósnia, em tantos outros lugares?
O fato de que agir é realmente uma decisão difícil não basta para atenuar a culpa pela omissão.
No caso da imposição de uma zona de exclusão aérea, que poderia ao menos reduzir a vantagem do tirano, a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, lembra, com razão, que idêntica providência não impediu massacres nem no Iraque de Saddam Hussein nem pela Sérvia de Slobodan Milosevic.
Hillary esquece, no entanto, uma diferença talvez essencial: não havia nem no Iraque nem na Bósnia um movimento de libertação que buscasse ejetar os ditadores de plantão. Toda a ação era de forças estrangeiras, ao contrário do que ocorre agora.
Fica a nítida sensação de que ao Ocidente importa um pepino que morram árabes e muçulmanos. Afinal, quando morreram brancos (três) em uma discoteca de Berlim, em 1986, em ataque terrorista orquestrado por Gaddafi, o então presidente Ronald Reagan ordenou o bombardeio da Líbia.
Agora, fica esse festival de retórica, ameaças e reuniões -e ação zero. Se não quer ou não pode atuar por princípios, que o Ocidente ao menos reaja por interesse preventivo.
Como escreve Scott Stewart para o "site" geoestratégico Stratfor, a Líbia pode voltar a ser o ninho de terroristas que era quando do episódio da discoteca, entre outros. "O conflito na Líbia pode fornecer aos "jihadistas" mais espaço para operar do que o que gozaram em muitos anos", diz Stewart.
Reforça Christopher Boucek, pesquisador associado do Programa de Oriente Médio da fundação Carnegie: "Os islamitas libertados por Gaddafi e aqueles que escaparam da prisão durante a rebelião são agora capazes de operar em um ambiente de evaporação do controle do Estado, de abundantes depósitos de pequenas armas e de mal guardados estoques de agentes de guerra química".
O Ocidente vai somar a desídia à infâmia?

MÔNICA BERGAMO

MEU PAI-PAI
MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SÃO PAULO - 12/03/11

Neymar Santos, pai do craque Neymar, participou junto com o filho da nova campanha da Nextel, gravada no litoral norte de SP

VALE QUANTO PESA

O ator inglês Jude Law recebeu cachê de US$ 300 mil para desfilar pelo Camarote Brahma no Carnaval. Ou, em moeda brasileira, R$ 500 mil. Teve ainda passagem, hospedagem no Copacabana Palace e direito a quatro acompanhantes.

BEIJO NA OPRAH
O investimento compensou: fotos de Law foram estampadas em jornais do mundo todo. Nelas, ele aparece dando um selinho em Hebe Camargo, "a Oprah Winfrey brasileira", como a loira foi identificada.

EU TOPO
Foi depois de ouvir a explicação de que ela era "a Oprah", por sinal, que o ator inglês concordou em posar beijando Hebe na boca.

EM ALTA

Explodiu no Carnaval a procura pelo Disque-Denúncia 100, que coleta queixas sobre violações a direitos humanos. O crescimento do número de ocorrências comunicadas foi de 225% em relação ao mesmo período de 2010. No Rio de Janeiro, quatro queixas foram registradas em 2010, e 42 neste ano. Salvador, com 54, e São Paulo, com 41, estão entre as cidades que mais apresentaram denúncias.

TUDO CALMO
Com Carnaval tão grandioso e animado quanto as outras três capitais, Recife registrou número de queixas bem menor: 14.

MÃO DUPLA
Advogados do Clube dos 13 procuraram o presidente do Cade, Fernando Furlan, na Quarta-Feira de Cinzas, pedindo que o órgão enviasse ofícios aos times para saber a quantas andavam os contratos que eles pretendem firmar com as televisões. Furlan respondeu que não podia ser "usado para ajudar um ou outro interesse" enquanto não houvesse contratos assinados. "É provável", diz Furlan, que seja por isso que Fábio Koff, presidente do C13, tenha feito críticas ao Cade logo depois.

JÁ ERA
E a TV Record praticamente jogou a toalha: internamente, seus diretores já admitem que será muito difícil vencer a queda de braço com a TV Globo para a transmissão do Brasileirão.

DESERTO
Entre os clubes adversários é grande a expectativa sobre o tratamento que a Globo dispensará ao São Paulo, time que mais apoiou o Clube dos 13 na polêmica do Campeonato Brasileiro.

Acreditam que o tricolor será tratado a pão e água.

AO MAR
Em meio à confusão, dirigentes da Record partiram ontem num cruzeiro marítimo rumo ao Rio. A ideia é apresentar sua programação de 2011 em alto mar. Embarcaram Gugu Liberato, Rodrigo Faro, Mel Lisboa, Eduardo Guedes, Gianne Albertoni, Britto Jr., Chris Flores, Celso Zucatelli, Mylena Ciribelli e Giselle Itié. Com a perna machucada, Ana Hickmann ficou em terra firme.

ENCONTROS DE CARNAVAL
Durante a folia carioca, Maurício Mattos, presidente do camarote Rio, Samba e Carnaval, recepcionou a atriz Ellen Roche no espaço; a publicitária Bia Aydar e o empresário Dody Sirena conversaram na área VIP de Roberto Carlos; o técnico Vanderlei Luxemburgo circulou pela Brahma; o ator Luiz Fernando Guimarães e o diretor Jorge Fernando assistiram de perto aos desfiles na Sapucaí.

TOQUE DELE
A capa do segundo disco solo de Marcelo Camelo, "Toque Dela", é assinada pelo artista Biel Carpenter, que mora em Curitiba. O músico descobriu a ilustração, já pronta, navegando na internet. "Coloquei a imagem no meu computador e ela foi ganhando força e significado à medida que aprontava o disco. Depois chamei Carpenter para cuidar de toda parte gráfica do CD", diz Marcelo Camelo. Será lançado no próximo dia 5.

CURTO-CIRCUITO

Luiz Olavo Baptista lança na segunda o livro "Contratos Internacionais", a partir das 19h, na sede da OAB-SP.

A Federação Paulista de Hipismo realiza hoje, às 19h30, na Sociedade Hípica Paulista, festa para premiar os cavaleiros campeões do ranking 2010.

Mateus Sartori faz hoje, às 18h, na galeria Olido, show da turnê de seu disco "Franciscos". Menores de 12 anos devem ir com os responsáveis.

A Tania Bulhões Home fará almoço mineiro na quarta, das 13h às 16h, para lançar sua coleção 2011.

com DIÓGENES CAMPANHA, LÍGIA MESQUITA e THAIS BILENKY