sábado, dezembro 25, 2010

MORACIR S. DUARTE

Desafios rodoviários do novo governo
 Moracir S. Duarte
O Estado de S. Paulo - 25/12/2010

A recente divulgação do levantamento efetuado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostrou que o País continua carente de infraestrutura em todos os modais de transporte: rodoviário, ferroviário, hidroviário e dutoviário. No caso específico do primeiro, apesar dos investimentos realizados pelo poder público e pelas concessionárias de rodovias nos últimos anos, a infraestrutura existente não é compatível com a dimensão de nossa economia, muito menos com os planos de crescimento para a próxima década. Segundo o estudo da CNI, o Brasil tem a pior infraestrutura de transportes entre 14 países com características similares escolhidos para a comparação. E, no que se refere especificamente à qualidade das rodovias, ficamos em 12º lugar.
O trabalho da CNI confirma estudos anteriores, como o do ex-presidente da Associação Nacional do Transporte de Carga (NTC), Geraldo Vianna, que mostrou o Brasil na pior colocação entre as 20 maiores economias mundiais no que se refere à infraestrutura rodoviária. E o prestigiado Economist Intelligence Unit (EIU), departamento de estudos e informações da revista The Economist, também chegou à mesma conclusão ao comparar as dez maiores economias do mundo, colocando o Brasil em 10º lugar na infraestrutura de transportes. Nas entrevistas feitas com executivos internacionais, o EIU mostrou que quase metade dos entrevistados (49%) afirma que "padrões de baixa qualidade ou custos elevados de infraestrutura" são os principais obstáculos operacionais no Brasil. Apesar de alguns avanços em logística, o transporte é caro e a malha rodoviária, insuficiente. Também existem poucas ferrovias e o potencial do transporte marítimo continua extremamente inexplorado, com portos e aeroportos que já estão congestionados.
O grande problema do setor rodoviário, como acontece com os demais, tem sido a falta de investimentos, por causa da alocação de recursos tributários em outros setores, considerados prioritários, pois não existe o chamado "dinheiro carimbado" para rodovias, como ocorreu antes da Constituição de 1988, quando tivemos tributos com essa destinação predefinida, que possibilitaram construir a maior parte da atual malha rodoviária.
É preciso destacar que não basta construir rodovias, mas mantê-las em boas condições e aprimorá-las continuamente, o que inclui a infraestrutura, a sinalização e a qualidade da operação, além de ter uma fiscalização constante sobre os veículos e seus condutores. Além dos investimentos, o País precisa de um bom programa voltado a reduzir o número dramático de 400 mil feridos anuais e os 34 mil mortos que o Brasil apresenta em seu sistema rodoviário.
O problema de recursos para investir na ampliação e melhoria da malha rodoviária não é apenas deste país. O crescimento da frota de automóveis e caminhões e as novas tecnologias de controle e operação de rodovias, associados à exigência de recursos para setores sociais, como educação, saúde e aposentadoria, além de justiça e segurança, vêm limitando a possibilidade de ampliar os recursos para rodovias em todo o mundo. Por essa razão, a concessão tornou-se hoje uma política internacional e está presente em todos os continentes. Com a cobrança de pedágio nos principais eixos, que contam com tráfego intenso, é possível ter rodovias autossustentáveis com tarifas adequadas e, inclusive, modernizá-las e ampliá-las, como se tem feito no Estado de São Paulo.
O processo tem, no entanto, uma limitação, pois só é possível ter rodovias autossustentáveis onde existe tráfego suficiente para estabelecer uma tarifa que possa ser absorvida pelos usuários, tanto particulares, a passeio ou trabalho, como por transportadores de carga. Nos demais casos, é possível repassar a gestão à iniciativa privada por meio das chamadas Parcerias Público-Privadas (PPPs), ou seja, a concessão patrocinada em que o poder concedente absorve parte dos investimentos ou dos custos operacionais e a tarifa cobre o restante. Existe ainda a alternativa da concessão administrativa, conhecida como "pedágio-sombra", processo usado no exterior em vários países em que não se cobra tarifa do usuário, mas o governo paga à concessionária um valor fixo ou definido pelo número de veículos que utilizam a rodovia. Neste caso a vantagem é garantir uma boa administração, com menores custos, e efetuar os investimentos de imediato, com eles sendo amortizados ao longo do tempo do contrato, juntamente com os custos operacionais.
O número de concessões puras de rodovias federais - em que o usuário assume totalmente o encargo - no governo Lula foi o maior desde que o processo teve início, em 1993, na gestão de Itamar Franco. No geral, essas concessões tiveram como foco principal a recuperação, melhoria e manutenção das rodovias prexistentes e em poucos casos incluíram ampliações e construção de novos trechos. Por outro lado, embora apontadas como uma solução para os investimentos no setor, as PPPs não evoluíram; tivemos apenas duas nos últimos anos, ambas por iniciativa de governos estaduais, de Minas Gerais e de Pernambuco. Tivemos e temos ainda sérios problemas com a concessão de rodovias federais delegadas a Estados. É o caso do Paraná e do Rio Grande do Sul, que dificultaram o adequado desenvolvimento dos projetos.
São três, portanto, os desafios do novo governo federal para atender à necessária expansão e melhoria do sistema rodoviário brasileiro sem prejuízo do necessário investimento nos outros modais: definir regras e desenvolver projetos para concessão pura e PPPs em rodovias federais, envolvendo não apenas sua recuperação e melhoria, mas também sua ampliação e modernização; redefinir o relacionamento com os governos estaduais em relação à delegação e concessão de rodovias federais, para que elas possam se adequar às necessidades do desenvolvimento brasileiro; manter e ampliar os investimentos públicos nas rodovias que não forem concedidas.
Priorizados esses passos, vamos poder sair da vexaminosa posição de último colocado em infraestrutura rodoviária, reduzir o custo Brasil, preparar o País para o crescimento do turismo decorrente da Copa e da Olimpíada e criar condições para um crescimento econômico e um desenvolvimento social sustentados nos próximos anos.
PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CONCESSIONÁRIAS DE RODOVIAS

