sexta-feira, agosto 28, 2009

MERVAL PEREIRA

Reversão de expectativa

O GLOBO - 28/08/2009

Foi uma vitória tão inesperadamente apertada no Supremo Tribunal Federal — 5 a 4 —, que as vantagens políticas do resultado não serão aproveitadas com tanta amplitude quanto estava sendo planejado pelo próprio ex-ministro Antonio Palocci e pelo presidente Lula. Liberado pelo Supremo Tribunal Federal da acusação de ter quebrado o sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa, o deputado federal Antonio Palocci volta à cena política principal com menos credibilidade do que antes de ter que abandonar o Ministério da Fazenda, e, para se transformar em um curinga para o governo, terá que batalhar muito para recuperar a imagem.

Ficará marcado pelos quatro votos contrários, que foram acusatórios, e pelos votos que o salvaram de um processo, que não tiveram o caráter de absolvição que sua aspiração política requeria.

A partir de agora, o governo federal, se quiser ter nele uma alternativa mais substancial para seu projeto político de permanência no poder, terá que turbinar sua atuação, expor sua força política.

A reação da opinião pública à decisão do Supremo Tribunal Federal será fundamental para que Palocci volte a ser uma peça decisiva no tabuleiro político.

O ex-ministro, mesmo antes da reunião de ontem do Supremo, era considerado a melhor aposta do PT para a disputa do governo de São Paulo em 2010, dando ao partido a possibilidade de disputar o cargo com um nome próprio, evitando assim que o presidente Lula insista na extemporânea candidatura de Ciro Gomes.

Mas o resultado apertado pode ter adiado o plano do PT de São Paulo.

É provável que Palocci retorne, de imediato, ao primeiro escalão do governo em uma função política, provavelmente no papel de ministro das Relações Institucionais do governo, para substituir o deputado José Múcio, que deve ir para o Tribunal de Contas da União (TCU).

Mas a possibilidade de vir a ser uma alternativa viável de candidatura à Presidência, caso a da ministra Dilma Rousseff não se fortaleça, tornou-se menos provável com o resultado do julgamento do Supremo.

O mais improvável, porém, é que ele venha a ser o coordenador econômico da candidata Dilma Rousseff, a não ser que ela mude sua visão do assunto.

Em finais de 2005, pouco antes de ter que sair do governo devido a essa acusação de violação do sigilo do caseiro, Palocci entrou em rota de colisão com Dilma sobre uma proposta de ajuste fiscal de longo prazo apresentada pelo ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, com o seu apoio.

A chefe da Casa Civil classificou publicamente a proposta de “rudimentar”, explicitando um racha dentro do governo com relação ao gasto público. De lá para cá, a proposta do Planejamento foi engavetada, e o gasto público foi aumentando, ganhando um papel importante na mudança de estratégia econômica do governo, e sendo aprofundada depois da crise econômica que se instalou no mundo no final do ano passado, dando margem a que fossem chamadas de políticas anticíclicas até mesmo medidas de aumentos salariais assumidas muito antes da eclosão da crise.

Pois o ex-ministro Antonio Palocci não mudou de posição nestes anos em que esteve de resguardo, exercendo discretamente seu mandato de deputado federal e retomando paulatinamente sua influência junto ao presidente Lula.

Ainda esta semana, em um seminário do Instituto Brasileiro de Siderurgia, em São Paulo, em uma palestra sobre as perspectivas econômicas do país e do mundo, Palocci reassumiu o papel de grande estimulador da economia brasileira que marcou sua passagem pelo Ministério da Fazenda, reafirmando sua crença de que será necessário fazer um plano de longo prazo para reduzir o gasto público.

Diplomático, elogiou a atuação da equipe econômica do governo durante a crise econômica, e disse que, no mundo pós-crise, apenas dois países dos Brics surgirão como potenciais parceiros dos países desenvolvidos: Brasil e China.

Palocci reassumiu uma postura que incomodava muito os petistas nos tempos em que era ministro: elogiou a manutenção de políticas econômicas nos últimos 15 anos, atribuindo a essa continuidade o sucesso que o país vem tendo no enfrentamento da crise mundial.

Mas fez questão de ressaltar que o gasto público vem crescendo acima do PIB nos últimos 15 anos, o que não é sustentável. Para Antonio Palocci, o tamanho do Estado brasileiro não depende da vontade política de Fernando Henrique nem de Lula, mas das necessidades de implementação de políticas sociais compensatórias.

No entanto, disse, é possível reduzir os gastos públicos sem prejudicar os programas sociais. E voltou a defender a proposta “rudimentar” de reduzir os gastos para que, num período de dez anos, sejam gradativamente cortados para ficar abaixo do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), o que daria uma sinalização de equilíbrio de longo prazo para a economia.

O ex-ministro Palocci encerrou sua apresentação indicando a educação como nova e fundamental prioridade para um próximo governo, com a necessidade de mais qualidade no ensino, depois de termos universalizado a frequência nas escolas, para que o país passe para um novo patamar de desenvolvimento.

Suas palavras são música para os ouvidos dos empresários, mas sua imagem política ainda está muito avariada para que aspire a voos mais altos.

GOSTOSA


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BRASÍLIA - DF

Eminência na Receita


Correio Braziliense - 28/08/2009



Depois do puxão de orelhas que levou do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, mergulhou. Não foi sequer à reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico, ontem, na qual foi discutido o novo marco regulatório do pré-sal. Nos bastidores, Mantega tenta apagar as chamas do incêndio na Receita Federal, que chamuscou a candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e ameaça incinerar a cadeira do ministro.

O drama de Mantega é ter feito uma emenda pior do que o soneto: a nomeação de Otacílio Cartaxo para a chefia da Receita, na esperança de que a indicação de um nome do grupo da ex-secretária Lina Vieira fosse esvaziar a sua liderança no órgão. Deu errado. Por causa da crise, agora, quem balança no cargo é o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Machado, que atua como eminência parda na Receita. É apontado no Palácio do Planalto como o responsável tanto pela indicação de Lina como pela nomeação de Cartaxo. Ou seja, pelo circo armado na Receita.


Parada// Internautas que pregam o afastamento de José Sarney (PMDB-AP) da Presidência do Senado organizam, por meio da rede, um panelaço para 7 de setembro em protesto contra a crise institucional. Há manifestações previstas em Brasília, São Paulo, Florianópolis, Goiânia, São Luís e Tuntum (MA).

Resistência



Chico Buarque (foto), Marília Pera, Beth Carvalho, Daniel Filho, Nathália Timberg, Paulo José e outros artistas aderem ao abaixo-assinado em defesa do Centro Cultural e da Universidade Livre Casa Grande, tradicional reduto de intelectuais, artistas e estudantes cariocas, cuja sobrevivência está novamente ameaçada. O teatro fica na Av. Afrânio de Melo Franco, 290, no térreo do Shopping Leblon.

Estrada


A bancada do Amazonas, coordenada pelo senador João Pedro, do PT-MA, pressiona o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc (PV), para liberar as obras da BR-319, que liga Porto Velho a Manaus. “Segundo o petista, Minc não é contrário à construção da BR-319, mas exige o cumprimento de todas as exigência para a concessão da licença, dentre elas a contratação de 90 analistas ambientais, aquisição de carros e equipamentos e a instalação de postos de fiscalização ao longo da rodovia.

