terça-feira, fevereiro 08, 2011

ARNALDO JABOR

Picasso nos dá vontade de viver
ARNALDO JABOR
O ESTADO DE SÃO PAULO - 08/02/11

As férias custam a acabar. Você volta para a realidade brasileira e Paris não sai, como uma mancha no corpo. Eu só vou a museus no exterior. Estive no Museu d"Orsay, Louvre, Orangerie, no Grand Palais; vi Monet, Basquiat. Sempre acabo no museu Picasso. Chego lá e vejo que está fechado, para obras. Mas, mesmo assim, saio pela rua e tudo me parece irreal, cubista, os rostos, os gestos, os ângulos das esquinas.
"Picasso me dá vontade de viver!" - penso. É isso mesmo. Ele não nos faz sonhar com coisas que não estejam presentes, palpáveis, vivas. Em sua arte, há um permanente viés até de caricatura. Por isso eu vi seus quadros nas caras e calçadas do Marais. Ele não tinha uma "mensagem" para passar ao mundo ou besteiras assim. Ele pintava a própria mudança, seu devir, seu envelhecer, suas comidas e amores, até os maravilhosos e eróticos quadros de tortas mulheres, palhaços e mosqueteiros loucos nos últimos meses de seus 92 anos de vitalidade. Picasso pintava a forma das coisas desconhecidas. Peguem um acrobata seu, um beijo na praia, um Minotauro estuprando uma virgem, peguem suas amantes viradas ao avesso, peguem tudo e ali só existirá seu cotidiano muito parecido com o nosso.
Picasso mudou o olho humano. Cézanne já tinha pintado a matéria íntima da natureza. (Ele disse: "Eu sou a consciência da paisagem que se pensa em mim"). Van Gogh já tinha pintado o tempo. Isso. Cézanne recortou o espaço e Van Gogh captou o tempo. Olhem um Van Gogh e vejam o tempo passando sobre as coisas. Nada para em Van Gogh: a igreja se move, os lilases ventam, a matéria fervilha em cada pincelada, as cadeiras, as camas, as coisas passam em progresso, parece que vemos os átomos girando, os girassóis rodando, vemos a morte passando no rosto do doutor Gachet ou da Arlesiana.
Depois, Picasso chega e pinta os dois: o espaço-tempo. Sua viúva disse que ele não podia ficar com a mão parada; não parava um segundo de ver o mundo dentro e fora dele. Mexia em tudo: de um peixe comido ele tirava a espinha e fazia uma cerâmica, um selim de bicicleta ele transformava em cara de boi, o regador em um homem, um automóvel em macaco, um beijo na praia em uma fome voraz entre corpos, virava uma mulher em flor e flor em mulher. Sua mão não podia parar - tinha de ficar desenhando para não enlouquecer.
Fez cerca de 36 mil quadros, além de esculturas, tudo. Picasso é um pintor popular. Por isso é que as filas se formam para ver seus quadros. As pessoas vão ali para se ver. Picasso era um rude espanhol, um torcedor de futebol, um comedor de mulheres, um glutão, um sacana aficionado por touradas e que não queria humilhar ninguém. Picasso era um espantoso retratista da realidade, só que a "realidade" para ele não era essa série de arestas e volumes verossímeis a que estamos acostumados, pousados no horizonte da perspectiva burguesa. Sua realidade não tinha perspectiva. Se bem que ele também nunca acreditou nos anseios de uma abstração metafísica, que almeja uma platônica "essência" de algo finalmente flagrado, "para longe, mais além da aparência suja do mundo. Picasso sempre amou justamente esta face "suja" do mundo, sempre viveu em busca da figura, sim, da figura que, para ele, era muitíssimo mais constelada, muito mais complexa e mutante que as chatas realidades que o burguês chama de "naturais" ou "corretas". Picasso sabia que nada existe além da vida, nada "over the rainbow", nada além do nosso olho que, esse sim, pode ser ampliado como um telescópio ou caleidoscópio, se não estiver domesticado por ideologias ou delírios bobos. Picasso nunca precisou dos excessos do dada ou do surrealismo para sair "fora da aparência". Sabia que isso era impossível e ridículo, de certo modo. Nunca precisou de uma realidade "supra", em relação à figura naturalista. Picasso não deformava nada, como costumam dizer; ele via outras formas, seu olho negro profundo que nos fita sem parar parece dizer: "Eu vejo todos os lados das caras, dos corpos, eu vejo as figuras dentro das outras, eu vejo o espaço entre as pessoas, as linhas invisíveis que as ligam, os vazios dentro delas, eu não vejo a beleza como algo ''sublime'' a se chegar. Não há nada a se atingir; por isso a minha frase ''Eu não procuro; eu acho'' é tão mal interpretada. Ela não quer dizer que eu tenho talento ou algo assim. Não. Essa frase quer dizer que eu não sei, antes, para onde estou indo; eu só chego ao quadro ao final".
Picasso é um grafiteiro. Por isso, lembrei dele quando vi Basquiat no Museu de Arte Moderna e lembrei que os primeiros milhões que Basquiat ganhou, torrou num Picasso, para "não jogar dinheiro fora" em drogas e loucuras. Picasso não busca "auras". Seus quadros são até mal acabados, nas coxas, como é o cotidiano. Picasso é sadio. Nunca teve a romântica palidez do sofrimento em busca do "sentido". Adorava viver e pintava a própria vida, felicíssimo, de bermuda, rindo, comendo, trepando e fumando; nunca acreditou que o "artista só é grande se sofrer" - o artista só é grande se viver.
Os grandes artistas buscam a realidade, pois, como disse Woody Allen, "ninguém sabe o que é a realidade, mas ainda é o único lugar onde se come um bom bife". Uma historinha do nosso grande Iberê Camargo ilustra bem o que digo sobre Picasso. Iberê passou a vida pintando objetos e obsessões reais que ele viveu e sempre foi chamado de "abstrato". Uma vez, numa exposição sua, ele veio indignado reclamar para o Mario Carneiro (outro pintor e discípulo): "Mario... veja este quadro (diante deles, uma tela aparentemente abstrata). Pois, eu pintei aqui essas ''pirocas encaramboladas com chapéus'' e veio aquela mulher ali e me disse que era uma abstração sobre o pôr do sol no Rio. Não é um absurdo?"
Nós não vemos Picasso; ele é que nos vê. Por isso, faz tanto sucesso. Ele nos explica. Picasso sabia que a morte acontece, mas não existe. Só existe a vida.

