terça-feira, outubro 05, 2010

EDITORIAL - O GLOBO

Um 'não' ao personalismo 
Editorial 
O Globo - 05/10/2010


Colocar a candidata para surfar na sua alta popularidade e forçar uma eleição plebiscitária entre nós e eles, os tucanos. A estratégia de Lula, executada com frieza vide o atropelamento do aliado Ciro Gomes , se mostrou correta, enquanto ele conseguia tirar a desconhecida Dilma Rousseff de cinco pontos nas pesquisas para colocá-la como grande favorita a ganhar no primeiro turno. Mas Lula e os petistas menosprezaram a força de Marina Silva, dissidente do PT e do governo, onde não conseguira avançar com uma agenda verde diante do ímpeto do desenvolvimentismo à moda antiga da ministra Dilma Rousseff, também candidata a tocadora de obras. Responsável por ter viabilizado o segundo turno, Marina será cortejada por lulopetistas e tucanos, em busca de um precioso patrimônio de cerca de 20 milhões de votos.

Mas as urnas de domingo não serviram apenas para ungir a nova liderança política nacional, uma terceira via diante da disputa binária entre tucanos e petistas, a marca de quase todo este quarto de século pós-redemocratização.

A realização do segundo turno, contra a previsão dos institutos de pesquisa, pune gestos de arrogância e de autossuficiência de quem se considerou hegemônico e impune, devido aos níveis recordes de aprovação do governo e de popularidade do presidente.

A sociedade pode aprovar um governo com méritos na estabilidade da economia, na inclusão social apesar das controvérsias , mas demonstra maturidade ao não se deixar encantar pela ideia perniciosa, subjacente ao segundo mandato de Lula, do homem providencial, do pai dos pobres, velha patologia latinoamericana.

O Brasil não é mesmo Venezuela, nem o país da República Velha e do Estado Novo.

O segundo turno sinaliza o desejo de pluralidade. Dilma, por óbvio, sai na frente, com as maiores chances de vitória. Mas precisará ser expor, provar que não se trata de simples peça fabricada nas linhas de montagem do marketing político, uma atividade cada vez mais questionada na política brasileira. Já o tucano José Serra tem afinal de se definir entre ser apenas um gerente com folha corrida conhecida de competência administrativa, que se apresenta ao eleitorado para administrar a herança lulopetista sem maiores reformas, ou, bem mais do que isso, ir fundo no ataque aos pontos frágeis do país passados oito anos de Era Lula: máquina inchada, gastança, dirigismo, inapetência para reformas, entre outras distorções.

O segundo turno concede, também, chance de os candidatos aceitarem a reformulação do rígido, burocrático e engessado método de debates na TV. A relação de questões a abordar é ampla e rica o bastante para justificar regras que permitam o confronto direto de ideias, com réplicas e tréplicas.

Lula se frustra ao não fazer sua candidata vitoriosa no primeiro turno, objetivo pelo qual se bateu sem preocupação com as leis eleitorais e os limites que precisam ser respeitados entre o chefe de governo e o líder partidário.

E foi ao se jogar intempestivamente na campanha que, em alguns momentos, engavetou a persona Lulinha paz e amor, criada pela marquetagem na campanha de 2002, e com isso talvez tenha assustado parte dos eleitores de Dilma, aqueles que nos últimos dias migraram, principalmente para Marina. Assim como a descoberta do ninho de lobby na Casa Civil de Erenice Guerra, auxiliar direta de Dilma desde os tempos do Ministério das Minas e Energia, deve ter reavivado na memória do eleitorado casos passados rumorosos em que a regra dos fins justificam os meios patrocinou o desvio de dinheiro público para desvãos da corrupção. Junto com doses avantajadas de arrogância a primeira resposta de Erenice às denúncias foi atacar Serra, tachandoo de derrotado , a malfeitoria há de ter exercido influência no resultado de domingo.

Mesmo que Dilma tenha tentado se desvincular da ex-auxiliar, tão próxima que se tornara sucessora da chefe na Casa Civil.

As vitórias tucanas em São Paulo (Alckmin) e Minas (Aécio/Anastasia) não apenas reforçam o recado a favor do pluralismo como servem de contrapeso à margem de manobra conquistada pelo lulopetismo e aliados no Congresso. No Senado, foi alcançada a maioria qualificada de 60% dos votos, capaz de viabilizar mudanças na Carta. Mas, antes que PT e coligados enveredem por este terreno, devem considerar que a vitória da aliança petista no Congresso foi importante, mas não concede licença ao lulopetismo para tentar investir contra direitos consagrados pela sociedade.

DORA KRAMER

O eleitor tem a força 


Dora Kramer
O ESTADO DE SÃO PAULO - 05/10/10

A rigor não há surpresa na realização do segundo turno, bem como não haveria razão objetiva para o presidente Luiz Inácio da Silva ter saído de cena nem para Dilma Roussef e a cúpula da campanha terem entrado em cena com jeito de derrotados no pronunciamento da candidata domingo à noite.


O mais confiável dos institutos (por não trabalhar para nenhuma campanha), o Datafolha, na véspera indicava que Dilma teria entre 48% e 52% dos votos e José Serra teria entre 29% e 33%. O eleitor deu 46% para ela e 32% para ele.

O problema de quem acredita em fabulações é do crente e não da fábula.

Quanto a Lula e o PT, praticamente só colheram vitórias: transferência inédita e espetacular de todos os 47milhões de votos de Dilma; o primeiro lugar com 14 pontos porcentuais à frente da oposição; a dianteira em 18 estados da federação; maioria incontestável na Câmara e no Senado; derrota de adversários importantes (Tasso Jereissati, Artur Virgílio e Marco Maciel); eleição dos campeões de voto na coligação lulista: dos governadores com mais de 80% dos votos aos deputados Garotinho e Tiririca.

Apenas não se realizaram todos os desejos de Lula e isso foi o suficiente para que naquele momento se instalasse a frustração óbvia nos semblantes dos correligionários de Dilma e, sobretudo, para a ausência de Lula não frequenta cenário adverso.

Lula não conseguiu realizar a fantasia de ver o eleitorado fazer o cotejo entre ele e Fernando Henrique Cardoso e ainda viu a eleição surpreendente de Aluisio Nunes Ferreira ao Senado por São Paulo, o único a fazer de FH seu cabo eleitoral.

Lula não conseguiu varrer o PSDB do mapa paulista _ ao contrário, perdeu no primeiro turno no primeiro colégio eleitoral, bem como assistiu à vitória de A a Z dos tucanos no segundo colégio, com Aécio Neves tirando Fernando Pimentel e o PMDB do jogo. Tanto desgaste em Minas para nada no que tange à política estadual.

Lula não conseguiu dizimar o DEM. O partido saiu da eleição com dois governadores (RN e SC) sendo um deles eleito exatamente no estado onde o presidente há poucos dias fez o discurso convocando à extirpação.

Lula, pela quinta vez, não conseguiu ganhar no primeiro turno.

Lula não conseguiu impor sua vontade, foi obrigado a recuar do tratamento arrogante de quem se acreditou mesmo acima do bem e do mal, achando que estava realmente autorizado a dizer ou fazer qualquer barbaridade impunemente.

E por que Lula não conseguiu prevalecer sobre todo e sobre tudo? Porque de verdade só quem tem a força absoluta é o eleitorado. Este disse em bom som um alto lá ao presidente, informando-se que o poder tem limites e que os impõem não as pesquisas de véspera: são as urnas no dia D.

Como líder político influente ele induz, mas não substitui a vontade das pessoas.

Bom de briga. Não obstante a deslealdade de alguns métodos, o PT sabe fazer uma disputa política. Por exemplo: soube formar um ambiente favorável a Dilma desde os tempos de magras intenções de votos dizendo, repetindo e sustentando com pesquisas contratadas, que ela ganharia no primeiro turno.

Na comunicação foi imbatível, porque convenceu a imprensa a repetir a "tendência" como se fora certeza absoluta.

A realidade não confere? Culpa das pesquisas.

Marina. A candidata do PV saiu-se muitíssimo bem no crescimento da reta final até a conquista de quase 20 milhões de votos.

Mas daí a classificá-la como uma "nova força política" para além da fronteira do ambiente eleitoral, vai uma distância de léguas a percorrer antes de chegar lá.

O eleitorado teve variadas razões para votar em Marina _ a menor delas a causa do meio-ambiente _ e é, por isso, disperso, desarticulado e circunstancial.

Para efeitos eleitorais caberá às campanhas em disputa seduzir esses eleitores que não têm dono e apoiarão quem melhor lhes parecer.

