quarta-feira, maio 20, 2009

DIOGO MAINARDI

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Diogo Mainardi

20 de maio de 2009
  

Texto integral
CPI da Petrobras

Eu pedi a CPI da Petrobras. Ela saiu. E saiu, em parte, porque denunciei o acobertamento de um relatório da PF sobre um esquema de fraudes da ANP, envolvendo Victor Martins. O relatório tem outros nomes e outros fatos que precisam ser investigados. Se os membros da CPI quiserem, mando-o imediatamente. Alguém quer?

Nos últimos dias, reli meus artigos sobre a Petrobras. Muitos deles acusam o PT de usar o dinheiro da estatal para bancar seu projeto partidário. O setor em que isso é mais simples de se demonstrar é o da publicidade. Se os senadores se interessarem pelo assunto, basta comparar os gastos em propaganda da Petrobras ao de qualquer outra grande empresa de capital aberto. Já posso adiantar o resultado: a Petrobras beneficiou ostensivamente os apaniguados do petismo na propaganda e na imprensa.

Em 27 de setembro de 2006, quando a IstoÉ publicou aquela reportagem comprada pelos aloprados, eu disse o seguinte:

Os gastos em publicidade da Petrobras competem somente a ela mesma. O presidente manda. O jornalista publica. O contribuinte paga. Mas nunca fica sabendo onde foi parar o tutu. É o esquema perfeito. AIstoÉ foi acusada por seu próprio editor de ter vendido a matéria de capa com os Vedoin. Quem forneceu o dinheiro? Meu conselho é perguntar ao diretor de marketing da Petrobras, Wilson Santarosa. Ele é homem da CUT, como muitos dos que foram pegos em flagrante nessa trama golpista. E é amigo de José Dirceu. Sempre desconfio de quem é da CUT e amigo de José Dirceu. Um dos principais petistas implicados na compra de matéria da IstoÉ foi Hamilton Lacerda. Ele era coordenador da campanha de Aloizio Mercadante. O repórter Ricardo Brandt descobriu que Lacerda "atuou como intermediador de contratos da Petrobras com órgãos de imprensa".

Dois meses depois, voltei ao tema:

Quando a IstoÉ publicou a entrevista com o chefe dos sanguessugas, sugeri que ela poderia ser recompensada com anúncios da Petrobras. Ninguém deu bola para o assunto. Na ocasião, indiquei o nome dos intermediários: Hamilton Lacerda, assessor de Aloizio Mercadante, e Wilson Santarosa, diretor de marketing da Petrobras. Agora a CPI dos Sanguessugas revelou que os dois trocaram dezenas de telefonemas no período de negociação do dossiê contra os tucanos. Na última quarta-feira, encontrei mais um dado comprometedor para a Petrobras. Analisando os telefonemas de Hamilton Lacerda, em poder da CPI, descobri que ele recebeu chamadas do celular de Dudu Godoy. Dudu Godoy é um dos sócios da Quê, a agência de propaganda que atende a Petrobras. Dudu Godoy fez carreira em Campinas, assim como Wilson Santarosa, que presidiu o sindicato dos petroleiros local. Em 1998, ele foi um dos marqueteiros da campanha de Lula. De maio a setembro de 2006, a IstoÉ veiculou 58 páginas de anúncios da Petrobras. Pelos dados do Ibope Monitor, foram 2,6 milhões de reais investidos pela estatal na revista. Carta Capital lucrou ainda mais, proporcionalmente à sua tiragem. Foram 789.000 reais.

Qual foi o senador que mais trabalhou para afundar a CPI da Petrobras? Ele mesmo: Aloizio Mercadante. Eu tenho muitos dados sobre os gastos em propaganda da Petrobras. Alguém quer?

BRASÍLIA - DF

Às ruas!

Denise Rothemburg
Correio Braziliense - 20/05/2009
 

Detentor do dom de falar diretamente à população, o presidente Lula vai colocar essa habilidade em teste no que se refere à CPI da Petrobras. Enquanto seus líderes tentam dominar a comissão no Senado indicando presidente e relator, o PT vai revirar o baú do governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2003) para deflagrar a guerra retórica e fazer ecoar nas ruas o discurso de que há um desejo inconfesso de privatizar a estatal por trás da insistência dos tucanos em investigá-la. Dois episódios já estão na boca dos petistas: 

1) A abertura de capital da Petrobras, em 1997, quando o barril do petróleo estava cotado em US$ 11 e as ações da empresa foram despejadas no mercado a preços modestos; 

2) A malograda tentativa de mudar o nome para PetroBrax sob pretexto de que seria melhor para internacionalizar a empresa. 

***
Para repisar esses tópicos, Lula terá a ajuda dos petroleiros que preparam manifestações em várias capitais em defesa da empresa. A primeira está prevista para esta quinta-feira no Rio de Janeiro. A ideia é acuar a oposição com a ajuda das voz das ruas. Se o governo conseguir, será a estreia de manifestações de sindicatos contra uma CPI. Mais uma para a coleção “nunca antes neste país…”


Geraldo, o candidato

Em São Paulo, há quem assegure que já está fechado um acordo para fazer de Geraldo Alckmin o candidato do PSDB ao governo de São Paulo. Foi a maneira que José Serra encontrou de garantir a fidelidade de Alckmin à sua pré-campanha para assegurar a candidatura à Presidência da República pelo partido. 

Meus comerciais, por favor

A proximidade das eleições virou um problemão para os líderes que vão escolher os nomes para compor o colegiado da CPI da Petrobras. No PMDB, por exemplo, onde 19 senadores vão concorrer às eleições do ano que vem, quase todos querem participar e, assim, garantir os 15 minutos de fama para exibir no horário eleitoral gratuito de 2010. 

Cada um no seu quadrado

Um dos poucos que já avisou ao líder Renan Calheiros (PMDB-AL) que não deseja compor a CPI foi o senador Lobão Filho (PMDB-MA). É que a Petrobras sempre se considerou independente do Ministério de Minas e Energia, assim como a Agência Nacional do Petróleo (ANP). E, se não há vinculação para o bem, que não haja para o mal. 

