quarta-feira, fevereiro 09, 2011

LÉSBICA


TAMOS AÍ

Quatro pessoas estão reunidas numa sala  com o seu terapeuta para uma primeira sessão.
O terapeuta inicia, pedindo a todos que se apresentem,  digam o que fazem ou o que gostam e comentem porque. 

primeiro diz:
- Eu me chamo Francisco, sou médico por que me agrada tratar da saúde e cuidar das pessoas. 

segundo se apresenta:
- Me chamo Ângelo. Sou arquiteto porque me preocupa a qualidade de vida das pessoas e como vivem.

terceira fala:
- Meu nome é Maria e sou lésbica. Sou lésbica porque adoro o corpo feminino, fico louca só de pensar nos peitos e bundas das mulheres com quem cruzo, fico me imaginando fazendo sexo com todas essas mulheres.

quarto então acrescenta : 
- Sô o Murilo, e inté agora, achava que era blogueiro, mas ... acabei di discubrí que sou mermo é esse tal de lésbica...

Colaboração enviada por APOLO

ANCELMO GÓIS

Todos pela Portela
ANCELMO GÓIS
O GLOBO - 09/02/11

Mestre Paulinho da Viola, 68 anos, o príncipe portelense, desistiu de viajar no carnaval depois do incêndio no barracão de sua escola. Resolveu desfilar:
— Acho que é hora de os portelenses unirem suas forças pela escola, para fazer o melhor possível.

Aliás...
Paulinho é um entusiasta do carnaval do Rio:
— Mas este carnaval de rua é para a turma jovem. É diferente dos blocos do meu tempo. Acho que tudo tem seu tempo.
Não tem essa coisa de que na minha época era melhor.

Bailes...

O mestre diz que, provavelmente, também haverá um retorno dos bailes de carnaval:
— E tomara que seja assim para todo o sempre. Grande Paulinho!

Petrobras gringa

A Petrobras festeja um aumento na produção de óleo e gás nas suas bases no exterior. O desempenho de 2010 foi 9,5% maior do que o de 2008. A produção da Área Internacional corresponde a cerca de 10% da total.

Bomba a bordo
Um conhecido advogado carioca pegou ontem a ponte aérea das 10h15m e, ao chegar ao hotel, em São Paulo, deu-se conta da falta de segurança no embarque do Santos Dumont. Na sua bagagem de mão, que passou pelo detector de metais, havia 330ml do gás Volcano para isqueiro-maçarico de charutos.

Sonhando alto

O sonho de consumo do Itamaraty nessa visita de Obama, em março, seria, quem dera, o americano anunciar seu apoio à elevação do país de Dilma a integrante permanente do Conselho de Segurança da ONU. É. Pode ser.

Brasil 2016
O Comitê Organizador dos Jogos de 2016 lança segunda que vem um projeto para nacionalizar as Olimpíadas do Rio. Cadastrará instalações esportivas nas cinco regiões do país para receber atletas de fora na fase de treinos antes dos Jogos.

Legião estrangeira

Veja o sotaque da Justiça. O atual vice-presidente do STJ é o alemão Félix Fischer. A futura vice do TST será a uruguaia Maria Cristina Irigoyen Peduzzi. Fischer nasceu em Hamburgo, na Alemanha. Cristina, em Melo, no Uruguai.

Ice Cola
O grupo mineiro Mil alardeia que vai apresentar na Super Rio Expofood, feira do setor de supermercados, no Riocentro, em março, um refrigerante com “sabor idêntico” ao da Coca-Cola. Vai se chamar Ice Cola.

Até hoje, nem a Pepsi conseguiu copiar a fórmula da conterrânea americana. A conferir.

O “Jornal da ABI” lança hoje sua edição de cronologia dos quadrinhos, Volume 2, às 19h, na Travessa Leblon.

Maria Oiticica ganhou quatro pági-nas no “Guia Oficial da Riotur”, dirigido a turistas nacionais e estrangeiros Cláudio da Rocha Miranda reúne grupo da Vistage-Rio no Mar Palace.

Omar de Assis Moreira é o novo diretor regional dos Correios no Rio.

Nam Thai, no Leblon, lançou varanda com petiscos e drinques.

Africarte abriu loja no Shopping da Gávea.

Hoje, o Crystal Hair, no Leblon, lança produto da Sebastian.

A Avec abre loja no Fashion Mall.

Antonio Kampffe é o fotógrafo oficial da Feijoada do Chacrinha, no São Nunca, na Barra.

Grato pela paz
Na inauguração do Centro Cultural João Nogueira, no antigo Cinema Imperator, no Méier, Sérgio Cabral, de repente, ouviu um “muito obrigado pela paz” de alguém que estava atrás dele. O governador se virou e sorriu ao ver que era Dominguinhos do Estácio, o cantor e compositor nascido e criado no Morro de São Carlos.

Contra o preconceito
O Juizado de Menores do Rio entrou ontem com processo contra Cristina Mortágua, ex-modelo presa por desacato, por ela ter chamado o filho de 16 anos, que teve com o ex-jogador Edmundo, de gay. Pelos maus-tratos, ela pode pagar multa de até R$21 mil, e ainda perder a guarda do filho. 

Acabou o papel
Numa casa onde se faz muita... está faltando papel higiênico e papel toalha nos gabinetes dos deputados estaduais do Rio.

Supermercado sujo

A Operação Supermercado Limpo, da prefeitura do Rio, multou duas filiais da rede Pão de Açúcar em Copacabana (uma dia 12 de janeiro, outra ontem). Ambas pelas mesmas infrações: “Falta de asseio e produtos impróprios para consumo.” 

Reage, Vasco! 
Torcedor de futebol no Rio perde o jogo, mas não a piada. Corre na internet: “Depois que Eduardo Paes propôs que não haja rebaixamento no carnaval de 2011, por causa do incêndio na Cidade do Samba, tem vascaíno já pensando em tocar fogo em São Januário.” Maldade.

