terça-feira, agosto 24, 2010

FERNANDO DE BARROS E SILVA

Expresso Tiririca
Fernando de Barros e Silva
FOLHA DE SÃO PAULO - 24/08/10


SÃO PAULO - Se a política é uma palhaçada, vote no palhaço. Resumida a seu cerne, é essa a mensagem em torno da qual Tiririca faz sua campanha para deputado federal pelo PR de São Paulo. O Congresso seria um circo, e o "abestado" pede seu espaço no picadeiro.
"O que é que faz um deputado federal?", pergunta o humorista. E responde: "Na realidade eu não sei, mas vota em mim que eu te conto". Seu bordão mais famoso diz: "Vote no Tiririca, pior do que tá não fica". Tornou-se um sucesso instantâneo.
Ao fazer da desmoralização da política uma bandeira, razão e causa da sua candidatura (disposta a "avacalhar o avacalhado"), Tiririca se põe, à primeira vista, como mais um herdeiro do "voto Cacareco".
Era, como se sabe, o nome do rinoceronte do zoológico paulistano que recebeu, em fins dos anos 1950, mais votos do que qualquer outro candidato a vereador, tornando-se um caso célebre de voto nulo e por isso sinônimo do voto de protesto.
Mas Tiririca não está no zoológico. Ele é um "puxador de votos", a estrela do programa do PR. Sua galhofaria se destina a eleger -aí sim- uma boa bancada de rinocerontes do PR, o antigo PL, partido do mensaleiro (e também candidato) Valdemar Costa Neto. Tiririca não é um palhaço, é um biombo. Atrás dele, vão os verdadeiros artistas do circo fisiológico que o lulismo (e agora Dilma) alimenta.
Se você reparar na campanha do idiota útil na TV, verá que a propaganda exibe o nome de Mercadante, candidato a governador de SP. Tiririca não é, pois, um "outsider", uma aberração avulsa do processo eleitoral, mas alguém estrategicamente patrocinado pelo bloco que detém hoje o poder hegemônico.
Escarnecendo da política para dela se beneficiar, Tiririca é menos uma ameaça individual do que a face caricata de um sistema político que se tornou imune aos escândalos em série que fabrica. Ele de certa forma realiza a profecia de Delúbio Soares, para quem o mensalão um dia iria virar "piada de salão".
Fernando de Barros e Silva é editor do caderno Brasil da Folha de S.Paulo.

AUGUSTO NUNES


As tarifas do pedágio das estradas federais não incluem o preço cobrado em vidas

AUGUSTO NUNES
VEJA ON-LINE - 24/08/10

São Paulo seria melhor se fosse parecido com os demais Estados? O Brasil seria pior se os demais Estados ficassem parecidos com São Paulo? Números colhidos ao acaso informam que só podem responder afirmativamente às duas perguntas os cretinos fundamentais, os cegos por opção, os doidos de hospício e os obtusos irrecuperáveis de modo geral. Esses agem assim por idiotia. Mas há os que assim agem movidos pela esperteza. É o caso dos camelôs de palanque, tribo que tem como pajé o presidente da República.
Até Lula sabe que, apesar de também afetado por carências que castigam todas as regiões, o território paulista é o mais desenvolvido do país. O PIB estadual, por exemplo, representa 35% do PIB brasileiro ─ e desde o dia da posse de Lula a taxa de crescimento anual permanece 2 pontos percentuais acima do índice nacional. Apenas 55,2% dos municípios do Brasil-Maravilha  de Lula são alcançados por sistemas de tratamento de esgoto. Circunscrito ao Estado, o índice sobe para 99,8%. A taxa de analfabetismo soma quase 10% da população brasileira, mais que o dobro da registrada em São Paulo.
Se é assim em todos os setores, Lula deveria ao menos desconfiar de que a malha rodoviária paulista é coisa de europeu se confrontada com a teia de estradas federais. Um recente levantamento da Confederação Nacional do Transporte qualificou de “ótimas” ou “boas” 75% das rodovias paulistas. Todas  têm pista dupla (ou tripla), pavimentação cinco estrelas, serviço de atendimento aos motoristas em tempo integral e sistema de vigilância eficaz. As similares administradas pela União  têm pista única, crateras lunares, sinalização indigente, barreiras prestes a desabar, nenhuma fiscalização e, quando há, pavimentação de padrão africano.
Graças à imensa malha de vicinais asfaltadas, que ligam todos os municípios e distritos paulistas, os caminhos de terra sobrevivem nas grandes propriedades rurais. Em contrapartida, só 12,42% das estradas federais são pavimentadas. Nos últimos oito anos, com pouca ou nenhuma ajuda da União, o governo estadual construiu o Rodoanel, duplicou várias rodovias, manteve todas em excelente estado. O governo Lula não foi além de uma Operação Tapa-Buracos tão ruidosa quanto bisonha. Com exceção de São Paulo, todos os Estados têm a sua “rodovia da morte”. Todas são federais.
Mas há o problema do pedágio, animou-se o presidente que, desde sempre convencido de que a maior obra de um governante é eleger o sucessor, resolveu agora que o serviço não ficará completo sem a entrega do Palácio dos Bandeirantes a um Aloízio Mercadante. Com tempo de sobra por ter abandonado o emprego em Brasília, acampou em São Paulo, inaugurou a filial da fábrica de mentiras instalada no Planalto e entrou no saloon eleitoral chutando a porta.
“O pedágio em São Paulo é um roubo”, afirmou no sábado o padroeiro dos bandidos companheiros. Levou nesta segunda-feira o inesperado e merecidíssimo troco. “Nesse caso, todo pedágio do governo federal é um latrocínio, que é o roubo seguido de morte”, retrucou o governador Alberto Goldman. O presidente deveria ficar menos tempo a bordo do Aerolula e viajar mais pela terra firme. Com algumas incursões por São Paulo, talvez aprendesse que, diferentemente do que acontece com os impostos federais,  a maior parte do dinheiro arrecadado pelo pedágio é investida na malha rodoviária paulista. É um dos raríssimos tributos cuja destinação pode ser vista a olho nu.
Lula não inaugurou uma única rodovia importante, não cumpriu sequer a promessa de pavimentar a estrada que liga a antiga capital do Fome Zero, Guaribas, ao resto do mundo. Dilma Rousseff não transferiu do PAC para o Brasil real uma só das muitas oitavas maravilhas de papel. No ocaso da Era Lula, a dupla quer convencer os paulistas de que a linha mais curta entre o presente e o futuro é traçada pela régua do atraso. É tarde.
Sempre que criticar os caminhos de São Paulo, Lula deve ser convidado a cuidar das estradas que abandonou. Sempre que disser que o pedágio federal é mais barato, o presidente do país do faz-de-conta precisa ouvir que as tarifas não incluem o preço cobrado em desastres, lágrimas e vidas.

