quarta-feira, setembro 29, 2010

BANDIDO VOTA EM DILMA PARA MANTER ESQUEMA DE CORRUPÇÃO



RENAN CALHEIROS
ESSE BANDIDO VOTA EM DILMA
DILMA PEDE VOTO PARA ESSE BANDIDO

SEU VOTO PODE BARRAR ESTES CANALHAS!

ROBERTO DaMATTA

Notas de um marciano
Roberto DaMatta
O Globo - 29/09/2010

Cheguei ontem à região tropical da Terra. Curiosamente, o planeta é recortado num conjunto do que eles chamam de países: agrupamentos com histórias ridiculamente parecidas, encapsulados por territórios vistos como autônomos, dotados de leis próprias e norteados por um dogma chamado de soberania. Diferentemente de nós que nos sabemos ligados a todos os seres vivos e a todo o universo, pois nele estamos e a ele retornamos depois dos nossos bem vividos 500 anos com vida sexual plena e ativa, eles têm uma aguda consciência do diferente. Embora vizinhos e separados por marcos arbitrários, eles vivem como se fossem estrangeiros. Estão convencidos que são compartimentos coletivos singulares, capazes de praticar e fazer o que quiserem, mas sabem que são parte de um conjunto maior, conforme é claro ao nosso olhar marcianamente distanciado. 

O resultado desta concepção individualista é o constante confronto com o bem-estar geral e coletivo; e um conjunto de dualidades que tem sido a tônica de sua visão de mundo. Pois, para eles, tudo se reduz a oposições do tipo real/ideal, nós/eles, humanidade/animalidade, vida/morte, pobres/ricos... quando - na verdade - sabemos que, quanto mais um lado engloba e recalca o outro, mais esse outro lado retorna assombrosamente fortalecido. Engolfados nessas oposições, os terráqueos tudo pressentem, mas nada podem fazer porque não têm como desmontar o seu sistema e a si mesmos de um golpe. É possível que venham a liquidar-se. De fato, os países que chamam de "mais adiantados" e que consideram superiores são os que mais poluem e destroem e, não obstante, são os que mais exportam o seu modelo de exploração do planeta. Mesmo agora, quando uma consciência planetária os atingiu, eles continuam imitando esse modelo que tem como base uma suposta ilimitada riqueza do que enganadoramente chamam de "natureza". Ademais, começam igualmente a descobrir que tudo tem relação com tudo, pois deles é uma coisa única e milagrosa: o seu planeta é vivo. Nele, conforme observamos há milênios com a nossa marciana inveja, tudo tem um ciclo e esses ciclos vitais se entrelaçam em circuitos complexos, de modo que há sempre um jogo milagroso e comovente entre a vida e a morte. 

Ao chegar num país em forma de presunto, chamado Brasil, observo que estão em tempos eleitorais. Curioso que nem o presidente desta república tenta agir como árbitro, muito pelo contrário, sua visão é primariamente partidária, apaixonada e totalmente centrada no desejo de vencer a eleição a qualquer preço. O que ele aceita na vida (perder e ganhar) ele não aceita na Presidência. Li sua furiosa entrevista no meu computador telepático e fiquei estarrecido porque ele fala do papel dos jornais no Brasil, mas todo mundo sabe que ele próprio não lê. Pior: diz que tem azia quando lê algum jornal. Dei um giro pelo país e constatei que, mesmo tendo proclamado uma república em 1889, os brasileiros ainda não têm noção do que seja uma sociedade democrática. Pois confundem individualismo com egoísmo, e egoísmo com altruísmo. Assim, fazem suas falcatruas em nome do que chamam de "povo"; e mesmo tendo uma visão partidária exclusiva e um tanto fascistoide, a faceta pessoal de suas vidas - seus laços com parentes e amigos - está sempre pronta a vir à tona nas situações nas quais bens coletivos estejam em jogo. Por isso, os brasileiros adoram "coisas públicas", espaços públicos e, acima de tudo, dinheiro público, que para eles pode ser apropriado como se não fosse de ninguém. Como tiveram escravos até um ano antes de proclamarem a república, tudo o que é público é da elite política. O processo eleitoral mostra isso claramente, pois os candidatos não apresentam programas, mas rezam ladainhas e repetem fórmulas mágicas denominadas "promessas eleitorais". Meros engodos para que o candidato seja eleito. Na realidade, hoje em dia eles não têm representantes, mas mediadores - ou padrinhos. Candidatos cuja distinção (como a dos santos) é o acesso que teriam ao presidente, tomado como um Deus nesta terra cheia de papagaios da espécie galvão. 

Quando estava de partida, assisti a um evento notável. Uma reunião de sua Corte Suprema discutindo um projeto de lei que existe em toda e qualquer sociedade civilizada. Trata-se de uma regra que impediria ladrões e corruptos de serem candidatos a cargos públicos e usarem a legislação nacional que lhes permite escapar de tudo em nome de imunidade política definida com má-fé. Fiquei alarmado porque, mesmo diante da obviedade da causa, os magistrados se dividiram. Metade apoiava a lei; uma outra, arguia filigranas legais contra ela. Discutiram por mais de dez horas. Não conseguiram decidir. Repetiram, reiteraram e reafirmaram o que foi chamado de "dilema brasileiro" por um tal de DaMatta, dos mais medíocres estudiosos locais. Aquela indecisão estrutural constitutiva do Brasil que até hoje o faz oscilar entre seguir o caminho da igualdade ou o da aristocracia e da desigualdade. A via habitual que garante aos superiores não cumprir as leis. Devo ainda chamar atenção para... 

[A essa altura, leitor, eu perdi a comunicação mediúnica com o espírito desse marciano. Sinto muito, mas aqui fico com a depressão e a indignação de um velho brasileiro.

DORA KRAMER

De Severino a Tiririca
DORA KRAMER
O ESTADO DE SÃO PAULO - 29/09/10


Ditos políticos não são necessariamente sábios nem confiáveis. Na maioria são apenas frases bem sacadas que, por traduzirem bem uma determinada situação, acabam tidas como verdades absolutas sem que haja uma preocupação de cotejá-las com a realidade e principalmente com a evolução dos tempos.

Há exceções. Aquelas que começam a circular com jeito de piada, mas terminam por se revelarem legítimas profecias.
Uma delas adapta o velho lema segundo o qual o Congresso seguinte é sempre pior que o anterior e tornou-se bordão do deputado Luís Eduardo Magalhães - promessa política interrompida por um enfarte fatal em 1998.
“Não há a menor chance de melhorar”, repetia Luís Eduardo, mal entrado nos 40 anos (morreu aos 43), com uma sagacidade de Matusalém.
De fato, em 2011 pelo que se vê nas projeções das eleições parlamentares, sobretudo para a Câmara dos Deputados, não há a menor chance de melhorar a atuação do Poder Legislativo, cuja desmoralização gradativa ganhou especial velocidade nos últimos anos. 
Mais exatamente na última década, a primeira do século 21.
Não que antes o Congresso fosse composto apenas de flores que se cheirassem. O último bom momento mesmo foi há mais de 20 anos, na Assembleia Nacional Constituinte.
Na CPI do PC e depois no processo de impeachment de Fernando Collor houve muito de oportunismo em jogo. Com aquelas acusações (graves), o então presidente poderia muito bem ter se sustentado no poder caso não fosse um analfabeto político e tivesse metade das habilidades do governo atual para enfrentar acusações (gravíssimas).
Até na Constituinte houve a notória instituição oficial do fisiologismo (“é dando que se recebe”) deslavado como instrumento fiador da “governabilidade”.
Mas a derrocada mesmo, a perda total do respeito, uma espécie queima de vestes em praça pública começou no Senado em 2000, quando Jader Barbalho e Antônio Carlos Magalhães (pai de Luís Eduardo) pela primeira vez disseram umas verdades um ao outro da tribuna e com transmissão direta pela TV Senado.
Os dois trocaram desaforos nunca vistos naquele ambiente tido por Darcy Ribeiro como o paraíso na Terra.
Foi um choque. Depois disso, nunca mais um senador eleito passou incólume sem escândalos - salvo os eleitos temporariamente, escolhidos exatamente por causa dos escândalos - o mandato inteiro.
A começar por Jader, que, eleito depois da briga com ACM (também presidente), precisou renunciar por causa de denúncias de corrupção. 
Na Câmara é difícil estabelecer um marco, tantos são os casos, mas a eleição de Severino Cavalcanti no início de 2005 para a presidência da Casa é o mais impressionante.
Assinala o início do império do baixo clero, da era dos líderes de bancada desconhecidos, da cessão de destaque e postos importantes a deputados mais conhecidos pelas atividades extracurriculares, da transformação do Legislativo num ambiente de quinta em que perderam espaço os que têm vocação política.
Sim, há uma diferença entre aqueles cujo negócio é a política e os que transformam a política num bom negócio. Estes é que passaram a dar as cartas.
Muitos voltarão. A eles vão se juntar os arrivistas, os oportunistas, os famosos e mais a estrela de todos com a expectativa de se eleger com 1 milhão de votos: o rapaz chamado Tiririca, que aluga sua ignorância para espertalhões que se valem da estupidez de milhares que, se achando espertos, são feitos de bobos.
Manobra decorrente de um sistema eleitoral falido, único no mundo e que a nenhum dos partidos, grandes ou pequenos, nunca interessou genuinamente mudar, bem como não parece realmente interessar ao eleitorado renovar os ares que ficarão ainda mais irrespiráveis.
É uma mistura nefasta: de um lado a patifaria e de outro a alienação. A receita perfeita para formação de um Congresso pronto a confirmar o velho lema da piora gradativa do Parlamento e a acrescentar que a sociedade, conivente, anda muito sem moral para reclamar.

