sexta-feira, setembro 03, 2010

NELSON MOTTA

Crenças e crentes
NELSON MOTTA
O GLOBO - 03/09/10


Com 96% de aprovação popular, mais gente acredita em Lula do que em Deus. Só uns 7 % dos brasileiros são ateus, segundo o IBGE. Com a margem de erro, humano, há um empate técnico entre o cara e O Cara de todos os caras. Como dizia o companheiro Bush, quem não está com ele, está contra ele.

Mas nem no IBGE se pode levar muita fé. Eu, por exemplo, não fui entrevistado por nenhum recenseador nos últimos 25 anos. Estatisticamente, não existo. Vão dizer que o IBGE é de padrão internacional, tem não sei quantos anos de serviços prestados, com absoluta credibilidade, e agora é tudo tecnodigital de última geração.

Acredito. Aguardo sua visita.

Em Cuba, acredita-se piamente, sem dar um pio, que qualquer critica ou dissidência seja considerada, e punida, como traição. Qualquer oposição estará sempre a soldo da CIA e do Império: só por dinheiro alguém teria motivos para criticar a Revolução.

Fidel é nosso pastor e nada nos faltará, rezam eles há 50 anos. Mas falta tudo, por culpa do satânico bloqueio ianque e da campanha midiática internacional. Milhões creem nisso, são (anti)milagres da fé. Fidel acredita que Osama Bin Laden trabalhava para George Bush e que o 11 de setembro foi uma armação dos dois.

Como Fidel, Hugo Chávez não tem adversários ou opositores — tem inimigos.

O coronel não aceita qualquer forma de oposição, são todos “esquálidos”, burgueses e oligarcas. É nós contra eles, é socialismo ou muerte, mas metade do país não acredita nele.

Chávez, católico, acredita que Jesus Cristo era bolivariano.

O bispo Macedo tem milhões de seguidores, felizes por pagar seus dízimos.

Como não são idiotas, certamente permanecem na igreja se de alguma forma a sua vida está melhorando, se a fé está funcionando. É uma religião de resultados, no livre mercado das crenças. Sem impostos.

Crescem os crentes da Igreja Lulista Brasileira, onde a fé se junta ao oportunismo, o crime pela causa não é pecado, e oposição é sacrilégio. Em sua teologia, satanás é substituído pela elite e exorcizado pelos seus bispos, cada vez mais ricos e poderosos.

Para Platão, a crença é o oposto do conhecimento.

NELSON MOTTA é jornalista.

EDITORIAL - O ESTADO DE SÃO PAULO

O responsável pela bandidagem

EDITORIAL
O Estado de S. Paulo - 03/09/2010
 O procedimento dos interessados em ter acesso a declarações de renda da empresária Verônica Serra, filha do candidato tucano ao Planalto, destoa do que, tudo indica, tenha sido o padrão seguido nas violações do sigilo fiscal do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge Caldas Pereira, e de três outras pessoas ligadas ao ex-governador. Nesses episódios, para obter o que queriam, os predadores da intimidade alheia contavam com afinidades políticas ou a ganância de servidores da agência da Receita em Mauá, na Grande São Paulo - uma verdadeira casa da mãe joana, com senhas individuais expostas e documentos eletrônicos ao alcance das vistas de qualquer um.


No caso de Verônica Serra, que antecedeu os dos demais em cerca de uma semana (de 30 de setembro a 8 de outubro do ano passado), o método seguido foi mais complicado na urdidura e mais simples no trâmite final. Alguém falsificou a assinatura da contribuinte - e o seu reconhecimento num cartório onde ela nem sequer tinha ficha - numa solicitação de cópia de documentos e incumbiu um tipo que habita as cercanias do Código Penal, devidamente identificado no formulário, de apresentá-la à Delegacia da Receita de Santo André. Ali, burocraticamente, a servidora Lúcia de Fátima Gonçalves Milan fez o que lhe era pedido, repassando ao titular da procuração as declarações de Verônica relativas aos exercícios de 2007 a 2009.

Por enquanto, pode-se apenas especular sobre os porquês das diferenças de estratagema. Mas o intuito era claramente o mesmo: recolher material que pudesse ser usado contra Serra na sua futura disputa com a escolhida do presidente Lula, Dilma Rousseff. Àquela altura, no último trimestre de 2009, embora o governador paulista ainda se negasse a assumir a pretensão e o mineiro Aécio Neves ainda não tivesse largado mão da esperança de ser ele o candidato, já não havia dúvidas sobre quais seriam os principais contendores da sucessão. E não passa pela cabeça de ninguém que a turma da pesada do PT fosse esperar a formalização das candidaturas para só então juntar papelório que pudesse comprometer o tucano e seus aliados.

