sexta-feira, fevereiro 11, 2011

CAROLINA BAHIA

Caindo na real
CAROLINA BAHIA
ZERO HORA - 11/02/11

A desoneração da folha de pagamento das empresas não vai acontecer tão cedo. Uma decepção para todo o empresariado, que aguardava pelo menos um arremedo de reforma tributária neste primeiro semestre. Na prática, é uma das principais promessas de campanha de Dilma Rousseff que está sendo jogada para dentro da geladeira. Enquanto o mercado comemora a intenção do Planalto em finalmente respeitar o controle fiscal, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirma que só abre mão de receita em caso de uma contrapartida. Quer dizer, ou aumenta arrecadação ou inventa outro imposto, como a CPMF. A carga tributária do Brasil, de quase 40% do Produto Interno Bruto, já é absurda e um entrave para a competitividade da indústria. Nada justifica a criação de um novo tributo, que no fim vai pesar no bolso do consumidor final. Mas essa ideia está ganhando corpo entre os tecnocratas da equipe econômica. Inflação rondando, juro em alta e, agora, o risco de mais imposto. Era só o que faltava.

Bons amigosA aliança com a turma dos peemedebistas José Sarney (AP) e Renan Calheiros (AL) já está rendendo frutos a Dilma Rousseff. Ela conseguiu o que Lula jamais sonhou: blindar a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. 
Estratégica para a votação dos projetos, a CCJ está nas mãos de aliados graças às manobras do líder do PMDB, Renan Calheiros (AL). Entre os titulares da mais tradicional comissão da Casa, ilustres desconhecidos, como Sérgio Petecão (PMN-AC). No contra-ataque, a oposição emplacou a sua tropa de choque, liderada por Aécio Neves (PSDB-MG) e Kátia Abreu (DEM-TO).

VingançaAliás, entra Petecão e sai Pedro Simon (PMDB-RS. O gaúcho já era tratado como integrante da CCJ, quando Renan Calheiros aproveitou a liberdade de ação para afastar antigos desafetos. Como líder do partido, ele deixou Simon e Jarbas Vasconcelos (PE) de fora da comissão, sem nenhuma explicação prévia. Não é a primeira vez que isso acontece. Em 2007, no auge dos escândalos envolvendo o alagoano, Simon e Jarbas haviam sido afastados. Naquela época, eles conseguiram voltar.

RECORTE E COBRE LimitadoO Ministério da Integração Nacional prometeu socorrer as cidades gaúchas atingidas pelas chuvas. Na próxima semana, o ministro Fernando Bezerra deve divulgar o valor. A bancada gaúcha esteve reunida com o ministro e apresentou o balanço dos estragos: no Litoral, o prejuízo é de R$ 8 milhões. São Leopoldo está pedindo R$ 22,5 milhões para obras de recuperação e prevenção. A ajuda até pode chegar, mas não vai chegar nem perto do desejado.

NostalgiaA foto do ex-presidente Lula ainda está em alguns dos principais gabinetes de Brasília. Ontem, na festa do aniversário do PT, tinha ministro chorando de saudade.

BARBARA GANCIA

George Clooney no papel de Lula!
BARBARA GANCIA
FOLHA DE SÃO PAULO - 11/02/11

Só falta Yoko Ono ser vivida por Sabrina Sato e ninguém perceberá a sutileza no revisionismo estético


EM 1952, AO SER corrido do poder por Nasser, o rei Faruk do Egito proferiu uma frase célebre: "O mundo está em revolta. Em breve, sobrarão apenas cinco reis: o da Inglaterra e os quatro reis do baralho".
É bem verdade que, a partir da Segunda Guerra, a monarquia como sistema de governo entrou em franca obsolescência. E que Faruk, corrupto e debochado, nunca serviu nem ao menos como garoto de recados, quanto mais para governar um país do porte do Egito.
Para se ter uma ideia da imagem que ele projetava, a CIA tinha um plano para livrar-se do rei que era chamado nas internas de "project Fat Fucker" (Não, não se trata de uma banda musical malufista).
Mas Faruk sempre soube distinguir paus de espadas. Por mais decadente que ele fosse (morreu depois de comer um lauto repasto, algo na linha da cena final de "O Sentido da Vida", do Monty Python), o gorducho sabia que, no Reino Unido, monarquia é coisa séria.
O rei que ele dizia jamais seria destronado, Bertie, pai da rainha Elizabeth 2ª, acabou sendo coroado como George 6º contra a vontade, coitado, gago, tímido e desajeitado. É esse aí do filme que agora está em cartaz, "O Discurso do Rei", com Colin Firth, Geoffrey Rush e Helena Bonham Carter, todos no páreo para o Oscar.
Não vi o filme, mas impliquei com o trailer de tal forma que a coisa está comprometida para mim. É praticamente assunto dado por encerrado que não vou gostar e pronto.
Explico: a cena que me irritou foi aquela em que o rei está assistindo a um discurso de Hitler com a pequena princesa Lilibeth (nome pelo qual a rainha é tratada em família). Ela pergunta o que o Führer está dizendo e o rei responde: "Não sei, mas ele parece falar muito bem".
Ora, a quem a propaganda para recuperar a imagem de Buckingham pós-Diana quer enganar? Está certo que a princesa celerada quase acabou com a monarquia por capricho e que St. James precisava fazer algo para se recompor.
Mas vir me dizer que essa turma dos Windsors, que é toda aparentada com a realeza germânica, não entende alemão é rir da minha fuça. Apenas um exemplo: Elizabeth 2ª casou-se com Philip Mountbatten, cuja família, até a Primeira Guerra, era Battenberg e mudou de nome para não ter sua lealdade perante os ingleses questionada.
Há todo um trabalho sendo feito para redimir a família real. Elizabeth Bowes-Lyon, a quem Hitler chamava de "a mulher mais perigosa da Europa", merece que seja assim. Mulher de Bertie, a rainha mãe tomava um gim-tônica a mais da conta, mas, durante os ataques a Londres, recusou-se a deixar a capital dizendo: "As crianças não irão sem mim. Eu não deixarei o rei. E o rei nunca irá embora".
A história do rei gago que foi coroado por acaso é cinematográfica e vale ser recontada. Mas não há motivo para edulcorá-la a ponto de serem perdidas as referências históricas.
Outro dia, assisti a um filme sobre John Lennon em que sua tia Mimi é vivida por Kristin Scott Thomas. A tia de ninguém se parece com a Kristin Scott Thomas, muito menos a de John Lennon, que estava mais para bruxa do Harry Potter.
Daqui a pouco, a Yoko Ono vai parar nas telas na pele da Sabrina Sato e ninguém perceberá a sutileza do revisionismo estético. Quer saber? Deu-me uma vontade incontrolável de rever a última cena de "O Sentido da Vida". Dá-lhe, Farukão!