EDITORIAL - O ESTADO DE SÃO PAULO

O risco de um PRI brasileiro

EDITORIAL
O Estado de S. Paulo - 24/08/2010
 
 Na sucessão presidencial de 1994, a vitória de Fernando Henrique representou para o PT mais do que um revés nas urnas: foi uma derrota política autoinfligida pela decisão, ideologicamente motivada, de considerar o Plano Real um estelionato eleitoral - enquanto, nos comícios do tucano, as multidões agitavam notas da nova moeda. Só 8 anos depois, quando engavetou o programa aprovado no congresso partidário de Olinda e pintou o seu eterno candidato com as cores tranquilizadoras da paz e do amor, o PT se reabilitou politicamente ao aceitar o programa do ministro Palocci, de cujo êxito colhe agora os formidáveis dividendos eleitorais. 
Desta vez, a se confirmarem as previsões de que Dilma Rousseff se elegerá no primeiro turno de 3 de outubro, a segunda derrota de José Serra certamente terá consequências para o seu partido muito diferentes das que produziram para o PT as derrotas de Lula da Silva. Na verdade, ao contrário do PT, o PSDB nunca teve jeito para ser oposição. Seu principal líder, Fernando Henrique Cardoso, nunca pretendeu ser um líder popular. Já enfraquecido depois de oito anos fora do poder, o PSDB não tinha condições de ajudar Serra a se contrapor ao enorme prestígio de Lula e ao contentamento da população com o seu governo. Nem o candidato se tem esforçado para obter esse apoio. 
O segundo fracasso consecutivo do petista não estilhaçou o partido nem o impediu de se manter à tona aos olhos dos setores da sociedade de que se fazia porta-voz, desencadeando uma furiosa, persistente e não raro torpe campanha contra a reforma do Estado promovida pelo governo do PSDB. No poder, aliás, o lulismo não se aventurou a revertê-la, apesar do aparelhamento e do inchaço da máquina federal. 
Já um segundo fracasso das aspirações presidenciais de Serra irão muito além do destino de um dos mais experientes políticos brasileiros. Pelo que se pode prever, a partir do histórico da disputa pelo poder entre os principais grupos antagônicos em cena, as colunas do edifício político desabarão sobre os tucanos com uma força destrutiva que o PT jamais experimentou na esteira de um malogro nas urnas. A sigla da estrela não se desmoralizou depois de 1994 porque continuou a ter um líder de talento político e amplo apelo de massas, cuja obstinação não diminuiria nem com a derrota seguinte, daí a 4 anos, depois da qual o PT manteve a sua implantação no País e seguiu trajetória ascendente nas eleições locais e parlamentares.
No caso dos tucanos, vencido Serra, tudo irá conspirar contra a possibilidade de se reerguerem. Até onde a vista alcança, justamente quando Lula passar a faixa a uma figura que é o seu oposto em matéria de projeção pessoal e política, faltarão ao PSDB - ou ao que restar dele - as condições para finalmente exercer o papel de oposição de que se furtou quase sempre por medo da popularidade do presidente. A falta de condições pode ser antevista na crise da campanha de Serra. A cada nova pesquisa, mais os tucanos obedecem à chamada Lei de Muricy - a de cada um por si.
Ao que tudo indica, o destino do PSDB é o confinamento em um único reduto político de peso, com a quase certa eleição de Geraldo Alckmin em São Paulo. A eventual derrota do ex-vice-governador Antonio Anastasia para o ex-ministro Hélio Costa em Minas ainda privará o partido de um novo líder em condições de reconstruí-lo, como seria obviamente o caso de Aécio Neves, o patrono de Anastasia a quem Serra se impôs como presidenciável. A escassez de condições objetivas deverá se acentuar com os ganhos que a frente governista terá no Congresso. Na Câmara e no Senado, PT e PMDB disputam qual será o dono da maior bancada. Nessa última Casa, PSDB e DEM devem ficar com a metade de suas cadeiras atuais.

Desenha-se, enfim, um cenário sombrio em que a política se limitaria aos jogos de poder, com os sórdidos lances habituais, dentro da coalizão hegemônica. Estarão criadas as condições para o surgimento de uma versão brasileira - com duas faces, a do PT e a do PMDB - da "ditadura perfeita" vivida pelo México décadas a fio sob o controle do PRI, o Partido Revolucionário Institucional.

JOSÉ SIMÃO

Ereções 2010Bota em Mim
José Simão
FOLHA DE SÃO PAULO - 24/08/10


BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! O Twitter do dia: Dolabella é como seguro de carro, você só lembra quando bate. Boa ideia! Eu acho que vou abrir um seguro de carro chamado Dolabella!
E sabe por que os bandidos que invadiram o Hotel Intercontinental se entregaram? Coca-Cola, R$ 8; cerveja long neck, R$ 15; gorjeta, R$ 10. EU ME RENDO! Rarará!
E sabe em quem a Vanusa vai votar? EM BRANCO! Rarará! E o Lula virou mascote! O Serra abre o horário abraçado ao Lula, a Dilma é mochila do Lula e agora a Marina quer o Lula! E o Eramos6 revela quem está querendo melhorar a imagem aparecendo ao lado do Lula: Dolabella, Bin Laden e Dunga! Rarará! Só falta o Lula vir em saco plástico. Que nem mascote de Olimpíada!
E o grande babado da semana: o Serra usando o Lula na campanha! Obcecado pelo Lula! O Lula abre o computador: "jose serra quer ser seu amigo no facebook, @joseserra está te seguindo no twitter".
Charge do Frank! A Galera Medonha! A Turma da Tarja Preta! E a Simony: "Sou mãe, mulher e todos conhecem a minha vida". E quem não conhece é só assistir a Sonia Abrão e a Lucianta Gimenez!
E em Alagoas, Magaiver! E ele sabe fazer bomba com fio de cabelo, barbante e uma pilha velha? E no Amazonas: Edilson Haylander. Esse vai se perpetuar, imortal. E adorei o slogan da humorista Dadá Coelho: "Bota em Mim! 6969". Mas também com esse nome, Dadá!
E o Quércia tá falando na linguagem da Xuxa? A xerteza da sshhaude. É o piano na boca! O piano é maior que a boca! Tá assobiando mais que a cobra do Mogli! Rarará! E os predestinados! Candidato do PSOL: Doutor GRIPP. Profissão: médico! Fique no PSOL e pegue uma gripp! E a declaração de bens dele? VeÍculo automotor terrestre: Celta 2004! Mas Celta 2004 não é nem veÍculo, nem automotor e nem terrestre. Falsidade ideológica!
E pelo PT de Diadema: Carlos Grana. E até o Reginado Rossi é candidato! Chama o garçom! Protetor dos Cornos! Rarará!
E como disse um lulista: "Vota na Dilma pra gente ir logo pro TERCEIRO MANDATO". E estamos assim: Serra, Dilma, Marina e Plínio. Bento Carneiro, o Vampiro Brasileiro, Memeia, ET da Natura e Bela Lugosi. TIREM AS CRIANÇAS DO BRASIL!
É mole? É mole, mas sobe! Me mate um bode! Ainda em que nóis sofre, mas nóis goza. Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

ALON FEUERWERKER

Oportunidade perdida
Alon Feuerwerker

CORREIO BRAZILIENSE - 24/08/10

A esquerda latino-americana oferece argumentos aos que a acusam de só aceitar a legitimidade do Estado quando ela própria está no poder. Como reagiria o Foro de São Paulo à emergência de uma eventual guerrilha antichavista na Venezuela?


Os partidos e as organizações do Foro de São Paulo estiveram reunidos em Buenos Aires na semana passada e produziram teorias complicadas sobre a guerra civil colombiana. Na prática, equalizaram-se os tratamentos ao governo constitucional da Colômbia e à guerrilha das Farc. A linha do PT foi derrotada, ainda que os representantes do partido tenham formalmente aceito o consenso final.

Em resumo, o PT gostaria que as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia declarassem um cessar-fogo unilateral e libertassem os sequestrados, passo para levar o governo de Juan Manuel Santos a negociar seriamente a saída definitiva do conflito. É razoável.

Mas os petistas não conseguiram apoio suficiente entre os colegas da esquerda latino-americana, e a convergência alcançada fala genericamente em “saída negociada”, “mediação internacional” e “libertação das pessoas detidas”, de ambos os lados. Os interessados podem obter mais informações no site operamundi.com, que cobriu o evento.

A resolução mistura alhos com bugalhos. Uma coisa é o status dos presos pelas autoridades, submetidos ao devido processo legal e condenados à perda temporária da liberdade. Outra coisa é a situação dos sequestrados pela guerrilha. São situações incomparáveis, se se considera haver na Colômbia um estado de direito em vigor.

Na prática, a esquerda latino-americana relativiza a legitimidade do Estado colombiano. Uma pena, pois oferece argumentos aos que a acusam de só aceitar a legitimidade estatal quando ela própria está no poder. Como reagiria o Foro de São Paulo à emergência de uma eventual guerrilha antichavista na Venezuela? Com as mesmas luvas de pelica que usa para mexer com as Farc? Duvido.

