terça-feira, setembro 28, 2010

MERVAL PEREIRA

Marina contra Dilma 
Merval Pereira 
O Globo - 28/09/2010 

A possibilidade de haver um segundo turno nas eleições presidenciais depende fundamentalmente de quanto a candidata verde, Marina Silva, vai subir nas regiões Sul e Sudeste, onde vem alcançando índices expressivos em alguns estados, acima até dos do tucano José Serra, ou até que ponto este está realmente recuperando votos em São Paulo

A estratégia de Marina no debate da Record, de atacar tanto Dilma quanto Serra, tem lógica, já que para chegar ao segundo turno ela tem que tirar votos dos dois.

Não adianta tirar votos apenas de Serra, porque o que vale é a soma de todos os candidatos contra Dilma.

É provável que no último e mais importante debate, o de quinta-feira na TV Globo, a tática de Marina já esteja mais focada em tirar votos de Dilma se as próximas pesquisas confirmarem a redução da distância entre os concorrentes.

É que a assessoria de Marina acha que dificilmente o candidato José Serra cairá do patamar de 30% a 25%, restando a Marina, se quiser ir para o segundo turno, superar Serra tirando votos de Dilma.

Uma tarefa que parece bastante difícil, pois, pelos próprios levantamentos do Partido Verde, Marina está chegando a um patamar de 15% de votos, o que a coloca na situação de ter que crescer pelo menos mais dez pontos percentuais na última semana de campanha.

Já a campanha tucana considera que o crescimento de Serra no estado de São Paulo permitirá que ele chegue ao segundo turno em ascensão, embora ainda longe da candidata oficial.

Se ele passar dos cerca de 30% de apoio que tem até agora e Marina chegar a 15% tirando votos de Dilma, a decisão nos votos válidos pode ficar por conta da abstenção, dos votos brancos e nulos.

A abstenção tem sido muito variável nos últimos anos, sendo que a eleição de 1989 teve a menor taxa ( 11,9% ), e a de 1998, a maior (21,5%). A de 2006 ficou em 16,7%.

Os votos válidos, descontados a abstenção e os votos brancos e nulos, variaram de 81,2% em 1994 a 93,5% em 1989. A eleição de 2006 teve 91,6% de votos válidos, e mesmo assim Lula teve que disputar o segundo turno.

Por isso o receio do PT em relação à obrigatoriedade de o eleitor apresentar dois documentos, sendo que um com foto, para votar.

O partido teme que essa exigência legal, que foi adotada com o apoio de todos os partidos, faça aumentar a abstenção especialmente no Nordeste, onde a candidata Dilma Rousseff está garantindo sua eleição.

Um interessante estudo da Arko Advice de Brasília, do cientista político Murilo Aragão, divulgado pelo Blog do Noblat, com base nas últimas pesquisas do Ibope e do Datafolha, mostra que a possibilidade de vitória de Dilma Rousseff no primeiro turno está baseada na vantagem que ela está tirando no Nordeste, que representa cerca de 29 % do eleitorado.

No Sudeste (42% do eleitorado) e no Sul (14%), a soma das intenções de voto de José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV) é igual ou superior aos índices de Dilma, o que levaria a eleição para o segundo turno.

E, no Centro-Oeste, a candidata do presidente Lula tem uma vantagem de 2%, portanto, dentro da margem de erro das pesquisas.

Serra e Marina estariam crescendo no Sudeste, de acordo com as últimas pesquisas, enquanto Dilma perde terreno.

A diferença a favor de Dilma é de 15 pontos percentuais: Dilma tem 44,5%, Serra subiu para 30%, e Marina cresceu 5,5 pontos percentuais ( 9 % para 14,5%). A soma dos índices de Serra e Marina é igual a 44,5%, o mesmo índice de Dilma.

Esse desempate pode acontecer caso a previsão da campanha de Serra se confirme nas próximas pesquisas, e ele supere Dilma no estado.

Se isso acontecer, é provável que a eleição vá para o segundo turno, mesmo que a diferença a favor de Serra contra Dilma seja mínima em São Paulo.

Esse resultado é totalmente atípico, pois o candidato do PSDB costuma ganhar em São Paulo, sendo que Alckmin, em 2006, mesmo perdendo a eleição a nível nacional, venceu no estado por uma diferença de quase quatro milhões de votos.

Na Região Sul, a soma dos percentuais de Serra e Marina é igual a 46,5%, enquanto Dilma tem 44,5%.

No Nordeste é onde Dilma abre grande vantagem sobre a soma de seus opositores.

Dilma tem 63,5%, enquanto Serra, mesmo crescendo, chegou a 20%, e Marina passou de 7% para 8,5%. Hoje, a soma dos percentuais de Serra e Marina totaliza 28,5% contra 63,5% de Dilma.

No Norte/Centro-Oeste, a candidata do presidente Lula oscilou negativamente, de 47,5% para 47%, e Serra, de 29% para 30,5%.

Já Marina passou de 13% para 14,5%. Hoje, a soma de Serra e Marina é igual a 45%, contra 47% de Dilma.

Os estrategistas de Marina acreditam que ela tenha condições de melhorar a performance entre os eleitores de mais baixa renda, inclusive no Nordeste, e identificam nos últimos dias um trabalho bastante forte de pastores evangélicos a favor da sua candidatura, capaz de retirar votos de Dilma Rousseff mesmo entre o eleitorado mais pobres dos grandes centros urbanos.

Pelos números até o momento, se for confirmada a tendência de vitória da candidata oficial, Dilma Rousseff, no primeiro turno, ela se deverá à alta performance do governo no Nordeste e à baixa performance do candidato do PSDB José Serra no estado que governou até o início do ano.



DORA KRAMER

Em marcha à ré 
Dora Kramer 
O Estado de S.Paulo - 28/09/2010

A justificativa do desembargador Liberato Póvoa para impor censura a 84 jornais, sites, emissoras de rádio e televisão expressa o pensamento dos defensores da tese de que liberdade de expressão é um conceito relativo.

Bem como a alegação do governador do Tocantins para pedir na Justiça o embargo da divulgação de notícias sobre a investigação de que é alvo por corrupção reproduz o raciocínio de que a imprensa serve aos propósitos da oposição, devendo, por isso, ser obrigada a calar.

O ato do governador acusado, e que disputa agora a reeleição, de mandar a Polícia Militar apreender a partida da revista Veja no aeroporto, antes da distribuição às bancas de Palmas, caracteriza, entre outros crimes, o de uso da máquina pública em proveito individual.

Dirão que é exagero, pois agora se instituiu a prática da defesa moderada da democracia, mas nesse caso escabroso estão presentes todos os elementos da guerra contra a liberdade de manifestação aberta pelo PT em geral e o presidente Luiz Inácio da Silva em particular.

Há o conceito do PT, aprovado no último congresso do partido, sobre a necessidade de se criar controles sobre o conteúdo do que se publica nos meios de comunicação; há o envolvimento do outro parceiro da aliança presidencial, o PMDB, como o partido do requerente da censura; há a argumentação presente nos discursos do presidente e há o uso eleitoral do patrimônio público.

A Justiça já havia feito parecido numa sentença que mantém o Estado há mais de um ano impedido de publicar notícias sobre a investigação que alcança o filho empresário do senador e presidente do Senado, José Sarney. A última providência judicial foi remeter o caso para a Justiça do Maranhão, onde está até hoje sem decisão enquanto o jornal e o leitor ficam interditados.

Agora a atitude de um desembargador cuja suspeição é total, porque teve a mulher indicada para cargo pelo governador favorecido pela censura, atingiu o Estado e outros 83 veículos.

A liminar foi dada na sexta-feira e suspensa ontem à tarde pelo plenário do TRE do Tocantins. A suspensão alivia, mas não resolve o problema.

A gravidade do episódio é que junto com outros dá sinais de que os arautos do atraso e do retrocesso estão se sentindo à vontade ultimamente.

Só isso explica uma decisão tão obviamente contrária aos ditames democráticos e que muito dificilmente esse desembargador teria tido coragem de proclamar caso não se sentisse em ambiente propício.

Muito já se falou sobre isso, mas é sempre bom repetir: o Brasil avançou em quase tudo da redemocratização para cá, menos na política, cujos métodos são exatamente os mesmos da primeira metade do século passado. E agora, no governo Lula, celebrados como evidência de habilidade.

Primeiro escolhemos não avançar, depois optamos por aprofundar relações com os velhos vícios e mais recentemente parece que resolvemos manifestar preferência pelo retrocesso.

Estamos voltando ao tempo em que era preciso organizar um abaixo-assinado, lançar um manifesto por dia. OAB, AMB, CNBB e similares toda semana estão no noticiário dizendo alguma coisa em defesa da democracia ou denunciando alguma agressão à Constituição.

Ora, o que precisa ser defendido com essa frequência, convenhamos, é porque vai mal.

Alguém já viu isso em país de democracia consolidada?