NELSON MOTTA

Além da imaginação
NELSON MOTTA
O GLOBO - 11/02/11

Eu confesso: sou um sarney-dependente, preciso de pelo menos uma dose dele por dia para me divertir, ou me enfurecer. Virou um vício. Há 40 anos acompanho fascinado a sua história com olhos de ficcionista. Porque só numa ficção de alta qualidade poderia existir um personagem verossímil com as características e a trajetória de Sarney, um pobre poeta maranhense que construiu um império sem nunca ter exercido outra atividade que não a politica e os cargos oficiais.

A vida pública de Sarney é um livro aberto, mas os estudiosos continuam debatendo o enigma do seu sucesso.

Uma das teses mais polêmicas é que ele empregaria, com verbas publicas, uma grande rede de pais-de-santo do Maranhão para baterem seus tambores dia e noite por ele, enquanto se garante comungando na capela do Curupu. Só o sobrenatural poderia explicar alguém com tão pouco ter ido tão longe. Os mais céticos acham que ele é um homem de fé e sorte.

Dizem que Sarney, como pessoa física, é até cordial e agradável, um amigo antigo de amigos por quem tenho imenso apreço e respeito, como Ferreira Gullar e Marcos Vilaça. Claro, deve ter lá suas qualidades, mas também seus poderes mágicos, para conseguir sobreviver e crescer tendo feito tudo que fez. Com quem fez. E o que não fez. E não deixou fazer. Pelo que disse, do jeito que disse. Pelo que fala, e como escreve. Além de estilo, Sarney tem sorte. O seu Maranhão, não: há 40 anos mantém o pior IDH do Brasil.

Mas ele diz que o Senado é transparente e tem o orçamento enxuto, e que fará o sacrifício de presidi-lo mais uma vez. Todos aplaudem. Até ele acredita.

O meu Sarney é tão grande que se tornou um símbolo. Como uma síntese dos piores vícios e atrasos da política brasileira, ele se agiganta, sobranceiro (êpa ! peguei o estilo), como um grandioso personagem épico, que é como ele mesmo se vê. Mas como o seu talento ficcional é menor que o político, o personagem que ele imagina para si mesmo em seus discursos e entrevistas sempre parece tosco, inverossímil e cômico. Como o real.

Nem Jorge Amado, Dias Gomes e João Ubaldo, juntos, conseguiriam criar um Sarney.

ERNESTO MOREIRA GUEDES FILHO E FABIANA TITO

Defesa comercial ou protecionismo?
ERNESTO MOREIRA GUEDES FILHO  E FABIANA TITO
O ESTADO DE SÃO PAULO - 11/02/11


No último dia 3, um levantamento da CNI indicava que "67% das empresas exportadoras brasileiras que competem com produtos chineses perdem clientes". De fato, a participação dos produtos da China nas importações brasileiras atingiu 14% em 2010: importamos US$ 25,6 bilhões de produtos chineses, alta de 61% em relação a 2009.

A abertura de mercado tem efeito positivo ao impulsionar empresas na busca por ganhos de eficiência e produtividade. As que não se moldam a esse padrão global deixam de ser competitivas e passam a ser ameaçadas por uma concorrência legítima. Por outro lado, há casos em que a concorrência internacional é feita mediante práticas desleais.

Existem dois conjuntos de instrumentos para combater ilegalidades no comércio internacional: direitos compensatórios, aplicados quando governos estrangeiros concedem subsídios ilegais a sua indústria; e direitos antidumping. O dumping é caracterizado pela venda de um bem no mercado internacional com preço inferior ao valor praticado internamente pelo exportador. Será considerada concorrência predatória e desleal se houver dano ao mercado nacional, bem como nexo causal entre o dumping e esses danos.

Assim, é necessária a análise das condutas para distinguir a concorrência predatória da legítima. O processo exige o levantamento de preços praticados no país de origem. No caso das importações da China, apesar de reconhecida pelo País como economia de mercado, tal reconhecimento não foi ainda devidamente regulamentado, fazendo com que os processos de dumping não levem em conta o do mercado doméstico chinês e, sim, parâmetros de mercado de outros países. Isso até facilita provar ações contra a China, pois o mais difícil é obter boas séries sobre preços no mercado doméstico do exportador e, nesse caso, podem-se usar benchmarks de preços externos, mais disponíveis.

Tanto no caso de direitos antidumping como no de direitos compensatórios, a análise é conduzida pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), por meio da Secretaria de Comércio Exterior e do Departamento de Defesa Comercial (Decom), que investiga a existência de dano. A decisão final e a fixação destes direitos são então homologadas pela Câmara de Comércio Exterior, também do MDIC. No âmbito internacional, compete à OMC a supervisão da aplicação das medidas de defesa comercial e a resolução de possíveis controvérsias.

Caso o Decom conclua pela viabilidade de uma investigação, normalmente após um pleito preliminar, seguem-se o preenchimento de questionário com as informações e cálculos econômicos necessários para a abertura da investigação (como séries de produção e vendas no mercado doméstico e preços praticados pelo fabricante do outro país em seu mercado); e a juntada dos documentos comprobatórios.

Entretanto, se não se constatar a existência de dumping ou medidas compensatórias ilegais, caberia às empresas, a busca pela eficiência e produtividade; ao governo, a adoção de medidas de política industrial e políticas públicas que desonerem exportações, simplifiquem o confuso sistema tributário e reduzam custos de transporte e de financiamento, sem que tais políticas incorram na concessão de subsídios ilegais. São medidas efetivas que melhoram a competitividade da indústria doméstica. Não se podem compensar ineficiências com medidas de defesa comercial utilizando-se instrumentos de proteção quando eles não se justificam.

Portanto, é importante separar o uso da defesa comercial de uma política simplesmente protecionista, que, além de ilegal, acaba incentivando a ineficiência. Por isso a defesa comercial ganhou destaque internacional, tornando-se objeto de debate e de avanços técnicos para que seu emprego seja objetivo e legítimo. Para o País, seu uso pode ser promissor na defesa da indústria nacional.

RESPECTIVAMENTE, ECONOMISTA, É SÓCIO RESPONSÁVEL PELA ÁREA DE ESTUDOS, PROJETOS E PARECERES DA TENDÊNCIAS CONSULTORIA; E ECONOMISTA ESPECIALIZADA EM DIREITO ECONÔMICO E ECONOMIA DA CONCORRÊNCIA E REGULAÇÃO, É ANALISTA DA TENDÊNCIAS CONSULTORIA

JOSÉ SIMÃO

Carnaval! Bloco metido a corno!
JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SÃO PAULO - 11/02/11

E essa perrenga do salário mínimo? Sabe o que a Dilma falou? "Fiz o mínimo possível"

BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República!
E mais um predestinado: "Caseiro gaúcho rouba cinco galinhas e dois sacos de ração". Como é o nome do caseiro? GARNISÉ!
E um assaltante em Salvador roubou dez caixas de Viagra numa farmácia. E o juiz classificou como furto famélico: roubou pra comer. Rarará!
E essa perrenga do salário mínimo? Sabe o que a Dilma falou? "Fiz o mínimo possível". E eu sei como calcular o salário mínimo: multiplicar o número de neurônios da Ana Maria Braga pelo número de vitórias do Rubinho e dividir pelo número de assaltos em São Paulo. E o salário mínimo não vai entrar em vigor, vai entrar em depressão. E não reclamem, porque no próximo ano não vai ter aumento, vai ter desconto. Rarará!
E já tão chamando a Cristina Mortágua de Cristina Mortégua: deu um coice no filho e outro coice na delegada! E ela fez tanto botox que ficou com cara de peru que não assou direito. Ex-mulher do Edmundo. Então tá explicado: tá acostumada com o ritmo. Rarará!
E cadê o Animal? O Animal virou Vegetal! E uma vez eu estava no Beach Park de Fortaleza e chegou a Cristina Mortágua com o filho. O menino aprontou tanto que eu falei: "Não precisa nem de DNA pra provar que é filho do Edmundo". Era um DNA vivo! Rarará!
E no programa da Lucianta Gimenez, ela declarou: "Eu não falo palavras de baixo GALÃO". Só de galão cheio!
E tô adorando os blocos! Direto do Rio: É Pequeno Mas Vai Crescer. O BRASIL AGUARDA! Rarará!
E direto do Recife: Metido a Corno. Olha, eu já vi metido a rico, metido a besta, mas metido a corno só no Recife!
E direto de BH: Mamãe Eu Sou Bicha! Esse esperou o Carnaval pra contar. Rarará!
O Brasileiro é cordial! Mais uma do Gervásio. Placa na empresa em São Bernardo: "Se eu receber mais telefonemas de esposa ou namorado reclamando de briga e xingamento contra elas, vou fazer esse Mel Gibson valentão conhecer a Lei Gervásio da Penha, vestir uma calçola e sentar no bico do aspirador. Conto com todos. Assinado: Gervásio". Rarará!
E salário mínimo era bom no tempo do Lula: pegou uma garrafa de 51, multiplicou por dez e deu R$ 510. Rarará! Nóis sofre, mas nóis goza.

ANCELMO GÓIS

Galanteio no ar
ANCELMO GÓIS
O GLOBO - 11/02/11

Quarta, no voo comercial da Gol que levou Lula de São Paulo para Brasília, um passageiro mais folgado se aproximou e disse:
— Presidente, com toda a sinceridade. Dona Marisa está muito bonita. Sua mulher está um pedaço de mau caminho! Atrevidinho o moço.

Atraso na APO

O relatório da missão do Comitê Olímpico Internacional que visitou o Brasil em dezembro reclama do atraso na implantação da chamada Autoridade Pública Olímpica, consórcio que vai integrar as três esferas de governo — federal, estadual e municipal.
O projeto da APO dos Jogos de 2016 se arrasta no Congresso desde abril de 2010.

Aliás...
É para o comando da tal APO que o governo federal convocou Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central.

Rumo ao Rio
A Andrade Gutierrez, uma das gigantes do cimento, está transferindo de São Paulo para o Rio sua parte de engenharia. 

Aquarius Fresh. 
A 9ª Vara de Fazenda Pública de São Paulo concedeu à Coca-Cola liminar que suspende a cobrança de R$2,2 milhões de uma multa aplicada pelo Procon. A entidade de defesa do consumidor alegava que a publicidade do Aquarius Fresh levava o freguês a pensar que o produto não era um refrigerante, mas, sim, água. Causa ganha pelo advogado Marcelo Goyanes.

A volta dos bailes
O Iate Clube do Rio, cujo Baile do Havaí foi, no passado, referência no carnaval do Rio, voltará, 20 anos depois, a animar a festa.
Mas, desta vez, será um baile de máscaras, na sexta-feira 4 de março.

Caso médico
Ronald Biggs, o ladrão inglês que roubou 2,6 milhões de libras de um trem postal, em 1963, e fugiu para o Rio, foi internado ontem em Londres, para onde voltou, espontaneamente, em 2001. Biggs, 81 anos, foi libertado em 2009, depois de cumprir um terço da pena, e já teve dois infartos e vários AVCs. 

‘Je t’aime, Vinicius’
A reintegração post mortem de Vinicius de Moraes ao Itamaraty (o Poetinha, como se sabe, foi diplomata) foi celebrada ontem em... Paris. Os franceses contrataram Miúcha, nossa cantora, para fazer um show em homenagem a Vinicius, no L’Européen.

Máquinas e metais
A gigante alemã Vulkan estuda abrir uma fábrica no Brasil para produzir acoplamentos de motores navais e industriais.

Dia 15, será lançado o manual “Sem medo de ser feliz”, no Rio Scenarium.

Yacy Nunes, Daniel Zarvos e Teresa Sobral têm depoimento exclusivo de Raphael de Almeida Magalhães para o filme “Os herdeiros de Vargas”.

O projeto Cat/Petrobras promove educação em comunidades da Barra.

O Hotel Novo Mundo patrocinou a Sebring FL.

Armínio Fraga, Rodrigo Arboleda e Vera Cordeiro falam no TEDxRio, terça.

O Vinoclub Bistrô completa um ano com menu reformulado Adrianne Balassiano e Sílvia Paludo reformularam o cardápio do Queen Jardim, no Jardim Icaraí.

Laerte e Ana Coutinho embarcam amanhã para a Europa.

O Rio ganha uma nova produtora, a Vitória-Régia, de Fernanda Castro, Christoph Reisky e Lucia Novaes.

Viação Tricolor
Há testemunhas. Quarta, por volta de 20h, antes de Flu 2 x 2 Argentinos Juniors, pela Taça Libertadores, no Engenhão, um despachante do ônibus de integração Del Castilho-Alvorada, do metrô do Rio, embarcou três sujeitos com camisas tricolores no ponto do Shopping Nova América e ordenou ao motorista:
— Deixe estes três no Engenhão antes de ir para a Barra.

Só que...
O ônibus não passa pelo Engenhão. O motorista mudou o percurso, pegou engarrafamento... e, finalmente, deixou o trio. Parece falta de respeito. E é.

Bailes Devassa

O Espaço Devassa na Sapucaí vai homenagear o Rio com o tema Bailes de Carnaval.Lembrará as grandes festas momescas cariocas.

Diário de Justiça
A juíza Paula de Freitas deu liminar aos advogados Mirian Pelegrino e Flavio Ahmedque que obriga o Itaú a desbloquear dinheiro de incentivos fiscais do filme “50 anos da Turma do Pererê”, de Tarcísio Vidigal, retido pelo banco, que alega ser credor da empresa do diretor. A juíza aceitou a tese de que cinema é patrimônio cultural, e a grana nele investida é pública e não pode ser penhorada.

Explode, coração 
Quarta, no ensaio da Portela, o primeiro depois do incêndio na Cidade do Samba, a emoção foi muito forte.

O intérprete Gilsinho começou a cantar o samba de 2011 e sua voz ficou embargada. Teve gente que chorou.

