sábado, agosto 15, 2009

MÍRIAM LEITÃO

O que diz Meirelles

O GLOBO - 15/08/09

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, está com a agenda cheia até outubro. Tem pelo menos umas dez reuniões com economistas e órgãos internacionais em diversas cidades do exterior. "Continuo focado no meu papel de autoridade monetária. Não há possibilidade de eu sacrificar a política monetária para ser candidato", me disse Meirelles.

Um presidente do Banco Central não usa capacete de obra. Por isso, é tão destoante a imagem de Henrique Meirelles, de terno, gravata e capacete, em campanha com o presidente Lula. Não há conciliação dos dois papéis. Meirelles sabe. O que ele garante é que a decisão de ser candidato não foi tomada. A explicação que ele dá é que se houver filiação, haverá possibilidade legal de ser candidato; se não houver, não há. E que é apenas isso que ele está considerando. Deixar uma janela aberta.

- A filiação é condição necessária, mas não suficiente para ser candidato.

Uma campanha não acontece apenas a partir do momento do lançamento oficial da candidatura. Ela é uma costura que envolve articulações, negociações com partidos, formação de chapas. Coisas do mundo da política que são incompatíveis com o mundo da autoridade monetária. Candidatos são vulneráveis aos pedidos dos políticos e das bases, presidentes de banco central não podem ser. Quando disse isso para Meirelles, ele me respondeu que sabe exatamente disso.

Meirelles viaja para Jackson Hole, onde participa de uma tradicional e seletíssima reunião de economistas. Depois, vai para Aspen, para outra reunião de economistas. Volta para o Copom. Vai a Londres, para o Banco de Compensações Internacionais, o BIS; depois, para a França; em seguida, à reunião do G-20; aí será a vez do encontro de Basileia, em nova reunião bimensal do BIS, que discute a solidez do sistema bancário. Segue para Londres para uma palestra para investidores.
- Em Goiás, me disseram que com uma agenda dessas não farei nenhuma articulação a tempo de lançar candidatura, e aí não tornarei nenhuma candidatura viável. Eu disse: paciência! Meu papel é ser presidente do Banco Central e é o que serei - garante ele.

Meirelles me disse que qualquer coisa que ele fizer daqui para a frente, seja uma carreira eleitoral, seja um retorno à economia privada, será decorrente do patrimônio que conseguiu fazendo de forma focada o que tem feito nos últimos sete anos:

- Qualquer coisa que fizer terá como lastro o fato de ter resistido a todas as pressões e ter perseguido de forma persistente a manutenção da estabilidade. Não vou arriscar isso de maneira alguma.

Diante da incredulidade, o presidente do Banco Central responde o seguinte:

- Estou acostumado a dizer coisas que primeiro as pessoas não acreditam, depois passam a desconfiar que possa ser verdade, e depois constatam que eu falava sério.

Em uma conversa que tive com ele meses atrás, Meirelles me disse que enquanto não tivesse certeza de que a economia brasileira estava fora de perigo de contaminação pela crise internacional, ele nem pensaria no assunto de possível volta à atividade política. De fato, permaneceu concentrado pilotando, com sucesso, momentos de turbulência. Houve períodos de perigo, como o das empresas exportadoras alavancadas em dólar num momento em que a moeda americana disparou e o crédito internacional secou. Com perícia, ele desfez o nervosismo e a especulação. Mas agora, ele mesmo avalia que a situação econômica está melhorando sensivelmente, com o país saindo do pior da crise.
- Hoje o risco é menor, a situação econômica está forte e o Brasil tem ótima reputação, mas meu compromisso continua sendo com a estabilidade. Mas se é isso, você pode me perguntar: por que então essa conversa de ser candidato que só traz ruídos?

Ele pergunta e ele mesmo responde com um argumento inesperado. Diz que ele nem considerar a possibilidade de tentar um cargo eletivo no Brasil tem um custo também, até no exterior. Passaria o sinal, na visão dele, de que no Brasil uma pessoa que defenda uma agenda de avanços institucionais, como Banco Central independente, nem pensa em se candidatar porque isso não teria espaço na política brasileira.

- Eu não sou político, participei da vida política por quatro meses. O normal é não participar do processo eleitoral - diz ele.

O que ele não diz é que a articulação para ser candidato a governador de Goiás pode ser infrutífera além de tudo. Como a coalizão que o presidente Lula busca é PT-PMDB, isso significaria que o candidato governista será Iris Rezende. Meirelles tem uma situação delicada nos próximos meses. Se tentar tocar ao mesmo tempo suas funções de autoridade monetária e as de pré-candidato fará uma confusão institucional insustentável. Se não fizer as articulações não viabilizará candidatura alguma. Se ele não se filiar não estará com o pré-requisito indispensável para aproveitar qualquer oportunidade que surgir depois de outubro; se ele se filiar, passará a ideia de que já iniciou a dupla militância. O que sim, ele deve evitar, são novas aparições de capacete de obras, em ambiente de campanha, como a de quinta-feira.

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MERVAL PEREIRA

Ambiguidade perigosa

O GLOBO - 15/08/09

Há poucos dias participei, juntamente com vários outros profissionais de diversas áreas, na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (Eceme), na Praia Vermelha, no Rio, de um almoço temático em que o assunto central era a Comunicação Social. Vários aspectos da questão foram discutidos, e naturalmente sobrou para mim, o único jornalista presente, a pergunta inevitável, já que naqueles dias o governo da Venezuela estava fechando diversas rádios, como já fizera anteriormente com a RCTV, na continuação da perseguição à liberdade de expressão no país. Um oficial me perguntou como eu via a política externa brasileira em relação à América Latina, justamente tendo em vista a tendência autoritária e antidemocrática de governos como o da Venezuela e seus satélites e a cada vez mais clara perseguição à imprensa livre.