Herege



Motivada pela liberação de emendas individuais, a Câmara aprovou a toque de caixa o acordo do Vaticano com o governo brasileiro que restabelece o ensino religioso nas escolas públicas. Houve um acordão entre católicos e evangélicos. Os deputados George Hilton (PP-MG) e Eduardo Cunha (PMDB-RJ) articularam a aprovação. O projeto de lei torna obrigatório o reconhecimento pelo Estado de qualquer instituição religiosa, com pleno direito a isenções, imunidades e benefícios de natureza fiscal, trabalhista e patrimonial. “É uma agressão ao Estado laico”, estrila o deputado Chico Alencar (foto), do PSol-RJ, que é católico de carteirinha.

Cinema


A Agência Nacional de Cinema (Ancine) concedeu o Prêmio Adicional de Renda – PAR 2009 a 21 empresas produtoras, 12 distribuidoras e 34 exibidoras como recompensa pelo bom desempenho comercial, uma forma de apoio à cadeia audiovisual. Serão injetados no mercado cinematográfico
R$ 9,3 milhões

Porteira


A saída do senador Mão Santa do PMDB piauiense liberou a legenda para lançar o ex-presidente dos Correios João Henrique Souza ao Senado. Souza formará chapa com o governador Wellington Dias (PT) na disputa pelas duas cadeiras na Casa.


Recuou/ O deputado Ciro Gomes (PSB-CE) voltou a dizer que é candidato a presidente da República, mas está em dúvida se vai transferir o título de eleitor para São Paulo, como querem os aliados do PT. Pretende esperar até 20 de setembro, data limite para se decidir.

Liberou/ Mais resistentes à aprovação da redução da jornada de trabalho de 44 horas para 40 horas semanais, os deputados do DEM poderão votar a proposta como bem entenderem. O líder democrata na Câmara, Ronaldo Caiado (GO), decidiu liberar a bancada.

Escaldada/ Fotografada trocando mensagens com o ministro Ricardo Lewandowski no julgamento do mensalão, a ministra Carmen Lúcia manteve o notebook devidamente fechado, ontem, durante o julgamento de Antonio Palocci no Supremo Tribunal Federal (STF). Como outros colegas, abria o computador somente para breves consultas.

Beca/ A caminho do Supremo, o caseiro Francenildo Costa brincou com o seu advogado sobre a roupa nova que vestia para acompanhar o julgamento. “Vão insinuar que recebi dinheiro para comprar o terno.”

NELSON MOTTA

Paixão pelo amarelo

O Globo - 28/08/2009


Nas ruas de grandes cidades americanas e europeias sempre me admiro com o respeito, e o temor, dos motoristas pelas leis de trânsito. Não há horário ou pretexto para que algum carro avance com o sinal amarelo. Pode até ranger freios e pneus, dar um susto no passageiro, até mesmo levar uma encostada na traseira, mas ninguém cruza a faixa de pedestres no amarelo. Não só a multa é pesadíssima, como o infrator tem que comparecer ao tribunal, perde pontos na carteira, tem uma grossa chateação.

É um comportamento profundamente arraigado nos motoristas e um símbolo de convívio urbano civilizado.

Entre nós é justamente o contrário.

Porque no Brasil em geral, e no Rio de Janeiro em particular, a regra é aproveitar até o último restinho de amarelo antes do vermelho e ser mais esperto do que os outros. Pelo menos até o próximo sinal.

Em cidades mais violentas e inseguras como Rio, Recife, Belo Horizonte e Vitória, nem o sinal vermelho é respeitado, por motivos óbvios: para não ser assaltado, hoje um clássico urbano brasileiro.

O Estado é incapaz de dar segurança ao cidadão e não pode puni-lo por proteger sua própria vida. Mas mesmo em nossas cidades mais civilizadas o amarelo é como um extra, um bônus, um “chorinho” do verde.

Não é preciso ser nenhum professor DaMatta para perceber que, mais do que um mau hábito perigoso, é uma metáfora do nosso jeito brasileiro de ser. A pressa que leva ao atraso.

Acostumado a atravessar as ruas do Rio de Janeiro depressa, mesmo com a luz verde, e depois de olhar para os dois lados, até em vias de mão única, tive um choque de civilização em Roma quando descobri, incrédulo, que onde não havia sinal bastava colocar o pé na faixa para que todos os carros parassem imediatamente, em qualquer lugar ou horário, por mais movimentados que fossem.

Mas nós amamos tanto o amarelo, símbolo do ouro na nossa bandeira e na camisa da seleção, que o usamos até para mostrar desprezo. Se falta coragem a alguém em um momento decisivo, diz-se que amarelou. Como o senador Mercadante, que para não ficar vermelho por cinco minutos vai ficar amarelo o resto da vida

ARI CUNHA

Baleia, a vaca

CORREIO BRAZILIENSE - 28/08/09

Baleia era uma vaca doméstica. Entrava na cozinha como se fosse um cãozinho. Todos de casa conversavam com ela. Era como se ouvissem a resposta. A criançada adorava. Nenhum adulto se incomodava com a presença de Baleia entre as mesas e panelas. E assim iam se passando os dias. Até que, depois do almoço, o patriarca perguntou se todos tinham almoçado bem. E declarou que a carne daquele dia era da Baleia, a vaca querida. O dinheiro estava curto e o homem precisava vender o animal. A choradeira foi geral. O espanto não gerou outra reação. Olhando de perto, essa história faz pensar no PT. Mais exatamente nos senadores Suplicy e Mercadante. Nunca foram designados para cargos importantes. Nem tiveram do presidente Lula o reconhecimento pelo trabalho feito. É como se eles tivessem engolido o PT. O que ficou no corpo passou para o sangue. (Circe Cunha)

A frase que não foi pronunciada

“Para quem está morrendo afogado, jacaré é toco.”
Antonio Palocci, esfregando as mãos, esperando o resultado da votação no Supremo.

Diferente

“Diploma não mede a inteligência de ninguém.” “Ter coração é mais importante do que ser letrado.” O presidente Lula entendeu que a educação formal incrementa a inteligência e o bom coração é fundamental na gestão e aplicação de políticas públicas. Depois de pronunciar essa sabedoria, homem do povo não vai mais ouvir o presidente relacionando educação formal com burguesia.

Aos poucos

Crescem, sem que alguém impeça, os condomínios Privê I e II. A impressão que se tem é que sopraram a possibilidade de legalizar mais uma invasão.

Sempre

Aconteceu em 2003. Em reunião para a prorrogação da guerra fiscal, governo e parlamentares discutiram durante horas. Antes de abrir a porta para os repórteres, Mercadante sugeriu que todos rissem para mostrar o sucesso da reunião, mas advertiu: “Menos você Rachid, senão o contribuinte vai pensar que se deu mal”.

Turismo

Ricardo Moesh, coordenador do Ministério do Turismo, informou em audiência pública no Senado que o Nordeste vai investir na capacitação da população local. Formalizar a mão de obra será um passo importante para garantir benefícios também aos moradores.

Saneamento

Fortaleza (CE) saiu do 5º lugar para o 26º no setor saneamento. Pesquisa do Ibope Inteligência com o Trata Brasil. A posição considera os municípios do Brasil com mais de 300 mil habitantes. Caucaia degringolou. Se em 2003 estava na 26ª colocação, em 2007 passou para a 64ª. Investimento em saneamento é a causa indicada para a ocorrência desses fatos.