Seria, no mínimo, subestimar a capacidade de iniciativa do "setor de inteligência" petista, como viria a ser conhecido. Principalmente porque os responsáveis pelo trabalho sujo não precisariam gastar tempo e energia para preparar o terreno por excelência de onde escavariam a matéria-prima desejada. O campo da Receita Federal começou a ser aplainado para servir aos interesses do partido quando, em 31 de julho de 2008, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, demitiu o então secretário do órgão, Jorge Rachid, há 5 anos e meio no cargo. Desde então, a isenção e o profissionalismo deram lugar ao aparelhamento e à politização das decisões do Fisco. É o que atesta o escândalo das quebras de sigilo para fins eleitorais.

A contar da denúncia, a Receita levou praticamente duas semanas até anunciar a abertura de inquérito administrativo sobre o vazamento de declarações de renda de Eduardo Jorge, cópias das quais apareceram em mãos de membros do comitê nacional de Dilma Rousseff. Depois, quando vieram a público as demais violações, depois que a Justiça autorizou o vice-presidente do PSDB a ter acesso aos autos da investigação, os hierarcas da Receita, acionados pelo governo, correram a desvincular da campanha eleitoral os ilícitos revelados. Afinal, disseram sem enrubescer, o que havia na agência de Mauá era um "balcão de compra e venda de dados sigilosos", movido a "propina".

Não que não fosse - outros 140 registros também foram vasculhados ali. Se tivesse uma gota de vergonha, aliás, o secretário Otacílio Cartaxo já teria se demitido. Eis, em suma, o que o governo Lula e a cultura petista fizeram do Fisco: uma repartição em que o livre tráfico de informações presumivelmente seguras sobre os contribuintes brasileiros se entrelaça com o uso da máquina, literalmente, para intuitos eleitorais torpes. O crime comum e o crime político se complementam. Agora, destampada a devassa nas declarações de Verônica Serra, vem o presidente Lula falar em "bandidagem". Se quiser saber quem é o responsável último por essa degenerescência, basta se olhar no espelho.

ROGÉRIO L. FURQUIM WERNECK

O eleitor e o investimento público

Rogério L. F. Werneck
O Globo - 03/09/2010
 
 Por que trabalhadores das maiores áreas metropolitanas do país ainda têm de gastar de três a quatro horas por dia nos deslocamentos entre casa e local de trabalho? Por que mais de 50% dos domicílios do país ainda não dispõem de saneamento básico adequado e, com frequência, se defrontam com valas de esgoto a céu aberto? São indagações pertinentes que muitos eleitores hoje se fazem. A resposta oficial é bem conhecida. Embora o governo reconheça a importância crucial desses problemas, é preciso paciência. Investimentos em saneamento e transporte de massa são dispendiosos. Para resolver de vez a carência de saneamento no país, por exemplo, estima-se que seriam necessários R$270 bilhões. Os avanços, portanto, terão de ser paulatinos, porque os recursos de que dispõe o governo são escassos. Em que medida têm sido de fato escassos? 
Nos últimos 24 meses o governo federal mobilizou nada menos que R$283 bilhões de recursos extraorçamentários para financiamento de investimentos. Algo em torno de 8% do PIB. Cerca de R$208 bilhões, provenientes da emissão de dívida pública pelo Tesouro, foram entregues ao BNDES. E reservas de petróleo de propriedade da União, avaliadas em cerca de R$75 bilhões, estão prestes a ser transferidas à Petrobras.
Por que a empresa será agraciada com R$75 bilhões de dinheiro público, por meio de cessão onerosa de jazidas de cinco bilhões de barris de petróleo que, em princípio, deveriam ter sido objeto de licitação com geração de receita para o Tesouro? Simplesmente porque o governo não conseguiu conter seu cacoete estatista e resolveu conceder privilégios especiais à empresa no pré-sal, fechando os olhos para o fato de que mais de 60% de seu capital pertencem a acionistas privados. Em vez de deixar que a Petrobras, com todo seu potencial, competisse livremente com empresas privadas na exploração do pré-sal, na medida de suas possibilidades, decidiu atribuir à empresa o monopólio da operação nos campos do pré-sal e exigir que detenha pelo menos 30% de cada consórcio que vier a explorar tais campos. A justificativa, um tanto delirante, é que, só assim, a Petrobras poderá alcançar a escala requerida para cumprir a "missão" de desenvolver a indústria de equipamentos para o setor petrolífero.
Tudo isso, claro, deixou a Petrobras com encargos de investimento muito mais pesados. E, não bastasse tal sobrecarga que, por si só, já seria suficiente para exaurir a capacidade de financiamento da empresa, o governo decidiu também empurrar-lhe, goela abaixo, a construção de refinarias no Nordeste que, embora não façam sentido do ponto de vista econômico-financeiro, se transformaram em promessas de campanha na eleição presidencial. Só uma dessas refinarias vai custar a bagatela de R$23 bilhões. A conta de todos os caprichos eleitoreiros e cacoetes estatistas - incluindo o monopólio de operação, o mínimo de 30% de cada consórcio e a "missão" de desenvolver a indústria de equipamentos - vai exigir que a empresa recorra a colossal aumento de capital, no qual o aporte esperado do governo é de nada menos que R$75 bilhões.