Talvez o PT, partido hegemônico da coalizão de governo no Brasil, devesse ter pensado duas vezes antes de participar da produção e da legitimação de tais ideias. Certamente pesou a necessidade de não se isolar no âmbito do Foro, fundado sob os auspícios do partido, mas a linha da reunião de Buenos Aires contrasta na essência com a posição reiterada em público pelas autoridades brasileiras.

Já faz tempo o Brasil decidiu não se decidir entre duas opções: ou as Farc são um grupo terrorista ou uma força beligerante, categoria reivindicada pela guerrilha. Os argumentos para ficar em cima do muro são conhecidos.

Em primeiro lugar, o Brasil afirma não catalogar ninguém na categoria de “terrorista”, até por não possuir uma legislação para isso. Em segundo, tampouco deseja ser visto como aliado tácito das Farc, o que acontecerá se as reconhecer como força beligerante.

Só que em Buenos Aires o muro pendeu para um lado. Na prática, o consenso ali construído reconhece as Farc como legítima força militar em guerra. É tudo o que pedem as Farc. A decisão ajudará a dar um gás diplomático para a guerrilha na sua busca de ganhar tempo e fôlego para reorganizar forças depois de ter sido colocada em estado terminal pelo governo de Álvaro Uribe.

A pior sinalização que se poderia ter dado às Farc era acenar que elas contam com apoio continental — num continente maciçamente governado pela esquerda — para impor condições inaceitáveis ao governo colombiano.

Se as decisões do Foro de São Paulo contribuírem para alavancar a pacificação da Colômbia, será uma imensa surpresa. Mais provável é que tenham representado um passo atrás. A única solução realista na Colômbia é as Farc deporem as armas, libertarem os reféns e, se assim desejarem, integrarem-se ao processo político regular daquele país vizinho.

Negociações? Sim, mas concentradas em apenas dois pontos. Uma eventual anistia e também a busca de mecanismos para impedir que reste aos contingentes da futura ex-guerrilha a única opção do banditismo como meio de vida. Ainda que elas estejam bem próximas desse ponto.

No item de pauta da Colômbia, a reunião do Foro de São Paulo em Buenos Aires foi uma oportunidade perdida de avançar e de dirimir certas dúvidas.

ARNALDO JABOR

Estou nascendo hoje na internet

ARNALDO JABOR
O GLOBO - 24/08/10

Afinal, quem sou eu? Descobri que há vários jabores dando sopa na web. Uma vez, disse aqui que jamais entraria nos Twitters da vida, nos Orkuts do pedaço, nos Facebooks da quebradas...
Claro que dá pra ficar fora dessas "redes sociais", mas sinto-me isolado como aqueles caras que se recusam a ver televisão para defender sua "individualidade". No entanto, que individualidade, que "eu" se manteria "puro" e protegido longe da TV ou fora da web hoje? Que "eu" sobraria? Não há um "eu" sozinho - esse sonho de pureza e originalidade acabou. O "eu" é feito de detritos de lembranças, de sonhos, de traumas, mas também é fabricado pelas coisas. A pílula fez mais pelo feminismo que mil livros de militância. A internet criou um "eu" que muda dia a dia como uma máquina que vai se modernizando, recebendo novas engrenagens. Em vez de aniversários, em breve, vamos comemorar aperfeiçoamentos: "Estou comemorando mais 8 gigabytes em minha alma!"

Aliás, acho bom que a internet acabe com as ilusões individualistas que sempre tivemos - de sermos puros e únicos. A verdade é que somos parte de um processo de mutação permanente, e não por "auto-análise", mas pelos avanços da tecnociência. Assim como a biotecnologia cria seres híbridos, somos cada vez mais híbridos... Somos de carne, osso, chips e tocados por milhões de "outros eus" em rede. Rimbaud escreveu: " O eu é um outro". E o grande Mario de Sá-Carneiro, poeta português melhor do que os uivos lamentosos de Fernando Pessoa, também escreveu:
"Eu não sou eu nem o outro/ sou qualquer coisa de intermédio/ pilar da ponte de tédio/ que vai de mim para o outro." Sujeito e objeto se confundem cada vez mais. Além disso, eu também achava que a cultura humana era uma galáxia infinita de pensamentos e obras. O Google acabou com esse sonho infinito. Tudo se arquiva, se ordena. O futuro, como um lugar a que chegaríamos um dia, também morreu. Só há um presente incessante, um futuro minuto a minuto, e não temos ideia de aonde chegaremos porque não há aonde chegar...
Bem, amigos, todo este "showzinho" de reflexões individualistas é, na verdade, para comunicar que estou entrando no Twitter. Resolvi. "Não quero mais ser eterno, quero ser moderno". Eu, que até pouco tempo só ia até o microondas (que sempre me puniu com apitinhos da porta aberta), eu, que tremo diante de um celular, mudei muito. Saibam que comprei um iPhone e que vou postar coisas no Twitter, que se chamará "realjabor".
O nome será esse porque já existe no Twitter um cara que usa meu nome... Existe um "jabor" imaginário com, pasmem, 121 mil seguidores... Não o digo por gabar-me, mas há um jabor com milhares de amigos que não conheço. E aí, me pergunto: quem sou eu? E esse cara no Twitter - com 121 mil seguidores enganados - por que botou meu nome? Não é por inveja nem tietagem... Ele parece ser um bom sujeito pelas coisas que fala por mim; não há insultos nem frases que possam me incriminar com meus "seguidores"... (Se bem que ele "posta" também bobagens apócrifas que rolam na web, que me matam de vergonha). E ele? Quem será? Será que ele ama alguém? Quem lhe mandará flores se ele morrer de amores? Por que time ele torce? Como é seu rosto?
Vejam meu drama: eu, que não existo, acho boa praça um cara que não sei quem é... Por que ele não se assume? Eu estava nesta dúvida, quando se fez a luz e entendi: tanto faz ele ser ele ou ser eu. Esta terceira pessoa, meio eu, meio ele, existe no espaço virtual, e, assim, não importa o nome, pois, como disse acima, sujeito e objeto se confundem. Ser eu ou ele é um detalhe desprezível.
Aliás, suponho que esses milhares de seguidores sejam ao menos meus amigos... E aí, me ocorre a pergunta: o que é um amigo hoje? Como posso ser amigo de pessoas que nunca vi? Antes, amigos tomavam chope com a gente, davam conselhos, faziam confidências: "Pô, cara, minha mulher me traiu... Que que eu faço?" Era assim. Hoje, os amigos você não vê, não toca; os amigos são algoritmos.
As redes sociais estão mudando o conceito de amizade, de amor... A pior forma de solidão talvez seja o sexo virtual, a masturbação a longa distância... Nada mais triste que o post-coitum na internet: gozos, escape e "log off", com os orgasmos se esvaindo na velocidade da luz e a realidade manchando o papel higiênico e as mãos pecadoras.
Assim, aprendemos que temos de celebrar as parcialidades; só o fortuito é gozoso. Temos de parar de sofrer por uma plenitude que não chega nunca.
Aceitar a "incompletude" talvez seja a nova forma de felicidade. E isso é bom. A web nos mostra que, enquanto sonharmos com a plenitude, seremos infelizes. Nunca seremos acompanhados nem totalmente amados. As redes nos trazem uma desilusão fecunda. As redes sociais unem os homens em uma grande solidão.
Outra coisa que me intriga: dizer o quê nos tweets? O que é importante? Antigamente, se dizia: este filme é importante, este texto é importante... Mas, hoje, para quê? As revoluções clássicas já não existem, a ideia de reunir objetos para um museu do futuro já era. Não há mais algo a ser preservado para amanhã. A importância do futuro foi substituída pelas "conexões" no presente.
A própria ideia de "profundidade" ficou estranha... O que é profundo? Hegel ou o frisson de informar a 121 mil pessoas que acordei com dor de cabeça ou que detestei "A Origem"? As irrelevâncias em rede ganham uma densidade horizontal, uma superficialidade útil, ao invés de uma grandeza definitiva. Quantidade é qualidade, hoje.
Mas é óbvio que há uma grande vitória para a democracia nas redes sociais. Há pouco, o massacre de dissidentes no Irã escapou pela internet. As redes denunciam crimes, alavancam negócios, expandem a educação política.
Por isso, resolvi nascer. Estou nascendo hoje na web. Meus primeiro gemidos de recém-nascido começam hoje.
Chamo-me agora www.twitter.com/realjabor e vou competir com o outro jabor, o falso, que me criou sem me consultar.