De olho

Arthur Virgílio disse que o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) considerou como estados produtivos aqueles que mais esbanjaram e errou quando comparou a produtividade do setor público com a do privado. Pode ser para esconder os gastos correntes crescentes do atual governo — que começam a ficar insuportáveis, em detrimento do investimento, apontou o senador.

BBB

Tanto a Presidência da República do Brasil quanto os executivos do Canal 4, da Inglaterra, estão cansados de sucessivas edições de reality show. Rodrigo, o brasileiro que participa da última edição no Reino Unido, e Dilma Rousseff fecham o entretenimento.

Faz sentido

Escolas chegam a aldeias indígenas. A Universidade do Estado do Amazonas estende o conhecimento pela comunidade, com respeito à diversidade cultural. Animado, o senador João Pedro terminou o discurso dizendo que o brasileiro só vai dominar a Amazônia se conhecê-la. Bernard Shaw disse que quem não sabe ensina.

Ted Kennedy

Família criada para alçar o voo mais alto nos Estados Unidos termina com a morte de Ted Kennedy. Passou por todos os tropeços. Desde a morte do filho mais velho na guerra à sucessão de assassinatos e escândalos. Desaparece Ted, vítima de câncer. Sua vida foi dedicada ao Congresso, onde viveu grandes momentos da democracia. Presidente Barack Obama interrompe férias para saudar o amigo que o pôs no caminho da Casa Branca.

Sobra

Foi oficializada a entrega de R$ 80 milhões para a educação infantil. O presidente da Câmara, Michel Temer, entregou ao ministro Haddad a doação. Esse é o valor economizado pela atual Mesa Diretora. Depois que aprovar um projeto de lei, a transferência da verba será efetivada.

Receita Federal

Quando se mexe no cofre, o coração do país balança. Punições na Receita Federal superam expectativas. O desalinhamento das chefias em quase todos os estados afeta a curiosidade do contribuinte. A confiança não foi perdida, mas o pêndulo está passando de um lado para outro. Ministro Mantega atenua. No íntimo, entretanto, reconhece a situação e se sente culpado, em parte, pelos acontecimentos.

História de Brasília

Enquanto não há transporte abundante na cidade, a Câmara Júnior lançará uma campanha de carona. Os proprietários de carros que aderirem à campanha trarão, no para-brisa, uma plaqueta indicativa. (Publicado em 7/2/1961)

CLÓVIS ROSSI

Templo é dinheiro?


Folha de S. Paulo - 28/08/2009

Passo a coluna para o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), porque o que ele narra consegue ser estarrecedor mesmo em um país em que parecia esgotado o estoque de estarrecimentos.
Chico fala da madrugada de 26 para 27 deste mês, em que a Câmara dos Deputados aprovou um absurdo projeto de lei que "dispõe sobre as garantias e direitos fundamentais ao livre exercício da crença e dos cultos religiosos" ("você sabia que estavam ameaçados?", pergunta o deputado. E você, sabia?).
Passemos ao estarrecedor, na palavra do deputado:
"Se o acordo Santa Sé/governo brasileiro já era questionável em vários aspectos, o acordão com setores evangélicos (não a totalidade), patrocinado por quase todos os partidos (inclusive o "oposicionista" DEM), à exceção do PSOL, foi um absurdo. O projeto tramitou numa celeridade inédita (foi apresentado em julho agora) e, com o relator Eduardo Cunha (PMDB-RJ, neoevangélico), avançou a toque de caixa em plenário, sem ter sido nem sequer proposto no colégio de líderes".
Consequência da aprovação: "É o liberou geral. Agora, quem inventar uma "instituição religiosa" terá sua organização obrigatoriamente reconhecida pelo Estado no simples ato de criação, independentemente de lastro histórico e cultural, doutrina, corpo de crença. É o supermercado aberto da "fé". E a "instituição" poderá modificar à vontade suas instâncias. E suas atividades gozarão de todas as isenções, imunidades e benefícios -fiscais, trabalhistas, patrimoniais- possíveis e imagináveis".
O país já conhece o resultado do que Chico Alencar chama de "supermercado da fé", graças às denúncias do Ministério Público contra a alta cúpula de um desses "supermercados", que tem também uma rede de televisão, além de templos (aliás, Chico pergunta: "templo é dinheiro?").

PARA....HIHIHIHI

DENTRO OU FORA?

A filhinha decide casar-se mas tem medo do que poderá acontecer com ela durante a lua-de-mel, pois se tratava de uma mulher inesperiente.
Então ela pede a mãe que a acompanhe durante a lua-de-mel. A mãe a acompanha e hospeda-se no quarto ao lado do casal. Pela madrugada a mãe escuta o seguinte diálogo:
- Filha deixa vai, deixa, deixa...
- Não, não deixo.
O Noivo insistia:
- Pelo amor de Deus, DEIXA.
A mãe impaciente e vendo a besteira da filha, arromba a porta do quarto do casal e entra no quarto dizendo para a filha:
- Ó maluca, porque você não deixa.
A filha responde:
- Ô mãe, deu tanto trabalho para entrar e ele já quer tirar...

JOÃO MELLÃO NETO

Nós ainda acreditamos na ética


O Estado de S. Paulo - 28/08/2009

O PT salvou Sarney. E isso, para os crédulos militantes petistas, é um desastre. Para entender o que significa ser petista e por que os militantes do partido acreditam ser moralmente superiores é preciso voltar no tempo. Mais precisamente, ao início da década de 1980, quando o PT foi fundado.

Nas universidades e na intelectualidade em geral, o pensamento marxista prevalecia. Eu, então, era estudante. E naquela época quem não abraçava a causa de Marx era automaticamente tachado de simpatizante da ditadura. O regime militar bem que alimentava essa dicotomia. Para seus defensores, quem não era favorável ao sistema era imediatamente identificado como comunista. E assim fluía o pensamento: marxistas de um lado e militaristas de outro, não havia lugar para liberais e democratas.

E o que é o marxismo ou, como proclamam os seus seguidores, a "causa"?

A "causa" é a mais nobre das aspirações que um humano possa ter. Ela defende o comunismo como etapa necessária para se chegar ao socialismo. E tanto o comunismo como o socialismo requerem de seus seguidores que abandonem todo o apego aos bens materiais.

A lógica é perversa: a propriedade privada é a causa de todos os males que assolam a humanidade. É por causa de sua existência que os homens, em vez de colaborarem entre si, preferem disputar a posse de todo e qualquer bem, usando da violência se preciso for. Uma vez abolida a propriedade privada e investindo pesadamente na educação, a geração seguinte necessariamente será solidária, preocupar-se-á com o bem comum e colocará as aspirações coletivas acima das suas próprias, individuais.

Bem, isso vale para as próximas gerações. E para esta, a atual?

Para esta geração, na qual se dará a grande transformação, impõe-se como condição básica que seus defensores tenham um rígido autocontrole. Todos nós fomos criados e condicionados a alimentar ambições materiais e aspirar a toda e qualquer propriedade. Os adeptos da "causa" têm de ter consciência de que essa transição não é fácil. Luta-se contra aquilo que os burgueses chamam de "natureza humana". Querem estes que sejam timbradas como naturais ao homem as ambições materiais, quando elas, na verdade, não passam de um condicionamento proveniente da existência da propriedade privada. Mas, uma vez feita a transição - e não se descarta o uso da violência e da luta armada para tanto -, o "homem socialista" que advirá será em tudo superior ao atual. Esta é a grande "causa": promover a transição da geração atual para a futura, muito melhor.