Já no BNDES, o clima é de euforia. A instituição está nadando em recursos do Tesouro. Não tem mãos a medir, tantos são os projetos - em boa parte de grandes empresas - que considera merecedores de crédito subsidiado de longo prazo. O banco está às voltas com vultoso programa de redução da concorrência em certos setores para a formação de campeões nacionais. E também com o trem-bala, a viabilização da expansão da oferta de energia elétrica a preços artificialmente baixos, a ressuscitação da Telebrás, a internacionalização da Eletrobras e, claro, o financiamento de grandes projetos da própria Petrobras.

Mas, afinal, que parte desses R$283 bilhões de dinheiro público pôde ser destinada a investimentos em saneamento e transporte de massa? Na verdade, uma parcela diminuta. O governo, como se viu, tinha outras prioridades. O eleitor há de compreender. Dessa vez, foi o que deu para fazer. Mas, quem sabe, no próximo mandato...
ROGÉRIO FURQUIM WERNECK é economista e professor da PUC-Rio.

MÔNICA BERGAMO

COISINHA DO PAI
MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SÃO PAULO - 03/09/10
 
Maya Gabeira, 23, filha caçula do candidato ao governo do Rio Fernando Gabeira (PV) e da estilista Yamê Reis, posou para a seção "Striptease" da revista "RG", que chega às bancas hoje, durante sua passagem pelo país no mês passado. Surfista profissional, ela mora na Califórnia, nos EUA. 

BOLADA 
A premiação do Campeonato Brasileiro deste ano vai aumentar: o Clube dos 13 distribuirá R$ 25 milhões aos melhores da competição, R$ 7 milhões a mais do que em 2009. O time campeão vai levar R$ 10 milhões, o dobro do que o Flamengo faturou pelo título do ano passado. 
INCOMPATIBILIDADE 
A veterinária Rita de Cássia Garcia, coordenadora do Probem, o programa de bem-estar animal da Prefeitura de SP, deixou o cargo e enviou e-mail a ONGs de protetores dos bichos dizendo que sai por "incompatibilidade na forma de trabalho e honrando meus princípios". O projeto foi criado depois de protestos de entidades contra as condições dos animais no Centro de Controle de Zoonoses, que continua sendo criticado pelos ativistas. 

SURPRESA 
A Secretaria Municipal da Saúde, responsável pelo Probem, afirma ter recebido "com surpresa" o pedido de afastamento de Rita de Cássia Garcia. Tereza Morimoto passa a responder interinamente pela coordenação do programa. 

TCHAU, LEBLON 
Marina Lima se muda no dia 10 do Rio para São Paulo. A cantora carioca comprou um apartamento em Higienópolis, que está em fase final de reforma. "Vim nesta semana para São Paulo para transferir minha conta bancária e deixar a chave de casa com um pintor", diz ela. No novo lar, Marina conta que montou um pequeno estúdio de música no lugar onde ficava uma biblioteca. "Quero ficar bastante tempo em casa." 

EM GRANDE ESTILO 
"A Suprema Felicidade", filme inédito de Arnaldo Jabor, foi escolhido para abrir o Festival do Rio, no dia 23. 

À ESPERA DA MORTE 
O tão falado assassinato de um protagonista da novela "Passione" (TV Globo) ocorrerá entre os capítulos 120 e 130, segundo o autor, Silvio de Abreu. Hoje vai ao ar o episódio 95. 

EXCURSÃO 
Os atrasos em voos de carreira, especialmente da Gol, no mês passado, fez aumentar o número de fretamentos de aeronaves. Na empresa Team Linhas Aéreas, o crescimento foi de 15% de julho para agosto. Entre os que mais pedem o serviço, diz a diretora de marketing Lygia Moreira, estão jovens entre 25 e 35 anos. "Na semana passada, uma turma fretou um avião para ir a Barretos na Festa do Peão." O preço de uma hora de voo sai por US$ 2.000 em aeronaves para 19 pessoas. 

