quarta-feira, abril 01, 2009

PARA...HIHIHI

Vaselina

Um homem com cara de brabo entra numa farmácia e vai logo pedindo: - Eu quero um pote de vaselina.

O farmacêutico vai ao depósito, traz um frasco e entrega ao cliente. O cara abre o pote, cheira, sente a textura e reclama: - Mas que porcaria é essa? Essa vaselina é fedorenta e muito seca! Você não tem uma vaselina de melhor qualidade, não?

O farmacêutico retorna ao depósito e volta com outra marca de vaselina na mão, dizendo: -Essa aqui é um pouco mais cara, mas é da boa!

O cara faz o mesmo ritual: abre o pote, cheira, sente a textura e ainda reclama: -Essa aqui é muito pouco oleosa, eu quero a melhor vaselina que você tiver, entendeu? É para comer um cú, ouviu?

O farmacêutico volta ao depósito e traz uma nova embalagem: - Essa é a melhor que existe! Só que vou avisando, prepare o bolso, pois essa custa R$120,00 o pote. É importada da Inglaterra!

O cara bate a mão no balcão e grita: - Foda-se o preço! Eu pedi uma vaselina de primeira linha!

O homem cheira o pote, experimenta a viscosidade com os dedos e aprova. -Agora sim… Essa cheira bem. E olha essa textura, ótima, vou levar!

Ele paga os R$ 120,00 e se manda todo sorridente. Um velhinho que esperava sua vez de ser atendido e assistiu à discussão entre os dois, diz, sem pestanejar: -Alguém vai comer este cara hoje…

O farmacêutico retruca: - Que é isso meu senhor, o homem com aquela cara de mau? Ele quer é impressionar algum mulherão!

O velho, mostrando, toda sua experiência adquirida ao longo dos anos, rebate com um tom de filósofo: - Não, meu filho, ninguém toma tanto cuidado assim com o cu dos outros.

INFORME JB

Brasília órfã do animador de festa

Leandro Mazzini
Jornal do Brasil - 01/04/2009
 

O deputado federal Homero Barbosa Neto (PDT) (foto), eleito no domingo prefeito de Londrina (PR) em eleições suplementares com 54% dos votos, pode ter a primeira dor de cabeça depois da posse, 3 de maio, com a Justiça. O novo alcaide é indiciado no inquérito (2.652) no Supremo Tribunal Federal por peculato, na esteira da Operação Gafanhoto, deflagrada há cinco anos. Os investigados eram deputados e ex-deputados estaduais que, supostamente, teriam se apropriado de salários de servidores da Assembleia Legislativa. Agora, como prefeito, Barbosa Neto perde o foro privilegiado do STF. O inquérito será enviado ao Tribunal de Justiça estadual. Ex-radialista e jovem extrovertido, Barbosa Neto fazia a festa de colegas em churrascos em Brasília como imitador e contador de piadas.

Com o nosso Papito

No festival de gastanças que a coluna revela de vez em quando, esse do BNDES lidera o ranking. Mesmo com o corpo jurídico próprio e podendo valer-se da Advocacia Geral da União, o bancão contratou a empresa Mayer Brown por 4.500 euros, por seis meses, para a "emissão de parecer jurídico (legal opinion) sobre a exequibilidade de garantia, à luz do direito francês".

O presidente da Câmara, deputado Michel Temer (PMDB-SP), 68 anos, será pai de novo, de um menino. Quem lembrou foi João Dória Jr., em evento em São Paulo na segunda, em que deixou o homem vermelho ao ser indagado sobre a "a fórmula" do sucesso.

PAC da bola

Os clubes paraenses Remo e Paysandu ganharam um presentão do governo do Pará. Assinaram com o Banpará o patrocínio para o ano. Coisa de R$ 1,5 milhão para cada um.

Voando baixo

Comenta-se na turma do leasing aéreo que Xande Negrão – piloto de stock car, dono de equipe e de laboratório – está com dificuldades para pagar as prestações de dois jatinhos, um Learjet e um Challenger.

Adeus, quepe

O general Wellington Fonseca vai para a reserva. Ele foi o segundo homem forte no gabinete de Segurança Institucional no primeiro governo do presidente Lula. Mas ficou pouco tempo.

Adeus, quepe 2

Quando o nomearam general, foi ele muito homenageado por ser o primeiro negro alçado ao oficialato de general no país, algo incomum no Brasil.

Conta aberta

O Ceará foi autorizado a contratar operação de crédito externo, com garantia da União, com o Banco Interamericano de Desenvolvimento, no valor de até US$ 41 milhões. O dinheiro será usado na informatização da Secretaria da Fazenda.

Herança

O sonho dessa informatização era bandeira do ex-governador Tasso Jereissati, há anos, quando levantou voz para comemorar o fato de que foi ele o primeiro a obrigar as empresas a pagarem impostos.

Efeito Cesar Maia

Tiago Sombra, procurador do estado de São Paulo, criou o blog Procuradores da Cidadania. Segundo ele, o projeto destina-se a "aproximar o povo e os procuradores e advogados do estado". É só não esquecer dos processos.

Sr. Maciel

O senador Marco Maciel (DEM-PE) toma posse hoje à noite como presidente da Associação dos Cavaleiros da Ordem de Malta. O evento será na Embaixada da Ordem de Malta, em Brasília.

Sr. Dornelles

E, na política, quem é rei... continua rei. O veterano senador Francisco Dornelles (RJ), ex-deputado e ex-ministro, será reconduzido à presidência do Partido Progressista.