MÔNICA BERGAMO

MODELO ITALIANO
Mõnica Bergamo

FOLHA DE SÃO PAULO - 25/12/10 

Brasília passará a ser uma das sedes internacionais da Triennale de Milão. A fundação italiana assinou uma carta de intenções com o Ministério da Cultura, para instalar na capital federal um espaço para o desenvolvimento de ações nas áreas de design, arquitetura e moda. 

O SEXO E A CIDADE 
Autor de "Triângulo no Ponto", romance com diversas passagens eróticas, o ex-ministro Eros Grau, aposentado do Supremo Tribunal Federal, está escrevendo um livro sobre a cidade de Paris. 

SANTA EXPANSÃO 
A TV Aparecida pretende estrear em até seis meses seu canal digital, o 41, na cidade de SP. A rede acaba de conseguir a outorga de uma retransmissora em Salvador e está participando de consultas públicas para chegar a Aracaju e Uberlândia. 

PRA FRENTE 
Depois de assistir ao show de Paul McCartney, em novembro, Tomie Ohtake, 97, vai estrear na plateia da São Paulo Fashion Week. A artista plástica assistirá ao desfile de Fernanda Yamamoto, namorada de seu neto Rodrigo. 

PUNTA É LOGO ALI 
O casal Chella e Moise Safra, do Banco Safra, passa o Réveillon em Punta del Este, no Uruguai. De lá, seguem para Nova York, para acompanhar o nascimento de mais um neto. 

PUNTA É LOGO ALI 2 
Quem também desembarca em Punta é Carolina Andraus Miranda e o marido, o ex-senador Gilberto Miranda. Eles passam o Réveillon no barco do casal, um veleiro dos anos 20. 

MARIDO E MULHER 
Domingos de Oliveira criou a trilha sonora da peça "Um Coração Fraco", dirigida por sua mulher, Priscilla Rozembaum, que estreia no dia 7, no Rio, com Caio Blat e Cadu Fávero no elenco. 

PALCO PARA O MORRO 
A apresentadora Fernanda Lima e o diretor Johayne Hildefonso apresentaram o prêmio Orilaxé, do AfroReggae, no Rio. José Junior, coordenador do grupo, recebeu os convidados, e Roberta Sá cantou no evento. A major da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) do morro Dona Marta, Priscilla de Oliveira, que recebeu o troféu de Inovação Social, interagiu com o grupo Linda Flor.

BOM MOTIVO 
O empresário Bruno Setubal comemorou seu aniversário na casa de Silvana Bertolucci com a família e amigos. A ex-agente de Gisele Bündchen Mônica Monteiro e seu marido, o empresário Aluísio Ribeiro de Lima, aproveitaram a festa com outros convidados.

CURTO-CIRCUITO

A festa Babylon, na The Week São Paulo, terá, hoje, os DJs Guto Bumaruf, João Neto, Paulo Pacheco e outros. A partir das 23h59. Classificação etária: 18 anos. 

A rede de restaurantes Bom Prato oferecerá, na quinta, em São Paulo, pratos de Ano-Novo por R$1,00. 

Frequentadores do parque Ibirapuera poderão, a partir de quinta, pedalar nas 12 bicicletas fixadas no Melódromo. A quilometragem rodada por cada visitante vai se acumulando até se completar um "giro" simbólico pelo globo. 

Os DJs Cedric Gervais e Vini Gomide tocam amanhã, às 14h, no Cafe de la Musique, em Florianópolis. 

com DIÓGENES CAMPANHALÍGIA MESQUITA e THAIS BILENKY

CELSO MING

Fim do afrouxamento?
 Celso Ming
O Estado de S. Paulo - 25/12/2010


No dia 14, o Fed (o banco central dos Estados Unidos) avisou que manteria o programa de recompra de títulos do Tesouro americano (T-Bonds), de US$ 600 bilhões. O aviso foi feito no comunicado divulgado logo após a reunião do Fomc (o Copom deles), com o objetivo de reafirmar a decisão tomada em novembro e, assim, defendê-la das fortes críticas. Mas essa determinação pode estar mudando, como quarta-feira adiantou o presidente do Fed do Estado da Filadélfia, Charles Plosser.

O Fed já anunciou este ano duas operações desse tipo. Em junho, avisou que reaplicaria em T-Bonds os recursos que recebesse do resgate das dívidas do pacote de US$ 2 trilhões em ativos adquirido ao longo da crise. E, em outubro, comunicou que recompraria outros US$ 600 bilhões até junho de 2011 (US$ 75 bilhões por mês).

Essa aquisição de T-Bonds no mercado tem o objetivo de derrubar os juros de longo prazo, cuja formação é definida pelo rendimento (yield) proporcionado no mercado secundário. A ideia é reativar, com juros mais baixos, tanto o mercado de hipotecas como os investimentos e, assim, estimular a criação de empregos.

