quarta-feira, março 25, 2009

DIOGO MAINARDI

PODCAST
Diogo Mainardi

25 de março de 2009




Texto integral
Kraftwerk e Mozart


234 anos. É a soma da idade dos quatro componentes do Kraftwerk. É como se o grupo tivesse nascido em 1775. Por essa medida, ele é contemporâneo de Mozart. Em 1775, Mozart tinha 19 anos. A vinda do Kraftwerk ao Brasil, cronologicamente, equivale à vinda de Mozart ao Brasil. Em vez de Salzburgo, o Sambódromo.

Depois do espetáculo do Kraftwerk no Sambódromo, li que um de seus membros, Florian Schneider, de 62 anos, decidiu abandonar o grupo alguns meses atrás, sendo substituído por um eletricista, Stefan Pfaffe. Isso reduziu a idade do Kraftwerk em cerca de duas décadas. Refiz todas as minhas contas. Foi como se Mozart tivesse vindo tocar no Sambódromo cinco anos depois de sua morte. Musicalmente, faz mais sentido.

Na última semana, fui arrastado ao Sambódromo para ver o Radiohead. Antes de ver o Radiohead, tive de ver o Kraftverk, que abriu o espetáculo. Acompanhei seus primeiros discos. Autobahn e Radio-Activity. Em 1977, quando saiu Trans-Europe Express, eu já desistira do grupo. Tinha 15 anos. Era velho demais. Quase a idade de Mozart em 1775. Naquele tempo, o Kraftwerk evocava o futuro. Mas era uma imagem do futuro de 30 anos atrás. Ridiculamente datada. Embolorada. Caduca. Com seus uniformes aderentes, com sua imobilidade no palco, com suas letras afásicas, com seus arranjos elementares, com sua batida narcótica, com sua tecnologia rudimentar, o futurismo caipira do Kraftwerk era igual ao do seriado de TV com marionetes OsThunderbirds.

No comecinho da década de 1980, o Kraftwerk influenciou grupos como Joy Division, Depeche Mode, New Order, Soft Cell, Human League. Meia dúzia de acordes no minimoog. Foi o pior momento da história da música. Foi o pior momento também na história da pintura, da arquitetura, da literatura, que continuaram se abastardando de lá para cá. O espetáculo do Kraftwerk no Sambódromo, com um eletricista no lugar do tecladista, foi o testemunho melancólico de um fracasso geracional. O fracasso de minha geração.

E o espetáculo do Radiohead? Um de seus guitarristas é amigo de um amigo, que me arrumou um lugar no curralzinho da mesa de som. E o baterista do grupo, no dia seguinte, no bar do hotel, ensinou meu filho menor a tocar bumbo. Apesar disso, eles me aborreceram com aquelas bandeiras tibetanas penduradas nos pianos. Me aborreceram com aquele protesto disparado contra os "norte-americanos". Me aborreceram sobretudo por me fazer ficar de pé por mais de quatro horas. Durante o espetáculo do Kraftwerk, pensei sobre o fracasso de minha geração. Sobre o futuro esclerosado que representamos. Durante o espetáculo do Radiohead, mais modestamente, pensei apenas que, entre eles e uma cadeira, escolho a cadeira. Entre Mozart e uma cadeira, escolho a cadeira.

ELIANE CANTANHÊDE

Só o IBGE resolve

FOLHA DE SÃO PAULO 25/03/09

Em uma semana, o Senado da República já anunciou pelo menos meia dúzia de números para tentar quantificar o inquantificável e o injustificável: o número de diretores pagos pela instituição.

Primeiro, disse que eram 137, o que já configurava um baita escândalo. Depois, para espanto geral, aumentou ainda mais, para 181. Perplexos, os próprios senadores passaram a alardear que cortariam algumas dezenas, restando "só" mais de uma centena. E assim, de número em número, chega-se agora a 38 diretores, explicando que uma coisa é uma coisa, e outra coisa é outra coisa. Ou seja: contabilizando diretor como diretor e diretor como diretor. Não entendeu? Nem eu. Mas vamos em frente: com a promessa de acabar com umas tantas vagas e fechar a conta em 20.