ROBERTO DaMATTA

Cristaleiras 
Roberto DaMatta
O GLOBO - 09/02/11

Nosso universo social se divide em bens e serviços e, na categoria dos bens, há os móveis e os imóveis. Os primeiros vão da camisa (que, dizem os sábios, só precisamos de uma unidade para sermos felizes) ao automóvel, a casa e a conta bancária que fala daquilo que permeia - como as orações no mundo religioso e o favorecimento partidário no político - tudo. Sobram, é claro, os "móveis" que fabricam a paisagem da casa e são o foco ou a imagem central - símbolos como diriam Geertz, Victor Turner ou Lévi-Strauss - do que chamamos de "propriedade privada". Pois quase sempre começamos nossas vidas de casados comprando os móveis (a cama e a mesa) da casa para depois completarmos o seu interior com poltronas, armários, aparadores, guarda-roupas, criados-mudos e esse objeto impar e, até onde vai minha enorme ignorância e vã e superada antropologia, as cristaleiras.

Eu só tive consciência desse móvel quando fui aos Estados Unidos e verifiquei que os americanos davam mais valor às suas vastas e confortáveis poltronas e estantes do que a esse repositório de "cristais", situado justamente num local de destaque nas salas de jantar ou em outros espaços nobres das residências. Ali, conforme num certo dia nebuloso, perdido no vasto labirinto da minha memória, mamãe (e não papai que estava mais ligado na primeira gaveta do seu guarda-roupa, a única trancada e com direito a chave de nossa casa) dissertou sobre cristais da Baviera e da Boêmia, pegando com extremo cuidado terrinas e xícaras de chá tão finas quanto papel, que teriam vindo da China e seriam a única herança de vovó Emerentina. Uma herança obviamente passada por linha materna (de mães para filhas) tal como canetas, relógios e revólveres passavam de pai para filho. Um belo exemplo de descendência paralela que, por motivos que não posso detalhar aqui, faz parte da minha vida intelectual.

O fato é que na América sempre tocquevileana não existiam essas um tanto ostensivas cristaleiras feitas de vidro e espelhos, um móvel que lembra uma catedral, uma caixa de joias e os cetins que envelopavam (revelando, contudo) o corpo das mulheres. Objeto destacado da casa a ser visto, admirado e eventualmente aberto com extremo cuidado para visitantes ilustres ou ocasiões preciosas como aniversários, mortes e casamentos - os grandes ritos de passagem que marcam as nossas vidas. Dir-se-ia que a vida marcada pelo ascetismo laico calvinista e pela religiosidade cívica rousseauneana bloqueava essas demonstrações ostensivas de coisas preciosas, já que, para eles, o viver para dentro era mais importante do que essa vida cristalizada para os outros (sobretudo para as visitas importantes ou de maior prestígio), como é o nosso caso. Vi muitas cristaleiras na minha infância e juventude e, quando casei, compramos a nossa, que imitava o móvel dos nossos lares de origem. Nossa cristaleira foi inaugurada com um singelo conjunto de cinco pequenas taças de cristal da Boêmia de tonalidade vermelha e hastes leves e delicadas como as pernas das bailarinas. Taças que, com o devido elixir (no caso, o vinho do Porto) ajudam a produzir esses sonhos que são a matéria de nossas existências.

Um dia, numa discussão acalorada entre professores mais velhos, ouvi de um deles o seguinte: "O Fulano procede como um macaco em cristaleira!" Jamais ouvi definição melhor daquele colega que por qualquer coisa, usava um canhão para matar um passarinho e fazia uma tempestade num copo d"água, numa descalibragem tão recorrente nos sistemas autoritários, de Estado forte, nos quais a cleptomania se legitima em cleptocracia como faz prova hoje em dia a nossa elite política enriquecida e, mais que isso, aristocratizada com o dinheiro dos nossos impostos que segue diretamente não para obras públicas, mas para as suas cristaleiras.

Nas casas tradicionais do Brasil, as cristaleiras representavam - ao lado do branco dos vestidos das noivas e da limpeza impecável da casa - a pureza das mulheres; e a mulher como símbolo maior da pureza. Como figura situada entre os anjos e os homens, por contraste com as que (sem casa e cristaleira) dialogavam com as forças satânicas que, entretanto, permitiam o teste e demonstravam a existência desse dom complexo chamado de "liberdade" que nos foi dado por Deus na forma do livre arbítrio. Dom sem o qual faria com que tudo fosse determinado e justificado, tirando o mérito das escolhas e impedindo que o mundo tivesse significado. Pois o problema não é a cristaleira, mas a inefável transparência que a constitui, deixando ver em dobro tudo o que colocamos dentro dela.

No plano coletivo, sou inclinado a sugerir que a cristaleira de um país é o seu governo e, no seu governo, o seu Parlamento. A tal transparência tão invocada pelos mais atrasados coronéis que hoje mandam na nossa riqueza, gastando-a com nomeações de partidários e familiares. Transparência que é, de fato, uma mera palavra de ordem para encobrir os moveis de chumbo de um Brasil sem crítica, sem contraditório político, sem - enfim - igualdade e transparência. Esse translúcido móvel feito em vidro e espelho que permeava as casas que, como a República e a Democracia, guardava pureza, honra, compaixão e uma honestidade que sumiram da política nacional.

LULI RADFAHRER

Os velhos da sua idade
LULI RADFAHRER
FOLHA DE SÃO PAULO - 09/02/11

O que você deve fazer por aquelas pessoas que têm a sua idade, mas não leem este caderno