Disse, em resumo, o que já escrevi aqui algumas vezes: compreendo a tese da união regional, e entendo a ajuda aos países mais pobres — não quer dizer que aceite a passividade com que o governo brasileiro reage diante da invasão da Petrobras na Bolívia, por exemplo —, mas deveríamos exigir em troca que eles se comportassem dentro dos padrões democráticos.

E o Mercosul tem uma cláusula expressa a favor da democracia que não pode ser esquecida pelo Senado na análise da aceitação da Venezuela no organismo regional.

O senador Eduardo Azeredo, presidente da Comissão de Relações Exteriores, já fez um discurso recentemente criticando o governo venezuelano na sua tentativa de controlar os meios de comunicação.

A cada dia que passa fica mais claro o descomprometimento do governo venezuelano com os valores democráticos.

A intervenção no ensino é a mais recente, e não será a última, prova disso.

No entanto, é cada dia também mais evidente a incoerência da política externa brasileira, muito rigorosa com a Colômbia e leniente com os chamados “bolivarianos”.

A reportagem do último número da revista inglesa “The Economist”, uma das mais respeitáveis do mundo, perguntando “de que lado está o Brasil” e chamando a atenção para o fato de que o país “não pode confundir democratas com autocratas, como Lula parece fazer”, é reflexo dessa ambiguidade.

O caso das chamadas “bases americanas” na Colômbia é típico. Colômbia e EUA estão discutindo um acordo para aumentar a cooperação militar americana para combater os traficantes de drogas e narcoguerrilheiros, mas as bases serão comandadas e operadas por colombianos.

Há uma limitação legal do Congresso Americano para o número de soldados envolvidos na operação, que não pode passar de 800 militares e 600 prestadores civis de serviços. Pelo novo acordo, as tropas americanas estarão em pelo menos sete bases militares colombianas.

O número atual, de 71 militares e 400 civis, certamente será aumentado, mas dentro desse limite legal. Mas Lula, mesmo que tenha atuado para esvaziar o espírito belicoso de Chávez na recente reunião da Unasul, sugeriu “convocar” o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, para se explicar aos sul-americanos.

Expedito Bastos, pesquisador de assuntos militares da Universidade Federal de Juiz de Fora, e que estava presente na reunião da Eceme, acha que as bases americanas na Colômbia não são ameaças ao Brasil, até porque algumas já existem há tempos e fazem parte da ajuda na luta contra o narcotráfico e a guerrilha das Farc, que já dura mais de trinta anos e não foi necessário pedir autorização aos países sul-americanos, quando de sua implantação. “Trata-se de um problema interno de um país”, resume.

Também não encontrei entre os oficiais do Exército com quem conversei preocupação com o assunto que tanto mobiliza o governo brasileiro. Para Expedito Bastos, o investimento americano em ajuda militar “tem sido muito grande e está surtindo efeitos altamente positivos para ambos e, de certa forma, para toda a região”.

Ele lembra que os Estados Unidos não necessitam de bases para efetuar ataques contra alvos em qualquer ponto do planeta. “Detém tecnologia suficiente para isto, basta lembrar os bombardeiros do tipo B-2 invisíveis ou dos antigos B-52 que se encontram ainda operacionais, isto sem falar em aviões espiões que podem voar a grande altitude e os inúmeros satélites militares de que dispõem, além de uma ótima frota naval composta por porta-aviões e submarinos nucleares”.

O curioso, diz ele, é que “quando a Venezuela anunciou que a Rússia seria bem vinda caso precisasse de uma base na região, ninguém reclamou.

Quando dois aviões Tupolev Tu-160 Blackjack, com capacidade de levar armas nucleares, realizou manobras na região, operando a partir daquele país, inclusive voando em águas internacionais ao longo da costa brasileira até o Uruguai, ninguém reclamou”.

O pesquisador prossegue: “Quando o cruzador nuclear ‘Pedro, O Grande’ lá aportou para manobras com a marinha venezuelana, acompanhado do destróier ‘Chabanenko’, e de outros de apoio, ninguém reclamou. Quando se divulgou que armas adquiridas pela Venezuela foram capturadas em mãos de guerrilheiros das Farc, ninguém reclamou. Mas quando os americanos recriaram a IV Frota foi uma reclamação geral, parecia que fora criada para nos intimidar, invadir o nosso pré-sal, uma ameaça à soberania dos países da região, e não para conter o avanço chinês na África”.

O problema, para Expedito Bastos, é que os governos da região “estão agindo por ideologia e parecem não ter percebido as mudanças ocorridas no mundo após o fim da guerra fria e, com atitudes antiamericanas em suas retóricas, querem a todo custo trazer de volta a tensão daquele período para essa região, onde os perigos maiores estão muito mais próximos do que imaginamos e gerados em nosso entorno”.

J. R. GUZZO

REVISTA VEJA
J.R. Guzzo

Do mesmo lado

"Para o que chamavam de ‘direita’ e hoje chamam
de ‘base aliada’, o interesse básico é precisamente
o mesmo – dinheiro"

Dia após dia, nestas últimas semanas, o público vem se admirando com exibições de amor entre gente que deveria se odiar. Por que estariam aos abraços, fazendo elogios radicais uns aos outros, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-presidente Fernando Collor e o atual presidente do Senado, José Sarney? Lula, numa declaração inesquecível, disse que Sarney era "o grande ladrão da Nova República"; contra Collor, ele e o seu partido se jogaram numa guerra de extermínio desde o primeiro dia de seu governo e só sossegaram quase três anos depois, quando o inimigo foi posto para fora da Presidência. Collor, por sua vez, disse que Sarney era um "batedor de carteira" – carteira "da história", em suas palavras, o que não é tão ruim quanto uma carteira de verdade, mas assim mesmo é coisa para lá de pesada. Também afirmou, na sua disputa presidencial contra Lula, que o adversário iria expropriar as casas e apartamentos das pessoas se fosse eleito – isso para não falar da humilhação pública que lhe impôs ao levar para a televisão uma ex-companheira do atual presidente, que o acusou de racismo e de pressão para abortar a filha que acabariam tendo. Sarney se queixa até hoje das 1 200 greves, a maioria comandada pelo PT, que teve ao longo de seu governo, e já descreveu Collor como "um homem profundamente transtornado".