JOÃO MELLÃO NETO

A desastrada diplomacia de Lula
JOÃO MELLÃO NETO
O Estado de S.Paulo

Aos 40 dias de governo, Dilma Rousseff tem dado seguidos sinais de que sua gestão não será uma continuação da anterior. Nem poderia. Ela não teria como competir com Lula no seu principal quesito, que é o carisma. Ele tem uma história de vida fascinante, à qual alia uma retórica arrebatadora. Dilma terá de compensar tudo isso firmando uma imagem diferente. Em princípio - ao que parece - ela o fará primando pela racionalidade, pela firmeza e pela eficiência. Isso tudo a levará a divergir de seu criador. Ao menos no que tange aos aspectos mais polêmicos e heterodoxos de sua administração. Política exterior, por exemplo. Dilma já declarou que se vai contentar em defender valores universais, tais como os direitos humanos. E, também, em respeitar e fazer que sejam respeitados todos os acordos e contratos que forem estabelecidos com as demais nações.

Dilma não pretende seguir a espetaculosa diplomacia de Lula. Nos últimos oito anos, o nosso incansável ex-presidente perambulou e predicou pelo mundo inteiro. Agora já dá para fazer um balanço dos resultados.

Lula fez-se presente nas mais obscuras e desconhecidas nações da África. Oficialmente o fez para incrementar o nosso comércio. Na prática, tudo o que conseguiu foi alimentar nossa curiosidade por geografia.

Como um pai generoso, mostrou-se condescendente com todas as diabruras de nossos vizinhos, aqui, da América Latina. Triplicou o valor que o Brasil paga pela eletricidade do Paraguai, entregou refinarias brasileiras à Bolívia, defendeu intransigentemente a Venezuela, exaltou o regime de Cuba e cedeu a todas as chantagens comerciais da Argentina. Tudo a pretexto de manter uma política de boa vizinhança.

Comprou briga com os EUA a título de reafirmar a nossa autonomia, reconheceu a China como "economia de mercado", cortejou a França como "parceira estratégica", irritou tanto árabes como israelenses ao tentar intermediar os seus conflitos e se indispôs com o resto do mundo ao dar legitimidade ao regime vira-latas de Ahmadinejad, no Irã.

Fez tudo isso com o manifesto objetivo de conseguir para nós uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU. E também, segundo ele, para fazer brilhar a imagem do Brasil no exterior. Quais foram os resultados? Vamos lá.

Os países africanos receberam Lula com grandes festas, e não passou disso. No que diz respeito ao comércio, eles não têm dinheiro para comprar nada da gente e nós não temos interesse em comprar nada deles. Fazer um intercâmbio de coqueiros talvez funcione.

Aqui, na América Latina, a imagem do Brasil é a de um grande e balofo cão São Bernardo que, na ânsia de agradar, faz papel de bobo perante os seus coleguinhas menores. A tão almejada "liderança natural" do Brasil no subcontinente, assim, ainda está muito longe de ser alcançada.

Ao contrário. Na Unasul e no Foro de São Paulo quem dá as cartas é Hugo Chávez, que, aliás, se valeu da vaidade e da boa-fé de Lula para nos pôr em situações difíceis. Foi ele que instigou Evo Morales, da Bolívia, a nacionalizar as empresas brasileiras e também transformou a nossa embaixada em Honduras em casa de repouso do ex-presidente de lá.

Lula dispôs-se até a enviar tropas brasileiras para garantir a paz no Haiti. Nossos soldados estão nesse país até hoje. E já faz mais de seis anos. Ninguém sabe quando e como sairemos de lá. Que benefício este gesto de generosidade nos trouxe? Nenhum. Quando ocorreu algo realmente sério - um terremoto -, os norte-americanos trataram de desembarcar por lá e resolver o problema sozinhos. Não confiaram nos nossos pracinhas para nada.

A propósito dos EUA, os nossos gestos de hostilidade a eles serviram apenas para reafirmar a nossa pretensa autonomia terceiro-mundista. Em termos comerciais e políticos, foi um verdadeiro desastre. Logo que assumiu a presidência, Barack Obama cuidou de afirmar, em público, que Lula era "o cara". O nosso presidente levou a gentileza ao pé da letra, acreditou que era realmente um sujeito "especial", e passou a esnobar o colega e o seu país.

Não que os norte-americanos tenham ficado muito sentidos com isso. Apenas o Departamento de Estado riscou o Brasil do mapa e, em consequência, nós perdemos uma chance histórica de vender etanol a eles. Obama já tinha declarado a sua intenção de buscar, em curto prazo, fontes "limpas" de combustível.

Quanto aos outros dois países ricos que Lula cultivou, ocorreu o seguinte: a China aproveitou o status de economia de mercado que o Brasil lhe concedeu para nos entupir de bugigangas fabricadas por lá. E nós não podemos mais levantar nenhuma barreira contra isso. Já quanto à França, a simpatia dela nos custou a promessa de lhes comprarmos três dezenas de aviões de combate.

Agora, a obra-prima da desastrada diplomacia lulista foi a inconsequente tentativa de intermediar um acordo em torno do programa nuclear iraniano. Será que o nosso ex-presidente estava tão cheio de si a ponto de acreditar - como ele mesmo declarou em público - que estava "conseguindo, em 24 horas, o que os americanos não obtiveram em 20 anos"?

O que o Brasil conseguiu, de fato, foi atrapalhar a negociação internacional de sanções contra o Irã. O mundo zangou-se por causa da nossa intromissão e o Brasil ficou com a fama de "parceiro não confiável".

Até os países africanos - que Lula tanto cultivou - votaram contra a proposta brasileira na ONU. E nós contávamos com o apoio deles... Com tudo isso, o tão almejado assento permanente no Conselho de Segurança ficou ainda mais distante.

Pensando bem, será que valeu a pena?

WASHINGTON NOVAES

Represas evidenciam que é preciso ter pressa
WASHINGTON NOVAES 
O Estado de S.Paulo - 11/02/11

É inacreditável e ameaçadora a lentidão com que reage - quando reage - o poder público, no Brasil, diante de fenômenos rápida e progressivamente mais frequentes e mais intensos, como têm sido os "desastres naturais" provocados por chuvas volumosas, em curto espaço de tempo - abalando estruturas rodoviárias (pontes, aterros, pistas, barrancos) e, cada vez mais, estruturas urbanas. Está mais do que evidente que essas estruturas mais antigas não foram calculadas para suportar o peso, a pressão, o volume, a rapidez com que chega a água. Da mesma forma, não se consegue reagir adequadamente aos fantásticos volumes de água que se acumulam nas cidades e não conseguem vazão suficiente em rios e canais estreitados, canalizados, assoreados. Piscinões não suprem os espaços que se tornam necessários pela impermeabilização do solo urbano e pelas redes de drenagem insuficientes e entupidas.

Para constatar a lentidão e/ou anomia do poder público basta lembrar o que foi relatado há poucos dias (4/2) pelo Portal do Meio Ambiente: tramitam pelo Senado, alguns deles há anos, 48 projetos de lei que tratam de "formas para prevenir mortes e prejuízos causados por eventos extremos da natureza". Nenhum deles está perto de discussão final e aprovação. Nem mesmo o que torna obrigatória a realização de estudos geológicos, geotécnicos e topográficos em encostas de morros ou áreas sujeitas a inundação, apresentado pelo falecido senador Romeu Tuma. Se já existisse ou fosse cumprido, teria evitado centenas de mortes nas serras do Rio de Janeiro e em várias áreas de São Paulo, Minas e outros Estados. Este jornal também noticiou (7/2) que há 170 anos a cidade de São Paulo tem projetos para evitar inundações.