DORA KRAMER

A menor graça 
Dora Kramer 

O Estado de S.Paulo - 24/08/2010

Deve-se aos programas de humor e à mobilização dos humoristas a contestação de uma das mais graves distorções institucionais na Lei Eleitoral em vigor desde 1997: a abolição do exercício da crítica política no rádio e na televisão nos três meses que antecedem a eleição.
De lá para cá foram realizadas seis eleições, sendo três presidenciais.

Por isso, os rapazes e as moças do humor já mereceriam assento junto aos idealizadores do projeto Ficha Limpa, numa hipotética premiação a iniciativas para melhorar os meios e os modos da tão antiquada política brasileira.

Posto o mérito, é preciso dispor alguns equívocos. Há desorientação e falta de informação na campanha, cujo primeiro ato público foi uma passeata na praia de Copacabana.

Delícia, mas é preciso falar mais sério e certo.

Muita gente ainda acha que a proibição atinge apenas os programas humorísticos e que é uma inovação da Justiça Eleitoral.

Os organizadores cometem seus deslizes. Abriram um abaixo-assinado para ser enviado ao ministro da Cultura pedindo a revogação da lei. Dizem que essa é a maneira de repetir a trajetória do projeto Ficha Limpa.

O veto a candidaturas de gente condenada por tribunal foi obtido pela aprovação de uma lei no Congresso, cujo projeto teve iniciativa popular. Nada a ver com o Poder Executivo, com ministros nem presidentes de autarquias.

Aliás, cumpre ressaltar que se dependesse do Poder Executivo o projeto não teria sido aprovado. Acabou sendo pela conjugação de dois fatores: a pressão social e a certeza de muitos congressistas e palacianos de que a lei não entraria em vigor neste ano ou seria derrubada na Justiça por inconstitucionalidade.

O caminho correto, portanto, é o Legislativo. Seja por intermédio de algum parlamentar ou mediante apresentação de projeto de lei com o apoio de 1 milhão de cidadãos.

A proibição, que fique claro, pois, não foi uma invenção do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas consta de uma lei aprovada em 1997 e que não visa apenas, mas também, a atingir os humorísticos.

Suspende de um modo geral a vigência do artigo da Constituição que assegura a liberdade de expressão, uma vez que proíbe que as pessoas - jornalista, humorista, qualquer um - façam juízo de valor sobre candidatos, partidos ou coligações.

Deu para entender? É proibido dar opinião. Talvez fosse o caso de pedir ao Ministério Público para entrar com uma ação direta de inconstitucionalidade.

Excelente os humoristas terem aberto esse caminho. Só assim alguém - além de jornalistas que sempre podem ser acusados de advogar em causa própria - prestou atenção nesse aspecto da lei.

Por isso mesmo é necessário entrar na luta de modo correto, com as informações certas, para não acabar pedindo ajuda na casa do inimigo.

Partilha. Quanto mais as pesquisas mostram o favoritismo de Dilma Rousseff, mais abertamente o PMDB trata da divisão do latifúndio público federal.

No domingo o presidente do partido e candidato a vice de Dilma, Michel Temer, divulgou nota oficial negando essa intenção. Foi a terceira negativa nesse sentido no último mês. Nas primeiras duas vezes Temer desmentiu a si mesmo: em uma delas, disse que o PMDB seria "protagonista" no governo e, na segunda, discorreu a senadores a respeito do compartilhamento de espaços.

No lugar de divulgar notas à imprensa, mais eficaz seria Temer tentar conter o ímpeto da tropa.

Antigamente. Logo depois de eleito, em outubro de 2002, Lula fez um pronunciamento público em que, entre outros agradecimentos, dizia-se grato ao então presidente Fernando Henrique Cardoso por sua "imparcialidade" durante o processo eleitoral.

Segundo Lula, a conduta de FH e a Justiça Eleitoral "contribuíram para que os resultados das eleições representassem a verdadeira vontade do povo brasileiro".

MERVAL PEREIRA

Campos de batalha 
Merval Pereira 

O Globo - 24/08/2010

As campanhas de São Paulo e Minas Gerais, estados dominados pelo PSDB nos últimos anos, mas onde o PT tem forte presença política, são os campos de batalha onde se decide a possibilidade de a eleição presidencial terminar ou não no primeiro turno a favor da candidata oficial, Dilma Rousseff.

O presidente Lula acha que pode ganhar no primeiro turno, e por isso pretende voltar baterias para São Paulo para tentar alterar o resultado que favorece Geraldo Alckmin, o candidato tucano ao governo.

Ele tenta, com a nacionalização da campanha, atingir dois objetivos: encurtar a diferença entre Dilma e o adversário tucano, José Serra, no estado, e reverter a disputa estadual, hoje amplamente favorável ao PSDB.

Da mesma maneira que a imagem de Mercadante não está aproveitando o prestígio nacional do presidente Lula, que se reflete na candidata a presidente mas não na campanha para governador, também Serra não está se beneficiando do prestígio pessoal de ex-governador bem avaliado nem do de Alckmin no estado.

Tanto que Serra está fazendo a menor diferença até hoje que um candidato do PSDB consegue tirar em cima do PT em São Paulo.

A avaliação do comando petista é que, se a campanha estadual não for nacionalizada, Alckmin vence no primeiro turno.

Acham que Alckmin mordeu a isca colocando mais Serra em seu programa eleitoral.

Ao contrário, os tucanos consideram que o apoio de Alckmin tende a melhorar a vantagem que já têm em São Paulo.

O PT acha que há possibilidade de equilibrar mais no estado essa disputa nacional, e usar o prestígio de Lula para tentar reverter situação para o governo do estado.

Enquanto Alckmin falava sobre trem-bala, prometia rever os pedágios, tratava das questões da educação em São Paulo, parecia aos petistas imbatível.

No momento em que começou a tentar ajudar Serra criticando o governo federal, acreditam os petistas que se abriu uma nova possibilidade de tentar levar a eleição para o segundo turno.

Enquanto o debate entre os candidatos a governador estava se dando em torno da discussão do programa de governo ou imagem dos candidatos, a situação era mais favorável para Alckmin, nessa avaliação petista.

Na situação anterior, mesmo que Dilma ultrapassasse Serra no estado, Mercadante não ganharia de Alckmin; as duas eleições estão completamente separadas.

O PT tem pesquisas que demonstrariam que é possível equilibrar a situação em São Paulo na disputa a presidente.

Estão fazendo pesquisas em cidades do interior em que Alckmin derrotou Lula no primeiro turno de 2006, como Tupã, onde Lula teve 29% dos votos contra mais de 50% de Alckmin.

A pesquisa atual está dando 37% para Serra e 35% para Dilma. O que demonstraria que existe espaço na campanha para encurtar a distância entre Dilma e Serra no estado.

O prestígio do presidente Lula estaria transferindo os votos em nível nacional e, porque acredita que a vitória de Dilma deve ocorrer no primeiro turno, vai tentar levar essa transferência de votos para a disputa pelo governo paulista.

Ao mesmo tempo, pesquisas mostram que em Minas Gerais o quadro pode estar sendo alterado, com o candidato do ex-governador Aécio Neves se aproximando do líder, o senador Hélio Costa, do PMDB apoiado pelo presidente Lula.