A vida passa, o mundo gira, e eis aí os três, hoje, como os melhores amigos do mundo. Como é que pode? Para o brasileiro comum, que tem pouca paciência, interesse ou respeito por política e políticos, a resposta é curta: é tudo safadeza. Para os analistas que precisam dar explicações de caráter algo mais técnico, esse melado geral é a busca da "governabilidade" – ou seja, a maioria dos homens públicos tem de engolir mais ou menos tudo, ou não se consegue governar o Brasil. A explicação mais realista, porém, provavelmente está no fato de que Lula, Sarney, Collor e o restante de sua tropa querem exatamente a mesma coisa e estão exatamente do mesmo lado; por isso se entendem tão bem. A coisa que querem hoje é a mesma que quiseram sempre: manter de pé o Brasil velho, onde o que importa é o mundo do governo e do Erário, e não o mundo do trabalho e da produção. Para Lula e o PT, este é o Brasil que serve para empregar gente do partido e arredores, financiar ONGs criadas pelos amigos, passar dinheiro público para as suas empresas "terceirizadas", sustentar centrais sindicais que não prestam contas, e por aí se vai. Para o que chamavam de "direita" e hoje chamam de "base aliada", o interesse básico é precisamente o mesmo – dinheiro –, que perseguem na forma de empregos, verbas, fundações, emissoras de rádio e TV, licenças, isenções, anistias e tudo o que conseguem arrancar da máquina estatal. Os dois lados, em suma, não poderiam ser mais parecidos; as empreiteiras de obras públicas, aliás, gostam de ambos. Tudo isso, naturalmente, exige muito imposto para ser pago – de 1º de janeiro de 2009 até o fim da semana passada, mais de 630 bilhões de reais.

É claro que essa liga é feita de material resistente; vive-se muito bem dentro dela. Dá para entender perfeitamente o espírito da coisa quando se considera que Brasília, a sua cidade-guia, não produz uma caixinha de chicletes, mas tem a maior renda per capita do país – mais de 20 000 dólares anuais. Essa renda, naturalmente, se distribui à la brasiliense; uma capita de Taguatinga, com certeza, vale muito menos que uma capita do Lago Sul. Mas o Brasil velho não é mesmo para todo mundo, conforme reza a mais recente doutrina do presidente Lula; é para ser desfrutado em primeiro lugar por pessoas como o senador Sarney, por exemplo, que não pode ser tratado como "um cidadão comum".

Lula diz essas coisas e tem esses amigos porque acha que, com sua popularidade, pode tudo – aliás, como diz o deputado Ciro Gomes, ninguém mais conseguiria defender ao mesmo tempo Sarney, Collor e Renan Calheiros e continuar vivo politicamente. Mas o problema central de Lula pode não estar nos aliados que tem hoje e sim nos aliados, de verdade, que teve em outros tempos. Conforme se noticia, a senadora e ex-ministra Marina Silva, após trinta anos de PT, estaria pronta a mudar de ambiente e lançar sua própria candidatura à Presidência em 2010, batendo de frente com Dilma Rousseff, a candidata que Lula quer ver no seu lugar. Marina pode ter ideias equivocadas; mas não abandonaria nenhuma delas em troca de uma diretoria na Eletrobrás ou de empregos para as sobrinhas. Com gente assim o manual de conduta do Palácio do Planalto não tem como lidar.

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PANORAMA

REVISTA VEJA
Panorama

Holofote


Felipe Patury

Jefferson vai de PSDB

Jose Cruz/ABR


O PTB apoiará o candidato do PSDB à Presidência em 2010, seja ele o governador de São Paulo, José Serra, ou o de Minas Gerais, Aécio Neves. A decisão está tomada. Mas o presidente do partido, Roberto Jefferson, só vai formalizá-la depois que o Palácio do Planalto confirmar a indicação do ministro de Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, para o Tribunal de Contas da União, o que deve ocorrer ainda neste mês. A demora em divulgar a decisão é uma deferência a Múcio, líder da ala do PTB que apoia a candidatura da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. Jefferson e os outros dirigentes da agremiação acreditam que constrangeriam Múcio se aderissem à oposição enquanto seu colega está aboletado no Planalto.

Se é tribunal, está valendo

Sergio Lima/Folha Imagem



A secretária executiva da Casa Civil, Erenice Guerra, jogou a toalha: ela desistiu de disputar com Múcio a vaga que se abrirá no Tribunal de Contas da União. Erenice, agora, sonha com uma cadeira em outra corte: no Superior Tribunal Militar. Além de oficiais das Forças Armadas, cinco civis têm assento lá. Um deles, Flávio Bierrenbach, será obrigado a se aposentar em outubro, quando completa 70 anos, idade-limite para os integrantes do tribunal.

A terra de Lula é Serra

Marcio Nelcimatti/Folha Imagem


Pernambuco é onde o presidente Luiz Inácio Lula da Silva alcança seus maiores índices de aprovação. No estado, sua popularidade beira os 90%. Mas, até agora, Lula não conseguiu transferir seu capital político para a ministra Dilma Rousseff, escolhida por ele para suceder-lhe. Uma pesquisa realizada pelo Ipesp no início deste mês mostra que o tucano José Serra tem em Pernambuco mais que o dobro das intenções de voto da petista: 43% contra 21%. O terceiro colocado é o socialista Ciro Gomes, com 11%. Se Ciro sai do páreo, a situação fica ainda melhor para Serra, que atinge 49%, contra 23% de Dilma. A pesquisa também mostra que o governador Eduardo Campos, do PSB, tem apenas 10 pontos de vantagem em relação ao seu antecessor, Jarbas Vasconcelos, do PMDB, e indica que dois oposicionistas, o tucano Sérgio Guerra e o democrata Marco Maciel, são os favoritos na corrida pelo Senado.