Sr. Lysâneas

A Assembleia Legislativa do Rio presta homenagem hoje à memória de um dos fundadores do MDB, o ex-deputado Lysâneas Maciel, que peitou a ditadura como poucos.

DORA KRAMER

Confraria do pau oco

O ESTADO DE S. PAULO - 01/04/09


De uma prática absolutamente usual, confessa, aceita e disseminada ao ponto de servir de justificativa para se instituir o financiamento público de campanhas eleitorais, o uso do caixa 2 nas doações aos partidos políticos passou, nos últimos dias, a ser algo nunca visto, jamais cometido, rechaçado e, quando muito, adotado de forma muito restrita.

Todos os partidos e políticos até agora citados no âmbito da Operação Castelo de Areia, que investiga entre outros crimes repasses "não contabilizados" da construtora Camargo Corrêa, alegaram que as transações quando, e se, ocorreram, estavam dentro dos conformes da legislação.

Alguns já apresentaram comprovantes, outros juram que o farão em breve, manifestando a indignação dos justos. Como se o uso do caixa 2 fosse a exceção e não a regra.

Um excelente serviço prestado pela Polícia Federal aos santos do pau oco que agitam seus recibos comprobatórios da face legal da relação de financiamento de partidos, certos de que da face ilegal a polícia não achará rastros. A expressão delubiana já diz, não são contabilizados, deles não há registro. Sem digital identificada ou confissão oficializada, vale o que pode ser escrito.

A PF alega ter baseado sua investigação na "suposição" de que os diálogos gravados entre funcionários da construtora e intermediários de partidos faziam referências a doações ilegais, notadamente por causa das expressões "por dentro" e "por fora" registradas nas transcrições.

Se for só esse o tipo de indício, é lamentável, mas a PF politizou a operação. Saem cheios de razão aqueles que desde o início denunciaram o "viés" político, apontando como evidência a exclusão do PT da lista dos receptores de doações.

Diz a polícia que PT, PTB e PV ficaram de fora porque as conversas não revelaram sinais suficientes de que esses partidos poderiam ter recebido dinheiro "por fora". Pois bem, e os outros cujos nomes foram incluídos e divulgados e que comprovaram a legalidade das doações? As referências, ao que se conhece do inquérito, eram também inconsistentes.

Tanto eram que a defesa da Camargo Corrêa, o ex-ministro Márcio Thomaz Bastos à frente, será toda baseada na apresentação de comprovantes dos repasses cotejados com a transcrição dos telefonemas.

A equipe de Thomaz Bastos está recolhendo os recibos, lendo o inquérito para tentar estabelecer a ligação entre as conversas e os documentos. "Vamos mostrar que as referências feitas nos telefonemas são todas relativas a atos perfeitamente legais", diz o advogado.

Se as coisas assim transcorrerem realmente, ficará o dito pelo não dito, os inocentes misturados aos culpados e a Polícia Federal, até prova em contrário, servindo como fiadora à candura contábil dos partidos.

Síndrome de diretoria

Aberto o nicho da proliferação de diretorias na administração pública, por ora já se descobriu que a criação de instâncias artificiais de comando para melhorar proventos e status de apaniguados é adotada no Senado, no Palácio do Planalto, na Assembleia Legislativa de São Paulo, na Câmara Municipal da cidade do Rio de Janeiro.

A adoção dessa modalidade de empreguismo é típica da noção de que dinheiro público não tem dono.

Na iniciativa privada alguém ocupa uma diretoria por promoção resultante do mérito profissional. Há critérios, pois são em menor número os funcionários que têm maiores responsabilidades e, por isso, ganham mais.

No setor público ocorre o oposto: primeiro criam-se as diretorias e depois se distribuem os cargos em função da necessidade, e não necessariamente da capacidade, de cada um dos favorecidos. O conceito de mérito é estilizado: a cada qual segundo suas melhores relações políticas, pessoais e, no limite, comerciais.

Melhor parte

No anúncio do pacote de habitação Lula deixou a regra clara: "Não quero ninguém me cobrando prazo."

Quer dizer, firmado o compromisso com o lançamento do projeto, carimbara a autoria e, garantido o bônus político decorrente, tudo o mais que se refira à promessa de construção de 1 milhão de casas populares - vale dizer, execução e conclusão do projeto - está fora da alçada do presidente.

Se algum dia for concluído, terá sido obra de Lula. Se ficar aquém do prometido ou não passar da fase das boas intenções, a responsabilidade será do governante da vez.

É mais ou menos a lógica aplicada à política econômica: enquanto o mundo cresceu e favoreceu o Brasil, a bonança interna era uma realização do homem que veio de baixo e fez o que "nunca antes neste país" havia sido feito. Quando a canoa virou, inverteu-se a relação de causa e efeito e espetou-se a conta nas costas da "gente branca e olhos azuis".