ZUENIR VENTURA

Que lição tirar?
Zuenir Ventura
O GLOBO - 29/09/10


Se Dilma Rousseff for eleita presidente da República, como as pesquisas ainda indicam, muitas crenças sobre comportamento e tomada de decisão dos eleitores terão que ser reavaliadas.

A primeira é se é possível saber o que leva alguém a escolher um candidato e de que é feita essa fidelidade - se é um processo exclusivamente emocional ou se a racionalidade tem também um peso na escolha.

O que faz a nossa cabeça: imprensa, família, amigos ou um pouco de tudo? Ou, em vez disso, é o bolso, ou seja, o acesso ao consumo? Em matéria de entretenimento cultural - filmes, peças, livros, shows - parece que o boca-a-boca funciona mais do que a crítica impressa. Mas em meio às paixões de uma campanha eleitoral não é fácil entender a situação, mesmo quando se pretenda ser mais testemunha do que juiz e se persiga uma posição de equilíbrio e equidistância.

Aparentemente, a principal formadora de opinião de um país é a chamada mídia: jornais, revistas, TV, rádio, internet. Mas se é assim, como é que a candidata do PT mantém seu favoritismo, ainda que em queda, quando a maioria dos veículos está contra ela? E se não é assim, se a imprensa não tem todo esse poder de influenciar, por que Lula se revoltou tanto, desqualificando o seu papel? Quais são as razões pelas quais um líder esperto como ele, no auge da popularidade, capaz de transferir votos e eleger a sucessora, desnorteou-se na reta de chegada e iniciou uma desenfreada escalada de ataques? Por desconhecimento é que não foi. Uma das melhores explicações para a relação poder x imprensa, é dele: "Notícia é o que o governo quer esconder; o resto é propaganda." Pode-se alegar que é da natureza de todos os governantes maldizer a mídia e tentar controlá-la quando são contrariados.

Inclusive os mais liberais. Até o tolerante JK, que aboliu a censura logo após chegar à presidência ("Quero a imprensa desatada, mesmo para ser injusta comigo"), proibiu Carlos Lacerda de falar no rádio. O próprio FHC, também um democrata, saiu do governo queixando-se e insinuando que um ou outro jornal queria o seu impeachment.

Lula talvez tenha sido o que mais xingou e foi xingado pelos jornais e revistas (é impressionante o ódio que desperta em algumas pessoas). O presidente cometeu a besteira de acusar a imprensa de golpista e recebeu a classificação, também injusta, de fascista, quando na verdade falou mais bobagem do que fez - até porque nessa matéria, quando pensou fazer, com o "controle social", a sociedade reagiu.

Não se sabe se alguma lição vai ser tirada dessas eleições. Especialistas em pesquisa disseram que o eleitor não gosta de tiroteio, de troca de acusações. Se isso é verdade, há o que aprender com essa campanha.

MERVAL PEREIRA

Mudança de vento
Merval Pereira
O GLOBO - 29/09/10



As atitudes erráticas do presidente Lula nesses últimos dias de campanha eleitoral denotam que os estrategistas da candidata Dilma Rousseff estão tentando digerir as informações contraditórias que chegam com as últimas pesquisas, mostrando uma perda contínua de votos em 15 dias. Ao mesmo tempo em que recuou nos seus ataques à imprensa em determinado momento, diante da constatação de que o clima de animosidade por ele deflagrado estava provocando reações negativas em setores da sociedade, o presidente retornou ao início da campanha, quando valorizar o passado de guerrilheira de Dilma era importante para garantir o apoio da esquerda do partido à neófita política escolhida para ser a "laranja" eleitoral de Lula.

Se os ataques aos meios de comunicação para tentar desqualificar as denúncias que provocaram a demissão da chefe do Gabinete Civil Erenice Guerra produziram inicialmente efeito negativo no eleitorado mais escolarizado e de maior renda, esse efeito hoje já se espalha por todos os setores da sociedade, segundo a mais recente pesquisa do Datafolha, demonstrando que as questões morais e a radicalização política afetam diretamente o setor do eleitorado mais preocupado com o equilíbrio institucional do país.

O elogio da radicalização política que Lula fez no comício de segunda-feira em São Paulo, exaltando o lado guerrilheiro de sua candidata, também incomoda essa classe média, especialmente a ascendente.

O objetivo imediato do presidente parece ser conter uma debandada de parte do eleitorado de esquerda que, desiludido com mais uma leva de escândalos envolvendo a gestão do PT, e mais uma vez no Gabinete Civil no Palácio do Planalto, estaria engrossando as fileiras da candidata verde Marina Silva.

É interessante constatar como a questão moral, que parece nunca atingir o presidente Lula diretamente, alcança inapelavelmente o PT nas últimas campanhas eleitorais.

Em 2006, quase que Lula não encontra ambiente político para se recandidatar por conta do mensalão. No auge do caso, em 2005, a popularidade do presidente caiu vertiginosamente, e as repercussões chegaram até a campanha no ano seguinte.

O caso dos "aloprados" veio apenas relembrar o escândalo do mensalão na reta final da campanha de 2006, provocando a ida da disputa para o segundo turno. Mais uma vez Lula recuperou-se do baque e conseguiu levar sua campanha a uma vitória vigorosa, ainda mais que o candidato tucano Geraldo Alckmin acabou tendo menos votos no segundo que no primeiro turno.

Agora, quando o marasmo da campanha eleitoral parecia levar a uma vitória tranquila no primeiro turno de Dilma Rousseff, dois novos escândalos trouxeram os debates políticos para um campo menos amorfo, fazendo com que setores da sociedade acordassem para o debate político. O presidente Lula escolheu a maneira errada de tentar desqualificar as denúncias contra Erenice Guerra, que pegam diretamente em Dilma Rousseff, sua protetora.

Ao levar para os palanques críticas aos meios de comunicação e garantir à população que as acusações eram mentirosas, Lula incentivou seus "aloprados" a desferir uma guerra contra a imprensa dita tradicional, e uma resposta imediata a favor da liberdade de expressão e da democracia foi articulada por representantes da sociedade civil do calibre de D. Paulo Evaristo Arns e Hélio Bicudo.

O manifesto, que protesta contra diversos indícios de autoritarismo do governo, inclusive a quebra de sigilos fiscais de pessoas ligadas ao candidato oposicionista José Serra, teve uma aceitação alta da sociedade e já tem mais de 50 mil assinaturas pela internet.

A confirmação, ontem, de que também o sigilo bancário do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge Caldas, foi quebrado no Banco do Brasil remete a métodos utilizados anteriormente por membros do governo contra o caseiro Francenildo Pereira, que teve seu sigilo bancário na Caixa Econômica violado a mando do presidente da instituição na ocasião, Jorge Matoso, para conseguir dados que, supunha, poderiam ajudar na defesa do então ministro da Fazenda Antonio Palocci.

O conjunto da obra é nada edificante para o PT e demonstra publicamente como o aparelhamento da máquina estatal por sindicalistas e filiados ao PT e a partidos aliados ao governo significa, na prática, muito mais que a simples ineficiência do Estado, uma ameaça para os cidadãos. É esse quadro que está mexendo com os votos do eleitorado, em todas as regiões do país e em todas as estruturas sociais.

A candidata oficial, Dilma Rousseff, ainda vence, mas está vendo sua vantagem sobre a soma dos dois outros concorrentes ser reduzida a cada dia nas últimas duas semanas.

Já está caracterizada uma tendência de queda de sua candidatura, ao mesmo tempo em que a candidata do Partido Verde, Marina Silva, tem uma ascensão na mesma proporção, começando a ganhar a simpatia dos indecisos e partindo para ganhar fatias do eleitorado que hoje está com Dilma.