É fácil entender como os juros dos T-Bonds devem cair. Se cresce a demanda por títulos, o preço deles subirá, digamos, de US$ 100 para US$ 150, por efeito da lei da oferta e procura. Nessas condições, os juros previstos no contrato da emissão, suponhamos que sejam de 3% ao ano, ficam mais baixos em relação ao capital necessário para comprá-los: se US$ 100 rendem 3% ao ano, pagam na verdade US$ 3,00; se US$ 120 rendem 3%, pagam US$ 2,50. Ou seja, o yield fica mais baixo.

Essa recompra de títulos, conhecida pela expressão "afrouxamento quantitativo" (quantitative easing), vem sendo defendida pelo presidente do Fed, Ben Bernanke (e por autoridades de outros bancos centrais), como sendo execução da política monetária por outros meios.

Mas há críticas de várias naturezas. Os países emergentes, especialmente China e Brasil, denunciam essa iniciativa como despejo de dinheiro na economia, cuja consequência é a desvalorização do dólar. Como esses dólares acabam desembarcando nos mercados de câmbio, o resultado é também a valorização excessiva das moedas emergentes, o que tira competitividade dos seus produtos.

Os economistas ortodoxos afirmam que, na prática, essa recompra de títulos leva o Fed a financiar despesas públicas (as mesmas que foram cobertas pelo Tesouro com emissão dos títulos). E isso é o mesmo que dar ao banco central funções fiscais, exercidas com emissão de moeda.

Outro punhado de críticos vinha avisando que o objetivo básico das operações de afrouxamento quantitativo não estava sendo cumprido, uma vez que não havia nenhuma queda expressiva dos juros de longo prazo. Por isso, diziam, esse esforço não passava de operação enxuga-gelo.

Mas isso já não é tão verdade. Apesar da pequena baixa dos últimos dias, o rendimento dos T-Bonds estão, afinal, em recuperação (veja gráfico no Confira) e há indícios de que a economia dos Estados Unidos começa a reagir à estagnação.

Independentemente disso, o governo Obama já vinha fazendo o jogo oposto. Na medida em que concordou em manter os subsídios tributários - de US$ 850 bilhões por ano concedidos ainda no período Bush (filho) -, o déficit público tende a crescer e a necessidade de emissão de títulos, a aumentar, movimento que deverá puxar os juros para baixo.

RENATA LO PRETE - PAINEL DA FOLHA

Acertando o passo
RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO - 25/12/10 

Em almoço recente, empresários manifestaram ao futuro ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel (PT-MG), sua preocupação com o futuro do financiamento do comércio exterior, hoje sob controle do BNDES e subordinado à pasta que ele vai dirigir.
No início de 2010, discutiu-se no governo a criação de uma nova agência para financiar as exportações, nos moldes dos Eximbanks que existem em outros países. Suspenso no calor da campanha eleitoral, esse debate deve ser retomado depois da posse de Dilma Rousseff. Pimentel já procurou Guido Mantega, que continuará na Fazenda, para falar sobre o assunto.

Círculo próximo No governo Dilma, o Ministério do Desenvolvimento terá força política inédita, aposta um executivo do setor privado. Pimentel é amigo de décadas da presidente eleita. O futuro secretário-executivo, Alessandro Teixeira, conheceu-a ainda no Rio Grande do Sul.

Reciclagem Pelo menos dois integrantes da equipe do atual ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, fazem planos para voltar ao setor privado em janeiro. Nenhum deles espera ser aproveitado no time de Pimentel.

Agora vai? Com a ida de Aloizio Mercadante para o Ministério da Ciência e Tecnologia, muita gente no meio acadêmico voltou a sonhar com a transformação da Finep, braço financeiro da pasta, numa agência de fomento reforçada, com maior capacidade de oferecer crédito a empresas privadas. A Fazenda e o Banco Central sempre torceram o nariz para a ideia.

Longa data O economista Márcio Holland, que assumirá a Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda, conheceu Dilma Rousseff em 1998, ano em que ela frequentou as aulas do doutorado da Unicamp. A petista abandonou o curso e os dois nunca mais se viram.

Deixa quieto Dois economistas do BNDES recalcularam o subsídio implícito nas operações feitas pelo governo para turbinar os empréstimos do banco nos últimos anos. Faz três semanas que o estudo está sob análise da cúpula da instituição, que não tem interesse em reavivar a controvérsia alimentada por essas operações durante a campanha eleitoral.

Herança Primeiro na linha de sucessão no PMDB de São Paulo, o deputado Jorge Caruso é o líder do motim peemedebista que pede mais espaço no governo de Geraldo Alckmin e já obstruiu votações de interesse dos tucanos na Assembleia Legislativa. Com a morte de Orestes Quércia, ganha poder no partido contra o grupo do secretário-geral, Airton Sandoval, fiel escudeiro quercista e alinhado ao governador eleito.

Sucursal Para escapar do assédio dos aliados na sede da equipe de transição, Alckmin tem preferido fazer algumas reuniões em seu antigo escritório político, na avenida Nove de Julho.

Só para... Às vésperas da visita que o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, fez ao país em novembro, um diplomata brasileiro disse a um representante da Embaixada dos EUA em Brasília que o presidente Lula planejava aproveitar o encontro para discutir a situação dos dissidentes perseguidos pelo regime iraniano.