Oásis

Empenhado em transformar sua pasta em fonte de noticiário positivo em meio à crise, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, anuncia hoje recorde no pagamento de abono salarial. Entre junho de 2008 e abril passado, foram desembolsados R$ 14 bilhões a trabalhadores inscritos no PIS/PASEP. 

O “cara” de Lula

Com os efeitos colaterais do tratamento a que se submete a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, o chefe de gabinete da Presidência da República, Gilberto Carvalho, sairá novamente da toca, assim como fez nos tempos da crise do mensalão. Ele irá falar em nome do presidente no que se refere à CPI da Petrobras. 

No cafezinho
 
 
 

É nós na fita!/ O secretário nacional de Direitos Humanos, Paulo Vannucchi (foto), caminhava pela Câmara ontem quando avistou o deputado Devanir Ribeiro (PT-SP), que conversava com uma emissora de TV no Salão Verde. Também defensor da re-reeleição do presidente Lula, Vannucchi não se fez de rogado e interrompeu a entrevista do companheiro: “E aí, Devanir, é terceiro mandato?!”. 

Moção/ O deputado José Fernando Aparecido (PV-MG) entrega hoje uma moção de apoio a Márcio Barbosa na direção da Unesco. Coincidentemente, o egípcio que o Itamaraty defende chega ao Brasil para uma reunião de ministros da Cultura. 

Voo cego/ Na viagem de Belo Horizonte a Brasília em voo da Gol, tucanos, petistas e peemedebistas mineiros trocavam projeções sobre 2010 no estado. “Veja bem, o Aécio, candidato a presidente, o Hélio Costa, o Fernando Pimentel, o Patrus Ananias…”. Sentados nas proximidades da turma dos grandes, o deputado Lincoln Portela (PR) virou-se para o colega Júlio Delgado: “E nós?”, perguntou. “É, pelo visto, estamos fora dessa conversinha.” 

Cadê?/ Na porta da Presidência do Senado, duas caixas de papelão enormes aguardam desde ontem doações para as vítimas das enchentes no Maranhão, terra do presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP). Até o fim da tarde de ontem, não tinha sequer um quilo de arroz depositado ali

CELSO MING

Defesa da concorrência? Onde?


O Estado de S. Paulo - 20/05/2009
 
Concentração de empresas, como a fusão entre a Perdigão, do empresário Nildemar Secches, e a Sadia, do ex-ministro Luiz Furlan, que acaba de ser anunciada, levanta questões sobre oligopolização ou criação de situações em que a concorrência fica aparentemente prejudicada.

A fusão criará uma gigante com tendências à cartelização, mesmo se levado em conta que a maioria dos produtos oferecidos pelas duas empresas em separado tem ou pode vir a ter concorrência interna e externa.

Mas sabe-se desde 2006, quando da primeira tentativa de casamento, que essa operação levaria a forte concentração no mercado interno de segmentos importantes do setor de alimentos, como o de massas congeladas (cerca de 95%) e de presuntos (mais de 60%).

Há dias os produtores integrados de aves e de suínos do Sul do País, por exemplo, reclamam de que esse fato novo os está deixando à mercê de uma gigante que lhes imporá preços e condições de fornecimento. Enfim, estão reclamando do surgimento de um monopsônio (comprador único).

O processo de concentração dos capitais ainda parece estar no início no Brasil. Daqui para a frente vamos assistir à intensificação dos eventos de fusão no setor produtivo e esse movimento exige reformulação do que seja excesso de concentração de poder econômico e de cerceamento da livre concorrência, o que tende a impedir que a lei da oferta e da procura produza seus efeitos.

Para examinar se há ou não essas distorções é preciso entender de que mercado se trata. E esse parece ser o maior problema. Hoje, qualquer empresa que pretenda obter um mínimo de condições de expansão não pode deixar-se conter pelas fronteiras do mercado nacional.

Os dirigentes da nova empresa não estão só garantindo a sobrevivência num ambiente interno difícil, de carga tributária alta demais, juros escorchantes e câmbio adverso. Estão tentando juntar energias para assegurar posições no mercado internacional. Para isso têm de ganhar escala de produção, estimular sinergias, unificar escritórios de representação no Brasil e no exterior, racionalizar logísticas, investir em tecnologia de ponta e obter densidade em patrimônio, capital de giro e capacidade de levantar recursos.

No currículo do Cade, organismo nacional de defesa da concorrência, há três casos que servem de parâmetro. A fusão Anakol-Colgate, em 1996; o caso AmBev (fusão Brahma com Antarctica) em 2000; e a incorporação da Garoto pela Nestlé, em 2002.

São casos que se circunscreveram aos limites do mercado interno. No da Anakol-Colgate, o Cade pediu a suspensão da marca Kolynos de maneira a impedir distorções, providência que, na prática, acabou sendo inútil porque os produtores criaram a marca Sorriso, que ocupou o lugar.

Nesses e em outros episódios, o critério supremo a prevalecer é o interesse público. E o interesse público do País parece apontar para a necessidade de que as empresas brasileiras concentrem eficiências para a conquista do mercado externo. 

Isso significa que os organismos de defesa da concorrência têm, também, de olhar além do seu âmbito específico. Não podem ficar presos a padrões do passado, mesmo que isso signifique certo prejuízo para a concorrência interna. 



Confira

Jogo virado - Em 2006, era a Sadia que pretendia comprar a Perdigão. Por falta de acordo, o negócio não saiu. Agora, foi a Perdigão que acabou incorporando a Sadia. Vai ter na nova empresa, a Brasil Foods, 62% de participação. A Sadia terá apenas 38%. 

Entre 2006 e 2009 aconteceu o rombo de quase R$ 4 bilhões que os administradores da Sadia abriram no patrimônio da empresa, em consequência de operações desastrosas no mercado de derivativos de câmbio.

Por aí se vê o potencial destrutivo do jogo financeiro moderno mal conduzido.