PARA...HIHIHI

FANHA

A fanha foi ao baile e lá conheceu um cara. Conversa vai, conversa vem, foram para um motel. Lá chegando, iniciaram as preliminares e ela disse, com toda sua dificuldade de articulação: 
- Vohê habe, eu hosto de apanhar um houco an-hes de huder. Enhão, Bahe um pouhinho na miha bun-ha? 
O cara responde: 
- Claro, eu te dou umas palmadas nessa sua bundinha gostosa... Foi tapa, dois, três... 
E a fanha diz: 
- Bahe mais fohe, Fiha a Huta! 
Ele bateu mais forte. 
De novo: 
- Bahe mais fohe!! Fiha a Huta! 
E o tapa foi maior. 
- Cahaio, bahe mais fohe!!! Fiha a Huta, Bahe mais fohe!!! 
E o cara achou estranho, mas usou toda sua força para um baita tapão no traseiro da fanha e não satisfeito pegou sua sandália Rider, tamanho 44, embaixo da cama e sapecou no traseiro da fanha com toda força que 
até rasgou a Rider. Aí, a mulher levanta cambaleando, pega um pedaço de papel e uma caneta de sua bolsa e escreve: 
"Seu imbecil... Bate, mas fode!! Filho da puta!!!"
 

BRASÍLIA - DF

Poupança intacta

Correio Braziliense - 01/04/2009
 

A intenção do governo de mudar a forma de remuneração da poupança está na geladeira. Pelo menos, por enquanto, a ordem é manter tudo como está. Até porque do presidente em exercício, José Alencar, passando pelos partidos aliados, ninguém concorda com a ideia da alteração. Consideram que traria mais desgaste do que vantagem para o governo. “Se for para mexer, será para quem vier a poupar. Não para quem já está aplicando suas economias na poupança. Não é justo penalizar quem já está poupando com base nos rendimentos atuais”, afirmou o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), que tem acompanhado esse tema de perto dentro do Poder Executivo. 

***
A base aliada sabe que as dificuldades são grandes e não quer saber de mais marolas, além das que terá que enfrentar por causa dos cortes no Orçamento e da queda na arrecadação. Já chega os prefeitos na porta pedindo a recomposição do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Se a eles se somarem aqueles que aplicam na poupança, será muito barulho e o governo corre o risco de perder nas duas frentes.


Corre Lobão, corre! 

O presidente da Comissão de Minas e Energia da Câmara, Bernardo Ariston (PMDB-RJ), tem um objetivo claro ao propor uma subcomissão para estudar o marco regulatório do pré-sal: se o governo enrolar muito, a ideia que ele expôs aos deputados é fazer tudo pelo Congresso, para que a proposta governamental vire um apêndice no que for discutido no Legislativo. O líder do PSB, Rodrigo Rollemberg (DF), já percebeu e ontem enviou um documento ao ministro Edison Lobão pedindo a criação da estatal para cuidar da exploração de petróleo na camada pré-sal. 

Apoio fraterno 

O vereador goiano Carlos Soares aproveitou uma cerimônia de filiação do PT em Goiânia, na segunda-feira, para colher assinaturas de apoio à readmissão de seu irmão e ex-tesoureiro petista, Delúbio Soares, aos quadros do partido. Entre os neopetistas, estava o ex-prefeito de Goiânia Darci Accorsi, readmitido pela legenda. Accorsi foi preso há três anos pela Polícia Federal acusado de fraudar uma licitação na época em que esteve à frente da Indústria Química do Estado de Goiás (Iquego). 

8 ou 80

Os tucanos içaram a bandeira branca na disputa com o DEM pela liderança da minoria no Congresso. Mas, em vez de apoiar o partido aliado, querem que os democratas também desistam do posto. O argumento é o de que a criação de uma estrutura para a liderança dentro do Senado forneceria mais munição às denúncias contra os gastos da Casa. 

Tom & Jerry 

É bom os amigos do líder do PSDB, José Aníbal, não mencionarem o fato de o deputado Paulo Renato Souza deixar o mandato para assumir a Secretaria de Educação de São Paulo. É que José Aníbal, que continuou na liderança do partido como uma vitrine para concorrer ao Senado pelo PSDB paulista, sabe que Paulo Renato, como secretário, poderá se credenciar para fazer o mesmo. Moral da história: os dois que disputaram a liderança partidária vão continuar brigando pela vaga de candidato a senador. 

No cafezinho...
Daniel Ferreira/CB/D.A Press -14/2/09
 
 

Nem vem! 
O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (foto), não gostou da história de o presidente Lula jogar a responsabilidade da crise sobre a turma de olhos azuis. Desde a semana passada, ele ouve piadinhas dos amigos e responde logo: “Eu não tenho nada a ver com a crise!” 

Primeiro de abril! 
O PSDB vai aproveitar o dia da mentira para tentar cutucar o presidente Lula. Hoje, na liderança do partido, o líder José Aníbal (SP) inaugura um monumento de acrílico para relacionar essa data com as declarações presidenciais. 

Escapuliu 
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), preferiu ficar longe do lançamento da agenda da indústria ontem na sede da CNI em Brasília. Dizem seus aliados que é porque ele não aguenta mais ser abordado sobre a crise que se abate sobre a Casa. Para a missão, mandou o primeiro vice-presidente, senador Marconi Perillo (PSDB-GO). 

Ciro, o bem-humorado 
O deputado Ciro Gomes (PSB-SE) anda numa fase de bom humor tão grande que já não esconde seus verdadeiros sentimentos em relação à aliança PT-PMDB. “Estou mesmo incomodado. É crise de ciúmes!”, afirma ele, jurando que é todo elogios à ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, sua “amiga, exemplo de eficiência”. 