ESTE ARTIGO foi escrito para aqueles seus amigos, parentes ou colegas que têm a sua idade e uma formação parecida com a sua, mas que, por algum motivo, nunca lêem cadernos como este. Você conhece o tipo: são pessoas inteligentes, de opinião formada, que acompanham as notícias regularmente, mas que raramente passam do caderno de economia ou de cultura. Sabe quem acredita que ópera é muito mais importante do que videogames ou Facebook, mesmo tendo uma fração de sua audiência? Pois então.
Eles não são velhos. Você não é velho. Ou pelo menos não deve se sentir ultrapassado, mesmo que não saiba das últimas artimanhas do Google ou do Twitter. O leitor da editoria de tecnologia costuma ter conta em redes sociais e saber como deve se comportar nelas, não clica em qualquer link de e-mail e tem uma boa noção do que é um iPad ou um Wii, mesmo que não tenha a menor intenção de comprá-los. É alguém que, como você, tem critério e experiência. Isso depende cada vez menos da idade.
No entanto, há cada vez mais gente com orgulho de sua aversão ao ambiente digital. Isso não acontece com outras inovações, como a energia elétrica ou o rádio.
A web tem quase duas décadas de vida e a telefonia móvel, cerca de metade disso. Não se pode mais chamá-las de "mídias alternativas" ou de "tecnologias emergentes" quando a maioria dos processos contemporâneos depende delas. Mas ainda são poucos os que perceberam de verdade essa mudança. A maioria ainda está à margem das transformações, fazendo de conta que elas não existem, mesmo que tenham filhos adolescentes e uma renda pra lá de confortável. A inclusão digital se torna, cada vez mais, uma questão cultural.
O que aconteceu com essa gente? Meu palpite é que eles não perceberam a mudança. Como qualquer pessoa que não se interessa por uma área da medicina ou do direito até que se torne vítima dela, eles nunca se importaram com o digital. Mas deram o azar de terem nascido em uma época que ele se tornou importante. Por causa disso, muitos vivem hoje em um mundo desconfortável e isolado, que não compreende o que fazem seus filhos, seus funcionários e o resto do planeta.
Esses caras me lembram aqueles coleguinhas da escola que, por serem bonitos ou fortes ou populares ou ricos demais, nunca pensaram que precisariam estudar.
O tempo passou, e uma das poucas coisas que correu mais rápido do que ele foi a tecnologia. Lembra a lenda da cigarra e da formiga? É algo parecido.
Pode parecer lavagem cerebral, mas acredito que você deva ajudá-los a se alfabetizar no digital. Por mais que dê trabalho, a atividade compensará por dois motivos. O primeiro é que as tecnologias de informação estão mais para uma linguagem do que para uma ferramenta. Quanto maior a fluência, mais eficiente será a comunicação e a compreensão. O segundo é que quanto maior e mais adiantado estiver o mercado, mais exigente ele será.
No fim, quem mais se beneficiará dessa cadeia evolutiva será você, que terá acesso a máquinas e serviços melhores. Isso sem contar que poderá fazer novos amigos e ampliar sua visão de mundo, principalmente se eles estiverem entre os do tipo que não lê este tipo de caderno.

ILIMAR FRANCO

O espanador
ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 09/02/11

O Palácio do Planalto comemorou ontem o efeito da intervenção do ex-presidente Lula sobre o reajuste do salário mínimo. A avaliação era de que existiam resistências no PT e na base aliada, mas que a fala do ex-presidente funcionou como uma ordem unida, sobretudo entre os petistas. A presidente Dilma Rousseff tem dito que essa votação vai mostrar quem está com ela e quem não está.

Disputa
A Juventude do PMDB quer emplacar seu presidente, Gabriel Souza, na Secretaria Nacional da Juventude. Já a UNE, que é controlada pelo PCdoB, defende o nome do atual secretário-adjunto, Danilo Moreira da Silva, para o cargo. Esta votação é vida ou morte. Sinaliza austeridade num tema que é popular. O simbólico é mais importante” — José Mentor, deputado federal (PT-SP), sobre a votação do salário mínimo.

NOVO CRONOGRAMA. O governo mandou segurar as decisões para o segundo escalão. Elas só serão feitas depois da votação do salário mínimo no Congresso. 

MARCHA LENTA. Os ministros não querem falar de planos nem avançar o sinal. Estão todos paralisados, esperando pela definição dos cortes no Orçamento.

NOVO SENADO. A legislatura começa com dez senadores sem votos (suplentes) e três senadores que não foram os mais votados e estão no mandato em função da aplicação da Lei da Ficha Limpa.

Mínimo também divide os tucanos
A posição da liderança do PSDB de apoiar um reajuste de R$600 do salário mínimo está dividindo os tucanos. Integrantes da bancada apoiam a proposta do governo Dilma e consideram demagógico votar a proposta das centrais sindicais dos trabalhadores. Hoje, a bancada na Câmara vai se reunir e pelo menos um deputado tucano vai sustentar que o PSDB não pode jogar fora uma de suas bandeiras: a responsabilidade fiscal.

Presente
A presidente Dilma Rousseff decidiu que vai à festa de aniversário do PT, amanhã. Mas avisou ao partido que chegará ao evento após o fim do horário do expediente, às 18h. O presidente Lula também irá à comemoração. 

Cabo de guerra
O PT não aceita que o DEM fique com a presidência da Comissão de Agricultura do Senado, como prometido pelo líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), ao senador José Agripino (RN). O presidente seria Jayme Campos (DEM-MT). 

Vaga no TCU
Já começou a campanha na Câmara para a vaga que será aberta no Tribunal de Contas da União (TCU) com a aposentadoria do ministro Ubiratan Aguiar: estão no páreo, por enquanto, os deputados Átila Lins (PMDB-AM) e João Leão (PP-BA).

O descontentamento do PMDB

A cúpula peemedebista está sendo muito cobrada, principalmente pelos sem cargos. A maior queixa é de que os dirigentes erraram na condução dos entendimentos sobre a participação do partido no governo. Consideram um absurdo o partido ter mantido petistas nas secretarias executivas dos Ministérios do Turismo e da Previdência e na presidência da Embratur. Reclamam também da manutenção do PTB no comando da Conab e da provável exclusão do partido de todo o comando do setor elétrico. Por isso, alguns governistas estão comemorando a criação de uma ala dissidente na bancada da Câmara.