ROGÉRIO CEZAR DE CERQUEIRA LEITE

O pré-sal e o etanol
 ROGÉRIO CEZAR DE CERQUEIRA LEITE
FOLHA DE SÃO PAULO - 08/02/11

A despeito da inquestionável competência da Petrobras, é imensa a vantagem do etanol sobre o petróleo do pré-sal quanto à sustentabilidade


De acordo com as últimas avaliações da Petrobras, a reserva total do pré-sal soma cerca de 13 bilhões de barris, o que corresponde a aproximadamente 1% das reservas restantes mundiais e que nada significaria para a humanidade quanto ao deslocamento do pico de produção.
Admitindo um tempo de vida de 80 anos para as reservas dos campos do pré-sal, calculamos que sua contribuição será, em média, de aproximadamente 20% acima da atual produção nacional.
Por outro lado, com o barril de petróleo a preços superiores a US$ 90, até as avaliações menos otimistas de custos de produção do barril de petróleo do pré-sal talvez justificassem o investimento.
Para a comparação de vantagens financeiras entre combustíveis são essenciais duas variáveis: os custos de produção da unidade de energia e os custos de investimento por unidade de energia por dia.
Pois bem, dentro dos limites tecnológicos atuais, o melhor que se pode esperar para o pré-sal é um custo de produção de pelo menos o dobro daquele da produção de etanol. Quanto aos custos de investimento, tudo parece indicar que a situação é ainda pior para o pré-sal.
Um terceiro fator a ser considerado é o risco financeiro.
Em primeiro lugar, há a questão de um mercado cujos governos encontram sucessivos sofismas para retardar a penetração do etanol brasileiro. Por outro lado, os riscos de produção do etanol são ínfimos em comparação com os do petróleo do pré-sal, cuja tecnologia de extração ainda não está desenvolvida.
Consideremos agora a questão da sustentabilidade e, sob esse aspecto, do aquecimento global. Enquanto o petróleo é o problema, o etanol de cana-de-açúcar é a solução. Mas não é apenas sob esse importante ângulo de sustentabilidade que a imensa superioridade do etanol sobre o petróleo do pré-sal deve ser considerada.
Risco de vazamento a grandes profundidades e sob altas pressões são imprevisíveis. Portanto, a despeito da inquestionável competência técnica da Petrobras, é imensa a vantagem do etanol sobre o petróleo do pré-sal sob qualquer aspecto de sustentabilidade.
Enquanto a produção de etanol é intensiva em mão de obra, a de petróleo o é em capital, o que é uma desvantagem para um país em desenvolvimento, em que o crescimento populacional exige a criação de empregos em vários níveis de especialização. Portanto, também sob o ponto de vista social, o etanol é preferível ao petróleo do pré-sal.
Com apenas 8% dos 200 milhões de hectares de pastagem, seria possível substituir por etanol 5% da gasolina consumida no planeta. Ou seja, a opção pelo etanol nessa medida, bastante conservadora, proporcionaria uma produção de combustível líquido entre três e quatro vezes maior que todo o petróleo do pré-sal até hoje confirmado, e não apenas por 60 ou 80 anos, mas indefinidamente.
Se tudo o que foi dito aqui é verdade, ou pelo menos verossímil, então como se explica a opção pelo pré-sal? Ou é um grande equívoco ou é uma revelação. A imensa intuição do presidente Lula deve ter percebido que o Brasil, nesse estado juvenil de desenvolvimento em que se encontra, precisa de um projeto nacional, pioneiro. Precisa de seu "homem na Lua".
Enquanto o etanol seria só um pouco mais da mesmice prosaica do século passado, o pré-sal, com seus imensos desafios tecnológicos e financeiros, seria a bandeira do desenvolvimentismo ousado, para não dizer agressivo, que deveria propelir o país no século 21. O Brasil chegaria, assim, mais fundo, aonde nenhum outro país teria ousado ir.

VLADIMIR SAFATLE

E Cuba?
VLADIMIR SAFATLE
FOLHA DE SÃO PAULO - 08/02/11

Há uma compulsão de repetição no debate político brasileiro. Todas as vezes em que se levantam questões sobre o apoio do Ocidente a ditaduras, sobre o bloqueio do dever de memória no Brasil, o desrespeito aos direitos humanos nos EUA e na Europa, sempre se ouve a pergunta: "E Cuba?"
Um pouco como se tal pergunta parodiasse o dito de Max Horkheimer: "Quem não está disposto a criticar o capitalismo deve se calar sobre a União Soviética", fornecendo a versão "quem não está disposto a criticar Cuba deve se calar sobre o resto do mundo".
Mas é interessante perceber como os amigos de Cuba não procuram, assim, ampliar o espectro do debate sobre democracia e direitos humanos. Na verdade, querem neutralizá-lo com o raciocínio: "Pare de falar sobre o que não gosto de ouvir, senão te lembrarei aquilo que quer esquecer".
Contra essa lógica da neutralização, só há uma saída: falar aquilo que, no fundo, eles não querem falar, ou seja, ampliar o debate também para Cuba, sem fechá-lo para outros casos.
De fato, há certos setores minoritários da esquerda nacional que procuram justificar o injustificável. Cuba é, no máximo, uma revolução popular que há muito entrou em estado de degenerescência. Hoje, não passa de uma ditadura que só serve para nos lembrar que mesmo revoluções verdadeiras podem terminar mal.
Há dois artifícios retóricos usados para relativizar o fato: creditar o fechamento do regime ao embargo norte-americano e minorá-lo dizendo que, ao menos, o governo cubano cuidou dos indicadores sociais de saúde e educação. Os dois artifícios são desonestos.
O primeiro consiste em dizer que problemas estratégicos (a luta contra o embargo) submetem princípios norteadores da luta política (o aprofundamento da liberdade). O segundo parece o argumento dos apoiadores de Pinochet : impomos uma ditadura, mas aumentamos a riqueza (no caso cubano, sem grandes desigualdades). Mas riqueza social sem democracia real continua sendo miséria política.
Nesse sentido, Cuba nos mostra que um acontecimento verdadeiro não garante a sequência de suas consequências. Mais do que um projeto claro, as revoluções são o ato violento de abertura de novas sequências. Um ato que mobiliza expectativas contraditórias, que coloca em circulação valores cuja determinação de sua significação será objeto de embates também violentos.
Por isso, uma revolução é uma causa a partir da qual não é possível derivar, com segurança, qual série de consequências virá. Quando as consequências são ruins, a crítica deve ser radical. Por sinal, os melhores setores da esquerda sempre fizeram isso. Eles nos lembram que o verdadeiro compromisso é com uma democracia de forte participação popular e poder instituinte soberano, não com ditaduras.