ROSÂNGELA BITTAR

O risco de os pés entrarem pelas mão


Valor Econômico - 20/05/2009
 

Esta é uma fase em que tudo parece dar errado e, sem uma liderança incontestável, forte o suficiente para ter ascendência sobre diferentes facções do partido, não há clareza sobre como será o futuro político próximo e de que maneira chegará lá o PT. O que um partido como este pode fazer nesta circunstância, é uma incógnita, até para a cúpula. Tem demais a perder, e não parece disposto a esperar sentado por um comandante, alguém que possa levá-lo ao porto seguro da manutenção do poder. Pode sair, e parece que já está, atirando para todos os lados. Pode explorar polos que vão do terceiro mandato para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao vale tudo para desorganizar o recentemente aprumado adversário. Nada lhe assegura certezas nem o fim em bom termo.

Não se trata de um momento semelhante ao que o PT viveu no mensalão, quando seus principais políticos em posição estratégica, no controle do poder nacional, inclusive aquele que o presidiu durante anos até levá-lo à Presidência da República, recolheram-se, abatidos em suas posições de evidência. À época ainda tinha muito tempo para reequilibrar-se, e conseguiu.

Agora é diferente. O PT está no poder, ocupa a máquina pública - há uma estimativa de que estejam com o partido, na veia, 80 mil cargos -, tem as rédeas dos principais instrumentos de governo, como os fundos de pensão, por exemplo, e como já detinha postos de comando em muitas áreas estratégicas da administração federal mesmo antes de assumir a Presidência da República, nada autoriza a conclusão de que tudo perderá se por acaso ficar fora dela por quatro anos. Ao contrário, todos os partidos têm consciência de que se há algo impossível na alternância de poder, hoje, será desalojar o PT do aparelho.

O medo, porém, cresce com a eclosão de novos riscos, leva a situações agudas, como o nervosismo que assoma o partido neste momento e, por sua vez, leva à troca dos pés pelas mãos.

O partido vem mesmo passando por alguns abalos. A doença da ministra Dilma Rousseff, chefe da Casa Civil e candidata declarada do presidente Lula a sucedê-lo, é o mais forte. Demorou o PT a absorver a indicação mas, uma vez que a aceitou, tomou como sua, preparou agendas estratégicas e passou a ver possibilidade real de êxito da candidatura. Agora, precisou adaptar-se ao aparente revés da doença.

Por mais que saiba que dentro de dois anos a saúde da ministra pode estar cem porcento, os retrocessos da candidatura neste momento desequilibraram o partido. Saiu às cegas para uma guerra particular com o PMDB nos Estados, onde tem e até onde não tem as melhores chances; dilacerou-se para arquivar o pedido de reintegração do executivo do mensalão aos quadros partidários; apavorou-se com a CPI da Petrobras; antecipou, mesmo com o discurso inverso, a volta do debate sobre o terceiro mandato consecutivo para o presidente Lula, algo esperado apenas para o segundo semestre de 2009; e, diante de um acerto preliminar na principal seara adversária, uma trégua com adiamento da disputa da candidatura presidencial do PSDB, atiçou novamente os contendores, a partir de uma estratégia do núcleo petista de Minas, um dos que mais sofrem com a situação política sufocante.

Da alta cúpula do PSDB, aos dois candidatos principais do partido à presidência e seus representantes mais credenciados, esclareceram à exaustão, durante 48 horas a partir do último fim de semana, a natureza das duas conversas entre José Serra e Aécio Neves, potenciais candidatos do partido à sucessão de Lula, para formulação de uma estratégia comum de ação nos próximos meses. Combinaram que ambos continuam pré-candidatos a presidente e devem participar juntos de eventos partidários pelo país até o segundo semestre, quando será feita nova avaliação do quadro político. Se não for possível evitar as prévias, vão realizá-la entre dezembro deste ano e fevereiro de 2010. E ficou claro que a chapa puro sangue, para os dois pré-candidatos, será a pior solução. Serra teria melhores chances na candidatura à reeleição, se perder a indicação da prévia, e Aécio mais perspectivas ficando quatro anos como senador. Até o ex-presidente Fernando Henrique, entusiasta da chapa puro sangue, deixou o projeto em banho-maria desde março último, quando a lançou, diante das reações contrários dos protagonistas.

As explicações não foram eloquentes o bastante para evitar o balão da chapa pura levantado pelos adversários, inflado a partir do acordo existente para um que não vingou ainda. Ponto para o PT, com grande efeito sobre o PSDB que, historicamente, se sai mal nestas situações. Está claro o desinteresse do partido no governo pelo que foi combinado nas hostes adversárias, mas é um tiroteio sem comando, de alvo ainda não muito definido, enquanto tenta arrumar a própria casa e encontrar caminhos.

Colhido pela CPI da Petrobras, o PT foi obrigado também a baixar, mesmo que temporariamente, as armas que começara a manejar na disputa com o PMDB pelo lançamento das candidaturas nos Estados. Este assunto foi o mais delicado da reunião do diretório nacional realizada em Brasília, há uma semana, e de tão polêmico, depois de um mapeamento preliminar, acabou nas mãos de um grupo de trabalho, que vai estudar caso por caso, estado por estado e quiçá município por município. O PT não é de abrir mão de candidatura, ao contrário, mas acha que o PMDB extrapola nos ataques que faz aos cargos do governo, às diretorias de estatais, ao direto às candidaturas. Resolveu, então, dar uma "esfriada" no partido, por ironia no momento em que surgia a nova imposição, a CPI da Petrobras, empreitada que exigirá muito da aliança partidária..

O presidente Lula evita queimar seu braço direito Gilberto Carvalho e adia a definição do novo comando do PT. A hesitação piora a instabilidade do partido e a sensação de fluidez da sua perspectiva política. Existem, claro, lideranças ainda na ativa que viram, na última reunião do diretório, em Brasília, maturidade e equilibrio nas poucas decisões tomadas. Estes políticos concordam, no entanto, que ato contínuo voltou a sensação de vertigem.

PANORAMA POLÍTICO

PMDB fortalecido

Ilimar Franco
O Globo - 20/05/2009
 

A criação da CPI da Petrobras no Senado, pela oposição, acabou por fortalecer o PMDB junto ao presidente Lula. Maior partido no Senado, o governo vai precisar do PMDB para reduzir os danos eleitorais da investigação. Ontem, o líder do PT, Aloizio Mercadante (PT), procurou pela primeira vez, desde as eleições para a presidência do Senado, o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL). O PMDB vai pedir alto, e o governo vai entregar. 