Pois aqui no Brasil voltou a se tornar uma questão em aberto. Governantes consideram que têm o condão de arbitrar o que seja correto ou incorreto divulgar, juízes prestam serviços particulares, militantes decretam o fim da moralidade que agora passa a se chamar "moralismo udenista" e os parvos ainda acham que os protestos exorbitam e enxergam fantasmas ao meio-dia.

Amanhã ou depois nada impede que o gesto do desembargador tocantinense se repita, até ampliado, caso não haja uma reação muito forte e desprovida de meios tons.

Defesa da democracia que o Brasil reconquistou ao custo de vidas, da liberdade e de anos perdidos não comporta moderação nem bom-mocismo de ocasião.

ARNALDO JABOR

As boquinhas fechadas
Arnaldo Jabor 
O Estado de S.Paulo - 28/09/10


Estamos vivendo um momento grave de nossa história política em que aparecem dois tumores gêmeos de nossa doença: a união da direita do atraso com a esquerda do atraso.
O Brasil está entregue à manipulação pelo governo das denúncias, provas cabais, evidências solares, tudo diante dos olhos impotentes da opinião pública, tapando a verdade de qualquer jeito para uma espécie de "tomada do poder". Isso; porque não se trata de um nome por outro - a ideia é mudar o Estado por dentro.
Tudo bem: muitos intelectuais têm todo o direito de acreditar nisso. Podem votar em quem quiserem. Democracia é assim.
Mas, e os intelectuais que discordam e estão calados? Muitos que sempre idealizaram o PT e se decepcionaram estão quietinhos com vergonha de falar. Há o medo de serem chamados de reacionários ou caretas.

Há também a inércia dos "latifúndios intelectuais". Muitos acadêmicos se agarram em feudos teóricos e não ousam mudá-los. Uns são benjaminianos, outros hegelianos, mestres que justificam seus salários e status e, por isso, não podem "esquecer um pouco do que escreveram" para agir. Mudar é trair... Também não há coragem de admitirem o óbvio: o socialismo real fracassou. Seria uma heresia, seriam chamados de "revisionistas", como se tocassem na virgindade de Nossa Senhora.

O mito da revolução sagrada é muito grande entre nós, com o voluntarismo e o populismo antidemocrático. E não abrem mão de utopias - o presente é chato, preferem o futuro imaginário. Diante de Lula, o símbolo do "povo que subiu na vida", eles capitulam. Fácil era esculhambar FHC. Mas, como espinafrar um ex-operário? É tabu. Tragicamente, nossos pobres são fracos, doentes, ignorantes e não são a força da natureza, como eles acham. Precisam de ajuda, educação, crescimento para empregos, para além do Bolsa-Família. Quem tem peito de admitir isso? É certo que já houve um manifesto de homens sérios outro dia; mas faltam muitos que sabem (mas não dizem) que reformas políticas e econômicas seriam muito mais progressistas que velhas ideias generalistas, sobre o "todo, a luta de classes, a História". Mas eles não abrem mão dessa elegância ridícula e antiga. Não conseguem substituir um discurso épico por um mais realista. Preferem a paz de suas apostilas encardidas.

Não conseguem pensar em Weber em vez de Marx, em Sérgio Buarque em vez de Florestan Fernandes, em Tocqueville em vez de Gramsci.

A explicação desta afasia e desta fixação num marxismo-leninismo tardio é muito bem analisada em dois livros recentemente publicados: Passado Imperfeito, do Tony Judt (que acaba de morrer), e o livro de Jorge Caldeira História do Brasil com Empreendedores (Editora Companhia da Letras e Mameluco). Ali, vemos como a base de uma ideologia que persiste até hoje vem de ecos do "Front Populaire" da França nos anos 30, pautando as ideias de Caio Prado Jr. e deflagrando o marxismo obrigatório na Europa de 45 até 56. Os dois livros dialogam e mostram como persiste entre nós este sarapatel de teses: leninismo, getulismo desenvolvimentista - e agora, possível "chavismo cordial".

A agenda óbvia para melhorar o Brasil é consenso entre grandes cientistas sociais. Vários "prêmios Nobel" concordam com os pontos essenciais das reformas políticas e econômicas que fariam o Brasil decolar.

Mas, não; se o PT prevalecer com seu programa não-declarado (o aparente engana...), não teremos nada do que a cultura moderna preconiza.

O que vai acontecer com esse populismo-voluntarista-estatizante é previsível, é bê-á-bá em ciência política. O PT, que usou os bons resultados da economia do governo FHC para fingir que governou, ousa dizer que "estabilizou" a economia, quando o PT tudo fez para acabar com o Real, com a Lei de Responsabilidade Fiscal, contra tudo que agora apregoa como atos "seus". Fingem de democratas para apodrecer a democracia por dentro.

Lula topa tudo para eleger seu clone que guardará a cadeira até 2014. Se eleito, as chamadas "forças populares", que ocupam mais de 100 mil postos no Estado aparelhado, vão permanecer nas "boquinhas", através de providências burocráticas de legitimação.

Os sinais estão claros.

As Agências Reguladoras serão assassinadas.

O Banco Central poderá perder a mínima autonomia se dirigentes petistas (que já rosnam) conseguirem anular Antonio Palocci, um dos poucos homens cultos e sensatos do partido.

Qualquer privatização essencial, como a do IRB, por exemplo, ou dos Correios (a gruta da eterna depravação) , será esquecida.

A reforma da Previdência "não é necessária" - já dizem eles -, pois os "neoliberais exageram muito sobre sua crise", não havendo nenhum "rombo" no orçamento.

A Lei de Responsabilidade Fiscal será desmoralizada.

Os gastos públicos aumentarão pois, como afirmam, "as despesas de custeio não diminuirão para não prejudicar o funcionamento da máquina pública".

Portanto, nossa maior doença - o Estado canceroso - será ignorada.

Voltará a obsessão do "Controle" sobre a mídia e a cultura, como já anunciam, nos obrigando a uma profecia autorrealizável.

Leis "chatas" serão ignoradas, como Lula já fez com seus desmandos de cabo eleitoral da Dilma ou com a Lei que proíbe reforma agrária em terras invadidas ilegalmente, "esquecendo-a" de propósito.

Lula sempre se disse "igual" a nós ou ao "povo", mas sempre do alto de uma "superioridade" mágica, como se ele estivesse "fora da política", como se a origem e a ignorância lhe concedessem uma sabedoria maior. Em um debate com Alckmin (lembram?), quando o tucano perguntou a Lula ao vivo de onde vinha o dinheiro dos aloprados, ouviu-se um "ohhhh!...." escandalizado entre eleitores, como se fosse um sacrilégio contra a santidade do operário "puro".

Vou guardar este artigo como um registro em cartório. Não é uma profecia; é o óbvio. Um dia, tirá-lo-ei do bolso e sofrerei a torta vingança de declarar: "Agora não adianta chorar sobre o chopinho derramado!"...

MÔNICA BERGAMO

AGORA ELA CANTA
MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SÃO PAULO - 28/09/10 


Luana Piovani estreou no domingo o musical infantil "O Soldadinho e a Bailarina", com direção de Gabriel Villela, no teatro Procópio Ferreira. Para fazer o espetáculo, a atriz estudou canto. No fim da apresentação, agradeceu a ajuda da preparadora vocal Babaya.

UMA PENSÃO NO CAMINHO A professora Rosemary de Morais, que diz ser filha do vice-presidente da República, José Alencar, e move ação para obter o reconhecimento da paternidade, entrou com um pedido para que ele desse a ela uma pensão de R$ 50 mil mensais. A Justiça negou, já que o caso ainda está em discussão nos tribunais.

PONTO ZERO
Alencar, que nega ser pai de Rosemary, obteve recentemente liminar suspendendo os efeitos da decisão de um juiz que declarava que o político é pai dela e que seu nome deveria ser incluído na certidão de nascimento da professora.

FANTASMA
Com ou sem exigência de os eleitores apresentarem dois documentos para votar no dia 3, o problema da abstenção continua sendo visto como ameaça pela coordenação da campanha de Dilma Rousseff (PT). Em 2006, Lula foi para o segundo turno com 48,6% dos votos válidos -não venceu na primeira rodada por diferença de 1,4%, que deixou de ser colocada na urna em grande parte por causa da abstenção entre eleitores de baixa renda, em especial do Nordeste, onde 20% não foram votar.

O GATO COMEU
Para chegar ao dia da eleição com margem que assegure a vitória em primeiro turno, dizem analistas de diversos partidos, Dilma teria que cravar 53% das intenções de votos válidos -já que boa parte deles não se transformará em voto na urna por causa da abstenção.

APAGA O FOGO
A Promotoria da Habitação marcou para o dia 6 uma reunião com o secretário das Subprefeituras, Ronaldo Camargo, e o comando do Corpo de Bombeiros para discutir a situação dos túneis de SP, todos considerados irregulares quanto aos equipamentos de prevenção de incêndios. A elaboração do projeto de modernização dos sistemas de segurança, encomendada pela prefeitura, deve custar R$ 145 mil.