CAPITAL ELETRÔNICA 
Os organizadores do FILE -Festival Internacional de Linguagem Eletrônica planejam uma edição em Brasília. O Ministério da Cultura autorizou a captação de R$ 1,3 milhão para o evento. A ideia é realizar ainda neste ano, com obras interativas e projetos de intervenção urbana, para comemorar o cinquentenário da capital federal. 

PARA TODOS OS BOLSOS 
Gustavo Petta, ex-presidente da UNE e candidato a deputado federal pelo PC do B, fará um jantar de arrecadação no dia 21, no Jockey Club. Os convites custarão R$ 1.000, mas virão com a opção de contribuir com R$ 3.000 ou com R$ 5.000. No dia 13, ele faz um evento semelhante em Campinas, onde foi secretário municipal de Esportes, com preço mais modesto: R$ 150. 

NA FRENTE DA CÂMERA 
A arquiteta Fernanda Marques organizou um jantar em sua casa, no Jardim Europa, para comemorar a estreia de seu quadro no "Programa S.A.", que vai ao ar aos sábados, na TV Bandeirantes. 

"ESCREVO PARA ME LIVRAR DE UMA EMOÇÃO" 

Pouco mais de cem pessoas estiveram anteontem na Livraria da Travessa, no Rio, no lançamento do livro "Em Alguma Parte Alguma" (ed. José Olympio), de Ferreira Gullar, 79. Além de sua mulher, a poeta Claudia Ahimsa, 45, estavam lá amigos como o cineasta Sílvio Tendler, o poeta Eucanaã Ferraz e o escritor Domício Proença Filho, da Academia Brasileira de Letras. O livro encerra um jejum de 11 anos do autor sem publicar poesias. 

Antes da sessão de autógrafos, Gullar saiu em defesa do gênero. Disse que os poetas estão mais próximos da verdade porque não são obrigados a ter coerência e seguem fiéis apenas ao que sentem. "O poeta não acredita na verdade com "V" maiúsculo, ele sabe que o mundo é caótico e não tem explicação, por isso está mais receptivo a apreendê-lo tal como ele é." 

Gullar afirmou discordar da ideia de que escrever poesia seja um ato doloroso. Para ele, os poetas podem até criar algo a partir da dor, mas sentem prazer quando conseguem transferi-la para o papel. "Escrevo para me livrar de uma emoção. Ninguém consegue ficar emocionado o tempo todo", disse. 
(MARCELO BORTOLOTI, do Rio) 

CURTO-CIRCUITO 

A banda Mombojó lança o CD "Amigo do Tempo" com shows hoje e amanhã, às 21h30, no Sesc Pompeia. Classificação etária: 18 anos. 

A festa Ultralions estreia hoje, a partir da meia-noite, no clube Lions, com discotecagem de Sérgio Amorim e André do Val. 18 anos. 

O grupo 5 a Seco se apresenta hoje, às 21h, no Auditório Ibirapuera. Classificação etária: livre. 

Marco Nanini e Mariana Lima integram o elenco da peça "Pterodáptilos", com direção de Felipe Hirsch, que estreia hoje, às 21h, no Teatro das Artes, no Rio. 16 anos. 

A banda Lacrimosa se apresenta no dia 21 no Carioca Club, em Pinheiros, às 21h. Classificação etária: 16 anos. 

O longa "Nosso Lar" ganha uma pré-estreia hoje em Punta del Este, no Uruguai, no hotel-cassino Conrad. 

com DIÓGENES CAMPANHA (interino), LEANDRO NOMURA e LÍGIA MESQUITA 

NOSSO LAR

NOSSO LAR

ESTRÉIA HOJE NOS PRINCIPAIS CINEMAS

Para muitos de nós, que participamos da produção de Nosso Lar, este é muito mais do que um filme. Pode mesmo ser aquele amor desmedido, paixão egoísta, que não permitem que vejamos “o todo” sem a emoção. Afinal, foram quase cinco anos de drama e aventura, emoções únicas e sensações inesquecíveis. Lições pessoais. Aprendizados em grupo. Ninguém passou incólume. Assim, não foi difícil entender que Nosso Lar é um projeto diferente.

Cada dificuldade vencida, cada alegria nascida, mostravam-nos a força desta história. Isso tudo faz com que ela não seja somente uma história. Tem força e valor. Um livro poderoso. Um tema universal. Vida depois da vida? Amor e perdão? Uma cidade espiritual? Histórias felizes? Claro que muitos acreditam num propósito maior, um ideal de uma doutrina científica, filosófica e religiosa que transcende as barreiras da arte cinematográfica, para tudo o que estamos vivendo. Ao mesmo tempo, colocamos nossos pés no chão à frente de um desafio muito claro – que o filme seja visto por muitas pessoas.