Os raciocínios que presidem a "causa" são mais sofisticados do que isso e não vale a pena descrevê-los. O importante é ter ciência de que os adeptos da "causa" se sentem agentes da grande mudança. Não é à toa que se sentem, individualmente, moralmente superiores ao restante da humanidade. A "causa" exige muito, mas acaba sendo gratificante. Os seus adeptos não alimentam mais nenhuma dúvida sobre nada. Para todas as manifestações da natureza humana existem explicações plausíveis. E toda mesquinhez, todo egoísmo e toda ganância desaparecerão, uma vez abolida a propriedade privada. Em especial a propriedade privada dos meios de produção.

Pois bem, foi com esse espírito de entrega, renúncia e dedicação à "causa" que nasceu o Partido dos Trabalhadores, em 1980. Era um partido que se proclamava diferente e superior a todos os outros partidos porque não estava ingressando na política para satisfazer vontades e aspirações individuais, mas sim para implementar uma ideia. O PT seria um partido com um norte definido. E esse objetivo era nada menos do que a "causa".

Poucos se recordam agora, mas antes de entrar na fase ética e moralista os intelectuais petistas torciam o nariz quando se lhes propunha que desfraldassem a bandeira do combate à corrupção. Esse era um tema secundário, argumentavam eles. Que importância tem expurgar os corruptos da sociedade quando o grande roubo que existe nela é o perpetrado pelos burgueses sobre os proletários? A classe trabalhadora, diziam, era explorada pelos patrões, que estavam cada vez mais ricos, enquanto os pobres ficavam cada vez mais pobres.

Bem, esse era o clima que perdurou por toda a década de 80. Na década seguinte o PT abraçou de corpo e alma a imagem de um partido ético, que, na esfera pública, não rouba nem deixa roubar. Foi com essa silhueta que o partido cresceu e finalmente alcançou o poder maior, em 2002, com a eleição de Lula para presidente da República.

Tudo isso está sendo relembrado para demonstrar que a ética e a moralidade na área pública são bandeiras estranhas à "causa". Não estão impressas em seu DNA. Isso ficou claro em 2005, quando ocorreu o escândalo do "mensalão". Os petistas, ficou demonstrado, não se incomodam em recorrer a expedientes antiéticos, desde que o façam para facilitar a implementação da "causa".

Nos dias que correm, já há intelectuais petistas que voltam a demonstrar o seu menosprezo original pelas bandeiras éticas. Alegam que ficar clamando pelo combate à corrupção é uma manifestação de moralismo "pequeno-burguês" e de "udenismo tardio".

É, no mínimo, curioso ouvir tais argumentos da boca de empertigados intelectuais petistas que, antes da chegada ao poder, eram os paladinos da caça aos corruptos e da introdução da ética na esfera pública.

Nós, os execráveis "pequenos burgueses", ao menos estamos onde sempre estivemos. Entendemos que aqueles que se vendem não merecem ser comprados. E que os que entendem não ser possível ser políticos honestos que tratem de ser honestos sem ser políticos.

TODA MÍDIA

Pelo ralo

Nelson de Sá

FOLHA DE SÃO PAULO - 28/08/09


Manchete da Agência Brasil, "Dinheiro do pré-sal deve ir para educação e combate à pobreza". No dizer de Lula, "se a gente pulverizar esse dinheiro, ele vai entrar pelo ralo do governo".
Destaque no G1, da Globo, "Sérgio Cabral e Paulo Hartung vão falar com Lula antes do anúncio do pré-sal". Os governadores do Rio e do Espírito Santo não estão sós na pressão por royalties para seus Estados. "É legítimo que Cabral e Hartung façam sentir as suas posições", declarou José Serra, governador de São Paulo, também interessado.
Por fim, no UOL, "Lula se reúne com Serra, Cabral e Hartung domingo para fechar acordo do pré-sal".

US$ 100 BI
Na notícia de Brasil com maior eco no exterior, por AP, Bloomberg, Dow Jones, ecoando a manchete do "Valor" de papel, o governo "avançou na discussão da capitalização da Petrobras", com vistas ao pré-sal, e "pode pôr até R$ 100 bilhões" ou US$ 53 bilhões.

DESEJADA
Destaque ontem no Portal Exame, da revista, "Petrobras é a preferida dos jovens" ou "a mais desejada", pela quarta vez, segundo pesquisa DMRH com 30 mil universitários ou recém-formados. "O maior motivo", sublinha o texto, "é o crescimento profissional que pode proporcionar".

DE MODO TORTO
Sob o enunciado "Uma força machucada em busca de nova bússola" e a foto acima, reportagem da "Economist" diz que "o plano de Lula de ungir Dilma Rousseff como a sua sucessora começou de modo torto em meio à divisão do Partido dos Trabalhadores". No relato da BBC Brasil, "PT se reduziu ao papel de manter Lula no poder, diz revista"

ARQUIVO
Por volta das 20h, na Folha Online, "Ministros mandam arquivar denúncia contra Palocci". No UOL, "Maioria no STF rejeita denúncia". No G1, "Maioria no STF vota por arquivamento". No "Jornal Nacional", por fim, "Supremo rejeita denúncia por quebra de sigilo bancário contra o ex-ministro da Fazenda, Antônio Palocci".
Já na segunda manchete, "O líder do governo divulga as datas em que a ex-secretária da Receita, Lina Vieira, foi ao Palácio do Planalto".

BOM PARA OS NEGÓCIOS
A nova "Economist" dá longa entrevista com David Neeleman, que fundou a JetBlue nos EUA e agora comanda a Azul no Brasil. Começa descrevendo como ele, aos 19 anos, missionário mórmon, "passou dois anos entre crianças descalças e seus pais desdentados no pobre Nordeste".
A partir daí, a reportagem relata sua nova experiência de meio ano com a Azul, do nada para 1.300 funcionários. Num país em que a classe média está "inchando", algumas passagens custam menos que viajar de ônibus. Mas ele descreve o Brasil, no enunciado, como "um país tão bom para fazer negócios como a América".

ZICO?
O "Wall Street Journal" destacou as "Bolhas de água de coco" que estreiam esta semana em Nova York, da americana Zico, que importa do Pará -e garante não ter se inspirado no jogador

PARA CONSUMO, OK
O "New York Times" noticiou, de Brasília, que a Argentina abriu caminho para a descriminalização do consumo de drogas ilícitas. É só "o mais recente latino a rejeitar política punitiva". O México fez o mesmo dias antes. E o Brasil, "que tinha as penas mais pesadas para o tráfico, essencialmente descriminalizou o consumo em 2006, quando eliminou as prisões". No título, "América Latina tenta saída menos punitiva para conter o uso de drogas".
A nova "Time" também destaca a decisão mexicana e, notando o silêncio de Obama e como difere da reação de Bush, que conseguiu derrubar lei semelhante no vizinho em 2006, alerta que "Nova lei mexicana pode estabelecer exemplo", inclusive para o Norte.