CONTRA A CÂMARA
O advogado Pedro Lessi entrou com uma representação no Ministério Público contra a Câmara Municipal de São Paulo por improbidade administrativa. Ele alega que a verba deste ano destinada à publicidade, no valor de R$ 17 milhões, é "indevida e ilegal". "A Câmara usou metade dessa verba, R$ 8,5 milhões, em um projeto de reformulação do site. De onde veio esse dinheiro?", diz o advogado. A Câmara diz que ainda não foi notificada.

SOBRE A CEGUEIRA
A Casa de Chá da praça dos Três Poderes vai abrigar jantares "às cegas" durante o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, em novembro.
A decoradora Helen Szervinsk vai transformar o espaço, que é branco e envidraçado, em um ambiente escuro. Garçons cegos serão escalados para servir um menu surpresa aos participantes.

AMIGO DO PEITO
O Brasil está exportando leite materno, além de tecnologia em processamento, armazenamento, controle de qualidade e distribuição de leite humano, para todos os países que participam do programa Iberoamericano de Bancos de Leite Humano (IberBLH). São lugares como Espanha, Argentina, Angola e o próprio Brasil, onde 155 mil recém-nascidos foram beneficiados. Os dados serão divulgados no 1º Congresso Iberoamericano de Bancos de Leite Humano, que começa hoje em Brasília.

UM PÉ LÁ, UM PÉ CÁ
Francisco Chagas, maître do Rodeio, nos Jardins, há mais de 30 anos, cuidará também da filial do restaurante que será inaugurada em novembro, no shopping Iguatemi.
A nova casa, que ficará no oitavo andar do shopping, contará com um bar exclusivo para seus clientes, instalado no térreo.

BEXIGA NO JOCKEY Márcio Toledo, presidente do Jockey Club, comemorou aniversário anteontem na companhia da namorada, Marta Suplicy (PT-SP), e de amigos com uma "festa italiana" regada a pizza, na Vila Hípica. O material de campanha de Marta, candidata a senadora, decorou as paredes e até o bolo de aniversário . Fafá de Belém cantou o "Parabéns a Você".

CURTO-CIRCUITO

O cantor e pianista Claudio Goldman, filho do governador Alberto Goldman, faz show hoje, às 22h30, no Bourbon Street. 18 anos.

Zeca Camargo inicia hoje, às 20h, o curso "Todo Mundo Faz Pop", com quatro aulas sobre música na Casa do Saber do Rio de Janeiro.

Ignácio de Loyola Brandão autografa o livro "Ruth Cardoso - Fragmentos de Uma Vida", hoje, às 19h, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional.

A pré-estreia de "O Sol do Meio Dia", de Eliane Caffé, é hoje, às 20h, no Cine Sabesp. Classificação: 16 anos.

Jorge Kalil, diretor do laboratório de imunologia do Incor, foi eleito vice-presidente da International Union of Immunology Societies.

com DIÓGENES CAMPANHA, LEANDRO NOMURA e LÍGIA MESQUITA

VINICIUS TORRES FREIRE

Os mundos e fundos do BNDES 
Vinicius Torres Freire 

FOLHA DE SÃO PAULO - 28/09/2010

O governo federal recorreu também ao BNDES a fim de aumentar sua participação no capital da Petrobras. O banco comprou R$ 22,4 bilhões em ações da petroleira, na oferta pública recém-encerrada.

Os motivos para envolver o BNDES na capitalização são confusos e/ou controversos. O que vem ao caso agora é o fato de o Tesouro Nacional emprestar mais R$ 30 bilhões ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. Ou melhor, ao seu braço de investimento, a BNDESPar, que detém e administra as participações do bancão estatal. Trata-se de empréstimo a juros de pai para filho. De um financiamento que a mão direita do governo oferece a sua mão esquerda.

O empréstimo do governo serve, pois, para cobrir o dinheiro que o BNDES vai gastar na aquisição de fatia da Petrobras mais um troco, troco enorme, quase R$ 8 bilhões, que ainda não se sabe qual fim terá.

O papel do BNDES na execução da política econômica do governo é cada vez maior. O BNDES é o destino de uma grossa fatia do novo endividamento do governo federal. Executa muito mais que uma política industrial. Lida com fundos de natureza orçamentária (dívida nova) sem que tais dinheiros sejam objeto de discussão no Congresso ("melhor assim", dirá um cínico, dada a qualidade do Congresso).

O BNDES altera a dinâmica da política de juros. Primeiro, porque suas taxas de juros são menores que as de mercado, por vezes próximas de zero (em termos reais). Segundo, porque afeta de modo arbitrário a oferta de dinheiro na economia -o que pode até ser bom, como se viu em 2009, mas nem sempre o é.

Além do mais, o banco é ou será obrigado a financiar obras disparatadas como a do trem-bala, que não para em pé se julgada de ponto de vista econômico, financeiro ou social (na verdade, a burocracia do banco é contrária ao disparate, de inspiração luliana-dilmiana). Coisa parecida acontece na Petrobras, obrigada a fazer refinarias na qual não vê sentido econômico.

A participação do BNDES no estoque de crédito na economia continua a crescer. As torneiras do banco ainda estão mais abertas do que estavam em 2008 (variação anual, antes da crise). De setembro de 2008, explosão da crise, a agosto de 2010, a fatia do banco no total do estoque de crédito passou de 16% para 21%. Mas, na margem, a fatia é ainda maior. Do total do aumento de estoque de crédito neste ano, o BNDES foi responsável por 30,7%.

O ritmo de crescimento do estoque de crédito dos demais bancos públicos e dos bancos privados nacionais é agora menor que o do início de 2008, pré-crise; a redução da velocidade foi, nos dois casos, da mesma proporção.

Os bancos privados nacionais aceleraram a oferta de crédito no pós-crise. Os públicos pisaram no freio. Os privados estrangeiros continuaram a perder mercado até o trimestre passado. Claro, é preciso notar que os bancos públicos esbarraram no limite de crédito, dado o seu capital, obstáculo que o BNDES não enfrenta graças aos R$ 180 bilhões oferecidos pelo Tesouro desde 2009 (sem contar os R$ 30 bilhões de agora, que não vão para o crédito).

Dados o tamanho do banco, a oferta quase sem limite de recursos do Tesouro e o espraiamento da sua ação, passou da hora de rediscutir o que fazer do BNDES.

RENATA LO PRETE - PAINEL DA FOLHA

Inimiga oculta 
Renata Lo Prete 

Folha de S.Paulo - 28/09/2010

Na véspera da divulgação de um Datafolha que aponta nova redução da vantagem de Dilma Rousseff sobre a soma dos adversários, a petista inaugurou domingo, no debate da TV Record, um repertório crítico a Marina Silva (PV), que subiu de 11% para 14% e virou peça-chave para forçar um eventual segundo turno, mesmo que nele venha a estar José Serra (PSDB).
A lembrança de denúncias que atingiram o Ministério do Meio Ambiente e a cobrança de soluções para os problemas apontados por Marina foram discutidas previamente no QG dilmista, mas não há consenso sobre o que fazer agora. A necessidade de desconstruir o discurso "marineiro" foge ao roteiro inicial do PT.

São Pedro Choveu forte tanto no primeiro comício da campanha de Dilma, em julho, na Candelária, quanto no último, ontem, no sambódromo paulistano.
Monástica Antes do Datafolha, o plano era dar a Dilma, a partir de hoje, quase todo o tempo para se preparar para o debate de quinta na Globo. No mais, ela faria a aparição do dia para o "JN" e uma ou outra atividade.

Oremos O PT lançará ofensiva para conter o que classifica como "onda de boataria" voltada a eleitores católicos e evangélicos. As mensagens atribuem a Dilma a defesa do aborto e do casamento homossexual. A campanha disseminará na rede declarações recentes da candidata sobre esses temas.

Viva o Gordo Estranha ao eleitorado mais jovem, a expressão "numa nice", usada aqui e ali por Serra, remete a Bo Francineide, atriz de pornochanchada interpretada por Jô Soares no início dos anos 80. "Eu transo o corpo numa nice" era a assinatura da desinibida personagem.

A propósito A cinco dias da eleição, o governador Alberto Goldman (PSDB-SP) comanda hoje dois eventos que materializam promessas de Serra: a inauguração do ambulatório de especialidades de Itupeva e a demolição do cadeião de Jundiaí.

Pecado alheio E-mail disparado às 15h47 de ontem da Secretaria Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência pede apoio ao recém-lançado Manifesto em Defesa da Democracia, que aponta uso da máquina pública por Lula em favor da candidatura de Dilma. O governo tucano alega que a mensagem foi remetida "indevidamente" por um funcionário.

Caminho suave Mesmo que Tiririca (PR) fosse impedido de tomar posse sob a alegação de analfabetismo, seus votos seriam validados e migrariam para a legenda, informa a Procuradoria Eleitoral. Ou seja, se tivesse a diplomação barrada pela Justiça, o palhaço asseguraria mais cadeiras a candidatos do PT, ao qual está coligado.