Eis então a necessidade do mundo material. Sermos muitos. Por muito tempo. Este propósito, este ideal, artístico, comercial e mesmo espiritual, nasce enfim deste “canhão de luz” que será disparado. Uma bela metáfora para que cada fotograma do filme possa falar diretamente aos corações e mentes, e olhos abertos!, que estarão acompanhando-o. Mas para isso é preciso trabalhar. Ousar. Divulgar. Não se calar. Pelos próximos trinta dias, que os ventos, as águas, a eletricidade e as palavras de cada um possam ressoar pelo Brasil, este coração do mundo. Nosso Lar vem aí no dia 3 de setembro! E é neste dia que começa uma nova história, escrita por vocês, que estarão sentados em frente às telas.

Que cada um, ao ler esta mensagem, ou ver qualquer informação sobre o filme pelas redes de comunicação, passe adiante. Compartilhe com seu companheiro, amigo, vizinho, que há uma luz que será acesa. Nós, que vivemos essa história, já sentimos o quanto ela mergulha no fundo de nossas almas. Abre emoções e lembranças que nem conhecíamos. Em muitos, desperta. Em outros, consola. Emociona.

Espalhemos a boa notícia então! Sem medo, sem receios. Há uma luz física que vai se fundir à Luz, com letra maiúscula. Não é uma onda que vem por aí. É uma nova sintonia, uma nova energia. Não é um rótulo. Mas todos os rótulos que, juntos, se complementam e se encontram.

Filmes são apenas filmes, por certo. Mas, às vezes, filmes são formas de luz projetadas a 24 quadros por segundo. Que impregnam nossas retinas, entram pela nossa alma adentro e nos enchem de luz.
Agradecemos desde já. Sempre. E muito. Pela multiplicação da mensagem que o filme existe. E pela multiplicação da luz, a partir do dia 3 de setembro.

A Produção


NOS CINEMAS APARTIR DE 03 DE SETEMBRO DE 2010

CONVIDE OS AMIGOS E FAMILIARES, VALE A PENA CONFERIR!



COLABORAÇÃO ENVIADA POR APOLO

DORA KRAMER

Pernas curtas 
Dora Kramer 

O Estado de S.Paulo - 03/09/2010

Se a Receita Federal é confiável como diz o presidente Luiz Inácio da Silva, por mais razão é urgente que as pessoas responsáveis pela instituição - do mais alto ao mais baixo escalão - comecem a falar a verdade e parem de tratar o cidadão brasileiro feito idiota.

A candidata Dilma Rousseff, que se apresenta como parceira de Lula em todas as ações de governo e gerente de toda a máquina pública, também precisa parar de fazer de conta que não está entendendo o que se passa.

Na impossibilidade de contar a verdade, que pelo menos arrume uma versão verossímil para corroborar a tese de que uma coisa é a violação do sigilo fiscal de pessoas ligadas ao candidato da oposição, outra coisa são os interesses político-eleitorais do PT.

Sob pena de carregar o passivo pelo restante dos dias até a eleição.

As teorias em circulação são frágeis e obviamente falsas.

A que passou a ser defendida - com pouquíssima sutileza, diga-se - pelo presidente Lula se assemelha àquela do caixa 2 inventada à época do mensalão para tentar reduzir o estrago jurídico e político das denúncias de fraude, corrupção e peculato.

Na época, a ideia era fugir dos crimes mais graves para assumir o crime eleitoral e socializar o prejuízo na base do "todo mundo faz".

Agora o presidente Lula indignou-se com o falsificador do documento apresentado como sendo uma procuração da filha de José Serra, Verônica, para a retirada de suas declarações na Receita. Disse que, "se ficar provado", foi cometido "um crime grave no Brasil": falsidade ideológica.

Ora, ora. O que se desenha é muito mais do que isso. É a quebra de sigilo para coleta de informações de adversários. Só não está claro se os autores se aproveitaram de esquema pré-existente no ABC ou criaram um disfarce especial para atingir seus alvos dando a impressão de que se tratava de um sistema geral de quebra de sigilo e venda dos dados.

Quando o presidente fazia o discurso da falsidade ideológica, o governo já sabia havia pelo menos dez dias que Verônica Serra tivera a declaração de renda violada e que havia suspeita de fraude e, ainda assim, sustentava a versão de que ela havia assinado uma procuração.

É uma mentira atrás da outra.

Indicativas de que as acusações da oposição têm fundamento. Se não, por que assessores do presidente reclamariam da inabilidade da Receita por ter enviado os documentos relativos a Verônica para o Ministério Público?