Se nem o Senado sabe, se nem os senadores sabem, se nem o site da Casa sabe, se nem o Google sabe, se nem a imprensa sabe quantos são, só resta um jeito: chamar o IBGE para fazer o recenseamento dos diretores do Senado. O que poderia servir como fio da meada. Depois, o recenseamento dos vice-diretores, dos subdiretores, dos chefes, dos vice-chefes, dos sub-chefes, dos coordenadores e, enfim, de todos os funcionários, discriminando quem tem concurso, quem tem mérito e quem produz dos que não têm nada disso --e que, em geral, são justamente os que mais vantagens e mais salários têm.

Ato contínuo, o IBGE deveria estender o trabalho para a Câmara, que parece mais organizada, e depois para todos os legislativos do país. Já imaginou as cobras e lagartos que podem aparecer? Se no Senado, com tamanho holofote em cima, já é assim, pode-se deduzir que as assembleias e câmara por aí afora não são nada diferentes. Pior, impossível. Mas no mínimo tudo igual.

A coisa, porém, não é só feia assim no Legislativo. Em sua passagem por São Paulo, para participar da sabatina da Folha, na terça, 24, o presidente do Supremo, Gilmar Mendes, contou coisas do arco-da-velha no sistema judiciário do país. Citou, por exemplo, o do Piauí. Só que a questão ali não é de sobrar gente, mas de faltar tudo.

Quem paga o pato é o cidadão. Aliás, o cidadão mais pobre, que não tem advogado, não tem recurso e, aliás, muito mais comumente do que a gente pensa, nem nome tem. Segundo Gilmar Mendes, há milhões de presos que não têm registro de nascimento nem de coisa nenhuma. Não existem. São fantasmas, mas de carne, osso e prisão.

Então, IBGE, mãos à obra: além dos fantasmas do Congresso, vamos aos fantasmas das prisões e dos rincões.

O país avança, e avança bem, mas ainda há muito o que fazer no Legislativo, no Judiciário e no Executivo. Mas não só neles. No setor privado também. As prisões de hoje, quarta, 25, na construtora Camargo Corrêa comprovam claramente isso. Se for fazer um recenseamento nessa área, a coisa vai longe. Não tem IBGE que dê conta!

PARA...HIHIHI

SEDUZINDO UMA MULHER

Um casal se conhece num bar. Depois de dois drinks, ela, na idade da loba e muito vaidosa, pergunta:
- Quantos anos você me dá?

- Por esse olhar, 25 anos. Pela pele, uns 20. E por esse corpo, 18.

- Nossa… Você sabe como seduzir uma mulher! O que você vai fazer agora?

- Vou somar….

DEMÓSTENES TORRES

MORTADELA COM PITÚ


A maioria dos analistas políticos observou que não se pode levar muito em consideração a queda do presidente Lula nas pesquisas como um alerta estatístico. De acordo com o entendimento, o estoque de popularidade do primeiro-mandatário, como os tais 200 bilhões de dólares do Banco Central, é uma reserva sólida e inesgotável. Mas não podemos deixar de considerar que o Palácio do Planalto sentiu a pancada e mudou o discurso sobre a crise financeira mundial, principal fonte de desgaste do chamado efeito teflon que sempre protegeu Lula.

Saiu de cena o realismo em suaves prestações com que o governo vinha ultimamente administrando a crise para dar lugar à retomada do otimismo irresponsável em altas doses. A solução apresentada é simples: se admitir que estamos indo à bancarrota significa perda de capital político, vamos voltar a manter o País em estado permanente de enganação. É uma espécie de “não sabia” da época do mensalão, só que desta vez em forma de dissimulação afirmativa.

Outro sintoma de que a queda nas pesquisas alterou o sistema nervoso palaciano foi o fato de o presidente, logo no primeiro dia útil após a divulgação da queda, ter buscado refúgio em um palanque no nordeste para exercitar o discurso direto com os conterrâneos em forma de conversa de botequim. Histriônico, partiu para o apelo varonil do bravo sertanejo para conseguir a metáfora de que a crise é como uma gripe que não derruba cabra macho. No seu reduto eleitoral, recomendou a administrados e admiradores a combinação de conhecida aguardente produzida em Vitória de Santo Antão com famosa marca de embutido.