RUY CASTRO

Digno de se dizer livre
RUY CASTRO
FOLHA DE SÃO PAULO - 09/12/11

RIO DE JANEIRO - Em dezembro de 1995, cerca de 40 dias depois de publicado, meu livro "Estrela Solitária -Um Brasileiro Chamado Garrincha" foi proibido de circular por decisão judicial, devido a um processo movido pelas herdeiras do jogador. Passou os 11 meses seguintes proibido. Graças a um recurso da Companhia das Letras, voltou a circular em novembro de 1996, mas o processo se arrastou por mais dez longos anos, com enormes despesas para a editora.
Em 2007, Paulo Cesar de Araújo também teve seu livro "Roberto Carlos em Detalhes", pela Planeta, proibido de circular, por processo movido pelo cantor. Desta vez nem houve tempo para recursos: os exemplares remanescentes foram recolhidos (na verdade, entregues pela editora, em troca da retirada dos processos) e, parece, incinerados. Ou seja, a proibição de circular chegou ao extermínio físico.
E, desde 2009, a agressão à liberdade de expressão deu um passo ainda mais assustador: um livro já não corre apenas o risco de, depois de impresso, ser processado, recolhido e exterminado. Ele pode nem ser impresso. É o perigo com que se defronta o jornalista Edmundo Leite, que tem a sua biografia de Raul Seixas (na qual trabalha há cinco anos e para a qual já fez centenas de entrevistas) passível de nunca ser aceita por uma editora, devido às ameaças preventivas feitas por uma das viúvas do cantor.
Notar que, a partir da Constituição de 1988, o Brasil deixou de ter censura. Mas um artigo do Código Civil, tentando defender o direito de imagem das pessoas comuns, permitiu uma brecha pela qual penetraram os inimigos da verdade e da informação. Do jeito que ficou, uma tetraneta de Getulio Vargas, por exemplo, pode pedir a proibição de um livro que afirme que seu tetravô se matou.
É preciso rever esse artigo do Código Civil para que o Brasil seja digno de se dizer um país livre.

CELSO MING

Ficou braba
Celso Ming 
O Estado de S.Paulo - 09/02/2011

Há quatro jeitos escapistas de encarar (ou de não encarar) esse aumento do custo de vida de janeiro, de 0,83%, que atira a inflação do período de 12 meses corridos para 5,99%.

A primeira é afirmar, como ontem afirmou o ministro Guido Mantega, que "já era esperada e é normal". E o argumento dele é o de que em todos os janeiros há aumento das mensalidades escolares e reajuste da condução. No entanto, este foi o janeiro de inflação mais alta desde 2005 e nem tivemos alta dos combustíveis para empurrar os custos dos transportes para cima.

Essas altas fazem parte da estocada geral dos preços dos serviços. A disparada reflete-se, também, na difusão dos aumentos, que atingiram nada menos que 69,3% dos preços que integram o cestão do custo de vida (IPCA).

Outro jeito escapista de tratar essa inflação é afirmar que ela tem em grande parte a ver com a alta das commodities, um fenômeno global e não apenas brasileiro, dando a impressão de que não há nada a fazer. Não é verdade. Os Estados Unidos e a Europa também enfrentam esse problema e, no entanto, seu impacto na inflação local hoje é irrelevante.

Um terceiro jeito escapista de qualificar essa inflação é afirmar que se trata de uma "pressão sazonal e passageira". Também é uma forma de negar o fenômeno interno e de não fazer nada, de deixar que sare sozinho.

Pode-se identificar ainda uma quarta posição. A de alguns empresários que insistem em que "é melhor essa inflação aí do que aguentar os juros escorchantes". O problema é que a sociedade, por meio dos canais escolhidos para isso, definiu que a meta de inflação deste ano é de 4,5%. E, no entanto, como a coisa está, cresce o risco de ultrapassagem da meta já incluída aí a faixa de tolerância de 2 pontos.

Essa inflação é o produto de três causas que se conjugaram: despesas excessivas do governo federal; disparada também excessiva do crédito; e atraso do Banco Central em começar a agir. É o resultado de uma demanda que avançou muito mais rapidamente do que a capacidade de oferta da economia e que não encontrou nenhum obstáculo no caminho.

Mostra, também, que, dado o baixo índice de poupança do brasileiro, de apenas 17% do PIB, e esse nível de investimento, de 20% do PIB, não dá para crescer entre 7% e 8% ao ano. O motor está queimando óleo e ameaça fundir.

Também fica claro que, uma vez ultrapassado o que os especialistas chamam de "taxa neutra de emprego", que é o crescimento dos postos de trabalho e dos salários acima do aumento da produtividade, fica ainda mais difícil evitar a inflação. A situação é de pleno emprego (índice de desemprego de apenas 5,3%) numa paisagem de desaceleração da atividade industrial que já dura dez meses.

O corretivo é conhecido: contenção das despesas públicas para que criem menos renda e consumo; redução da velocidade do crescimento do crédito; e é, lamentável repetir, aumento dos juros. A eficácia da terapêutica é uma questão de dosagem. Quanto mais vacilar o governo em reduzir suas despesas, maior terá de ser a dosagem dos juros. Se, em vez de fazer o jogo do contente; se, em vez de seguir afirmando que essa inflação não é preocupante e tal; e se o ministro Mantega reconhecesse que a inflação é o que é (sem ter de exagerar) e que vai atacá-la com rigor, ganharia em credibilidade e em capacidade de controlar as expectativas dos agentes econômicos.

CONFIRA

Sem âncora cambial

No combate à inflação, o governo não pode mais contar com a âncora cambial. A cotação do dólar ainda pode cair um pouco mais, mas já não cairá a ponto de produzir barateamento ainda maior dos importados. A baixa inflação mundial também já deu o que tinha de dar. Daqui para frente, a alta global de preços é mais provável do que a deflação.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

Venda de frango para Egito cresce 235%
MARIA CRISTINA FRIAS
FOLHA DE SÃO PAULO - 09/02/11

O desabastecimento de carne de frango no Egito, decorrente da crise política vivida pelo país, impulsionou a compra desse produto brasileiro em janeiro deste ano.
O crescimento das exportações do setor foi de 235%, na comparação com o mesmo mês de 2010, de acordo com a Ubabef (União Brasileira de Avicultura).
"Há um elevado nível de desabastecimento no Egito e eles estão gostando dos produtos brasileiros", afirma o presidente-executivo da Ubabef, Francisco Turra.
O aumento das exportações ocorreu mesmo com a cautela de alguns produtores, que preferiram procurar outros mercados, diz Turra.
Produtores de carne bovina também afirmam buscar novos compradores. Carregamentos que estavam em portos egípcios foram enviados para Argélia, diz Antônio Jorge Carmadelli, da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes.
A tendência é que a agropecuária brasileira se beneficie ainda mais quando a situação se normalizar na região, diz o presidente da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, Salim Schahin.
"É uma região árida, com perspectivas difíceis no setor de alimentação. A proximidade política com o Brasil facilitará o aumento das exportações", afirma Schahin.
A compra de produtos brasileiros pelos 22 países representados pela câmara cresceu 58,7% em janeiro de 2011, na comparação com o mesmo mês do ano anterior.