Renúncia coletiva no PT

Fabio Rodrigues Pozzebom/ABR


Não é só o líder da bancada do PT no Senado, Aloizio Mercadante, que ameaça entregar o cargo. Ideli Salvatti (SC) e Delcídio Amaral (MS) disseram a seus correligionários que podem abandonar seus postos no Conselho de Ética do Senado. Nas conversas com os petistas, Ideli e Delcídio disseram que já estão com a carta de renúncia pronta para o caso de serem obrigados a votar na cassação ou na absolvição do presidente da Casa, José Sarney. Ambos não querem comparecer à votação. No próximo ano, Ideli concorrerá ao governo catarinense e Delcídio, a um novo mandato no Senado.

Daniel Augusto Jr/AE


O G4 do futebol paulista

Corinthians, São Paulo, Palmeiras e Santos formarão uma sociedade com vistas a conquistar cotas conjuntas de publicidade. Um dos negócios que poderão fechar juntos é um patrocínio da AmBev, que teme angariar a antipatia de três das grandes torcidas paulistas se ligar sua marca a apenas um clube. A AmBev propõe estampar o escudo dos quatro times em suas latas e em refrigeradores a ser colocados nos estádios em dia de jogo. Se aprovado, o contrato renderá 1,5 milhão de reais para cada time. Santos e São Paulo estão entusiasmados. Por causa de uma rixa com os são-paulinos, o presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, demorou a encampar a ideia. A nova empresa deve se chamar G4, não terá presidente e só tomará decisões por consenso.

EDITORIAL - O ESTADO DE SÃO PAULO

A ameaça que Lula incentiva

O ESTADO DE SÃO PAULO - 15/08/09

Numa das inumeráveis vezes em que se pôs a falar mal da imprensa - que evita ler "porque tenho problema de azia" -, o presidente Lula contrastou o que seria o tratamento injusto a ele dispensado pelas principais publicações brasileiras com o tom amplamente favorável ao desempenho do seu governo nas matérias e comentários sobre o País em muitos dos mais importantes periódicos estrangeiros. De fato, nos anos recentes, não apenas houve um salto na frequência com que o Brasil aparece com destaque nesses jornais e revistas, sobretudo nas páginas econômicas, como ainda é manifesta a sua admiração pelas políticas adotadas por Lula - cujas origens sociais e pregresso radicalismo são invariavelmente lembrados - para respaldar o crescimento e atrair capitais externos.

O presidente, portanto, não terá motivos para acusar de parti pris contra ele o prestigioso semanário britânico The Economist por ter publicado, na edição que começou a circular ontem na Europa e nos Estados Unidos, uma reportagem e um editorial que identificam o inquietante viés chavista da sua política para a América do Sul. "Do lado de quem está o Brasil?", pergunta a revista. Nem Lula correria o risco de acentuar o seu desconforto gástrico se se inteirasse do teor desses textos. Eles o elogiam como um "presidente inspirador", cuja "bonomia e instinto para a conciliação" fazem amigos em toda parte, e por ter barrado a mudança constitucional que o autorizaria a disputar um terceiro mandato consecutivo, "apesar de seus quase sobrenaturais índices de popularidade".

A Economist também aplaude os esforços do brasileiro para amoldar as instituições multilaterais às mudanças no equilíbrio global de poder e registra que, hoje em dia, nenhum encontro internacional, para discutir desde a reforma do sistema financeiro às mudanças climáticas "estará completo sem Lula". Mas - no que não chega a ser uma revelação para os observadores brasileiros - a revista ressalta a perigosa benevolência, quando não a franca simpatia, da diplomacia regional do País em relação a Hugo Chávez. O "gancho", como se diz nas redações, para a abordagem do problema são as investidas do caudilho venezuelano contra o acordo entre a Colômbia e os Estados Unidos para a instalação de três bases militares destinadas a reforçar as defesas do país vizinho no seu combate de décadas contra a guerrilha das Farc e os seus parceiros do narcotráfico.

Nessa crise fabricada por Chávez para encobrir as evidências de seu apoio bélico ao movimento, o Brasil só não agiu pior do que o equatoriano Rafael Correa, que já não mantém relações com Bogotá, ao exigir garantias de que as bases não teriam outros fins. O papel de linha auxiliar do caudilho, desempenhado pelo presidente e o seu chanceler Celso Amorim, ficou ainda mais gritante porque em momento algum eles manifestaram preocupação com a segurança e a estabilidade regionais ameaçadas pelos acordos militares entre Caracas e Moscou. O próprio Chávez diz servirem para "incrementar nossa capacidade operativa". Lula se comporta como se o inimigo da democracia na América do Sul fossem os Estados Unidos, ou a Colômbia, ou mesmo o governo golpista de Honduras - que destituiu o presidente Manuel Zelaya para evitar que ele atrelasse o país ao chavismo.

Além disso, ao endossar tacitamente as políticas liberticidas do venezuelano - não passa dia sem que ele, cumprindo as suas promessas, não aperte o garrote no seu desafortunado país -, Lula desnuda a hipocrisia das suas apregoadas convicções democráticas. A versão soprada pelo Itamaraty de que os agrados brasileiros a Chávez teriam apenas o objetivo de moderar os seus planos hegemônicos na região já foi desacreditada pelos fatos, sem falar nas lições da história sobre a futilidade das tentativas de apaziguar apetites ditatoriais. A tragédia é que nenhum outro país sul-americano tem condições comparáveis às do Brasil para frear as aventuras totalitárias de Chávez e seus aliados bolivarianos. Não se pede, como diz a Economist, que o Brasil aja como xerife da América. Mas é do interesse nacional prevenir uma nova guerra fria entre os vizinhos.

"A maneira de fazê-lo é não confundir democratas com autocratas, como Lula parece pensar", assinala a revista. "É desmoralizar Chávez, demarcando uma clara divisa em favor da democracia - o sistema que permitiu a um pobre torneiro mecânico chegar ao poder e mudar o Brasil."