Embriagai-vos, pois só assim para acreditar que “os efeitos mais difíceis da crise já passaram.” Inebriados, vamos assimilar como saudável o receituário de Lula de que o melhor remédio para enfrentar a crise é gastar, em desprezo completo aos princípios de responsabilidade fiscal. Engarrafados, certamente estaremos mais bem preparados para participar da celebração à “grande virada” que o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, anunciou ainda para este mês.

Em estado de embriaguez patológica, depois de compreender, nos simpatizaremos com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, quando repetir o raciocínio gutural de que a “crise atinge mais os que estão mais fragilizados e menos os que estão menos fragilizados”. Antes de Larry Rother, sempre desconfiei que esses desatinos têm sempre uma motivação canavieira. Só não tinha muita noção sobre a natureza dos petiscos. Agora está confirmado: é mortadela com Pitu para salvar o Brasil da crise.

Demóstenes Torres é procurador de Justiça e senador (DEM-GO)

BRASÍLIA - DF

Lula arruma o tabuleiro


Correio Braziliense - 25/03/2009
 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva começou a organizar os palanques estaduais. Seus primeiros movimentos reservaram um espaço para o PT, na Bahia, e outro para o PSB, em Pernambuco. Na noite de segunda-feira, em Salvador, por exemplo, Lula fez elogios em alto e bom som citando o governador Jaques Wagner como alguém que ainda tem um trabalho a cumprir. Fez o mesmo em Pernambuco com Eduardo Campos, com dois recados. Um para que os petistas, no sentido de recolher suas ambições e apoiar o governador, e outro para o próprio Campos na linha de maior proximidade com o PT para a sucessão de 2010. 


Em tempo: no caso da Bahia, o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, não ficou lá muito feliz com as evoluções de Lula ao lado de Wagner. Por isso, ontem mesmo não descolou da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff.


A vida sem Aécio

O PMDB jogou a toalha. Não acredita mais na filiação do governador de Minas Gerais, Aécio Neves, sua esperança de ter um candidato próprio de fôlego para chegar à Presidência da República. Por isso, uma ala já migrou de vez para o lado do PT. 

E o fundo não chegou 

Durou menos de 24 horas o acordo de cavalheiros para acabar com a crise interna no Senado, fechado pelo PMDB e PT com o aval do Palácio do Planalto. A sensação de muitos é a de que o inverno será mesmo longo e a que ainda falta muita coisa par vir à tona. 

Campo em litígio

A Comissão de Minas e Energia da Câmara está dividida em dois grupos. E quem conhece o traçado garante que a disputa interna não vai acabar bem. Ontem, por exemplo, o presidente Bernardo Ariston (PMDB-RJ) destituiu o relator do Código de Mineração, Otávio Germano (PP-RS), e nomeou para a função Alexandre Santos (PMDB-RJ), tido como integrante do grupo do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). 

Aula de otimismo 

A bancada do PT tinha um jantar marcado ontem com o presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli. Ele se propôs a apresentar todo o quadro de investimentos da estatal para os próximos anos e as perspectivas de crescimento, mesmo num cenário de crise. É discurso para mais de metro no plenário da Casa, em resposta às críticas da oposição sobre as formas de enfrentar a crise econômica. 

No cafezinho...
Carlos Moura/CB/D.A Press - 11/7/07
 
 

Ciro na roda I 
O deputado Ciro Gomes (PSB-DF) será a estrela de um seminário do partido no sábado, em Manaus. Vai acompanhado do líder da bancada, Rodrigo Rollemberg, que faz questão de estar presente para mostrar o apoio dos deputados do PSB ao pré-candidato a presidente da República. 

Ciro na roda II 
Além de Manaus, Ciro (foto) vai ainda reservar parte da agenda este ano para acompanhar a mulher, Patrícia Pillar, nas pré-estréias do documentário sobre a vida do cantor Waldick Soriano. Sabe como é, depois daquele episódio da campanha de 2002, quando Ciro falou do papel de Patrícia como sua mulher e revoltou as feministas, será a chance de dizer: “Eu não sou cachorro, não...” 

Quem fala o que quer... 
O presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, já estava há algumas horas respondendo perguntas dos senadores, quando, de repente, Ideli Salvatti, quis saber por que não havia uma distribuição mais equitativa dos investimentos da empresa em termos regionais, em especial, para Santa Catarina e a camada pré-sal. Gabrielli não titubeou: “Esse assunto deveria ter sido discutido há 160 milhões de anos, quando houve a formação da camada que hoje está incrustrada de óleo”. É, pois é. 