Nas últimas semanas, a Austrália deu exemplos de como a competência e a prevenção minimizam danos desse tipo. Na inundação da área de Brisbane, que atingiu 200 mil casas, o número de mortos foi reduzido a poucas pessoas, com os avisos prévios e a retirada de moradores. Logo em seguida, no mais violento ciclone em 92 anos, com ventos superiores a 300 quilômetros por hora, 10 mil pessoas foram evacuadas a tempo de Mission Beach, em Queensland, sem um morto sequer. E não é só. A conta da destruição de 30 mil casas será dividida entre os australianos de maior renda (mais de US$ 50 mil anuais), que pagarão um imposto de 0,5%. A arrecadação prevista de US$ 1,8 bilhão cobrirá 40% do prejuízo estimado (Estado, 28/1).

A Grande São Paulo e adjacências deveriam estar muito atentas à situação que se esboça na área de represas e barragens. O Departamento Nacional de Produção Mineral interditou a empresa mineradora responsável pela barragem que se rompeu em Analândia e carregou pontes no Rio Corumbataí e trechos de rodovias - além de obrigar Rio Claro e Piracicaba a suspenderem a captação de água nesse manancial. Em Franco da Rocha, a abertura das comportas de uma barragem tornou-se inevitável, diante da ameaça de rompimento, quando em duas horas a entrada de água passou de 15 metros cúbicos por segundo para 140 metros cúbicos por segundo e levou o reservatório a 97% de sua capacidade ocupada (Folha de S.Paulo, 14/1). A cidade de Franco da Rocha foi inundada. Também a Represa Jaguari-Jacareí teve de abrir comportas quando a vazão que ali chega passou rapidamente de 0,4 para 40 metros cúbicos por segundo. Vários bairros foram alagados. A Represa Itupararanga, com as comportas abertas, inundou partes de Sorocaba e Votorantim. E tudo isso compõe um quadro em que as chuvas previstas para janeiro na região (220 milímetros) chegaram a 660 milímetros (em janeiro de 2010, o índice de 461 milímetros já fora o maior em 77 anos), segundo a Sabesp (29/1).

O desfecho desastroso dos "eventos extremos" poderia perfeitamente ser evitado. O professor Luiz F. Vaz, do Instituto de Geociências da Unicamp, lembra, neste jornal (24/1), que estudos do Instituto de Pesquisas Tecnológicas e do Instituto Geológico há mais de 20 anos já calcularam o volume de chuva acumulada que deflagra deslizamentos, e que pode ser transmitido a tempo aos sistemas de defesa civil. Cidades que os usam têm evitado males maiores. Estudos das Universidades de British Columbia, de Hamburgo e de Utrecht, além do US Geological Survey, já criaram um primeiro mapeamento da permeabilidade do solo, capaz de trabalhar a até cem metros de profundidade (antes iam a um ou dois metros) e de identificar pontos suscetíveis de deslizamentos.

Outros estudos demonstram que, embora obras desde a década de 80 tenham rebaixado o leito do Rio Tietê, implantado várzeas e construído piscinões, aumentado a profundidade e a largura, ao custo de R$ 2 bilhões, sua capacidade de receber água (vazão de até 1.100 m3/segundo) ainda é bem inferior a vazões frequentes na época de chuvas intensas, que podem chegar a 1.750 m3/segundo. Só 50 dos 134 piscinões previstos foram concluídos. Sem falar que é quase impossível controlar o volume de sedimentos carreados por grande parte dos 70 rios, córregos e afluentes que estão sob o asfalto. Não bastasse, pesquisadores do Instituto de Biociências da USP acabam de demonstrar que a água que abastece 4,5 milhões de pessoas na Grande São Paulo, proveniente das Represas Billings e Guarapiranga, está contaminada por metais (cobre, cádmio, cromo, chumbo, níquel) em volume até 30 vezes superior ao máximo admitido. Riscos para a saúde. Não espanta que pesquisa do Ibope (Estado, 20/1) diga que 51% dos paulistanos se sintam muito inseguros na cidade e gostariam de mudar-se; só 15% se sentem seguros.

O poder público precisa dar-se conta da inevitabilidade dos "eventos extremos", de sua intensidade progressiva, da necessidade urgentíssima de rever padrões de construção, de mapear todas as áreas de risco e de ter sistemas capazes de prevenir a tempo. É o mínimo.

MERVAL PEREIRA

Revolução 2.0
MERVAL PEREIRA
O GLOBO - 11/02/11

No início da crise que atinge o Egito, o presidente Hosni Mubarak disse ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que ele não conhecia "a psicologia" do povo egípcio, e por isso não entendia que sua saída do poder poderia levar o caos ao país. Quinze dias depois, tudo indica que a permanência de Mubarak no poder, como ele anunciou ontem, é que poderá levar o Egito ao caos.

A chave para entender o que pode acontecer a curto prazo no Egito está no comportamento do Exército, que até o momento teve movimentos de apoio ao ditador Hosni Mubarak, mas de maneira geral tem mantido a Praça Tahrir como um local liberado para os protestos, que agora tendem a ficar mais radicalizados diante da frustração com a decisão de Mubarak de permanecer à frente do governo até setembro.

Nada indica que ele tenha condições políticas para tal, a não ser que os militares aceitem reprimir os manifestantes em todo o país com uma violência que os marcará para sempre.

Embora Mubarak tenha claramente rejeitado no seu pronunciamento as pressões americanas pela sua saída, é improvável que ele se mantenha no poder apenas à custa da repressão política.

Ele perdeu a legitimidade para ficar à frente do poder e ameaça levar consigo a legitimidade dos militares, além de ter perdido o apoio incondicional dos Estados Unidos.

Cidadãos acampados na Praça Tahrir, no Cairo, já não escondem a cara para falar mal diretamente de Mubarak em depoimentos à imprensa estrangeira, e a tônica é de que ele já não os representa mais, já não merece seu respeito.

O gesto ofensivo de mostrar o sapato e a palavra de ordem "nós ficamos, ele sai" resumem bem o estado de espírito dos manifestantes.

Já não há mais praticamente setores da sociedade que apoiem a permanência de Hosni Mubarak no governo, e a prova disso são as diversas greves que estouraram ontem pelo país, numa demonstração de que mesmo quem nos primeiros dias queria a volta da normalidade, para que os negócios continuassem sem ser prejudicados, hoje já considera que a presença de Mubarak no poder se tornou o principal obstáculo à volta da normalidade ao Egito.

Ficou evidente durante todo o dia de ontem que as pressões dos Estados Unidos chegaram ao nível militar e do aparelho de segurança, com o diretor-geral da CIA tendo dito no Congresso que era mais do que provável que Mubarak anunciasse ainda ontem sua renúncia, o que acabou não acontecendo.