Bioma Fábio Feldman (PV), que tabelou com Geraldo Alckmin nos debates para o governo paulista, telefonou ao também tucano Aloysio Nunes para anunciar que lhe dará seu segundo voto para o Senado. O primeiro é do verde Ricardo Young.

Estiagem de votos No Amazonas, dirigentes partidários temem alta taxa de abstenção devido ao baixo nível dos rios, que dificulta a locomoção de eleitores em áreas ribeirinhas. Aliados de Alfredo Nascimento (PR), bem atrás de Omar Aziz (PMN) nas pesquisas, esperam lucrar com o fenômeno.

De saída No Rio Grande do Norte, é dado de barato que Rosalba Ciarlini, favoritíssima para o governo, dificilmente permanecerá no DEM depois de eleita. Sua campanha transbordou os limites do partido, e ela emergirá das urnas maior do que o padrinho José Agripino.

tiroteio

"Sou obrigado a concordar com o Skaf: juntar-se ao Mercadante e ao Russomanno contra o Alckmin só podia dar zebra."
DO DEPUTADO DUARTE NOGUEIRA (PSDB-SP), sobre o animal usado na propaganda do candidato do PSB ao governo, que tem 4% no Datafolha.

contraponto

Tapete vermelho


Petistas e ex-ministras, Benedita da Silva e Nilceia Freire conversavam animadamente enquanto conferiam os respectivos trajes no estúdio da TV Record, no Rio, antes do debate presidencial de domingo. O ritual, explicaram, se deve ao fato de ambas possuírem um conjunto branco idêntico. Alguém perguntou a Benedita como evitar o efeito "par de vasos", e ela disse:
-Não tinha risco. Hoje era a minha vez!
Nilceia completou:
-Telefonei antes pra checar com a Benedita. Assim afastamos qualquer coincidência indesejável...

MÍRIAM LEITÃO

O corte inglês 
Miriam Leitão 

O Globo - 28/09/2010

Ed Miliband, o novo líder do trabalhismo inglês eleito nesse fim de semana, depois de árdua luta com outros três competidores, fez um discurso marcante. Admitiu que o partido tinha errado, reconheceu o trabalho dos antigos líderes, mas disse que, a partir daquele momento, uma nova geração estava assumindo o poder no partido e virando uma página.

Foi inevitável pensar no retrocesso político brasileiro, em que o único partido de massas aceitou, sem qualquer sinal de desconforto, que o presidente Lula impusesse uma candidata de sua escolha autocrática. O PT foi o partido brasileiro que se organizou desde as bases. Ele perdeu a bandeira ética quando não reagiu a escândalos, como o do mensalão, e aderiu ao caciquismo neste fim do governo Lula.

— Essa eleição vira uma página, porque uma nova geração dá um passo adiante para servir o nosso partido e, eu espero, que para servir o país. Hoje, o trabalho da nova geração começa — disse Ed Miliband.

Ed é jovem, representou uma facção à esquerda do Partido Trabalhista, é ambientalista e foi um excelente ministro da Energia e Mudanças Climáticas. Disputou com quatro eleições internas e, na última, enfrentou seu próprio irmão, David, que havia sido ministro do Exterior de Gordon Brown. Os dois são filhos de um sociólogo, professor universitário.

Eu entrevistei os dois Miliband em situações diferentes.

Ed é mais carismático, mais simpático, mais antenado com os desafios do século XXI. Quando veio ao Brasil, foi ao Xingu ouvir índios, madeireiros, sobrevoou áreas desmatadas na Amazônia, debateu com ambientalistas e, na entrevista que me concedeu, falou, sem preconceitos, das chances e desafios do Brasil que ele tinha conseguido perceber durante sua visita.

Já David, com quem conversei no Foreign Office, me pareceu mais burocrático que Ed e, na questão climática, alinhado demais à posição americana.

O que a Inglaterra tem agora é um momento único: nos três partidos há lideranças jovens e, no governo, uma situação nova. Líderes de cerca de 40 anos estão chefiando os três partidos.

David Cameron, primeiroministro, e Nick Clegg, vice-primeiro-ministro, vivem uma situação rara, uma coalizão. Cameron e Clegg construíram a coalizão com base numa carta de programa de governo em que cada um cedeu um pouco.

O Partido Conservador teve de aceitar a exigência dos liberais democratas de propor uma reforma política que dê mais chance de representação ao terceiro partido, que é prejudicado pelo sistema distrital.

Depois de 13 anos no poder, o Partido Trabalhista foi derrotado, precisava se reorganizar e, por isso, passou por um tempo de debate interno e eleições para a nova liderança. Como o país é parlamentarista, ser líder é ser candidato a primeiroministro.

Guardadas as diferenças, o fato é que nos três partidos ingleses houve um processo de renovação de lideranças. O Partido Trabalhista que governou o país por 13 anos e perdeu as eleições foi o último a fazer essa renovação e completou nesse fim de semana.

— Nós perdemos a eleição e perdemos feio. Minha mensagem ao país é: nós sabemos que perdemos confiança. Eu sei que precisamos mudar. A nova geração que assumiu o partido entende o coração das mudanças. Eu quero mostrar que nós sabemos que temos de mudar. Eu tenho de unificar o partido, mas há uma coisa que precisamos: inspirar as pessoas com a nossa visão — disse Ed Miliband no seu discurso.

Foi impossível não pensar no PSDB que, ao perder as eleições, nunca fez uma análise sincera dos erros, nunca unificou o país, deixou que lideranças se digladiassem em surdina. Primeiro, José Serra e Geraldo Alckmin em 2006; depois, Serra e Aécio Neves em 2010. Não houve disputa aberta que mobilizasse a militância. De novo, foi um acordo intramuros por um grupo reduzido que cabe numa mesa de restaurante.

Não houve avaliação dos erros nem a consciência de que é preciso inspirar o país, oferecendo um projeto.

A Inglaterra, como todos os países atingidos pela crise bancária de 2008, está às voltas com um enorme déficit público e uma dívida alta. Cameron está cortando os gastos, mas uma das estratégias é a de ter uma meta de redução do déficit de longo prazo para a qual convergir ano a ano. Uma proposta de ir reduzindo ano a ano até zerar o déficit no Brasil, feita em 2005, pelo então ministro Antonio Palocci, foi considerada “rudimentar” pela então ministra Dilma Rousseff.

— Acredito que precisamos reduzir o déficit, mas temos de recriar a capacidade de a economia funcionar e gerar emprego. A Inglaterra é muito desigual, e a desigualdade fere não apenas os pobres, fere a todos — disse Ed, defendendo a proposta social-democrata dos trabalhistas e tentando agradar os sindicatos que o apoiaram.

A Inglaterra tem pilhas de problemas, mas tenta se refazer renovando as lideranças políticas nos três partidos.

Aqui, nos quatro principais partidos — PT, PSDB, PMDB e DEM — não há sinais de renovação. No PT, há um perigoso retrocesso.

Ele está ficando cada vez mais parecido com o vetusto partido peronista da Argentina dos anos 1950.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

Exportação brasileira de móveis cresce 15% e se aproxima de período pré-crise 
Maria Cristina Frias 


Folha de S.Paulo - 28/09/2010


As exportações brasileiras de móveis acumulam aumento de 14,6% neste ano, segundo a Abimóvel (associação brasileira do setor).
De janeiro a julho, as vendas para o mercado externo totalizaram US$ 434,1 milhões, valor bem próximo ao da receita exportada em 2008, período pré-crise.
"Esse aumento reflete a recuperação da economia mundial. Os mercados compradores voltaram a repor os seus estoques", afirma José Luiz Dias Fernandez, presidente da Abimóvel.
O principal destino dos móveis brasileiros nesse período foi a Argentina, cujas compras somaram US$ 64,5 milhões, com aumento de 105% na comparação com o acumulado de janeiro a julho do ano passado.
"Em 2009, as vendas para a Argentina recuaram 42%. E agora o país apresenta recuperação", diz Fernandez.
O polo moveleiro de Bento Gonçalves (RS) é um exemplo de recuperação das exportações brasileiras.
A região registrou aumento de 20% no volume de móveis vendidos ao exterior de janeiro a agosto, segundo dados do Sindmóveis (sindicato da indústria na região).
"Nós perdemos muito mercado devido à crise mundial e agora estamos recuperando o volume perdido", afirma Denise Valduga, gerente do sindicato.
Os principais destinos dos móveis de Bento Gonçalves são Uruguai, Reino Unido e Argentina.

À FRANCESA

Vinicultores da região de Languedoc-Roussillon, no sul da França, participam do 4º Festival Sud de France, no Rio de Janeiro, que começa em outubro.
A França ocupa o quinto lugar no ranking de exportação de vinhos para o Brasil, atrás de Portugal.
"Os vinhos do Mercosul chegam com carga tributária menor e têm vantagem de pelo menos 30% nos preços", diz Rogério Rebouças, representante do festival no Brasil.