Comerciais, por favor 
O líder no Senado, Renan Calheiros, aproveitou a reunião de líderes para dizer que, na sua gestão, o Senado reduziu o recesso parlamentar e acabou com o pagamento das ajudas de custo no caso de convocações extraordinários emendadas no período legislativo regular.

PAINEL

Só esperando

RENATA LO PRETE
Folha de S. Paulo - 25/03/2009
 

Quem conhece Lula aposta que o presidente vai "jogar parado" contra o esforço de Delúbio Soares para retornar ao PT e disputar vaga de deputado federal. Avesso à ideia, que considera prejudicial à candidatura de Dilma Rousseff, o presidente espera que os petistas envolvidos no projeto "se enrolem sozinhos" em divergências internas e nos complicadores que começarão a surgir -se o tesoureiro do mensalão puder voltar, por que não o ex-secretário-geral Silvio Pereira e o "aloprado" Hamilton Lacerda?
Se o problema não se resolver sozinho, algum petista conhecido pela proximidade com Lula, como Jaques Wagner ou Luiz Marinho, será escalado para martelar publicamente a inconveniência de reincorporar Delúbio antes do julgamento do Supremo.

 

 

Plano B
Delúbio tem dito a antigos companheiros que, se não conseguir a anistia no PT, buscará outro partido. Já teria recebido acenos de siglas da base de Lula às quais prestou serviços na época em que comandava o caixa petista. 

Padrão
Petistas comparam a atitude de Lula na questão Delúbio à adotada pelo presidente no caso da liderança do governo na Câmara. Há quase dois meses, parte da bancada petista trabalha para trocar Henrique Fontana (RS) por João Paulo Cunha (SP). Lula deixa a brincadeira rolar, mas não dá o menor sinal de que pretenda trocar o líder. 

Formulador
O economista mais próximo de Dilma Rousseff hoje, apontado como possível coordenador de seu programa de governo nessa área, é o presidente do BNDES, Luciano Coutinho. 

Tiro no pé
Rolou correria ontem, na cúpula do PSDB, para convencer o aliado Roberto Freire, presidente do PPS, a desistir de realizar uma prévia na sigla entre os tucanos José Serra e Aécio Neves. Explicaram-lhe que a ideia só faria o circo pegar fogo. 

Palanques 1
Reunião entre Sérgio Guerra (PSDB), Gilberto Kassab (DEM), Orestes Quércia (PMDB), Jorge Bornhausen (DEM) e Roberto Freire (PPS) analisou os resultados do Datafolha e concluiu que: a) Jarbas Vasconcelos (PMDB) deve ser lançado o quanto antes ao governo de Pernambuco; b) o DEM terá a cabeça-de-chapa em pelo menos três Estados: Bahia, Rio Grande do Norte e Sergipe. 

Palanques 2
Aliados pressionam o PSDB a desistir de reeleger a claudicante Yeda Crusius, apoiando o PMDB no Rio Grande do Sul.

Via rápida
O pacote habitacional a ser anunciado hoje pelo governo inclui acordo com a associação dos cartórios para reduzir prazos e taxas dos mutuários. Resolução do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) estabelecerá prazo máximo de dois meses para concessão de licença para essas obras. 

Regente
Lula gostou tanto da apresentação da Orquestra Filarmônica de Cruzeta, em visita à Bahia, que pediu ao maestro Humberto Carlos Dantas para dar o repertório à guarda presidencial. Segundo o presidente, é para "acordar todo dia a dona Marisa". 

Artilharia 1
Parecer de cem páginas enviado ontem ao TSE pelo vice-procurador-geral eleitoral, Francisco Xavier Pinheiro Filho, rejeita todos os recursos e determina taxativamente a cassação do mandato do governador do Tocantins, Marcelo Miranda (PMDB). O texto cita legislação adotada na cassação de Cássio Cunha Lima (PB) e Jackson Lago (MA). 

Artilharia 2
A procuradoria afirma que Miranda cometeu crime de abuso do poder econômico para se reeleger: "Há de se concluir que houve, sim, desvirtuamento de ações governamentais, com a intenção de angariar votos dos potenciais eleitores para a sua reeleição". Acusado de usar servidores como cabos eleitorais, o peemedebista nega.