MERVAL PEREIRA

País dividido
MERVAL PEREIRA
O GLOBO - 05/10/10
Se fizermos a conta de quantos brasileiros serão governados juntando os estados em que venceram PSDB e DEM e os que os tucanos disputam com boa chance de vencer, poderemos ter a oposição governando metade do país, o mesmo em relação às receitas tributárias. O DEM venceu no primeiro turno em Santa Catarina e Rio Grande do Norte, justamente dois dos estados em que Lula se dedicou a tentar "exterminar" seus adversários

O PSDB é o partido que elegeu mais governos no primeiro turno: Paraná, São Paulo, Minas e Tocantins. E disputa o segundo turno em cinco outros estados, com chances de vencer: Alagoas, Goiás, Pará, Roraima e Piauí. Mais uma vez o país está dividido, sem que a popularidade do presidente Lula se expresse em dominação política sobre o território.

Dilma Rousseff só venceu a soma dos votos oposicionistas de Marina e Serra em dez estados, e é enganoso acreditar que a vitória em 18 estados representa a hegemonia governista.

Na verdade, a oposição foi majoritária na maior parte do país. O estado de Minas Gerais, por exemplo, que aparece em vermelho no mapa da eleição, dificilmente pode ser considerado um território petista, ainda mais que Marina teve uma votação expressiva por lá, e a soma dos votos oposicionistas supera os da candidata oficial, ao contrário do que acontecia nas últimas eleições, onde Lula prevalecia claramente. A ida para o segundo turno significa que a vitória avassaladora do governo, a chamada "onda vermelha", não se concretizou.

A candidata Dilma Rousseff teve mais ou menos o mesmo tamanho de votação que Lula vem tendo desde 2002, o que significa que o PSDB, se quiser vencer a eleição, terá que ampliar suas alianças eleitorais, o que o PT de Lula vem fazendo com êxito.

O PSDB tem tido regularmente cerca de 40% dos votos no segundo turno, enquanto o PT de Lula vai a 60%. Lula incorporou no segundo turno a maioria dos votos de Ciro Gomes e Garotinho em 2002, e os de Heloisa Helena e Cristovam Buarque em 2006.

Dilma entra no segundo turno como a grande favorita, precisando de pouco mais de quatro pontos percentuais para vencer. O objetivo de Serra será, por outro lado, tirar votos de Dilma, além de receber a maioria da votação de Marina.

Mesmo que receba cerca de 80% dos votos que foram para a candidata verde, Serra não ganha se não conseguir roubar eleitores de Dilma.

É mais fácil para o PSDB fazer um acordo com o PV para governar do que esse acordo sair com o governo. Afinal de contas, Marina saiu do governo porque não conseguiu convencer Lula de que a questão do meio ambiente é essencial para um crescimento sustentável rumo ao futuro, e um dos principais obstáculos que encontrou pela frente sempre foi a visão desenvolvimentista de Dilma Rousseff.

Não há nenhum razão para que acredite que num futuro governo Dilma a coisa seja diferente.

Por isso a tentativa do PT é para que ela fique neutra na disputa do segundo turno.

Serra pode tirar votos de Dilma especialmente nos estados de São Paulo e Minas Gerais.

No seu estado, embora tenha vencido a eleição que parecia perdida apenas poucos dias atrás, Serra venceu Dilma por cerca de 700 mil votos, o que é pouco para a tradição tucana, que governa o estado há 16 anos e tem pelo menos quatro anos mais pela frente.

Desde 1994 que o PSDB vence a eleição presidencial em São Paulo por uma diferença mínima de 3,5 milhões de votos, e que pode chegar até a 5 milhões de votos. Isso quer dizer que Serra tem entre 3 e 4 milhões de votos para ganhar em São Paulo.

Em Minas, Lula sempre venceu as eleições presidenciais por uma diferença semelhante à que Dilma teve este ano, cerca de 2 milhões de votos.

O ex-governador Aécio Neves, tendo saído da eleição como o grande líder político do estado e do PSDB no país, tem condições para tentar reverter esse quadro, pois tanto em São Paulo quanto em Minas o Partido Verde faz parte da coligação do PSDB local.

Era razoável que no primeiro turno o grupo do governador Aécio Neves não pudesse se empenhar tanto na campanha presidencial, pois a prioridade era mesmo reeleger Antonio Anastasia, e as implicações políticas regionais dificultavam esse trabalho.

A coligação regional abrigava diversos partidos que apoiam o governo Lula e estavam comprometidos com a candidatura de Dilma, e por isso o voto "Dilmasia" teve grande aceitação entre os mineiros.

Mas agora, vencida com êxito esta etapa já no primeiro turno, Aécio está liberado para tentar reverter essa situação.

É claro que o favoritismo de Dilma neste segundo turno está mantido, e, sobretudo, a presença do presidente Lula na campanha fará com que a manutenção da votação que Dilma teve no primeiro turno seja possível, e até mesmo provável.

Mas este será um segundo turno muito diferente de quantos já aconteceram, todos com Lula liderando a disputa.

Inclusive porque Dilma é uma candidata frágil politicamente e despreparada para uma maratona eleitoral como a que terá que continuar enfrentando.

Sobretudo se levarmos em conta que o capa preta do petismo José Dirceu revelou em sua já famosa palestra a sindicalistas baianos que Dilma ainda se ressente do tratamento do câncer linfático e está debilitada fisicamente.

Disse Dirceu a respeito do cancelamento de vários compromissos de campanha nesse primeiro turno: "(...) nossa candidata estava num momento muito difícil, muito cansada, tendo que se dedicar aos programas de televisão. (...) Ela praticamente não foi ao Norte do país, vocês perceberam isso? (...) Porque primeiro nós temos mais de 40 anos de idade, segundo porque ela passou por um câncer. Ela sente muito isso ainda." O presidente Lula continuará comandando a campanha de seu laranja eleitoral, mas deve ter sentido o tranco das urnas, e a tendência é alterar o comportamento neste segundo turno. Ele claramente errou a mão no último mês de campanha, achando que estava tudo decidido, e perdeu a noção da realidade.

O recado maior das urnas é que a sociedade não aceita que, mesmo um presidente tão popular quanto Lula, se sinta dono do país, em condições de fazer o que quer e dizer o que as pessoas devem fazer, de escolher inimigos pessoais para exterminar.

Lula inventou sua criatura eleitoral do nada e corre o risco de inviabilizá-la politicamente se se deixar dominar pela arrogância.

ARNALDO JABOR

O súbito encanto de Marina Silva
Arnaldo Jabor 
O Estado de S.Paulo - 05/10/10


Não, o Palácio de Inverno de São Petersburgo da Rússia em 1917 ainda não será tomado pela onda vermelha.
Não. Agora, o PT vai ter de encarar: estamos num país democrático, cultural e empresarialmente complexo, em que os golpes de marketing, os palanques de mentiras, os ataques violentos à imprensa não bastam para vencer eleições... (Por decência, não posso mostrar aqui os emails de xingamentos e ameaças que recebo por criticar o governo). O Lula vai ter de descobrir que até mesmo seu populismo terá de se modernizar. O povo está muito mais informado, mais online, mais além dos pobres homens do Bolsa-Família, e não bastam charminhos e carismas fáceis, nem paz e amor nem punhos indignados para a população votar. Já sabemos que enquanto não desatracarmos os corpos públicos e privados, que enquanto não acabarem as regras políticas vigentes, nada vai se resolver. Já sabemos que mais de R$ 5 bilhões por ano são pilhados das escolas, hospitais, estradas e nenhum carisma esconde isso para sempre. Já sabemos que administração é mais importante que utopias.

A campanha à que assistimos foi uma campanha de bonecos de si mesmos, em que cada gesto, cada palavra era vetada ou liberada pelos donos da "verdade" midiática. Ninguém acreditava nos sentimentos expressos pelos candidatos. Fernando Barros e Silva disse na Folha uma frase boa: "Dilma parece uma personagem de ficção e Serra a ficção de uma personagem." Na mosca.

Serra. Os erros da campanha do Serra foram inúmeros: a adesão falsa ao Lula, que acabou rindo dele: "O Serra finge que me ama"...

Serra errou muito por autossuficiência (seu defeito principal), demorando muito para se declarar candidato, deixando todo mundo carente e zonzo, como num coito interrompido; Serra demorou para escolher um vice-presidente (com a gafe de dizer que vice bom é o que não aporrinha), fez acusações ligando as Farc à Dilma, esculachou o governo da Bolívia ainda no início, avisou que pode mexer no Banco Central e, quando sentiu que não estava agradando, fez anúncios populistas tardios sobre salário mínimo e aposentados. Nunca vi uma campanha tão desagregada, uma campanha antiga, analógica numa época digital, enlouquecendo cabos eleitorais e amigos, todos de bocas abertas, escancaradas, diante do óbvio que Serra ignorou. Serra não mudou um milímetro os erros de sua campanha de 2002. Como os Bourbon, "não esqueceu nada e não aprendeu nada".

A campanha do primeiro turno resumiu-se a dois narcisismos em luta.

