terça-feira, abril 06, 2010

FLÁVIA OLIVEIRA - NEGÓCIOS e Cia

Unindo forças
O GLOBO - 06/04/10
 
A Agenda Legislativa 2010, que a CNI lança hoje, vai incluir o pré-sal. Em nota técnica assinada também pelo IBP, a entidade critica dois pontos do marco regulatório que tramita no Congresso: a imposição da Petrobras como operadora única; e o papel da Petro-Sal nos comitês operacionais dos consórcios

Sem monopólio CNI e IBP acham que o privilégio à estatal viola a garantia constitucional de livre associação. “E limita a competitividade e a inovação tecnológica”, diz Jorge Camargo, do IBP. Já a PetroSal teria poder excessivo no projeto de lei. As decisões dos consórcios, dizem as entidades, devem sair do consenso dos participantes

Açaí Dunga vai estrelar a campanha do Guaraná Antarctica Açaí, que chega ao varejo este mês. A AmBev quer ligar o produto à energia do técnico da seleção brasileira e à Copa do Mundo

Jundiaí 
A Multiplan destinará R$ 5 milhões ao lançamento do JundaíShopping, investimento de R$ 240 milhões. A inauguração será em 2012. A campanha é da Eugênio.

Botecos 
“Quincas Berro D’Água”, o filme, fará dos botequins de Rio e São Paulo canais de propaganda. A ação de lançamento terá 15 mil bolachas de chope.

Atalho
O juiz da 7ª Vara Empresarial do Rio mandou Etna e Tok&Stok mudarem a sinalização de suas lojas, para que os clientes cheguem à saída sem passar por todas as seções. Cezar Augusto Rodrigues Costa concedeu tutela antecipada à Comissão de Defesa do Consumidor da Alerj. A deputada Cidinha Campos, presidente da Comissão, alegou que o tour forçado induz às compras.

Gato por lebre 
A Royal Holiday Brasil Negócios Turísticos terá de indenizar associados de seu clube de férias. Eles pagavam mensalidades, acreditando ter as viagens cobertas. Na hora “H”, descobriam despesas adicionais. A Royal é acusada ainda de reter 35% do valor pago, como multa, de quem pedia rescisão. A decisão é da 5ª Câmara Cível do TJ-Rio.

Cabe recurso.

Recorde O desemprego na cidade do Rio bateu recorde (de baixa) em fevereiro. A taxa de 4,8% foi a menor da série histórica do IBGE, informa Felipe Goes, secretário municipal de Desenvolvimento. No Grande Rio, o índice foi de 5,6%; na média nacional, 7,4%.

De trem
O Grupo Libra apresenta hoje, na Intermodal, seu novo serviço de ligação do Porto Seco de Campinas ao Porto de Santos, por trem. A parceria com MRS e Cargill, promete reduzir em até 20% o custo logístico. O Libra quer tornar diária a frequência de viagens, hoje semanal.

Reciclagem que rende

Beiram R$ 2,5 bilhões por ano os ganhos econômicos, ambientais e climáticos do Brasil com a reciclagem de aço, alumínio, celulose, plástico e vidro. A estimativa foi feita pelo Ipea, a pedido do então ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc. O levantamento será base de uma proposta de pagamento de serviços ambientais urbanos, que a pasta levará ao presidente Lula, conta Minc, agora deputado estadual fluminense: “O estudo do Ipea prova que a reciclagem traz ganhos para a sociedade, assim como o plantio de árvores e a preservação de florestas”. Só a reciclagem do plástico pode reduzir em dois terços o custo original de produção do insumo: de R$ 1.790 para R$ 626 por tonelada (veja o quadro). O estudo do Ipea também estima os benefícios da redução do consumo de energia e de emissão de gases do efeito estufa. Em cada tonelada de alumínio, a liberação de CO2 cai de 5,1 para 0,02 toneladas; no aço, de 1,46 para 0,02.

Fascínio

A GRENDHA, marca da Grendene, apresenta nova coleção da linha Fascínio, que leva a assinatura da modelo e apresentadora Anna Hickmann.

Inspirada na Rússia, terá quatro modelos produzidos em plástico e couro sintético. A campanha publicitária traz fotos da top feitas pelo craque Bob Wolfenson. As peças, desenvolvidas pela agência Escala, começam a circular em mídia nacional partir do dia 15.

Joias do Rio

As joias fluminenses terão mais destaque na Rio+Design 2010, em Milão, a partir desta quinta. A estimativa é ampliar em 20% o volume de negócios, na comparação com a edição 2009, diz Dulce Ângela Procópio, subsecretária fluminense de Comércio e Serviços.