Tiroteio

"Fui eleito para fazer oposição e não tenho vocação para o adesismo. Sempre defendi que o PMDB apoiasse a agenda de reformas, mas sem precisar ocupar cargos no governo."

 

 

De JARBAS VASCONCELOS (PMDB-PE), em resposta às críticas feitas ao senador por Lula, que também declarou apoio à reeleição de Eduardo Campos (PSB) em Pernambuco.

Contraponto 

Radicalismo capilar

 
Os tucanos Eduardo Gomes (TO) e Flexa Ribeiro (PA) foram abordados no Congresso por jornalistas especializados em ciência e tecnologia. Os repórteres buscavam depoimento de ambos, eleitos para presidir as comissões desse tema na Câmara e no Senado, respectivamente.
Antes, porém, os fotógrafos pediram a eles que ajeitassem o cabelo. Careca, Flexa não disse nada. Mas Gomes, com um pouco mais de "cobertura", resolveu fazer piada:

-Olha, somos tucanos, mas, quando o assunto é cabelo, estamos numa linha bem PSOL...
E explicou:
-Eles são poucos e rebeldes!

PARA...HIHIHIHI

ENCORAJAR OS OUTROS É FÁCIL

Uma vez, um prisioneiro escapou do presídio, depois de 15 anos
enclausurado. Durante sua fuga, ele encontrou uma casa, arrombou e
entrou.
Ele deu de cara com um jovem casal que estava na cama. Então, ele
arrancou
o cara da cama, o amarrou numa poltrona e depois amarrou a mulher na
cama.
O marido viu o bandido deitar-se sobre a mulher, beijar-lhe a nuca e
logo
depois, levantar-se e ir ao banheiro. Enquanto ele estava lá, o marido
falou para sua mulher:
- Amor, ouça, esse cara é um prisioneiro, olhe suas roupas! Ele
provavelmente passou muito tempo na prisão e há anos não vê uma mulher,
por
isso te beijou a nuca. Se ele quiser sexo, não resista não reclame,
apenas
faça o que ele mandar, dê prazer a ele para que ele se satisfaça e vá
embora nos deixando vivos. Esse cara deve ser perigoso, se ele se
zangar,
nos mata. Seja forte, amor, eu te amo!!!...
E a mulher respondeu:
- Estou feliz que você pense assim. Com certeza ele não vê uma mulher

anos, mas ele não estava beijando minha nuca. Ele estava cochichando em
meu
ouvido. Ele me falou que te achou muito sexy e gostoso e perguntou se
temos
vaselina no banheiro. Seja forte, amor. Eu também te amo...!!!

Moral da história: PEDIR CORAGEM AOS OUTROS É FÁCIL!!!

ENVIADA POR APOLO

VINICIUS TORRES FREIRE

Duas no cravo, uma na canela


Folha de S. Paulo - 25/03/2009
 

 


Apesar das previsões, déficit externo está contido, não houve "inflação do dólar" e é possível evitar o Pibinho zero