Um termômetro para a reforma política 

Os defensores da reforma política levaram um susto com pesquisa feita pelo líder do PP, Mário Negromonte (BA). Foram ouvidos 41 deputados pepistas. O voto em lista tem o apoio de apenas três deputados, e 32 são contra. O financiamento público teve 11 apoios e 24 manifestações contrárias. O projeto de fidelidade partidária teria apenas um voto no PP, sendo que 33 são contra. A maioria, 29, é favorável à proposta do deputado Flávio Dino (PCdoB-MA) de criação de uma janela para a troca de partido. Os ficha-sujas, mesmo condenados em primeira instância, não devem ficar inelegíveis de acordo com a opinião de 36 dos 41 pesquisados. 

Vamos trabalhar com equilíbrio. A oposição não vai politizar nem emocionalizar a CPI" - José Agripino, líder do DEM no Senado (RN), sobre a CPI da Petrobras 

É HISTÓRIA. O ex-presidente Fernando Henrique reagiu ao ministro Paulo Bernardo, que acusou o PSDB de querer privatizar a Petrobras por causa da criação da CPI. FH divulgou nota lembrando que, em carta ao Senado, manifestou-se contrário à privatização da Petrobras. A carta (de 9/8/95) foi exigida pelos então senadores do PMDB Jader Barbalho (PA), líder, e Ronaldo Cunha Lima (PB), relator da emenda constitucional que flexibilizou o monopólio estatal da exploração do petróleo. 

Lei Seca 

A Polícia Rodoviária Federal e o Ministério Público querem endurecer a legislação que proíbe o consumo de bebidas pelos motoristas. Pedem que uma nova lei obrigue quem se recusar a assoprar o bafômetro a fazer exame de sangue. 

Uma briga de gato e rato 

Mobilização ontem para votar na CCJ da Câmara projeto de referendo sobre mudança do fuso horário no Acre. O objetivo é derrotar o senador Tião Viana (PT), autor da proposta que reduziu o fuso do estado de duas para uma hora em relação a Brasília, para atender à classificação indicativa de TV do Ministério da Justiça. A proposta da consulta é do deputado Flaviano Melo (PMDB), que vai concorrer ao governo contra Viana. Se aprovado, o referendo vai para a cédula eleitoral de 2010. 

Quinhão perdido 

O presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Arthur Nuzman, tem feito lobby no Congresso para evitar a perda de 30% do que recebe da Lei Agnelo-Piva, o que representaria entre R$20 milhões e R$24 milhões a menos por ano. O relator das alterações da Lei Pelé, deputado José Rocha (PR-BA), destinou essa fatia aos clubes formadores de atletas olímpicos, como Flamengo, Pinheiros e Minas. Como isso foi aprovado na comissão, Nuzman só pode mudar no plenário. 

REPRESENTANTES de grandes bancos e empreiteiras brasileiras, que têm negócios com a Petrobras, estão ligando para senadores de oposição por causa da CPI. 

INTEGRANTES do segundo escalão do governo Lula tentam articular a criação de uma nova Telebrás. A estatal seria criada com o único objetivo de atender estatais e bancos públicos. 

OS TUCANOS ironizavam ontem as alegações do governo de que uma CPI poderia prejudicar os negócios da Petrobras. Citaram o acordo de investimento de US$10 bilhões assinado na China. 

Os petroleiros 

A Federação dos Petroleiros, a CUT e a CTB realizam amanhã, no Rio, a primeira de uma série de manifestações em defesa da Petrobras. A convocação diz: "Não vamos deixar o PSDB paralisar a maior empresa da América Latina!".

TOSTÃO

Time dos não convocados

JORNAL DO BRASIL - 20/05/09

E xiste na imprensa, muito menos entre os torcedores, uma grande expectativa para a convocação da Seleção Brasileira, que vai jogar contra Uruguai, Paraguai e na Copa das Confederações. Quem serão os substitutos de Doni, contundido, e de Adriano? Podem ser chamados três goleiros.

A cada semana, surgem pedidos para a convocação de um novo jogador. Até Richarlyson já foi reclamado e chamado. Dá até para formar um time dos que têm sido recentemente pedidos: Bruno ou Felipe ou Fábio ou Victor; Leonardo Moura, André Dias, Réver e André Santos ou Juan; Pierre, Hernanes, Ramires e Ibson ou Zé Elias ou Diego Souza; Ronaldo e Keirrison ou Nilmar. Há outros. É uma boa equipe, mas prefiro a de Dunga com poucas mudanças.

No ataque, Nilmar é o mais cotado. Antes, era Keirrison e Ronaldo. Amanhã, será outro. Mas, como a Seleção joga com apenas um atacante mais fixo, não seria prioritário ter dois reservas para Luís Fabiano (Pato e Nilmar ou outro).

Grafite, artilheiro do Campeonato Alemão, é outro citado. Ele é uma opção diferente, já que poderia ser reserva de Luís Fabiano ou atuar pela direita, com Robinho pela esquerda e mais um centroavante.

Existem no Brasil muitos jogadores que jogam menos que parecem. Grafite, desde a época do Goiás, joga muito mais que parece. Quando atua mal, que é raro, é chamado de grosso. Outros, quando brilham, que é raro, são chamados de craques.

Há no Brasil melhores goleiros que Doni e que todos os outros que atuam na Europa, com exceção de Júlio César.

Fora Rogério Ceni, contundido, e Marcos, goleiro de todas as torcidas, gosto mais de Fábio e de Victor. Um pouco mais de Fábio, talvez porque o veja jogar mais vezes.

A imprensa fala muito mais de Bruno e de Felipe. É a força do Flamengo, do Corinthians e do futebol de Rio e São Paulo. Não deveria ser assim, mas é até compreensível, já que os jornalistas assistem e discutem muito mais sobre jogadores desses estados. Os programas esportivos nacionais são feitos no Rio e em São Paulo.

Por outro lado, alguns comentaristas, para dizer que são imparciais, que acompanham de perto tudo que acontece no Brasil (e não apenas os melhores momentos dos jogos) e para fazer média com os outros estados, exageram nos elogios a jogadores, técnicos e times fora de Rio e São Paulo.