RUTH DE AQUINO

REVISTA ÉPOCA
Morena Marina, você se pintou
RUTH DE AQUINO
Revista Época
RUTH DE AQUINO
é diretora da sucursal de ÉPOCA no Rio de Janeiro
raquino@edglobo.com.br

Marina, você faça tudo, mas faça o favor. Não mude o discurso da ética, que é só seu. Marina, você já é respeitada com o que Deus lhe deu. O povo se aborreceu, se zangou, e cansou de falar. Lula e Dilma estão de mal com você e não vão perdoar. Mas o eleitor não poderia arranjar outra igual para embaralhar o jogo sonolento da sucessão em 2010. Ao menos num dos turnos, vamos discutir princípios e fins. E principalmente os meios.

Nem em suas orações diárias Maria Osmarina Marina da Silva Vaz de Lima sonharia provocar tanto medo antes mesmo de decidir trocar o PT pelo PV. Nascida no Acre, filha de seringueiros migrantes cearenses, analfabeta até os 16 anos, aprendeu a ler quando trabalhava como empregada doméstica. A mãe tinha morrido. Pelo Mobral, fez em quatro anos o primeiro e o segundo graus. Contraiu cinco malárias, duas hepatites. Formou-se em história. Queria ser freira, mas virou marxista. Hoje é evangélica. Tem quatro filhos. Foi a mais jovem senadora do Brasil, aos 35 anos.

Lula a nomeou ministra do Meio Ambiente. Cinco anos depois, saiu derrotada e desgastada. Ao pedir demissão, citou a Bíblia: “É melhor um filho vivo no colo de outro”. O filho era a política ambiental. Ela tinha brigado com outra mãe cheia de energia, a do PAC.

Católicos como Frei Betto e Leonardo Boff receberam telefonemas de Marina na semana passada. Ela falou de desenvolvimento sustentável, de vida, de humanidade, da terra.

O mais forte cabo eleitoral de Marina, neste agosto, se chama José Sarney – e tudo o que ele representa. O país ficou desgostoso com o presidente do Senado, suas mentiras inflamadas na tribuna, seu sorriso bonzinho de avô da República – e com o apoio incondicional de Lula ao maranhense. O nome Marina, sussurrado, ganhou a força da natureza no olho do furacão em Brasília.

O ex-ministro José Dirceu escreveu que o mandato da senadora “pertence ao PT”. Marina disse que já enfrentou madeireiros, fazendeiros, cangaceiros: “Com certeza o Zé (Dirceu) não fez isso para me intimidar; não faz parte do caráter dele”.

O outro forte cabo eleitoral de Marina é a ministra Dilma Rousseff, pela falta de carisma. Marina não ameaçaria tanto se a ministra do crescimento tivesse conquistado o país ou ao menos seu próprio partido. Não se nega o valor pessoal de Dilma, mas seu nome foi imposto. Lula botou na cabeça que vai eleger seu poste. “Da campanha da Dilma cuido eu”, teria dito a um cacique do PT paulista.

Faça tudo, mas faça um favor: não mude o discurso
ético. Você já é respeitada com o que Deus lhe deu

As baratas todas voaram. Quem tem amigos como o deputado federal Ciro Gomes não precisa de inimigos. Lula chegou a apostar nele para o governo em São Paulo. Mas Ciro quer outros voos: foi o primeiro a dizer que Marina “implode a candidatura de Dilma”... “uma persona política em formação”...“que foi obrigada a defender Sarney”.

Dilma pediu a Marina que ficasse. “Estou triste. Preferia que ela continuasse no PT porque é uma grande lutadora.” Vocês acreditam? A ministra já esqueceu as rixas com a ambientalista que botava areia nas hidrelétricas? Depois, Dilma mudou o tom: “Eu sempre acho que quanto mais mulher melhor”. É mesmo?

Dilma é vista como “a mulher do Lula” – a massa ainda não conseguiu decorar seu nome. Lula ergueu a mão da mãe do PAC nos palanques país afora e disse que o Brasil está preparado para “uma mulher na Presidência”.

Lula só não esperava que uma sombra austera de saias emergisse da floresta. Com seu fundamentalismo, a fé, as convicções, a integridade, a coerência em 30 anos de PT. Sem dedo em riste. É muita ironia. E na mesma semana em que Lula dá uma rádio para o filho de Renan Calheiros, outro senador que “obra e anda” para a opinião pública.

O maior trunfo de Marina não é ser mulher nem petista de raiz ou defensora do verde. Ninguém supõe hoje que ela possa ser eleita presidente sozinha, contra as duas máquinas. Mas sua biografia e as frases recheadas de atitude – “perco o pescoço mas não o juízo” – entusiasmam os desiludidos.

Marina Silva obriga tanto Dilma quanto o tucano José Serra a se perguntar: como combater quem fala, baixo mas firme, a sua própria verdade?

PAINEL DA FOLHA

Padrão sanguessuga

RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO - 15/08/09

Inicialmente restrita às fronteiras de Mato Grosso, a Operação da Polícia Federal batizada de Pacenas, que no início desta semana prendeu 11 pessoas suspeitas de integrar um esquema de fraudes em licitações do PAC, avançará sobre deputados federais do Estado, especialmente do PP.
A investigação também chegou à porta do gabinete do secretário-executivo do Ministério das Cidades, pasta controlada pelo PP. O matogrossense Rodrigo Figueiredo foi responsável por negociar recursos que somam R$ 400 milhões para obras no Estado. ‘Não é exagero dizer, que quando chegar a Brasília, a operação ganhará a dimensão da máfia dos sanguessugas’, afirma um dos envolvidos na apuração do caso.

Dá que é meu - Pela segunda vez, Edison Lobão furou combinado de nenhum ministro dar declarações depois de reunião sobre o pré-sal. O titular de Minas e Energia teme que a colega Dilma Rousseff fique com todos os louros do marco regulatório.