TEMOS UM problema a menos, parece. Talvez dois. Num período de deflação financeira e inflação de encrencas, não é de jogar fora. No início da nossa crise, no final de 2008, imaginava-se que o Brasil corria o risco de ficar com as contas externas ainda mais no vermelho e que a desvalorização do real ameaçaria inflar os preços.
Tais hipóteses parecem agora bem remotas. Mas era comum ouvir economistas de peso incluí-las nas primeiras linhas dos seus "balanços de riscos". Isso até vir a notícia da catástrofe de dezembro, o naufrágio da indústria, sabido em janeiro. Faz dois meses. Parece que foi no pré-cambriano. Imaginava-se então que o país cresceria demais para um ambiente mundial de crise, gastaria demais e não teria como financiar suas despesas em moeda "forte" (dólar).
Diga-se de passagem que tanto o Banco Central como a Fazenda acreditavam mais ou menos nessa hipótese: o BC vendo riscos, Fazenda e Lula vendo fortalezas. No ar.
A julgar pelos dados divulgados ontem pelo BC, o déficit externo parece comportado (trata-se da diferença entre o que o país gasta e recebe na compra e venda de bens e serviços no exterior). O déficit por ora previsível está sendo coberto pela entrada do investimento dito "produtivo". Quanto mais déficit, mais risco de alta do dólar, por exemplo.
Em outras crises, a aversão do capital ao Brasil era tão grande que em geral quebrávamos e/ou vivíamos grandes desvalorizações. Havia ainda aumentos brutais do custo da dívida pública interna. Não desta vez.
O desagradável é que a baixa dos riscos de inflação e déficit externo se deveu a uma encrenca maior do que a esperada: o afundamento brusco e inédito da atividade econômica. Importamos menos, viajamos menos, há menos remessas de lucros porque a atividade caiu etc. Mas também vamos vender 20% menos para o exterior, neste ano.
Foram duas no cravo e uma forte na canela, para não dizer ferradura. Não ficamos sem gasolina no tanque porque o carro passou a andar devagar, quase parando. Ainda assim, poderíamos ter tido alguma inflação derivada do real fraco, mesmo com o PIB baixo, e os investidores poderiam ter desistido do país (no caso de aplicações financeiras, ainda há fuga de dinheiro, mas, no caso do investimento dito "produtivo", os resultados são surpreendentemente bons).
Isto posto, a média dos economistas mais ligados à finança acredita em crescimento zero da economia em 2009; o governo sonha com alta de 2% do PIB. Mas, como o demonstra a volatilidade de previsões e análises econômicas, o futuro não está dado, embora um tanto prejudicado.
Há meios de evitar que o PIB cresça menos que a população, ao menos. O governo vai anunciar um pacote de construção de casas. Talvez até menos importante que a tralha de números será o modus operandi. O governo opera muito mal quando se trata de investir, como esta 
Folha o demonstrou no caso do conserto das estradas, coisa até simples de fazer. Outra medida é suspender o aumento dos servidores -ninguém vai ter aumento neste ano, se é que vai ter emprego. Por fim, o talho dos juros deve continuar. Para tanto, o governo terá de tomar mais medidas impopulares, como mexer na poupança. Não tem jeito.

FERNANDO RODRIGUES

A resiliência do PMDB


Folha de S. Paulo - 25/03/2009
 

Uma contabilidade das pesquisas Datafolha nas disputas estaduais para 2010 mostra, mais uma vez, a força do PMDB. Apesar de todas as acusações de corrupção e fisiologismo, esse é o mais resiliente de todos os partidos brasileiros. 
Há peemedebistas em primeiro lugar ou empatados em primeiro com algum adversário em cinco das dez unidades da Federação pesquisadas. No Rio e em Minas Gerais, o PMDB é favorito isolado para vencer. No Rio Grande do Sul, Pernambuco e Distrito Federal, a sigla tem chance real de ir ao segundo turno. Já os dois partidos hegemônicos quando se trata de disputar o Palácio do Planalto, PT e PSDB, amargam posições mais modestas. Os petistas têm apenas um franco favorito -na Bahia, onde já são governo- e alguma chance no Rio Grande do Sul. 
Os tucanos estão na frente no Paraná e em São Paulo. Em solo paulista, um fato curioso a ser registrado: o favorito Geraldo Alckmin é visto com desconfiança pela cúpula do PSDB. É um caso patológico de irritação com o sucesso próprio. Falta muito tempo até a disputa de 2010 (18 meses). Também não está claro o efeito da crise econômica sobre o cenário eleitoral. Ainda assim, é notável nesse ambiente incerto o PMDB continuar com o maior número de favoritos para os governos estaduais. No mesmo balaio, deve também manter as maiores bancadas de deputados e de senadores. 
O poderio peemedebista revela uma certa esquizofrenia dos eleitores. Para 37% o Congresso é ruim ou péssimo. Nas últimas semanas, os jornais foram inundados por cartas com acusações impublicáveis contra o PMDB. Mas, na hora de escolher governador, deputado ou senador, os brasileiros continuam em peso votando na sigla que amam odiar.

MÓNICA BÉRGAMO

Ampulheta


Folha de S. Paulo - 25/03/2009
 

O governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB-MG), deve depor nos próximos dias no processo que investiga o mensalão. Ele foi convocado como testemunha de defesa e tem direito de marcar a hora e o local em que prestará depoimento. A Justiça mineira está sendo célere: já ouviu 66 pessoas em duas semanas e, caso o governador concorde em prestar logo o depoimento, encerrará as oitivas de Belo Horizonte até o fim da próxima semana.