Achavam que a Receita poderia ter sido mais companheira e omitido essa parte já que havia a "procuração" como "prova" de licitude.

Ademais, se não sabe o que aconteceu, se é verdade que as investigações ainda estão em curso e por isso não se chegou ao culpado (ou culpados), de onde sai a certeza que não houve uso político, conforme declarou Lula?

A outra mentira da qual poderíamos todos ser poupados é a que aponta falta de interesse do PT em quebrar sigilo "agora" pois está muito à frente nas pesquisas e que a campanha de Dilma não pode ser responsabilizada, pois em 2009, quando ocorreram as violações, a candidatura dela não existia.

Existia tanto quanto a certeza do PT de que em algum momento poderia ser necessário implodir o adversário, então na dianteira nas pesquisas.

Abraçado. O candidato José Serra teria muito mais credibilidade em seu justo dever de denunciar os métodos de seus oponentes se não tivesse, por razões táticas, dito que Lula estava "acima do bem e do mal".

Se mesmo tendo sido vítima de estratagema parecido em 2006, ainda levava o adversário na maciota, fica complicado explicar - sem remeter o assunto para a seara do oportunismo - por que a opção por se abraçar com Lula no horário eleitoral, procurando estabelecer com ele uma relação comparativa de igual para igual na cabeça do eleitor.

Ou, a fim de preservar o eleitor intersecção, dirá que o PT é uma coisa, a campanha de Dilma outra e Lula uma terceira completamente diferente?

JOSÉ (MACACO) SIMÃO

Ueba! Roubei mas não fui eu!
JOSÉ SIMÃO

FOLHA DE SÃO PAULO - 03/09/10

BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O Esculhambador-Geral da República! Direto do País da Piada Pronta! Tenista bielorrussa desmaia e abandona Aberto dos EUA! E sabe o nome dela? AZARENKA! Pior, Victoria Azarenka!
E sabe como se chama o chefe do Centro de Operações Especiais da Polícia, o Cope? Hamilton CORDEIRO DA PAZ? E como diz uma amiga minha encalhada: "Eu tô mais acumulada que a Mega-Sena!".
Ereções 2010! E o meu Partido da Genitália Nacional já está em plena campanha com duas camisetas. À venda em todos os inferninhos. "ROUBEI MAS NÃO FUI EU!" e "Peidei Mas Não Sei Quem Foi".
E o babado do dia: quebraram o sigilo do Imposto de Renda da filha do Serra! Camiseta da Dilma: "Espionei Mas Não Fui Eu". Camiseta do Serra: "Armei Mas Não Fui Eu!". Pronto, ouvi os dois lados. Rarará!
E a Dilma já tem cara de funcionária da Receita Federal. Sabe aquelas com os óculos pendurados na corrente e que nem olham pra cara do contribuinte?
E eu quero que quebrem o sigilo do meu Imposto de Renda. Tá lá tudo declarado. Eu declarei que a dona Marisa é cafona, que o Roriz é picareta, que a minha vizinha faz boquete de urna e que eu vou votar na Mulher Gorila!
E precisa quebrar o sigilo do Imposto de Renda do Lula pra saber que ele é dependente? Da marvada. Dependente da marvada! E eu não quero saber o Imposto de Renda da filha do Serra. Eu quero saber qual foi a primeira reação dela quando viu a cara do pai! Rarará! Isso que ele tinha que manter em sigilo: a cara. Rarará!
BINGO! Corre na internet o Bingo do Hilário Eleitoral, ops Otário Eleitoral. Toda vez que um candidato falar uma frase destas, vocês gritam "Bingo". "Você me conhece!" Bingo! "Conto com seu voto!" Bingo! "Renovação!" Bingo! "Lutei contra a ditadura!" Bingo! "Mensalão!" Bingo. "Mas é sempre mensalão dos outros!" "Peroba neles!" Bingo! "Eu sou amigo do presidente Lula." Bingo! Bingo! Bingo! Rarará!
Agora não sei se voto no Ezequias Vai Chover, no Gilson Presídio, no Pinto ("por uma Bahia que tem pressa"), no Bebeto do Pau Miúdo, no Vitrolinha ou na Shanna Dias! A situação tá ficando cada vez mais psicodélica.
Eu acho que o Brasil tomou um ácido no café da manhã. Ainda bem que nóis sofre, mas nóis goza.