VINICIUS TORRES FREIRE

Corte na carne e corte de vento
VINICIUS TORRES FREIRE
FOLHA DE SÃO PAULO - 08/02/11

Governo tem dificuldade até para chegar a corte de gasto insuficiente para conter alta maior de juros


PARA QUASE todos os observadores da economia, o anúncio mais importante deste início do governo Dilma Rousseff é o tamanho do corte dos gastos federais. Os ministros do Planejamento, Miriam Belchior, e da Fazenda, Guido Mantega, ainda não apresentaram um número à presidente. Segundo assessores da própria Dilma, isso deve acontecer hoje. Os assessores dizem que o corte pode ficar entre R$ 40 bilhões e R$ 60 bilhões. Se fôssemos viajar com essa precisão, saindo de São Paulo e mirando o Rio a gente poderia acabar em Belo Horizonte, mas passemos. Há outras complicações. Num estudo divulgado ontem, o economista do Santander e colunista desta Folha Alexandre Schwartsman pergunta: corte de uns R$ 50 bilhões em relação ao quê? Em relação ao Orçamento inflado pelo Congresso? A previsão de aumento de despesa em relação a 2010 é de R$ 100 bilhões. Um corte de R$ 50 bilhões na previsão de despesa do Orçamento significa, pois, um aumento de gastos de R$ 50 bilhões sobre o ano passado. Ou seja, um crescimento da despesa de cerca de 1,2% de um PIB em valores correntes de R$ 4,1 trilhões em 2011. Nessas contas, pressupõe-se um crescimento otimista do PIB de 5,5%, o número que consta do Orçamento, e inflação de 6,1%, média das previsões dos departamentos de pesquisa que mais acertam a estimativa.
E daí? O economista padrão e agora até o núcleo dos economistas do governo acreditam que gastos menores do governo reduzem, é óbvio, o total do consumo no país e que isso, em tese e muito provavelmente, tem algum efeito na velocidade da alta de preços, na taxa de inflação. Qual redução de gastos, pois, seria relevante para a redução do consumo de modo que a inflação ficasse mais ou menos na meta?
Estimativas de inflação do próprio Banco Central para 2011 preveem IPCA um tanto acima da meta de 4,5%. Nessa conta do BC, pressupõe-se um superavit primário (poupança do governo) de 3% do PIB.
Nas contas de Schwartsman, um superavit "oficial" de 3% significa, na prática, para o que importa em termos econômicos, um superavit de 2,7% do PIB (o economista deixa de lado os décimos de porcentagem obtidos graças às mágicas contábeis que o governo tem utilizado para dizer que cumpriu a meta).
Desse modo, o corte de gastos teria de alcançar 1,4% do PIB, ou cerca de R$ 85 bilhões, a fim de que se atinja o superavit pressuposto pelo Banco Central em suas estimativas de inflação. Em tese, quanto mais longe o governo ficasse desse número, mais o BC teria de aumentar os juros a fim de entregar uma taxa de inflação mais ou menos na meta.
Como o próprio Schwartsman observa, há várias estimativas de superavit necessário na praça. Além do mais, há incertezas várias nessas contas: o crescimento do PIB, a taxa de inflação e o efeito do corte de gastos na inflação.
Ainda assim, dados os descontos de imprecisões e metodologias diferentes, parece difícil acreditar que um corte de R$ 50 bilhões baste. Na verdade, as melhores estimativas na praça sugerem que o gasto do governo teria ser reduzido, em termos reais, para dar conta do recado de reduzir demanda, inflação e tamanho da alta de juros. Tal coisa, redução de gasto público, costuma acontecer apenas em anos de crise bem ruim, como em 2003.

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE

Alarmante
SONIA RACY
O ESTADO DE SÃO PAULO - 08/02/11

O número de suicídios tentados e consumados na cidade de São Paulo cresceu nada menos que 62,8% nos últimos dez anos, segundo dados do Ministério Público. Em 2000, de acordo com os boletins de ocorrência da capital, foram registrados 581 casos. Ano passado, o número pulou para 946: uma triste média de quase três mortes por dia.

No mesmo período, a população da cidade cresceu apenas... 5,78%, como mostra o IBGE.

Alarmante 2
Mauricio Lopes, promotor do júri, investigará as regiões da cidade mais sensíveis a este tipo de morte. Agora por meio da Promotoria de Habitação e Urbanismo, onde se encontra.

Pretende analisar ofertas públicas de lazer, saúde e convivência social à disposição da população. "Esta cidade está matando as pessoas de infelicidade", avalia.

Calma aí
Em encontro de estudantes na FGV com Timothy Geithner, do Tesouro americano, na semana passada, a chefe do cerimonial chamou o mediador Henrique Meirelles ao palco. E o apresentou como "presidente da Autoridade Pública Olímpica". Constrangido, ele mandou avisar que ainda não fora coroado.

Nem aprovada a APO está.

Revanchismo
Itamar Franco tem dito a colegas que quer convidar Serra para ir ao Senado defender o mínimo de R$ 600: uma das bandeiras do tucano na campanha presidencial.

Haiti é aqui?
Michel Martelly, cantor popular e candidato presidencial de oposição no Haiti, desembarca no Brasil semana que vem. Agendado, um périplo por Rio, Brasília e SP.

Busca apoio político por aqui, já que o País comanda o braço militar da operação de paz por lá.

A Origem
Mario Vargas Llosa comemora. Além de Nobel, o escritor agora é marquês da Espanha. Foi condecorado, sexta-feira, pelo rei Juan Carlos.

E agradeceu com uma declaração ousada: disse que "nasceu plebeu e morrerá plebeu".

Sonho vivo
Um grupo de empresários muito próximos a Roger Wright, morto em acidente aéreo, se reuniu para dar continuidade ao seu grande sonho: o de desenvolver o esporte como um caminho para mudança social.

Entre os que compraram a causa estão Andreas Mirow, Beto Azevedo, Christopher Apostos, Fernanda Camargo, Gilberto Sayão, João Paulo Diniz, Marcelo Stallone, Mauro Bergstein, Roberto Klabin e Victor Malzoni.

Sonho 2
Criaram o Movimento Live Wright, com objetivo de captar investimentos e servir de canal para a iniciativa privada apoiar os esportes olímpicos.

Barracão de zinco

Teresa Cristina, cantora portelense da nova geração, estava ontem indignada com o incêndio no barracão da escola. "Acordei hoje achando ter tido um pesadelo".

A sambista está preocupada com os critérios da apuração neste carnaval, visto que outras duas escolas também perderam tudo. "Vão ter que ser repensados", ponderou à coluna, lembrando que essa é uma hora de solidariedade e não de competição.

Barracão 2
Maria Rita, cantora-foliã, também acredita que a Liesa irá mudar seu critérios na busca de uma solução equilibrada.

"Foram-se trabalhos de um ano inteiro. Essas comunidades podem contar comigo se precisarem".

Amor porteño

Fisgado por Natalia, Caetano Veloso tenta fazer o mesmo com a argentina. Só que pelo estômago: foi visto sábado jantando no bistrô carioca Sawasdee.

Na frente

Didier Picquot, do sofisticadíssimo hotel La Mamounia, no Marrocos, chega hoje a SP. Traz debaixo do braço fotos da reforma que consumiu 120 milhões de euros.

Eduardo Muylaert abre a mostra Mulheres dos Outros, dia 15, na Fauna Galeria. O trabalho reúne imagens recriadas a partir de antigos nus eróticos.

A família Di Pace e parceiros pilotam festa de lançamento do site de arquitetura EYE4DESIGN. Quarta-feira.

Claudia Toni receberá medalha de Cavaleiro da Ordem do Mérito da França.

Confusão no Tênis Clube Paulista. Frequentador pediu para que mulher "bombada" retirasse seu peso, de 30kg, do aparelho de ginástica e o bate-boca terminou em xingamentos como "gay" e "v...". O homossexual procurou seus direitos na diretoria do clube.