Lá ocorre até o momento uma situação inversa, com a candidata Dilma Rousseff vencendo a disputa nacional e o candidato apoiado pelo PT ganhando também a disputa pelo governo estadual.

O ex-governador Aécio Neves trava uma disputa particular com o presidente Lula para definir quem tem mais capacidade de transferir votos, e ao mesmo tempo pretende que uma reversão de expectativas para o governo estadual, favorecendo seu candidato Antonio Anastasia, se reflita também na campanha de José Serra.

A aposta do PT na virada de tendência em São Paulo se baseia na popularidade do presidente Lula, mas ao mesmo tempo, tanto em Minas quanto em São Paulo, são os tucanos que têm maior força eleitoral nas eleições estaduais recentes.

Essas situações estaduais ainda em processo é que alimentam as esperanças dos tucanos de que a disputa presidencial sofra alterações nos próximos dias, ao mesmo tempo em que os petistas temem o clima de “já ganhou”.

Não foi àtoa que o PMDB soltou uma nota oficial desmentindo que já esteja dividindo os cargos de um eventual governo Dilma Rousseff, e que a direção petista se recuse a discutir partilha de governo com os aliados.

Usam para impedir que essa conversa prospere a desculpa de que “dá azar” falar em vitória antes da abertura das urnas.

A coligação oposicionista, por sua vez, começa a alterar sua estratégia eleitoral em busca de uma recuperação.

Decidiu incrementar as campanhas de rua pelos estados, e para isso as militâncias estaduais receberão dinheiro para a confecção de bandeiras, cartazes e adesivos que levem a imagem de Serra aos eleitores de todo o país.

A direção do PSDB considera que o dinheiro do orçamento já está garantido por compromissos de vários doadores.

São Paulo e Minas, estados tradicionalmente “azuis”, são onde os tucanos jogam suas últimas esperanças de levar a eleição presidencial para o segundo turno, enquanto os petistas pretendem pintá-los de vermelho, o que daria um caráter de extermínio da oposição ao projeto de poder lulista.

CELSO MING

Restrições aos chineses 
Celso Ming 

O Estado de S.Paulo - 24/08/2010

O presidente da Fiesp e dono da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), Benjamin Steinbruch, em entrevista ao Estado, defendeu restrições a investimentos da China no Brasil.

As suspeitas externadas por Steinbruch coincidem com as de dirigentes da Confederação Nacional da Indústria. Mas as restrições que defende à atuação de capital chinês levam o risco de não passarem de puro casuísmo.

A desenvoltura com que a China vem adquirindo terras e concessões de mineração em todo o mundo tem despertado preocupações de que possa praticar dumping e, assim, alijar deslealmente as empresas brasileiras do mercado. "A China é uma força no mundo. A partir do momento em que ela tenha o domínio da matéria-prima, sendo a maior consumidora de minério, pode tirar os outros do jogo", avisou.

A China tem despertado admiração e medo em todos. Detém nada menos que US$ 2,45 trilhões de reservas externas, a maioria delas aplicada em títulos do Tesouro dos Estados Unidos. Apenas o tamanho desse cacife tem gerado temores de que ela possa usá-lo como arma. Bastaria que despejasse seu arsenal de reservas no mercado para provocar o aviltamento das cotações tanto dos títulos do Tesouro americano como do próprio dólar.

O governo Lula foi um dos primeiros a reconhecer que a China é uma economia de mercado, querendo com isso demonstrar que não teme chantagens comerciais do tipo que está sendo denunciado pelo presidente da Fiesp.

E, se é para defender o País de eventuais manobras desleais de capitais originários da China, então é preciso ter uma política abrangente de tratamento a investimentos estrangeiros, e não só aos chineses.

Hoje, a Constituição não faz distinção entre empresa nacional ou estrangeira, nem mesmo para exploração de recursos minerais. Basta que seja constituída de acordo com as leis brasileiras e tenha sede no País para que uma empresa passe a ser considerada de capital nacional. Tampouco há restrições de que uma detentora de concessão mineral, nacional ou estrangeira, repasse seus ativos para os interessados, sejam eles chineses ou quaisquer outros. Restringir capitais chineses e, ao mesmo tempo, manter abertura irrestrita a capitais americanos, ingleses, japoneses, coreanos ou alemães seria desembocar num oportunismo desmoralizador.

A Petrobrás precisa urgentemente de recursos para o desenvolvimento do pré-sal e vem aceitando com votos de boas-vindas o concurso de investimentos chineses. E, no entanto, petróleo é um produto bem mais estratégico - para ficar com outra expressão de Steinbruch - do que minério de ferro. Não tem sentido, de um dia para outro, a Petrobrás avisar que não quer mais capitais carimbados com a bandeira vermelha da China.

De mais a mais, por que a China não poderia adquirir concessões de exploração mineral no País se o empresário brasileiro Eike Batista, que se prepara para vender sua EBX (empresa de minério de ferro) e mais uma fatia da OGX (exploração de petróleo), pode fazê-lo sem restrições?

A proposta de exigir contrapartidas do governo de Pequim para os investimentos de chineses no Brasil não parece adequada, pela quase impossibilidade de represálias em caso de transgressão.

Ou seja, não basta querer por querer, como parece manifestar o empresário Benjamin Steinbruch. É preciso também saber o que fazer, para evitar ciladas provocadas por imaturidade estratégica.
Volta ao mundo
São quatro os principais fatores que estão produzindo os déficits recordes com viagens ao exterior. O primeiro é o câmbio: é o dólar relativamente barato em reais que torna mais acessíveis ao brasileiro as despesas de viagem. O segundo é o salto da renda: o brasileiro está ganhando mais e, com isso, está podendo viajar mais. O terceiro é a expansão do crédito que aumentou o financiamento dos pacotes turísticos e reduziu as prestações. E o quarto, a queda em todo o mundo das tarifas aéreas, que, em parte, foi consequência da própria crise global.

ILIMAR FRANCO

Deixa disso 
Ilimar Franco 
O Globo - 24/08/2010 

A cúpula do PMDB passou um pito na turma que anda falando sobre a divisão de poder em um eventual governo Dilma Rousseff (PT). O presidente do partido e candidato a vice, Michel Temer, tratou logo de acalmar os petistas. No domingo, ligou para o ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e, ontem, reuniu-se com o presidente do PT, José Eduardo Dutra, para dizer que essa não é a postura do comando do partido.

Na incômoda vitrine

A irritação maior no PMDB, quanto às especulações ministeriais de um futuro governo petista, foi com a exposição do ex-vice-presidente da CEF Moreira Franco. Integrante do núcleo duro do PMDB e representante do partido na comissão de programa de governo de Dilma Rousseff, Moreira é candidatíssimo a um ministério e tem o aval do presidente Michel Temer. Mas a direção partidária considera prematuro tratar disso antes das eleições e com tanta antecedência. Avalia que o maior prejudicado é o próprio Moreira, cujo nome ficará longo tempo passível de ser submetido à fritura pelos adversários.

Era previsível, no começo da propaganda na TV, é Lula na veia da Dilma” — Sérgio Guerra, senador (PE) e presidente do PSDB, sobre a pesquisa Datafolha

EFEITO INDIO. Vice de José Serra, o deputado Indio da Costa (DEM-RJ) vai começar a viajar pelo país, principalmente para os estados onde o DEM é mais forte, como Rio Grande do Norte e Santa Catarina. A avaliação é que ele teve pouca exposição até agora, então não podia ser cobrado pela queda de Serra entre os mais jovens. Até agora Indio se concentrou no Rio, onde Serra também caiu nas pesquisas. Integrantes da campanha querem que ele faça um discurso mais propositivo.

Anistiados políticos

A Advocacia Geral da União pretende recorrer da decisão do TCU de rever prestações mensais pagas a anistiados políticos. O governo recebeu sinalização de ministros do tribunal que estariam dispostos a mudar seu voto.