...americano ver Mas o funcionário do Itamaraty avisou o colega que o professor Marco Aurélio Garcia, assessor especial de Lula, certamente entraria em campo para tirar o assunto da pauta dos dois presidentes, diz um telegrama diplomático dos EUA obtido pelo WikiLeaks.

com LETÍCIA SANDER e FABIO ZAMBELI

tiroteio

"Ao pagar o motel com a verba do gabinete, Pedro Novais só estava interessado em promover o turismo e mostrar como entende a natureza do patronato político brasileiro."
DO ECONOMISTA MARCOS FERNANDES GONÇALVES, da FGV, sobre as revelações que atingiram o deputado do PMDB, indicado para o Ministério do Turismo.

contraponto

Vale por um bifinho

Em discurso no evento natalino com os catadores de papel em São Paulo, na quinta-feira, Lula fez referência à medida provisória que dá incentivos a quem comprar material reciclado por essas pessoas.
-Eu ia assinar, mas tinha cinco vetos...
A plateia silenciou e o presidente resolveu fazer graça com os ministros da Fazenda e do Planejamento:
-Vocês sabem que o Guidinho e o Paulinho Bernardo pedem sempre um vetinho. Mas fiquem tranquilos, que eu vou assinar na semana que vem!

ANCELMO GÓIS

BOTEI MEU SAPATINHO
ANCELMO GÓIS
O GLOBO - 25/12/10
 
Parece conto de Natal, mas é história verídica. Um menino miúdo pediu de presente ao Papai Noel do São Gonçalo Shopping, na cidade fluminense de quase 1 milhão de habitantes, a maioria pobre, uma conversa com... O pai já morto. O pedido desconcertou o Bom Velhinho.

SEGUE... 
Emocionado, sem saber o que responder, o homem sob o disfarce de Noel disse ao menino para se concentrar com fé em seu desejo na hora de dormir. Dois dias depois, o garoto voltou e contou que havia funcionado, pois sonhara com o pai.

O BAÚ DE BRIZOLA 
O acervo de documentos, cartas, escritos, fotos com líderes como Che Guevara e Fidel, óculos, canetas, objetos pessoais, etc. de Leonel Brizola, morto em 2004, foi guardado num depósito do Centro do Rio. Paulo Ribeiro, sobrinho de Darcy Ribeiro, e João Otávio, filho de Brizola, negociam a transferência do tesouro para a 
fundação que leva o nome do ex-senador, em Santa Teresa.

O BAÚ DE BOAL... 
Aliás, a Fundação Darcy Ribeiro passou a abrigar, há um mês, os arquivos de Augusto Boal, o criador do Teatro do Oprimido.

CONTAGEM REGRESSIVA 
Faltam seis dias para deixar o governo um presidente simples, brincalhão, superemotivo, que chora com facilidade e abraça todo mundo, e entrar uma presidente retraída, formal, sisuda, distante e de poucos sorrisos. Isto quer dizer... Nada.

NOSSO LAR 
A FilmSharks Intl, uma das maiores compradoras de filmes latinos para distribuição no exterior, fechou negócio com Nosso lar, o longa baseado no livro espírita de Chico Xavier. Seria uma das grandes apostas da distribuidora para 2011. 

O POVO É O CARA 
De Lula, em entrevista a Regina Casé para o programa Esquenta, que nossa atriz estreia dia 2 na TV Globo:
– Se o Obama viesse ao Brasil, ele ia falar: “Puxa, não é o Lula que é o cara! É o povo brasileiro que é o cara! São milhões de caras!”.

PELÉ WOODS 
Pelé entrou na campanha pela escolha do Itanhangá Golf Clube como sede das competições de golfe nos Jogos de 2016. O rei já até posou no clube ao lado de uma faixa de apoio. É carinho antigo, porque, na preparação para a Copa de 1970, a seleção treinou ali. Na briga, também está o Gávea Golf.

BONINHO NO RINGUE 
Boninho, o diretor da TV Globo, vai assinar o cenário do torneio internacional Jungle Fight, que mistura artes marciais, organizado pelo lutador brasileiro Wallid Ismail. Será em abril, no Flamengo.

POLÍCIA MUNICIPAL 
Sérgio Cabral assina nos próximos dias um decreto para permitir que policiais de folga façam bicos para prefeituras. A primeira interessada é a de Búzios, onde a violência tem aumentado muito.

ARSENAL DO RÉVEILLON 
Começam a ser montadas amanhã, em Copacabana, as 11 balsas com as 25 toneladas de fogos do réveillon. Cada uma terá 1.200 bombas. Será necessário um comboio de 11 caminhões para carregar os fogos do depósito até o embarque.

MÍRIAM LEITÃO

Economia da paz

MIRIAM LEITÃO
O GLOBO - 25/12/10
Em economia, há o que se pode medir e o que não é tão simples transformar em números. No caso da integração à cidade do Rio de partes antes dominadas pelo tráfico, há ganhos mensuráveis e os intangíveis.
Empresas e pessoas começam a descobrir as vantagens de superar as faixas que separavam a cidade. A superação é parcial mas já é possível vislumbrar os ganhos econômicos e sociais da nova realidade.