O total de peças em exposição subiu para dez, contra seis no ano passado. A mostra terá itens dos já celebrados Antonio Bernardo, estrela da última mostra, e H.Stern, com apanhado da coleção Oscar Niemeyer. Haverá também obras outros designers cariocas, como Marzio Fiorini, criador de bijuterias em borracha. “O setor joalheiro do Rio já cresceu 10% neste início de ano. Isso mostra recuperação do impacto sofrido em 2009, por conta da crise, que afetou duramente o comércio de artigos de luxo”, conta Dulce. Em dezembro de 2008, o governo do estado aprovou a redução do ICMS para o setor joalheiro.

“Essa iniciativa já ajudou a aumentar em 12% a formalização nesse segmento no varejo”, destaca a subsecretária. A mostra, que vai até dia 13, tem logomarca e peças publicitárias criadas pela Crama.

Corrida eleitoral na ‘web’

A Imagem Corporativa monitorou a presença dos candidatos à Presidência em blogs e redes sociais no 1otrimestre.

O levantamento, que será realizado até as eleições, quer analisar a visibilidade na rede e o resultado nas urnas. “Vamos comparar números da web com pesquisas de intenção de votos”, diz a coordenadora Fernanda Vicentini. José Serra, pré-candidato do PSDB, foi o mais citado de janeiro a março.

Foi alvo de 27.034 comentários.

Em seguida, está Dilma Rousseff (PT), com 22.134. Marina Silva (PV) teve 12.793 menções e Ciro Gomes (PSB), 8.358. A agência aponta o uso do Twitter por Serra desde 2009 como fator de influência positiva.

Com 180 mil seguidores, o exgovernador de São Paulo faz em média cinco postagens diárias.

Apesar do crescimento (veja o gráfico), Dilma não tem canal oficial com internautas.

O quadro pode mudar com o lançamento oficial das candidaturas.

Ontem o site Congresso em Foco noticiou a contratação da Blue State pela candidatura governista. A empresa conduziu a vitoriosa campanha de Barack Obama.

LIVRE MERCADO

O HOSPITAL Israelita Albert Sabin, na Tijuca, investiu R$ 4 milhões em obras e na compra de novos equipamentos.

• COMEÇA HOJE a I Exposição da Indústria Naval e Offshore, organizada pela prefeitura de Niterói e pelo Sinaval. Os estaleiros Mauá, MacLaren e Atlântico Sul participam.

• NASAJON E Premium Flex Papéis, do Rio, estão na Autocom 2010. É o maior evento da América Latina em automação comercial.

• FERNANDO PINHO, presidente da TAM Aviação Executiva, apresenta hoje, em SP, o helicóptero Bell 429.

• A REDE Hortifruti vai distribuir 16 mil brindes em promoção inspirada na Copa do Mundo.

• A APPLEBEE’S lança hoje um hambúrguer feito na hora. E prevê alta de 20% nas vendas

COM GLAUCE CAVALCANTI E MARIANA DURÃO 

'Contenha seu entusiasmo pelo Brasil'

'Contenha seu entusiasmo pelo Brasil'
O Globo - 06/04/2010
Colunista do 'Wall Street Journal' diz que país parece ter abandonado reformas
NOVA YORK
Desde que o Brasil descobriu novas e promissoras reservas de petróleo na sua costa em 2007, o país parece ter abandonado várias reformas que deveriam deixá-lo em sintonia com sua ambição de conquistar um lugar entre as nações mais industrializadas do mundo.

É o que diz um artigo publicado ontem no “Wall Street Journal” e assinado por Mary Anastasia O’Grady, editora e colunista do jornal americano de finanças.

O texto, intitulado “Contenha seu entusiasmo pelo Brasil”, questiona o otimismo manifestado no país sobre o sucesso das parcerias público-privadas na reinvenção “de um Brasil com sua nova riqueza”. Mary Anastasia se refere em particular ao entusiasmo do empresário Eike Batista, dono do grupo EBX, em recente passagem por Nova York.

Ela conta que Eike — o homem mais rico do Brasil e o oitavo do mundo pela revista “Forbes” — “encantou a plateia com seu entusiasmo, não apenas por seus próprios projetos no desenvolvimento da exploração de petróleo, de portos e de estaleiros, como também pelo seu país”.

“Apesar dos muitos erros do passado, ele (Eike) disse que o Brasil mudou e está pronto para reclamar seu lugar de direito entre as nações industrializadas”, escreve.

Mas a autora do artigo se diz “cética” quanto ao otimismo de Eike, e se pergunta se o resto do país também vai se beneficiar das oportunidades que se abriram para o empresário no setor de gás e petróleo.