Calendário 1 - Depois de várias idas e vindas, foi marcado para o próximo dia 27 o julgamento em que o STF decidirá se arquiva ou aceita o pedido de abertura de processo criminal contra o ex-ministro Antonio Palocci no caso da violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa.

Calendário 2 - O relator, Gilmar Mendes, fixou essa data mesmo com dois ministros a menos no plenário (Joaquim Barbosa e Carlos Alberto Direito estão de licença). Mas pode revê-la se houver alguma outra ausência.

Já é demais - Depois de levar tudo o que pediu na negociação do pré-sal, o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, ainda tentou fazer a empresa escapar da taxa de assinatura na exploração dos blocos. Teve de ouvir, meio na gozação, meio a sério, que estava querendo demais.

Positivo - A despeito da pressão de familiares, que temem retaliações do Planalto, a ex-secretária da Receita Lina Vieira, que relata ter recebido de Dilma pedido para apressar investigação sobre empresas da família Sarney, confirmou a interlocutores que comparecerá ao depoimento de terça no Senado.

Sem diálogo - Lula já começou a apontar senões na atuação de Marina Silva quando ministra do Meio Ambiente. Em conversa com aliados, disse que várias vezes teve de ‘arbitrar confusões’ da senadora com a equipe.

Para registro - José Agripino (DEM-RN) afirma que foi Renan Calheiros (PMDB-AL) quem pediu para ir à sua casa, na quarta. Ali, ouviu que a bancada do DEM manteria a posição pelo desarquivamento das representações contra José Sarney (PMDB-AP) no Conselho de Ética e a defesa de seu afastamento.

No aquecimento - Aloizio Mercadante (PT-SP) diz que não vai mexer nas duas cadeiras de titular do Conselho de Ética do bloco governista. Enquanto os petistas suplentes não querem votar de jeito nenhum, com medo do efeito que a ajuda a Sarney possa ter sobre suas campanhas em 2010, Renato Casagrande (PSB-ES) já avisou várias vezes que, se escalado, estará pronto para o jogo.

Plataforma - Diante do assédio do PMDB de Orestes Quércia a Dr. Hélio, o PDT resolveu lançar a candidatura do prefeito de Campinas ao governo de São Paulo. A costura foi feita pelo ministro do Trabalho, Carlos Lupi. O evento está marcado para sexta-feira, na sede do partido.

Resistência - Informados, os deputados Cândido Vaccarezza (PT), Aldo Rebelo (PC do B) e Márcio França (PSB) tentaram ponderar que seria bom esperar um pouco mais, dada a indefinição sobre Ciro Gomes. Mas o PDT alega que Ciro quer mesmo estar no tabuleiro presidencial.

Tiroteio

Se tudo o que acharam foi a minha atuação numa CPI de 15 anos atrás, da qual me orgulho, encaro como um atestado de idoneidade.
Do líder do PT no Senado, ALOIZIO MERCADANTE , sobre as ameaças veladas de peemedebistas de ressuscitar histórias referentes à CPI do Orçamento, de 1993.

Contraponto

Lulão & Cidinho

Ao subir anteontem no palanque em Anápolis, onde esteve para visitar obras da ferrovia Norte-Sul, Lula foi saudado de maneira original pelo locutor:
- Presidente Luiz Inácio Lula Brasileiro da Silva!
O convidado de honra aproveitou a deixa:
- Vou mudar de nome de novo para me chamar Luiz Inácio Lula Brasileiro Goiano Anapolino da Silva.
E, dirigindo-se ao governador de Goiás, Alcides Rodrigues (PP), conhecido como Cidinho, continuou:
- Pensando bem, acho que quando eu deixar o governo vou formar uma dupla caipira com o Alcides. E o nosso primeiro show será em Anápolis!

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DIOGO MAINARDI

REVISTA VEJA
Diogo Mainardi

O dízimo do tráfico

"Carlos Magno de Miranda era um dos líderes da Igreja Universal. Ele relatou os detalhes de sua ida a Medellín, para receber dinheiro dos narcotraficantes colombianos. Um mensageiro entregou-lhes 450 000 dólares. As mulheres dos pastores esconderam o dinheiro nas calcinhas"

O pastor Carlos Magno de Miranda, em 1991, acusou a Igreja Universal de ter comprado a Rede Record com dinheiro de narcotraficantes colombianos. Agora, com duas décadas de atraso, o episódio finalmente poderá ser esclarecido. Os mesmos promotores que, na semana passada, denunciaram criminalmente Edir Macedo e outros integrantes da Igreja Universal indagam também a suspeita de que a segunda parcela da compra da Rede Record possa ter sido saldada com recursos do Cartel de Cali. Carlos Magno de Miranda é uma das testemunhas arroladas pelo Ministério Público, e os promotores cogitam pedir a abertura de mais um processo contra os donos da Rede Record.

Carlos Magno de Miranda era um dos líderes da Igreja Universal. Em 1990, ele se desentendeu com Edir Macedo e passou a atacá-lo publicamente. Num dos documentos obtidos pelo Ministério Público, ele relatou os detalhes de sua ida a Medellín, para receber o dinheiro dos narcotraficantes colombianos. Ele teria viajado com os pastores Honorilton Gonçalves e Ricardo Cis, todos acompanhados de suas mulheres. Permaneceram dois dias na cidade. No primeiro dia, aguardaram no hotel. No segundo dia, um mensageiro entregou-lhes uma pasta contendo 450 000 dólares. As mulheres dos pastores esconderam o dinheiro nas calcinhas e, de madrugada, retornaram ao Rio de Janeiro num jato fretado. Segundo Carlos Magno de Miranda, os fatos teriam ocorrido entre 12 e 14 de dezembro de 1989. Os promotores do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) analisaram os registros aeroportuários da Polícia Federal e – epa! – documentaram que, naqueles dias, os pastores da Igreja Universal realmente foram a Medellín, com escala em Manaus.