Dilma. Enquanto o Serra surfava em sua autoconfiança suicida, a Dilma, fabricada dos pés ao cabelo, desfilava na certeza de sua vitória, abençoada pelo "Padim Ciço" Lula.

Seus erros foram difíceis de catalogar racionalmente, mas os eleitores perceberam sutilezas na má interpretação da personagem, como atrizes ruins em filmes.

O sorriso sem ânimo, riso esforçado, a busca de uma simpatia que escondesse o nítido temperamento autoritário, suas palavras sem a chama da convicção, ocultando uma outra Dilma que não sabemos quem é, sua postura de vencedora, falando em púlpitos para jornalistas, sua arrogância que só o salto alto permite: ser pelo aborto e depois desmentir, sua união de ateia com evangélicos, a voracidade de militante - tarefeira, para quem tudo vale a pena contra os "burgueses de direita" que são os adversários, os esqueletos da Casa Civil, desde os dossiês contra FHC, passando pela Receita Federal (com Lina Vieira e depois com os invasores de sigilos), sua tentativa de ocultar o grande hipopótamo do Planalto que foi seu braço direito e resolveu montar uma quadrilha familiar. Além disso, os jovens contemporâneos, mesmo aqueles cooptados pelo maniqueísmo lulista, não conseguem votar naquela ostentada simpatia, pois veem com clareza uma careta querendo ser cool.

Marina. Os erros dos dois favoritos acabaram sendo o grande impulso para Marina. No meio de uma programação mecânica de marketing, apareceu um ser vivo: Marina. Isso.

Uma das razões para o segundo turno foi a verdade da verde Marina. Sua voz calma, sua expressão sincera, o visível amor que ela tem pelo povo da floresta e da cidade, tudo isso desconstruiu a imagem de uma candidata fabricada e de um candidato aferrado em certezas de um frio marqueteiro.

Marina tem origem semelhante à do Lula, mas não perdeu a doçura e a fé de vencer pelo bem. Isso passa nas imperceptíveis expressões e gestos, que o público capta.

Agora teremos um segundo turno e talvez vejamos um PSDB fortalecido pela súbita e inesperada virada. Desta vez, o partido terá de ser oposição, se defendendo e não desagregado como foi no primeiro turno, onde se esconderam todos os grandes feitos do próprio PSDB, durante o governo de FHC.

Desde 2002, convencionou-se (Quem? Por quê?) que o Lula não podia ser atacado e que o FHC não poderia ser mencionado. Diante dessa atitude, vimos o Lula, sua clone e seus militantes se apropriarem descaradamente de todas as reformas essenciais que o governo anterior fez e que possibilitaram o sucesso econômico do governo Lula, que cantou de galo até no Financial Times, assumindo a estabilização de nossa economia. E os gringos, desinformados, acreditam.

Além disso, com "medinho" de desagradar aos "bolsistas da família", ninguém podia expor mentiras e falsos dados que os petistas exibiam gostosamente, com o descaro de revolucionários "puros". Na minha opinião, só chegamos ao segundo turno por conta dos deuses da Sorte. Isso - foi sorte para o Serra e azar para a Dilma.

Ou melhor, duas sortes:

O grande estrago causado pela súbita riqueza da filharada de Erenice, ali, tudo exibido na cara do povo, e o reconhecimento popular do encanto sincero de Marina.

Isso salvou a campanha errática e autossuficiente do José Serra, que apesar de ser um homem sério, competentíssimo, patriota, que conheço e respeito desde a UNE, mas que é das pessoas mais teimosas do mundo.

Duas mulheres pariram o segundo turno. Se ouvir seus pares e amigos, poderá ser o próximo presidente. Se não...

MÔNICA BERGAMO

PESO PESADO
MÔNICA BERGAMO

FOLHA DE SÃO PAULO - 05/10/10

O PMDB comemora internamente a realização de um segundo turno na eleição presidencial. Confiante de que a candidata Dilma Rousseff (PT) manterá o favoritismo, o partido considera que vai se fortalecer na segunda fase da campanha. De acordo com um dirigente partidário, a vitória, no primeiro turno, seria de Lula. No segundo, de toda a "base aliada".

E AGORA, LUIZ?
A pressão sobre o marqueteiro Luiz González, que fez a campanha de José Serra (PSDB), vai aumentar. Dirigentes tucanos criticam o trabalho dele, que pegou Serra com cerca de 40% nas pesquisas e "entregou" com cerca de 33% no dia da eleição. O tucano só foi ao segundo turno porque Marina Silva (PV) cresceu na reta final.

CONVEXO
O PV não conseguia se entender, ontem, nem mesmo sobre o formato da discussão do rumo a seguir no segundo turno. Alfredo Sirkis (PV-RJ), vereador e ex-presidente do partido, defendia que só uma convenção poderia definir a situação -coisa para daqui a 15 dias. Afirmava também que, ainda que o partido declare voto, cada militante, e até Marina Silva, pode, ou não, seguir a orientação. Já Fabio Feldmann (PV-SP), que foi candidato ao governo de SP e é simpático aos tucanos, defendia decisão para esta semana, tomada pelo diretório da legenda.

DEDO DE OURO
O que aconteceria na eleição caso Lula apoiasse José Serra (PSDB) para sucedê-lo?
Uma pesquisa do Ipespe feita para trabalho acadêmico sobre o eleitorado, há uma semana, revela que o placar, então de 49% para Dilma Rousseff (PT) e 26% para o tucano, se inverteria: sem o apoio do presidente, Dilma despencaria para 26% e José Serra, apoiado por Lula, subiria para 43%.

EM CAMPO
Ronaldo, que ofereceu jantar a Serra no primeiro turno, vai agora renovar convite para Dilma. A ideia do craque é reunir a candidata com jogadores para uma "sabatina" sobre esporte. Ele queria fazer isso com Marina também, mas não foi possível compatibilizar as agendas.

PONTO FINAL
A atriz Fernanda Montenegro nega a autoria de uma "carta aberta de temor", atribuída a ela na internet. "Fernanda" se dizia "preocupada" com "políticos mentirosos". "Há uma carta de caráter político circulando pela internet com a minha assinatura. Só pode ser uma brincadeira de alguém desavisado. Não assinei nem passa pela cabeça assinar qualquer pronunciamento político para este ou qualquer outro candidato. Não me levo tão a sério como alguns possam pensar para dar dicas, conselhos ou caminhos a seguir."

AH, BOM!
Agitando bandeirinhas na festa do PSDB, no domingo, o rabino Henry Sobel disse que votou em José Serra (PSDB) para presidente porque é "contra o continuísmo". Mas só no governo federal: em SP, ele acha que não tem problema os tucanos ficarem 20 anos no poder. "O continuísmo de Lula é autoritário. O de Geraldo é qualitativo."

LADO A LADO
Itamar Franco (PPS-MG) tem reencontro marcado com Fernando Collor (PTB-AL), de quem foi vice em 1989. Os dois vão dividir espaço no Senado, para o qual o mineiro foi eleito -e para onde Collor, derrotado ao governo de Alagoas, voltará em janeiro. Eles romperam na época do impeachment.

URNA VAZIA
Gisele Bündchen, que havia declarado apoio a Marina, não votou. Com o título eleitoral em Nova York, ela preferiu viajar a Paris para a semana de moda francesa.

COMPLICADINHO A primeira-dama de São Paulo, Deuzeni Goldman, que foi votar levando os documentos em uma bolsa Chanel, disse que achou "complicadinho" o funcionamento da urna eletrônica. "Alguém mais humilde pode ter dificuldade."

Fotos Greg Salibian/Folhapress

Paola Oliveira

PEQUENOS NO GUARDA-CHUVA
O longa infantil "Eu e Meu Guarda-Chuva", do diretor Toni Vanzolini, teve pré-estreia para convidados no sábado, no Cinemark do shopping Market Place. A atriz Paola Oliveira, que interpreta uma aeromoça no filme, participou do evento. O músico Branco Mello assina a trilha musical da produção, que estreia na sexta.

BAIÃO DE DOIS
Maria Gadú e Caetano Veloso fizeram uma apresentação para convidados do Clube Nextel, na sexta, no Estúdio Burti, em SP. O show marcou o lançamento da turnê que os dois músicos farão pelo país.

CURTO-CIRCUITO

A Cia. Elevador de Teatro Panorâmico estreia na sexta, às 20h30, a peça "Do Jeito que Você Gosta", de William Shakespeare, no Espaço Elevador, na Bela Vista. 12 anos.

A peça "Hell", dirigida por Hector Babenco e protagonizada por Bárbara Paz, tem pré-estreia para convidados hoje, às 20h, no Teatro do Sesi (av. Paulista, 1.313).

O tributarista José Carlos Mota Vergueiro faz palestra hoje, às 19h30, sobre participação nos lucros e resultados das empresas, na Livraria Cultura do shopping Bourbon.