Pulando do muro

Candidato ao governo de São Paulo pelo PP, o deputado Celso Russomano decidiu abandonar a neutralidade nas eleições presidenciais.

Ele procurou o comando da campanha de Dilma Rousseff (PT) para marcar uma agenda comum.

Aliado de Serra quer Dilma longe

Aliado do tucano José Serra, o governador André Puccinelli (PMDB-MS), líder nas pesquisas, fez gestões junto ao presidente do PMDB, Michel Temer, para que a candidata Dilma Rousseff (PT) e o presidente Lula não fossem a Campo Grande hoje. Puccinelli chegou a se comprometer a mudar de posição, declarando neutralidade na disputa presidencial. Mas Temer lhe informou que seu pedido chegara tarde demais.

Puxão de orelha nos afoitos

Embora muito otimista, a coordenação da candidatura de Dilma Rousseff (PT), reunida ontem, condenou o clima de “já ganhou” adotado por vários petistas e aliados. Eles avaliam que o “salto alto” e o “oba-oba” desarmam o partido na reta final da campanha, quando é preciso tensionar as forças.

Sobretudo quando vencer a eleição no primeiro turno passou a ser um objetivo atingível. Petistas que ocupam cargos de destaque estão sendo desautorizados por falar demais.

O TCU divulga hoje um guia de gestores e empresas inidôneas. Entra as empresas citadas, estão: Conservo, Beter, Gautama e DNA Propaganda.

O DEPUTADO Eliseu Padilha (PMDB-RS) está organizando para amanhã um encontro do presidente da Câmara e vice de Dilma, Michel Temer, com 50 prefeitos do PMDB gaúcho.

O ÚNICO estado do Norte onde a candidata do PT, Dilma Rousseff, fará campanha é o Pará. Lá, a governadora Ana Júlia (PT) está atrás nas pesquisas.

Quem lidera é o ex-governador tucano Simão Jatene.

BOLÍVAR LAMOUNIER

A 'mexicanização' em marcha
Bolívar Lamounier 
O Estado de S.Paulo - 24/08/10

O processo sucessório presidencial em curso comporta dois cenários marcadamente assimétricos, conforme o vencedor seja José Serra ou Dilma Rousseff. Se for José Serra, não é difícil prever a cerrada oposição que ele sofrerá por parte do PT e dos "movimentos sociais", entidades estudantis e sindicatos controlados por ele - e, provavelmente, do próprio Lula. Se for Dilma Rousseff - como as pesquisas estão indicando -, o cenário provável é a ausência, e não o excesso, de oposição.

Para bem entender esta hipótese convém levar em conta dois fatos adicionais.

Primeiro, o cenário Dilma não se esgota na figura da ex-ministra. Ele inclui, entre os elementos mais relevantes, o controle de ambas as Casas do Congresso Nacional pela dupla PT e PMDB. Inclui também uma entidade institucional inédita, personificada por Lula. Semelhante, neste aspecto, a um aiatolá, atuando de fora para dentro do governo, Lula tentará, como é óbvio, influenciar o conjunto do sistema político no sentido que lhe parecer conveniente ao governo de sua pupila ou a seus próprios interesses. Emitirá juízos positivos ou negativos, em graus variáveis de sutileza, sobre medidas tomadas pelo governo e regulará não só o comportamento da base governista no Congresso, mas também os movimentos de sístole e diástole da "sociedade civil organizada" - entendendo-se por tal os sindicatos, segmentos corporativos e demais organizações sensíveis à sua orientação.

O segundo fato a considerar é a extensão da derrota que Lula terá conseguido impor à oposição. Claro, a eventual derrota será também consequência das ambiguidades, das divisões e dos equívocos da própria oposição, mas o fator determinante será, evidentemente, a ação de Lula e do esquema de forças sob seu comando. Deixo de lado, por óbvio, as condições econômicas extremamente favoráveis, o Bolsa-Família, a popularidade do presidente, etc.

José Serra ficará sem mandato até 2012, pelo menos. No Senado - a menos que sobrevenha alguma reorganização das forças políticas -, Aécio Neves fará parte de uma pequena minoria parlamentar, situação em que ele dificilmente exercerá com desenvoltura as suas habilidades políticas.

Nos Estados, os governadores eventualmente eleitos pelo PSDB, sujeitos ao torniquete financeiro do governo federal, estarão igualmente vulneráveis ao rolo compressor governista. Longe de mim subestimar lideranças novas, como a de Beto Richa, no Paraná, e a de Geraldo Alckmin, em São Paulo. Mas não é por acaso que Lula já se apresta a batalha por São Paulo, indicando claramente a sua disposição de empregar todo o arsenal necessário a fim de reverter o favoritismo tucano neste Estado.

Resumo da ópera: no cenário Dilma, o conjunto de engrenagens que Lula montou ao longo dos últimos sete anos e meio entrará em pleno funcionamento, liquidando por certo período as chances de uma oposição eficaz. A prevalecer tal cenário, parece-me fora de dúvida que a democracia brasileira adentrará uma quadra histórica não isenta de riscos.

É oportuno lembrar que o esquema de poder ora dominante abriga setores não inteiramente devotados à democracia representativa, adeptos seja do populismo que grassa em países vizinhos, seja de uma nebulosa "democracia direta", que de direta não teria nada, pois seus atores seriam, evidentemente, movimentos radicais e organizações corporativas. Claro indício da presença de tais setores é a famigerada tese do "controle social da mídia", eufemismo para intervenção em empresas jornalísticas e imposição de censura prévia.

Na Primeira República (1889-1930), a "situação" - ou seja, os governantes e seus aliados nos planos federal e estadual - esmagava a oposição. Foram poucas e parciais as exceções a essa regra. Mas a estratégia levada a cabo por Lula está indo muito além. É abrangente, notavelmente sagaz e tem um objetivo bem definido: alvejar em cheio a oposição tucana. Para bem compreendê-la seria mister voltar ao primeiro mandato, ao discurso da "herança maldita", sem precedente em nossa História republicana no que se refere ao envenenamento da imagem do antecessor; à anistia, retoricamente construída, a diversos corruptos e até a indivíduos que se aprestavam a cometer um crime - os "aloprados"; e aos primórdios da estratégia especificamente eleitoral, ao chamado confronto plebiscitário, em nome do qual ele liquidou no nascedouro toda veleidade de autonomia por parte de quantos se dispusessem a concorrer paralelamente a Dilma Rousseff. A Ciro Gomes Lula não concedeu sequer a graça de uma "sublegenda", para evocar um termo do período militar.

Para o bem ou para o mal, a única oposição político-eleitoral potencialmente capaz de fazer frente ao rolo compressor lulista é a aliança PSDB-DEM-PPS. No horizonte de tempo em que estou pensando - digamos, os próximos quatro anos -, não há alternativa. Portanto, a operação a que estamos assistindo, com seu claro intento de esterilizar ou virtualmente aniquilar essa aliança, coloca-nos nas cercanias de um regime autoritário.

Sem a esterilização ou o aniquilamento político-eleitoral da mencionada coalizão, não há como cogitar de um projeto de poder hegemônico, de longo prazo e sem real alternância de poder. A esterilização pode resultar de uma estratégia deliberada por parte do comando político existente em dado momento, de uma conjunção de erros, derrotas e até fraquezas das próprias forças oposicionistas - ou de ambas as coisas.

Sociologicamente falando, não há funcionamento efetivo da democracia, quaisquer que sejam os arranjos constitucionais vigentes, num país onde não exista uma oposição eleitoralmente viável. Haverá, na melhor das hipóteses, um autoritarismo disfarçado, um "chavismo branco" ou, se preferem, um regime mexican style - aquele dominado durante seis décadas pelo PRI, o velho Partido Revolucionário Institucional mexicano.