EDITORIAL

A incompetência consolidada

O Estado de S. Paulo - 01/04/2009
 

 

O Brasil precisa, sim, de um Estado forte - mas não no sentido que o presidente Lula dá ao termo, praticamente de tutela da área pública sobre a economia. O Estado que faz falta ao País é o Estado eficiente, aquele em que a administração federal trabalhe direito, ou simplesmente trabalhe, para que a intervenção estatal, nas situações em que não pairarem dúvidas sobre a sua pertinência, promova a atividade econômica, em vez de travá-la. Nisso o governo Lula é um rematado desastre - e é só querer para encontrar, nos mais diferentes setores, exemplos desalentadores do que se pode chamar, sem exagero, de incompetência consolidada. Se o PAC, que é o PAC, se move aos solavancos, que dirá de tudo o mais.

Ainda nessa terça-feira, reportagem no Estado mostrou um caso característico de paralisia da intervenção estatal, em prejuízo de uma área considerada estratégica para o desenvolvimento da ciência aplicada no Brasil, pela fartura extraordinária dos recursos naturais que constituem a sua matéria-prima - a biodiversidade, o conjunto das espécies nativas do País. É uma história que remonta a 2001, quando a obsessão com a biopirataria levou à edição da Medida Provisória (MP) 2.186. Ao regulamentar a bioprospecção (a pesquisa com genes e outros materiais biológicos para fins comerciais, por exemplo, como princípios ativos de novos medicamentos), a MP criou um Conselho de Gestão do Patrimônio Genético (Cgen), presidido pelo Ministério do Meio Ambiente. O órgão logo se revelou um estorvo ao trabalho científico.

Chegou-se no governo a um consenso sobre a necessidade de substituir o trambolho - que entre outras coisas obriga os estudiosos a pedir licença ao Cgen, um órgão ambiental, para realizar suas pesquisas de laboratório - por uma legislação que destrave a investigação científica e a inovação tecnológica. A muito custo, apesar das divergências ministeriais e da letargia burocrática, produziu-se um projeto de lei regulamentando o acesso aos recursos da biodiversidade. No primeiro semestre de 2008, o texto foi submetido a consulta pública. Depois, como escreveu o repórter Herton Escobar, "parece ter caído num buraco negro interministerial". No centro desse buraco negro está a Casa Civil, cuja função principal é evitar sua formação.

Em outubro, a proposta, que se encontrava na Casa Civil, voltou ao Meio Ambiente. O seu titular, Carlos Minc, explica que, quando chegou ao Ministério, "esse assunto já estava travado havia dois anos". O projeto que recebeu, diz ele, "é um monstrengo burocrático, com um monte de coisas que não deveriam estar numa lei e com cada Ministério dono de dois capítulos, defendendo o seu feudo". Em resumo, "parecia coisa de capitanias hereditárias". Minc diz que a sua equipe reduziu o texto à metade, removendo "os penduricalhos que só emperravam o processo". Segundo ele, feitas as mudanças, a nova versão foi encaminhada - via Casa Civil - ao Ministério da Ciência e Tecnologia - que nega tê-la recebido. "Isso para mim é novidade", afirma o secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento da Pasta, Luiz Antonio Barreto de Castro.

Não se soubesse o que se sabe sobre o comportamento errático da máquina federal, dir-se-ia que o presumível sumiço de um projeto de lei não seria crível. Mas o que seria uma aberração é perfeitamente plausível nessa estrutura hipertrofiada, sem comando, foco e prioridades, repleta de mesquinhas disputas entre Ministérios e no interior deles, fazendo par com o inchaço de uma burocracia que cumpre religiosamente a lei do menor esforço e que o primeiro dos seus chefes não se cansa de paparicar, dando de ombros para o seu desempenho efetivo. 

Mas não é possível esconder o desmazelo o tempo todo. Ora se descobre que até a semana passada, quatro meses depois das chuvas que devastaram Santa Catarina, o dinheiro federal para a reconstrução das casas que vieram abaixo ainda não tinha chegado. "O recurso estará disponível a partir de amanhã", prometera o presidente em 26 de novembro. Ora se descobre que se esfumou um projeto de lei de grande importância para a comunidade científica e a economia. Lula se compraz em oferecer saídas a torto e a direito para a crise econômica mundial, mas não tem a aptidão para cuidar da casa.

ARI CUNHA

Viagem aos Estados Unidos

Correio Braziliense - 01/04/2009
 


Estamos viajando para os Estados Unidos. É viagem de festa familiar. Ari vai comigo. Circe está nos esperando. Vamos conhecer as bisnetas Olívia e Carolina, filhas da neta Aninha e Alexandre Figueiredo. Temos muito a festejar. Dia 2 comemoraremos os 95 anos de Felipe de Matos, aquele cearense meu amigo. Trabalho árduo a vida inteira. Hoje, aposentado pelos EUA. Conhece Nova York como cartomante vendo a mão de qualquer pessoa. Passaremos dois dias em New Jersey para abraçar Felipe. Depois vamos para as proximidades de Nova York. É centro que reúne as maiores empresas do mundo. Aí passaremos dias com as bisnetas encantadoras. Nosso desejo é uma fotografia onde apareceremos eu, Arizinho, Aninha com Olívia e Alexandre Figueiredo, marido, com a Carolina. Sempre pensei em quatro gerações juntas. É a primeira vez que tal vai acontecer na família. Será momento para rememorarmos as pessoas que se foram e deixaram o registro da saudade. A vida tem seus encantos. A experiência de mais de 80 anos nos coloca como princípio das quatro gerações. Abençoado este começo de ano, que nos possibilita encontro alegre e divertido. Circe está na Califórnia, em casa de Isabela, minha irmã cearense, filha de Felipe. Nosso encontro será em New Jersey. Primavera com ares de inverno. Mas o coração está quente.