Marcelo Longato inaugura hoje, a partir das 11h, o espaço Ícone Casa, na avenida República do Líbano.

A Ellus e a Paris Filmes promovem hoje a pré-estreia para convidados do filme "The Runaways", às 21h, no shopping Iguatemi. 16 anos.

com DIÓGENES CAMPANHA e LÍGIA MESQUITA

JOSÉ SIMÃO

Ai Jesus! Marina é eco-coque!
JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SÃO PAULO - 05/10/10

Serra vai dizer que acredita em Adão e Eva! E Dilma vai usar adesivo na testa: "Lula é Jesus". Ou vice-versa!


BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O Esculhambador-Geral da República! Socuerro! A Dilma acordou com cara de câimbra! Rarará! Manchete do Sensacionalista: "Tiririca promete inclusão digital: dedão será válido como assinatura". Rarará!
Segundo round: 31 de Outubro. Que é HALLOWEEN! Dragão x Vampiro! Votação: Noite do Terror no Playcenter!
E recado de um eleitor: "Caros candidatos do PV favor recolher seu lixo da minha rua". Recicla e joga na Amazônia! Rarará. E o discurso da Marina? Um amigo me disse que ela tava parecendo a Menina Pastora Louca! Rarará! E atenção!
Caruaru, Pernambuco: um eleitor urinou na urna! É verdade! O cara entrou bêbado, viu aquela cabininha, entrou e urinou na urna. VOTO MIJO! Rarará!
E a Mulher Pêra! Nem ela votou nela mesmo. Perguntaram se ela votou nela. "Claro que não! Acho injusto". Rarará. As mulheres frutas não entraram. As bundas ficaram de fora! Rarará!
E a dona Weslian Roriz? Que esqueceu de confirmar. Aí o mesário chamou: "A senhora tem que confirmar". Ela esqueceu de confirmar porque quem confirma é o marido. Ela aperta e o Roriz confirma! E antes da votação declarou: "Tenho certeza de que vou para o primeiro turno". Os terremotos são medidos pela escala Richter. E os micos são medidos pela escala Weslian!
E aí perguntaram pro Tiririca: "Agora eleito o que você vai fazer de concreto?". E ele: "CIMENTO!". Rarará.
E o Plínio Geriátrico da Breca? O Eramos56 disse que ele vai pro "Jovens Talentos" do Raul Gil. Conseguiu uma cadeira no Raul Gil!
Moral da ereções: a Dilma emPACou, o Serra estacionou e a Marina se vingou! O Serra chamou o Neymar pra derrubar a Dilma. Nada. Chamou a Mulher Melancia pra dar uma bundada e derrubar a Dilma. Nada! Aí vieram os evangélicos e PIMBA!
E agora pra receber o apoio da Marina: Serra e Dilma viram evangélicos. O Serra vai dizer que acredita em Adão e Eva! E a Dilma vai usar um adesivo na testa: "Lula é Jesus". OU VICE-VERSA! Rarará!
E diz que o Tiririca não sabe o que faz um deputado federal. Pior é o Garotinho e o Maluf que sabem muito bem o que faz um deputado federal. E ficamos assim: São Paulo elege o Tiririca, o Rio elege o Romário e o Paraná elege o Ratinho Junior!
E dia 31 de outubro: Halloween. A Dilma vai votar de vassoura. E o Serra vai levantar da cripta. Tamo frito e torrado! Ainda bem que nóis sofre, mas nóis goza!

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE

Novo jingle 
Sonia Racy 

O Estado de S.Paulo - 05/10/2010

Mal foram fechadas as urnas e a equipe de Serra já deu o start nas gravações da propaganda eleitoral voltada para o segundo turno.
Pelo que se assistiu, na Pça. General Enéas Martins Nogueira, bairro do Brooklin, o jingle da campanha será "Serra é gente boa, Serra é do bem", substituindo o "Brasil pode mais". O slogan foi cantado durante a manhã de ontem na praça, repetidamente, por dois atores vestidos de gari. Devidamente enquadrados por duas câmaras, luz e muita ação.

Home, sweet
Ontem, às 7h da manhã, sem nenhum arrependimento de ter tentado o governo do Estado, Paulo Skaf já havia reassumido seu posto na Fiesp. A indústria prefere Dilma ou Serra? "Não há diferenças significativas. A melhor opção é a que o Brasil escolherá."
Ele e Benjamin Steinbruch almoçaram juntos para colocar em dia o que está acontecendo na federação.

Maturidade

Fábio Barbosa, da Febraban, tampouco acredita em grandes mudanças na política econômica ou monetária, seja eleito Serra ou Dilma.

"Tanto assim, que os mercados estão absolutamente tranquilos", afirmou.

Cortisona 2
Surge nova explicação, além da torção do pé, justificando as altas dosagens de cortisona que Dilma está tomando.

Manter a voz.

De longe não dá
Foram as peças que Alexandre Herchcovitch escolheu de NY - onde se encontrava semana passada - para vestir Dilma, que acabaram resultando na quebra de parceria. A candidata voltou para os braços da sua costureira em Porto Alegre.

Sangue quente
A campanha presidencial do PT no primeiro turno rendeu à Justiça Eleitoral 23 ações penais. Todas por crime contra a honra. PSDB, PSOL e PV abriram... Nenhuma.

Apressadinho?
Chamou a atenção na festa do PV, anteontem, a ausência de José Luiz Penna. O clima teria ficado ruim para o presidente nacional do partido após sua declaração dando conta que o PV não ficará neutro no segundo turno. Partidários negam o mal estar dizendo: "Penna deu entrevistas até tarde da noite".

Grande família
Candidatos, parentes de figurões da política, comemoram. Entre os mais votados a deputado federal, estão Ana Arraes, em PE, Renan Filho, em AL, e ACM Neto, na BA. Zeca Dirceu, apesar de preso por boca de urna no PR, também foi eleito. E Liliane Roriz, filha de Weslian e Joaquim Roriz, tem futuro: foi a terceira deputada distrital mais votada em Brasília.

Nããããão
Em meio à eleição, Ronaldo soltou, no twitter, a pergunta: "Vocês acham que eu seria um bom político?" Teve que apagar o incêndio da tonelada de comentários explicando que não pretende assumir a carreira e só quis conhecer opiniões.
Conheceu?

Ladrão barato
Em troca de R$ 200, assessor de Serra negociou a "volta" de seu celular roubado em Campina Grande. Chegou via Sedex.

Só na alegria?
Lula não foi anteontem à festa de Dilma. Sua assessoria explica: o presidente só se exporia se ela tivesse vencido...

Na frente

O nome do 11º ministro do STF, que Lula indicará, terá de oferecer ao Planalto um ativo extra: ser totalmente a favor da Lei da Ficha Limpa. Assim, avalia o governo, ele assume a vaga, vota, desempata e mata de uma vez por todas as pretensões "esperneantes" dos políticos fichas-suja eleitos.

As eleições lotaram os restaurantes de Sampa, domingo, tumultuando o trânsito. Esperou-se mais tempo para estacionar no Rodeio, por exemplo, do que para almoçar.

Mesários, que antigamente ganhavam ticket de R$9,00 para o almoço, tiveram upgrade: R$20,00.

Aloysio Nunes pediu uma semana antes cair na campanha de Serra. Está exausto.
Por essa, Guilherme Leal não esperava. Foi confundido com o ...Tiririca.

Cobertor curto em van de tucanos e aliados, domingo. Jingle, que Kassab mantém em seu celular desde sua campanha de 2008, tocou, sendo reconhecido por Gisele Nunes Ferreira: "Nossaaa eu usava esse jingle até outro dia". Alckmin, presente, olhou para um lado. E o prefeito para o extremo oposto.
Maior vitoriosa do primeiro turno? A margem de erro.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

Santo Antônio pede à Aneel maior potência na usina 
Maria Cristina Frias 

Folha de S.Paulo - 05/10/2010

A Santo Antônio Energia entrou na semana passada com pedido na Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) para ampliar a potência da hidrelétrica, no rio Madeira, em Rondônia, segundo Eduardo de Melo Pinto, presidente da empresa.
A companhia quer aumentar de 44 para 48 turbinas, o que representa um acréscimo de cerca de 160 megawatts na geração de energia.
Representantes das duas hidrelétricas em obras na região, Santo Antônio e Jirau, estiveram reunidos ontem na agência para discutir o aumento de motorização em Santo Antônio.
A Aneel não comentou os resultados do encontro.
A agência já havia autorizado a Santo Antônio a antecipar em um ano o início da geração, antes previsto para dezembro de 2012.
De início, serão colocadas em funcionamento apenas oito das turbinas, segundo a companhia.

SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS

Entre 8% e 10% dos R$ 14 bilhões investidos na usina hidrelétrica Santo Antônio, no Rio Madeira, em Rondônia, vão para compensações ambientais e sociais, segundo Eduardo de Melo Pinto, presidente da companhia.
O valor previsto para a área de sustentabilidade é de R$ 939 milhões, mas pode chegar a R$ 1,2 bilhão, segundo Melo Pinto.
Para realocar cerca de 1.621 famílias da comunidade sob influência do futuro reservatório, serão empregados R$ 300 milhões. No total, serão 556 casas em oito reassentamentos, que terão pasto, cultivo de mandioca, escola, igreja, centro comunitário, casa de farinha e uma pequena central hidrelétrica para gerar energia para iluminar as ruas.
Há ainda projetos de proteção da fauna, da flora e até de achados arqueológicos.
"Toda movimentação de solo têm de ter um arqueólogo", diz Melo Pinto. A companhia chegou a ter 120 arqueólogos na obra, onde foram descobertos 25 sítios arqueológicos.
A empresa contratou também uma pesquisa para saber o que leva parte da comunidade a optar por uma indenização em dinheiro, em vez de uma nova casa.

Pequenas e microempresas faturam R$ 26 bi em agosto em SP

As micro e pequenas empresas do Estado de São Paulo faturaram R$ 26 bilhões em agosto, segundo pesquisa que o Sebrae-SP divulga hoje. O aumento é de 10% ante agosto de 2009.
A entidade atribui a alta ao baixo desempenho do setor no mesmo período do ano passado, devido à crise.
"As MPEs têm acompanhado a trajetória de crescimento da economia brasileira", diz Pedro João Gonçalves, consultor do Sebrae.
Para Joseph Couri, presidente do Simpi (sindicato da micro e pequena indústria de SP), "as empresas que vivem do mercado interno estão bem, mas as que dependem do exterior ainda sofrem por conta do câmbio".
A região que mais cresceu foi o interior (13%), seguido da cidade de São Paulo (9,8%) e da região metropolitana (7,6%). A única região que apresentou queda foi o Grande ABC (-3,4%), que já havia se recuperado antes.
Por setor, o crescimento dos serviços (27,4%) se destacou, ante indústria (12,3%) e comércio (1,9%).
As expectativas dos empresários ficaram estáveis. Mais de 30% dizem acreditar em aumento do faturamento nos próximos seis meses.

Crescimento chinês A rede de ensino de idiomas Wizard vai ampliar sua atuação no mercado chinês com a abertura de três novas unidades até janeiro de 2011. O plano da empresa é contar com cem escolas na China nos próximos cinco anos.

Leite "high-tech" A Itambé investe em tecnologia para se tornar mais competitiva. A empresa vai destinar R$ 12 milhões na substituição de seu sistema de gestão empresarial e em um novo sistema para controle de estoque. A CPM Braxis, de serviços de TI, foi contratada para dar andamento aos projetos.

Negócio... A imobiliária Coelho da Fonseca chegou a Brasília. Foram investidos mais de R$ 3 milhões para montar três escritórios da empresa na capital federal.

...brasiliense A meta da companhia na cidade é negociar, até o final do ano, R$ 800 milhões, em 20 lançamentos de 15 construtoras. Em São Paulo, o objetivo da empresa é terminar 2010 com R$ 2 bilhões em carteira.

Salão... Com cerca de 250 mil imóveis em exposição no Brasil e exterior, o Sisp (Salão Imobiliário São Paulo) realizado entre 23 e 26 de setembro, registrou R$ 650 milhões em vendas. A grande procura se concentrou em imóveis de R$ 120 mil a R$ 300 mil.

...do imóvel Dentre as unidades vendidas, mais de 50 são imóveis no exterior, em especial nos Estados Unidos, que ultrapassaram US$ 52 milhões. O evento recebeu mais de 48 mil visitantes. A Caixa Econômica Federal informou ter negociado cerca de R$ 127 milhões e o Banco do Brasil, R$ 340 milhões.

Expectativa... O ICC (Índice de Confiança do Comércio) do Estado do Rio de Janeiro, que mede a percepção do empresariado em relação à situação econômica do setor, atingiu 138,3 pontos em agosto deste ano, alta de 5,2% ante o mesmo mês de 2009.

...fluminense A confiança do empresário local em relação à situação futura ficou em 159 pontos. A linha de otimismo é de cem pontos.

CONSOLIDAÇÃO NO SEGURO

O grupo XP Investimentos amplia a sua corretora de seguros e negocia a compra de outras empresas.
"O mercado de seguros ainda é muito pulverizado. Estamos em negociação com cinco corretoras de porte médio e devemos fechar alguns negócios até o final do ano", diz Guilherme Benchimol, sócio-fundador da XP Investimentos.
A empresa vai investir R$ 5 milhões na compra de corretoras e mais R$ 4,5 milhões na abertura de escritórios. A meta é incrementar a carteira de clientes.
A expectativa é chegar a 10 mil clientes e 50 filiais no país. Atualmente, são 4.000 clientes e nove filiais.
Hoje, a corretora trabalha com 12 seguradoras e a meta é diminuir esse número para três ou quatro.
"No mercado de seguros, o preço é um diferencial muito importante. Concentrando a operação, teremos preços mais competitivos."

CELSO MING

Ideias mortas 
Celso Ming 

O Estado de S.Paulo - 05/10/2010

Se é verdade que, nesta campanha eleitoral, não existiu debate econômico, como a Coluna de sábado observou, também é verdade que ideias econômicas radicais de esquerda foram agora enterradas por serem consideradas velhas demais ou impraticáveis.

Não dá para dizer que foram enterradas definitivamente, porque defuntos, especialmente se forem ideias, sempre podem ser exumados.

O único candidato à Presidência da República que se comportou como arqueólogo de ideologias do passado foi o simpático Plínio de Arruda Sampaio, que levantou boas risadas das plateias, mas não conseguiu ser levado a sério.

Seu partido, o PSOL, nas eleições presidenciais de 2006 ainda havia arrebatado quase 7% dos votos válidos no primeiro turno, mas desta vez não conseguiu nem 1%. Não dá para dizer que Plínio teve pouca oportunidade para transmitir sua mensagem e para se fazer entender pelo eleitor. Nos debates pela TV não conseguiu aproveitar nem mesmo o espaço que lhe cabia. Algumas vezes entregou sua manifestação bem antes do esgotamento do tempo, passando a impressão de que não tinha muito o que dizer.

Plínio defendeu, por exemplo, o calote da dívida pública, com suspensão do pagamento do principal e dos juros, "para que sobrem recursos para a educação, para a saúde ou para as ferrovias". Essa também havia sido, em 2006, a bandeira do então candidato à Presidência (pelo PSB), Ciro Gomes, que se mirava no exemplo do corte unilateral da dívida argentina. Até hoje, a Argentina permanece no limbo global porque continua com dificuldades para obter financiamento externo. Talvez também em consequência do fracasso argentino, até mesmo Ciro Gomes deixou de assoviar essa música.

Plínio defendeu, ainda, a taxação progressiva das grandes fortunas a partir de patrimônios pessoais e familiares de R$ 2 milhões; a reestatização imediata da Companhia Vale do Rio Doce; a abolição dos contratos de PPPs (Parcerias Público-Privadas), que ele considera "privataria disfarçada"; a expropriação de todo o capital privado na Petrobrás; e a volta do monopólio estatal do petróleo extinto na Constituição de 1988.

Deu total respaldo às invasões de propriedades agrícolas pelos movimentos sociais dos sem-terra e declarou que, se arrebatasse a Presidência, limitaria a extensão da propriedade rural a apenas mil hectares.

Na área trabalhista também foi radical. Avisou que o salário mínimo seria puxado para acima de R$ 2 mil, ou seja, para o nível que o Dieese garante ser o mínimo indispensável para restabelecer o poder aquisitivo de 1940, quando o salário mínimo foi instituído. O direito de greve seria absoluto e alcançaria até mesmo as atividades essenciais. E os funcionários públicos teriam todo o direito de paralisar seus serviços contra qualquer arrocho salarial.

Tais receitas carcomidas, num momento em que o Brasil se consolida como potência emergente e é chamado a participar da coordenação da macroeconomia global no âmbito do Grupo dos 20 (G-20), podem ter sido agora arquivadas.

Coincidência ou não, essas ideias são rejeitadas ou, simplesmente, ignoradas pelo eleitor brasileiro, no momento em que mergulham no crepúsculo administrações econômicas jurássicas, como o regime castrista de Cuba, o do venezuelano Hugo Chávez e, até mesmo, o do equatoriano Rafael Correa. É sinal dos tempos.


Confira
Pedágio em dobro
A partir de hoje, o aplicador estrangeiro em renda fixa vai pagar o dobro, de 2% para 4%, a título de pedágio, cada vez que trouxer dólares para o Brasil. Desta vez, o governo deixou de fora as aplicações em Bolsa, que continuam pagando 2%.