Marina acredita que a onda verde seja forte o suficiente para levá-la para o segundo turno, superando o candidato tucano José Serra.

Para tanto, porém, terá que arrancar do eleitorado de Dilma os pontos necessários, o que a levará a atacar mais fortemente a candidata oficial no último debate, amanhã, na TV Globo.

A reta final de uma eleição que até agora é a mais modorrenta dos últimos tempos tem ingredientes para ser muito excitante.

A diferença de Dilma para Serra ainda é muito grande, mas a subida de Marina pode levar o tucano ao segundo turno, frustrando o eleitorado que a escolheu.

Parte desse grupo é de petistas desgostosos que podem, porém, retornar ao seio governista, como aconteceu em 2006.

Se realmente conseguir ir para o segundo turno nessas condições, Serra terá que fazer um amplo acordo com o Partido Verde para viabilizar a vitória.

Terá ainda a seu favor uma mudança de situação nos dois maiores colégios eleitorais, São Paulo e Minas.

Se, como tudo indica, a eleição para governador se resolver no primeiro turno a favor dos tucanos nos dois estados, a máquina governamental dos estados não terá constrangimentos para ajudar o candidato do PSDB, ao contrário do que acontece neste momento

MARCO ANTONIO VILLA

Marolinha vermelha
Marco Antonio Villa
FOLHA DE S. PAULO - 29/09/10

Campanha sem ideologia é o que sempre quis o governo; caso ocorra segundo turno, o artifício deverá ter vida curta

A soberba faz mal a política. A eleição não está decidida. A onda vermelha, parece, não passou de uma marolinha.

A avidez dos apoiadores, que já estavam dividindo os cargos do futuro governo, foi contida. A comemoração da vitória, antes do apito final do juiz, pode explicar a violência dos ataques à liberdade de imprensa e à oposição em geral.

É importante para o país uma discussão de programas e propostas. Até o momento, a campanha ficou resumida ao protagonismo de Lula e às graves denúncias envolvendo ministros e aliados do governo. É preciso muito mais que isso.

Os debates entre os presidenciáveis foram inúteis. Viraram monólogos. O enfrentamento democrático entre candidatos acabou se transformando numa repetição enfadonha de promessas, recheadas de números, sem sentido algum.

Ninguém aguenta mais debates que não são debates, onde as grandes questões nacionais são ignoradas. Até os ataques aos adversários são mal elaborados. O cronômetro, indicando que o tempo para a resposta do candidato está terminando, é o melhor aliado do telespectador.

O desinteresse popular é evidente. A ausência de política empobreceu a eleição. A repetição das velhas fórmulas esgotou a paciência do eleitor.

A falsa euforia do corpo a corpo nas ruas, que serve simplesmente para obter imagens para a TV, é a melhor representação de uma campanha pobre de ideias e recheada de marketing vazio.

Para a estratégia do governo é essencial despolitizar a eleição. Transforma-la em um plebiscito. As diferenças políticas devem ser diluídas.

Daí que não causa estranheza a aliança oficial combinar o apoio do empresariado, com os beneficiados pelos programas assistencialistas e os dirigentes sindicais amarelos.

Nesse coquetel infernal deve ser acrescentado o apoio dos oligarcas estaduais. Barbalho, Sarney, Calheiros e Collor servem para obter votos nos burgos podres. Mas é o típico apoio envergonhado: nos grandes centros seriam hostilizados.

Uma campanha sem ideologia sempre foi o desejo do governo. Até este momento conseguiu o seu intento. Caso ocorra um segundo turno, o artifício deverá ter vida curta.

A polarização, com a apresentação de dois projetos para o país, é tudo o que Lula não quer. Os candidatos terão tempos iguais na televisão. E nos debates o confronto será inevitável.

A oposição vai ter um teste de fogo. Terá de apresentar um programa de governo. Mostrar unidade e combatividade. E realizar algo que tinha esquecido nos últimos tempos: fazer política.

MÔNICA BERGAMO

"ARRUMA UMA DILMA PARA COLOCAR NO SEU LUGAR!"
MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SÃO PAULO - 29/09/10

 Roberto Carlos entra no camarim depois de um rápido banho para se recuperar do show de quase duas horas que ele deu para a plateia de 2.000 corintianos que lotaram o auditório do Anhembi na noite de segunda. "Foi uma honra para mim cantar nesse show do centenário do Corinthians. Inesquecível", diz ele, abraçando o presidente do clube, Andrés Sanchez. "Mas o maior time do mundo tinha que ter na sua festa o maior cantor do Brasil!", responde o dirigente. Gargalhada geral. "O melhor time do mundo eu concordo. Já essa coisa de maior cantor do Brasil... não sei, não", responde Roberto.

"Você fez coisas incríveis no Corinthians. Tem que ficar mais tempo lá", segue Roberto para Sanchez, cujo mandato termina em 2011. "Não, não. Não é bom ficar no poder por muito tempo", diz o cartola. Dudu Braga, filho de Roberto, dispara: "Então arruma uma Dilma para colocar no teu lugar!". Mais gargalhadas.

Na hora das fotos, Dudu, corintiano fanático, coloca o gorro do Timão. "É o gorro de trombadinha dele", brinca o Rei, que torce para o Vasco e, em São Paulo, tem simpatia pelo Palmeiras. "É isso aí! Tira foto do filho maloqueiro do Rei", diz Dudu. Roberto finaliza: "Acho que vou ter que começar a tocar funk".


A VOZ DO VICE Michel Temer, candidato a vice na chapa de Dilma Rousseff (PT) reservou parte da agenda nos últimos meses para jantares restritos com o empresariado brasileiro. Num deles, reuniu-se com Fabio Barbosa, do banco Santander, com Roberto Setubal, do Itaú, com Daniel Feffer, do grupo Suzano, e com Pedro Parente, ex-ministro de Fernando Henrique Cardoso e hoje na Bunge Brasil. Em outro, esteve com o banqueiro Joseph Safra, com Benjamin Steinbruch, da CSN e da Fiesp, e com Ivo Rosset, da Valisere.

PAZ E AMOR
Em todos, diante das perguntas dos empresários, Temer defendeu a ideia de que o presidente Lula "pacificou o Brasil" e que a sua candidata, Dilma, continuará "no mesmo rumo".

EM GRUPO
E a possibilidade de Gilberto Kassab (DEM-SP) se mudar de mala e cuia para o PMDB no próximo ano está condicionada à mudança na legislação, permitindo que deputados eleitos por um partido mudem de legenda logo no início do mandato. O partido tem especial interesse não apenas na filiação de Kassab, mas nos parlamentares que ele poderia carregar para a agremiação.

A DILMA DE CADA UM
Para driblar a proibição de fazer campanha no horário do expediente, o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), tem aproveitado a hora do almoço. Escolhe fazer a refeição em algum restaurante da periferia da cidade, levando a tiracolo sua candidata a deputada estadual, a petista Ana do Carmo.

PADILHA NA URNA
José Padilha, diretor de "Tropa de Elite 2", irá comentar as eleições neste domingo, ao vivo, no "Manhattan Connection", do GNT. Ele também falará do longa que estreia no dia 8 e sobre segurança pública e milícia, temas de "Tropa".

VESPEIRO
A OAB-SP convidou o ex-presidente da Fundação Bienal, Manoel Pires da Costa, para um debate sobre os "limites à liberdade de expressão na democracia", inspirado em uma das polêmicas da mostra deste ano: o pedido da ordem para a retirada da obra em que o artista Gil Vicente "mata" personalidades como Lula, FHC e o papa. "Numa Bienal, poderiam realmente evitar [expor] esse tipo de coisa", diz.

PASSARELA NO TAPETÃO
A modelo baiana Ana Paula Batista, 18, também irá representar o Brasil na final do concurso Elite Model Look, em Xangai, no dia 10. Ana foi eliminada da etapa brasileira do concurso, mas mesmo assim foi escolhida pelo dono da agência, o francês Bernard Hennet, para disputar a final. Ela terá a companhia de Camila Peruzzo, 14, vencedora oficial da premiação no Brasil.

IATE NA AVENIDA
O Ministério da Cultura autorizou a Portela a captar R$ 5,4 milhões para o Carnaval de 2011. A escola carioca, que levará à Sapucaí o samba-enredo "Azul da Cor do Mar; Navegar é Preciso, Sonhar é Muito Mais", sobre a história da navegação, tem até dezembro para arrecadar.

MÁSCARA NO TIRIRICA
No especial de seis anos do "Show do Tom", anteontem, a Record escondeu os rostos de Tiririca (PR-SP) e Pedro Manso (PRB-RJ), humoristas que deixaram o programa porque são candidatos. Como eles apareciam em algumas das cenas dos "melhores momentos" da atração, a emissora cobriu suas caras com fotos de outras pessoas.