Goleiro de Seleção precisa ter muito mais que virtudes técnicas, como tinham Félix, Gilmar, Taffarel e Marcos, campeões do mundo em 58, 62, 70, 94 e 2002. Por seus comportamentos dentro e fora de campo, morreria de medo se visse goleiros como Bruno e Fábio Costa atuando pelo Brasil em uma Copa.

O maior goleiro que vi jogar em clube foi Manga. Em 66, ele era o melhor do Brasil, já que Gilmar estava em final de carreira. Nos treinos antes da Copa, Manga fechava o gol. Ele dizia que era muito superior a Gilmar e que não seria titular só porque era menos famoso. Contra Portugal, na Copa, Manga foi avisado que ia jogar. Entrou em pânico. Passou a dizer que iam colocar "Manguinha" em uma fria. Manga jogou e engoliu um histórico frango.

MERVAL PEREIRA

Coalizão defensiva


O Globo - 20/05/2009
 

A conjugação da incerteza quanto à viabilidade física da candidatura da ministra Dilma Rousseff à sucessão de Lula em 2010 com o descontentamento latente na base peemedebista com as recentes medidas moralizadoras na Infraero, que levaram de roldão um punhado de apadrinhados de gente importante do partido, faz com que o governo permaneça patinando em seu último ano político antes da campanha eleitoral, apesar de toda a popularidade do presidente Lula. O PMDB, uma máquina partidária formidável, tem hoje as maiores bancadas da Câmara e do Senado, a presidência das duas Casas, o maior número de governadores. Mas, na definição do ministro da Defesa, o peemedebista Nelson Jobim, é "uma grande confederação de partidos regionais em dissolução". 

Só se une para ocupar os espaços da máquina pública que lhe garantem sempre a hegemonia política, seja qual for o governo. A definição, aceita por todos, de que nenhum presidente consegue governar sem o PMDB faz com que o partido cresça permanentemente seu preço de adesão, e se torne o fiel da balança em situações delicadas como a de agora, com a instalação da CPI da Petrobras. 

Dos 11 membros da comissão, oito serão da base governista, o que dá uma margem de segurança teórica bastante boa ao governo. Mas, dos oito governistas, três são do PMDB, ou seja, não são de ninguém. Têm o poder de fazer a maioria se trocarem de lado, o que já aconteceu na famosa CPI dos Bingos, que acabou causando a desgraça política do então todo-poderoso ministro da Fazenda, Antonio Palocci. 

A incerteza sobre a saúde da ministra Dilma Rousseff aumenta ainda mais a fluidez do comportamento do PMDB, que já começa a se movimentar em duas direções: um dos seus já anuncia uma emenda para permitir a Lula a disputa do terceiro mandato consecutivo, enquanto outros já se aproximam do PSDB. 

Fiel a seu destino, também aí o PMDB se divide entre os governadores José Serra e Aécio Neves. A cada sinal de que o tratamento da ministra-candidata pode ser mais complicado do que o previsto oficialmente, mais nos bastidores se movimentam aqueles que estão acostumados ao poder. 

O poder do PMDB cresceu no segundo mandato do presidente Lula, quando ele, num gesto ousado, decidiu incorporar ao governo os dois lados do partido, manobra nunca antes tentada neste país, por absurda ou impossível. 

Mostrou-se possível, embora continue absurda, já que a lealdade de políticos assim cooptados é individual, não partidária, e está ligada diretamente à persona política criada pelo presidente Lula.

Sem ele, nenhum compromisso resiste, e as brigas com o PT se acirram. Entre as muitas camadas tectônicas que vão se acomodando nessas disputas, às vezes causando grandes terremotos, está o controle da maioria do Senado. 

Ao mesmo tempo em que depende de uma ampla coligação com o PMDB para dar base de sustentação à candidatura de Dilma, o PT quer ampliar sua bancada no Senado para não depender mais do PMDB. 

Com essa salada partidária difícil de engolir e a tentativa de fazer uma reforma eleitoral de "meia-sola" para funcionar já na eleição de 2010, fica claro que o futuro governo, seja ele quem for, precisará montar sua própria base partidária em novas formas. 

O sonho de fazer um grande partido de apoio ao governo, com a ampliação da base do partido governamental, sempre esteve na cabeça dos tucanos desde a primeiro gestão de Fernando Henrique. 

O PSDB, no entanto, nunca foi um partido organizado, e a morte de Sérgio Motta, sua grande força mobilizadora, impediu que se aproveitassem os oito anos de governo para estruturar um partido realmente nacional. Hoje, em sete estados o PSDB não tem um deputado federal que o represente. 

Para governar, o PSDB teve que cooptar parcelas do PMDB e se unir a outros pequenos partidos, mas o PFL, que era então um grande partido e com influência no Nordeste, dava ao governo um sustentáculo que o atual DEM não poderá dar. 

Já o PT, com uma organização partidária das mais fortes, tentou montar sua base parlamentar cooptando literalmente todos os pequenos partidos e a totalidade do PMDB, o que, se por um lado dá ao governo Lula teoricamente a maior base de apoio que um presidente já teve, por outro lado o obriga a barganhas praticamente intermináveis. 

Foi assim que nasceu o mensalão, e é assim que a banda toca até hoje, com a divisão da máquina estatal entre os partidos da base governista. 

Os três maiores partidos do país sofrem de problemas distintos: o PSDB tem lideranças individuais e não tem máquina partidária; o PT tem uma máquina partidária azeitada, mas carece de líderes nacionais, que não cresceram à sombra de Lula; e o PMDB é uma máquina partidária fragmentada, com lideranças regionais. 

Nunca o PMDB teve tanto poder, e nunca um governo teve tão pouca margem de manobra legislativa, governando a golpes de medidas provisórias. 

Como no caso da Petrobras, que tem mais indicados por peemedebistas do que por petistas, sem contar, é claro, com os sindicalistas, que aí o PT é imbatível. 

É uma "coalizão defensiva", não para permitir ao governo avanços administrativos, mas para evitar que seja incomodado pela oposição. E mesmo assim a tática falha de vez em quando, como agora na CPI da Petrobras. 