PÃO E CHOCOLATE
A Casa do Pão de Queijo e a marca O Melhor Bolo de Chocolate do Mundo abrirão lojas conjuntas em São Paulo nos próximos dois meses. As duas empresas, que fazem parte do grupo CPQ Brasil, também devem abrir unidade conjugada em Curitiba. "Com a estratégia, atuamos em dois segmentos sem perder as peculiaridades", diz o presidente do grupo, Alberto Carneiro Neto. Além dessas lojas, a Casa do Pão de Queijo pretende inaugurar mais 30 unidades e 110 postos neste ano. Boa parte deles ficará em empreendimentos de cidades de médio porte, segundo Carneiro Neto. "Não há mais muitos shoppings para abrir negócio na capital." O investimento médio para abertura de cada unidade é de R$ 125 mil a R$ 200 mil. O grupo pretende comprar outras marcas alimentícias, diz Carneiro Neto.

PERGUNTA AOS UNIVERSITÁRIOS
Dos 7.000 clientes do crédito universitário Itaú Unibanco, 80% são a primeira pessoa da família a cursar uma faculdade.
A linha está disponível em 30 grandes grupos educacionais parceiros do banco, em 24 Estados.
Os estudantes pagam metade da mensalidade durante o curso e a outra metade após o seu término.
Entre os grandes bancos privados, apenas o HSBC também financia estudos de graduação. Santander e Bradesco têm linhas voltadas para MBA e pós-graduação.
Caixa Econômica e Banco do Brasil gerenciam o Fies (programa de financiamento do governo).
Não há levantamento de outros bancos sobre quantos estudantes são os primeiros de suas famílias a cursar o ensino superior.

Expansão 
O Walmart Brasil inaugura nesta semana duas unidades da bandeira TodoDia, em São Paulo, com investimento de R$ 8 milhões. Com os empreendimentos, a bandeira totaliza 31 lojas no Estado. No país, são 129 lojas.

Croissant
 
O escritório de advocacia empresarial Siqueira Castro vai assinar, no dia 16, um acordo de cooperação com o escritório francês Fidal. A parceria prevê o intercâmbio de profissionais entre as bancas e pretende facilitar o fluxo de negócios Brasil-França.

Milhagem 

A Gol criou uma gerência para concentrar projetos e produtos destinados à classe C, que representa 47% de seus passageiros. A empresa estima que pelo menos 128 milhões de brasileiros teriam condições de comprar passagens aéreas, mas apenas 17 milhões o fazem.

Serpentina 
Os passageiros de cruzeiro marítimo deverão gastar R$ 8,9 milhões durante o próximo carnaval, segundo a Abremar (associação do setor). São esperados 44,5 mil turistas.

Reflexão econômica
Em "O Valor de Nada" (Zahar, 240 págs), que será lançado no Brasil no dia 18, o economista Raj Patel discute o que está por trás do preço dos produtos. No livro, que ficou na lista de mais vendidos do "New York Times", o ex-professor de Yale, que trabalhou no Banco Mundial, questiona se o mecanismo da oferta e da procura é o mais justo para definir o custo das mercadorias.

SEGURO ITINERANTE

O Grupo Mapma, que atua em consultoria e corretagem de seguros, vai colocar escritórios ambulantes para rodar nas ruas do Rio de Janeiro. Com o objetivo de aumentar a capilaridade da empresa, um contêiner equipado com ar condicionado e computadores servirá de ponto de venda para seguros de vida, de automóveis, residencial e outros produtos. O veículo ficará estacionado em locais como universidades, pátios ou garagens de redes varejistas. A meta é aproveitar o aquecimento do consumo. "Precisa de cerca de três vagas de estacionamento e um ponto de luz", afirma Marcio Prado, presidente da Mapma. A empresa, que tem sede no Rio e filiais no Espírito Santo e em Brasília, estuda levar o modelo de comercialização para outros locais.
com JOANA CUNHA, ALESSANDRA KIANEK, VITOR SION e ANDRÉA MACIEL

MERVAL PEREIRA

Sondando o terreno 
 Merval Pereira
O GLOBO - 09/02/11

A visita do secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, ao Brasil para preparar a vinda do presidente americano, Barack Obama, em março tem alguns ingredientes importantes para a política externa brasileira. Seu objetivo principal parece ter sido convencer as autoridades brasileiras que a China é um problema maior para o Brasil do que os EUA.

Na verdade, o governo americano entende que o governo brasileiro tende a culpar mais os Estados Unidos do que a China pelos problemas cambiais que perturbam a economia internacional, e receia que essa visão seja mais um ingrediente de uma política externa que muitas vezes ganha um tom antiamericano.

Há também, por parte dos analistas americanos, a sensação que certos setores da diplomacia brasileira têm uma visão muito preconceituosa da situação mundial, convencidos que há uma tendência irreversível de crescimento do poder econômico e político da China, e um declínio proporcional dos Estados Unidos. E tomam decisões com base nesse raciocínio simplista.

Na verdade, o Brasil é prejudicado tanto pelos Estados Unidos, que desvalorizam cada vez mais a sua moeda com a inundação de dólares no mercado e a consequente valorização do real, prejudicando nossas exportações, quanto pela política chinesa de manter sua moeda desvalorizada e assim invadir os mercados brasileiro e latino-americano com produtos baratos.

O governo brasileiro, no entanto, tem parte importante no fato de o real ser a moeda mais desvalorizada do mundo, pois mantém os juros mais altos do mundo para conter a inflação provocada, em grande parte, pelos gastos governamentais excessivos, e atrai o capital especulativo internacional.

Com a troca de governo no Brasil e os primeiros sinais que a política externa não insistirá numa linha tão confrontante com os Estados Unidos, retomando um posicionamento mais de acordo com a tradição da política externa brasileira, o governo americano está sondando o terreno para ver se realmente a relação pode vir a ser retomada em outras bases.