“Quanto mais a elite do país fala sobre sua parceria público-privada para reinventar o Brasil com sua recém-descoberta riqueza, mais soa como o mesmo velho corporativismo latino”, diz ela. Mary Anastasia admite que o Brasil melhorou “em relação ao que era em meados da década de 90, quando a hiperinflação alimentou caos nacional”, e disse que “o crédito por controlar os preços vai para o ex-presidente de dois mandatos (Fernando) Henrique Cardoso, cujo governo implementou o Plano Real”.

A autora minimiza o papel do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no comando do país, dizendo que “uma revisão de sua gestão revela que a melhor coisa que ele fez como chefeexecutivo do país foi nada”. “Além da reforma da lei de falências e a melhoria da legislação relativa a seguros, ele (Lula) fez muito pouco.” A jornalista considera positivo que mudanças sejam gradativas, mas diz que “o problema é que desde que o Brasil descobriu petróleo abundante na costa em 2007, parece ter abandonado até as reformas modestas”. No artigo, ela sugere que faltam reformas que facilitem a operação de muitas empresas de pequeno e médio porte. Citando relatório do Banco Mundial de 2010, a jornalista diz que o Brasil não tem bom histórico em relação à abertura de empresa, pagamento de impostos, contratação de funcionários e obtenção de alvará de construção

BENJAMIN STEINBRUCH

Desoneração fiscal 

FOLHA DE SÃO PAULO -  06/04/2010


Os candidatos a presidente e a governador precisam ser claros sobre as posições em relação à desoneração fiscal


NA SEMANA passada, o "Jornal da Globo" fez uma reportagem simples, mas interessante. Escolheu três tipos de carros fabricados no Brasil e exportados para conferir quanto custam na Argentina e no México.
Descobriu que os preços nesses dois países da América Latina são de 18% a 42% mais baixos do que no Brasil. Um modelo popular, por exemplo, que custa R$ 29,5 mil no Brasil, sai por R$ 24 mil na Argentina e por R$ 17 mil no México.
Uma parte dessa diferença se deve, evidentemente, à defasagem cambial brasileira, ou seja, ao fato de o real estar excessivamente valorizado em relação ao dólar e às demais moedas estrangeiras. Outra parte, porém, decorre da elevada carga tributária brasileira.
Na Argentina, os impostos incidentes sobre o automóvel variam de 15% a 20%. No México são de 20%. E no Brasil, de 27% a 40%. É adequado lembrar ao cidadão brasileiro, principalmente no momento em que vai começar a campanha eleitoral, que já passou a hora de os governantes tomarem medidas corajosas em matéria de redução de impostos no país.
Aliás, nem é necessário ter tanta coragem para cortar impostos depois do sucesso da experiência anticíclica de 16 meses feita com a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) dos automóveis, que terminou na semana passada.
No início de 2009, dada a gravidade da crise global, a indústria automobilística brasileira projetava vender no ano apenas 2,7 milhões de veículos no país. O incentivo do IPI, ajudado naturalmente pela oferta mais generosa de crédito, turbinou o mercado e fez com que o resultado final do ano atingisse 3,14 milhões de unidades vendidas, 16% acima da expectativa.
Com a desoneração, a arrecadação do IPI dos automóveis caiu R$ 4,32 bilhões no ano. Ainda não foi feito um estudo completo sobre o impacto positivo indireto da venda recorde de veículos em 2009.
Tudo indica, porém, que ela proporcionou receita extra de vários impostos e taxas (ICMS, IPVA, contribuição à Previdência Social e outros) que praticamente compensou a perda verificada no IPI.
O que se viu em março, último mês do incentivo fiscal para a compra de veículos, foi outra prova da eficiência da desoneração tributária. As vendas no mês atingiram o recorde de 354 mil unidades licenciadas, a maior parte delas com financiamento. Estimativas do jornal "Valor" indicam que só em março os créditos liberados para a compra de veículos somaram R$ 50 bilhões.
Não há dúvida, portanto, de que a desoneração foi um potente motor do setor automotivo, com reflexos por toda a economia. A experiência deveria incentivar a autoridade pública a ousar mais nessa matéria.
Há anos, por exemplo, foi abandonada a ideia de reduzir os encargos sociais e tributários que pesam sobre a folha de pagamento de empresas exportadoras, para que tenham mais condições de competir com outros fornecedores globais, principalmente os chineses. Com a defasagem cambial que continua a encarecer o produto brasileiro e a impor perdas aos exportadores, seria uma medida compensatória para estimular as vendas externas no momento da retomada do mercado internacional.
Como vai começar a campanha eleitoral, é hora de pedir aos candidatos, tanto a presidente como a governador, que sejam claros em seus programas sobre as posições que pretendem tomar em relação a alguns temas importantes para o país.
A desoneração fiscal é um deles.