Ultrapassada essa primeira etapa da reforma política, provavelmente sem que se consiga aprovar o voto em lista fechada já para a eleição de 2010 - e mesmo que essa reforma "fatiada" seja aprovada -, ficará para o próximo governo levar o novo Congresso a fazer uma reforma política profunda, que deveria ter como base uma reorganização partidária.

CLÓVIS ROSSI

O silêncio dos nada inocentes

FOLHA DE SÃO PAULO - 20/05/09

SÃO PAULO - Michael Martin, o "speaker" (presidente) da Câmara dos Comuns britânica, anunciou ontem que entrega o cargo na quinta-feira, a primeira renúncia de um "speaker" desde 1695.
Martin não resistiu à pressão da opinião pública, indignada com um escândalo de gastos dos honoráveis MPs (Membros do Parlamento) que é bastante semelhante ao escândalo do momento nestes tristes trópicos: suas excelências usam dinheiro público para, por exemplo, reformar piscinas ou quadras de tênis em suas segundas casas (a primeira, logicamente, é a de Londres, sede do Parlamento).
Enfim, trambicagens iguais às nossas -e legais, embora indecentes, como as nossas.
O que muda é a consequência. Alguém aí ouviu Michel Temer ou José Sarney falarem em renúncia ante a catarata de escândalos que afeta ambas as Casas do Congresso? Ou, ao contrário, ficam ambos quietinhos, na moita, esperando a onda passar, na certeza de que a tal de opinião pública esquece logo ou está (sempre foi) acomodada demais?
Já os ingleses reagiram de diferentes maneiras. Houve quem atirasse um tijolo nas vidraças do escritório de um MP. Não recomendo, não só porque sou pacifista como porque, aqui, o congressista cobraria do Tesouro o conserto.
Outro eleitor mandou flores em formato de libra esterlina para o representante eleito por seu distrito.
Enfim, o público tira o bumbum da cadeira e vai à luta. O Parlamentar não consegue se lixar para a opinião pública, porque ela não é apenas virtual, como no Brasil.
Tanto não consegue que o primeiro-ministro, Gordon Brown, já está anunciando mudanças nas regras do jogo, com a criação de um organismo regulador independente para vigiar os gastos. E vocês, queridos Temer e Sarney, vão continuar se escondendo?

A OPOSIÇÃO EXERCEU O SEU PAPEL

EDITORIAL

O ESTADO DE SÃO PAULO - 20/05/09

O governo em peso saiu a campo para acusar o PSDB de crime de lesa-pátria pela iniciativa de criar no Senado uma CPI com a finalidade de investigar sete presumíveis ilícitos da Petrobrás. Não bastou o presidente Lula dizer que o ato do PSDB era irresponsável e pouco patriótico, quando a indústria do petróleo vive "um momento de ouro", o governo se prepara para definir o novo marco regulatório para o setor e o País depende de maciços investimentos estrangeiros para a exploração do pré-sal. (Lula também insinuou que a CPI foi inventada para desviar as atenções dos escândalos no Congresso Nacional, o que simplesmente não tem pé nem cabeça porque as denúncias envolvem indistintamente governistas e oposicionistas.)

Por ordem do presidente, antes de partir para uma viagem à Arábia Saudita, China e Turquia, um coro grego de ministros entrou em cena na segunda-feira para profetizar que a CPI será o fim do mundo e atribuir ao PSDB as mais diabólicas intenções. O titular de Minas e Energia, Edison Lobão, por exemplo, se referiu à comissão como "coisa de extrema violência", que poderá causar "grande estrépito" no exterior, com prejuízos para a empresa e o País. Como seria de esperar, o seu colega do Trabalho, Carlos Lupi, foi ainda mais rombudo. "Abrir CPI contra a Petrobrás", delirou, "é abrir CPI contra o Brasil."

Mas ninguém foi tão longe como o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, na tentativa de execrar o PSDB perante a opinião pública. Habitualmente ponderado, ele se permitiu a puerilidade de afirmar que o intento oculto do partido é "desmoralizar" a Petrobrás para privatizá-la - o que, antes de mais nada, pressupõe que os tucanos elegerão o sucessor de Lula.

Não há uma gota de seriedade nesse palavreado. Nem a Petrobrás pode estar acima das leis e do escrutínio parlamentar, nem a iniciativa da oposição é ilegítima, nem o inquérito derrubará a empresa da posição que ocupa na indústria energética global, nem, por fim, os potenciais investidores no pré-sal desistirão do empreendimento em decorrência de algo corriqueiro nas democracias, como a oposição exercer o seu papel de fiscalizar os negócios públicos. Ou terá o governo motivos para temer revelações escabrosas sobre os subterrâneos da megaestatal?

De mais a mais, há o que investigar. Dois dos itens que compõem o rol de "fatos determinados" necessários à abertura de uma CPI foram já detectados pelo Tribunal de Contas da União: possíveis irregularidades nos contratos de construção de plataformas para a exploração de petróleo e indícios de superfaturamento na construção da Refinaria Abreu Lima. Outros dois foram apontados pela Polícia Federal: na Operação Águas Profundas, indícios de fraudes em licitações para a reforma de plataformas; na Operação Royalties, denúncias de desvios em repasses de comissões pagas a municípios pelo petróleo extraído. O Ministério Público Federal, por sua vez, apura suspeitas de fraudes em pagamentos e indenizações da Agência Nacional do Petróleo a usineiros. Os pontos restantes dizem respeito aos artifícios contábeis, mediante os quais a Petrobrás deixou de pagar R$ 4,3 bilhões em impostos, e à malversação de verbas para patrocínios culturais da estatal.

A questão de fundo, como sempre, é no que poderá dar essa CPI. Embora o PMDB não tenha propriamente se esfalfado para barrar o seu surgimento, o Planalto sabe que pode contar com o partido - pagando o devido pedágio, naturalmente - para manter a investigação sob rédea curta. Traduzindo a correlação de forças no Senado, dos 11 membros titulares da comissão, 8 integram a base aliada (3 peemedebistas, 3 representantes do chamado bloco de apoio, 1 petebista e 1 pedetista). Além disso, o Planalto quer que os aliados se apropriem dos postos-chave da CPI, a presidência e a relatoria. Pode o líder tucano Artur Virgílio queixar-se o quanto queira da mão pesada do governo, mas decerto ele não ignorava que o aparelhamento da CPI seria a alternativa natural para o lulismo depois de perdida a batalha da sua criação.