A Light perdeu R$ 1 bi em 2009 com roubo de energia. Desse total, 40% aconteceram em áreas de risco, dominadas pelo tráfico de drogas. O resto acontece por gatos espalhados por toda o estado, inclusive em condomínios, clubes, áreas nobres e Baixada Fluminense. O caso da Light mostra que não basta recuperar áreas dominadas, o mau comportamento é também de quem hoje pode pagar a conta. Outro problema que pode deter a legalização é que a luz é cara, em parte pelo imposto exagerado. Mas, em 2009, cerca de R$ 320 milhões deixaram de entrar nos cofres estaduais em forma de tributos e encargos por causa da luz furtada.
— Nossos cálculos são de perdas de 5.000 GWh/ano com ligações clandestinas. Isso é a energia consumida no Espírito Santo durante umano. Também é toda energia produzida por Angra I no mesmo período — disse MárioRomano, superintendente de Relacionamento com Comunidades da Light.
A recuperação dessasáreas tem efeito multiplicador.O morador que regulariza sua conta de luz passa a ter um comprovante de residência. Ele pode movimentar o comércio fazendo crediário e também pedidos pela internet.
— A conta de luz leva cidadania porque a pessoa passa a ter um comprovante de residência. Soubemos do caso de um presidiário em condicional que ia poder ficar em liberdade provisória porque teria como comprovar residência — disse Romano.
Outras empresas começam a se dar conta das vantagens de cada passo do processo de recuperação das áreas tomadas. A Souza Cruz contou à repórter Gabriela Moreira, do “Estado de S.Paulo”, que perdeu só este ano 100 veículos na região do Complexo do Alemão. Suas cargas eram roubadas e levadas para dentro do Complexo,onde a Polícia não entrava.
O Alemão era um refúgio de criminosos. O “Valor Econômico” fez recentemente reportagem mostrando que os micronegócios estão explodindo nas áreas pacificadas. Segundo o jornal, 1.400 negócios foram legalizados nos últimos 12 meses em áreas pacificadas, com a ajuda do Sebrae. O GLOBO publicou que várias empresas estão voltando ou se instalando nas imediações das favelas que não estão mais sob o domínio do tráfico.
Isso cria um círculo virtuoso. Moradores têm emprego e renda, pequenos negócios podem se formar para
fornecer serviços e produtos às grandes empresas. Pode ocorrer uma reversão do movimento que esvaziou áreas como o entorno do Complexo do Alemão, que virou um cemitério
de indústrias.
Na comunidade do Babilônia, 35 quilômetros de cabos e ramais de energia da Light foram instalados. Cerca de 650 domicílios receberam lâmpadas que consomem menos e 52 casas tiveram reformasinternas da rede elétrica.
Na Cidade de Deus, foram investidos R$ 6 milhões na troca de 30 mil lâmpadas, 2.500 geladeiras, e reforma da instalação elétrica de 1.700 residências. Cerca de 50 quilômetros de cabos foram trocados e 258 postes e 44 transformadores instalados. No Santa Marta, as ações de revitalização da rede elétrica resultaram em uma economia mensal de 90 mil KWh, o quesignifica o abastecimento de energia de 500 casas, quase um terço de toda a comunidade.
No Chapéu Mangueira, 360 moradores se cadastraram para receber novas geladeiras, com selo de baixo consumo. A companhia de luz já recuperou cerca de 10 mil clientes (residências), mas estimaque ainda há 700 mil e áreas de risco.
Na telefonia, a Oi estima que perdeu cerca de 30 milclientes no Complexo do Alemão em apenas três anos, de 2007 a 2010. Caiu de 37 milpara 7 mil. A expectativa é reconquistar esses clientes e ampliar o número para 50 mil já no ano que vem, com a oferta não só de telefonia fixa, mas também de TV por assinatura.
Sob o domínio dotráfico, conta o diretor de comunicação corporativa daOi, George Moraes, criou-se um monopólio imposto pelo poder paralelo: o “gatonet”:
— De repente, surgiu uma cidade de 600 mil habitantes dentro do Rio, com muitas demandas. Na TV por assinatura, havia um monopólio imposto pelo poder paralelo, o “gatonet”. Agora, esse mercado se abriu para outras empresas. Pretendemos entrarcom a Oi TV, com um preço bastante competitivo.
Na Cidade de Deus, a Oi TV já tem cerca de mil clientes, segundo Moraes, e em breve o serviço chegará a Vila Cruzeiro, Alemão, Dona Marta, Cantagalo e Pavão-Pavãozinho.
No Alemão, a meta é investir de R$ 10 milhões a 15 milhões nos próximos 120 dias, com a instalação de cabos, antenas e equipamentos para telefonia fixa, móvel, internet e TV por assinatura.
— A telefonia pública tambémperde muito nesses lugares.
No caso dos celulares, também há perda porque algumas áreas ou ficam sem cobertura, com regiões de
sombra no sinal, ou com sinal fraco, na medida em que não podemos instalar novos equipamentos
ou fazer manutenção.
Quando há risco para a segurança de nossos técnicos, eles acabam não indo
mais aos locais — explicou. Um empresário viu na Associação de Moradores do
Dona Marta caixas de correspondência da C&A chegando para os moradores.
Eram cartões de crédito. Há o intangível. Recentemente, a repórter Suzana Naspolini, do RJTV, foi ao Alemão mostrar focos de dengue a uma autoridade de saúde. Antes, nem a cobertura de cidade feita pelo jornalismo poderia acontecer. Agora, as informações circulam. As pessoas circulam. As empresas chegam. Bancos se instalam.
Os negócios florescem. Não está tudo resolvido, mas há mais chances agora.

JOSÉ SIMÃO

Ueba! Comi o leitão da Dilma!

josé simão
FOLHA DE SÃO PAULO - 25/12/10
E o maldito peru que não acaba? Cada pedaço que você corta parece que o peru aumenta!

BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República!
E aí, macacada: BOTARAM O PERU PRA DENTRO? Rarará! Ô comilança! Só quero ver no dia 3 de janeiro. Dia Nacional de Fazer Força pra Calça Fechar! Tem que dar três pulos pro jeans entrar!
Por isso que eu tenho inveja da Gisele Bündchen. Ela não precisa encolher a barriga na hora de transar! Eu vou engordar uns 20 quilos e ficar com corpo de atleta. Igual ao Ronaldo. Rarará!
E um amigo me disse que já tá com preguiça de todos os exercícios que vai ter que fazer em 2011! E sabe o que a Dilma fez pra ceia? Assou o Palófi e botou uma maçã na boca dele. Recheado com falofa de aveitonas e pafas! Palófi com falofa. O leitão da Dilma. E depois: Michel TENDER! E na casa dela não teve amigo oculto, teve companheiro clandestino. Rarará!
Essa coluna é dedicada aos sobreviventes do peru! Como todo ano, eu engoli um zoológico: peru, porco, galinha! E tô com a mesma azia do ano passado! Reincidência!
Eu acho que eu tenho um arquivo de azias de Natal. E aquele sanduíche de patê, ketchup e requeijão, em camadas, que a tia traz coberto com um pano de prato úmido, pra não ressecar?!
E o maldito peru que não acaba? Cada pedaço que você corta parece que o peru aumenta. Peru até no café da manhã! Maldito peru! Quero passar um ano sem ver peru. Inclusive o meu!
E uma amiga minha quer ser comida pelo peru! Noite Feliz! E uma amiga descreveu assim o Natal na casa dela: bolo prum lado, brigadeiro pro outro, sanduíches voando e coca derramando. Passou o Natal na zona de turbulência. Tem que apertar os cintos pra passar o Natal na casa dela!
E diz que as praias já estão tão cheias que tem que pegar senha pra entrar no mar. Tem que pegar senha na Prefeitura. Senha 2796: aquela de celulite, fio dental e marca de tatame nas costas, pode mergulhar. PRA SEMPRE! Rarará.
Tem uma amiga que diz o seguinte: até os 50 anos você vai pra praia, depois dos 50 você vai pros Alpes. Passar o ano vestido da cabeça aos pés. Ou então vai pro Irã. Passar o ano de burca. E uma outra amiga diz que não tem corpo nem roupa pra ir pra praia. Porque ela tá fora de forma e detesta estampado.
Nóis sofre, mas nóis goza
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

GUILHERME FIUZA

Papai Noel vai pro saco
 Guilherme Fiúza
O Globo - 25/12/2010


Nunca antes na história do Natal o bom velhinho havia se oferecido como presente.

Como um Papai Noel escondido no próprio saco, Luiz Inácio da Silva se despediu dos brasileiros pedindo que não lhe perguntem sobre o seu futuro.

É surpresa. O futuro a Deus pertence, mas está sendo negociado com o PMDB. E eles devem estar se entendendo bem, a julgar pelas derradeiras palavras do Papai Noel do ABC, senhor de todos os cargos: ele voltará.

A pista já tinha sido dada pelo escudeiro Gilberto Carvalho. O chefe de gabinete de Lula será secretário-geral da Presidência de Dilma, mas já mostrou em público, em entrevista ao GLOBO, quem é o dono da sua lealdade. Falando quase como um analista político, Carvalho diz que talvez Dilma faça um bom governo (“um cenário”). Mas, se “houver dificuldades”, volta Lula. Depois de toda a pantomima feminista, a primeira presidente assume com um asterisco bordado na faixa.

A rigor, Dilma é o asterisco. A faixa todo mundo sabe de quem é. E assim se deu a transição mais exótica da história deste país. Uma presidente eleita que não fala nada à nação, fora a laranjada retórica de sempre. A guerra do Rio, o ajuste fiscal, o orçamento do PAC, a subida da inflação — nada mereceu uma palavra da nova líder dos brasileiros. Ela saiu do banho de urna direto para a cozinha da repartição de cargos. Os assuntos nacionais ficaram com o homem da casa.

E ele já deixou claro a prioridade do governo tampão: engordar a mística do filho do Brasil. “Vamos desmontar a farsa do mensalão”, tem dito Lula aos quatro ventos. Com seus índices sobre-humanos de aprovação popular, o ex-operário vai virando uma espécie de pastor da verdade suprema. Sua última tacada foi comparar o escândalo do valerioduto ao caso da Escola Base — em que a imprensa condenou inocentes. Nesse ritmo, se tudo der certo, Marcos Valério, José Dirceu, Delúbio e o restante da quadrilha ainda acabam indenizados pelo contribuinte. Depois da bolsa ditadura, a bolsa mensalão.

Na última reunião com a executiva do PT, Lula decretou que uma das três prioridades do governo da enteada do Brasil é a “democratização dos meios de comunicação” — expressão que todos já aprenderam o que significa. É o tal controle social da mídia, ou, para bom entendedor, a conversão do noticiário ao ibope.

Com uns 80% de manchetes favoráveis ao governo popular, a comunicação começará a ser considerada democrática.

E ainda chegará o dia em que o mensalão nunca terá existido.