Não há indicações seguras sobre que tipo de apoio ainda possui Mubarak para resistir às pressões que vêm das ruas do Egito e dos Estados Unidos, mas o que fica cada vez mais claro é que a frustração e o rancor, que dominam as manifestações em diversos locais do Egito, podem transformar cidadãos pacíficos em ativistas violentos, o que daria à situação uma nova e preocupante moldura.

Há entre os analistas o temor de que Hosni Mubarak tenha decidido radicalizar sua posição justamente para provocar atitudes violentas por parte dos manifestantes, o que justificaria uma intervenção militar a seu favor, para controlar a situação no país.

O que mais aparece nos depoimentos e entrevistas que cidadãos comuns dão às televisões estrangeiras, diretamente da Praça Tahrir, é a disposição de resistir "até a morte".

Wael Ghonim, o chefe de marketing do Google no Oriente Médio e na África, que criou a página "Todos somos Khaled Said" - em referência ao sacrifício do feirante no interior do país que desencadeou essa onda de revolta que já entra no seu 16º dia - deu entrevistas ontem dizendo que não há dúvida de que o Egito está em meio a uma revolução, que ele chama de "Revolução 2.0" por causa da influência da internet na mobilização dos manifestantes.

Ghonim declara que está disposto a morrer para alcançar o objetivo de ter no Egito "mais liberdade", e considera-se um alvo dos serviços policiais que ainda apoiam o ditador Hosni Mubarak.

O que aumentou a frustração dos manifestantes diante da ducha de água fria que foi o pronunciamento à noite de Mubarak afirmando que pretende ficar no poder até setembro, quando haveria a eleição que selaria a transição política no país, foi que as informações enviadas durante todo o dia indicavam o contrário.

Wael Ghonim, por exemplo, a certa altura do dia enviou um tweet para seus milhares de seguidores dizendo: "Missão cumprida".

Diante de milhares de manifestantes reunidos na Praça Tahrir, o chefe do Exército, Hassan al Rowen, havia dito que "todas as demandas da população vão ser atendidas".

A versão oficial, após a reação frustrada e raivosa da multidão, é de que o ditador Hosni Mubarak, embora continue sendo o presidente, já não tem mais poderes reais, que foram transferidos para o vice-presidente Omar Suleiman, que hoje é o presidente de fato.

Para efeitos oficiais, esse arranjo é aceitável, inclusive porque os Estados Unidos trabalhavam com a hipótese de não humilhar Mubarak na sua saída.

Mas, para a multidão reunida na Praça Tahrir, esses arranjos políticos já não satisfazem. Para fazer as reformas, talvez seja possível esse arranjo, mas será preciso dar aos cidadãos amotinados alguma indicação de que a sua Revolução 2.0 não se frustrará.

É pouco provável que a tentativa de permanência de Hosni Mubarak na Presidência resista à fúria das ruas.

ILIMAR FRANCO

Linha direta
ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 11/02/11

O PMDB quer resolver o segundo escalão do governo Dilma até o fim do mês. Ontem, num almoço na Vice-Presidência da República, sua direção pediu pressa aos ministros Antonio Palocci (Casa Civil) e Luiz Sérgio (Relações Institucionais). O vice Michel Temer argumentou que é preciso virar a página e acabar com a disputa por espaços de poder. O PMDB não quer que lhe puxem o tapete novamente, como na presidência de Furnas.

Decoro
Os dez deputados da “Afirmação Democrática” do PMDB estiveram com o vice Michel Temer. Disseram que darão apoio ao governo Dilma e que criaram a dissidência para se diferenciar da péssima imagem de fisiologismo do partido.

Não entendo esse debate. Daqui a dez meses, o salário mínimo será de R$615” — Luiz Sérgio, ministros das Relações Institucionais, cobrando o alinhamento dos aliados à proposta do governo de R$545

Horário do recreio
No jantar de anteontem que a presidente Dilma Rousseff ofereceu ao ex-presidente Lula, este resolveu tirar um sarro do ministro Antonio Palocci (Casa Civil). “Não sei por que você reclama tanto das poltronas apertadas dos aviões, eu não senti nada”, brincou Lula. Palocci, na camaradagem, devolveu: “Você veio em pé o tempo todo, tirando fotos, conversando com os passageiros, desse jeito não dá para sentir o aperto da poltrona”.

Embaraçado
O ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) sofre pressão para nomear Flávio Dino (PCdoB), derrotado na eleição para o governo do Maranhão, para a Secretaria da Reforma do Judiciário. Cardozo teme a reação da família Sarney.

As prioridades do PMDB
A expectativa da direção do PMDB é que, nos próximos dias, sejam feitas as nomeações daqueles quadros que são considerados prioridades para o partido. Nessa lista estão: Geddel Vieira Lima (BA), que deve substituir Carlos Antonio de Brito (também do PMDB), na vice-presidência de Pessoa Jurídica da CEF; José Maranhão (PB) para a vice-presidência de Fundos de Governo e Loterias da CEF; Orlando Pessuti (PR) para a vice-presidência de Agronegócios e Micro e Pequenas Empresas do Banco do Brasil; Iris Resende (GO) para a diretoria da Sudeco; e Rocha Loures (PR) para a diretoria da Itaipu Binacional.

PAUTA LIVRE.
 Do ex-presidente Lula, ao começar o discurso ontem, no aniversário do PT: “Desde 24 de abril de 1969 que eu não pego o microfone sem assunto como hoje”

BOM HUMOR. Ontem, na festa do PT, o presidente do partido, José Eduardo Dutra, saudou seu conterrâneo Marcelo Déda (SE) como o governador do “menor e mais importante estado da federação”

O PRESIDENTE da Juventude do PMDB, Gabriel Souza, indicado para a Secretaria da Juventude fala sobre a eleição: “Apoiei Dilma no segundo turno. No primeiro, minha posição era de neutralidade”.

Suspeita
A pressa dos governistas em criar comissões especiais para tratar da reforma política, na Câmara e no Senado, está deixando a oposição desconfiada. Seus integrantes temem que o objetivo seja aprovar uma janela para a troca de partidos.

Os dois PTs
Os deputados da tendência majoritária do PT, a Construindo Um Novo Brasil, dizem que hoje há duas alas no partido. Uma delas, a que pertencem, chamam de “sou governo 100%”; a outra foi batizada de “sou governo, mas quero discutir”.

MÍRIAM LEITÃO

A praça vencerá 
MÍRIAM LEITÃO

O Globo - 11/02/2011

Cada vez que o presidente Hosni Mubarak fala, mais enfurece os manifestantes, por isso é de se esperar um aumento ainda maior da força do protesto, hoje. A proposta de passar poderes para o vice-presidente, Omar Suleiman, não é a solução. Os dois são irmãos siameses. No décimo sétimo dia de manifestação, os egípcios pareciam cada vez mais determinados.