O Ministério Público, além disso, entrou em contato com autoridades americanas para poder interrogar o narcotraficante colombiano Víctor Patiño, que foi preso em 2002 e extraditado para os Estados Unidos. Seu nome foi associado ao da Igreja Universal em 2005, quando a polícia colombiana descobriu que uma de suas propriedades em Bogotá – uma cobertura de 600 metros quadrados – era ocupada por Maria Hernández Ospina, que alegou ser representante de Edir Macedo. Uma das dificuldades dos promotores do Gaeco é que Edir Macedo tem cidadania americana, dado confirmado oficialmente pelo consulado. O Ministério Público já encaminhou todos os documentos do processo contra Edir Macedo aos Estados Unidos, para que os americanos possam abrir um inquérito próprio.

A Igreja Universal, nos últimos dias, atrelou sua imagem à de Lula. É a mesma estratégia empregada por José Sarney. Um apoia o outro. Um defende o outro. Edir Macedo está com Lula e com Dilma Rousseff. Agora e em 2010. Se a Igreja Universal tem um Diploma do Dizimista, assinado pelo senhor Jesus Cristo, Dilma Rousseff tem um Diploma de Mestrado da Unicamp, supostamente assinado pelo senhor Espírito Santo. O senhor Edir Macedo e o senhor Lula se entendem. Eles sabem capitalizar a fé.

ANCELMO GÓIS

FLA X FLU DO BAFO

O GLOBO - 15/08/09

Renato Gaúcho, o técnico do Fluminense, foi parado numa blitz da Lei Seca, ontem de madrugada, na Barra.
O treinador, já em inferno astral no Campeonato Brasileiro, recusou-se a fazer o teste do bafômetro, foi multado em R$ 957,70 e teve a carteira apreendida. Para piorar, seu carro não estava em dia e foi rebocado.
SEGUNDO TEMPO...
Logo depois, Júnior, o ex-cracaço do Flamengo, foi parado na mesma blitz.
O boa gente também não quis fazer o teste do bafo. Ficou sem carteira, pagará multa igual, mas teve mais sorte, porque seu carro estava em dia e só precisou chamar um amigo para dirigir.
LEÃO APRESSADO
A Rádio Corredor da Esplanada diz que Otacílio Cartaxo não era o nome preferido de Lula para comandar a Receita.
Mas foi efetivado pela necessidade de se preencher logo o cargo neste embate entre Dilma e a ex-leoa Lina Vieira.
A SAGA BRASILEIRA
A coleguinha Míriam Leitão assinou com a Editora Record.
Lançará dois livros em 2010. Um, em janeiro, com uma seleção de suas colunas. Outro, no fim do ano, vai se chamar A Saga Brasileira e mostrará a trajetória do dinheiro no Brasil com histórias de gente comum.
ALÔ, OBAMA?
Lula pretendia ontem telefonar para Obama e conversar sobre Honduras e Colômbia.
Mas... com a ajuda de intérprete, porque, como se sabe, Obama não fala português.
À MODA ZÓZIMO
E a Venezuela, hein? Ameaça estatizar a fábrica de remédios da americana Pfizer.
Aliás, distinto leitor, você aí confiaria num Viagra produzido sob a supervisão de Hugo Encrenca Chávez? Com todo o respeito.
TEMPO QUENTE
O advogado-geral da União, José Antônio Toffoli, e o presidente do Cade, Arthur Badin, trocaram de mal numa reunião, semana passada, em Brasília. O tempo esquentou a ponto de o encontro ter sido encerrado antes da hora.
É QUE...
Badin, como se sabe, vem reclamando da portaria que centralizou nos advogados da AGU as defesas da União no STJ e no STF, e acusou Toffoli de intervir nas agências.
FEBRE DA GRIPE
Os camelôs do Centro do Rio não perdem tempo.
Depois da raquete elétrica, para acabar com o mosquito da dengue, o produto da vez é o termômetro digital.
DE FININHO
O senador Paulo Duque parece já não andar tão destemido em relação à opinião pública como dizia ao assumir o comando do Conselho de Ética. Quinta à tarde, no voo 3029, Brasília-Rio, no qual estavam os deputados Miro Teixeira, Chico Alencar e o prefeito Lindberg Faria, Duque foi o último a embarcar, sentou de fininho na primeira cadeira e foi o primeiro a sair.
DILMA X RECEITA
A grande questão política do País hoje, que pode mudar os rumos da sucessão presidencial e até a quadradura do círculo, é: como vai terminar o balé de versões de Iraneth e Erenice? Aliás, que tal usar um detector de mentiras?
Com todo o respeito.

RUY CASTRO

Caindo na vida


FOLHA DE SÃO PAULO - 15/08/09

Há tempos usei este espaço para falar de um menino de 11 ou 12 anos (“Sem mãe para deletar”, 4/8/2007), vizinho do prédio ao lado, que eu observava pela janela, noite após noite, madrugada adentro, com seu nariz colado à TV de 50 polegadas e ao computador. No texto, eu dizia que nunca vira um adulto no apartamento, mas corrijo: às vezes, aparecia uma senhora de uniforme. E talvez ele fosse um pouco mais velho, com seus 13 ou 14.

Na coluna, eu lamentava que um garoto desperdiçasse sua adolescência carioca queimando noites acoplado a um mouse e dormindo durante o dia. Se ele morasse em Assunção, Genebra ou Filadélfia, seria normal. Mas no Rio, com tantos e constantes apelos da rua, era incompreensível.

Pois tenho o prazer de informar que ele parece ter saído à rua. Pelo menos não o vejo mais. A TV e o computador continuam lá, mas abandonados. O quarto vive agora às escuras, exceto pela senhora de uniforme que, toda noite, ali pelas 11, acende um discreto abajur, talvez para quando ele voltar, sabe-se a que horas. Imagino que, de repente com 15 ou 16 anos, o guri tenha descoberto lazeres e prazeres fora da vida digital.