BENJAMIN STEINBRUCH, 56, empresário, é diretor-presidente da Companhia Siderúrgica Nacional, presidente do conselho de administração da empresa e primeiro vice-presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).

NELSON DE SÁ - TODA MÍDIA

Maior nível, mas caindo? 
FOLHA DE SÃO PAULO - 06/04/2010


Do UOL no meio do dia à Folha Online no início da noite, "Bovespa tem maior nível em 22 meses" foi a manchete geral. No Valor Online, "maior nível desde 2 de junho de 2008". No Brasil Econômico, "sobe por alta em Wall Street e Petrobras".
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Mas o "Wall Street Journal" postou a reportagem "Alguns veem ganhos nos emergentes se esvaindo". Os "queridinhos de 2009", citando China e Brasil, "devem perder o lugar para o mercado acionário dos EUA". Ouve o Itaú Private Bank International, "mais interessado" nas ações americanas.
Já o "Financial Times" publicou a reportagem "BlackRock amontoa no crescimento do Brasil", com aplicações em Petrobras, Vale e no Itaú.

CHINA, DOS EUA AOS BRICS
No primeiro editorial do estatal "China Daily", ontem, "Grandes esperanças para cúpulas". O presidente chinês, Hu Jintao, vai semana que vem à reunião sobre segurança nuclear nos EUA, assim como Lula, e em seguida vem ao Brasil para o encontro dos Brics.
A decisão de participar de ambos "mostra que a China está pensando mais globalmente". Mas promete, "como maior país em desenvolvimento do mundo, continuar a lutar pela influência dos emergentes".

FOGUETE PRÓPRIO
Deu no portal G1, com a foto ao lado, "Brasil terá seu próprio foguete espacial em 2014, informa governo". Segundo a Agência Espacial Brasileira, em quatro anos "vamos poder colocar um satélite em órbita". Ecoou, entre outras, na agência russa RIA Novosti

OBAMA E OS LOBBIES
No primeiro editorial de ontem, "Não é sério sobre o Irã", o "WSJ" questiona que "Barack Obama age como se acreditasse que Teerã nuclear é algo inevitável". Cobra que Washington adote sanções sem esperar chineses e russos e lamenta como os "EUA se acham implorando por votos até de membros não permanentes do Conselho de Segurança, como Brasil e Turquia".
O "FT" destacou a "derrota de Obama" no Conselho, que não incluiu ontem o programa nuclear do Irã na agenda de abril. Ele agora "está sob pressão para adotar sanções unilaterais", de "lobbies influentes".

EM NEGOCIAÇÃO
O "Valor" de papel deu que "EUA pedem ao Brasil para adiar até junho as medidas de retaliação". Sua comissão, com a vice representante comercial e o subsecretário de Agricultura, "prometeu entregar propostas concretas de negociação" até ontem. E ontem no meio da tarde o Valor Online adiantou a suspensão das medidas. A proposta americana foi entregue e considerada, pelos negociadores brasileiros, "bastante concreta".

CONTRA
Poucas horas antes de o Brasil adiar a retaliação, o G1, da Globo, postou que "EUA ameaçam Brasil com "contra- retaliação'". Depois mudou para "contra-medidas", ao ser avisado pela embaixada dos EUA do "erro de tradução". Na escalada de manchetes do "JN", "Adiadas as retaliações brasileiras aos produtos americanos". De cinema e TV, inclusive.

CONTENHA-SE
A colunista conservadora Mary Anastasia O'Grady deu no "WSJ" o texto "Contenha seu entusiasmo pelo Brasil", criticando o "entusiasmo" do empresário Eike Batista, dias antes em vídeo no próprio "WSJ", parte de um especial sobre o Brasil. Ela atacou Lula e elogiou FHC e Arminio Fraga. O texto ecoou na BBC Brasil e daí amplamente por UOL, Terra etc.

DA NBC PARA A GLOBO
A avó de Sean Goldman deu uma entrevista ao "Fantástico" dizendo não conseguir mais ver o neto. A notícia ecoou ontem, via Associated Press, pelo site da rede NBC, que concentrou a campanha do pai americano pelo retorno do menino aos EUA. No fim do dia, a advogada de David Goldman falou que o pai "quer permitir" o encontro da avó com Sean.
Na cobertura, foto da AP mostra pai e filho num jogo do NY Knicks, no Madison Square Garden.