LÁ VEM A NOIVA
A empresária de moda Helena Mottin e Eder Pedrosa Veneziani se casaram no fim de semana com uma festa para amigos no Leopolldo Plaza. O ator Paulo Goulart homenageou os noivos cantando "Eu Sei que Vou Te Amar", e sua mulher, Nicette Bruno, fez um discurso. Entre os convidados, o ex-banqueiro Edemar Cid Ferreira.

CURTO-CIRCUITO
Edro de Carvalho lança o livro "Feliz Dia de Hoje", às 19h, com coquetel na Academia Paulista de Letras.

O Pandoro realiza o segundo show do projeto "Quartaneja", às 22h, com o cantor Rodrigo Reys. A organização é de Ézio Alves e Leonardo Caldi. Classificação etária: 18 anos.

Marina Lima, Fernanda Takai, Família Lima e Elba Ramalho se apresentam hoje, a partir das 20h30, na entrega do 10º Prêmio Ayrton Senna de Jornalismo.

Os músicos Eduardo e Martin, da banda da cantora Pitty, lançam o disco "Dezenove Vezes Amor" amanhã, às 22h, no Comitê. Classificação: 18 anos.

Eduardo Ribeiro promove amanhã, às 21h, o Grande Baile da Imprensa, no clube Homs, na avenida Paulista.

com DIÓGENES CAMPANHA e LÍGIA MESQUITA

JOSÉ SIMÃO

Marina x Dilma! LUTA NO GEL!
JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SÃO PAULO - 29/09/10


E tem mulher fruta em Brasília. A Mulher Laranja! A mulher do Roriz. Laranja, não. Bagaço



BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O Esculhambador-Geral da República! Ereções 2010! Vai dar JACARÉ! Briga de muié! A Marina tá comendo os votos da Dilma! Vai dar jacaré! Muié x Muié! Luta no gel com Marina e Dilma! Hipopótamo x Ema!
E se a Marina ganhar, ela vai ter que pedir autorização pro Ibama pra viajar pro exterior? Rarará. E o Serra devia comprar um estacionamento, só fica estacionado mesmo. E o Plínio tá parecendo o avô do Dom Quixote. E diz que ele vai fazer o remake de Cocoon! Rarará!
E eu vou votar naquele candidato do PP: MAGAL EXTERMINADOR DE INSETOS! Pra exterminar todos os candidatos! Rarará! Indecisos e Indecentes! Votem em mim pra presidente! HOJE: CORPO A CORPO COM A CLEO PIRES!
E se me virem fazendo corpo a corpo com o Serra, pode chamar a polícia que é sequestro. Se me virem fazendo corpo a corpo com a Dilma, pode chamar a policia que é briga. Se me virem fazendo corpo a corpo com a Marina, chama o Ibama! E corpo a corpo com o Plínio, chama o medico que é Alzheimer! Rarará!
E vai ter segundo turno? Petistas histéricos! Tucanos descontrolados! Uma senhora tucana me assediou no supermercado: "Dê uma forcinha! Dê uma forcinha". "Minha amiga, eu não sou VITASAY pra ficar dando forcinha." Rarará!
E vocês já viram as caras dos candidatos? Eles estão esgotados. Eu digo esgotados em todos os sentidos! E eu tô achando que essa Marina tem uma treta antiga com essa Dilma. Tipo a vingança será maligna! E essa: "67% do eleitorado de Marina não sabe seu número". Nem ela sabe! E a Dilma não caiu da esteira, caiu numa areia movediça! E no dia do debate da Record, o Palocci escorregou no palco e caiu. DE NOVO?! Rarará!
A Galera Medonha! A Turma da Tarja Preta! E tem mulher fruta em Brasília. A Mulher Laranja! A mulher do Roriz. Laranja, não. Bagaço. E diz que o Roriz é o Maluf do cerrado! O Maluf do cerrado e a Mulher Bagaço! Rarará!
E tinha um programa bem antigo de televisão chamado "Almoço com as Estrelas". E a avó dum amigo vendo o otário eleitoral: "Isso tá parecendo o "Almoço com as Estrelas": Agnaldo Timóteo, Moacir Franco, Juca Chaves, tem até o Nelson Gonçalves". "Vó, esse não é o Nelson Gonçalves, é o Aloysio Nunes." Rarará! A situação tá ficando psicodélica. Ainda bem que nóis sofre, mas nóis goza.

EDITORIAL - O ESTADO DE SÃO PAULO

A derrota de Chávez
EDITORIAL
O Estado de S. Paulo - 29/09/2010

O autocrata venezuelano Hugo Chávez havia definido a eleição legislativa do último domingo em seu país como um "plebiscito" sobre o seu governo e prólogo do pleito presidencial de 2012, quando disputará o quarto mandato desde 1998. Ele prometeu "massacrar" a oposição e "ganhar por nocaute". Não só não conseguiu nada disso, como sofreu um estrondoso revés político.

É verdade que a legenda chavista, o Partido Socialista Unificado de Venezuela (PSUV), obteve 98 das 165 cadeiras da Assembleia Nacional, ao passo que a oposição, a Mesa de Unidade Democrática (MUD) constituída por 18 partidos, ficou com 65. Mas esse resultado privou Chávez da maioria de 2/3 que lhe permitiria aprovar leis orgânicas e mudanças constitucionais - e, no limite, governar por decreto.

Era o que vinha fazendo com incontestada desenvoltura desde que a oposição cometeu o erro histórico de boicotar a eleição parlamentar de 2005, para não legitimar o que previa ser uma fraude. Sem adversários - e com um comparecimento às urnas de ridículos 25% -, o caudilho teve às suas ordens um Legislativo 100% chavista, reduzido a uma repartição do Palácio Miraflores, a sede do Executivo. Com o tempo, 10 deputados formaram uma dissidência que, evidentemente, não freou a descida da Venezuela para o regime liberticida do "socialismo do século 21".

Quando se deu conta de que não teria a mesma sorte no pleito seguinte, Chávez preparou uma cama de gato para os adversários. Fez aprovar uma nova demarcação dos distritos eleitorais - o sistema venezuelano é o distrital -, para aumentar a representação das áreas chavistas e vice-versa. Para se ter uma ideia, num Estado rarefeito, de maioria governista, passaram a bastar 20 mil votos para eleger um congressista, ante 400 mil num Estado populoso, simpático à oposição. A mudança nas regras do jogo não foi tudo.

O governo reteve o repasse de verbas para as regiões governadas por oposicionistas, transformou legiões de servidores públicos em cabos eleitorais, com abundante infraestrutura, e deu aos candidatos de seu partido praticamente o monopólio da propaganda nas emissoras estatais. Sem falar na multiplicação de sua presença nos comícios do PSUV, religiosamente reproduzida na TV chavista. Chega a ser uma proeza, portanto, o desempenho eleitoral da oposição, refletindo a erosão do prestígio de Chávez.

Com uma taxa de comparecimento de 67% - um indicador do ânimo mudancista do eleitorado em países, como a Venezuela, onde o voto é facultativo -, a frente de oposição obteve, segundo uma contagem extraoficial, 5,4 milhões dos votos válidos, cerca de 190 mil a mais do que a situação. A manipulação das regras eleitorais explica por que os 46% de votos populares pró-Chávez se transfiguraram em 59% das cadeiras na Assembleia e por que os 48% conquistados pela oposição nas urnas não lhe deram mais de 39% das vagas. Estima-se que apenas a remarcação dos distritos adicionou à bancada chavista 30 deputados.

Não há muito mistério no avanço oposicionista. O governo é um rematado desastre. Na contramão da América Latina, a Venezuela está há 15 meses em recessão. A inflação anual é da ordem de 30% e a acumulada nos 11 anos de chavismo chega a 733%, o desemprego é descomunal (cresceu 42% no último ano e meio) e a desigualdade voltou a se agravar. Faltam energia e alimentos. Sobram corrupção e incompetência: 130 mil toneladas de gêneros importados apodreceram nos portos do país. Por fim, a criminalidade atinge níveis aterrorizantes. A violência mata uma pessoa a cada meia hora.

O que não está claro é o que Chávez vai fazer de sua derrota política. Ele tem uma janela de oportunidade de 3 meses - a nova Assembleia só assumirá em janeiro - para se conter ou desembestar de vez, fazendo aprovar nesse período o que queira. Notadamente, a Lei das Comunas, unidades administrativas ditas autônomas, porém diretamente ligadas ao Executivo. Além da reorganização político-territorial do país, poderá surgir uma "assembleia comunal" para retirar poderes do Legislativo. "Chávez é hoje uma fera acuada", compara um observador estrangeiro em Caracas. "Nessas condições, é ainda mais imprevisível."