Raras são as CPIs no Brasil que produzem consequências substantivas. A regra é darem em nada - ou em menos do que nada, quando contraproducentes. Além de invectivar o PSDB, é para isso que o governo se mobiliza.

MÓNICA BÉRGAMO

FLOR NO AGRESTE

FOLHA DE SÃO PAULO - 20/05/09

Fotos Mastrangelo Reino/Folha imagem

FLOR NO AGRESTE
A atriz Tainá Müller prestigia a pré-estreia do documentário "Garapa" no Cine Bombril

Isabeli nas garras do Leão

A top model Isabeli Fontana foi autuada pela Receita Federal em R$ 6,5 milhões por sonegação de impostos, valor que inclui juros e multa.

ENCONTRO DE CONTAS
O advogado da top, Eric de Carvalho Ferreira, diz que não houve sonegação, mas "deficiência de informação". "Isabeli recebe a maior parte de seus rendimentos nos EUA. Os tratados de compensação de impostos entre países permitem que ela não pague novamente aqui o que já pagou lá", diz Ferreira, que recorrerá da autuação. Se, depois da compensação, ainda for apurada uma dívida, ela pagará, diz o advogado.

BULA
Chamado ontem pela manhã para examinar Dilma Rousseff, o médico Milberto Scaff, professor titular de neurologia clínica da USP, receitou à ministra gabapentina, que serve também para aliviar a dor causada por neuropatia periférica (em linguagem leiga, inflamação dos nervos periféricos), eventual responsável pela dor que ela teve nas pernas. Uma das maiores autoridades do país na área, Scaff descartou qualquer repercussão neurológica séria da quimioterapia na paciente.

PRIMEIRO TIME
As dores da ministra mobilizaram boa parte da elite da medicina de SP.


Além de Scaff, o infectologista David Uip foi chamado na madrugada pelos médicos que cuidam de Dilma (o cardiologista Roberto Kalil, o oncologista Paulo Hoff e a hematologista Yana Novis) para descartar a hipótese de infecção.

LONGO ALCANCE
O Ibope coloca em campo no fim do mês pesquisa para testar ao menos cinco possíveis candidatos do presidente Lula à sucessão. Além de Dilma, serão apresentados ao eleitor os nomes de Jaques Wagner, Tarso Genro, Patrus Ananias e Fernando Haddad como candidatos "do PT apoiado pelo presidente Lula" contra José Serra, "candidato do PSDB".

EM BREVE
A governadora Roseana Sarney, do Maranhão, chega a São Paulo no próximo dia 27. De acordo com o senador José Sarney, ela será operada na segunda semana de junho pelo neurocirurgião Evandro de Oliveira para a retirada do aneurisma que descobriu há alguns meses. Sarney, que acompanhará a filha, diz que o aneurisma já cresceu dois milímetros depois de ter sido detectado.

MARTELO
O colecionador Heitor Martins enviou ontem a Julio Landmann, conselheiro da Bienal, projeto para assumir a presidência da instituição. "Ele aceitou oficialmente o nosso convite", diz Landmann.

O documento, com algumas solicitações (como a de um período de transição de 60 dias entre a atual e a futura gestão), será submetido ao conselho da Bienal ainda neste mês.

FESTA ABERTA 
O Masp vai ficar aberto até as 20 horas na quinta-feira, com entrada gratuita, como parte dos eventos da Semana Nacional de Museus 2009, organizada pelo Ministério da Cultura.

MULHER GUITARRA 
A cantora Rita Lee assina o texto de apresentação do novo disco de Erasmo Carlos, "Rock'n'Roll". Ela escreve que o Tremendão é a prova de que o rock "não é coisa para maricas" e que, "entre mulheres melancias, samambaias, melões e jacas, só Erasmo para proclamar aos quatro ventos que a mulher é uma guitarra".

Em retribuição, o novo álbum de Rita, "Multishow ao Vivo", terá a apresentação escrita pelo cantor.


COPO RASTREADO
O Club A, que só aceitará sócios por meio de indicação de seus "embaixadores", gastou cerca de US$ 150 mil em 15 mesas "multitouch screen". Elas serão capazes de ler sensores nas taças, identificando seus donos e o conteúdo do copo. Na hora de pagar a conta, mostrarão as imagens do que foi consumido e permitirão que os usuários arrastem cada item para seus respectivos cartões de crédito, previamente cadastrados e que também aparecerão na tela.

com ADRIANA KÜCHLERDIÓGENES CAMPANHA e LEANDRO NOMURA

GOSTOSA


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VINÍCIUS TORRES FREIRE

O gene estatal da grande empresa

FOLHA DE SÃO PAULO - 20/05/09


Afora múltis, maiores exportadoras são estatais ou tiveram mãozinha do Estado, como deve ter a Brasil Foods