É pouco provável, no entanto, que o presidente Obama dê uma declaração tão favorável à entrada do Brasil como membro permanente do Conselho de Segurança Nacional da ONU como a que deu na Índia recentemente.

Esse era o desejo expresso do governo brasileiro. Mas diante das evidências que isso dificilmente acontecerá, o Itamaraty já se contentaria com que Obama desse seu apoio genérico à ampliação da representação política do Conselho.

A declaração de Obama na Índia tem sutis recados da diplomacia americana, que indica as condições que os Estados Unidos exigem para dar seu apoio à pretensão de um país como o Brasil de ter uma representatividade maior nos fóruns internacionais.

Obama disse, por exemplo, que um país para se candidatar a uma vaga permanente tem que se comprometer a trabalhar para que a autoridade do Conselho de Segurança da ONU seja respeitada pela comunidade internacional.

Pois os Estados Unidos consideram que o Brasil não contribuiu para o fortalecimento da instituição ao votar contra as novas sanções ao Irã, determinadas no Conselho de Segurança da ONU.

O então ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse que agindo assim o país "preservou" sua credibilidade internacional. Mas da parte do governo americano, o voto do Brasil foi considerado uma afronta não apenas ao Conselho de Segurança, mas também à liderança do presidente Barack Obama, que precisava que houvesse uma decisão unânime sobre as sanções. Convenceu Rússia e China, mas não mudou o voto do Brasil.

Conversando com Carlos Alberto Sardenberg sobre o assunto ontem na CBN, ele destacou que há muitos pontos em que a posição brasileira coincide com a americana, como a reclamação sobre a desvalorização da moeda chinesa, o que não justificaria uma posição permanente contra os Estados Unidos e a favor da China.

O secretário Timothy Geithner também disse que a China precisa evoluir para um modelo de crescimento que dê mais prioridade ao mercado interno, o que a obrigaria a importar mais produtos industrializados de outros países.

O Brasil queixa-se de que a China importa matérias primas, mas que quando precisa importar produtos industrializados coloca várias barreiras, como fez com os aviões da Embraer.

Na OMC, quem impediu o acordo agrícola negociado entre Estados Unidos, União Europeia e Brasil foram China e Índia, numa manobra protecionista.

O G-20 comercial, que junta exportadores competitivos, como Brasil e Argentina, e países protecionistas, como China e Índia, mostra-se por isso um instrumento inútil para fechar acordos internacionais, só tem servido para bloqueá-los.

Os analistas do setor destacam que o crescimento dos principais mercados para nossos produtos agrícolas nos anos à frente serão inevitavelmente os países emergentes, e não as potências avançadas do Primeiro Mundo.

China e Índia, junto com os demais países do G-33 (importadores líquidos de alimentos, todos em desenvolvimento), se opõem a um mundo verdadeiramente livre de subsídios e protecionismos de todo tipo.

Na definição de um analista do setor, o G-20 comercial é completamente esquizofrênico nessa área: ao mesmo tempo em que pede o fim do protecionismo e das subvenções agrícolas dos países desenvolvidos, não apenas defende como estimula o protecionismo e as subvenções agrícolas de países em desenvolvimento como China e Índia.

Por essas razões, não tem lógica, nem mesmo comercial, quanto mais política, que o Brasil continue regendo sua ação externa mais por questões ideológicas do que pelo pragmatismo.

MÔNICA BERGAMO

TRIEXPOSIÇÃO
MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SÃO PAULO - 09/02/11

Em cartaz no teatro Paulo Autran, com "A Senhora de Dubuque", e no cinema, com "Malu de Bicicleta", a atriz gaúcha Carolina Manica poderá ser vista em breve na telinha; ela faz dois personagens em "Espiritualidade", filme que Lírio Ferreira dirigiu para a TV Cultura

BRAÇOS DADOS
Os sindicalistas estão negociando com outros movimentos sociais para que engrossem os protestos contra o governo de Dilma Rousseff pela resistência em aumentar o salário mínimo. Reuniões discretas em Brasília juntaram líderes do movimento e coordenadores do MST(Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra) em torno da discussão.

LIGAÇÃO DIRETA
O deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), ligado à Força, e João Paulo Rodrigues, coordenador do MST, tinham agendado encontro para esta semana.

TODO OUVIDOS
O BTG Pactual, de André Esteves, é "adviser", ou conselheiro, de Marcelo de Carvalho, vice-presidente da Rede TV!, nas conversas com investidores interessados em adquirir a sua parte na emissora. "Eu nunca vou deixar de ouvir propostas", admite Carvalho. "Quando elas surgem, eu mando para o banco analisar. Isso não significa que a empresa está à venda." Segundo ele, nem o banco "nem ninguém" têm mandato para negociar suas quotas. E até agora, diz, nenhuma proposta o seduziu a ponto de se desfazer delas.

TÊTE-À-TÊTE
José Serra e Sérgio Guerra, potenciais adversários na disputa pela presidência do PSDB, se reuniram a portas fechadas anteontem na casa do ex-governador paulista. Eduardo Jorge, vice-presidente do PSDB, e o deputado tucano João Almeida testemunharam o encontro.

CORES E NOMES
Eduardo Jorge diz que a tão falada refundação da legenda significa, na prática, que seu partido "tem que se organizar para a próxima eleição. Isso é óbvio. Todo mundo sabe". Segundo Jorge, não passa de nomenclatura: "Uns chamam de refundação, outros de recadastramento, de reorganização. Mas a gente vai se mexer".

REDONDO
O Sebrae se prepara para bater bumbo em torno do número de empreendedores individuais que se formalizaram depois da lei que permite que, pagando R$ 60 por mês, eles gozem de direitos previdenciários. Até a sexta-feira, 905 mil haviam feito o seu registro. Luiz Barretto, presidente do órgão, estima que até o fim do mês será alcançada a marca de 1 milhão.

MAIS ALTO
E hoje Barretto se reúne com parlamentares que patrocinam projeto para ampliar os limites de adesão ao Super Simples. Ele prevê que o teto do faturamento das microempresas candidatas ao benefício tributário suba de R$ 240 mil anuais para R$ 360 mil. No caso da pequena empresa, o teto subiria de R$ 2,4 milhões anuais para R$ 3,6 milhões. A proposta prevê a inclusão de novas atividades na lei, como academias de ginástica, dança, capoeira, ioga e artes marciais e também condomínios residenciais.