Especulação com juros
O objetivo é claríssimo. O governo quer desestimular apenas as operações de especulação com juros (arbitragem com juros, ou carry-trade). De janeiro a agosto deste ano, a entrada líquida de recursos em renda fixa atingiu US$ 19,9 bilhões.

Tendência mantida
Na prática, a aplicação fica muito mais cara para o aplicador estrangeiro que, assim, provavelmente desistirá desse tipo de operação. No entanto, é improvável que apenas essa decisão seja suficiente para reverter a atual tendência de baixa do câmbio. Por alguns dias, pode acusar alta do dólar, mas as cotações deverão voltar a baixar em consequência da forte entrada de moeda estrangeira sob outras rubricas.

ANCELMO GÓIS

Questão religiosa 
Ancelmo Góis 

O Globo - 05/10/2010 

Ontem, no QG de Lula/Dilma, a preocupação era com o tema aborto e a necessidade de a petista se aproximar mais da classe média

Zico atacaZico, por intermédio do advogado Nilo Batista, está entrando com ação na Justiça contra o presidente do Conselho Fiscal do Flamengo, o Capitão Léo.

Figura polêmica no clube, o Capitão denunciou supostas irregularidades na parceria entre o rubro-negro e o CFZ, clube fundado pelo querido ex-atleta.

Mulher laranjaNos mapas com o resultado final da votação para deputados, impressiona o número de candidatas mulheres sem voto.

Num tal de PTdoB, no Rio, 25 mulheres não tiveram um único voto — nem o delas próprias.

Como a lei obriga os partidos a darem cerca de 30% das vagas para mulheres, há legendas que incluem candidatas “laranjas”.

Às vezes, a escolhida é a secretária do dirigente do partido.

Mulheres de fora...José Eustáquio Diniz Alves, do IBGE, diz que, embora dois terços do eleitorado tenham votado em Dilma e Marina, a participação feminina no Congresso, nesta eleição, é um vexame: no Senado, cresceu de dez para 11; na Câmara, caiu de 45 para 43.

Acredite: 134 parlamentos no mundo — o do Afeganistão, inclusive — têm mais mulheres que o do Brasil.

O amor é lindoChico Buarque está com namorada nova.

E bota nova nisso...Celular da madame

Sábado à noite, no Theatro Municipal do Rio, o pianista Brad Mehldau tocava “Samba e amor”, de Chico Buarque, no bis, quando foi interrompido por toques seguidos de três celulares.

O músico norte-americano se levantou e foi embora.

Deputado Jean
O baiano Jean Wyllys, deputado federal eleito pelo PSOL do Rio, proibiu seus correligionários, na campanha, de explorarem sua participação no “Big Brother” e sua opção sexual.

Com o apoio de Caetano Veloso, Jean teve 13 mil votos e só se elegeu na carona de Chico Alencar, que recebeu 240 mil.

Os votos de MarinaPesquisa do MídiaMonitor nas chamadas mídias sociais na internet dá uma medida de como o eleitor de Marina vai se comportar no segundo turno.

Das 21h de domingo às 15h30m de ontem, foram coletadas 45.215 menções à candidatado PV na rede (96%oriundas do Twitter).

Segue...Deste total, 20.423 (45%) se dividiam em três opiniões.

A saber: 46% agora vão de Serra; 26%, de Dilma; e 28% devem votar nulo ou em branco

Caso reaberto
Cláudio Soares Lopes, procuradorgeral de Justiça, mandou reabrir o inquérito policial que investigou supostos maus-tratos praticados contra Joanna Marcenal Marins por seu pai, o serventuário André Marins, em outubro de 2007. A menina morreu em agosto deste ano.

Quem pediu o arquivamento do inquérito policial foi a promotora Elisa Pittaro

Bilhete ÚnicoEduardo Paes vai adiar para 6 de novembro a implantação do Bilhete Único no Rio.

O motivo é o segundo turno, dia 31 de outubro.

Rua de pedestresA Rua do Lavradio, no trecho entre Visconde do Rio Branco e do Senado, na Lapa, no Rio, será fechada de vez para pedestres.

Hoje, só entram táxis e utilitários de carga e descarga. A ideia do subprefeito Thiago Barcellos é pôr cadeiras e mesas nas calçadas e padronizar os toldos dos estabelecimento

No mais ILuciano Huck contou no Twitter que, domingo, votou em candidatos de cinco partidos: PSDB, PT, PMDB, DEM e PSOL.

Isto ocorreu com muita gente e mostra a falência do sistema partidário brasileiro

No mais IIDe Tavito Carvalho, o compositor parceiro de Zé Rodrix em “Casa no campo”, entre outros sucessos, no Facebook, o site de relacionamentos: — O Brasil é gozado. Para tirar passaporte e fazer concurso público, precisa de título de eleitor. Para votar, não.

ALDO FORNAZIERI

Uma dura lição para o PT
Aldo Fornazieri 
O Estado de S.Paulo - 05/10/10


Como o processo eleitoral ainda não terminou, o resultado do primeiro turno permite afirmar que o PT saiu dele com uma derrota relativa: não alcançou seu principal objetivo, que era o de eleger Dilma Rousseff sem a necessidade de um segundo turno. De quebra, a oposição saiu fortalecida nas disputas estaduais, com quatro governadores eleitos pelo PSDB e dois pelo DEM. O PSDB manteve os seus dois principais baluartes: São Paulo e Minas Gerais; e o DEM não foi extirpado da política brasileira. A conquista do Paraná foi contrabalançada pela perda do Rio Grande do Sul.

O novo fracasso do PT nos dois principais colégios eleitorais do País revela duas coisas: em Minas houve um enorme erro de estratégia com o não lançamento de uma candidatura própria. Em São Paulo o PT precisa mudar de rumos e apostar em novas lideranças. Com a vitória de Tarso Genro no primeiro turno, o eixo de poder no PT passa por fora do Sudeste.

O resultado final em 18 Estados, com 4 governadores do PMDB, 4 do PT, 3 do PSB e um do PMN, mostra um quadro de equilíbrio entre governo e oposição, o que é salutar para a democracia, já que impede um hegemonismo desequilibrador de uma sigla. A oposição fugiu do apocalipse que se anunciava, é verdade. Mas terá de se reconstruir, pois PSDB e DEM são partidos fragmentos, sem base social e sem eixos programáticos claros, capazes de lhes conferir identidade e sentido.

Marina Silva foi a grande vencedora do primeiro turno. Ganha força para negociar uma agenda com um dos candidatos - Dilma ou José Serra. Um purismo olímpico de Marina neste momento representaria um não dar consequência à sua expressiva votação.

Serra vai para o segundo turno não por méritos próprios, mas graças ao desempenho de Marina. O que ele ganhou é uma oportunidade de se reabilitar, de reconstruir sua credibilidade, de apresentar uma agenda para o Brasil, pois a sua campanha no primeiro turno foi sofrível, errática e sem foco. O segundo turno, de qualquer forma, recoloca em cena aquilo que se previa no início do processo eleitoral: uma campanha dura e polarizada entre Dilma e Serra. Naquele momento se esperava até mesmo que Serra pudesse chegar à frente de Dilma no primeiro turno.

Dilma fez uma campanha centrada nas realizações do governo, mas também deficitária em termos de agenda futura. O que mais pesou para o seu recuo na reta final, e a ascensão de Marina, foram a tradicional arrogância petista, ancorada numa sede desmedida de poder, e a insistência em não aprender com os erros do passado. Três erros graves da campanha governista determinaram o segundo turno.

O primeiro erro foi o escândalo envolvendo Erenice Guerra. Alegar desconhecimento do tráfico de influência na Casa Civil é absolutamente insustentável, pois o governo dispõe da Abin, da Política Federal e de outros órgãos de controle interno para saber o que se passa no alto escalão governamental e no seu entorno. O que o episódio Erenice demonstra é que o PT e o governo abandonaram os cuidados necessários com o tema da moralidade pública, acreditando que o poder é uma espécie de salvo-conduto para práticas antirrepublicanas. Na verdade, desde que chegou ao poder, o PT foi enfraquecendo sua vértebra republicana, caminhando para a vala comum dos outros partidos nesse quesito. Não é raro ouvir de militantes petistas a tese de que sem essas práticas não se governa. O que a evidência tem demonstrado é que a assimilação dessas teses e dessas práticas representa muito mais risco do que benefício político, além de uma descaracterização em termos de valores republicanos.

O segundo erro, na reta final da campanha, consistiu em morder a isca, pisar na casca de banana jogada pelos adversários. Os petistas - presidente Lula à frente - passaram a atacar a imprensa, abrindo o flanco para que proliferassem acusações de antidemocratismo e para que se publicassem manifestos em defesa da liberdade de expressão, reanimando o medo que é tônica nas campanhas desde 1989, quando Lula chegou perto da vitória. O próprio presidente parece ter-se esquecido de que o que ganha votos são mensagens positivas, simplicidade e um estilo "Lulinha paz e amor".