CELSO MING

Mais controle de capitais 
Celso Ming 
O Estado de S.Paulo - 29/09/2010

Desta vez, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, diverge apenas superficialmente do ministro da Fazenda, Guido Mantega.

Não temos uma guerra cambial no mundo, como Mantega sustentara na véspera, mas temos sério problema de câmbio no Brasil, avisou ele ontem. E completou: "O aumento do IOF na entrada de capitais está em aberto."

São declarações que aparentemente dão como inevitável uma elevação do IOF com o objetivo de desestimular a chamada arbitragem com juros. Trata-se de tomada de empréstimos no exterior a juros no chão para trazer os recursos para o Brasil, trocá-los por reais e tirar proveito de juros substancialmente mais altos no mercado interno.

De janeiro a agosto deste ano, haviam afluído US$ 19,9 bilhões em recursos de estrangeiros para investimento em renda fixa, ou 670% a mais do que no mesmo período de 2009 (veja o Confira).

O IOF cobrado na entrada desses capitais é hoje de 2%. Se Meirelles admite aumentá-lo, pressupõe-se que possa ir para 3% ou 4%. Não está claro se esse aperto vai alcançar também as aplicações em ações. O reforço da entrada de capitais para essa finalidade (até agosto) foi irrelevante. Em princípio, aplicações em ações não devem ser desestimuladas porque ajudam a capitalizar a empresa brasileira.

Boa pergunta consiste em saber até que ponto uma paulada com IOF será decisiva para segurar o tombo do dólar no câmbio interno. Em geral, os investidores encontram mecanismos para burlar esse novo imposto. Se os 2% não foram suficientes para conter a valorização do real, o aumento da dose provavelmente também não será. Afora isso, não é apenas o dinheiro que entra no País que faz arbitragem com juros. O que deixa de sair também faz. E sobre esses capitais, que ficam porque os juros estão altos aqui dentro, não incide IOF. Uma filial de empresa estrangeira, por exemplo, pode deixar de remeter lucros e dividendos para sua matriz no exterior para girar esses recursos no mercado brasileiro a fim de aproveitar os juros. De todo modo, algum impacto imediato sobre a entrada desses capitais essa elevação do IOF acabará produzindo.

O mundo está inundado de liquidez. Apenas parte dela é consequência de emissões de moeda (pelos bancos centrais) ou emissões de títulos (aumento de dívida pelos tesouros). Ela provém do excesso de poupança de um punhado de países asiáticos (Japão, China, Coreia do Sul, Taiwan), dos grandes exportadores de petróleo (Arábia Saudita) e, também, da Alemanha. Em contrapartida, os países de alta renda, especialmente os Estados Unidos, vivem um momento de poupança perto de zero. Pode ser vista, também, como o resultado dos enormes desequilíbrios financeiros globais.

Neste momento em que exibe certificado de grau de investimento, e é um dos poucos países que terão forte crescimento em 2010, é natural que o Brasil atraia capitais ciganos. Essa avalanche contribui para valorizar o real, na contramão do que está acontecendo em outros países, que conduzem a política cambial para produzir efeito oposto, ou seja, para desvalorizar sua própria moeda.

Mas ninguém se iluda. O movimento principal não é de valorização do real, mas de aumento do consumo, que estica o rombo das contas externas (déficit em conta corrente) para perto dos 3% do PIB. Não basta tascar IOF. Será preciso conter o consumo com redução das despesas públicas para desacelerar as importações.

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE

Universo em desencanto 
Sonia Racy 
O Estado de S.Paulo - 29/09/2010

A uma semana das eleições, o promotor eleitoral Maurício Lopes compareceu ao plantão de fim de semana para tentar apresentar duas denúncias contra a candidatura de Tiririca - por ele ser supostamente analfabeto, o que o tornaria inelegível. "Não encontrei autoridades nem na Procuradoria Regional Eleitoral nem na Corregedoria do TRE, somente funcionários. Tive que deixar um protocolo, o que retarda o andamento do processo", contou à coluna. "Me desencanta ver o sistema judicial eleitoral agir assim, ainda mais na reta final."
Bota desencanto nisso.

Poltrona
Não é só o Brasil que vive da criação de conselho empresarial, como o montado por Lula. Em Xangai, na China, existe o conselho do IBLAC (International Business Leaders Advisory Council). Toma posse lá, dia 9, como único brasileiro convidado a participar, Roger Agnelli.

Na veia
Para quem está estranhando o inchaço de Dilma: a candidata está tomando cortisona por causa da torção no pé.

Plim, plim
Atrapalhado em seus últimos dias de campanha, Sérgio Guerra não programou ir ao debate na TV Globo. Está sendo convencido de que sua presença é importante.
Plim, plim 2

Depois de ter realizado o seu debate no domingo, concorrendo com o Fantástico, a Record resolveu tentar interferir na audiência da Globo. A emissora do bispo Edir Macedo marcou etapa eliminatória do reality show A Fazenda no mesmo horário do último confronto dos presidenciáveis amanhã.

Oficial
Kassab autorizou a montagem de fundo garantidor para a PPP da saúde prevendo, entre outras, a construção de três hospitais novos.
Verba? De R$ 150 milhões, no Orçamento de 2011 que será encaminhando hoje à Câmara.

Felicidade existe
Kassab, aliás, ainda preserva música de sua campanha eleitoral de 2008, como toque de seu celular: "Soooorria, meu bem, sorriiiiia". "É para lembrar da campanha vitoriosa", explica o prefeito.

Dito e feito
A subprefeitura de Pinheiros acabou lacrando a Pulsarte, no Alto de Pinheiros, por falta de alvará de funcionamento. A academia de dança recorrerá na Justiça.

Canja
Por essa os moradores de Paraisópolis e fãs de Billy Paul não esperavam: a estrela do soul cantou, a convite de Wanderley Nunes, ao vivo, na rádio comunitária da favela, domingo.

Back to the future
Mauro Salles está nos finalmentes de um novo livro. Mais precisamente, de poesias.

Vossos pandeiros
O Brasil não é novidade para Zubin Mehta. Sua paixão pelo País, segundo contou, começou em 82 quando desceu o Rio Araguaia.


Balacobaco árabe-israelense
Caetano Veloso arrancou suspiros, anteontem, no Centro da Cultura Judaica. Ao ler, a convite do israelense Izhar Patkin - seu amigo e vizinho de prédio em NY - o poema Violins, de Mahmoud Darwish, imprimiu entonação melódica ao texto árabe, encantando os 50 privilegiados que assistiram ao evento devidamente filmado. O vídeo, dirigido por Fernando Andrade e Monique Gardenberg, fará parte da mostra The Veil Suite, em cartaz no CCJ. Entre os comentários a favor, destacou-se o inglês perfeito do compositor.

Convidados do israelense, como Bruna Lombardi e Carlos Alberto Riccelli, interpretaram durante a filmagem uma "segunda" plateia "fake". Paula Lavigne, convocada a fazer parte da intervenção, soltou em alto e bom som: "Ah não, Izhar, eu não quero ficar aí porque hoje não estou me sentindo bonita".

Depois, acomodando-se na primeira fila da plateia verdadeira, a ex-mulher do artista se viu às voltas com uma fã estrangeira de Caetano que não parou de elogiar o compositor e de dar pitacos no espetáculo. "Gente, temos mais uma diretora aqui", ironizou a produtora, no comando da situação.

Tanto assim, que logo depois do músico interpretar pela quarta vez o poema, Lavigne encerrou a leitura: "Chega né, Caetano?". E fim de conversa, para tristeza geral do público.

Na frente

Luiz Felipe D''Avila, Nelson Ascher e Luiz Felipe Pondé participam de debate sobre o livro Aforismos, de Karl Kraus, durante lançamento, sexta. Na Livraria da Vila dos Jardins.

A Tiffany&Co promove o Petals for a Cause em prol do Projeto Guri. Amanhã, na loja do Shopping Iguatemi.

Rubens Barbosa e Pedro Parente palestram sobre administração pública e privada. Amanhã, no Sheraton WTC.

José Jantália, candidato a deputado estadual, explora a causa animal. Está fazendo campanha pelas ruas de São Paulo, a bordo de carro de som que emite cacarejos, latidos e mugidos. Os bichos, unidos, agradecem.

MÍRIAM LEITÃO

O tom do recado 
Miriam Leitão 
O Globo - 29/09/2010 - 29/09/10

A pergunta feita a um empresário, numa conversa com várias pessoas, foi: “É verdade que emissários do PT telefonam para empresas avisando que sabem quem não está fazendo doações para a campanha?” O empresário respondeu: “Para mim, telefonaram e foram pessoalmente dizer que notaram que eu não tinha feito doação na última eleição nem tinha feito ainda nesta.”

Eu ouvi essa conversa estarrecedora.