MUTANTE

A Allison Transmission está prestes a apresentar ao mercado seu novo sistema híbrido. A Allison já tem o modelo para ônibus urbanos, embora ainda não tenha sido vendido no Brasil.
"É uma das soluções híbridas mais econômicas e rentáveis para o mercado de ônibus urbanos. Agora, o foco principal dos nossos esforços serão direcionados para o uso em caminhões para aplicações como veículos de entregas e coleta de resíduos", diz o presidente Evaldo Oliveira.
O sistema híbrido usa dois motores, a diesel e elétrico. Em determinadas situações, o motor a diesel é desligado e usa-se apenas o elétrico.
Nos caminhões, transmissões totalmente automáticas da companhia permitem economia 24% superior. São 8,5 litros a cada 100 km, segundo análise da Staf Transports, da França.

CADEADO

A Le Postiche, de acessórios e artigos de viagem, e as seguradoras ACE e TRR Securitas fazem acordo para seguro de bagagens.
A proteção cobre malas perdidas em viagens aéreas, marítimas e terrestres por seis meses e custa entre R$ 24 e R$ 42.
"O serviço segue tendências internacionais. É para o cliente economizar tempo", diz Alessandra Restaino, presidente da Le Postiche. A expectativa é vender 15 mil apólices até dezembro e 30 mil em 2011.

Segunda-feira O primeiro dia útil da semana é o preferido para procurar emprego, segundo a Monster, de recrutamento e gerenciamento de carreiras on-line. Desde agosto, a empresa teve crescimento médio de 24% no número de currículos cadastrados a cada segunda, ante 12% nos demais dias. A curva se assemelha em mais de 50 países.

Econômica A manutenção da madeira plástica custa R$ 171 em dez anos, ante R$ 308 da madeira natural, segundo a Wisewood Soluções Ecológicas, que amplia atuação com investimento de R$ 12 milhões em fábrica até 2011.

Renovação A Embaré, empresa de laticínios e doces, inaugura na primeira semana de outubro a ampliação e modernização da sua Estação de Tratamento de Efluentes Industriais e as instalações do primeiro Centro de Educação Ambiental, em Minas Gerais. Ao todo, foram investidos R$ 8 milhões no complexo.

Logística A Gomes da Costa, uma das líderes no mercado de atum na América Latina, fechou parceria para fazer a distribuição brasileira dos azeites e produtos da Carbonell. São Paulo, que representa 37% do mercado total de azeites, foi o último Estado.

Bolso 1 Em agosto, a parcela de famílias da região metropolitana do Rio que tiveram excedente orçamentário, depois das despesas pagas, ficou em 45%. Foi o maior nível em 11 anos. No mesmo período de 2009, era de 34%, segundo a Fecomércio-RJ. O percentual dos que têm dinheiro guardado também é o maior, 46%.

Bolso 2 A parcela de famílias que espera orçamento "empatado" caiu de 44% para 37%, diz Christian Travassos, economista da entidade. Para apenas 18% o orçamento vai faltar. "Para quem vai sobrar, o destino é guardar para gastar no futuro ou em lazer", diz.

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE

Livre, leve e solta 
Sonia Racy 


O Estado de S.Paulo - 28/09/2010


Ingrid Betancourt chega, na miúda, hoje em São Paulo. Em passagem relâmpago, participa de palestra, amanhã, no Fórum HSM de Negociação.
Aproveita o rasante para se encontrar com Luiz Schwarcz, de quem se aproximou bastante durante a edição brasileira de seu livro Não há silêncio que não termine.
Não há notícia de que tenha pedido para visitar a Amazônia.

Escala
Antes de votar domingo em São Bernardo do Campo, Lula deve acompanhar Dilma na sua seção eleitoral em Porto Alegre. A ideia ainda não é consenso entre os assessores no Palácio do Planalto.

Clássico e do bem
As mulheres podem comemorar. Foi anunciado ontem, durante o Lês Chefs et Décor na Daslu, que Roberto Carlos fará show, em novembro no Anhembi, só para o público feminino. Com renda revertida para o Projeto Velho Amigo e Instituto Brasileiro de Combate ao Câncer.

Doce lar
Roberto Minczuk aceitou. Rege em novembro, no Municipal do Rio, dois recitais em homenagem aos painéis Guerra e Paz, de Candido Portinari, instalados na sede ONU, em NY, desde 1957. As obras serão "importadas" temporariamente para cá.

Será?
O IBGE se dá ao trabalho de informar à população de que os dados fornecidos ao Censo são confidenciais e que não serão utilizados "para quaisquer efeitos fiscais ou ações legais".
O conceito de "sigilo" no Brasil anda tão chamuscado...

Injeção
O BNDES liberou ontem crédito de R$ 1,5 bilhão para os hospitais Sírio Libanês, Albert Einstein, HCor, Oswaldo Cruz, Samaritano e Moinhos de Vento. Em contrapartida, os hospitais devem reverter 5% do empréstimo em benefício do SUS.

Pré-debate
Para esquentar o organismo ou para diminuir o estresse, a TV Globo oferecerá diversos tipos de chás nos camarins dos candidatos à presidência, no último debate, quinta, no Rio.
Além de cones de rosbife com mostarda e torta de chocolate com maça.

Pré-debate 2
Cada candidato terá direito a levar 25 acompanhantes. E outras 88 pessoas, escolhidas a dedo, foram convidadas pela emissora.

Matemática
Heitor Martins fez as contas e comemorou. Na noite de pré-estreia, passaram pela Bienal mais de 7,5 mil visitantes. Dos quais 27% eram estrangeiros. "São 1900 pessoas do exterior que vieram para ficar oito dias por aqui. Há também 1600 pessoas de outras cidades do Brasil, com tempo médio de estadia de quatro dias", afirmou.
Na avaliação do presidente do evento bi-anual, esses "turistas" gastam uma média diária de R$1 mil em hospedagem, alimentação e transporte contabilizando uma receita de R$ 23 milhões para São Paulo. "Um beneficio quase equivalente ao custo da Bienal só na noite de inauguração".

Carlitos brasuca
Cinéfilos se segurem. O acervo pessoal de Charles Chaplin está prestes a desembarcar por aqui. A produtora Zadig entrou em contato com a família do diretor e conseguiu encontrar, entre outros materiais, fotos, documentos, fotogramas e fragmentos de filmes inéditos.
Tudo reunido em uma exposição que acontecerá, no ano que vem, no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio e de SP.

Na frente
Para acompanhar o lançamento de Comer Rezar e Amar nas telonas, a Objetiva já imprimiu mais de 80 mil exemplares do best-seller.

Mika Lins dirige, hoje, leitura dramática de Don Juan. No Sesc Consolação.
Belarmino Iglesias pilota hoje no Figueira Rubaiyat jantar em prol da ONG Visconde.

Milú Villela constatou: dos 52 artistas brasileiros presentes na Bienal, 40 participaram de mostras no Itaú Cultural.

O pianista Claudio Goldman se apresenta hoje no Bourbon Street.

Benjamin Steinbruch oferece jantar em homenagem a Celso Perioli, superintendente da Polícia Científica de São Paulo. Hoje, na Fiesp.

Notado: durante os intervalos do debate, anteontem, na Record, os conselheiros de Serra mais ouviram do que falaram. E os de Dilma, um depois do outro, optaram por mascar ... Chicletes.


Debate engessado
O dia chuvoso em boa parte do Brasil, principalmente pelos Estados de São Paulo e Rio, somado à proximidade das eleições, despertou maior interesse da população em torno do debate promovido pela Record na noite de anteontem. Segundo informações da emissora, o "programa" atingiu, em alguns momentos, dez pontos no Ibope. Outros debates não ultrapassaram os três pontos.

Entretanto, na avaliação de Carlos Montenegro, sentado na plateia entre os convidados, dificilmente a atuação dos quatro candidatos, nesse penúltimo debate televisivo antes da votação domingo, mudará a opção do eleitor. "Todos foram bem", politizou o dirigente do Ibope. Em outras palavras, faltou fato impactante mesmo ante a atuação mais agressiva de Marina Silva, imbuída do desejo de chegar ao segundo turno, e da metralhadora Plínio de Arruda Sampaio à plena carga. Estrategicamente, Dilma e Serra se ignoraram.

O caso Erenice Guerra veio à tona por meio de Plínio Sampaio e irritou João Santana e Antonio Palocci, sentados do lado esquerdo do palco. Mas não chegou a ocupar o debate.

Aliás, pela plateia, houve quem avaliou ser tática de Lula, para esvaziar o escândalo na Casa Civil, atacar a imprensa tão fortemente. E que após as eleições, o assunto tenderia a desaparecer... A conferir.
Serra surpreendeu ao ser o primeiro a chegar aos estúdios da Record, seguido de Marina e Plínio e por último Dilma. Em compensação, Indio da Costa entrou com o debate em andamento perdendo seu lugar na primeira fila, onde já estavam Michel Temer e Guilherme Leal. Sentou-se na quarta fila convidando Monica Serra a juntar-se a ele que estava acompanhado de sua família.