O terceiro erro foi em torno do polêmico tema do aborto. Inicialmente, documentos do PT o declararam a favor do aborto. Dilma manteve uma posição ambígua sobre o assunto até que, na véspera das eleições, no contexto de perda de votos por causa das dúvidas sobre sua posição, ela se manifestou contra o aborto. Mas já era tarde. Aqui também há uma falta de aprendizado com a História. Temas morais, altamente sensíveis para a maioria das pessoas comuns, merecem todo o cuidado no trato dispensado por candidatos majoritários. Um presidente da República deve ser o símbolo da unidade da Nação. Os temas morais polêmicos devem ficar no âmbito do Legislativo.

Dilma e Serra precisam extrair uma bela lição da campanha de Marina. Não são apenas cimento, ferro, estradas e obras que rendem votos. O "eu fiz" ou "fiz mais" também não resolve tudo. Uma campanha para a Presidência precisa irradiar valores vinculantes, uma perspectiva de civilização. Os dois candidatos mais votados pouco falaram de valores.

Uma eleição presidencial é também uma promessa de futuro, uma visão de destino que a sociedade quer e precisa se dar. O futuro não se define apenas no factível em termos de obras, mas também na regulação social pelo metro dos valores. A política é um dos fatores sociais nos quais os indivíduos querem encontrar uma razão de vida. A política é a atividade que consegue configurar de forma mais abrangente um sentido de pertencimento a uma comunidade de destino. Uma disputa presidencial apartada de valores e de sentido civilizador perde a sua razão principal de ser.

DIRETOR ACADÊMICO DA FUNDAÇÃO ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLÍTICA DE SÃO PAULO (FESPSP)

ILIMAR FRANCO

O PV e Marina 
Ilimar Franco 

O Globo - 05/10/2010

Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) querem o apoio de Marina Silva (PV) no segundo turno. Os tucanos apostam em suas boas relações com o presidente do PV, José Luiz Penna, e Fernando Gabeira para seduzi-la. Os petistas confiam na relação política e pessoal dos irmãos Tião e Jorge Viana, eleitos governador e senador no Acre. Sob pressão, o objetivo do PV é manter sua coesão para capitalizar os 19 mihões de votos que obteve.

Dedicação exclusiva de Lula à campanha
O governador Cid Gomes (PSB-CE) foi muito aplaudido, ontem, na reunião para traçar a estratégia da candidatura Dilma Rousseff para o segundo turno. Ele defendeu, com apoio do governador Marcelo Déda (PT-SE), que o presidente Lula se licencie do cargo nos 15 dias finais da campanha.

Cid sugeriu que Lula e Dilma fizessem agendas separadas.

E que o presidente fosse a três estados por dia pedir votos para Dilma. Já o governador Sérgio Cabral (PMDBRJ) apresentou sua receita de conduta para o segundo turno: humildade, pé no chão, serenidade, paciência, simpatia, não aceitar provocação e evitar atritos com a imprensa.

O tempo não é o tempo aflito dos que ficaram na pugna. Vamos decidir no tempo do PV” — José Luiz Penna, presidente do PV e deputado federal eleito (SP)

O SUCESSOR? No encontro entre o presidente Lula e o governador Sérgio Cabral, ontem, no Palácio do Planalto, muita descontração.

Lula fez questão de chamar o vice Luiz Fernando Pezão para sair junto na foto, ao lado dele e do governador reeleito. Ao chamar Pezão, o presidente Lula saiu-se com esta: “Vem cá tirar foto com a gente, porque a gente tem muitos planos para você no futuro.” Os três se desmancharam em risos.

Terrorismo
O segundo turno da eleição presidencial será no meio de um feriadão, o de Finados. Muitos eleitores serão tentados a viajar. Em 2006, no primeiro turno a abstenção foi de 21 milhões, pulando no segundo turno para 23,9 milhões.

Nova formaCom mais tempo de propaganda na TV, o publicitário Luiz Gonzalez quer três dias da semana para gravar com José Serra. Ele argumenta que não dá mais para Serra gravar cansado, na madrugada, na volta das viagens, como até agora

Luiz Henrique fez barba, cabelo e bigode
O ex-governador Luiz Henrique (SC), senador eleito, ganhou tudo nestas eleições em Santa Catarina. Ele impôs o apoio do PMDB ao DEM, elegeu Raimundo Colombo (DEM) governador e Paulo Bauer (PSDB) senador, fez a maioria na Câmara e na Assembleia Legislativa e garantiu a vitória de José Serra. Os especialistas locais explicam que, além de ter voto, Luiz Henrique é um grande articulador político

PT e PMDB selam acordo
As direções do PT e do PMDB decidiram que não vão tratar das eleições para a presidência da Câmara dos Deputados antes do segundo turno das eleições presidenciais. Os petistas elegeram uma bancada maior, 88, mas o PMDB, com 79, também almeja o cargo.

Ontem, eles sentaram e chegaram à conclusão de que qualquer articulação agora poderia desagregar a base parlamentar aliada e os esforços para fazer Dilma Rousseff vencer o segundo turno.

NO QG DO PT se dizia ontem: o segundo turno vai deixar mais nítido o confronto de projetos, o eleitor vai decidir entre a continuidade do governo Lula ou a volta do governo Fernando Henrique Cardoso.

NO QG DO PSDB se dizia ontem: o segundo turno vai colocar em evidência o confronto de biografias, quando o presidente Lula vai ter de se conter, para não parecer que tutela sua candidata.

O PP quer o apoio do presidente Lula e de Dilma para Neudo Campos, no segundo turno, para o governo em Roraima. O adversário é tucano.

LUIZ GARCIA

Modos e costumes
LUIZ GARCIA
O GLOBO - 05/10/10
Em tese e em princípio, os onze ministros do Supremo Tribunal Federal são os guardiões da Constituição Federal, e os 33 ministros do Superior Tribunal de Justiça zelam pelas leis federais.

Parece uma razoável distribuição de tarefas. Na prática, há um probleminha: a Constituição brasileira é extremamente minuciosa e cuida de assuntos e questões que em outros países são tratados apenas nas camadas inferiores da legislação. Isso explica a montanha de processos que batem no Supremo e dormem meses ou anos nas mesas dos ministros, que simplesmente não têm tempo para lhes dar decisões num prazo razoável. E Justiça lenta é Justiça ruim — culpa do sistema e não dos coitados dos juristas.

Os ministros do STF têm direito de morrer de inveja, por exemplo, dos seus equivalentes na Suprema Corte dos Estados Unidos. Os supremos americanos são apenas sete, e têm vida mansa. Pouco importa a quantidade de processos que chegam às suas mãos: têm a prerrogativa de decidir quais deles envolvem a necessidade de uma inédita interpretação da Constituição americana. O resto vai direto para o lixo.

Aqui, apesar da existência da instância superior abaixo da suprema — o que soa esquisito e para muita gente é mesmo esquisitíssimo — a última instância do Judiciário é lenta além da conta, sem culpa de ninguém.

No caso da Lei da Ficha Limpa, no entanto, o STF poderia ter eliminado todas as dúvidas sobre a sua vigência antes da votação de domingo passado. Mas a sessão em que o assunto seria decidido terminou empatada. O autor do recurso a respeito, Joaquim Roriz, achou mais seguro desistir da candidatura a governador de Brasília em benefício da esposa — o que lhe permitiria governar do mesmo jeito — e o tribunal perdeu a oportunidade de consagrar definitivamente a lei. Não quer dizer que esteja ameaçada, mas sempre seria mais tranquilizador já existir o aval do STF para a primeira iniciativa legislativa importante praticamente imposta aos políticos e aos poderes da República pela vontade expressa da opinião pública.

Os ministros do Supremo, é bom lembrar, não estavam decidindo sobre o conteúdo da lei, e sim apenas sobre o início de sua vigência. De qualquer maneira, perderam uma boa oportunidade de se associarem de alguma maneira à luta pela moralização do sistema eleitoral e, como consequência bastante provável, de modos e costumes na política brasileira.

MÍRIAM LEITÃO

Nova rodada 
Míriam Leitão
O GLOBO - 05/10/10


Obrigada, Marina, por ter dado ao Brasil mais uma chance de discutir e pensar; por ter mostrado que um presidente, mesmo popular, não garante a eleição em primeiro turno; por ter tornado a conversa mais inteligente com seus semitons, entre o vermelho e o azul; por ter elevado a agenda ambiental ao ponto de encontro de outros grandes temas nacionais.

Obrigada pela alegria do discurso em que comemorou os resultados eleitorais que não a levaram para o segundo turno. Foi uma aula de política, num país onde a política anda tão deseducada.

Por ter lembrado a questão mais fundamental em qualquer democracia: o eleitor é dono do seu voto. E por ter alertado os dois candidatos que continuam na disputa, Dilma Rousseff e José Serra, que eles têm agora um privilégio e uma responsabilidade.