CELSO MING

O que Geithner não disse 
Celso Ming 

O Estado de S.Paulo - 08/02/2011

O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Tim Geithner, está se propondo a ser uma espécie de João Batista, aquele que vem na frente, de maneira a aplainar os caminhos de quem vem depois dele, o senhor Obama, cuja viagem ao Brasil está agendada para meados de março.


Em seu pronunciamento feito ontem na Fundação Getúlio Vargas, ele passou o recado de que o Brasil está no caminho certo, mas que é preciso mais: é preciso coordenar políticas e obter o apoio de outras grandes economias.

Pareceu claro que o governo americano quer amarrar o governo brasileiro numa cruzada contra o jogo da China, que mantém obstinadamente desvalorizada sua moeda, o yuan.

O Brasil se queixa do excessivo afluxo de moeda estrangeira? Pois os grandes culpados são certos países emergentes, foi logo apontando Geithner, e aí nem precisou citar explicitamente o nome do principal deles.

E, como convém nessas ocasiões, Geithner não deixou também de empurrar boa parte do problema de volta para o Brasil, na medida em que continua conduzindo uma política monetária de juros elevados demais, chamariz apetitoso para os administradores de riqueza financeira.

A política de desvalorização do yuan é, sim, fator de perda de competitividade do produto brasileiro, especialmente porque está amarrada ao forte atrativo por moeda estrangeira, que é a política de juros altos praticada pelo Brasil. Mas Geithner em nenhum momento pareceu disposto a admitir que o país que mais contribui para o dilúvio de liquidez na economia mundial e para os desequilíbrios que estão aí são os Estados Unidos.

O governo americano está gastando demais, vai aumentando o rombo orçamentário à proporção de US$ 1,4 trilhão por ano. É por isso que o Tesouro americano vai sendo obrigado a esticar a sua dívida, que agora vai para US$ 13,9 trilhões, mediante vendas de títulos (treasuries).

Mas tudo não para por aí. Em seguida vem o Fed (o banco central dos Estados Unidos), sob a justificativa de que tem de financiar a recuperação da atividade econômica e do emprego, e se põe a recomprar boa parcela desses títulos, em operações denominadas afrouxamento quantitativo (quantitative easing). Já despejara US$ 1,7 trilhão em emissões de moeda nos dois últimos anos e desde dezembro está despejando mais US$ 600 bilhões, à proporção de US$ 75 bilhões por mês.

Tudo se passa, portanto, como se o Fed estivesse imprimindo moeda para pagar uma grande parte das contas do perdulário governo. E é claro que isso tem consequência, embora Geithner se defenda com o frouxo argumento de que é do interesse de todo o mundo que a economia americana se recupere para que a locomotiva siga puxando o resto do trem.

Por enquanto, o efeito inflacionário ainda não apareceu e parece longe de aparecer porque o consumo vai sendo contido pela crise. Mas é visível o enorme afluxo de moeda sobre os países emergentes, especialmente sobre o Brasil, cuja principal consequência é a inexorável tendência à valorização cambial, e, portanto, perda de preço em dólares do produto brasileiro em relação a todos os concorrentes e não apenas em relação à China.

De todo o modo, assim como é difícil para o Brasil conter o afluxo de dólares, é difícil para os Estados Unidos obterem tudo o que pretendem se nem sequer assumem seu pedaço de responsabilidade pelo estrago que está aí.


CONFIRA

"Falta clareza"
O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Tim Geithner, não concorda com as propostas do presidente da França, Nicolas Sarkozy, de impor controles de preço nas commodities alimentares. "Não há clareza nas propostas", disse ele ontem em São Paulo. Mas não pareceu interessado em alinhar posições com o governo brasileiro contra elas.

Importações demais
Tem um lado estranho nessa queixa das montadoras de que aumentam as importações de veículos (foram 23,5% das vendas de janeiro). Elas próprias são as maiores importadoras seja de veículos destinados a aumentar o naipe de ofertas, seja de veículos provenientes de outros países do Mercosul (especialmente a Argentina) para complementar as ofertas de sua marca.

Petrovestibular
A Petrobrás informa que 339.898 candidatos se inscreveram para disputar 839 vagas oferecidas em concurso público. São quase 405 candidatos para cada vaga. 

JOSÉ SIMÃO

Ueba! São Paulo Geriátrico Clube!
JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SÃO PAULO - 08/02/11

E sabe por que a Ariadna transexual não voltou pro "BBB"? Porque ela cortou o que tinha de melhor

BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Direto do País da Piada Pronta.
E adivinha quem ganhou a prova de resistência do "BBB"? O Mubarak! Aliás, eu sei onde tá o Mubarak. Em Catanduva, no interior de São Paulo: MUBARACH SALGADOS! Rarará! Eu tenho a foto!
E um leitor me disse que o Mubarak é a cara do Jassa! E a manchete do "Sensacionalista": "Egípcios convocam Anderson Silva pra derrubar Mubarak". No chute.
E a luta do século em Las Vegas? Anderson Silva, cujo empresário é o Ronalducho, versus Vitor Belfort, cuja mulher é a Feiticeira. Lembram da Peiticeira? E o Anderson nocauteou o Belfort. NO CHUTE! Ele chuta melhor que o empresário. É o novo camisa 9 do Corinthians! Rarará! E, depois do chute, esse Belfort deve tá vendo umas nove feiticeiras!
E o São Paulo? Contratou o Rivaldo. O Rivaldo pegou a melhor vaga do Morumbi: vaga pra idoso! Rarará! São Paulo Geriátrico Futebol Clube: Rogério Senil, Fernandão, Rivaldo. Só falta contratar o Sarney pra centroavante.
E a Hebe de maria chuteira? São Paulo promove Grande Noite no Morumbi: baile, bingo e Viagra!
E a última do "BBB": sabe o que dá o cruzamento da gorda Paula com a transexual Ariadna? Gordura trans. Ministério da Saúde adverte: Bial tem gordura trans.
E sabe por que a Ariadna transexual não voltou pro "BBB"? Porque ela cortou o que tinha de melhor. Rarará! A operada cortou o que tinha de melhor!
E fogo na Cidade do Samba. Diz que Portela perdeu quase tudo. Não tem problema. Sai com SAMBA NO PÉ! Vai fazer mais sucesso!
O Brasileiro é Cordial! Gervásio e Gerôncio. Olha a placa do Gervásio na empresa em São Bernardo: "Se eu pegar o jumento orelhudo que lavou o carro da firma com sabão em pó, vou enfiar um funil na goela dele e fazer ele morrer de cirrose de tanto solupan com diabo verde que ele vai engolir. Conto com todos. Assinado: Gervásio".
E o seguidor do Gervásio, o Gerôncio do Recife.Olha a placa na portaria do prédio: "Se eu pegar o filho de rapariga que anda fumando maconha e mijando nos vasos de planta do corredor, faço ele fumar um quilo de erva acompanhado de dez garrafas de pitu".
Gente, que prédio animado esse do Gerôncio! Tem vaga? Rarará!
A situação tá ficando egípcia. Nóis sofre, mas nóis goza.
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

MÔNICA BERGAMO

MÚSICA DE MÃE
MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SÃO PAULO - 08/02/11

A cantora Tiê lança seu segundo disco, "A Coruja e o Coração", em março; o álbum conta com participações dos artistas Jorge Drexler e Marcelo Jeneci, entre outros; uma das músicas, "Na Varanda de Liz", é uma homenagem à filha dela, Liz, de um ano

LIVRO ABERTO
Luiz Sandoval, que trabalhou com Silvio Santos por 40 anos e comandou a holding do empresário até o rombo do banco PanAmericano, vai lançar em dois meses um livro com as memórias do período. Um capítulo -o último- será reservado aos bastidores da crise. Sandoval vai contar, por exemplo, que, ao dar garantias para o empréstimo bilionário que salvou a empresa, Silvio exigiu garantias para o SBT -ele só venderia a emissora caso ficasse cerca de cinco anos inadimplente, e mesmo assim se a venda de seus outros negócios não conseguisse fazer frente ao empréstimo.