Esse tipo de encaminhamento do pedido de doação, se estiver generalizado, é uma forma de ameaça.

A frase: “Notamos que você não fez doação na última eleição e ainda não fez nesta” pode ser entendida pelo que está embutido: estamos de olho em você.

O Estado, hoje, é quem concede a maioria do crédito; o BNDES aumentou de forma extravagante suas concessões de empréstimo subsidiado e a arbitrariedade de suas escolhas dos “campeões”, que o faz negar créditos a alguns e conceder em excesso a outros que, na visão do banco, estão mais aptos a vencer a competição global. A mistura é explosiva: de um lado, um Estado com poder de vida e morte sobre as empresas; de outro, emissários do partido do governo com uma ameaça embutida na formulação do pedido.

Hoje, um dos grandes riscos que a sociedade brasileira corre é exatamente esse poder excessivo do Estado, controlado como donataria pelo partido do governo. O Estado é o grande comprador, o grande financiador, o grande sócio em qualquer empreendimento. Como ficar contra ele? Por outro lado: ficando a favor dele, que grandes vantagens se pode ter! Os empresários só falam mal do governo se seus nomes não aparecerem; todos eles estão sendo beneficiados por alguma grande obra, algum grande contrato, alguma licença; ou sonham ser beneficiados no futuro.

Um dos maiores empresários do país foi chamado para uma conversa cheia de ameaças indiretas por ele ter feito declarações contra uma das polêmicas obras que promete ser sorvedouro de dinheiro público.

O governo cooptou movimentos sociais, sindicalistas, parte do movimento cultural, através da distribuição de benesses, patrocínios, contratos e financiamentos.

Mas a cooptação dos empresários é mais direta.

Algumas empresas não têm capacidade alguma de bancar os empréstimos que recebem, ou outras são viabilizadas por aderirem aos grandes projetos em que todo o risco é público.

Nas sombras de um Estado gigante, tudo viceja, como os intermediários de negócios, mesmo que eles não tenham delegação para entregar o que prometem. Com um Estado todo poderoso, qualquer espertalhão pode dizer que é a ligação direta com quem decide e pedir uma comissão para isso.

Mesmo que não houvesse casos de corrupção, comprovadamente ligados ao governo, ainda assim, seria o ambiente certo para a propagação dos casos nebulosos de pedidos de propina.

A redução do tamanho do Estado faz esse favor ao país: diminui os guichês nos quais se oferecem favores com dinheiro público e se pedem em troca comissões para enriquecimento pessoal ou para o partido que está no poder. A privatização tirou do Estado um sem número de cargos de distribuição política em empresas siderúrgicas, concessionárias de serviços de energia e de telefonia.

As empresas que o país decidiu manter estatais deveriam ser isoladas das pressões políticas e concederem mais acesso às suas contas e aos critérios de decisão.

Essa seria uma forma de reduzir o risco que o contribuinte e o consumidor dos serviços correm hoje com problemas como os dos Correios.

Já houve tantos casos nebulosos nos Correios no governo Lula — dos indicados do ex-aliado Roberto Jefferson até os indicados da ex-primeira-amiga Erenice Guerra — que não resta dúvida a esta altura: a melhor forma de produzir um colapso postal no país é continuar entregando os cargos de direção da estatal na mão dos políticos e seus afilhados e evitar a administração profissional da empresa. É um espanto que se consiga em tão pouco tempo provocar tanto extravio numa empresa centenária e que sempre teve reputação de eficiência.

Há quem considere que a melhor forma de evitar constrangimentos como o vivido pelo empresário que cito no começo dessa coluna é o financiamento público exclusivo de campanha. Como ser ingênuo a ponto de achar que, se o Estado der ainda mais dinheiro para os partidos, os que estão hoje viciados em caixa dois fecharão o balcão de pedidos impróprios aos empresários? O que ajuda a resolver o problema é, como tenho escrito aqui, a trindade: punição, fiscalização, transparência.

Nada é panaceia contra a corrupção, mas há formas de reduzi-la e outras de aumentála. O gigantismo do Estado é o caminho mais curto para aumentar a corrupção.

Quando ele se torna o parceiro inevitável em qualquer negócio, tudo pode acontecer.

Quando seu poder é usado para amedrontar as empresas, qualquer doação para campanhas políticas pode ser extorquida. E o que houve nos últimos anos no Brasil foi o crescimento descomunal do Estado, primeiro, à sombra do Plano de Aceleração do Crescimento e, depois, sob o pretexto de que era preciso evitar a crise econômica mundial. Conter esse gigantismo é fundamental hoje, não apenas por razões econômicas, mas para melhorar a qualidade da democracia brasileira.

JOSÉ NÊUMANNE

Por que os escândalos não tiram Dilma do topo
José Nêumanne 
O Estado de S.Paulo - 29/09/10

Causa perplexidade geral ter a chefe da Casa Civil da Presidência da República sido demitida na reta final da campanha eleitoral sem que isso haja produzido a consequência natural de um escândalo dessas proporções na popularidade do presidente, que a nomeou, nem feito cair do topo da preferência eleitoral sua candidata, que a patrocinou. A falta de proporção de causa e efeito em episódio dessa relevância não se deve apenas à credulidade popular, capaz de aceitar que Lula não assuma a responsabilidade dos atos de sua principal assessora e que Dilma Rousseff se exima de culpa pela ascensão de uma funcionária incapaz de subir na vida por méritos próprios, que ninguém imagina quais possam ser.

É o caso de buscar outras razões para a baixa interferência na preferência do eleitor de notícias de recebimento de propinas ("taxas de sucesso") pelo filho de Erenice Guerra em gabinete a poucos metros do de Dilma, no Palácio do Planalto, onde o chefão dá expediente. Será o caso de admitir que o pleito de 2010 esteja decidido há muito tempo e que será quase impossível mudar tais desígnios? Afinal, a gravidade das acusações que emergiram contra o clã Guerra, que não teriam como não macular a imagem da favorita, supera, com larga vantagem, a das que derrubaram Richard Nixon nos Estados Unidos e Fernando Collor no Brasil e levaram à prisão José Roberto Arruda, que ainda provocou o naufrágio de seu partido, o DEM, da aliança de oposição.

Se assim for, isso se deverá à percepção de Luiz Inácio Lula da Silva sobre a realidade social e o panorama eleitoral no Brasil real, que domina. Ele mesmo foi a primeira vítima de uma avalanche que, em 1989, se identificou nos dois eles de Collor em verde e amarelo e inverteu as ancestrais relações de hierarquia da política nacional, ao promover aquilo que o último coronel mineiro, Chichico Cambraia, definiu como "estouro da boiada": ao votar no "caçador de marajás", o rebanho pulou cerca e porteira do curral e, para não perdê-lo de vista, os "pastores" saíram correndo atrás. Nesta e em mais duas eleições seguidas perdidas depois, Lula aprendeu que é quase impossível ser eleito presidente da República brasileira sem alianças de peso. E, se extraordinariamente isso ocorrer, nunca será possível governar sem a adesão de grupos poderosos que mandam desde antanho e para sempre nos hoje repovoados currais de votos. Prova-o a defenestração de um dos raros que realizaram a proeza: Collor tentou presidir sem o Congresso, que logo reagiu depondo-o.

Tendo participado da derrubada do adversário que o derrotara, o presidente foi aprendendo ao longo dos anos que ganhar e governar um país deste tamanho exige partilha do butim. Tentou, antes, sem sair da própria esquerda, ao atrair Leonel Brizola para sua chapa, mas deu com os burros n"água. Aceitou, em 2002, por sugestão de José Dirceu, aliar-se a gatos gulosos do PMDB que traíram Serra, cuja vice, Rita Camata, era do partido. Depois, em nome da "governabilidade", loteou o governo para não ser mais um a ganhar e não levar. Como o Fausto da lenda, vendeu a alma aos diabos que antes exorcizava e se deu muito bem. Foi aí que aprendeu a vencer a disputa eleitoral de baixo para cima: abrigou no ninho do poder lideranças locais, prefeitos municipais, deputados estaduais e federais, senadores e governadores. Aí, quando resolveu lançar o "poste" Dilma por achar mais fácil manipulá-la do que se desgastar na luta pelo terceiro mandato, já tinha as bases todas sob controle.

Muita gente boa percebeu a jogada genial do uso eleitoral da Bolsa-Família. Mas nem todos enxergaram o simultâneo fechamento de cofres que irrigam as campanhas políticas com os recursos necessários, favorecendo de banqueiros a empreiteiros de obras públicas, que passaram a ter nele o novo Messias. E ninguém observou que ele tirou do caminho para o palanque adversários que incomodavam. Foram os casos de Cássio Cunha Lima, o tucano da Paraíba, e Jackson Lago, o pedetista do Maranhão, que perderam seu mandato, condenados por crime similar ao de que foi acusado o petista Marcelo Déda, governador de Sergipe, que, no poder, é favorito na disputa por sua sucessão.