DADA A LARGADA

O ex-presidente da Bovespa Eduardo da Rocha Azevedo lançou sua candidatura à presidência do Jockey Club de SP anteontem. O ex-ministro Roberto Muylaert, o banqueteiro Charlô Whately e o conselheiro do TCE Antonio Roque Citadini foram à festa, na Sociedade Harmonia de Tênis.

PLANÍCIE
O ex-presidente Lula encara pela primeira vez em dez anos um voo comercial: ele embarca hoje pela Gol rumo a Brasília.

RESGATE
O Núcleo de Prevenção e Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas de SP resgatou 15 mulheres e um homem vítimas de exploração sexual em 2010. No próximo dia 25, o Estado lança campanha contra o tráfico internacional de mulheres. O lema é "Mulheres Traficadas - Basta!!!". A ideia é alertar sobre a presença maior de aliciadores às vésperas do Carnaval.

CISMOU COM O RESTART

Denis Camioka, conhecido como Cisma, será o diretor do longa da banda Restart, produzido pela Paranoid Filmes.

CASA NOVA A modelo Michelle Alves está de agência nova: a Way Model.

ELENCO UNIDO

O elenco da peça "Mulheres Alteradas" foi em bloco ao clube The Week para a festa Gambiarra. Luiza Tomé ficou na pista e Adriane Galisteu discotecou. O marido de Adriane, Alexandre Iódice, Talita Castro, uma das criadoras da festa, e seu pai, o ator Ewerton de Castro, passaram por lá.

CURTO-CIRCUITO

Flavio Tris faz hoje apresentação única de seu repertório na Casa de Francisca. Sobem ao palco com ele Maurício Maas, na percussão e no acordeom, e Tchelo Nunes, no violino e no baixo. Às 21h30. Classificação: 18 anos.

O Monobloco se apresenta no sábado, à 1h, no Credicard Hall. Classificação: 16 anos.

O site Eye4design, de arte e arquitetura, será lançado hoje, com festa no Morumbi.

com DIÓGENES CAMPANHA, LÍGIA MESQUITA e THAIS BILENKY

JOSÉ SIMÃO

 Portela! Bota as peladas no chão!
JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SÃO PAULO - 09/02/11

E uma amiga disse que a Luma só sai na comissão de frente porque de costas e de lado tá uma desgraça!


BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República!
Eu não perco essa palestra por nada: "Ciclo de Palestras Gratuitas. Trajetória de Sucesso: Neusa do Cachorro-Quente". Eu não quero palestra do Lula nem do FHC, eu quero a Neusa do Cachorro-Quente. Força na Salsicha! Rarará!
E já começaram a aparecer os blocos de Carnaval. Direto do Rio: Amasso o Pão, Mas Não Queimo a Rosca; Pendura a Língua no Varal; e Calma, Calma, Sua Piranha. Sendo que a última coisa que se espera duma piranha é calma. Principalmente no Carnaval. E direto de Olinda: CUMERO MÃE! Não tão poupando nem a mãe! Rarará!
E adorei a Portela depois do fogo: "A gente sai na garra". Isso! Samba no pé. Bota as peladas no chão. Chama a Luma. Ué, ela mostra a perereca. Na portela e na janela. Rarará! E uma amiga me disse que a Luma só sai na comissão de frente porque de costas e de lado tá uma desgraça. Rarará. E o "Sensacionalista" disse que quem provocou o incêndio foi uma sambista com fogo no rabo! "Fogo no Rabo incendeia Cidade do Samba." Rarará. Agora tem que rir! Samba no pé.
E o Marcius Melhem, da Globo, disse que puxador de escola de samba pensa que a gente é surdo: "Portela, o seu dia clareou, CLA-RE-OU!". "Mangueira, mostra sua raça, A SU-A RA-ÇA!". "E lá vou eu, E LÁ VO-U E-U!" Rarará!
E o Mubarak virou praga. Ontem eu falei que ele tinha vindo pra Catanduva, interior de São Paulo, abrir um negocinho: Mubarach Salgados. E agora ele foi parar em Itacoatiara, no Amazonas: Mercadinho Mubarac e Cerealista Mubarac. Eu tenho as fotos!
E o Lobão é ministro de Minas e Energia. Errado. Ele devia ser ministro da Previdência. Pra comer umas vovozinhas! Rarará!
O Brasileiro é Cordial! A penúltima do Gervásio. Placa na empresa em São Bernardo: "Se eu pegar o embostelado que usou a água quente da injetora pra tomar banho, vou jogar esse francês lambão dentro de uma caçamba de carvão e jogar graxa por cima. Conto com todos. Assinado: Gervásio". Eu vou mandar o Gervásio sair na Portela de fio-dental. Rarará!
A situação tá ficando psicodélica. Nóis sofre, mas nóis goza
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

MÍRIAM LEITÃO

Mínimo e pobreza 
Miriam Leitão 

 O Globo - 09/02/2011 

A presidente Dilma está diante de um dilema na briga pelo salário mínimo. E não é pelo fato de um partido dos trabalhadores estar contra sindicatos. Elevar o mínimo não é erradicar a extrema pobreza e pode até ser contraditório em tempos de corte de gastos. Desde 1995, o aumento real acumulado do mínimo foi de 121%, enquanto a renda média dos mais pobres caiu quando comparada ao salário mínimo.

O dilema não é simples, e essa discussão, como tem sido travada nos últimos dias, tem ficado presa no imediato, sem uma visão do passado, futuro e até do presente. Para ficar na parte mais simples: a regra negociada para o reajuste é o crescimento do PIB de dois anos antes mais a inflação. Ou seja, hoje se paga o preço da recessão de 2009. Mas, se em 2011 o aumento é pequeno, no ano que vem será, pelas regras, de cerca de 13,5%, em termos nominais.

O aumento do ano que vem invalida os argumentos dos dois lados da discussão: nem os sindicatos têm razão de reclamar das regras; nem Dilma pode dizer que nega o reajuste maior agora para conter os gastos. Já se sabe que no ano que vem o aumento real será forte, pelo efeito somado do PIB de 7,5% de 2010 mais a inflação que chegou a 6%.