COISA NOSSA
Sandoval também revela o valor que o próprio Silvio fixava para a emissora: cerca de R$ 1 bilhão. O livro sai pela Geração Editorial.

SATÉLITE
A Fundação Padre Anchieta, que controla a TV Cultura, contratou duas das principais auditorias do mundo para o que chama de rever processos: a KPMG e a Price.

ONDAS

A emissora, que anunciou a demissão de 150 pessoas ontem, vai promover o desligamento de outras 200 em julho. Os profissionais integram a equipe que faz a programação da TV Justiça. Outras 80 perdem o emprego no próximo dia 10: elas são da equipe da Cultura que fazia a programação da TV da Assembleia Legislativa de SP.

CARA NOVA
E em abril a emissora estreia nova programação.

MAIS UM
No fim da semana passada, uma articulação tentava incluir Antonio Maciel Neto, do grupo Suzano, na lista de candidatos à substituição de Roger Agnelli na presidência da companhia Vale.

MULTIMÍDIA
A artista plástica Adriana Varejão e o produtor Pedro Buarque de Hollanda engataram um namoro. Ele é ex-marido de Mariana Ximenes.

JUNTANDO PECINHAS
Uma torre de 31 m de altura (equivalente a um prédio de dez andares) feita com pecinhas de Lego será montada na marginal Tietê, em abril. O Brasil será o 34º país onde a torre ficará em exibição.

VIZINHANÇA CRIATIVA
A abertura de quatro exposições nas galerias Baró, de Maria Baró, e Emma Thomas, que ocupam o mesmo galpão na Barra Funda, reuniu o circuito artístico em São Paulo. gUi mohallem e Flora Assumpção expuseram seus trabalhos. O cantor Thiago Pethit conferiu as mostras.

MAIORIDADE
Marina Person não faz mais parte do time de apresentadores da MTV, após 18 anos na emissora. Ela agora cuidará de seus projetos de cinema. "Tenho muito carinho pela MTV, fiz muitas coisas das quais me orgulho e que vou sempre levar comigo", diz ela.

EIXO MONUMENTAL
Ana Lúcia Niemeyer, neta de Oscar Niemeyer, está organizando festas com shows de striptease masculino em Brasília. A segunda será hoje, na boate Heat Lounge, com seis strippers.

SOY LOCO POR TI
O presidente do Santos, Luis Alvaro de Oliveira Ribeiro, descobriu recentemente que Gilberto Gil é torcedor do Peixe. Passaram 15 minutos no telefone conversando sobre a paixão e relembrando a escalação da equipe de 1954, a primeira que o cantor e ex-ministro disse ter acompanhado. Gil prometeu ir à Vila Belmiro para assistir a um dos primeiros jogos do time na Libertadores.

SEGUNDA MÃO 
A decisão do Clube dos 13 de vender os direitos de transmissão das próximas edições do Campeonato Brasileiro para apenas uma emissora não exclui a possibilidade de as partidas serem sublocadas para outra rede -como a Globo já faz hoje com a Band. A diferença é que agora o C13 terá que autorizar o negócio.

UNIDOS DA AUGUSTA
O clube Studio SP realizou o primeiro ensaio do bloco de Carnaval Acadêmicos do Baixo Augusta, no domingo. A atriz Leandra Leal e a apresentadora Barbara Thomaz engrossaram o cordão. O hino do bloco foi gravado por Wilson Simoninha.

CURTO-CIRCUITO

O centenário de Lélia Abramo será comemorado hoje, a partir das 19h, no Teatro de Arena Eugênio Kusnet, na República. O evento, que terá música, imagens e leituras feitas por amigos e familiares, é organizado pela Funarte.

Rodrigo França lança hoje, às 19h, o livro "Ayrton Senna e a Mídia Esportiva", na Livraria Cultura do shopping Market Place. Haverá bate-papo do autor com Reginaldo Leme e Tiago Mendonça. A comédia "Igual a Você", com Camila Morgado, Anderson Müller e Bia Nunnes estreia na sexta, às 22h, no teatro Raul Cortez. 16 anos.

O restaurante Consulado Mineiro da rua Cônego Eugênio Leite servirá de hoje até o dia 18 o petisco mineiro "Pura Garra da Lora", vencedor do festival Comida di Buteco.

Executivos da empresa Aunica participam, no dia 14, do GSMA World Congress.

com DIÓGENES CAMPANHA, LÍGIA MESQUITA e THAIS BILENKY

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

Crise não afeta a produção, afirma Gabrielli
MARIA CRISTINA FRIAS
FOLHA DE SÃO PAULO - 08/02/11

"Afetar a produção não afeta absolutamente nada. A indústria de petróleo é de longo prazo. Não podemos nos mover pelos fenômenos de curto prazo", diz Sérgio Gabrielli, presidente da Petrobras, quando indagado sobre desdobramentos da crise em países árabes para a indústria do petróleo.
"Há capacidade ociosa, particularmente na Opep [Organização dos Países Exportadores de Petróleo], talvez 4 milhões, 5 milhões de capacidade diária, que é só conectar poço, que está pronto. Você pode em dois ou três meses aumentar bastante a oferta na Opep. Fora da Opep, é difícil, pois quase não há capacidade ociosa. Não falta petróleo hoje", diz.
Gabrielli participou do Energy Summit, reunião dos CEOs das grandes empresas do setor no mundo, que ocorreu em paralelo ao Fórum Econômico Mundial, na Suíça, no final de janeiro.
"Não posso dizer quais presidentes estavam presentes, mas estavam quase todos. O consenso é muito claro. Não podemos nos mover pelos fenômenos de curto prazo. Se nós tivéssemos, em julho de 2008, tomado decisões de investimento quando o petróleo foi por dez minutos a US$ 147 o barril, e chegou a US$ 33 em dezembro de 2008, nós estaríamos mortos, porque nem podemos considerar US$ 147, nem US$ 33", afirma.
Para Gabrielli, o preço do petróleo não está elevado.
"Agora não está altíssimo [o preço do barril]. Está em torno de US$ 96 e US$ 99 [o Brent], mas, na média de 2010, está US$ 79, menos do que estava em 2007."
Rumores em relação à redução da produção de petróleo devem-se muito à especulação com a commodity, diz.
"A imprensa internacional tem falado de redução da produção, mas o preço atual está muito motivado pela transformação do barril de petróleo em uma commodity financeira. Com a taxa de juros baixa e com liquidez grande no mercado, o investidor está buscando retorno e aplica em petróleo, não por causa do petróleo, mas na expectativa de ganhar no curto prazo. É um processo normal, mas a indústria não se move por isso."
A Petrobras continua a analisar seus projetos entre US$ 65 e US$ 85 o barril, segundo Gabrielli.
A demanda no Brasil por derivados não deve crescer tanto neste ano, mas o país continuará a importar "diesel, gasolina, GLP e querosene de aviação até que a primeira refinaria, em muitos anos, fique pronta em 2012, em Recife."