Nas horas que antecederam o pronunciamento de Hosni Mubarak, ontem, o Egito ficou cheio de especulações. Até porque ele normalmente grava seus discursos. Ontem, decidiu falar ao vivo. Mas, para todos os observadores, estava claro que, independentemente do que dissesse, a Praça Tahrir tinha vencido a queda de braço de três semanas.

O grande evento definidor tem sido a resistência do povo egípcio. Ele simplesmente não quer desistir. Houve um momento, depois do décimo primeiro dia, em que parecia que a oposição estava num beco sem saída. A praça começou a se esvaziar; a Fraternidade Muçulmana aceitou negociar com o vice-presidente, Omar Suleiman.

Mas a oposição voltou para as ruas e iniciou uma nova tática: greves e ameaças de greves, como a marcada para hoje pelos seis mil trabalhadores do Canal de Suez. Já estão de braços cruzados os trabalhadores das indústrias de cimento, algodão, siderurgia, com os sindicatos, que sempre foram atrelados ao governo, declarando-se a favor da manifestação.

Algumas dessas indústrias produzem insumos para o Complexo Industrial Militar, que é grande no Egito, com direito até a um Ministério da Produção Militar. Esse complexo industrial é formado por várias empresas com algo em comum: são geridas por generais, almirantes e brigadeiros.

A economia nestas três semanas está entrando em colapso. Desabastecimento, falta de papel moeda, cancelamento de projetos de investimento e fechamento de multinacionais passaram a ser parte do cotidiano. A Bolsa está fechada desde o início dos protestos e marcou a reabertura para domingo. O país está sofrendo uma sangria diária com fuga de capitais de estrangeiros e dos militares egípcios.

As manifestações voltaram a ganhar força até nas pequenas cidades. Ontem, em Kharga, uma cidade pequena, num oásis no Sudoeste do país, houve um confronto em que a polícia atirou e matou cinco pessoas e feriu dezenas.

As adesões são diárias, inclusive de jornalistas. Houve vários outros episódios de jornalistas da TV e do jornal do governo se negando a trabalhar e indo para a praça.

Um sinal de que a era Mubarak está chegando ao fim foi dado pelos militares, ontem. Houve uma reunião do Conselho das Forças Armadas. Mubarak é presidente do Conselho e normalmente participa da reunião. Ele não participou. Logo depois dessa reunião, o porta-voz avisou que as Forças Armadas atenderiam aos anseios da população. Casos de adesão ao movimento da Praça Tahrir de oficiais de baixa patente estão se multiplicando.

Passagens de todas as partes do país para o Cairo se esgotaram nas últimas horas, dando sinais de que a manifestação marcada para esta sexta-feira será de grandes proporções. E uma greve geral foi marcada para sábado.

O discurso de Mubarak ontem foi surpreendente porque ele parecia fora da realidade. E enfureceu mais a população. Qualquer tentativa de sobrevida está fadada ao fracasso. A dúvida é até onde vão as mudanças egípcias. Há as eleições presidenciais marcadas para setembro, mas há também a dúvida sobre o Congresso eleito de forma fraudulenta, em novembro, onde 95% de representantes são ligados ao governo. A única forma de recomeçar um novo Egito é com eleições gerais.

O futuro dirá se o Egito vai manter um regime tutelado pelos militares, como tem sido há décadas, ou se caminhará para ser verdadeiramente democrático. Seja como for, nenhuma transição é possível sem que a oposição participe do processo negociador.

Unida pela praça, a oposição vai se dividir durante a disputa eleitoral, evidentemente. O futuro do país é uma esfinge a ser desvendada nas próximas semanas e meses. Mas a tenacidade demonstrada nas últimas três semanas pelos manifestantes em todo o país foi o fato detonador das mudanças que o país passará a viver a partir de agora.

O presidente Mubarak esteve todo o tempo atrás dos fatos. Poderia ter cedido mais cedo, e aí poderia ter encontrado a sua saída honrosa. Poderia ter nomeado alguém mais aceitável do que Omar Suleiman, sua eterna sombra, seu chefe de inteligência, para o cargo de vice-presidente. Poderia ter voltado para a Alemanha para reiniciar o tratamento contra o câncer. Havia várias portas de saída e ele preferiu repetir que fica.

As mudanças no Egito aumentam a incerteza no Oriente Médio. Não se sabe muito como será o futuro. O que já se sabe é que lá, como em qualquer país do mundo, quando a população vai para uma praça de forma corajosa, persistente e determinada, ela muda o curso da História. Vários capítulos ainda não estão escritos, mas o Egito nas últimas semanas inspirou o mundo e ajudou o Ocidente a fazer um curso intensivo para começar a entender as nuances e diferenças entre os países da região.

Os manifestantes da Praça Tahrir empurraram também a política externa americana para a mudança. Dois anos depois de empossado, o presidente Barack Obama tinha alterado pouco a linha em relação ao Oriente Médio. Não tinha ido além das palavras do pronunciamento feito no Cairo. Nos últimos dias, o discurso foi mudando diariamente, ao vivo, e transmitido para o mundo inteiro. Em uma semana, Mubarak deixou de ser definido como um aliado confiável para ser instado por Obama a iniciar a transição. Ele reagiu, insistindo em ficar, mas sua saída é uma questão de tempo.

MÔNICA BERGAMO

PARTICIPAÇÃO ESPECIAL
MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SÃO PAULO - 11/02/11

O músico Arnaldo Antunes gravou, anteontem, o primeiro dos dez programas que exibirá na MTV a partir de 24 de março. O show foi, a pedido do próprio, no Studio SP, com participações de Céu, Karina Buhr, Seu Jorge e Edgard Scandurra, entre outros músicos escolhidos a dedo.

GRAMPO NO PARLATÓRIO

A gravação de conversas privadas entre presos e seus advogados em penitenciárias federais de Estados como Mato Grosso do Sul e Paraná, que virou escândalo no ano passado, ocorreu recentemente no sistema prisional de São Paulo. A Justiça autorizou a escuta de diálogos entre um traficante, Orlando Marques dos Santos, e seus defensores na penitenciária de Araraquara. Quatro advogados foram presos por associação ao tráfico. Os profissionais que os substituíram vão pedir a nulidade das provas.

CONFESSIONÁRIO
A interceptação foi feita no parlatório, o local reservado nas prisões para que os detentos conversem reservadamente com os advogados. O CNJ(Conselho Nacional de Justiça) analisa pedido da OAB para impedir juízes de autorizarem indiscriminadamente esse tipo de grampo.

RODA
José Dirceu, José Serra e Paulo Maluf juntos numa festa? Sim, eles se encontraram no casamento de Patrícia, neta de Maluf, anteontem, em SP. Serra e Dirceu entabularam amistosa conversa.

FOLIA OFICIAL
O governador Sérgio Cabral, do Rio, quer carregar a presidente Dilma Rousseff e Lula para o sambódromo no Carnaval. Já fez o convite.