LEI & ORDEM
A série "Law & Order", da NBC, transmitiu na semana passada um episódio inédito, com o título "Brazil", que se inspirou na disputa de guarda do caso Sean

NAS ENTRELINHAS

Uma herança bem complicada

 Alon Feuerwerker
Correio Braziliense - 06/04/2010
 
Quando Lula pousar na História, ela registrará a maior oportunidade que um presidente brasileiro teve, em muito tempo, de ceifar os juros a um nível civilizado. E como deixou-a passar


 
 

Preparemo-nos, que a conta vem aí. Com os indicadores registrando pressões inflacionárias, a tendência do Banco Central é subir a taxa básica de juros. Rotineiro, menos por um detalhe: ela vai elevar-se a partir de um nível já alto, um patamar que nos mantém na pole position mundial do juro básico real.

O governo, naturalmente, preferirá dizer que “no tempo de FHC era pior”. Ou então mudar de assunto e tratar do crescimento. Ainda que, na média de 2009 e 2010, a evolução do PIB vá ser medíocre. O que pode ser lido como redundância, mas reflete bem a realidade.

Taxa de juros não costuma dar nem tirar voto, então o governo parece não estar nem aí para um fato: o aperto monetário vindouro vai coroar talvez um dos maiores fracassos da Era Lula. Pois ela terminará do jeito que começou, refém da “pátria financeira”, na expressão criada pelos argentinos.

Mas se lá atrás era uma contingência da vida, com o tempo, passou a ser produto de escolhas políticas.

Vamos recapitular. Quando a crise mundial estourou, em setembro de 2008, todos os bancos centrais derrubaram imediatamente as taxas e cuidaram de prover a liquidez necessária para evitar um colapso nos moldes da crise de 1929. E quem tinha suficiente gordura fiscal para queimar, como por exemplo a China, tratou de garantir a tal demanda agregada.

O que fizemos nós? Na parte fiscal, demos folegozinhos localizados a setores industriais mais influentes, de canais mais azeitados na Esplanada, com a explicação de que a medida teria efeito geral, devido à propagação da atividade. Simplesmente não aconteceu, e a indústria fechou 2009 com a língua de fora.

Claro que 2010 está sendo bom, especialmente na comparação com o péssimo 2009, o que não absolve os doutores. Se o paciente consegue recuperar-se, isso não anistia o médico que errou no tratamento. Ainda que ele apareça, sorridente, ao lado do sortudo agora liberado da UTI.

O que fez o BC no final de 2008 e início de 2009? Esperou meses antes de começar a baixar — e devagar — a taxa de juros. Qual era o pretexto? As ameaçadoras pressões inflacionárias decorrentes da desvalorização cambial que viria por causa do menor retorno proporcionado pelos títulos do Tesouro.

Bem, mesmo com o BC de freio de mão puxado, o real desvalorizou-se, sem qualquer efeito na inflação. Simplesmente porque não havia demanda. Mas você vê alguém cobrando o BC pela barbeiragem? Ninguém.

O PT não cobra porque foi neutralizado por Luiz Inácio Lula da Silva. E a oposição não cobra porque, no fundo no fundo, trata a turma do BC como se fosse da cota dela. E talvez seja mesmo.

Quem arca com a conta da bonita amizade entre este governo e os bancos, caro leitor? Quem vive de trabalhar, e não de especular. Os que pagam tarifas bancárias escorchantes. Quem paga 10% ao mês no cheque especial quando a inflação está em 5% ao ano — e quando o banco remunera o poupador a 1% ao mês.

Este governo do PT começou e vai terminar com o Brasil no alto do pódio do spread bancário.

Um dia, quando Lula deixar de frequentar diariamente o notíciário com discursos, quando tiver pousado na História, ela registrará a maior oportunidade que um presidente brasileiro teve, em muito tempo, de ceifar os juros a um nível civilizado. De inverter a lógica-mãe do capitalismo brasileiro, da especulação para a produção. De garantir um câmbio suficiente para a competitividade da nossa indústria e a defesa dos nossos empregos, de impor uma regulação bancária centrada na razoabilidade das margens e na necesssidade de popularizar o crédito.

E vai registrar como Lula, com 80% de apoio popular, com os adversários grogues, e em meio a discursos sobre “a imperiosa necessidade de evitar a volta do neoliberalismo”, deixou passar o cavalo arriado. Deixando também, quem diria?, uma herança bem complicada para a sucessora, ou sucessor.
Pesquisas birutas
Quando pesquisas eleitorais sucessivas se contradizem, parecendo aquelas birutas de aeródromo chinfrim, só resta uma saída: esperar pelas seguintes, as que ainda não foram feitas.

Porque, como vocês estão cansados de saber, eu acredito em todas as pesquisas.

Parece-lhe confortável? Talvez seja. O que não dá é o analista entrar neste samba do afrodescendente doido, na adaptação politicamente correta do termo.