Petrobras reúne-se com fornecedores

Sérgio Gabrielli tem se reunido com fornecedores em várias capitais para incentivar o aumento da produção nacional de máquinas e peças destinadas à exploração de petróleo e gás.
As primeiras visitas foram a Salvador e São Paulo, onde haverá uma segunda reunião. Na semana que vem será a vez de Fortaleza. Na seguinte, Porto Alegre.
"Em fevereiro e março nos dedicaremos a isso. Ainda vamos a Florianópolis, Santos, Rio, Recife e Vitória discutir com a cadeia de fornecedores as perspectivas de crescimento", diz.
Cerca de 18 mil empresas brasileiras forneceram para a Petrobras e venderam R$ 38 bilhões ao ano nos últimos três anos, segundo Gabrielli.
"A Petrobras havia solicitado 65% em média, era a meta [de conteúdo nacional]. Mas as compras foram de 67%. Na P-57, a meta era 68,5% e tivemos 75,6%. Em 2003, havia sido 57%."
As reuniões devem identificar estrangulamentos, estreitar a relação com produtores e fornecedores e acelerar processos, afirma.
Sobre a queixa de empresários de que é difícil fechar negócio com a Petrobras e de que as decisões são lentas, ele cita a documentação.
"Às vezes, não conseguem fornecer pois não conseguem rastrear produtos. Há também aquelas com problemas com INSS, FGTS, Receita."
O presidente da companhia diz que o alvo é o pequeno fornecedor.
"O grande não tem esse problema, mas ao aprofundarmos a política de conteúdo nacional, chegamos ao pequeno. Passamos a ter estaleiro nacional, aí precisa de equipamento. Chegamos ao fornecedor da mola da fechadura da porta do convés."
A companhia tem feito "um esforço enorme de nacionalização", diz. "Mas é preciso que o investidor assuma o risco do seu investimento. Não faremos fábrica de parafuso. O investidor de parafuso que faça. Nós mostramos a ele a demanda pelos produtos até 2014 no site."

"Há R$ 8 bi em fundos à espera da CVM"
O presidente da Petrobras afirma que o país tem R$ 5 bilhões de patrimônio líquido em fundos de direitos creditórios na cadeia de óleo e gás.
"Só estão sendo usados R$ 800 milhões. E há R$ 8 bilhões em fundos de investimento, além dos R$ 5 milhões, esperando autorização da CVM", diz Gabrielli.

NO COFRE

Mais de 40% dos moradores da região metropolitana do Rio tiveram sobra no orçamento depois de todas as contas pagas, segundo pesquisa da Fecomércio-RJ realizada em janeiro.
Cerca de 40% estão com orçamento equilibrado. Para 17,9% a receita foi insuficiente. Entre os que tiveram sobra orçamentária, 36% pretendem guardar para consumir um bem no futuro.
A metade dos entrevistados afirmou ter algum dinheiro guardado, maior percentual desde abril de 2006.
Em janeiro, 54% pretendiam aumentar a poupança.

com JOANA CUNHA , ALESSANDRA KIANEK e VITOR SION

MERVAL PEREIRA

Israel se inquieta
MERVAL PEREIRA
O GLOBO - 08/02/11


A situação no Egito está evoluindo bem, já há consenso para reformar a Constituição, dando-lhe uma feição mais liberal, e as negociações estão sendo encaminhadas sem a presença do ditador Hosni Mubarak. Ele continua na presidência, mas afastado das negociações, sem poder real, que está sendo exercido pelo vice-presidente Omar Suleiman, que negocia com as oposições, inclusive com a Irmandade Muçulmana.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, está convencido de que "nunca mais" o Egito será igual depois do que está acontecendo nesses últimos dias, e ele tem razão, embora não se possa dizer ainda o que acontecerá com o país ao final das negociações e da transição para um futuro governo.

Tudo indica que se chegou à conclusão de que não será possível retirar Hosni Mubarak da presidência, e optou-se por prosseguir nas negociações para a transição com o ditador afastado delas, mas ainda no poder. Com condições, por exemplo, de reunir o ministério e dar um aumento para os funcionários públicos.

A manutenção de Mubarak, que o governo dos Estados Unidos não queria inicialmente, serve, sobretudo, para acalmar Israel, o maior aliado dos Estados Unidos na região.

A onda de reivindicações, que a secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, já classificou como de uma "tempestade perfeita", continua varrendo a região.

Mesmo com a promessa de levantar o estado de emergência, em vigor há 19 anos, de flexibilizar a legislação para ampliar as liberdades democráticas, e de criar novos empregos, o presidente da Argélia não consegue conter o ímpeto das ruas, e já há uma manifestação sendo anunciada para o próximo sábado.

Além do anseio por mais liberdade, e a capacidade de mobilização facilitada pelo uso dos novos meios tecnológicos de relacionamento pela internet, como o Facebook e o Twitter, há questões práticas também em jogo naquela região.

O desemprego está muito alto em países que, como o Egito, têm a maioria da população em idade de procurar emprego, e a inflação permanece comendo o já baixo salário dos cidadãos.

Por isso os governos acenam com aumentos salariais e promessas de mais empregos, mas nem mesmo com a concretização dessas promessas poderá haver um pouco mais de ordem nas ruas.

Tudo indica que essa onda de reivindicações não cessará tão simplesmente, e o resultado natural será uma renovação de governos.

A grande dúvida é se estas mudanças, que atingem principalmente as chamadas "ditaduras amigas" dos Estados Unidos e do mundo ocidental de maneira geral, levarão a governos democráticos ou se haverá, como alguns temem, a uma onda de governos de radicais islâmicos.

Este é o grande receio dos que apostam em uma onda democrática na região, como o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama.

Segundo fontes israelenses, é indiferente o tipo de governo que vier a se instalar no Egito, isto seria "questão interna" do povo egípcio, embora muitas nações dependam do petróleo que passa pelo Canal de Suez e da posição estratégica egípcia no norte da África.

O que preocupa realmente o governo de Israel é a manutenção do acordo de paz com o Egito. Eles ressaltam que desde 1979, quando foi assinado por Sadat e Begin, o acordo jamais foi "arranhado" e o governo egípcio tem tido papel fundamental de intermediário nas negociações entre israelenses e palestinos.