O real dilema é que a presidente Dilma disse que seu principal objetivo é erradicar a pobreza extrema. Faz o mais completo sentido que essa seja uma meta nacional, não apenas dela. Mas os extremamente pobres ganham menos do que o salário mínimo, estão fora do mercado de trabalho formal, não são representados pelos sindicatos e ficaram fora da festa da recuperação forte do salário mínimo desde a estabilização. Neste aspecto, o Bolsa Família fez mais pela redução da pobreza extrema do que o aumento do salário mínimo, porque é uma política que tem foco nos mais pobres.

O gráfico abaixo mostra o aumento real do salário mínimo desde dezembro de 1994. Se a conta for feita com o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), o aumento acima da inflação foi de 44% no governo Fernando Henrique e de 54% no governo Lula. Ao todo, como é um aumento composto, dá 121,78%. É melhor fazer a conta pelo INPC porque esse índice mede a renda de pessoas até seis salários mínimos. O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) vai até 40 salários mínimos.

— De certa forma, a política do salário mínimo é vítima do seu próprio sucesso. Ele recuperou poder de compra, mas os extremamente pobres ficaram para trás. Vários dados mostram isso. Se compararmos a Pnad de 1995 com a de 2009, o salário mínimo era 23% da renda média do país e agora é 43%. Em 1995, o salário mínimo era 37% acima da renda média dos 20% mais pobres e, em 2009, passou a ser 124% — diz o economista Fábio Giambiagi.

Os dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) mostram também que se formos separar a renda do Nordeste por décimos de renda, dos 10% mais pobres até os 10% mais ricos, 40% dos nordestinos ganham abaixo do salário mínimo, 20% em torno do salário mínimo, e só no sexto décimo de renda é que estão os que ganham acima desse patamar.

Esse é o dilema. Aumentar o salário mínimo já teve impacto na redução da pobreza. O maior aumento desde o Real foi o de 1995, de 22%; o segundo maior, o de 13%, de 2006. Em dois anos, houve perda real, mas o acumulado não deixa dúvidas da recuperação do poder de compra. Isso melhorou a vida dos pobres, mas os que estão abaixo da linha da miséria — faixa que está hoje em R$ 120 per capita — não tiveram melhora substantiva com essa política. Portanto, tudo isso tem que estar nas considerações da presidente não apenas este ano, mas daqui para a frente, se a meta maior for erradicar a extrema pobreza.

ELIO GASPARI

Um Frank Wisner para cada época 
Elio Gaspari 

O Globo - 09/02/2011

O companheiro Obama misturou política externa e marquetagem. Resultado: quase queimou o filme do embaixador Frank Wisner, um dos melhores diplomatas de sua geração. No início da crise egípcia, mandou- o ao Cairo para conversar com Hosni Mubarak. Ele reuniu-se com o faraó no dia 2 e obteve o compromisso de que deixaria o poder depois da eleição de setembro. Para a multidão da Praça Tahrir, era pouco. Os marqueteiros da Casa Branca engrossaram o coro e a secretária de Estado, Hillary Clinton, informou que a transição deveria ser negociada com o vice-presid e n t e O m a r S u l e iman. Poucas horas antes, Wisner dissera o contrário, que a permanência de Mubarak era necessária. Ele sabia do que falava e acabou prevalecendo, mas deu à diplomacia americana um tom de Casa da Mãe Joana. Tamanho desencontro parece coisa do governo Bush.

Dentro de alguns meses se saberá o que aconteceu entre o dia em que Wisner voou para o Cairo e a hora em que ele trombou com Madame Clinton. Uma coisa é certa: nesse lance, o profissional é Wisner, até porque Mubarak continua no palácio. Aos 72 anos, aposentado, o embaixador é um laureado veterano. Nos anos 90, sem barulho, convenceu os russos a desmontar sua máquina de guerra bacteriológica. Em 2008, costurou o acordo da independência do Kosovo. Durante o governo Bush, tentou negociar um caminho para o programa nuclear iraniano. Deu em nada, assim como ninguém o ouviu quando avisou que a invasão do Iraque seria um erro.

Wisner tomou uma pedrada vinda da barafunda instalada na diplomacia americana. É um caos suprapartidário, reflexo do esgarçamento do aparelho decisório de Washington. Os serviços envolvidos na política externa expandiram - se, segregaram-se e acabam fazendo tanto a coisa (Mubarak fica) como o seu contrário (Mubarak sai). Em 2009, aconteceu algo parecido em Honduras , o n d e Obama denunciou o golpe e tolerou os golpistas.

Numa trapaça da História , sabe - se que todo mês Wisner preside uma mesa de velhos diplomatas reunidos para almoçar e trocar ideias no Metropolitan Club, em Nova York. Discutem política externa, mas não se fazem mesas como as de antigamente. Há mais de meio século, Washington era uma cidade provinciana e os grãoduques da diplomacia jantavam aos domingos na casa de seu pai e homônimo. Era uma mesa para ninguém botar defeito, com Dean

Acheson (secretário de Estado de 1949 a 1953), George Kennan (o formulador da teoria da contenção do império soviético) e, às vezes, Allen Dulles (o criador da CIA). Dela saiu a indicação de Frank Wisner para chefiar o braço clandestino do aparelho de inteligência dos EUA. Foi Wisner quem coordenou a derrubada da primeiro-ministro iraniano em Mossadeq, em 1953, e

do presidente gutemalteco Jacobo Arbenz, no ano seguinte. Pense-se na mão invisível da CIA até o fim dos anos 50 e lá estarão as digitais de Wisner, inclusive no estímulo às atividades dos árabes anticomunistas da Irmandade Muçulmana. (Deixou esse abacaxi para o filho, que foi embaixador no Egito de 1986 a 1991.)

Wisner misturava simpatia e tenacidade. O FBI o acusava de namorar uma princesa romena que seria agente russa. (Seu chefe, Allen Dulles, namorou a rainha da Grécia, que fora da Juventude Nazista.) Muita bebida e enormes obsessões destruíram-lhe os nervos até que, em 1965, aos 56 anos, matou-se com um tiro na cabeça.