A LISTA DAS maiores empresas exportadoras do Brasil revela muito do que foi e ainda é a formação e a propriedade do grande capital no país. As três líderes na exportação são ou foram estatais, criadas pelo Estado quando não havia investimento privado em seus setores: Petrobras, Vale e Embraer (se algumas dessas empresas vieram a se tornar monopolistas ineficientes, ou quase isso, é outra história). Outras quatro das maiores exportadoras de 2008 são processadoras e "tradings" de commodities agrícolas (soja e outros grãos, álcool, açúcar, laranja, algodão). Trata-se de múltis como Bunge (4º lugar), ADM (5º), Cargill (8º) e Louis Dreyfus (13º), que tiveram a perspicácia, digamos, de investir nos frutos da produtiva agricultura tropical brasileira, outra iniciativa em grande parte tocada pelo Estado. Isto é, trata-se da pesquisa da Embrapa, da universidade e outros institutos públicos.
Sadia e Perdigão, ora fundidas ou algo assim, ocupavam respectivamente o 6º e o 11º lugar nesse ranking. A Sadia foi uma iniciativa privada "tout court", a princípio obra do pequeno empreendedorismo. A Perdigão, mais ou menos, mas mais adiante tornou-se paraestatal, digamos, de posse de fundos de pensão de estatais. 
Agora, o BNDES admite oficialmente o segredo de polichinelo de que vai comprar ações da futura nova empresa. O banco estatal vai assumir, pois, o papel de sócio que vai capitalizar a nova companhia, que começa abalada pela dívida deixada pelos desastrosos prejuízos da Sadia com aventuras cambiais.
Deixem-se de lado, por ora, a conveniência e a oportunidade da eventual participação do BNDES na Brasil Foods. Interessa aqui notar mais um caso da participação do Estado na criação, nas fusões e na ascensão de várias empresas "top" do país.
A maior produtora de carnes do mundo, a JBS-Friboi (21º do ranking), é tão grande devido em parte ao auxílio financeiro de seu sócio BNDES. O banco estatal é ainda sócio do frigorífico (e empresas de alimento) Bertin (26º). O BNDES também deu o "maior apoio" à compra da Aracruz (27º) pela Votorantim (sócia do banco estatal), parte de um grupo também prejudicado pelos derivativos cambiais catastróficos.
A Braskem (23º), petroquímica da Odebrecht, é sócia da Petrobras. A Suzano (22º) tem participação de um fundo de pensão paraestatal (Previ). Há outros "cases" de origens estatais. A ArcellorMittal (com empresas no 12º e 25º lugar) era a estatal Companhia Siderúrgica de Tubarão. A Alunorte (18º), foi um projeto da ditadura, da então estatal Vale com os japoneses (ainda é da Vale e sócios). A Samarco (8º), mineradora de ferro, é da Vale e da BHP.
Entre as outras 30 maiores exportadoras, que fizeram 43% do valor das exportações do país no ano passado, a maioria é de multinacionais (cinco montadoras de veículos, a Shell, a Motorola e a Caterpillar).
Certamente a capacidade empresarial privada transformou dinossauros estatais em empresas de ponta. Outras empresas da lista acima, muitas delas familiares, foram socorridas pelo Estado quando tropeçaram ou precisaram crescer. Mas, examinando o ranking da exportação, veem-se genes estatais em quase todos os pedigrees da grande empresa nacional -e até no das múltis.

NELSON DE SÁ - TODA MÍDIA

China na mira

FOLHA DE SÃO PAULO - 20/05/09

Na manchete da Folha Online e depois do UOL, "Mercados chinês e americano na mira da Brasil Foods". No portal e depois no "Jornal Nacional", a descrição dos "presidentes", dizendo ser "a terceira maior exportadora do país".
Segundo enunciado na 
home do UOL, foi "compra da Sadia pela Perdigão". Já na manchete da Reuters Brasil, "Perdigão assume Sadia". E do Valor Online, "incorporação da Sadia". Brasil Foods é o novo nome da "antiga Perdigão".
A novidade maior, ao menos para o 
Valor Online, é "a provável participação do BNDES".



EM UM MÊS

"Financial Times" destacou à noite, dos acordos em Pequim, que a "China concordou em levantar a restrição à importação de frango brasileiro e em permitir a entrada de mais carne bovina, estimulando ainda mais a parceria em rápido crescimento".
Ainda sem confirmação, a medida já era festejada pelos "presidentes" da Brasil Foods, na cobertura. E na 
Folha Online o ministro da Agricultura anunciou "o primeiro embarque para a China em um mês".
"Já em relação à carne suína, não foi desta vez."



chinadaily.com.cn


globaltimes.cn


cctv.com


POR TODO LADO
Lula e Hu Jintao no alto das páginas iniciais do 
"China Daily" e do"Global Times" e na CCTV -à qual concedeu duas entrevistas, a última à noite, ao "Jornal Nacional de lá", segundo o blog Radar 

"CORTA, CORTA, CORTA"

Em destaque nas buscas, a 
Bloomberg noticiou que "China e Brasil estudam conduzir o comércio em yuans e reais". O "Telegraph" deu sob o título "O dólar ainda é todo-poderoso, por enquanto". Ecoou na"BusinessWeek" como "só o sinal mais recente de que os emergentes estão prontos para desafiar o câmbio".
E o 
"FT" postou o texto "Chop, chop, chop the dollar", dizendo que a ameaça "torna a visita do secretário Tim Geithner a Pequim, dia 30, bastante interessante".

GISELE & CHE
Dizendo que o "Brasil é monstruoso, uma potência autossuficiente", o site de finanças 
Seeking Alpha citou que Gisele Bündchen foi a primeira a falar contra o dólar -e ironizou como a China, após Che Guevara, se tornou o mais "novo aliado contra o Ocidente" por aqui.

REAL & PESO
O site do 
"WSJ" destacou de São Paulo, em meio à visita de Lula a Pequim, que Brasil e Argentina registraram "um salto no uso do Sistema de Pagamento em Moeda Local, apesar da queda no comércio entre os dois". O sistema nasceu em setembro, para substituir o dólar.



PETROBRAS LÁ

"Wall Street Journal" deu que a "Gigante brasileira do petróleo sela acordo na China", sobre os US$ 10 bi de crédito, mas sem ceder "contratos lucrativos de petróleo, como se esperava" e como publicou o "WSJ".
Foi a notícia do dia nas buscas de Yahoo News e Google News, tarde e noite, via agências 
France PresseXinhuaBloomberg. Por aqui, só foi destaque na estatal Agência Brasil e na BBC Brasil.

PETROBRAS CÁ
Destaque de Folha Online e demais, 
à tarde, "PT quer mobilizar público contra a investigação" da Petrobras. À noite, ministro "nega que governo articule "tropa de choque" na CPI da Petrobras". E por aí vai a cobertura.

SINOPEC VEM AÍ
Em curto despacho da 
Bloomberg, ontem, o diretor da Administração Nacional de Energia da China disse em Pequim que a Sinopec "vai assinar acordo com o Brasil para explorar dois blocos de petróleo no país".

bbc.co.uk

CHERY VEM AÍ
BBC Brasil deu que "a maior montadora chinesa confirmou a fábrica no Brasil para produzir até 150 mil veículos/ano" do modelo A3. Estuda Rio, SP, Minas ou Ceará