O governo israelense não engole a definição de "moderada" da Irmandade Muçulmana e lembra que ela sempre se colocou contra o acordo de paz, e, segundo a mesma fonte, "jamais reconheceu os legítimos direitos à existência de Israel, tendo inclusive planejado uma vingança e executado o assassinato de Sadat em praça pública durante parada militar, em 1981".

Apesar disso, o Egito continuou cumprindo fielmente todos os itens do acordo original. Em troca recebeu o Sinai de volta, áreas petrolíferas e ganhou um parceiro estratégico e comercial de relevância.

O que mais importa para Israel é a tranquilidade de mais de três décadas na fronteira com o maior e mais poderoso pais árabe do mundo.

Em consequência desse relacionamento, egípcios visitam Israel desde 1979, enquanto os israelenses "invadem" a maravilhosa cidade balneária de Sharm al Sheik - local onde Hosni Mubarak tem uma casa e onde deseja terminar seus dias -, além de intenso comércio bilateral.

As duas embaixadas ainda funcionam normalmente. O entendimento do governo israelense é de que, se o Egito cair nas mãos do fundamentalismo islâmico liderado pela Irmandade Muçulmana, como aconteceu com o Irã após a queda do Xá e o advento dos Aiatolás, todo o mundo árabe, aliado do Ocidente, estará em gravíssimo risco de ebulição.

O Hamas em Gaza recebe apoio da Irmandade e qualquer ascensão deste grupo ao governo do Egito significaria uma grave derrota para os palestinos do Fatah na Cisjordânia, e um profundo golpe na liderança de Mahmoud Abbas, que, juntamente com Ehud Olmert, primeiro-ministro de Israel, desenhou uma proposta de paz em 2008 que é o único plano existente com a possibilidade de ser retomado para discussões.

JANIO DE FREITAS

O caminho
JANIO DE FREITAS

FOLHA DE SÃO PAULO - 08/02/11

O PMDB viu-se diante de contrariedade: Dilma negou à bancada da Câmara o domínio de Furnas


O PRIMEIRO PASSO, que nem se esperava, está dado. Não vem com ele a certeza de que se seguirão os demais necessários, mas o primeiro é sempre uma perspectiva e uma promessa. Contra a modalidade de relações há tempos vigente entre bancadas da Câmara e a Presidência da República. Ou seja, contra os métodos flagrantes de permanente busca de sujeição do Executivo pelo Legislativo, para apoderar-se de cargos públicos.
Sem os ônus morais que se tornaram comuns, a deformação das relações começou quando menos conviria, na restauração do poder civil. O poderoso Ulysses Guimarães assentou o então imenso PMDB sobre a Presidência Sarney, com as boas e malsucedidas intenções de impor linhas de ação que nenhuma corrente, na "nova democracia", tinha ainda bem definidas.
Nas relações com as bancadas partidárias, e sobretudo com o PMDB, Lula adotou uma solução prática, mas deplorável sob todos os outros pontos de vista. Cedeu logo, cedeu sempre, cedeu por antecipação ao simples olhar ganancioso de algum grupo do PMDB voltado para um cargo, mesmo que de ministro.
A muitos, não só peemedebistas, bastou fazer com que fosse publicada a insatisfação ou a condição fixada por um parlamentar para juntar-se ao governo, e logo a dádiva caía do céu planaltino. Parece caricatura de uma situação, mas a constância foi essa mesma. Com aqueles resultados nos Correios, em Furnas, na Anac, com ministro Silas Rondeau, e em tantos casos mais.
O "é dando que se recebe" e o "compra-e-vende", que se fizeram expressões simbólicas no decorrer do governo de Fernando Henrique, chegaram ao governo Lula como a verdadeira "herança maldita", e não rejeitada.
Foi a herança que ficou, e estendeu-se no tempo e entre as instituições políticas como uma nova naturalidade do regime. E assim passou a ser herança também de Lula.
Mas o PMDB, que não seguiu a degradação, encabeçou-a, viu-se há pouco diante de uma contrariedade às novas regras: Dilma Rousseff, além de resistências aqui e ali, negou aos controladores da bancada peemedebista, na Câmara, o continuado domínio da fortuna de Furnas Centrais Elétricas. E, menos importante, dada a praxe dos inquéritos e julgamentos, mas ainda assim incômodo, deixa correr o boato de investigações das evidências de barbaridades financeiras feitas lá por marionetes do peemedebismo.
Em resposta, o PMDB entrou na chantagem explícita. O líder da bancada na Câmara, Henrique Eduardo Alves, expôs a preferência, à falta de Furnas, pela retirada de todos os peemedebistas do governo. E mais: ameaça de CPI, salário mínimo contrário ao governo, e outras.
Foi bom. Dilma Rousseff decidiu triplicar com a suspensão de todas as nomeações para o segundo escalão até que haja a votação do mínimo (repórter Ana Flor, na Folha de domingo). Para a corrente que degenera o PMDB e o conduz, o numeroso segundo escalão é até mais ambicionado do que um ou outro ministério, cuja atividade é mais concorrida e vigiada. Se, porém, na votação do mínimo houver condutas incompatíveis com o apoio próprio de "governistas", não serão admitidas nem reivindicações dos recalcitrantes. E, em qualquer caso, Furnas já se foi e não volta.
Desde que o jogo sujo entre Legislativo e Executivo se instaurou, é a primeira vez que há, por parte da Presidência da República, a determinação de não se submeter. Talvez seja episódica. Se não, é o único modo de elevar as relações entre Executivo e Legislativo ao nível da democracia, das instituições constitucionais e, para encurtar, da decência. Seria então outro Congresso, seria outro governo, em outro país.

DORA KRAMER

Desencontro marcado
 Dora Kramer 

O Estado de S.Paulo - 08/02/2011 

O roteiro está definido e não é de hoje: o prefeito Gilberto Kassab está decidido a sair do DEM desde o ano passado quando, em dezembro, já falava no mês de março como prazo limite para filiação ao PMDB.

A novidade agora é que resolveu esperar a realização da convenção nacional extraordinária no partido, em 15 de março, para oficializar a decisão que será anunciada em algum dia das duas semanas subsequentes.

Enquanto isso, ele examina qual a melhor forma de resguardar os mandatos dos deputados federais, estaduais, prefeitos e vereadores que pretende levar consigo: se o Congresso aprovar alterações na lei que permitam a abertura de uma "janela" para transferências partidárias, tudo resolvido.

Se não, a alternativa será a criação de um partido para abrigar aqueles dissidentes, já que a atual legislação prevê a mudança sem punições para o caso de fundação ou fusão de legendas. A posterior fusão desse partido transitório à nova casa de Kassab seria uma possibilidade.

A referência à "nova casa" e não ao PMDB específica e diretamente é proposital. Hoje o destino do prefeito de São Paulo é mesmo o partido de Michel Temer. Ocorre que há uma conversa e algumas condições no ar.