Querem bater boca sobre pesquisas? Sintam-se à vontade. A casa é de vocês.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

Mercado de cartão se prepara para abertura 
Folha de S.Paulo - 06/04/2010

Após a completa liberação da exclusividade de bandeiras de cartões, que acontecerá a partir do dia 1º de julho, quando as máquinas de recebimento estarão habilitadas para todas as marcas, a concorrência vai se acirrar.
A Redecard prepara serviços diferenciados como cartão para pagar delivery e programas de fidelidade com lojistas.
A concorrente Cielo informa que passará a operar todas as bandeiras a partir de julho.
No mercado de cartões, o cliente -no caso, o estabelecimento comercial- poderá escolher com qual empresa quer trabalhar. Hoje, tem de alugar uma maquininha de cada uma das bandeiras (Visa, Mastercard e Amex). Com a mudança, os lojistas poderão compartilhar os terminais que hoje são alugados e ainda terão poder de barganha com as redes de cartões.
"Não vou achar que vamos ficar com 100% dos clientes, porque isso não existe mesmo. Mas acho que vamos ficar com muitos deles", diz Roberto Medeiros, presidente da Redecard.
Uma das novidades da empresa é que até a prestação da casa própria poderá ser paga com o cartão de crédito. A primeira parceira será a construtora Gafisa. A vantagem é que reduz o risco de inadimplência para a construtora. Já o cliente consegue colocar um valor alto no cartão, elevando pontos nos programas de fidelidade.
A Redecard quer trazer para sua rede médicos, escolas e hospitais. A credenciadora introduziu um software nos celulares para permitir que o entregador de pizza aceite cartão.
"Cada vez mais a gente vai ver o cliente escolher o seu provedor de serviço. Essa é a mudança", diz Medeiros.
A Cielo investiu no lançamento de campanha publicitária com o nadador Cesar Cielo e aposta em produtos para o varejo, como o correspondente bancário, o Agrocard e outros.
Fusões e aquisições movimentam US$ 23,39 bi

O banco BTG Pactual ficou em primeiro lugar no ranking de fusões e aquisições da Thomson Reuters no primeiro trimestre deste ano.
O resultado é atribuído ao fato de o banco ter atuado em três das cinco maiores transações em volume financeiro no período: Cosan e Shell; Petrobras/Braskem e Quattor; Camargo Corrêa e Cimpor.
As operações lideradas pelo BTG Pactual movimentaram US$ 10,8 bilhões no período, atingindo 46,2% de participação no segmento. Em segundo ficou o JPMorgan, com US$ 8,03 bilhões.
O levantamento da Thomson Reuters também mostra aumento de 75% no volume financeiro de fusões e aquisições envolvendo empresas brasileiras no primeiro trimestre, ante o mesmo período do ano passado.
Os 145 anúncios de fusões e aquisições feitos no Brasil, de janeiro a março, com e sem assessoria de bancos de investimento, movimentaram US$ 23,39 bilhões.
Os destaques foram os setores de energia (43%), matérias-primas (29%) e consumo, que representou 19% dos negócios fechados. "E esses setores ainda não se esgotaram", afirma Guilherme Paes, diretor de investment bank do BTG Pactual.
NO CHUVEIRO

A Lorenzetti, de chuveiros e metais sanitários, vai lançar hoje uma marca voltada para a baixa renda, a Fortti, de plásticos sanitários, como torneiras, válvulas de descarga e acessórios. "Somos conhecidos por oferecer chuveiros e metais sanitários para as classes A e B. Com a nova marca, queremos atuar nas classes C, D e E, para aproveitar o potencial desses consumidores", diz o vice-presidente-executivo da Lorenzetti, Eduardo José Coli. Os investimentos para o lançamento da Fortti, em máquinas e infraestrutura, foram de R$ 38 milhões.
CARTEIRA ASSINADA
O emprego na construção civil brasileira em fevereiro subiu 1,55% ante janeiro, o que equivale à contratação de mais 39.058 trabalhadores com carteira assinada. O setor alcançou novo recorde, de 2,558 milhões de trabalhadores, segundo o SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de SP) e FGV.
CONFIANÇA
Correios, igrejas, cartórios e imprensa são as instituições com maior confiabilidade para a população brasileira, segundo pesquisa feita em dezembro pelo Datafolha para a Anoreg Brasil, que representa os notários e registradores. Os últimos colocados são Câmara dos Deputados e Senado. Foram feitas 11.258 entrevistas.
TEMPORÁRIO