MEMÓRIAS

Roger Abdelmassih estava dando depoimento para um livro antes de tomar chá de sumiço. Eram suas memórias do cárcere, com relatos do tempo em que ficou preso, em 2009. Entre outras histórias, ele relembrava das noites em que os detentos, de outras celas, gritavam "tarado", referindo-se à acusação de que estuprou pacientes de sua clínica de fertilização. De dia, o relacionamento com os vizinhos era amistoso.

ARQUIBANCADA
Lançado por adversários de Roger Agnelli como mais um candidato para substituí-lo na Vale, Antonio Maciel Neto, do grupo Suzano, diz que está com o time fora de campo. "Sou um pequeno acionista da Vale e gosto dos resultados que vêm sendo apresentados. Sou pela continuidade do Roger", afirma.

CARROSSEL 
A CUT tenta mobilizar 300 lideranças sindicais para irem ao Congresso, na terça, defender aumento do salário mínimo maior que os R$ 545 propostos pelo governo.

PASSO ATRÁS
O espetáculo "Ifigênia em Tauris", que a companhia da coreógrafa alemã Pina Bausch (1940-2009) apresentaria no Teatro Municipal de SP em abril, foi cancelado. A reforma do local atrasou e não deve ser concluída até essa data.

NOVA COSTURA
Não será mais no MuBE a exposição do estilista Pierre Cardin, que estava programada para novembro. A vinda do francês, de 88 anos, está mantida, mas a mostra será no shopping Iguatemi e a data mudou para abril: no dia 26, ele fará um desfile de alta costura e, no dia 28, comanda a abertura. A exposição, organizada pela Mix Brand Experience e a Urban Jungle Art, terá roupas, acessórios e fotos.

PÓS-ELEITORAL
Parte da série de pinturas que a artista Paula Rego fez pela descriminalização do aborto em Portugal vem ao país. As obras foram expostas quando o país discutia a legalização da prática. A Pinacoteca do Estado de SP fará a primeira grande mostra individual da portuguesa no Brasil, entre 19 de março e 5 de junho, com 110 obras. A presença de Paula ainda não foi confirmada.

FINO TRAÇO
O site de arquitetura Eye4Design fez festa, anteontem, para seu lançamento, em uma casa no Morumbi projetada pelo escritório Di Pace, o mesmo que assina o projeto on-line. O arquiteto Filipe Troncon e a publicitária Marie Timoner participam da criação da página. A blogueira Lala Rudge e Vera Andraus, entre outros convidados, comemoraram a estreia.

CURTO-CIRCUITO


O secretário-adjunto para Assuntos Econômicos, Energéticos e Comerciais dos Estados Unidos, Jose W. Fernandez, dá palestra hoje, às 12h, em almoço na Ancham.

O Josephine SP recebe hoje, às 23h, a festa House Society. Classificação: 18 anos.

A Jungle Party acontece hoje na rua Funchal. 18 anos.

O clube At Nine terá a partir de hoje um drinque e programação inspiradas no filme "Burlesque". 18 anos.

Rodrigo Haddad cantará repertório de Johnny Cash na festa Dance to the Underground, hoje, no clube Inferno, na rua Augusta. 18 anos.

A festa Nerverland acontece hoje no Glória. 18 anos.

com DIÓGENES CAMPANHA, LÍGIA MESQUITA e THAIS BILENKY

DORA KRAMER

Politização da Justiça 
DORA KRAMER 

O Estado de S.Paulo - 11/02/2011

Na falta de disposição (e vocação) para prestar serviços mais relevantes à Nação, a Câmara dos Deputados resolveu confrontar a Constituição.

Diante do grande número de eleitos que se licenciam dos mandatos para ocupar postos nos Poderes Executivos da União e dos Estados, a decisão "soberana" da direção da Casa foi dar posse aos suplentes usando o critério dos mais votados pelas coligações.

Coligação o leitor sabe o que é: aquele ajuntamento de partidos, mediante o qual nas eleições proporcionais o eleitor atira no que viu e acerta no que não viu. Por essa regra, dos 513 deputados, apenas 86 foram eleitos com votos próprios.

A norma é torta, mas é a que vale. Com base nisso, suas excelências acharam por bem ignorar uma série de decisões da Justiça considerando que os suplentes chamados a assumir os mandatos devem obedecer à ordem dos mais votados em cada legenda.

Por "Justiça", entenda-se o Tribunal Superior Eleitoral, cuja referência é a interpretação do Supremo Tribunal Federal, que, baseado na Constituição, deixou claro que os mandatos pertencem aos partidos e não aos eleitos.

Entre suas promessas de campanha, o novo presidente Marco Maia se comprometeu com os colegas a usar o critério que, a despeito de bater de frente com o entendimento do Supremo - guardião da Constituição, não custa lembrar -, atendia aos interesses da corporação.

Dito, assim o fez. Criou o fato consumado e agora recorre ao sofisma de que, se a coligação vale para a distribuição das cadeiras entre os titulares, vale também para os suplentes.

Ocorre, porém, que a Justiça tem decidido diferente. E tanto essas decisões têm base legal - a Constituição que se sobrepõe a todas as leis - que os deputados resolveram votar uma emenda constitucional que lhes permita contornar a decisão do Supremo. Se houvesse sustentação legal válida, não seria necessário propor alteração.

Na reclamação, os parlamentares lançam mão do argumento de sempre quando querem adaptar as leis às suas vontades. Reclamam da "judicialização da política". Não é a primeira vez que suas excelências ignoram a Constituição, o Supremo e que usam esse argumento que não para em pé.

Trata-se de um sofisma para esconder o que de fato tentam promover: a subordinação da legalidade aos interesses específicos de suas excelências. Em português mais claro, a politização da Justiça.

Poder de veto. O governo sinalizou, e José Sarney vetou, a nomeação do ex-deputado Flávio Dino para um posto no Ministério da Justiça.

Dino foi candidato ao governo do Maranhão pelo PC do B e protagonista de um dos mais graves confrontos entre PT e PMDB na última eleição.

Os petistas queriam apoiar Flávio Dino, mas a direção nacional os obrigou a fechar com o clã Sarney (Roseana) que agora não se conformou com a "colocação" do adversário.

Solução: pode ir trabalhar com Michel Temer na Vice.

No bunker. Reunião ontem à tarde juntou Antonio Palocci, Luiz Sérgio, Henrique Eduardo e Renan Calheiros no gabinete de Temer no anexo do Planalto.

Assuntos: salário mínimo e segundo escalão. O mínimo será votado na própria quarta à noite e ficará mesmo em R$ 545.

Quanto aos cargos, o PMDB fica com diretorias da Eletrobrás e Eletronorte, presidência da Funasa e algumas vice-presidências da Caixa e do Banco do Brasil.

Cessão de direitos. A presidente Dilma tem razões objetivas para não patrocinar as reformas tributária e política no Congresso. A primeira avaliou que é de execução impossível tal a quantidade de conflitos de interesses que, pelo jeito, ela não está disposta a arbitrar.

A segunda deixará que o antecessor patrocine "de fora para dentro". Será o grande estandarte nessa volta de Lula à cena política: uma reforma ao molde da conveniência do PT.