A cruzada em direção à verdade suprema agora é para valer. “Quero ver quem vai afinar, hein?”, desafiou Lula na reunião do PT, em seu comício sobre o enquadramento da mídia. A turma está bem ensaiada. O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, que na alquimia Lula/Dilma virará ministro das Comunicações, já deu o tom, em declaração ao “Estadão”: “Não é sensato simplesmente achar que a imprensa pode tudo e o cidadão, o político — porque político também é gente — não têm direito a nada”.

Realmente, ninguém aguenta mais esse massacre dos jornalistas sobre os políticos, que de fato são gente — às vezes muita gente, como nas repartições controladas pelo PT. A imprensa tem causado danos irreparáveis ao governo popular, como ao interromper a trajetória promissora da ex-ministra Erenice Guerra, que também é gente.

Quando o Brasil entender que traficar influência é humano, o caso Erenice será mais uma Escola Base.

O importante, como disse o chefe, é não afinar. Mirem-se no exemplo do inesquecível Paulo Vannuchi, o Ahmadinejad do humanismo. Depois de engendrar vários tipos de pedradas na imprensa em seu plano de direitos humanos, o ministro se despede do governo gritando que foi linchado pela mídia. Talvez o único erro de seu plano seja não ter sido apresentado no Irã.

Mas apresentando-se como vítima da imprensa burguesa, Vannuchi pode virar esse jogo. O folclore do oprimido é um sucesso no Brasil, e um apedrejador chorão também é gente.

Se o pessoal não afinar e os projetos de regulação da mídia enfim prosperarem, a vida no governo tampão será bem mais fácil. Num caso como o da lambança do Enem, por exemplo, talvez nem seja mais necessário o pastor da verdade bradar que “o Enem foi um sucesso extraordinário”. Imprensa boa é imprensa acuada. Nas manchetes, do exame em si ao próprio ministro Fernando Haddad e seus indicadores educacionais estagnados, tudo terá, em média, 80% de aprovação.

Ninguém ficará perseguindo injustamente a família Sarney, que estará mais à vontade em sua vida privada no Senado — quem sabe até estendendo um varal de roupas no plenário. Sarney poderá indicar os ministros que quiser sem questionamentos — tudo na mais santa paz à espera de 2014, ano da volta triunfal do bom ve lhinho ( não aquele do motel pago pelo contribuinte, naturalmente).

GUILHERME FIÚZA é escritor.

VILAS-BÔAS CORRÊA

O recado de Lula para Dilma
 Villas-Bôas Corrêa
JORNAL DO BRASIL

Sejamos justos: é um desafio que vai além da resistência humana passar incólume pela consagração nacional da despedida do presidente Lula ao fim do seu segundo mandato.

E o presidente não apenas entregou os pontos, seja não dizendo coisa com coisa ou nas contradições do deslumbramento. Até poucos dias, controlava os nervos e a língua para não bater de frente com a presidente eleita, Dilma Rousseff, que a ele deve a escolha da sua substituta, com a consagração do voto nacional. Mas, Lula passou a priorizar os próximos lances da sua vida. E deu uma cambalhota na tontura da sua consagração como o líder mais popular do Brasil e do mundo, que ainda tem muitos anos para o fecho de ouro de mais um mandato, o próximo, como presidente. Enquanto espera de olho na folhinha, visitará os cinco continentes e dará voltas pelo país para fiscalizar e cobrar as obras do PAC. Como um fiscal com apoio de 80% da população.

É provável que quando o mar serenar, depois das derradeiras homenagens, o presidente Lula baixe o tom das críticas e a dose de veneno das indiretas para não deixar feridas abertas. E nem terá tempo a perder com a maratona de viagens pelo mundo e da fiscalização doméstica do governo da sua sucessora.

O poder deslumbra e maltrata. Lula acusa as bordoadas do fim do mandato. A sua ordem terminante de que “nenhum centavo será cortado do Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC”, e a relatora-geral do Orçamento, a senadora petista Serys Slhessarenko (MT) fechou o seu parecer com a poda de R$ 3,3 milhões nas verbas do programa para 2011. E não está falando para o vento. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, foi o primeiro a defender a necessidade de redução no ritmo das obras do PAC.

Tal como o motorista de ônibus superlotado pisa no freio para a sacudidela que alivia a apertura dos passageiros em pé, a presidente Dilma ao assumir o governo precisa arrumar a casa. E mostrar que a sua equipe está em condições de disputar o campeonato.

Não é tão simples o desafio. Ao contrário, substituir o presidente mais popular da historia deste país, no primeiro teste para valer e no clima de fofocas e intrigas de Brasília, com um Congresso que começou com o reajuste os subsídios, vantagens e privilégios é um risco que, guardadas as proporções, empata com a ocupação do morro pela polícia do morro do Alemão, antro dos traficantes e bandidos.

Lula está deixando claro como água de mina que será candidato em 2014 e tem o seu quinto mandato como favas contadas. A presidente eleita Dilma Rousseff está devidamente informada, tal como o respeitável público, que o seu mandato é de quatro anos. Nem um minuto a mais.

E até lá, fazendo tudo que o mestre Lula mandar.

CLÁUDIO HUMBERTO

“O mundo perdeu um ser humano de grandes qualidades”
ALDA MARCO ANTÔNIO, VICE-PREFEITA PAULISTANA, SOBRE A MORTE DO AMIGO ORESTES QUÉRCIA

CNI “TUCANOU”, E REVELA AÉCIO DE OLHO EM 2014 
A empresa de comunicação Rede 106, do marqueteiro Nizan Guanaes, preferido dos tucanos, assinou contrato com a Confederação Nacional da Indústria, presidida pelo mineiro Robson Andrade. Recomendou Nizan o senador eleito Aécio Neves (PSDB-MG), o que levou o Palácio do Planalto a suspeitar que não apenas a CNI “tucanou” de vez, como até já escolheu o marqueteiro da campanha presidencial Aécio 2014.