A frase que não foi pronunciada

“Te cuida, Julio César. Você salvou o Brasil no jogo contra o Equador. O PT precisa de popularidade e pode te indicar candidato.”
Leitor da coluna depois de assistir ao jogo e observar que o melhor em campo foi Julio César.


Desobediência 
Construções irregulares inundam a Península Norte. Proprietários levam muretas até o limite do lote. E cometem outros erros. Não há lugar para as calçadas. A rampa para subida de carros começa no meio-fio. 

Carros populares 
Lula pretende construir carros populares. O dinheiro usado será do Fundo de Amparo ao Trabalhador. Dessa forma, reaparece o fatídico FAT, corroído pelo mau uso do dinheiro público. Quase nenhum alfabetizado pode-se apresentar como usuário desse valor posto à disposição pelo governo federal. 

Desmatamento 
Matas do Brasil se queimam ou são vendidas sem que haja política ou caminhos com instruções. A Mata Atlântica quase não existe. O mundo olha para a Amazônia e nós a destruímos. O pensamento dos dilapidadores é mantido com o argumento de que uma árvore pode facilitar a vida do pobre. 

Novos tempos 
Comemorado em abril, o Ano Internacional da Astronomia reúne todos os profissionais e admiradores da área de 137 países. Alberto Krone Martins é o coordenador brasileiro do programa global 100 horas. A celebração mundial foi instituída na Itália, pátria de Galileu Galilei. 

Paz 
Algo de novo está acontecendo no mundo. Existe a possibilidade de encontro entre os presidentes Barack Obama, dos Estados Unidos, e Assad, da Síria. O encontro está sendo articulado e terá o desfecho resolvido em Roma, durante a reunião do G-8, em junho. 

Aeroportos 
Araraquara quer entrar na briga nacional por um aeroporto com voos regulares, infraestrutura para atender embarques e desembarques. O município paulista tem à frente o deputado federal Dimas Ramalho, que se comprometeu a levar a proposta de investimento ao governador Serra. É um empenho que outras cidades do Brasil deveriam ter. 

Parlasul 
Começa um movimento nacional para que se cumpra o voto direto para deputado nacional do Parlasul. Uma resolução aprovada sobre o assunto não surtiu efeito. Acilino Ribeiro é quem coordena a sociedade que começa a se preparar para o pleito em 2010.

História de Brasília

Continuam, na Câmara, circulando anedotas em torno do ministério de Jânio. Um deputado dizia: “Ele está insistindo para que eu renuncie à minha pretensão. Mas não desisto: sou durão...”. (Publicado em 26/1/1961)

ANCELMO GOIS

Mudou tudo

O Globo - 01/04/2009
 

 Veja a rapidez das mudanças numa economia em turbulência.

Em 2006, o Brasil quase entra em colapso com a ameaça de corte de fornecimento do gás da Bolívia.

Hoje, pelas contas do consultor Adriano Pires, estão sobrando 17 milhões de metros cúbicos de gás por dia.

‘Hello, mr. Guido’

 Tim Geithner, secretário do Tesouro dos EUA, ligou ontem para Guido Mantega, em Paris.

Os dois combinaram um encontro hoje, cara a cara, antes do jantar, logo mais, dos secretários de Fazenda do G-20 na Tate Modern, de Londres.

Moinhos de vento

 Nosso Carlos Minc dá palpite até onde não é chamado. O ministro do Meio Ambiente foi conversar com o colega Edison Lobão, das Minas e Energia, para aproveitar a capacidade ociosa da Embraer para produzir hélices de energia eólica.

As hélices têm formato de asa de avião e usam a mesma aerodinâmica. Os campos da Europa parecem paliteiros cheios desses moinhos de vento modernos.

Fashion Dilma...

Por falar em Minc, a ministra Dilma Rousseff experimentou um colete do colega e pediu a ele que encomendasse um modelito feminino para ela.

ROBERTO DAMATA

Racismo nem como 'metáfora'


O Globo - 01/04/2009
 

Escrevo constrangido, pois não tenho nenhum prazer em comentar mais uma das tais “metáforas” de mau gosto do presidente Lula. Gafes com implicações morais e políticas tão profundas e desagradáveis que, nem mesmo os políticos mais autocondescendentes, cabotinos e engordados pela mamadeira de um Estado que os trata como realeza, devem repetir.

 

Que eles jurem que não sabiam, que não conheciam o sócio canalha ou a origem do dinheiro, eu amargamente engulo, mas o caso em pauta não pode passar em branco e visto com olhos azuis.

 

Se a ditadura militar reduziu os problemas nacionais a corruptos e comunistas, eu não posso calar diante de um presidente da República — um político que lutou contra as mais vis simplificações morais e se elegeu com a bandeira da transformação libertária e do antirracismo — que afirma: “a crise foi feita por gente branca e de olhos azuis”. Seria a frase racista uma tentativa canhestra de dizer que nós — povo e governo Lula — não temos nada com essas perdas cuja responsabilidade seria de exclusiva fabricação externa (e, portanto, “branca”)? Crise desses brancos insensíveis e irresponsáveis que, mais uma vez, vitimam tanto Lula e seus asseclas quanto o povo brasileiro que, é claro (vejam só o racismo enviesado ) , não seria “ gente ” ( da “ raça ” ) branca de olhos azuis? Como é que o Lula, que sofreu quase todos os preconceitos, pode dizer uma barbaridade racista de tamanho calibre? É coagido, pois, pelo embaraço , que sou obrigado a reconhecer como o “racismo à brasileira”, denunciado, aliás, por mim em 1981, no livrinho “Relativizando: uma introdução à antropologia social”, sirva para explicar tanto a crise econômica que vivemos quanto antigamente foi usado para justificar o atraso do Brasil. Um país que, até o Plano Real e a crise, era subdesenvolvido, andando — como gostava de dizer o gênio da raça, o professor e ideólogo Darcy Ribeiro — aos “trancos e barrancos”.