CELSO MING

Capital para a Petrobrás

O ESTADO DE SÃO PAULO - 28/08/09

A capitalização da Petrobrás é um tema explosivo carregado de consequências.

A primeira ideia do governo Lula foi afastar a Petrobrás da exploração das áreas do pré-sal porque temia favorecer uma empresa excessivamente privatizada, já que a União detém apenas 32% do seu capital. Seria entregar riqueza nacional para interesses privados.

De todo modo, a Petrobrás terá mesmo de ser capitalizada porque os investimentos a serem feitos exigem grande capacidade de inversão e de endividamento, especialmente se tiver de participar em 30% de cada nova área do pré-sal a ser partilhada.

Já no início das discussões da comissão interministerial que estuda o novo marco regulatório, a atual direção da Petrobrás convenceu o presidente Lula de que não havia razão para temer desvio da renda do pré-sal para "as contas bancárias dos gringos". Bastaria capitalizar maciçamente a empresa, exigência que poderia ser cumprida pela União sem despender um único centavo.

Uma das propostas é a de que a União incorpore ao capital da Petrobrás reservas físicas de hidrocarbonetos das áreas adjacentes às que estão sob concessão da empresa, processo conhecido como unitização. Explicando melhor: algumas das atuais jazidas do pré-sal descobertas pela Petrobrás ultrapassam a área de licitação. Assim, para que durante a produção ela não sugue o suco do vizinho, tem de haver acordo prévio que divida a produção.

Uma vez definida assim a subscrição de capital pelo Tesouro, que é o controlador das ações ordinárias (com direito a voto), os acionistas minoritários seriam chamados a apresentar a sua parte em dinheiro. Muito provavelmente, um grande número deles não o acompanharia por incapacidade financeira. Muitos dos trabalhadores que no passado usaram o Fundo de Garantia para comprar ações da empresa provavelmente não estão em condições de seguir o Tesouro.

A União poderia subscrever a parcela adicional do capital que não encontrasse interessados. Assim, ficou definida uma estratégia que eventualmente poderá levar a União a voltar a ter participação majoritária no capital.

A subscrição assim definida traz um punhado de dificuldades. Fiquemos com três. A primeira consiste em medir corretamente o petróleo recuperável das áreas adjacentes. A segunda, em definir o valor de mercado do petróleo que jaz a 6 mil metros de profundidade de maneira a que possa ser incorporado ao capital da Petrobrás. A hipótese com que vinha trabalhando a diretoria da empresa é a de que esse petróleo poderia valer US$ 19 por barril de 159 litros, magnitude sujeita aos vaivéns do mercado. Esses dois problemas técnicos exigem medição a ser feita por meio de novos furos e testes de produção. Nada disso parece equacionado.

A terceira dificuldade é a de que a parcela de subscrição a ser feita pela União com petróleo futuro não resolve o problema da necessidade de recursos em dinheiro vivo para tocar os investimentos. Daí a nova ideia de levar a União a subscrever sua parte no capital com títulos públicos. Se for isso, o endividamento vai subir.

E ainda é preciso ver em que proporção seria feito esse aumento de capital e em que prazo. Não basta convocar uma assembleia extraordinária e votar o tamanho da subscrição. É preciso ver qual será a capacidade da Petrobrás de remunerar esse capital.

ELIANE CANTANHÊDE

Tudo, ou nada, pode acontecer

FOLHA DE SÃO PAULO - 28/08/09

BARILOCHE - Faz frio em Bariloche, mas a expectativa é de um clima bem quente na reunião dos 12 presidentes da Unasul (União das Nações Sul-Americanas). Sem surpresas, portanto. Tão natural quanto o frio aqui nessa época é esquentar o clima em reunião com Chávez, Morales, Rafael Correa. E, desta vez, misturados com Alvaro Uribe, da Colômbia.
Jobim foi a Quito e a Bogotá e diz que a tensão baixou. Marco Aurélio Garcia, que estava com ele, fala em "distensão". OK, mas falta combinar com os amigos dos russos.
Às vésperas da reunião, Chávez ameaçou seguir o Equador e romper com a Colômbia. O chanceler colombiano deu o troco, dizendo que vai chegar aqui botando a boca no trombone contra o "expansionismo chavista". E os dois embaixadores ecoaram na OEA.
Uribe está na berlinda, por dar liberdade a tropas norte-americanas de usarem (e abusarem?) de bases militares colombianas. Leia-se sul-americanas. Como ele não foi à última reunião, em Quito, houve todo um trabalho para amansar a fera e trazê-la a Bariloche. O primeiro cuidado foi jogar a reunião para campo neutro. O segundo foi uma agenda que não seja focada só no acordo Colômbia-EUA e possa contemplar as ligações da Venezuela com o Irã, com a Rússia e, dizem as más línguas, com as Farc.
Aí entram em campo Brasil, Argentina e Chile, tentando empurrar o assunto para uma nova reunião, agora do Conselho de Defesa, nas ilhas Galápagos, no Equador. Seriam então criados mecanismos para catalogar os acordos militares, o armamento e o efetivo de cada país.
Ou seja, parar com o disse-que-disse e botar tudo no papel, para quem quiser, ou precisar, ver.
Chávez vai puxar para um lado, Uribe, para o outro, os dois dando de bandeja para Lula a chance de brilhar pelo equilíbrio, bom senso e negociação. Essas coisas que o presidente sabe muito bem como levar para fora do país. E que tanta falta fazem dentro do próprio Brasil.

MÍRIAM LEITÃO

Hora mista

O GLOBO 28/08/09

No dia 10 do mês que vem, o Brasil terá a confirmação oficial de que saiu da recessão. O IBGE vai dizer que o PIB do segundo trimestre teve uma taxa positiva em relação ao primeiro trimestre.

Mas em relação a 2008 haverá queda.

Ficaremos com um pé no crescimento e outro na retração. O pior ficou para trás, mas estragos foram feitos. Hora mista de ânimo e cautela.

Não foi um passeio. Não tem sido. O país perdeu mais de quatro pontos percentuais de crescimento com a crise, levando em conta o que se esperava de alta do PIB antes de setembro de 2008. Em economia, é perda aquilo que se deixou de ganhar.

Antes da crise, o Boletim Focus projetava expansão em torno de 4% para 2009. Hoje, estima retração de 0,3%. A indústria foi a nocaute. A previsão era de crescer mais de 5% em 2009, agora a previsão é de queda de mais de 7%. Conversamos com os setores. Eles enxergam dúvidas e incertezas.

A Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) está preocupada com as exportações de soja e minério de ferro. Toda a safra de soja já foi exportada; e a China dá sinais de que está novamente com estoques elevados de minério. Isso significa exportar menos. As importações estão em alta. A média diária em agosto subiu de US$ 468 milhões, na primeira semana, para US$ 502 milhões, na segunda, chegando a US$ 544, na terceira.

— A liquidação de produtos continua mundo afora e nossa moeda voltou a se valorizar, facilitando a importação e dificultando a exportação.

O medo é que aconteça substituição de produtos manufaturados brasileiros por importados, com impactos no nosso nível de atividade e reflexos também no mercado de trabalho — disse o presidente da AEB, José Augusto de Castro.

Ele estima que desde o pior momento da crise a demanda externa tenha se recuperado cerca de 20% a 30%.

A Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) prevê retração de 2% no faturamento anual, mas admite que pensa em rever para pior a taxa. No primeiro semestre, a queda foi de 13%, na comparação com 2008. Todos os segmentos do setor apresentaram quedas, que variaram de -3% a -29%. Cerca de 7 mil empregos foram perdidos e no melhor cenário esse número deve se manter até o final do ano. De acordo com o presidente da Abinee, Humberto Barbato, a imprevisibilidade continua: — O cancelamento de nossas encomendas chegou a 16% em abril. Em maio, houve melhora, com apenas 1% de cancelamentos. Em junho, piorou e foi para 5%, saltando para 8%, em julho.

Na pesquisa com nossos empresários, de janeiro a fevereiro o ritmo de negócios estava abaixo do esperado para 59%. Em março, foi para 51%, sinalizando melhora.

Mas entre abril e maio voltou a subir para 59%, caindo para 49%, em junho. Com indicadores assim, é difícil ver uma tendência e isso dificulta a tomada de decisão.

A Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib) diz que por causa de 2009 levará mais tempo para acabar com o déficit de investimentos do país. São obras em saneamento básico, transporte e logística, que foram paralisadas e adiadas.

No melhor cenário, o presidente da entidade, Paulo Godoy, espera manter em 2009 o mesmo nível de investimentos de 2008, na casa dos R$ 106 bilhões. Metade disso é gasto da Petrobras.

Os investimentos haviam praticamente dobrado de 2003 a 2008, dando um salto de R$ 55 bilhões para R$ 106 bi. A meta da Abdib é de R$ 160 bilhões por ano.

— A gente esperava atingir essa meta em três ou quatro anos. Se não fosse a crise, esse processo seria agilizado — afirmou Godoy.

O crédito externo, que antes de setembro era 20% dos financiamentos, continua com as torneiras praticamente fechadas e só responde por 3% dos recursos. O setor vem se mantendo com créditos do setor público.

O setor siderúrgico respira aliviado após o colapso do final do ano. De acordo com o vice-presidente executivo do Instituto Aço Brasil (IABr), antigo IBS, Marco Polo Lopes, dos 119 altos-fornos do mundo, nada menos que 73 foram paralisados. Desses, 36 voltaram a funcionar. Aqui no Brasil, 8 dos 14 pararam. Dois continuam fora de atividade.

— Estamos com otimismo moderado. O setor externo, que responde por 40% do nosso consumo, continua uma incógnita. Os preços caíram muito mas já recuperaram um pouco nos últimos 45 dias por conta da melhora no nível dos estoques. Devemos fechar o ano em linha com o resto do mundo: com queda de 22% no consumo interno — disse Marco Polo.

A indústria têxtil acumula 10,98% de queda na produção até junho, comparada com igual período de 2008.

O setor de vestuário também apresenta forte queda de 13,61%. A utilização da capacidade instalada foi a mais baixa para um mês de junho de 2005 para cá. A Abit, associação da indústria têxtil, comemora o inverno prolongado que garantiu aumento das vendas.

Cinco mil empregos foram criados, zerando as perdas desde o início da crise.

— Julho foi um mês atípico, com criação de 5 mil postos. Isso fez com que o saldo deste ano saísse de -4,5 mil para cerca de 500 postos criados. Mas não esperamos manter esse ritmo até o final do ano — explicou Fernando Pimentel, presidente da Abit.

Tecnicamente, a recessão está no fim, mas ainda é difícil calcular os estragos e os custos da crise.

PAINEL DA FOLHA

Fator institucional

RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO


Mais do que a convicção sobre a inexistência de indícios contra Antonio Palocci, o que determinou o placar de ontem no Supremo Tribunal Federal foram fatores institucionais. Vice-presidente da Corte, Carlos Peluso elogiou a denúncia do Ministério Público e o inquérito da Polícia Federal, reconheceu que houve delito, mas, na última hora, acompanhou o voto do presidente e relator Gilmar Mendes. O voto de Peluso definiu o resultado a favor do ex-ministro da Fazenda.
No entender de quem acompanha as relações internas do STF, Peluso não quis ser responsável por cravar em Mendes derrota de tamanha envergadura.

Lembrete - Advogados presentes no plenário avaliam que a presença de Francenildo ajudou a consolidar votos contra Palocci, em especial o de Carlos Ayres de Britto, que fez longa reflexão sobre a origem humilde do caseiro.

Na beca - Francenildo, que nada falou durante a longa sessão, foi vestido da cabeça até quase os pés por seu advogado. As meias esportivas contrastavam com o terno.

Surpresa! - Os advogados dos denunciados se assustaram quando viram o representante de Francenildo com uma beca usada para sustentação oral. Só então souberam que ele tentaria atuar como assistente de acusação.

Vai que é tua - José Roberto Batochio, advogado de Palocci, pediu que o colega Alberto Toron fizesse no microfone a objeção a que o advogado de Nildo entrasse como assistente da acusação. Não queria associar o nome do ex-ministro, de novo, a tentativa de se sobrepor ao caseiro.

Plantão médico - Com um quorum de dois ministros a menos, Eros Grau parecia estar ali na base do sacrifício. Chegou atrasado e contou com o apoio de dois assessores, além de sua bengala.

Velocidade da luz - Em agosto de 2007, quando o STF decidiu pela abertura de ação contra os 40 do mensalão, o auge da comunicação era o MSN. Agora, na era do Twitter, os ministros preferiram ficar fora da rede social.

Protesto - A decisão pró-Palocci revoltou a procuradora da República Janice Ascari, que, no Twitter, protestou: ‘No momento da denúncia, o in dubio é pro societate, não pro reo!!! A dúvida é interpretada em favor da sociedade’.

Bônus - Vladimir Poleto, ex-assessor de Palocci em Ribeirão Preto e um dos personagens do caso do caseiro, ganhou há dois meses da Comissão de Anistia indenização de R$ 15 mil. Alega ter sido perseguido pela direção do Banco do Brasil na década de 80.

Prévia - Lula convidou José Serra (PSDB-SP), Sérgio Cabral (PMDB-RJ) e Paulo Hartung (PMDB-ES) para papo no Alvorada domingo à noite, véspera do lançamento do marco regulatório do pré-sal.

Veja bem - O presidente disse aos governadores, insatisfeitos com a questão dos royalties, que o grupo de trabalho do pré-sal se reunirá hoje. Deixou em aberto a possibilidade de compensação. Integrantes do grupo, porém, dizem que a reunião de hoje será apenas um ‘ensaio geral’ para o evento de segunda.

No vermelho - Dados da Confederação Nacional de Municípios apontam que a terceira remessa de agosto do FPM, a ser depositada hoje no caixa das prefeituras, encolheu 15% em relação ao ano passado. O valor é 5% inferior ao previsto pelo Tesouro.

Água fria - A decisão da juíza federal Simone Barbisan Fortes, desqualificando parte da denúncia do Ministério Público contra Yeda Crusius (PSDB-RS), atrapalhou o plano da oposição de focar a CPI da Corrupção na governadora e na assessora Walna Vilarins.

Tiroteio

O GSI espera que acreditemos que a segurança de qualquer prédio público da Esplanada é mais criteriosa que a do Palácio do Planalto.
Do deputado RAUL JUNGMANN (PPS-PE), sobre a alegação do Gabinete de Segurança Institucional de que o circuito de câmeras não armazenaria imagens por mais de 30 dias.