Dilma estava junto com João Santana, Antonio Palocci, José Eduardo Dutra, José Eduardo Cardozo, Marco Aurélio Garcia, José Sérgio Gabrielli, além de Sérgio Cabral.

Do lado do tucano, foram Luiz Gonzalez, Kassab, Márcio Fortes, Caio Sergio de Carvalho, Rodrigo Maia e Gabeira. Ausências sentidas? Além de Sérgio Guerra e Alckmin, por que não lembrar a do carioca Aécio Neves...?

CELSO MING

Guerra cambial 
Celso Ming 

O Estado de S.Paulo - 28/09/2010

Ontem, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, queixou-se, com razão, das guerras comercial e cambial que se travam hoje no mundo e de suas graves consequências para a economia brasileira, especialmente para a competitividade da indústria.
E Mantega, também com razão, adverte que o Brasil não pode continuar exposto à flutuação cambial enquanto ao redor do mundo grandes competidores do País mantêm o valor de suas moedas artificialmente desvalorizadas para aumentar seu poder de fogo.
Também ontem, no New York Times, o comentarista Anatole Kaletsky avisou que os principais países asiáticos (e não só a China) praticam protecionismo cambial e que, por isso, "culpar a China não ajuda a economia".
Mantega já não se atreve a segurar o dólar no gogó. Entende que terá de levar o tema para discussão dos líderes globais na próxima reunião do G-20. "O câmbio flutuante é o melhor sistema, desde que seja flutuante para todo o mundo", disse.
Por trás desse problema está a crise financeira que mantém prostrada a economia e que levou os grandes protagonistas para essas guerras. E, num nível mais fundo, está a desordem monetária global que, em 1971, se seguiu à ruptura do sistema de Bretton Woods, erigido em 1944.
Há três conferências do G-20 programadas para este ano. Das duas primeiras (7 de outubro em Washington e 21 a 23 de outubro em Gyeongju - Coreia do Sul) participarão apenas ministros de Finanças e presidentes de bancos centrais. Na terceira, 11 e 12 de novembro, em Seul, comparecerão os chefes de Estado.


Parece improvável que dessas reuniões saia a nova ordem mundial ou uma política cambial coordenada. Esse é o tipo de doença que precisa piorar muito antes de provocar consenso para o tratamento que leve à cura.

Isso posto, é mais provável que o problema tenha de ser enfrentado na base do cada um por si. Assim, seria preciso criar condições para que o Brasil possa administrar sua política cambial sem colocar em risco a estabilidade da casa.

China, Japão, Coreia do Sul, Cingapura e Taiwan podem se dar ao luxo de defender seu câmbio por meio de compras maciças de moeda estrangeira porque têm alto índice de poupança. Assim, podem usar os recursos em moeda local provenientes dessa poupança sem que esse despejo de moeda na economia produza desordem e inflação.

Os Estados Unidos, por sua vez, mesmo que estejam com a economia desequilibrada por dois rombos, o orçamentário e o de suas contas externas, ainda podem manobrar para desvalorizar o dólar sem provocar uma brutal rejeição, porque detêm a quase única moeda de reserva.

O Brasil não tem essa autonomia. Se tiver de intensificar as compras de dólares, acabará injetando muito dinheiro vivo no mercado. Para que essa dinheirama não produza inflação, terá de vender títulos de dívida pública na mesma proporção para que os compradores desses títulos devolvam os reais para o Banco Central.

Ora, o único jeito de evitar que esse aumento da dívida não provoque rejeição por parte dos credores é desenvolver um programa com dois pontos: (1) impor uma sólida disciplina fiscal que, ao mesmo tempo, reduza a dívida pública e ajude a derrubar os juros; e (2) levar adiante as reformas para baixar o custo Brasil, garantindo mais competitividade para o produto industrializado.

CONFIRA

O dito pelo não dito
Há algumas semanas, o ministro Guido Mantega garantia que a emissão de títulos da dívida pública para transferi-los do Tesouro para o BNDES, de maneira a poder aumentar suas condições de financiamento, tinha acabado definitivamente.

Mais R$ 30 bi
No entanto, ontem, o Tesouro transferiu mais R$ 30 bilhões em títulos públicos para o banco. Desta vez, a operação não foi feita com a intenção de aumentar o volume de recursos do BNDES destinado ao financiamento. Foi feita para que o BNDES comprasse ações da Petrobrás para que a União pudesse aumentar sua participação no capital da empresa.

O trabalhador não pode
Ou seja, o BNDES tomou recursos por empréstimo do Tesouro para que pudesse com eles comprar ações da Petrobrás. Enquanto isso, ao trabalhador não acionista que tem um saldo no Fundo de Garantia não foi permitido que usasse esses recursos para comprar ações da mesma Petrobrás.

ANCELMO GÓIS

A arte de perder 
Ancelmo Góis 

O Globo - 28/09/2010

O conglomerado Barreto (Luiz Carlos, Lucy e Paula) bate bumbo quinta para anunciar a próxima investida da família cinema.

Será o filme “A arte de perder”, dirigido por Bruno Barreto, em coprodução com a angloamericana Goldcrest Films, orçado em R$ 13,2 milhões

Os camaradasAntigos amigos do PCB se reuniram sábado para festejar os 80 anos de Ferreira Gullar numa churrascaria de Laranjeiras, no Rio.

O poeta chegou a estudar em uma escola de formação de quadros comunistas, em Moscou

Grande amor...O filme fala do amor entre duas mulheres que abalou o Rio nos anos 1950: a arquiteta Lota Macedo Soares, que projetou o Aterro do Flamengo, e a poetisa americana Elisabeth Bishop.

Glória Pires viverá a brasileira.

Para o papel da americana são cogitadas Kate Winslet, Cate Blanchett, Naomi Watts, Julianne Moore e Jennifer O’Connelly.

Oliva e Atlanta
O que se diz é que a Petrobras, agora rica de marré deci, deve comprar a parte da Shell e da Chevron nos campos postos à venda pelas duas multis.

Entre eles, estão os de Oliva e Atlanta, na Bacia de Santos, considerados pouco atraentes

Meu pai... paiDe Plínio de Arruda Sampaio Jr., filho de quem o nome diz, para o deputado Chico Alencar: — Meu pai é tão rebelde que, à vezes, eu me sinto Dorival Jr.

orientando Neymar. Com uma diferença: ele pode não me ouvir, mas nunca vai me demitir!

Brasil no hospitalLula foi sábado ao Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, para exames de rotina e encontrou lá, além de Quércia e Tuma, o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, presidente do Palmeiras, e Luiz Gushiken, ex-ministro.

Museu do Futebol
A CBF, veja só, além de encomendar ao arquiteto Paulo Casé o projeto do museu do centro que abrigará sua nova sede, na Barra, no Rio, mandou restaurar os troféus da seleção e comprar acervos de ex-jogadores.

Os troféus...
Entre as taças mais relevantes recuperadas, diz a CBF, estão a da Copa Roca de 1914, primeira conquistada pela seleção, e três de Pan-Americanos.

Também farão parte do acervo 35 peças, troféus e bandejas de Copas do Mundo, de 1930 a 2006, e 40 de Copas América, de 1919 a 2007, além de 98 lembranças de outras partidas oficiais e amistosos.

De colecionadores...Foram ainda compradas ou doadas camisas das Copas de 1930, 1958, 1962, 1970, 1978, 1982, 1986, 1990, 1994, 1998, 2002, 2006 e 2010.

A Oásis criou o bufê primavera
A ABS-Rio e o Festival Sud France fazem concurso para selecionar o sommelier que mais conhece vinhos do Sul da França.

Álvaro Rodrigues, da Agência3, foi convidado para fazer parte do El Ojo, em Buenos Aires.

Tania Bulhões lança coleção no Copacabana Palace, amanhã.

Título e identidadeSábado, o Detran do Rio vai abrir todos os seus postos de habilitação e identificação civil.

A ideia é entregar carteiras de motorista e de identidade a tempo da eleição.

UPA em Bangu
O Complexo de Gericinó, no Rio, vai ganhar uma UPA.

A unidade terá equipamentos até para pequenos procedimentos cirúrgicos. É para evitar o deslocamento de presos.

Eu sou o samba
Zé Keti, o autor de “A voz do morro” (“Eu sou o samba/A voz do morro sou eu mesmo, sim, senhor”), receberá um tributo na quadra da Portela, dia 9.

Entre os convidados para a homenagem, Maria Rita, Elton Medeiros e Maria Bethânia

Grife no LeblonA marca americana Juicy Couture vai abrir uma loja no Shopping Leblon, no Rio.

A última ceia
O restaurante Fazendola, há 15 anos no Jardim Botânico, no Rio, baixou as portas.

Lulismo
O livro “O Lulismo no poder”, de Merval Pereira, será lançado hoje, às 18h30m, na ABL.