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE

Atchimmm 
Sonia Racy 

O Estado de S.Paulo - 24/08/2010

Guerra interna na Fundacentro, o órgão ligado ao Ministério do Trabalho - responsável por zelar pela saúde do trabalhador.
Funcionários colocaram faixas denunciando assédio moral de Eduardo de Azeredo Costa, presidente da instituição. Existe, inclusive, processo administrativo já instaurado.
O sem mobília
Costa também teria pedido remoção irregular de membro da auditoria interna. Ante a recusa do servidor em deixar o cargo, o chefe mandou retirar toda a mobília da sala, exceto a escrivaninha do tal funcionário.
Outro lado
Indicado por José Gomes Temporão para assumir a Anvisa, no lugar de Agnelo Queiroz, Costa está sofrendo rejeição de servidores: eles divulgaram carta contestando seu nome.
Consultado, ele nega irregularidades. E justifica as resistências como um "movimento de poucos funcionários querendo denegrir minha imagem".
My name is Brazil
Nem bem aterrissou no Brasil, a Martin... Aston Martin, vendeu nada menos que 11 carros em dez dias.
O veículo usado por James Bond pode custar de R$ 390 mil até R$ 1,4 milhão.
Pode ou nãoreclamar?
Serão julgadas esta semana seis ações no TRE do PSDB contra o PT. Tudo por invasão de espaço na propaganda eleitoral. Os tucanos acusam os adversários de usar a parte reservada aos deputados para criticar a gestão do PSDB.
Para o PT, é seu direito criticar.
Cordão umbilical
Antes da pré-estreia de Inverno da Luz Vermelha, Daniela Thomas recebeu telefonema especial: de Vinícius de Oliveira, protagonista de Central do Brasil e de Linha de Passe.
O ator, hoje estudante universitário de cinema, pediu para assistir à peça. "O considero como se fosse meu filho", emocionou-se a cenógrafa.
Na dose correta
Angélica, estrela da Fashion Weekend Kids, sábado, fez questão de opinar sobre as polêmicas palmadas: "Bater não é ensinar". Ela defendeu que, muitas vezes, o adulto é que precisa ser educado. "Os pais têm que distinguir quando podem ou não agir assim."
Visual futurista
Alexandre Herchcovitch conversou com Dilma e se ofereceu para vesti-la. A candidata gostou.
Maratona do bem
Gisele Bündchen disse sim e participará de jantar beneficente da BrazilFoundation, dia 23, em NY, organizado por Nizan Guanaes, ao lado de Leona Forman, co-chairman do Metropolitan. O evento será dividido em três partes: almoço no Cipriani Wall Street, jantar de gala apresentado por Vik Muniz e Fernanda Motta e um after-party na badalada Bom Bom Room.

A fundação já arrecadou US$ 12,5 milhões a serem distribuídos por 300 projetos sociais no Brasil.
Éter "inetéreo"
Raul Cutait, autor de oito livros da área médica, toma posse quinta na Academia Paulista de Letras. Ocupará cadeira de nº 30, que pertenceu a José Mindlin.
Na frente
Apoiado pelo Banco Pátria, o médico José Luiz Setubal inaugura hoje nova unidade do Hospital Sabará.

Enzo Dara está no Brasil para dirigir a ópera Don Pasquale, que estreia hoje. No Theatro São Pedro, na Barra Funda.

Le Manjue Bistrô reabre suas portas, quinta. Na Vila Nova Conceição.

Caiu como uma luva o slogan de Ronaldo Esper: "Vaso ruim não quebra".

MÍRIAM LEITÃO

Juros devem parar 
Miriam Leitão 

O Globo - 24/08/2010

A pesquisa feita toda semana pelo Banco Central com instituições financeiras registrou que a expectativa é de juros em 10,75% no fim do ano. Há boas razões para os juros pararem de subir: o IPCA de julho foi zero, o IPCA-15 de agosto, também, e as projeções de inflação estão em queda. No mercado, há quem avalie que a razão é eleitoral. Não acho. Há fundamentos técnicos para o fim do ciclo de alta.

Quando os juros começaram a subir em abril houve reação dentro do governo.

Na época, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse que juros mais altos não provocariam perdas eleitorais para o governo, mas inflação em alta, sim. A próxima reunião do Copom que será realizada a um mês das eleições pode interromper a elevação da taxa de juros. A interrupção favorece a candidata do governo? Claro que sim. Mas existem sólidos motivos para o fim da alta.

A previsão de inflação este ano está caindo. Era 5,2% há uma semana e foi reduzida para 5,1%, nesta. Para 2011, as projeções são de uma inflação ainda mais perto da meta: 4,86%. As estimativas subiram um pouquinho na última pesquisa e até consideram uma elevação dos juros no ano que vem. Mas não há sinais de aceleração inflacionária.

Tudo permite ao Banco Central uma suspensão no aumento da Selic.

No início de setembro, logo após a reunião do Copom, o IBGE vai divulgar o PIB do segundo trimestre e ele mostrará uma desaceleração.

Os primeiros sinais do terceiro trimestre indicam que o nível de atividade voltou a subir. O mercado interno continua aquecido, as exportações mais fortes são apenas as de matériasprimas, mas o país continua com superávit comercial.

Tendo em mãos os indicadores antecedentes, os economistas fazem previsões para o PIB do segundo trimestre. O Itaú Unibanco aposta em 0,6%. O mesmo da projeção divulgada ontem pelo Serasa Experian. A Tendências acha que pode ficar em torno de 0,4%. Todos eles preveem um crescimento maior no terceiro trimestre: 1,2%, a Tendências; 1,1%, a MB Associados.

A indústria voltará a crescer, depois de cair 2% no segundo trimestre, acumulando perdas por três meses seguidos. É fácil de entender.

O consumo cresceu muito no começo do ano, aproveitando a onda da redução dos impostos. A indústria antecipou a produção para atender à antecipação do consumo e depois reduziu o ritmo para não acumular estoques. Em julho, os dados já mostram um ritmo maior. Ontem, saiu o crescimento do consumo de energia de 13,7% em relação a julho do ano passado. Caiu 0,5% em relação ao mês anterior, mas isso não estava no release da Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Mas o consumo industrial subiu na margem em 1,6%.

— Estamos, sem dúvida, acelerando de novo. Mas longe de se esperar um cenário de aquecimento como o do primeiro trimestre porque acabaram os incentivos fiscais e aumentaram os juros.

Os condicionantes da demanda são fortes como renda, crédito, emprego e confiança do consumidor e dos empresários. O terceiro trimestre será um meio termo entre os dois primeiros — disse Bernardo Wjuniski, da Tendências.

A MB está prevendo uma inflação de 5% este ano, mas acha que pode ser menos.

Segundo o economista Sérgio Vale, como se espera zero de inflação para agosto, a inflação poderia ficar em até 0,44% ao mês até o fim do ano para fechar em 5%. Por isso, ele também acredita que o Banco Central vai interromper a alta de juros. O que a consultoria prevê é que a médio prazo o crescimento pode encontrar o obstáculo do déficit em transações correntes.

Ontem, o Banco Central divulgou o déficit de julho, de US$ 4,5 bilhões, e ele foi o pior para o mês desde 1947. O acumulado em 12 meses está em 2,2% do PIB, o que é um percentual crescente, mas bem abaixo do que em outros momentos em que o país enfrentou crise.

Isso sem falar nas reservas cambiais de US$ 256 bilhões.

O problema é que sustentar um déficit externo aumentando e, com ele, financiar o crescimento econômico sempre esbarra em limites.

Há muitas distorções na forma escolhida pelo governo para manter o crescimento e eu tenho falado desses problemas aqui na coluna. Hoje, as análises externas comemoram o crescimento brasileiro, mas sempre apontam os riscos de ele não ser sustentável, principalmente pelos gargalos fiscais óbvios.

No curto prazo, o país continuará, no entanto, crescendo e com inflação baixa, o que justifica a decisão que o Banco Central pode vir a tomar na semana que vem de interromper a escalada dos juros.