VETO NA MIRA
Não está encerrada a partilha do pré-sal. Dependendo do humor da base aliada com Dilma, o Congresso pode derrubar o veto presidencial.

FIM DE UMA LOROTA 
Ciro Gomes não foi ministro porque o governador Eduardo Campos (PE), presidente do PSB, não quis. Não o indicou para nada. Ponto.

ARROZ DE FESTA 
O governo de Prometeu Lula da Silva inaugurou até “cerimônia de assinatura da ordem de início” da ponte, da rodovia, da usina...

MORREU DE VELHO 
Macaco velho, certo de que seu governo iria “vazar”, Lula fez uma espécie de seguro-fiança com elogios ao fundador do site WikiLeaks. 

MANICURE CAUSA “INCIDENTE” ENTRE MINISTRO E PF 
O voo de volta de Foz do Iguaçu a Brasília, há dias, no jato Legacy da FAB, levava o ministro Luís Paulo Barreto (Justiça) e o diretor-geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Coelho, que se detestam. A certa altura, a assessora de imprensa do ministro, Chris Abelha, derramou sem querer um vidro de esmalte em Correia, que ficou muitíssimo irritado. O ministro fez cara de paisagem, mas adorou o ato falho da assessora.

SONHO DE GRANDEZA 
Em oito anos de governo Lula, o real se valorizou 108% frente ao dólar Já a vida real...

DESCONFIANÇA 
Na intimidade, Lula tem falado muito no seu retorno, em 2014. Até parece que não bota muita fé no desempenho da presidenta Dilma.

SÓ RISOS 
O Partido dos Profissionais de Odontologia (PPO) acredita no otimismo do brasileiro. Pediu registro na Justiça Eleitoral para a próxima eleição. 

INCIDENTE NA AMAN 
Incomodado com a homenagem ao ex-presidente Emílio Garrastazzu Médici pelos formandos da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), o ministro Nelson Jobim (Defesa) irritou os militares também ao omitir o nome dele, no discurso, agravando o incidente revelado nesta coluna.

RECEITA FELIZ 
A indicação de Carlos Alberto Barreto para dirigir a Receita Federal foi muito bem recebida pelos servidores. Técnico de rara qualidade, ele tem perfil discreto, semelhante ao de um antecessor, Jorge 
Rachid. 

BOM PREFEITO, MAU CARTOLA 
O pernambucano Fernando Bezerra Coelho, futuro ministro da Integração Nacional, fez elogiada gestão na prefeitura de Petrolina, mas sua passagem pela presidência do Santa Cruz só não deixou saudades nas torcidas adversárias: o time acabou na quarta divisão. 

FORA DE COMBATE 
A prefeita de Natal, Micarla de Sousa, após ter sofrido um AVC, foi submetida a um batalhão de exames em São Paulo. Está sob observação e deve retirar licença médica em janeiro por 30 dias .

MISS SIMPATIA 
De sorriso fácil e amável, a relatora do Orçamento, senadora Serys Slhessarenko (PT-MS), teve rápida passagem pela Comissão de Orçamento. Mas suficiente para ganhar a simpatia dos seus membros.

EMENDAS MALANDRAS 
Parlamentares não-reeleitos têm repassado suas emendas de 2011 para os eleitos. É que, sem mandato, caem a influência do “dono” da emenda e a chance de o dinheiro ser liberado. E o eleito “racha” com o não-eleito os dividendos eleitorais de eventual liberação da emenda.

CAÇAS DA DISCÓRDIA 
O adiamento da compra dos caças Rafale pela FAB pode ter motivado o cancelamento da presença do presidente francês Nicholas Sarkozy na posse de Dilma. E na alegria do embaixador americano Thomas Shanon, que ainda espera vender os seus caças ao Brasil.

MUITO VIVOS 
Funcionários do cemitério municipal de Curitiba (PR) vendem capelas mal cuidadas nas áreas concedidas há anos a famílias locais. Está na hora de a prefeitura apurar denúncias crescentes contra os vivaldinos. 

PENSANDO BEM... 
...certos futuros ministros de Dilma não estão com o pé na vida pública, mas na privada. 

PODER SEM PUDOR
SINCERIDADE PROIBIDA 
Já preparando o terreno de sua futura candidatura, Jânio Quadros aceitou coordenar a campanha de Juarez Távora (UDN) a presidente, em 1955.
- Governador, estamos sem dinheiro... - disse-lhe Juarez, certa vez.
Dias depois, Jânio assistiu, desolado, o candidato discursar a um seleto grupo de endinheirados doadores: Juarez atacou os empresários, acusando-os de ambição desmedida e de apreço pelos favores oficiais. Todos foram saindo, um a um, e a campanha seguiu sem dinheiro.
- Quem mandou ser tão sincero? - gritou Jânio ao candidato, depois.

SÁBADO NOS JORNAIS

Globo: Inflação foi maior este ano para os mais probres

Folha: Brasil troca mercados de vizinhos por países da EU

Estadão: Shopping tem melhor Natal da década e investe R$ 6 bi

JB: Os “Papais Noeis” que existem

Correio: Natal solidário

Jornal do Commercio: Greve volta a ameaçar os aeroportos do País