EDUARDO DAHER

A agricultura que o Brasil almeja 
EDUARDO DAHER
FOLHA DE SÃO PAULO - 03/09/10


As tecnologias genéticas e químicas estão ligadas à competitividade agrícola, por mais que isso tire o humorde seus adversários

"O feijão colocado à venda nesta manhã acabou rápido nas feiras livres de São Paulo. Com preço tabelado a Cr$ 38,00 pela Coap, Comissão de Abastecimentos e Preços, a venda do produto foi limitada a 2 kg por pessoa. A falta de feijão, e o conseqüente aumento de preços no último mês, obrigaram o governo a expropriar os estoques do produto na Ceagesp e nos armazéns da Companhia Santos-Jundiaí. Instituições de caridade e hospitalares solicitaram prioridade na aquisição do produto."
A notícia acima, publicada em 21 de agosto de 1959, na "Folha da Noite", remete a um passado sombrio na vida dos brasileiros, mas é apropriada para que se reflita sobre um equívoco que vem se exacerbando: o de certas lideranças tratarem a agricultura competitiva como se fosse "inimiga" do país. É isso o que sugerem discursos como o de João Pedro Stedile, da direção nacional do MST ("Tendências/Debates", 28/5). Tal visão coloca em xeque o papel do setor estratégico para a economia nacional.
A atividade agropecuária é provedora da extensa cadeia de alimentos que temos em nossas mesas; fornece, ainda, a infinidade de bens imprescindíveis no nosso dia a dia e de bilhões de pessoas em todo o mundo -do papel deste jornal que lemos à roupa que nos veste. Responde por 23,7% do PIB nacional; movimenta 38,5% das exportações e emprega cerca de 40 milhões de pessoas. A pesquisa e a adoção de tecnologias de base genética (sementes) e química (fertilizantes e defensivos) estão diretamente associadas à competitividade agrícola brasileira. Por mais que esse fato tire o humor dos seus adversários.
Na luta contra a ciência genética, que antes já revolucionara a medicina e hoje aprimora os cultivos, tais lideranças renegam até o sucesso dos pequenos produtores que dizem defender. Foi o que narrou a Folha de S. Paulo, em 23/1/2009, em reportagem sobre o assentamento gaúcho Novo Sarandi: agricultores que adotaram a soja geneticamente modificada foram ameaçados de expulsão da área por dirigentes do movimento. "Não é um assentamento modelo por causa da contradição da soja transgênica", afirmou um líder.
Perdida a batalha contra os organismos geneticamente modificados (OGMs) junto à opinião pública, que, superado o receio inicial, se mostra mais compreensiva em relação aos transgênicos, aqueles líderes se voltam contra os defensivos agrícolas, ou agrotóxicos. Uma luta insensata, já que a defesa fitossanitária é imprescindível no combate às pragas que devoram cerca de 40% dos alimentos nas plantações no Brasil. "As alterações do clima acarretam modificações na incidência de pragas agrícolas, com sérias consequências econômicas, sociais e ambientais", explica o engenheiro agrônomo Décio Gazzoni, pesquisador da Embrapa.
Na agricultura tropical, como no Brasil, as pragas são ainda muito mais danosas do que nos países de climas frio e temperado. Agricultores que têm suas lavouras dizimadas em poucos dias sabem o drama que isso significa.
A lavoura arcaica, tão apregoada por tais lideranças, não beneficia a agricultura, muito menos o país.
Diferentemente, com o olhar num futuro de paz, o que milhões de produtores rurais e, afinal, toda a sociedade almejam é um novo tempo no campo, que vem já se realizando, aqui e agora, mas capaz de impulsionar ainda mais um virtuoso ciclo de prosperidade para todos os brasileiros.



EDUARDO DAHER , 60, é economista pela FEA-USP, pós-graduado em administração de empresas pela FGV-SP e diretor-executivo da Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef).

MERVAL PEREIRA

Erro estratégico 
Merval Pereira 

O Globo - 03/09/2010

O comando da campanha presidencial tucana cometeu um erro estratégico ao tentar impugnar no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a candidatura situacionista de Dilma Rousseff, dando margem a que seus adversários aleguem que toda gritaria em torno da quebra dos sigilos fiscais tem o objetivo único de “melar” a eleição que, segundo as pesquisas, a candidata de Lula vence com larga margem sobre José Serra, o candidato do PSDB.

A mesma reação teve o presidente Lula quando disputava a reeleição em 2006 e aconteceu o episódio dos “aloprados”. Lula partiu para o ataque dizendo que a oposição estava querendo “melar o jogo” ou “ganhar no tapetão”, o que na gíria futebolística tanto ao gosto do presidente significa querer ganhar nos tribunais os pontos perdidos em campo.

Usaram a tática de atacar para se defender mesmo que todas as evidências chegassem, como hoje, bem próximas ao Palácio do Planalto e à campanha de reeleição de Lula, com assessores pessoais envolvidos na tramoia, como Freud Godoy, ex-segurança transformado em assessor especial.