A indústria de chocolate e o comércio contrataram no país neste ano 63,3 mil trabalhadores temporários no período que antecede a Páscoa, segundo a Asserttem (Associação Brasileira das Empresas de Serviços Terceirizáveis e de Trabalho Temporário). Trata-se de aumento de 5,5% ante o registrado em 2009. Cerca de 15% desses contratos temporários têm chance de efetivação, o que equivale a quase 9.500 trabalhadores, quase o dobro do registrado no mesmo período de 2009. A Páscoa foi uma oportunidade de primeiro emprego para 25% dos trabalhadores. A indústria foi responsável por 60% das vagas.
NOVA DIREÇÃO
O nome do novo diretor regional do World Economic Forum da América Latina será anunciado na sexta. Marisol Agueta de Barrilas, ex-ministra das relações exteriores de El Salvador, é quem deve assumir no lugar de Emílio Lozoya Austin.
TECNOLÓGICO
A integradora de tecnologias Decatron anuncia Carlos Rust como seu novo sócio-diretor. Rust é ex-sócio da Accenture e já atuou em serviços e telecomunicações.
EMPREENDEDOR
Ernst & Young e Endeavor realizam na próxima quinta-feira, dia 8 deste mês, a 12ª edição brasileira do prêmio Empreendedor do Ano. Entre os finalistas da categoria Master estão Magazine Luiza, Porto Seguro e Traffic.

CELSO MING

Bandeira do atraso

O Estado de S. Paulo - 06/04/2010
 

O Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) promete mais um abril vermelho, com um festival de invasões, ocupações, derrubadas de cerca e destruição de plantações.

Na edição do caderno Aliás, no Estadão desse domingo, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso denunciou o apego aos valores do atraso pelo MST. O sociólogo José de Souza Martins, que há décadas estuda os movimentos sociais no Brasil, observa que, longe de ser uma vanguarda dos novos tempos, o MST é um núcleo aferrado a valores do conservadorismo. É o exemplo do que os cientistas políticos e também Fernando Henrique chamam de movimentos das utopias regressivas.
Houve um tempo em que o MST sabia o que perseguia. Queria a reforma agrária com a mesma radicalidade com que o viajante francês August Saint Hilaire viu esta terra em 1822: "Ou o Brasil acaba com a saúva ou a saúva acaba com o Brasil." De lá para cá não aconteceu nem uma coisa nem outra. Também a reforma agrária vai perdendo o sentido depois que surgiram por aqui o agronegócio e o Bolsa Família. Quase não há mais latifúndio improdutivo e, onde ele ainda existe, os líderes do MST não se interessam por assentamentos, porque fica longe de tudo.
O MST está sem foco. Partiu para depredações do que chama de monoculturas. Ataca laranjais, plantações de eucalipto e até os seculares canaviais, a cultura trazida nas caravelas de Martim Afonso de Souza em 1530, como se fossem nocivos e como se houvesse outro jeito de produzir suco de laranja, celulose, açúcar e álcool.
O MST valoriza a cultura de subsistência como ideal de vida moderna. Em princípio, é hostil a novas tecnologias e aferra-se a uma agricultura familiar jecatatuísta, como se os verdadeiros valores da humanidade só se desenvolvessem em condições de atraso.
Quer parecer independente do governo Lula, a ponto de desprezar os interesses eleitorais do PT, mas depende dele para tudo, para distribuição de terras, para obtenção de sementes, para escoamento da produção e, até mesmo, para sobrevivência do assentamento. Relaciona-se com a autoridade como se fosse a única supridora dos excluídos, a força que faz chover e nascer o sol e que tem de lhe fazer a vontade aqui e agora.
Para as lideranças do MST não há nunca o que negociar. Tudo tem de ser como está na cabeça deles, inclusive a imposição do regime socialista no Brasil, seja lá o que isso signifique. "Não existe para o MST a ideia de passar pelos canais institucionalizados, partidos, etc.; existe é pressão", aponta Fernando Henrique.
Apesar de tudo o que apronta, o MST vem sendo tolerado. E uma das razões pelas quais isso acontece parece ter a ver com a percepção de que cumpre a função de dar alguma organização ao lúmpen que se formou nas periferias das grandes cidades interioranas. Entrega-lhe uma bandeira e ensina-lhe alguns hinos, preserva-o da delinquência pura e simples e aponta-lhe um futuro cujo símbolo é o pedaço de chão que um dia vai receber.
As lideranças do MST ainda não perceberam que o assentado não quer terra; quer emprego. A maioria dos que compõem os acampamentos não sabe o que fazer com a terra que recebe. E os que sabem logo se dão conta de que, mesmo com a ajuda oficial, a terra não lhes oferece futuro se não estiver inserida no sistema global de produção, distribuição e consumo. Mas essas são imposições do capital internacional e do neoliberalismo...
Confira
Para o alto
Os preços do barril de petróleo (159 litros) saltaram ontem em Nova York para US$ 86,62, o mais alto desde outubro de 2008, às vésperas do estouro do Lehman Brothers, que injetou pânico nos mercados, bloqueou o crédito e derrubou os bancos.
É mais um indício de que aumenta a confiança na recuperação dos Estados Unidos. Mas esse não é o único recado. Alta do petróleo significa aumento dos custos da energia, significa inflação e inflação aciona os grandes bancos centrais, especialmente o Fed (o banco central americano), para puxar pelos juros.