Imagino-o em ação nas excitantes gafieiras da Lapa ou da Gamboa, flanando pela nova Praça da Bandeira ou azarando em points clássicos da noite carioca, como Santa Teresa, as ruas Dias Ferreira e Farme de Amoedo ou os baixos Gávea e Bernadotte. E posso vê-lo também de manhã cedo, voando de asa delta, parapente e kitesurf, ou atento ao vento sudoeste para tirar a prancha de detrás da porta e enfrentar as ondas do final do Leblon, da Praia da Macumba ou do Arpoador.

Não sei se o garoto está mesmo fazendo tudo isso. Mas tudo indica que se livrou da ditadura virtual e, bronzeado, feliz e saudável, caiu na vida. Na vida real, digo.

CLÁUDIO HUMBERTO

“Isso é tema da oposição, não nos cabe comentar”
EX-GOVERNADOR PAULISTA, GERALDO ALCKMIN, SOBRE A CANDIDATURA DE CIRO GOMES EM SP

TCU BLOQUEOU SÓ OITO DAS 2.378 OBRAS DO PAC
O Tribunal de Contas da União foi injustiçado pelo presidente Lula, que na quinta-feira acusou a fiscalização do TCU de atrapalhar o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O presidente não sabe o que diz. Esta coluna apurou que apenas oito das 2.378 obras do PAC foram “bloqueadas” pelo TCU, e só duas estão paralisadas. A maioria sofre apenas a medida que retém 10% dos pagamentos às construtoras.
SUSPEIÇÃO
Vai durar até o fim das investigações do TCU a retenção de 10% dos pagamentos de obras do PAC sob suspeita de roubalheira.
TCU CAMARADA
O ano de 2008 foi o de maior fiscalização do TCU, considerando o volume de recursos, e o de menor bloqueio de obras federais.
PENSANDO BEM...
... Assim como no futebol o que atrapalha o jogador é a danada da bola, no governo não é o juiz (TCU) que impede “o homem” de trabalhar.
QUARTEL DE ABRANTES
Com o tsunami, tudo indica, transformado em marolinha, os senadores retomaram a velha prática: sumiram na sexta-feira, plenário às moscas.
JOBIM VAI AO SENADO, MAS ESNOBA A CÂMARA
O ministro Nelson Jobim (Defesa) se recusa a comparecer à Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara, dia 19, para falar sobre as compras de equipamentos militares – helicópteros, submarinos e caças – que somam alguns bilhões. Jobim alega falta de espaço na agenda. Mas teve tempo, esta semana, para ir ao Senado falar de um tema relevante para a Defesa Nacional: a reforma política.
NEGÓCIO FECHADO
Nelson Jobim só quer falar sobre compra de helicópteros e submarinos após Lula e Nicolas Sarkozy anunciarem o negócio em 7 de Setembro.
NOTÍCIA VELHA
O Brasil deve comprar 36 aviões caças franceses. Mantida sob sigilo, a decisão brasileira, que antecipamos, foi vazada pelo governo Sarkozy.
SARKOZY SEM ELA
Sarkozy virá no dia 7, mas deixará Lula com cara de “cadê ela?”: Carla Bruni não vem. Outro avião será tema da visita: o caça francês.
EMPRESAS REJEITADAS...
Nenhuma das empresas que se candidataram à licitação para digitalizar os processos do Superior Tribunal de Justiça conseguiu atender aos requisitos do projeto de “virtualização” do órgão.
... POR FALHA TÉCNICA
As empresas que fariam a digitalização dos documentos foram todas rejeitadas após o pente fino da área técnica do STJ. Apesar disso, mais de 100 mil processos já foram digitalizados pelo próprio tribunal.
MOÇA DE RECADO
Primeiro, foi o vazamento do dossiê com gastos do ex-presidente Fernando Henrique, em 2008. A secretária-executiva da Casa Civil, Erenice Guerra, virou o campo de batalha da ministra Dilma.
“COMPANHEIRO” UMA OVA
O governo brasileiro vai enterrar US$ 322 milhões numa rodovia. Não neste País de estradas destruídas, mas na Bolívia de Evo Morales, aquele que surrupiou a refinaria da Petrobras e ficou por isso mesmo.
BALANCÊ DO DÓLAR
Quem quiser comprar dólar na faixa de R$ 1,80, deve aproveitar. Até o fim do ano, com o incremento das viagens ao exterior, o dólar deve subir. Volta a despencar no carnaval, com a invasão de estrangeiros.
NEGÓCIO DE MÃE
A Previdência é uma madrasta para os aposentados, mas uma mãe para os prefeitos inadimplentes com o INSS. Para eles, além de negociar os débitos vencidos perdoando multas, vai conceder um prazo de carência de seis meses para a retomada dos pagamentos.
PESAR DISTANTE
A Câmara Municipal de Caruaru (PE), capital do forró, aprovou um voto de pesar, proposto pelo vereador Alfredo da Modinha, pela morte de Michael Jackson. A família do cantor deve ter ficado emocionada.
NÃO É HORA
A indústria lidera o pedido de adiamento do projeto que reduz a jornada de trabalho de 44 para 40 horas por semana. O projeto está previsto para entrar em discussão na Câmara terça-feira, dia 18.
PENSANDO BEM...
...o Senado precisa contratar bombeiro-hidráulico. Está tudo vazando...

PODER SEM PUDOR
JÁ PARA CAMA!
Pai é pai. Em visita à Câmara, certa vez, o então vice-governador de Pernambuco, Mendonça Filho, o “Mendoncinha”, encontrou o pai, deputado José Mendonça Bezerra (PFL-PE), e teve de ouvir, constrangido:
– Não demore muito, viu, meu filho? Já mandei arrumar sua cama...
E ainda era o início da tarde.

SÁBADO NOS JORNAIS

- Globo: Governo proíbe propaganda de remédios contra a gripe


- Folha: Governo veta propaganda de antigripal


- Estadão: Sarney sabia dos atos secretos, diz ex-diretor


- JB: Metade dos antibióticos é vendida sem receita


- Correio: Nova lei favorece despejo de inquilino