O bilau do Billy
Outra do bilau de Billy Blanco, 86 anos. O grande músico, em um show no Rio, entrou apressado no banheiro e, diante da dificuldade para abrir o zíper e sacar o aposentado, exclamou: — Sai, covarde, que é só para mijar!!!

ILIMAR FRANCO

O continuísmo 
Ilimar Franco 


O Globo - 28/09/2010


As pesquisas indicam, a uma semana das eleições, que os governos bem avaliados vão triunfar. Os bons governantes, independentemente de partido, estão se reelegendo ou fazendo o sucessor. O presidente do Ibope, Carlos Augusto Montenegro, diz que essa lógica beneficia Dilma Rousseff, Geraldo Alckmin, Antonio Anastasia, Sérgio Cabral, Marcelo Déda, Jaques Wagner e André Puccinelli, entre outros; e prejudica Ana Júlia e Yeda Crusius.

O governismo nas eleições legislativas

Nas eleições para a Câmara e o Senado, os candidatos dos partidos que apoiam o governo Lula estão levando vantagem sobre os da oposição. O fenômeno não beneficia apenas os petistas, mas todos os aliados. Montenegro cita exemplos da força do governismo nas eleições para o Senado: Vanessa Grazziotin (PCdoB) superou o líder do PSDB, Arthur Virgílio (PSDB), no Amazonas; o presidente da CNI, Armando Monteiro (PTB), passou o ex-vice-presidente Marco Maciel (DEM), em Pernambuco; Ciro Nogueira (PP) superou Mão Santa (PSC), no Piauí; e a liderança de Lindberg Farias (PT) nas eleições do Rio de Janeiro

Não é lulismo, é continuísmo onde está bem. No Executivo, o eleitor não quer arriscar. No caso do Congresso, não há petismo, há governismo” — Carlos Augusto Montenegro, presidente do Ibope

A TURMA DA CULTURA. A cineasta Tizuka Yamasaki apareceu na TV pedindo votos para Paulo Rocha (PT), candidato ao Senado pelo Pará. Ele está ameaçado pela Lei do Ficha Limpa. Também apareceram na propaganda o ex-ministro da Cultura Gilberto Gil e o atual, Juca Ferreira. “Em Brasília, eu conheci o Paulo, defensor do meio ambiente e, principalmente, defensor da cultura, que foi o motivo que nos aproximou”, disse Tizuka.

Cipó de aroeira

A candidatura de Heloísa Helena (PSOL) ao Senado por Alagoas está afundando. São fatais os vídeos, exibidos no horário eleitoral, onde ela xinga o presidente Lula quando era senadora. Benedito de Lira (PP) é o grande beneficiário.

O articulador

Foi o deputado Antônio Palocci (PT-SP), da coordenação da campanha de Dilma, quem fez toda a costura para que o candidato do PP ao governo paulista, Celso Russomano, anunciasse que apoiava a petista na eleição presidencial.

Marco Maciel aposta no medo

Com sua reeleição ameaçada, o senador Marco Maciel (DEMPE) recorreu à tática do medo. Sua palavra de guerra nesta reta final da campanha é: “Não troque o certo pelo duvidoso”. Na propaganda na TV, um “professor” dá o seguinte depoimento: “Eu sempre digo aos meus alunos que a História não perdoa.

Que um erro de um dia pode custar anos de arrependimento.

A História da Humanidade foi escrita com grandes homens. Por isso eu não troco o certo pelo duvidoso.”

O cabo eleitoral dos comunistas

Sob fogo cruzado em São Paulo, o candidato do PCdoB ao Senado, o cantor Netinho de Paula, está sendo convocado para pedir votos para candidatos comunistas de outros estados. Já gravou para a TV para os candidatos ao Senado Vanessa Grazziotin (PCdoBAM), Edvaldo Magalhães(PCdoBAC), entre outros. No vídeo que faz para Vanessa, ele diz: “Ô, minha galera querida do Amazonas! Olha, eu sou um grande amigo dessa guerreira que é a Vanessa.”

SURPRESA. Especialistas em eleições, avaliando os dados mais recentes da disputa em Alagoas, dizem que o ex-presidente e senador Fernando Collor (PTB) pode ficar de fora do segundo turno.

JÁ JÁ. Candidato à reeleição, o senador José Agripino (DEM-RN) se autointitula “Já Já” na campanha. Sua propaganda diz: “Deixa Agripino no Senado. Deixa o meu Já Já.”

RÓTULOS. O presidente do PV-RJ, Alfredo Sirkis, definiu Plínio de Arruda Sampaio, candidato a presidente pelo PSOL, como um “Tiririca presidencial”.

RUBENS BARBOSA

O Brasil em primeiro lugar
Rubens Barbosa 
O Estado de S.Paulo - 28/09/10


No domingo, 135 milhões de brasileiros decidirão o que a maioria deseja para o País nos próximos quatro anos. As eleições presidenciais de 2010 adquiriram relevância especial pelo fato de que o Brasil de hoje se modernizou e avançou substancialmente nos campos econômico, social e político, passando a ocupar lugar de destaque no cenário internacional.

O futuro presidente se beneficiará de uma situação especial, pois vai começar seu governo com a economia estabilizada e em forte crescimento, com os principais indicadores macroeconômicos positivos, a classe média fortalecida e a sociedade de bem com a vida. A crescente projeção externa do Brasil completa a herança positiva a ser recebida.

Em decorrência de seu sucesso, o Brasil enfrentará grandes desafios internos e externos, com demandas globais, regionais e nacionais.

No contexto doméstico, apesar das conquistas sociais e da solidez dos fundamentos da economia, obtidas nos últimos 16 anos, serão inevitáveis alguns ajustes, em especial nas contas externas. O novo governo enfrentará uma pesada agenda, politicamente custosa, de reformas estruturais, sobretudo a tributária, necessárias para que o País possa continuar a se manter como uma economia emergente pujante e competitiva. O crescente papel do Estado vai influir no modelo de desenvolvimento e no tratamento a ser dado ao investimento externo no capitalismo brasileiro.

Essas mudanças poderão ocorrer ao mesmo tempo que grandes desafios com data marcada deverão ser enfrentados. A organização da Copa do Mundo em 2014 e dos Jogos Olímpicos em 2016 e a exploração do pré-sal serão um teste de nossa competência gerencial e da capacidade de obter recursos. A melhora da infraestrutura, em especial dos aeroportos, portos e estradas, reduzirá o custo Brasil e oferecerá grandes oportunidades. Os interesses em jogo são grandes e muitos.

É positiva a expectativa externa em relação ao que poderá ser feito para elevar o País a quinta economia global. As ações do novo governo serão acompanhadas de perto, inclusive quanto ao fortalecimento das instituições e ao respeito aos marcos regulatórios, para que seja confirmada a segurança jurídica e política com vista à manutenção do alto grau de confiança de que goza o País.

O Brasil terá de saber superar as incertezas de um frágil ambiente econômico global. A recuperação da economia norte-americana vai ser longa e os problemas fiscais europeus causarão um crescimento mais lento. A China, sozinha, não poderá ser a locomotiva do mundo e os países em desenvolvimento terão um crescimento menos acelerado.

A voz mais forte do Brasil nos assuntos internacionais obrigará o governo a assumir novas responsabilidades e a afirmar sua liderança, sobretudo nos assuntos de nossa região e nos temas globais de comércio, mudança de clima, energia, democracia e direitos humanos. No âmbito regional, a América do Sul está preparada para bem aproveitar a década 2010-2020. Como mostrou a revista The Economist, estamos tão perto, porém ainda longe desse objetivo. Com 52% do PIB da América do Sul, o papel que o Brasil deverá desempenhar será fundamental para o aprofundamento do processo de integração e para o desenvolvimento econômico dos países da região, a melhora das condições sociais e o aperfeiçoamento das instituições. O crescimento sustentado trará maiores oportunidades para o País e exigirá uma ação positiva para concretizar a percepção de que desta vez seremos um continente vencedor.

Daí os próximos quatro anos serem tão cruciais para o Brasil deixar de carregar o estigma de "país do futuro" e para se afirmar como uma força econômica e política de fato no cenário global. O mundo estará observando atentamente o que ocorrer por aqui.

O trabalho de dois governos - FHC e Lula - em quase duas décadas de ajustes e reformas colocou nosso país no lugar de destaque que hoje ocupa no cenário internacional. O Brasil transformou-se num país normal, como a maioria, e não mais um exemplo de heterodoxia e de radicalismo político, como uns poucos.