A conversa é com o PSB, cujo presidente, governador Eduardo Campos, já manifestou interesse, embora ainda não tenha sentado à mesa para formalizar o convite, de ter Kassab em seus quadros. São tratativas a respeito das quais o prefeito não confirma nem desmente.

Claro, a ele interessa manter o maior número possível de portas abertas, inclusive para valorizar e facilitar a negociação com o PMDB.

As condições a serem postas para Temer em momento oportuno, são as seguintes: comando do processo de sucessão na Prefeitura de São Paulo e o compromisso de não bater de frente com José Serra, com quem Gilberto Kassab ainda considera que tenha um dever de lealdade por ter sido o tucano, quando aceitou sua indicação como vice na chapa para a prefeitura de 2004, quem abriu lhe abriu as portas para crescer na política.

Em português claro: Kassab quer o comando da eleição municipal e liberdade para apoiar Serra se ele for candidato a prefeito em 2012, presidente ou governador em 2014. O compromisso, diga-se, limita-se à candidatura do tucano e não se estende a nenhum outro político do PSDB e área de influência.

Se Geraldo Alckmin for candidato à reeleição, como tudo indica que será, Kassab se sente liberado para tentar construir a candidatura ao governo do Estado. Da mesma forma se, na ocasião, ficar definido que o candidato a presidente pelo PSDB será Aécio Neves.

Aceitas as condições, o prefeito transfere-se em abril para o PMDB levando junto uma quantidade de deputados, prefeitos e vereadores que não tem revelado nem aos mais próximos colaboradores.

Alguma possibilidade de permanecer no DEM? Só na versão oficial, quase fantasiosa de tão remota: caso o grupo aliado ao atual presidente, Rodrigo Maia, perca a disputa interna na convenção extraordinária de março, o partido recupere-se ao escândalo do mensalão brasiliense e como por encanto passasse a representar boas perspectivas políticas e eleitorais.

Ou seja, na ocorrência de um milagre, Kassab fica.

Cenografia. Por essas e muitas outras a Comissão de Ética Pública da Presidência da República não passa de uma boa e inútil ideia. Cinco meses depois do escândalo Erenice Guerra, o presidente da comissão, Sepúlveda Pertence, informa que na semana que vem fica pronto o parecer sobre as acusações de uso do cargo para tráfico de influência.

A partir de então, Erenice terá dez dias para apresentar sua defesa. Se for considerada culpada, recebe uma "censura". Sem efeito, pois não a alcança no posto nem representa impedimento legal para que venha assumir outro cargo público.

Criada para balizar a conduta de funcionários do primeiro escalão do governo federal, ao se tornar uma instância vã a comissão apenas presta-se a encenações que desvirtuam completamente seu caráter original. 

RENATA LO PRETE - PAINEL DA FOLHA

Teste de fidelidade
RENATA LO PRETE
FOLHA DE SÃO PAULO - 08/02/11

Em reunião da coordenação política, Dilma Rousseff decidiu encarar sem demora o embate em torno do reajuste do salário mínimo. Orientou subordinados a enviar, talvez já nesta semana, um único projeto ao Congresso prevendo tanto a política de valorização até 2014 quanto a cifra de R$ 545 para 2011.
Nas palavras de um colaborador, a presidente está convicta de que é melhor cobrar o apoio de sua base "na entrada". A partir do comportamento dos aliados em relação ao mínimo, o Planalto saberá "em quem confiar". Os líderes na Câmara e no Senado tentarão fechar acordo que permita a votação ainda neste mês.
Parcial A anunciada "faxina" em Furnas deve preservar os diretores Márcio Porto (Construção) e Luiz Henrique Hamman (Financeiro). O primeiro é ligado ao senador Valdir Raupp (PMDB-RO). O segundo, ao líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR).

Transmissão 

Candidato derrotado ao Senado, Cláudio Vignatti (PT-SC) está com um pé na Eletrosul. Ele substituiria Eurídes Mescolotto, ex-marido da ministra Ideli Salvatti (Pesca).

Escola Dilma 
O novo presidente da Câmara, Marco Maia, apresentou-se ontem em seminário do PT munido de PowerPoint.

Confisco
 
O líder petista, Paulo Teixeira (SP), pediu aos deputados que assistissem ao evento sem celular.
Expediente Entre os motivos que impediriam a ida de Dilma à festa dos 31 anos do PT, na quinta em Brasília, está o horário: 15h.

A dois 
A assessoria presidencial prepara encontro de Dilma com Lula, que estará na capital pela primeira vez após deixar o poder.

PC 
No Ministério da Cultura, o jargão orçamentário dos "restos a pagar" foi substituído por "rastros a pagar". Para a nova turma instalada na pasta, a palavra "restos" teria conotação negativa.

Só dá ela 

De Geraldo Alckmin, ao observar a ampla mesa na qual estavam reunidos representantes do primeiro escalão paulista e da prefeitura da capital: "Só tem uma mulher aqui: a Dilma!". Trata-se de Dilma Pena, presidente da Sabesp.

Tudo... 

O governo paulista decidiu devolver à Secretaria de Agricultura o controle de áreas do parque da Água Branca transferidas na gestão anterior ao Fundo Social, que funciona no local. Alckmin revogou decreto assinado por Alberto Goldman.

...como antes

Em setembro passado, a reforma do parque, comandada pela então primeira-dama Deuzeni Goldman, foi contestada pelo Ministério Público. Sob Lu Alckmin, o fundo deverá administrar apenas sua sede.

Calendário 
O PSDB-SP marcou as convenções municipais para 3 de março e a estadual para 7 de maio. Os tucanos estruturaram o partido para a sucessão em 603 das 645 cidades do Estado.

Sem pai... Manifesto redigido por 30 prefeitos do PT de Minas descontentes com a direção estadual, alinhada ao ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento), critica a visão da realidade "de gabinete" e expressa desejo de "rearticular, oxigenar e revitalizar" o partido no Estado. O documento será apresentado oficialmente no dia 11 em reunião marcada para Nova Resende.

...nem mãe 
O levante é capitaneado por Roberto Órfão, prefeito de Machado, crítico contumaz da ausência do governo Dilma nas regiões mineiras mais atingidas pelas chuvas
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com LETÍCIA SANDER e FABIO ZAMBELI

tiroteio
"O Serra está com a receita pronta pra tentar convencer o povo de que ele sempre esteve certo. O problema é que ele não consegue convencer nem o próprio partido."
DO PRESIDENTE DO PT, JOSÉ EDUARDO DUTRA, sobre o tucano, segundo quem a oposição deve ter posições claras e não "jogar parada, de olho em 2014".

Contraponto

E o palhaço quem é?
A bordo do elevador num condomínio residencial de Brasília, um casal percebeu a entrada de Tiririca e resolveu puxar conversa com o recém-empossado deputado federal, campeão de votos em 2010.
-Nós somos de São Paulo e votamos no senhor. Que curioso encontrá-lo aqui!- disse a mulher em tom amistoso, porém algo formal.
O palhaço dirigiu um olhar sério aos dois e logo em seguida, caindo na risada, gritou:
-Bem feito!