Contraponto

Futurologia

No intervalo da sessão do Supremo para julgar o pedido de abertura de ação penal contra Antonio Palocci, Jorge Mattoso e Marcelo Netto conversavam os advogados José Roberto Batochio, defensor do ex-ministro, e Alberto Toron, que representa o ex-presidente da CEF. Jornalistas tentavam extrair da dupla uma previsão do resultado.
- Já perguntei ao Toron, que é grego, se ele tem linha direta com a Pitonisa ou com o Oráculo de Delfos para saber, mas até agora nada - gracejou Batochio.
O colega emendou:
- Eu já consultei o oráculo, os búzios, a cartomante, apelei para todos os santos, mas nada de resposta.
E seguiram trocando figurinhas até a volta da sessão.

VINÍCIUS TORRES FREIRE

O pré-sal no raso da política

FOLHA DE S. PAULO - 28/08/09


Lula trancou debate do pré-sal num comitê de campanha e agora abre as portas para um debate regional politiqueiro

TÃO CHEIA DE tecnicalidades cruciais e decisões estratégicas, a mudança nas leis do petróleo chega ao fim da primeira rodada enredada no debate mais mesquinho, politiqueiro e regionalista. Trata-se da discussão a respeito da divisão de parte do bolo do eventual ouro negro entre Estados "produtores" (os de agora, como o Rio, e os de amanhã, como São Paulo) e, digamos, os "improdutivos".

O governo Lula vinha atropelando o país inteiro no debate da mudança das leis. Tropeçou apenas no governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), para quem o Estado deve deixar de ganhar o mínimo possível com as novas normas de repartição do dinheiro do pré-sal (vai ganhar de qualquer modo, se houver petróleo). Lula chamou uma reunião-jantar, no domingo, com Cabral, José Serra (PSDB-SP) e Paulo Hartung (PMDB-ES).

Tal querela "federativa" recebe o nome da polêmica dos royalties. Isto é, a tal parcela da renda do petróleo devida ao acaso geológico e histórico de que um campo de petróleo esteja situado no território ou no litoral de cada Estado. Estados e municípios que tiveram tal sorte recebem, por lei, uma parte da renda petrolífera.

Em tese, tal direcionamento de parte da receita devida aos governos é justificável pelo fato de que o petróleo é bônus e também ônus. Causa problemas ambientais, demanda obras de infraestrutura econômica e social. Mas a receita dos royalties nada tem de proporcional aos danos e despesas devidas ao petróleo. Para piorar, nas cidades menores tal receita é malversada.

Cabral, irritado, chegou a propor o adiamento da festa do pré-sal; Hartung faz coro prudente; Serra, que evita bater de frente com Lula, está na moita. Em público, mas sem fazer alarde, o governo paulista é contra mudar as leis do petróleo, que são de FHC. Curiosa ou casualmente, a posição do governo federal a respeito de uma redivisão mais equânime dos royalties é a mais correta. Mas o tiro certo saiu pela culatra.

Trancando o pré-sal no comitê de campanha de 2010, foi a isso que Lula conduziu o debate: a uma querela regionalista, barata e mesquinha, que vai se misturar ao lixo do PMDB e à demagogia eleitoral.

Como as petroleiras, quase todas múltis, afora a Petrobras, foram até agora totalmente derrotadas, vão concentrar sua atuação no varejo do Congresso, a fim de reduzir perdas e danos, "no detalhe", pois provavelmente vão ter de aturar a Petrobras e a Petrobras em todos os campos do pré-sal. As empresas de infraestrutura, máquinas, logística etc., muitas delas grandes financiadoras de campanha, vão tentar resolver o seu lado também no varejo parlamentar.

O debate sobre a eficiência da exploração, da eficácia da política industrial para o setor, os problemas fiscais da administração do fundo que vai receber o eventual ouro negro, enfim, tudo isso deve ficar no segundo plano, para não dizer num plano acadêmico. É provável que o debate se limite ao tamanho de bancadas e de contribuições de campanha. As bancadas de Rio, São Paulo e Espírito Santo fechariam com a oposição contra Lula? A oposição racha devido a querelas regionais? Quem vai dar mais pelo contrabando de tal medida de "política industrial" nas novas leis do petróleo?

ANCELMO GÓIS

PLANTAÇÃO DE PEPINOS

O GLOBO - 28/08/09

Reinhold Stephanes balança no cargo de ministro da Agricultura. Sua posição é desconfortável no meio ruralista depois que Lula prometeu ao MST reajustar os índices de produtividade agrícola – o que, na prática, amplia a área sujeita a reforma agrária.
Seu PMDB também não está satisfeito. Mas, aí, nem sempre por razões republicanas.
QUESTÃO DE CLASSE
Quarta à noite, numa palestra na Fiesp, Eike Batista foi interrompido por risos da plateia quando, num momento, falou em... “nós, da classe média”.
O empresário ainda tentou consertar: “Ou melhor, classe média alta”. Mas, ainda assim, a plateia caiu na risada.
O PAPEL DO LÍDER
No Palácio do Planalto, as paredes têm ouvidos.
Lula confidenciou a interlocutores que, na conversa com Mercadante, foi direto ao ponto: “Nunca vi um líder renunciar. Quem é líder lidera”.
NAS ASAS DA PANAIR
Acredite. Saiu ontem na página 11 no DO, com 45 anos de atraso, despacho da Aeronáutica que revoga a portaria que autorizava a Panair do Brasil a voar.
É que, na burocracia, a finada, “cassada” pelo golpe de 1964, ainda estava viva e podia operar – com rotas, horários preestabelecidos e tudo mais.
CHEQUE DEVOLVIDO
O STJ editou uma súmula, ontem, garantindo que as devoluções indevidas de cheques vão gerar dano moral. A medida será seguida pelos tribunais de todo o País.
ARTES DA POLÍTICA
Está no site do CPDOC (www.fgv.br/cpdoc), da FGV, a íntegra do livro Artes da Política, fruto de longa entrevista com Ernani do Amaral Peixoto, o político fluminense que ocupou importantes cargos públicos e morreu há 20 anos. O acesso é gratuito.
ALIÁS...
Veja o que Amaral disse num trecho da entrevista:
– Há bons e maus congressistas, mas isto acontece porque o Congresso é verdadeiro, representa o povo tal qual ele é.
É. Pode ser.
DE BEM COM A BR
O ministro Paulo Bernardo diz que, realmente, conversou em julho do ano passado com empresários do setor de petróleo. Mas que, no encontro, não falou mal da Petrobras:
– Só se estivesse bêbado.
NO MAIS
O ministro Gilmar Mendes mostrou habilidade manual, ontem, ao ler o relatório no caso do ex-ministro Antonio Palocci.
É que seu celular começou a tocar, enquanto apresentava seus argumentos, e, sem se deixar abalar, Mendes pegou o aparelho, desligou e nem parou de falar. Teve gente que nem percebeu.
LESMA GELADA
A Casa Pinto e a AmBev terão de pagar uma reparação por danos morais a duas consumidoras que teriam encontrado uma lesma em uma garrafa de cerveja, em Cachoeira de Minas (MG), quando já haviam consumido parte da bebida. Cada uma deve receber, R$ 5 mil por decisão da 13ª Câmara Cível do TJ mineiro. Em sua defesa, a AmBev alegou que não poderia ser responsabilizada porque a eventual presença de um corpo estranho no interior de uma garrafa e que seria impossível um produto assim sair de sua linha de produção, devido à sofisticação de seu método de engarrafamento.