Ao contrário de Lula, seu principal adversário, José Serra, não deu sinais de ter aprendido as lições da derrota de 2002. Ao se negar a disputar a indicação em prévias, como pretendia o ex-governador mineiro Aécio Neves, deu-lhe a justificativa de que este precisava para ficar fora da ingrata rinha presidencial. A não insistir com o partido e o próprio Aécio para formar chapa com este, deu outra mostra de que pretendia alcançar o inalcançável: ganhar a disputa pela Presidência sem dever favores. Ao manter fora da campanha um tucano que vencera duas vezes a eleição federal sem disputar segundo turno, Fernando Henrique, emitiu, a quem fosse capaz de entender, o sinal de que não se dispunha a buscar ajuda nem mesmo do próprio passado, e o renegou.

Dilma, cujo currículo desautorizava a aventura de disputar contra um político bafejado pela vitória nas urnas nos maiores município e Estado do País, contou com a ajuda esperada, embora absurda, do adversário. Onze entre dez interlocutores alertaram Serra de que a chave para sua vitória seria manter o presidente popular fora da campanha. Mas ele expôs o retrato de Lula em seu primeiro programa de propaganda na TV e apelidou-se de Zé chamando-o de Silva (de quem terá sido a ideia tola?) no primeiro jingle para rádio. Fez ainda aos adversários o favor de deixar que o atrapalhado presidente nacional de seu partido, Sérgio Guerra (PE), pedisse a impugnação da adversária porque a Receita havia quebrado o sigilo fiscal da filha Verônica.

A possibilidade, aventada pelo Datafolha, do segundo turno pode abalar a empáfia palaciana, mas em nada alterará os fundamentos das evidências citadas. A experiência de 2006 deve ter ensinado aos tucanos que provocar o segundo turno é uma coisa. Mas vencê-lo é outra!

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

Ancar Ivanhoe investe em novo shopping em Campinas 
 Maria Cristina Frias 
Folha de S.Paulo - 29/09/2010

A administradora de shopping centers Ancar Ivanhoe vai iniciar um projeto em Campinas, no interior de São Paulo, com investimento próprio de R$ 280 milhões. As obras começam no primeiro semestre de 2011.
Com quatro andares, área bruta de vendas de 40 mil m2, para cerca de 230 lojas, em 320 mil m2 de área de terreno, o shopping deve ser inaugurado no final de 2012.
O empreendimento pretende atender as classes A, B e C, diz Marcos Carvalho, co-presidente da empresa.
O objetivo é atrair também consumidores de cidades próximas como Hortolândia, Louveira, Paulínia, Sumaré, Valinhos e Vinhedo.
"Temos outras expansões em planejamento, reflexo do aumento do consumo. As vendas estão crescendo e as taxas de vacância estão muito baixas", afirma Carvalho.
O aumento das vendas estimula projetos para ampliar shoppings já existentes.
"O mercado está favorável, a ponto de pensarmos em expansão de um empreendimento que abrimos em 2007, em Porto Velho (RO), o que não costuma ocorrer antes de um shopping completar cinco anos."
Além do empreendimento de Campinas, em 2012, a empresa vai expandir dois outros shoppings. Juntos, os três projetos somarão R$ 500 milhões investidos.
No portfólio da Ancar Ivanhoe há atualmente 16 empreendimentos em todas as regiões do país. Dez deles são próprios e seis, de terceiros, gerenciados pela empresa.

RUMO AO NORTE

A rede Bob's avança na interiorização da marca e abre na segunda quinzena de outubro uma nova loja em Palmas, no Tocantins.
Até dezembro, serão inauguradas mais sete unidades na região Norte do país.
Entre elas, em Boa Vista (Roraima), Ariquemes (Rondônia), Ji-Paraná (Rondônia), Marabá (Pará) e duas em Manaus (Amazonas).
As lojas receberão investimentos de R$ 6 milhões. Atualmente, a região tem 57 unidades da marca, que empregam 650 pessoas.

PÉ DE MEIA

A marca de cuecas Mash vai investir mais na produção de meias para ganhar participação de mercado.
Com capacidade ainda limitada, a linha de meias receberá mais US$ 3,5 milhões nos próximos anos, além do US$ 1,5 milhão em maquinário, que foi importado recentemente, segundo o sócio Jaime Hara.
A empresa quer alcançar novos canais de vendas, como redes de calçados e esportes. "Começamos onde já vendíamos cuecas, agora queremos expandir para onde elas não têm presença", diz o diretor Jonas Waisberg.
Na linha de cuecas, a empresa também começa a arriscar a exploração de novos canais. A partir deste mês, coloca produtos à venda em motéis de alta renda da cidade de São Paulo.
Na roupa íntima, que recebeu R$ 3,5 milhões em marketing em 2010, a ideia é acompanhar a tendência de confecção de moda, com até quatro lançamentos por ano.

Fábrica... A Corr Plastik, empresa do segmento de tubos e conexões de PVC, acaba de inaugurar uma unidade de injeção, localizada na planta industrial de Cabreúva, no Estado de São Paulo.

...ampliada Para comportar a unidade, a companhia ampliou o local em mais de 5.000 m2. Agora, a planta possui 15 mil m2 de área construída. O investimento de R$ 20 milhões também abrange dois novos centros de distribuição, um em São Paulo e outro em Alagoas.

Impasse Para que o cinema brasileiro seja economicamente sustentável é preciso mudar a tributação, segundo Walquíria Barbosa, criadora do RioMarket, área de negócios do Festival do Rio. Cerca de 33% do valor de cada ingresso equivale a impostos, informa a empresária.

Musical Bauru receberá em novembro o SP Onlive, um grande festival de música, com investimento de R$ 5 milhões, em uma área de 217 mil m2. Estão previstas as presenças de Zeca Pagodinho, Ana Carolina, Jota Quest e Maria Gadú, segundo a Planmusic Entretenimento e a TV TEM.

MENTES INOVADORAS

Com o objetivo de encontrar propostas de material sustentável para a produção de eletrodomésticos, a Whirlpool fechou parceria com o portal holandês Battle of Concepts.
Estudantes do Senai, que participa desta iniciativa, enviam ideias de inovação.
"O objetivo é buscar alternativas com material de fácil reciclagem, biodegradável e que possa reduzir o consumo de energia", afirma Rogério Martins, vice-presidente de desenvolvimento de produtos e inovação da Whirlpool.
"Uma das vantagens é que os jovens abordam os desafios de maneira não convencional", diz José Cláudio Terra, da consultoria TerraForum, que se tornou sócia do portal. Dez projetos serão premiados.

Macroeconômico Albert Fishlow, professor emérito da Universidade Columbia, dos EUA, participará do 5º Seminário Internacional da Acrefi (Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento), que acontece amanhã, na cidade de São Paulo.

RELAÇÕES COM INVESTIDORES

Os profissionais da área de administração são os que predominam nas salas de aula de MBA de relações com investidores. Em dez anos do curso Fipecafi/Ibri, 41% dos alunos são administradores, segundo a Fipecafi. Contadores e economistas aparecem em seguida. Os profissionais da área de comunicação ocupam o quarto lugar na pesquisa. A participação das mulheres na sala de aula é de 42%, segundo a fundação.

LEÔNCIO MARTINS RODRIGUES

A via sindical para o poder
Leôncio Martins Rodrigues 
O Estado de S.Paulo - 29/09/10


"Eu sou torneiro mecânico e é a única coisa que eu sei fazer... Não tenho pretensões políticas; não sou filiado a partido político e tenho certeza de que jamais participaria da vida política porque eu não sirvo para político." Essas frases são de Lula e foram pronunciadas numa entrevista ao Programa Vox Populi, da TV Cultura, de maio de 1978, quando era ainda presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo. O presidente estava sendo modesto na avaliação de sua capacidade para a política. Para a sorte de alguns e azar de outros, não voltou para a fábrica nem para o sindicato.

A trajetória de Lula não é incomum na história do sindicalismo mundial. Quando os sindicatos eram frágeis e frequentemente clandestinos, a atividade sindical era mais uma missão do que uma profissão, missão que poderia dar cadeia e perda do emprego. Mas, na maioria dos países capitalistas, os sindicatos transformaram-se em poderosas, ricas e complexas organizações de massa. Como uma das mais bem-sucedidas instituições das sociedades capitalistas, transformaram-se numa via de ascensão social e econômica e, em alguns casos, de ascensão política para seus dirigentes.