Em artigo que publiquei em dezembro de 2009 neste espaço, assinalei que talvez não fosse utopia nem ingenuidade pensar numa possível ação convergente entre o PSDB e o PT durante os primeiros cem dias de governo, com vista a aprovar uma agenda mínima que, por uma série de razões, vem sendo adiada há mais de 15 anos. Um entendimento desse tipo, no qual os dois partidos deverão fazer concessões, representaria uma vitória de todos e minimizaria o desgaste de medidas impopulares que terão, em algum momento, de ser enfrentadas pelo futuro governo. O PMDB, agora em posição de poder influir ainda mais, e os demais partidos poderiam acrescentar os votos necessários para uma maioria qualificada, sem o custo político e outros em que os governos FHC e Lula tiveram de incorrer. Não se trata de formar um governo de unidade nacional ou de adesão da oposição. Cada partido manteria sua independência, no governo ou na oposição, mas poderia haver uma trégua com prazo definido, com o compromisso de se chegar a um entendimento para aprovação de uma agenda de, efetivamente, interesse para o País.

Depois da dura campanha dos últimos meses, continuo convencido de que, ganhe quem ganhar, os interesses do Brasil devem ser colocados acima de divergências pessoais e partidárias e deveria ser tentado um esforço para avançar numa agenda mínima comum.

O Brasil tem tudo para terminar a década como um país de referência global. Para isso temos de evitar a complacência com o que já se conquistou até aqui, redescobrir o apetite para as reformas e, em nome do interesse nacional, tratar de construir uma convivência política civilizada.

EX-EMBAIXADOR EM WASHINGTON (1999-2004)

LUIZ GARCIA

O papel do STF 
Luiz Garcia
O GLOBO - 28/09/10


Se uma lei é boa, quanto mais cedo entrar em vigor, melhor. Se os objetivos de uma lei atendem ao interesse público, a lei deve impedir que eles sejam desprezados, por meio de farsa ou sofisma.

O parágrafo acima deveria ser desnecessário.

Apenas afirma o óbvio. Mas o óbvio acaba de ir para escanteio, no caso da Lei dos Fichas Limpas. Aprovada graças a uma inédita - e comovente e maravilhosa - mobilização da opinião pública do país inteiro, a lei determina que candidatos a cargos legislativos e executivos não tenham manchas em suas folhas corridas.

Entende-se por mancha a condenação em qualquer órgão colegiado; ou em segunda instância, o que dá no mesmo.

No momento, está em julgamento no Supremo Tribunal Federal uma questão, digamos assim, simplesmente cronológica: a lei vale para as eleições deste ano? O observador leigo tem todo o direito de achar, também simplesmente, o seguinte: o que é bom, quanto mais cedo, melhor.

O STF interrompeu uma votação sobre isso na semana passada - ou seja, num momento muito próximo das eleições deste ano - por motivos simplesmente (advérbio ainda necessário) medíocres, indignos de um colégio que, em princípio, deveria ser formado por juristas com dedicação integral ao serviço. Mas o tribunal interrompeu a votação sobre a vigência da lei pelo motivo rasteiro de que alguns de seus membros tinham mais o que fazer.

É mais ou menos o mesmo que um bombeiro se recusando a apagar um incêndio porque tem de ir às compras.

Estava em pauta o caso do ex-governador Roriz, de Brasília, candidato a voltar ao cargo. O STF não julgou o processo em que ele é réu por falta de quorum. É verdade que Roriz, pelo sim, pelo não, preferiu abdicar da candidatura, pondo em seu lugar a senhora sua esposa. Não tem sentido imaginar-se que, com isso, ele tornou inócuo o atraso na decisão do STF.

Se a maioria dos ministros cumprisse seu dever de julgá-lo, o fato teria importante e talvez decisivo impacto eleitoral.

Uma vez condenado, Roriz teria alguma dificuldade para ser - por assim dizer - eleito por interposta pessoa.

No fim das contas, o eleitor votará ou não em Roriz, seja o candidato ele ou ela.

Caso os ministros do STF arrumassem um tempinho para decidir sobre a elegibilidade do cabeça do casal, tudo seria bem diferente.

Em outras palavras, o adiamento do julgamento não pode ser visto como um acidente natural de percurso.

O tribunal decidiu não julgar, no momento em que julgar era indispensável.

Assim, influiu - indireta, mas fortemente - no resultado de uma importante eleição.

Não parece ser esse o seu papel.

Os fichas-limpas do país inteiro estão decepcionadíssimos.

JOSÉ SIMÃO

Ueba! Queremos terceiro turno!
JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SÃO PAULO - 28/09/10



Plínio, animador de debates! Geriátrico da Breca! misturou Grapette com chiclete Ping Pong e ficou doidão!

BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O Esculhambador-Geral da República! Ereções 2010! E uma amiga me disse: "Eu quero votar na Marina, mas tenho uma dúvida: E SE ELA GANHAR?" Rarará!
E a última declaração da Mulher Pêra: "Eu tenho certeza de que eu vou SE eleger". E tem o Arucicaba, ex-presidiário. Se ainda fosse presidiário, eu votava. Já vinha pronto. Mas ex, não. Tudo que é ex dá problema: ex-sócio, ex-mulher, ex-amante!
E o Troféu Modéstia vai pro candidato negro Ananias. Que escreveu no cartaz: "Obama, Mandela e agora Ananias". Rarará! Aprovado! Detesto gente humilde.
E esse André Barros: "Sou advogado da Marcha da Maconha, baseado na sua consciência, baseado na sua mente, APERTE UM 3351". Vai perder, os eleitores vão apertar um, fumar um e na hora de votar: "Xi, esqueci, como é o numero dele mesmo?". Rarará!
E o DEBATÉDIO na Record? O "Pânico" mudou pra Record? Plínio Doidão. O animador de debates! Plínio, o Geriátrico da Breca! Misturou Grapette com chiclete Ping Pong e ficou doidão: citou a União Soviética. Que acabou há uns 20 anos. Só faltou chamar o Irã de Pérsia!
E Marina, a Mãe do Macunaíma? Se ela fosse dublada, ela ganhava mais votos! E ela é evangélica ou xamã? Xamã peruana! Devia ter ido fantasiada de árvore de teatro infantil!
E o projeto da Dilma só tem um ponto: o ponto eletrônico. Rarará! E insiste naquele modelo branco "Nosso Lar"! E o Serra Porteiro de Necrotério não foi. Mandou o ectoplasma, um vulto desorientado! E ainda falou "numa nice". Acho que ele aprendeu com a Soninha! Rarará!
E quem ganhou o debate então? A Ana Paula Padrão! E moral de debate: de tanto debater nada ficou debatido. Alias, existe coisa mais batida que debate? Por isso que eu prefiro me trancar no banheiro e debater uma!
E eu to achando o segundo turno muito pouco. Queremos o terceiro turno! Muy amigo! Rarará!
E indecisos e indecentes! Principalmente os indecentes. Votem em mim pra presidente. Vocês querem frango? Espera o meu pinto crescer! Agora eu não sei se voto no Porreta da Mata Escura, na Adriely Fatal, na Gordinha do Rabecão, no Ananias Obama Mandela ou no advogado da maconha. E tem gente que ainda reclama da falta de opção! Rarará!
A situação tá ficando psicodélica. Ainda bem que nóis sofre, mas nóis goza. Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno
Chega de hipocrisia! Sexo de noite e sexo de dia!

ELIANE CANTANHÊDE

FAROESTE
ELIANE CANTANHÊDE
FOLHA DE SÃO PAULO - 28/09/10



BRASÍLIA - Vice-procuradora-geral eleitoral, Sandra Cureau foi chamada de "uma procuradora qualquer" pelo presidente da República, virou "a procuradora do DEM" na guerra da blogosfera e tem sido sistematicamente xingada. Tem razão para estar escandalizada com o nível de agressão e de desdém pela Justiça Eleitoral nesta campanha -que define como "inusitada".
Não satisfeita em ser da "elite branca", Cureau é mulher, loira e de olhos azuis. Por isso, pergunta se a carga contra ela não seria uma mistura explosiva de má-fé com machismo de ocasião e militância disfarçada e raivosa.
Como ela, uma pessoa das leis, se sente no meio desse vale-tudo?
Cureau: "É muito frustrante. A gente tem tradição de respeito às instituições no Brasil, mas, nestas eleições, não vejo isso. O pessoal não só acusa levianamente de partidarismo como ainda faz as maiores ofensas à honra da pessoa".
Na opinião da procuradora, que atuou em várias eleições, isso ocorre em parte pela entrada em cena da internet, que ainda está em estágio de faroeste: "Se, hoje, eu quiser processar alguém que tenha atingido a minha honra, não tenho nem como, porque nem sei quem é. A pessoa se esconde covardemente atrás de um nome fictício".
Como reação, ela lança uma proposta polêmica: "Infelizmente, para permitir a propaganda na internet, a gente vai ter que estabelecer também algum tipo de controle que permita saber quem são as pessoas. As pessoas têm de ser responsabilizadas pelo que fazem".
O presidente Lula fala o que lhe dá na telha, os presidentes do Supremo vivem falando sobre tudo, todo mundo fala o que quer. Por que não a procuradora? Gostem ou não de Sandra Cureau, justiça seja feita: ela tem coragem e honestidade pessoal de fazer o trabalho dela, dizer o que pensa, defender ideias e instituições. Sem pseudônimos, sem desqualificar e sem agressões.
Sua arma são os princípios.