Acusado de ser o planejador da compra do dossiê contra os candidatos tucanos Geraldo Alckmin e José Serra, Freud desapareceu de cena e ressurgiu no início deste ano, sempre envolvido em espionagem e contrainformação, presidindo a Caso Sistemas de Segurança.

Hoje, quando se repete a revelação do uso de métodos ilegais na campanha petista, a alegação é a mesma: por que interessaria ao governo perturbar uma eleição que parece tão tranquila, com Dilma mais de 20 pontos à frente de Serra? Acontece que, quando o sigilo de Verônica Serra foi quebrado, em setembro do ano passado — fato que só foi revelado agora, na esteira da investigação dos demais sigilos quebrados — quem estava na frente das pesquisas era José Serra.

O mais grave é que o jornal “Estado de S. Paulo” teve acesso a documentos que provam que a Receita Federal descobriu que o sigilo da filha de Serra fora quebrado há mais tempo, mas escondeu o fato.

Mesmo que a direção da Receita nada tenha a ver diretamente com a espionagem de pessoas ligadas ao candidato do PSDB, não tendo controle sobre os “aloprados” que atuam nas agências a serviço do partido, estaríamos diante de uma clara utilização de órgão do governo para pelo menos proteger a campanha da candidata oficial de notícias potencialmente prejudiciais.

Mas era previsível que a Justiça Eleitoral não aceitaria as evidências para iniciar um processo, assim como não tomou providências quando laços muito mais explícitos ligavam os “aloprados” de 2006 à campanha de reeleição de Lula.

A não aceitação da denúncia, no entanto, não transforma o malfeito — na definição de Dilma Rousseff — em bem-feito, nem reduz a gravidade da situação.

Embora sem chances de eleger seu candidato à Presidência, Plínio de Arruda Sampaio, nem de fazer uma bancada que tenha expressão numérica, o PSOL pretende continuar pautando sua atuação no Congresso pela prática da política independente. Deve eleger Heloísa Helena para o Senado, o que será garantia de protagonismo político naquela Casa.

Dentro dessa estratégia, a eleição mais importante, a essa altura, é a dos Legislativos.

Segundo o deputado federal Chico Alencar, candidato à reeleição, o PSOL não aceita “ficar no ‘gueto’ dos ‘nanicos ideológicos’: valorizamos os espaços institucionais, defendemos uma radicalização da democracia, combinando a representativa (tão débil hoje) com a participativa”.

Para Alencar, uma hegemonia completa dos setores fisiológicos, de mandatos de clientela —a maior parte hoje vinculada à hegemonia lulista, como antes gravitavam em torno de FHC — será um desastre para o país, e o balcão de negócios, isto é, a corrupção política, aumentará, junto com a degradação total do próprio Parlamento, que já é pouco relevante em termos de projetos estratégicos e fiscalização efetiva dos governos.

A visão de Alencar é pessimista caso essa hegemonia clientelista se confirme: “A reforma política ficará enterrada, definitivamente, até que o desencanto total com o atual sistema produza turbulências sociais (como aconteceu em muitos dos nossos vizinhos latino-americanos)”.

O PSOL também repudia, segundo Alencar, “a cooptação dos movimentos populares, sindicais — e até estudantis — que partidos ditos de esquerda, da base do governo, praticam, contínua e exitosamente”.

Ele admite que a bancada do partido, nos estados e no Congresso Nacional, será “bem pequena”, mas garante que terá independência crítica frente ao provável governo Dilma e aos governos estaduais: “com autonomia para cobrar, criticar, exigir, denunciar.

Mas não na linha conservadora e incoerente da oposição demo-tucana, que, ao que tudo indica, ficará menor do que hoje”.

Chico Alencar prevê, no entanto, que o PSOL terá “autoridade moral e política para questionar”, enquanto parte da oposição de direita “irá aderir: não terá contradições fundamentais com os possíveis futuros governos e não consegue viver tanto tempo longe de seus benefícios, inclusive para a reprodução de mandatos”.

No balanço que publiquei em recente coluna sobre os governos estaduais e a campanha para senador, não citei dois prováveis vencedores das eleições de 3 de outubro: Simão Jatene (PSDB), no Pará, e Omar Aziz (PMN), no Amazonas.

No Pará, coloquei Valéria Pires (DEM) como provável senadora eleita, quando ela não é nem candidata.

No estado, o líder das pesquisas é Jader Barbalho, que tem agora uma difícil luta no Supremo para manter o provável mandato, já que foi considerado “ficha-suja” pelo TRE e pelo TSE.

Os outros dois candidatos mais votados são: Paulo Rocha (PT) e Flexa Ribeiro (PSDB).