FERNANDO GABEIRA

Bola dividida

FOLHA DE SÃO PAULO - 28/08/09

Alguma coisa se mexe na política de drogas da América Latina. O México descriminou o porte de drogas para consumo pessoal. E o México é a grande preocupação dos EUA no momento. Os cartéis deixaram de exportar apenas droga para exportar também o crime organizado.

Logo em seguida, a Argentina descriminou o uso de maconha. A Suprema Corte exortou o governo a combater o tráfico de drogas e, simultaneamente, fazer campanhas que enfraqueçam o consumo.

Os observadores americanos já tinham detectado alguma coisa. Três ex-presidentes, Fernando Henrique, César Gaviria, Ernesto Zedillo, expressaram uma posição por mudanças na política de drogas. A posição deles é ampla, mas o que ficou foi a defesa da descriminação da maconha.

Imagino a dificuldade de processar a última visita de Lula à Bolívia. Dois presidentes usando colar de folha de coca. Não creio que Lula tenha avaliado todo esse contexto, ou que, na verdade, dê alguma importância a esse contexto.

Por influência de Chávez, discutem-se muito as bases americanas na Colômbia. Não se trata apenas de deter as Farc, mas o tráfico que as mantém vivas.

Uma conferência interamericana sobre política de drogas seria mais produtiva do que todo esse carnaval sobre tropa americana. Mas o passado na América Latina é desses que sobrevivem sentados na cadeira do presente.

O debate sobre drogas sempre se baseou na ideia de legalizá-las ou não. Nesse nível de abstração, as pessoas sentem-se como se fossem donas da verdade.

Se o eixo se deslocasse, os defensores das duas teses teriam que se desdobrar para explicar como realizá-las. A repressão é um fracasso. Os defensores da legalização apenas a defendem. Há um longo caminho. Obama tem energia para mais uma bola dividida?

CLÁUDIO HUMBERTO

“O problema é a liderança moral e intelectual desse acordo”
DEPUTADO “PRESIDENCIÁVEL” CIRO GOMES (PSB-CE) SOBRE A ALIANÇA PT-PMDB NO GOVERNO

TESOUREIRO DE LULA TAMBÉM TERÁ BOLSA-DITADURA
Paulo Okamotto, 53, presidente do Sebrae, amigão e ex-tesoureiro do presidente Lula, vai receber uma grana preta (nossa) do Ministério da Justiça a título de indenização como “anistiado político”. Um alívio para quem pagou dívidas de Lula no PT e até R$ 26 mil da filha do presidente, Lurian, sem explicar até hoje exatamente como. Ele entrou com o pedido de anistia em 2003, cinco meses após a posse de Lula.
BINGO! Petista amigo do presidente há mais de trinta anos, Okamotto escapou da quebra de seu sigilo bancário durante a esquecida CPI dos Bingos.
MILAGRE DOS PEIXES
Discreto e modesto, o velho amigo nunca explicou como podia esbanjar generosidade só com seu salário no Sebrae. Salvou-o a anistia.
A VELHA “CAIXINHA”
O ex-petista Paulo de Tarso Venceslau afirmou na CPI que Okamotto recolhia dinheiro de prefeituras para a caixinha do PT. Ele negou.
DELÚBIO FAZ DOCE
Piada da hora em Brasília: o ex-tesoureiro do mensalão Delúbio Soares já pensa em desistir de voltar ao PT, indignado com tanta bandalheira.
TCU DE OLHO EM COMPRA MILIONÁRIA DA INFRAERO
O Tribunal de Contas da União acatou representação de um advogado que pede a investigação da compra, pela Infraero, de 66 “carros de combate a incêndio”. Como sempre, espanta o valor da comprinha: R$ 172 milhões, mais de R$ 20 milhões mais caro que o Airbus de Lula, o Air Force 51. O edital da licitação estaria ferindo o princípio da isonomia e não resguarda a estatal contra o não-cumprimento do contrato.
AEROPORTO 2010
A Câmara dos Deputados abriu licitação para instalar lojas de livros, jornais, papelaria e guloseimas no edifício principal e no anexo.
VISITAS ILUSTRES
O presidente da África do Sul, Jacob Zuma, vem ao Brasil em outubro. No fim de novembro, vem o ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan.
PERGUNTAR NÃO DEMITE
Se mantida no cargo, quando a ex-secretária da Receita Federal Lina Vieira revelaria o “pedido inconcebível” da ministra Dilma Rousseff?
A AGENDA DE DILMA
A agenda pública de Dilma Rousseff registra em 19 de dezembro de 2008 uma reunião do Conselho da Petrobras em Brasília às 9 horas, que acabou às 14h13, momentos antes de a ministra encontrar com Lula.
A “dura” na Petrobras foi uma das razões da queda de Lina, em julho.
CACHIMBO DA PAZ...
Em conversa do presidente do PMDB, Michel Temer, com Joaquim Roriz, surgiu uma proposta de paz: o ex-senador retira o pedido de intervenção no diretório do partido no DF e em troca disputará o governo distrital.
... PARA O PMDB NO DF
Joaquim Roriz também ofereceu apoiar para o Senado o rival deputado Tadeu Filippelli (DF), que disse até aceitar conversar, mas na executiva nacional do PMDB e com todos os deputados do partido.
O ACRE SOU EU
Petista não tem medo de ser feliz: governador do Acre, Binho Marques pagou R$ 6,9 milhões por um helicóptero da Helibrás, da qual é diretor seu chefe Jorge Viana, e pintou nele uma estrela vermelha gigante.
RUA DA ALEGRIA
O ministro Tarso Genro (Justiça) está nas nuvens, com a CPI que apura malfeitorias da governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius. Ele vislumbra uma alegre avenida rumo ao Palácio Piratini.
“MACONDO”
O Maranhão parece o fundo do poço: estão irregulares as contas de nove municípios, a maioria por desvio de verbas federais de Saúde e Educação. Um deles, por ironia do destino, se chama Brejo.
LULA EVITA MARINA
O presidente Lula cancelou a viagem à Dinamarca, em novembro, para a Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, a COP-15. A senadora verde Marina Silva (AC) é uma das estrelas do encontro.
BRAÇOS CRUZADOS
Prefeitos de Pernambuco suspendem o expediente, hoje, em protesto contra os cortes, mês a mês, no Fundo de Participação dos Municípios. A reposição prometida por Lula ficou para o dia de São Nunca.
PENSANDO BEM...
... “aparelho”, na ditadura, era onde alguns futuros petistas se escondiam. Hoje, no governo, é onde trabalham.

PODER SEM PUDOR
NÓ EM PINGO D’ÁGUA
Ex-prefeito de Juazeiro (BA), com fama de ser o político mais esperto da região, Joseph Bandeira fazia campanha para deputado federal, em 1994, quando foi recebido com protestos na casa de uma eleitora:
– Como você tem coragem de me pedir de voto, se me deu um chá de cadeira de quatro horas na prefeitura e não me recebeu?
– Minha amiga, eu não vim lhe pedir voto, eu vim foi lhe pedir desculpa por não poder atendê-la naquela ocasião – safou-se Bandeira.