DESISTÊNCIA
Das quase cem testemunhas convocadas, 28 não apareceram para prestar depoimento.

MAIS EM CIMA
E, depois de Aécio, o presidente Lula e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso podem ser as próximas "estrelas" convocadas para falar do mensalão. O ministro Joaquim Barbosa, relator do processo no STF (Supremo Tribunal Federal), no entanto, ainda não decidiu se vai mesmo fazer a convocação.

PÉROLA NEGRA 
A Vale vai anunciar na sexta investimentos de US$ 1,3 bilhão em Moçambique. O projeto, de exploração de carvão, exigiu a contratação de 20 empresas brasileiras para atender à mineradora -entre outras, Odebrecht e Camargo Corrêa.

CANETA
Com a reforma da Lei Rouanet, o Ministério da Cultura vai aumentar o número de integrantes da comissão de avaliação dos projetos que podem ser beneficiados por ela. Atualmente são 15 pessoas para analisar 8.000 propostas por ano. O MinC sinaliza que serão mais de 20 pessoas e que continuarão não sendo remuneradas.

ANCELMO GOIS

Solução à vista


O Globo - 25/03/2009
 

Foi suspenso o julgamento marcado para hoje no STF daquela famosa ação de defasagem tarifária da velha Varig contra o governo (em jogo uns R$5 bi ). 

É que ontem surgiu a possibilidade de um acordo entre as partes. Tomara. 

Segue... 

A relatora do processo, ministra Carmen Lúcia, aceitou o pedido do advogado-geral da União, José Toffoli. 

Toffoli prometeu, em 60 dias, uma solução aguardada por antigos empregados da voadora, que atravessam sérias dificuldades. 

No mais 

Em palanque, segunda, em Recife, Lula criticou o senador Jarbas Vasconcelos. E foi num palanque em Belém, na campanha, que Lula beijou a mão do senador Jáder Barbalho. 

A coluna enlouqueceu ou não seria mais barato para o país beijar a mão de Jarbas e criticar Jáder? Com todo o respeito. 


Lula vai de trem 

Lula, depois de se encontrar com Nicolas Sarkozy, em Paris, dia 1º, seguirá de trem para Londres, onde será recebido pela rainha Elizabeth II no Palácio de Buckingham. 

O presidente e sua comitiva irão em vagão especial. 


Caravana rolidei 

O Ministério do Turismo divulgou ontem que mandará sábado 19 profissionais da preparação da Copa de 2014 em "viagem técnica à Alemanha". 

A nota diz: "Estão no roteiro Kaiserslautern e Konigstein, pequenas comunidades que receberam jogos da Copa" de 2006. 

Vamos aos fatos... 

Em Kaiserslautern, fica o Estádio Fritz Walter, onde houve cinco jogos. Não é pequena comunidade. 

Konigstein, onde o Brasil treinou, não recebeu jogos. Que a viagem seja útil. Afinal, desperdício de dinheiro público, aqui, é, como futebol, esporte nacional.

MERVAL PEREIRA

Populismo


O Globo - 25/03/2009
 

O presidente Lula continua na firme disposição de passar otimismo para a população, negando a gravidade da crise econômica, como se essa atitude pudesse mudar as coisas. No mesmo dia em que a pesquisa Focus realizada pelo Banco Central com os agentes econômicos reduzia a expectativa de crescimento do PIB no ano para pouco mais que zero, o presidente fazia uma de suas famosas metáforas, dizendo que "cabra macho" não deixa de trabalhar por causa de uma gripe qualquer. 


O problema é que a crise não é uma simples gripe, e o diagnóstico do presidente pode levar o "cabra macho" a não se cuidar adequadamente. 

Talvez o presidente Lula imagine que a economia voltará a crescer no segundo semestre, como, aliás, preveem os economistas, e esteja jogando com isso. 

Essa parece ser a maldição dos presidentes, e mesmo Barack Obama, que começou o governo disposto a mudar a maneira de fazer política em Washington e teve a coragem de avisar ao eleitorado que a situação "iria piorar antes de melhorar", agora está anunciando, sem que nada indique isso, que já vê uma luz no fim do túnel e que o pior já passou. 