O economista José Márcio Camargo, da Opus Gestão de Recursos, não acha que um ritmo maior do nível de atividade seja um problema para o Banco Central.

— O crescimento nos próximos quatro trimestres dará uma média anual em torno de 4%. Isso é bem diferente do ritmo acima de 7% que o Brasil está tendo este ano — diz.

A arrecadação federal de julho, divulgada na semana passada, teve um aumento de 10,8% em relação a julho de 2009, e de 12,2% no acumulado do ano. O governo tem aumentado as despesas baseado nesse quadro favorável, que não é eterno. Nos próximos meses, segundo o Itaú Unibanco, há riscos de redução no superávit primário por causa da forte expansão do gasto.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

Máquina de Vendas negocia com bancos para criar financeira 
Maria Cristina Frias

Folha de S.Paulo - 24/08/2010

A gigante do varejo Máquina de Vendas está em negociação para abrir uma financeira neste ano.

A nova subsidiária, ainda sem nome definido, corresponde ao desejo dos proprietários de atuar com uma estrutura além de seu departamento financeiro.

A estratégia envolve a criação de um cartão, com foco nas classes C e D.

Há conversas com quatro bancos: Itaú Unibanco, Bradesco, Santander e HSBC. Mas a decisão pode levar até dois meses. O controle será compartilhado.

A operação ocorre dois meses após a empresa firmar acordo de fusão com a rede de eletrodomésticos City Lar, da região Centro-Oeste.

A jovem Máquina tem mostrado agilidade no atual cenário de concorrência, num setor que passa por forte consolidação no Brasil.

Criada em março, a partir da união entre a mineira Ricardo Eletro e a baiana Insinuante -em reação à compra das Casas Bahia e do Ponto Frio pelo grupo Pão de Açúcar, segundo disse o fundador da Ricardo Eletro, Ricardo Nunes, na ocasião- a empresa ainda não estacionou e pode mostrar mais do que crescimento orgânico ainda neste ano.

Entres seus concorrentes, já existe a LuizaCred, controlada igualmente por Itaú Unibanco e Magazine Luiza. O Grupo Pão de Açúcar tem 50% da FIC em joint venture com o Itaú Unibanco. As Casas Bahia, com o Bradesco, tem acordo de financiamento de parte da carteira de crédito da rede e na emissão e administração do cartão.
Bebê À Moda Inglesa
Artigos da renomada grife inglesa Laura Asley serão fabricados no Brasil e estarão à venda a partir de janeiro no país e serão distribuídos também para a Argentina, o Paraguai e o Uruguai.
A companhia, conhecida pelo estilo britânico, de clássicos e românticos florais, escolheu a Biramar Baby, de Ibitinga, no interior paulista, conhecida como a "capital do bordado".

"Não fomos nós que fomos atrás, eles [da Laura Asley] é que nos escolheram, pela qualidade que temos nos tecidos, acabamentos e bordados", conta Thayane Ramalho, sócia-diretora da Biramar Baby.

Para isso, a marca, que produz 20 mil peças ao mês e vende para um público B e C em todos os Estados brasileiros, está fazendo investimentos, inclusive em maquinário coreano.

"A Laura Asley nos pede uma linha classe A", conta a executiva que levou dois anos para fechar a parceria.

"É uma oportunidade para entrarmos no mercado de luxo e crescer 30% nessas coleções, além dos 30% que já temos crescido anualmente nas nossa linhas", diz Ramalho.
Justiça concede liminar para parcelamento do Simples 
Uma empresa de São Caetano do Sul (SP) conseguiu uma liminar da Justiça Federal de São Paulo para parcelar débitos do Simples Nacional em 60 meses sem ser excluída do sistema.

A Receita Federal não permite o parcelamento de dívidas para as empresas optantes pelo Simples, com base na lei complementar, que institui o Simples Nacional, na lei 11.941, de 2009, que regulamenta os parcelamentos, e de uma portaria conjunta, firmada em 2009, entre o órgão e a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional.

"Só podemos agir de acordo com a lei e ela proíbe parcelamento. O Simples é um conjunto de tributos [municipal, estadual e federal] e não podemos conceder benefícios sem discutir com todas as esferas", diz Marcelo Lins, coordenador de arrecadação e cobrança da Receita.

No entanto, "é um posicionamento arbitrário. Empresas de maior porte, com melhores condições financeiras, podem parcelar", diz Thiago Figueiredo, advogado da Realiza Assessoria Empresarial, responsável pela ação.

A liminar pode ser derrubada. A decisão abre precedente para que outras sejam tomadas no mesmo sentido.
Mais movimento...A Portonave, terminal portuário de Navegantes (SC), controlada pela Triunfo Participações, registrou crescimento de 60,5% no volume movimentado de TEUs (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés) de janeiro a julho deste ano na comparação com o mesmo período de 2009, atingindo 322.535 TEUs. O aumento se deve a melhorias operacionais do terminal.
...nos portosCom esse aumento, o terminal alcançou a marca recorde de movimentação de 1 milhão de contêineres, em menos de três anos de operação. A expectativa da companhia agora é chegar a 600 mil TEUs até o final deste ano, o que irá representar aumento de 45% em relação à movimentação de 2009.
CorridaA quantidade de taxistas credenciados pela Redecard para aceitarem cartões cresceu 56,7% no segundo trimestre deste ano na comparação com o mesmo período do ano passado. O volume financeiro transacionado via cartões por esses profissionais aumentou 30,4%.
Trabalhador no Capital
O BNDES apresentou na Abimaq (da indústria de máquinas) o programa Procap BK, voltado ao setor de bens de capital, componentes e autopeças. O programa permite a participação de trabalhadores no capital de empresas de sociedade anônima ou limitada. Haverá dotação orçamentária de R$ 500 milhões para financiamentos contratados até o fim de 2012. O preço das ações será fixado com base no valor patrimonial da companhia.
Turismo Emergente
A China, que organizou os Jogos Olímpicos de 2008, e a Índia, que irá sediar os Jogos da Commonwealth de 2010, são os principais mercados emergentes do setor de hotelaria, na frente do Brasil, de acordo com levantamento realizado pela Deloitte.

No Brasil, a indústria de turismo espera aquecimento com a Copa do Mundo de 2014 e com os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos em 2016.

Os projetos devem incentivar o investimento em novos hotéis. Segundo a Deloitte, 226 hotéis já estão sendo construídos.

Os Brics (Brasil, Rússia, Índia e China) foram responsáveis por mais de 60% do crescimento da demanda do setor de hotelaria e de turismo nos países emergentes, segundo a consultoria.
Casas Bahia Inaugura Central
As Casas Bahia inaugura hoje a nova central de relacionamento com clientes, a CB Contact Center.

A nova instalação recebeu investimentos de R$ 7 milhões e irá disponibilizar atendimento personalizado aos consumidores, como informações sobre produtos e serviços, suporte nas ações de recuperação de crédito, SAC e loja virtual.

O novo prédio, instalado ao lado da sede da empresa, em São Caetano do Sul (SP), poderá abrigar até 3.000 colaboradores e possui mais de mil posições de atendimento.

Essa é a segunda unidade da CB Contact Center. A primeira, instalada no Bom Retiro, em São Paulo, conta hoje com 2.700 funcionários.
Na pautaO tema educação e inovação estará na pauta da reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República, na quinta-feira. Na reunião, estará presente o novo membro, o sócio-presidente da PricewaterhouseCoopers, Fernando Alves.
Início de carreiraA abertura de processos para seleção de trainees se acelerou nos últimos meses. A Across, consultoria de desenvolvimento organizacional, gerenciou neste ano 237 vagas, com aumento de 75% sobre 2009.
PrimaveraA Biofert investe no setor de jardinagem no varejo e lança geladeira para conservação de flores de corte. O equipamento pode conservar por até quatro vezes mais que o normal. Os supermercados enfrentam problema de perda de flores, devido à má conservação, segundo Erlana Castro, sócia da Biofert.