 

Que os políticos mais reacionários tenham sido racistas, ao lado dos seus irmãos escravistas, dos matadores e catequizadores de índios, eu entendo. Mas ouvir essa frase de um presidente com os compromissos políticos e morais do Lula, foi mais uma trombada.

 

O problema do racismo não é que ele opere por exageros, substituindo o artigo indefinido pelo definido, é a sua produção de segmentações irreconciliáveis.

 

Vejam bem: quando eu falo em gente branca de olhos azuis, eu sou absolutamente inclusivo. Seria melhor dizer, uns tantos brancos de olhos azuis? Certamente.

 

Pois quando o “o” substitui o “um” a classificação, que é sempre aglutinadora e exagerada, mas que permite discriminação — pois há brancos e brancos de olhos azuis —, fica fechada. Torna-se ideal, modelar, “platônica”, universal e como ela é construída numa base biológica, tornase irrecorrível. Só quem tem certezas absolutas fala que o negro é boçal; que o índio tem muita terra; que toda loura é burra, e que todo burguês e judeu merecem paredão e câmara de gás.

 

Toda classificação simplifica. Mas o código racista faz mais que isso. Ele reduz um evento complicado a uma causa única, e situa no campo das aparências físicas fatos que têm muitas causas e não podem ser satisfatoriamente explicáveis exclusivamente por nenhuma delas. É óbvio que a crise explodiu no centro, mas é claríssimo também que, numa economia globalizada, todos dela tiraram um bom partido, pois as parcerias comerciais relacionavam centro e periferias diminuindo, pela primeira vez na história do capitalismo, suas teoricamente irremovíveis distâncias.

 

Não pode passar em branco o fato de que a frase do presidente tem uma antiga linhagem. O racismo é uma máquina mortal de simplificar coisas, animais, pessoas e situações.

 

Quando se diz que o Brasil é um pais atrasado porque foi feito por negros, índios e criminosos portugueses, fazse uma redução absurda da complexidade de uma coletividade que é, ao mesmo tempo, língua, cultura, território, religião, comportamentos, paisagens, comidas, gestos, mercados e tudo o mais. Cria-se uma segmentação irredutível, incapaz de ser transformada pela educação, pela política e por sua própria vontade como sociedade, pois como mudar esse código biológico que a aprisiona num sistema de “raças” imutáveis? Ao falar em brancos de olhos azuis, Lula fez como os velhos escravistas: usou a cláusula pétrea do tempo biológico que tudo congela na lógica do imutável, abandonando a dinâmica das diferenciações empáticas e produtivas que, sendo culturais, são transitórias, arbitrárias, históricas, negociáveis e passíveis de modificação. O racismo desumaniza porque ele enxerga negros, índios e agora brancos de olhos azuis onde, de fato, existem instituições, regras, práticas e motivos sociais inventados por homens entre homens.

 

P. S.: Não há racismo politicamente correto.

ROBERTO DaMATTA é antropólogo.

RUY CASTRO

Fim da aura


Folha de S. Paulo - 01/04/2009
 

Mais casos de violência em salas de aula brasileiras. Na terça-feira da semana passada, em Salvador, cinco homens invadiram uma escola e mataram a tiros de pistola um estudante de 18 anos. Foi um ato planejado: entraram e foram direto à sala da turma do garoto. Talvez um ajuste de contas por algum negócio feito na rua. Mas não importa: a questão foi resolvida na escola.
Na quinta-feira, numa escola de Vila Brasilândia, zona norte de São Paulo, um aluno de 14 anos exibia-se em classe com um revólver calibre 38, a princípio descarregado, apontando-o para a cabeça dos colegas. O professor estava fora. O menino colocou um projétil na arma e, continuando a fanfarronice, disparou sem querer e acertou o joelho de uma colega. O revólver pertencia a um tio dele, de profissão vigilante -nem tão vigilante assim, por deixar sua arma ao alcance de um garoto.
No mesmo dia, de novo em Salvador, outro estudante, idem, 14 anos, foi baleado por um homem que subiu o muro de um ginásio estadual e disparou duas vezes contra ele. O menino não vai morrer, mas espanta como as escolas se tornaram palco de vinganças e desenlaces. Uma recente pesquisa em escolas públicas baianas revelou que 6 em cada 10 alunos já foram protagonistas ou vítimas de atos violentos. Não deve ser diferente em outros Estados.
Antes, os colégios tinham uma aura de intocabilidade. Mestres e alunos resolviam entre si suas diferenças. Os pais só compareciam quando chamados. A polícia também não entrava e, quando isso acontecia, como na ditadura, era um escândalo. Hoje são os bandidos que invadem.
A escola tornou-se uma extensão da rua. Ou do quarto dos garotos, nisto incluindo o celular e o iPod, que eles levam para a sala de aula como extensões de si mesmos.