Marina foi o estuário onde desaguaram vários tipos de votos: os descontentes, os fiéis, os esperançosos.

Esse grupo, com sua diversidade, vai decidir a eleição.

Certamente vai se dividir, não irá todo para um lado só, porque é da natureza desse grupo a inquietação com o automatismo, com o comando único, com as certezas prévias.

José Serra tem um caminho maior a andar se quiser ganhar a eleição, mas deve lembrar que o bom momento econômico atual é mais uma etapa dos ganhos dos últimos 16 anos.

Esses avanços nasceram na estabilização monetária, vitória do grupo político ao qual Serra pertence, da qual ele pouco fala.

Dilma Rousseff, se quiser transformar seu favoritismo em vitória, terá que aprender algumas lições com Marina. Primeiro, a humildade; segundo, a ser natural e não um produto do marketing político; terceiro, entender afinal do que Marina está falando quando se refere à conciliação entre economia e ecologia. Esse talvez seja o desafio mais difícil para quem, como Dilma, acredita no modelo de obras dos anos 70.

Marina deu uma lição também aos analistas que tantas vezes disseram que ela era a candidata de uma nota só. E a lição é que o desafio ambiental e climático não é um modismo, um nicho, uma nota. É o pano de fundo de qualquer proposta verdadeiramente desenvolvimentista.

O verde de anos atrás defendia espécies ameaçadas. Elas continuam precisando de proteção, mas o verde hoje tem urgências mais amplas.

Mudou de patamar. Nenhum planejamento estratégico em empresas, organizações, países pode ignorar essa questão. É uma nova lógica à qual todos os outros projetos - da logística à reforma tributária, da educação ao planejamento urbano, da energia ao financiamento público - têm que se adaptar. É isso ou não ter futuro. Simples assim.

Essa eleição deixou muitas lições. Primeiro, que pesquisa é pesquisa e urna é urna. Segundo, que é preciso rever também a certeza de que um candidato com menos de um minuto e meio de televisão, um partido pequeno e sem capilaridade não é competitivo. Terceiro, que o Brasil é plural e desafiador.

Aécio Neves deu uma imensa demonstração de força em Minas Gerais, mas, em Belo Horizonte, Marina teve mais votos para presidente, e, no estado, a vencedora foi Dilma Rousseff. Aécio tem que ir além do esforço pelo seu grupo. O Rio Grande do Sul elegeu Tarso Genro no primeiro turno, mas deu mais votos para presidente a José Serra. Tarso tem o mesmo desafio de Aécio. O Distrito Federal, que deu à Marina o primeiro lugar para presidente, levou a espantosa mulher de Roriz para o segundo turno. O DF tem ainda a marca do atraso clientelista. Mesmo com sua altíssima popularidade, 70 comícios e a máquina pública, o presidente Lula não conseguiu eleger Dilma no primeiro turno e perdeu nos dois maiores colégios eleitorais do país. O PMDB, nunca competitivo para a Presidência, continua a maior força no Senado, mas encolheu na Câmara. Há outras forças políticas, mas a bancada do PR puxada por Tiririca e Garotinho é um sinal de que a representação política pode sempre ficar pior.

O olhar atento revela que nenhuma generalização é possível e que o quebra-cabeças que sai da urna é mais matizado do que o previsto.

Os institutos de pesquisa precisam renovar suas amostras e metodologias.

Mesmo os mais eficientes erraram muito. E o erro não é neutro, ele produz fatos políticos. Qual é a influência de semanas a fios de pesquisas repetindo que Dilma ganharia no primeiro turno, Serra estava em queda ou estagnado, e Marina mal saía dos 10%? A explicação universal de que pesquisa é apenas uma fotografia é insuficiente.

O cientista político Jairo Nicolau lembrou no seu blog Eleições em Dados que, na Inglaterra, quando os institutos previram vitória trabalhista e deu o conservador John Major, em 1992, eles montaram uma força-tarefa para entender os erros.

Dilma está mais perto de pôr a mão na taça do que Serra. Isso é até matemático.

Mas a candidata governista falou num tom de desalento, de forma burocrática, cercada de homens abatidos. Ao contrário de Serra e Marina que falaram cercados por suas militâncias.

Os próximos 26 dias serão intensos. Mas a pessoa que for eleita poderá agradecer a Marina Silva: sairá mais legitimada após essa segunda chance

RENATA LO PRETE - PAINEL DA FOLHA

Está escrito
RENATA LO PRETE
FOLHA DE SÃO PAULO - 05/10/10

Aliados de Marina Silva que, como a candidata, preferem a "neutralidade" no segundo turno, evocam resolução aprovada pela Executiva do PV antes da campanha para driblar o assédio de Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) -este mais ativo por ora.

Seja qual for o caminho escolhido por Marina, o texto delega a correntes minoritárias a orientação de filiados, que ficariam liberados a agir de acordo com as peculiaridades regionais. Ciente de que uma aliança formal é improvável, o PT tenta restabelecer conexão com os "marineiros" apenas para preservar a equidistância da senadora. O partido sabe que, em praças como São Paulo, será difícil evitar o acerto PV-PSDB.

Expedição Além do presidente do PT, José Eduardo Dutra, a campanha de Dilma Rousseff escalou Binho Marques, governador do Acre, e os irmãos Tião e Jorge Viana para tentar construir uma ponte com Marina.

Vermelho... Ainda que a senadora vá, tudo indica, abster-se de apoiar Dilma ou Serra, quem a conhece bem acredita que, na solidão da cabine, suas raízes falarão mais alto, e ela votará 13.

...e azul Ao mesmo tempo, os "marineiros" mais próximos estão convencidos de que o vice Guilherme Leal, também sem declarar apoio, votará em Serra. A inclinação do presidente da Natura seria a mesma de outros empresários da campanha.

Pêndulo Aliados que estiveram no evento promovido por Lula no day-after do primeiro turno, em 2006, e repetiram o ritual com Dilma avaliam que a reunião de ontem, à diferença da anterior, sugeriu menos força do que fragilidade da candidatura.

Sutileza Com cuidado, Sérgio Cabral (PMDB-RJ) opinou, na reunião, que a hora é de "baixar o queixo".

O criador No grupo próximo de Dilma, há quem tema que a campanha aumente a aposta na presença de Lula na TV e nas ruas e diminua a estatura da candidata.

No crédito No balanço dos tucanos, Geraldo Alckmin já fez por José Serra, em 2010, muito mais do que Serra fez por ele em 2006 -para não falar no trauma da eleição paulistana de 2008.

Feriadão O PSDB se preocupa com a possibilidade de abstenção maior no segundo turno: a votação, em 31 de outubro, ocorrerá no meio do feriado prolongado de Finados. Para parte do funcionalismo, a folga será ainda maior: dia 28 é Dia do Servidor e ponto facultativo na maioria das repartições.

Ritmo Se os resultados do primeiro turno tivessem sido proclamados ontem, a campanha de TV poderia recomeçar já amanhã. Como o presidente do TSE, Ricardo Lewandowski, tende a fazer a proclamação apenas amanhã à noite, a propaganda deve ser reiniciada somente na manhã de sábado.

Equipe Serra reforçará a equipe com pessoas de sua confiança, como o deputado Osmar Terra (PMDB-RS).

Ruínas Edmar Moreira (PR-MG), o deputado do castelo, não se reelegeu.

Turbulento A despeito da campanha vistosa, Marcelo Sereno, escudeiro de José Dirceu na Casa Civil e personagem de encrencas no primeiro mandato de Lula, conseguiu apenas a terceira suplência da bancada de federais do PT do Rio de Janeiro.

Swap Duplo naufrágio no PT-MT: o deputado Carlos Abicalil, que retirou de Serys Slhessarenko a legenda para concorrer ao Senado, pereceu nas urnas. A senadora, partiu para a disputa pela Câmara, também rodou.

com LETÍCIA SANDER e FABIO ZAMBELI



Tiroteio

"Mercadante finalmente entendeu a diferença entre reprovação automática, obtida por ele nas urnas, e progressão continuada, conferida pelo eleitor ao PSDB em São Paulo."

DE BRUNO COVAS (PSDB-SP), deputado estadual reeleito, comentando o resultado da eleição à luz de críticas feitas pelo petista durante a campanha.

Contraponto

Par ou ímpar


Na noite de sábado, véspera da eleição, Jutahy Magalhães foi jantar com a família no Soho, restaurante japonês de Salvador, e lá encontrou João Santana, o marqueteiro de Dilma Rousseff. O deputado tucano, um dos políticos mais próximos do candidato José Serra, brincou com seu velho conhecido:

-Desculpe, João, mas teremos de adiar suas férias...

-Pois eu aposto que não haverá segundo turno.

-Não vou apostar nada, não. Mas que você vai ter de trabalhar mais um mês, isso vai!