No Brasil, antes de Lula, outros sindicalistas haviam tentado entrar para a classe política. A maioria o fazia pela via do PTB ou do PCB, portanto, de um modo subordinado às chefias partidárias. O caso do PT inverteu o processo: foram os sindicalistas que criaram o partido. Apesar da presença de outros segmentos sociais que ajudaram a viabilizar o PT - como a ala progressista da Igreja Católica e da intelligentsia de esquerda -, os sindicalistas constituíram sempre a facção dominante do partido. Controlavam a Articulação, considerada de direita pela esquerda petista. Dessa facção, à qual Lula pertencia, saíram os principais dirigentes do PT para as diferentes instâncias da estrutura de poder: Presidência da República, Ministérios, governadores, prefeitos e os vários níveis do Poder Legislativo.

Tomemos como exemplo a Câmara dos Deputados. Refletindo o fortalecimento do sindicalismo e dos partidos de esquerda, a bancada sindical cresceu. Na legislatura de 1991-1995 (pelos dados do Diap) havia 25 ex-diretores de sindicatos no Congresso. Na legislatura seguinte, o número foi para 36. Passou em seguida para 44. Na legislatura que resultou da eleição de 2002 (primeira eleição de Lula) chegou a 74. Para o Senado da República, cinco sindicalistas foram eleitos, todos do PT. Pode-se, de outro ângulo, perceber a forte vinculação do PT e do PCdoB com a estrutura sindical no fato de metade dos deputados desses dois partidos ter sido de diretores de sindicatos (53.ª legislatura, 2007-2010).

Mas na eleição de 2006, contrariando a tendência até então observada, nenhum sindicalista foi eleito para o Senado. Para a Câmara o número caiu para 56: 41 eram do PT, seis do PCdoB e três do PDT. Os demais dividiram-se entre PPS, PV (dois cada), PMDB e PSB (um cada). Um dos fatores que explicam esse declínio da bancada sindical foi a queda da votação no PT. Na eleição anterior, 91 petistas tinham sido eleitos. O PT transformara-se no maior partido da Câmara. Contudo, na legislatura seguinte, o PMDB, com 89 deputados, ultrapassou o PT, que ficou com 83. Uma vez que o PMDB está longe de ser um partido de sindicalistas, seu crescimento, acompanhado do pequeno declínio do PT, provavelmente foi uma das razões da diminuição da bancada sindical.

A manutenção da estrutura corporativa, juntamente com o fim dos controles antes exercidos pelo Ministério do Trabalho, transformou a instituição sindical numa via de entrada "por cima" na classe política. Na 53.ª legislatura (eleição de 2006), quase a metade dos parlamentares do PT e do PCdoB que foram diretores sindicais começou a carreira política elegendo-se diretamente para a Câmara. Apenas cerca de um terço teve uma trajetória mais sofrida, começando pela vereança.

Em princípio, a considerar a denominação oficial dos sindicatos brasileiros, além de representantes do povo, todos os ex-sindicalistas seriam representantes dos "trabalhadores". O termo comumente leva a pensar no operário manual. Na década de 1960, a figura que mais comumente o representava era o João Ferrador, que trazia estampada em sua camisa a frase ameaçadora: "Hoje eu não tô bom."

Mas a composição social das classes assalariadas mudou. E também a do sindicalismo. Os sindicatos em que predominavam trabalhadores manuais do setor privado perderam força. Os sindicalistas na Câmara são em sua ampla maioria de classe média, não manuais, do setor público, em que se destacam professores e bancários. Quase 70% dos membros da bancada sindicalista têm curso superior completo.

Não seria possível analisar mais detidamente a influência desse "fator sindical" na política brasileira, mas avancemos sumariamente duas observações. De um lado, ele aumenta o peso político dos segmentos assalariados das classes médias sindicalizáveis, que no momento, em aliança com o PT, empreendem a colonização do aparelho de Estado. Pode, desse ângulo, ser entendido como um fator de democratização social relacionado a uma mudança na elite política e social e na popularização da classe dos políticos profissionais. De outro lado, uma vez que os ex-sindicalistas vêm das estruturas corporativas, num movimento de retroação, a bancada sindical tende a reforçar o peso das instituições, dos interesses e valores corporativos na sociedade brasileira. Ao fim e ao cabo, se todos os demais fatores permanecerem iguais, o fator sindical tende a enfraquecer a democracia representativa, que sempre convive mal com a política de massas e os impulsos populistas que nela despontam.



EX-PROFESSOR TITULAR DOS DEPARTAMENTOS DE CIÊNCIA POLÍTICA DA USP E DA UNICAMP, É AUTOR DE "DESTINO DO SINDICALISMO"

ANCELMO GÓIS

Sujeito esperto 
Ancelmo Góis 
O Globo - 29/09/2010 

É uma figura esse empresário Rubnei Quícoli, estopim da queda de Erenice Guerra e que ontem negou ter dito que a propina era para a campanha do PT.

E não é só porque foi recebido no Palácio do Planalto para tratar de um projeto de energia solar, mesmo já tendo sido condenado e preso por vários crimes.

Segue...

Para posar de bom moço, Quícoli declarou ao “Jornal Nacional”, da TV Globo, que era filiado ao Greenpeace.

Procura daqui, cata dali, o pessoal da ONG verde descobriu que, em 2000, o empresário se cadastrou como doador de R$ 100 por mês. Mas... ficou só na intenção. Nunca coçou o bolso.

Aliás...

Um cínico, meio sério, meio à brinca, disse acreditar que, finalmente, a geração de energia solar no Brasil vai deslanchar: — Quando o pessoal da roubalheira fica de olho, é sinal de que o negócio tem futuro.

É. Pode ser.

Estatal 51%

A capitalização da Petrobras fez, na prática, o setor público assumir, direta ou indiretamente, 51% do total da empresa.

É que a União e o BNDES passam a ter 47,3%; a Petros, 0,8%; e a Previ, 2,9%.

Um erro emocional

“Um erro emocional”, primeiro romance de Cristóvão Tezza, autor de “O filho eterno”, sairá em outubro pela Record.

Mas, antes do lançamento aqui, já recebeu proposta do exterior.

A oferta chegou ontem da Holanda, pela editora Contact.

Marta na cabeça

Deve ser o cansaço. Lula, segunda à noite, num comício em São Paulo, trocou as bolas.

Errou o número da candidata Marta Suplicy ao Senado.

Ainda por cima, apresentou Michel Temer como vice na chapa de... Marta.

Newton Cruz x Maluf

Newton Cruz, 85 anos, o general que comandou o finado SNI na ditadura militar, saiu vitorioso em segunda instância numa ação movida pelo deputado ficha suja Paulo Maluf.

O juiz Sérgio Seabra Varella negou pedido de indenização por danos morais feito por Maluf, acusado pelo general de, em 1985, ter proposto a ele o assassinato de Tancredo Neves.

É que...

Tancredo era adversário de Maluf na eleição indireta à Presidência naquele ano.

Maluf já havia perdido a ação em primeira instância, em 2004.

Dança das cade

Lula já distribui presentes de Natal no Itamaraty.

Marcos Raposo, seu chefe de cerimonial, será embaixador no México; George Prata, em Praga; Leda Camargo, embaixadora na Suécia; Antônio Mena Gonçalves, na Colômbia; e Sérgio Florêncio, cônsul em Vancouver.

Disputa no Senado

A disputa pelas duas vagas do Senado no Rio foi assunto ontem na reunião da coordenação política do governo, em Brasília.

Lula reafirmou a José Alencar, do PRB, mesmo partido de Crivella, que o ex-bispo e Lindberg são seus candidatos. É que, aproximados por Cabral, na reta final, Lindberg e Jorge Picciani viraram amigos de infância.

Caso Joanna

A promotora Elisa Pitaro teria arquivado este ano uma queixa-crime por maus-tratos contra o técnico judiciário André Rodrigues Martins, pai da menina Joanna Cardoso Marcenal, que morreu mês passado.

A denúncia foi feita pela mãe de Joanna, Cristiane Marcenal.

Minc fashion week

Uma loja da Saara, no Rio, pegou carona na exposição do deputado estadual Carlos Minc com seus coletes multicoloridos no horário eleitoral na TV.

Criou, acredite, a seção...

“Coletes do Minc”.

Viva Xexéo!

Nosso coleguinha Artur Xexéo, além de estrear como autor de teatro, com “A garota do biquíni vermelho”, sobre a vedete Sônia Mamede, debutará também como compositor.

Fez duas canções do espetáculo, que estreia dia 14, no Rio

Calma, gente

Um casal chegou tarde para a peça “Pterodátilos”, com Marcos Nanini, no Teatro das Artes, no Rio, e foi impedido de entrar.

Os dois, irritados, fizeram o maior barraco, com direito até a tapa na cara de uma produtoras.

Só se acalmaram com a polícia.