GOSTOSA


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CELSO MING

Ajoelhou, tem de rezar


O Estado de S. Paulo - 01/04/2009
 
A demissão do presidente da General Motors Corporation (GM), Rick Wagoner, não foi exigida nem pelos acionistas nem pelos credores. Foi exigida pelo secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Tim Geithner, que agiu como interventor.

O argumento foi apresentado com a elegância que reina nos jardins do Palácio de Buckingham. Mas foi de uma dureza cruel: Wagoner não apresentou um plano suficientemente forte para garantir a recuperação da GM, portanto não serve para comandar a recuperação da montadora.

Os americanos têm horror a tudo o que cheire a estatização, mas, em certas circunstâncias, o Estado interfere e ataca com a violência da Swat. E muda o curso da empresa muito mais do que o acionista majoritário.

No Brasil, quando se trata de banco mal administrado, o Banco Central está autorizado a decretar intervenção, destituir a diretoria, nomear um interventor e abrir um processo de liquidação. Foi o que ocorreu nas décadas de 80 e 90, com instituições como o Banco Nacional, o Banco Econômico e o Bamerindus.

Na Europa, o modelo mais adotado é o da estatização. O governo assume o controle acionário do banco, trata de capitalizá-lo e nomeia seu administrador.

Nos Estados Unidos, a instituição continua com os acionistas, o Tesouro ou o banco central tratam de prover o socorro, mas, em contrapartida, exigem que a diretoria cumpra à risca um plano de resgate, na base do ajoelhou, tem de rezar. Não rezou, troca-se o comandante. Não foi apenas por não precisar de recursos públicos baratos para se reestruturar que a Ford os dispensou. Dispensou-os porque sabia que, uma vez assinado o contrato, teria de cumprir à risca o roteiro apresentado pela Casa Branca.

Na reunião de ministros de Finanças e presidentes de bancos centrais, realizada dia 14 pelo Grupo dos 20, o comunicado oficial consagrou o princípio de que banco importante não pode quebrar. Os termos exatos foram: "Deve ser dada prioridade a instituições que impõem risco significativo à estabilidade financeira."

Essa foi a primeira vez que autoridades peso pesado ratificaram formalmente um acordo sigiloso, vigente desde a crise de 2001, de que instituições financeiras grandes demais para quebrar não podem falir; têm de ser socorridas.

Esse acordo foi atropelado em meados de setembro, quando o então secretário do Tesouro americano, Henry Paulson, deixou que o Lehman Brothers quebrasse, aparentemente para servir de exemplo. O rompimento desse compromisso não escrito deitou pânico nos bancos, que já não confiaram mais em ninguém, nem nos próprios bancos, e aprofundaram a crise de crédito. 

Essa determinação de impedir que grandes bancos afundem deve ter sido um dos fatores que provocaram o desleixo geral com o cumprimento das regras de segurança bancária: se não quebram, por que teriam de abrir mão do lucro fácil pelo cumprimento das regras?

A partir do momento em que passaram a depender de socorro oficial, os grandes bancos americanos também tiveram de rezar.Quem manda no Citigroup hoje não são os acionistas. É Ben Bernanke, presidente do Federal Reserve (o banco central americano), que tem poder de nomear e desnomear, embora nada disso conste nos estatutos do banco.

ILIMAR FRANCO

Malabarismo

Panorama Político 
O Globo - 01/04/2009
 

A Operação Castelo de Areia voltou ao centro do debate ontem no Senado. A oposição atacou a Polícia Federal. Mas poupou o Ministério Público e o Judiciário, que colocaram na pauta a questão do crime eleitoral. Seus senadores desqualificaram os dados que se referem a eventuais ilegalidades cometidas pela oposição. Mas garantiram que a investigação é quente no que se refere ao PT e à construção da refinaria Abreu e Lima (PE).

 

Arruda usa Lula contra professores

 

Para debelar a vaia num evento com três mil professores, o governador José Roberto Arruda (DF) citou o presidente Lula dizendo que, no meio da crise, não é hora de aumentar o salário dos servidores públicos. Arruda conseguiu dividir o plenário informando que os repasses da União caíram R$ 230 milhões e que o governo federal cortou R$ 280 milhões em emendas parlamentares. “Isso não é culpa minha, não é do governo Lula. Nós não fizemos a crise”, disse Arruda. O embate com os sindicalistas ocorreu ontem, em solenidade de entrega de mil computadores portáteis, subsidiados, para professores da rede oficial de ensino.

 

Quem quer ser candidato a presidente tem que ir para o Vale do Jequitinhonha, e não para Harvard” — Cristovam Buarque, senador (PDT-DF), sobre o plano do deputado Ciro Gomes (PSB-CE) de passar três semanas de maio na universidade americana

 

SUPERSTIÇÃO. Desde que assumiu a presidência do Senado, José Sarney (PMDB-AP) aposentou a porta principal do gabinete. Este só é usado agora pelas autoridades que visitam a presidência da Casa. Sarney entra e sai do gabinete por uma das portas laterais, a que fica no corredor que dá acesso ao gabinete do líder do PMDB. O senador tem inúmeras superstições, sendo a mais conhecida delas não trajar roupas marrom.

 

Na carne

 

Se a proibição de gastar a verba indenizatória com consultorias já estivesse em vigor, dois integrantes da Mesa da Câmara estariam enquadrados: Odair Cunha (PT-MG) gastou R$ 9.005, e Leandro Sampaio (PPS-RJ), R$ 5.511.