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE

Atalho na cultura 

O Estado de S.Paulo - 06/04/2010

Juca Ferreira vai simplificar a vida de quem busca recursos via Lei Rouanet. Divulga, até o fim do mês, instrução normativa para reduzir bastante a papelada exigida. A ideia é pedir mais dados só de proposta aceitas.

Outra mudança, sendo avaliada, é que apenas sejam levados à Comissão Nacional de Incentivo à Cultura projetos acima de R$ 200 mil. Os demais, o próprio ministério decidiria.
Atalho 2
Com essa desburocratização, podem-se evitar coisas do além. Exemplo: há dois anos, Zé Henrique recebeu chocante justificativa para a não inclusão, na Lei Rouanet, da sua peça O Processo. É que estava faltando a assinatura do autor, um tal de Franz.

O diretor teve que levar à Funarte declaração de que Franz Kafka já havia morrido.
Eu e eu
No seu caminho para o parque, domingo, Dilma estreou como cidadã comum.

Dirigindo um Tipo 95, Prata, acompanhada apenas de Nego, o seu Labrador.
Sem-agenda?
Aécio, em um dos seus últimos atos no governo, condecorou Rodrigo Maia como Cidadão Honorário de Minas.

Continua na gaveta idêntica homenagem a Serra, aprovada pela Assembleia mineira no fim de 2008.
Embaixadinha
Como faz seu chefe, Celso Amorim recorreu ao futebol, ontem, quando lhe perguntaram, ao final de palestra no Rio, "para onde vai a política externa" no pós-Lula.

"Pelé, o Brasil só teve um. Nem por isso deixou de ser campeão mais duas vezes, sem ele na seleção."
Mês das Copas
O Museu do Futebol já começa a se concentrar.

Prepara para maio exposição de 26 ambientes, em homenagem às 17 Copas do Mundo.
Fashion hits
Carlos Jereissati conquistou reforço de peso para atrair marcas estrangeiras para o Iguatemi. A internacional Georgina Brandolini, brasileira radicada em Roma e ex-colaboradora de Valentino.

Jereissati, aliás, recebe amanhã para jantar em torno de Diane von Furstenberg.
Gota d"água
Decidido a sair do BC, quando foi que Henrique Meirelles deu meia volta? Pelo que se apurou, foi durante jantar com o PMBD na terça passada, em Brasília. Ali, jogou a toalha.
Procurando tu
Empresas brasileiras que sonham com gordos contratos no Iraque procuram, a peso de ouro, profissionais que lá atuaram nos tempos de Saddam Hussein.

Conhecem o modus operandi dos burocratas em Bagdá.
Andando
João Sayad determinou que se mantivesse um escritório em São Luiz do Paraitinga, orientando donos de imóveis tombados atingidos pelas chuvas. Até agora, a secretaria atendeu a 47 pedidos de restauração.
Brasil is the guy
Letícia Birkheuer é capa da próxima Conte Nast Traveller. Com 20 páginas sobre o Brasil.
Sem economias
José Mariani começa a gravar o longa A História da Economia 1930-2005 na festa de Maria da Conceição Tavares.

Dia 24, quando ela faz 80 anos.
Na frente
Emílio Odebrecht, Viviane Senna e Rômulo de Mello Dias serão destaque do prêmio Empreendedor do Ano, da Ernst & Young. São vencedores, respectivamente, das categorias Lifetime Achievement, Responsabilidade Social e Executivo Empreendedor. Quinta.

Carlos Manga faz palestra amanhã na Cinemateca. Onde, neste mês, é exibida mostra de seus filmes.

Começa sexta a exposição de León Ferrari e Mira Schendel, na Fundação Iberê Camargo. Depois de passar por Madri e Nova York.

Jaume Tapies recebe hoje para apresentação do livro 2010 do Relais Chateaux. São três, os brasileiros: Estrela d"Água, em Trancoso, Ponta dos Ganchos, Santa Catarina e Hotel Santa Teresa no Rio.

Maria Rita Pikielny , sócia do PJ Clarke"s no Brasil, abre seu segundo restaurante. Desta vez, nos Jardins.

Estreia quinta a peça Filhos Não Vêm Com Manual, no Teatro Buenos Ayres.

O almoço de Páscoa no Rodeio rendeu. Passaram por lá desde Carolina e

Benjamin Steinbruch a Natalie Klein e Tufi Duek.