 

Contrabando

 

Foi incluída, de surpresa, na pauta da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, a emenda constitucional que aumenta o número de vereadores.

 

O líder do PSDB, José Aníbal (SP), começou a articular ontem a rejeição da proposta.

 

A caravana da ministra

 

A Casa Civil está montando uma agenda de viagens da ministra Dilma Rousseff pelo país. A oposição começou a percorrer o Brasil para mostrar que o PAC empacou. A primeira parada foi em Recife, na segunda-feira. O roteiro da ministra pretende exatamente o contrário. A mãe do PAC quer visitar os principais estados do país para fazer um balanço regional das obras do programa.

 

O fim da participação setorial

 

A participação segmentada nas decisões do governo é a primeira vítima do corte no Orçamento. O Ministério dos Esportes suspendeu ontem a realização da III Conferência Nacional dos Esportes, evento que no ano passado reuniu 43 mil delegados.

 

Na próxima semana, iriam ser realizadas as primeiras conferências municipais.

 

Outros encontros também estão ameaçados. A única conferência garantida é a da área de Comunicação. Esta só não vai ser desmarcada porque será a primeira.

O PMDB gaúcho lançou, no sábado, em encontro regional, em Santa Maria, a candidatura do ministro Nelson Jobim (Defesa) à Presidência da República.

PREVISÃO do líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante (SP): “O Brasil vai sair da crise na frente e melhor que os outros países”.

A ASSESSORIA do líder do DEM no Senado, José Agripino (RN), fez levantamento desde 1994 e concluiu que a queda de 1% no PIB representa menos cinco pontos percentuais na popularidade do presidente no exercício do mandato.

ELIO GASPARI

O muro do Cabral e o bilhete da Marta

FOLHA DE SÃO PAULO - 01/04/09

A Muralha da Rocinha arrisca sair antes do projeto de tarifa única de transportes, prometido para 2008



O GOVERNO DO Estado do Rio anunciou um projeto de construção de 11 quilômetros de muros cercando 19 comunidades como Rocinha e Chapéu Mangueira. Seguindo a escrita do gênero, a providência é justificada em nome do interesse da sociedade. No caso, pretende-se evitar a destruição da mata e a expansão de construções ilegais.
O mais famoso dos muros, o de Berlim, com 43 quilômetros, foi erguido em nome da defesa da moeda da Alemanha comunista. Para a utopia de um Rio sem favelas (ou sem os seus moradores), o Muro do Cabral cria a expectativa de uma cidade onde essa questão, mesmo sem ser resolvida, será contida fisicamente.
Quando uma comunidade crê que muros resolvem problemas sociais e urbanos há algo de estranho acontecendo. Sobretudo quando ela é governada por um cidadão que defendeu o aborto como instrumento de política de segurança e classificou a Rocinha como "fábrica de produzir marginal".
Julgar Sérgio Cabral pelas excentricidades que fabrica banaliza os problemas do Estado que ele administra. A sério, ele piora. Em janeiro de 2007, logo depois de tomar posse, Cabral anunciou que até o fim de 2008 estariam concluídos os estudos para a implantação do bilhete único de transporte no Rio.
O Bilhete Único funcionava em São Paulo havia três anos, instituído pela prefeita Marta Suplicy. Nesse sistema de tarifagem o paulistano que tomava dois ônibus para ir e outros dois para voltar do trabalho pagava, no máximo, R$ 3,50. O carioca, entre R$ 4 e R$ 4,40. Chegara a São Paulo o modelo de tarifagem das grandes cidades do mundo. Passaram-se dois anos e o tucanato expandiu o sistema, levando-o para os trens e para o metrô. Atualmente, negocia-se a extensão do sistema às redes de transporte dos municípios do ABC. A cada dia são feitos 6 milhões de viagens com esse tipo de bilhete.
Defender o aborto nos termos de Cabral é conversa fiada, até porque, mesmo que sua política fosse eficaz, levaria 15 anos para mostrar resultados. Fazer muro é fácil, basta licitar uma obrinha e empilhar tijolos. Implantar o Bilhete Único dá trabalho e contraria interesses. Está aí o papelório achado pelo repórter Bernardo Melo Franco, mostrando que, em 1985, os serviços de informações militares estimavam em R$ 980 milhões o tamanho da caixinha dos ônibus na administração de Leonel Brizola.
O ano de 2008 acabou e Cabral nada fez. Seus transportecas trabalham num plano de tarifagem seletiva e nesse pacote apareceu até mesmo a construção de terminais exclusivos. Jabuticaba da boa: não se construíram terminais em São Paulo, muito menos em Nova York. (É mais produtivo agradar empreiteiros entregando-lhes obrinhas do que atender a escumalha baixando o custo do transporte público.) Prepara-se uma empulhação. Vale lembrar que, numa comparação entre as despesas mensais de transporte dos trabalhadores das duas conduções, em novembro passado o carioca gastava a mais entre R$ 24 e R$ 76.
Os defensores do esbulho sustentam que o Rio, ao contrário de São Paulo, Nova York, Paris e Londres, não subsidia o transporte público. Faz sentido, até mesmo porque os governantes de São Paulo, Nova York, Paris e Londres subsidiam o transporte e não defendem o aborto como política de segurança nem muram parte de suas cidades. Parece que uma coisa nada tem a ver com a outra, mas tem, e muito.