Talvez os dois sejam apenas políticos populistas, cada qual a seu modo. 


Uma parte da edição de ontem circulou sem a coluna em que registrei minha viagem à Antártica, que motivou o interesse dos leitores como poucos assuntos ultimamente. 

Por problemas climáticos, nosso regresso da Estação Comandante Ferraz a Punta Arenas, no Chile, na segunda-feira à noite, foi atrasado, nada que saia da rotina daquela parte do mundo, onde o tempo muda em questão de minutos. 

Mas foi uma aventura inesquecível, em que deu para avaliar a dificuldade em que vivem e trabalham os 15 membros permanentes da base brasileira e os pesquisadores de diversas universidades que lá estão, em períodos que podem levar até um ano. 

Devido aos ventos fortes foi impossível, num primeiro momento, deslocarmo-nos de helicóptero da base brasileira até a base chilena, a única com pista de pouso e decolagem, onde nos esperava o Hércules da FAB. 

Fomos para o navio oceanográfico Ary Rongel, à espera de uma "janela de tempo" para a viagem de helicóptero até a base Presidente Eduardo Frei. 

Os ventos fortíssimos, que chegavam a 40 nós, impediam o voo dos helicópteros e faziam com que a temperatura, em torno de 3 graus positivos - afinal, ainda estamos no verão lá - se transformasse numa sensação térmica de 13 graus negativos. 

Em compensação, a viagem de navio nos proporcionou assistir a um pôr do sol dos mais belos, o céu cor de rosa contrastando com as imensas geleiras azuis de tão brancas. 

É provável que o relato de uma saga brasileira vitoriosa seja mais interessante para a média dos leitores do que os constantes desmazelos de nossa vida política e institucional. 

E a história brasileira na Antártica é sem dúvida um exemplo de sucesso, a tal ponto que, ao regressar lá, depois de 20 anos, o almirante de esquadra Álvaro Luiz Pinto, comandante de Operações Navais, caiu no choro feito criança, na sua própria descrição. 

Ver de perto a força desse projeto já é emocionante para qualquer brasileiro, e muito mais para quem, como ele, pode comparar a evolução de um programa que a Marinha brasileira coordena desde 1983, quando foi criado o Programa Antártico Brasileiro (Proantar). 

O Brasil só ratificou o Tratado da Antártica em 1975, 14 anos depois de vigorar, e a primeira expedição científica foi realizada em 1982-83, no navio de apoio oceanográfico Barão de Teffé. Também o Navio Oceanográfico Prof. Wladimir Besnard, do Instituto Oceanográfico da USP, teve participação de vital importância nas primeiras expedições. 

A Estação Comandante Ferraz foi inaugurada no ano seguinte e, da instalação pioneira, com 120 metros quadrados em oito contêineres, surgiu o complexo atual que ocupa 2.300 metros quadrados com nove laboratórios, três de múltiplo emprego e outros dedicados a pesquisas em campos específicos: dois à biologia, um à química, três de ciências da atmosfera. 

A comemoração dos 25 anos da estação Comandante Ferraz coincide com o final do quarto ano polar internacional, que teve a participação de 50 mil pesquisadores de todo o mundo, representando 63 países. 

Dos 227 projetos conjuntos que estão sendo realizados, dez são coordenados por pesquisadores brasileiros, seis dos quais estão sendo realizados nos laboratórios da estação brasileira. 

Além das universidades federais do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul, que citei ontem, também a Universidade Federal Fluminense está patrocinando uma pesquisa, através de seu departamento de geologia, sobre as implicações geológicas e biológicas da separação entre a Antártica e a América do Sul, e de que maneira essa separação afetou o comportamento climático global. 

A viagem à Antártica nos permitiu também tomar contato com uma rara história humana de dedicação à profissão e a um projeto. 

O personagem dessa história é uma senhora de 85 anos conhecida por todos como Tia Alice, que coordena os serviços de bordo das aeronaves brasileiras desde 1989. 

Como aeromoça da Varig, ela foi designada para fazer os voos da FAB para a Antártica como parte da parceria da empresa brasileira no Projeto Antártico. 

Ela hoje dá graças a Deus que seu pedido de treinar taifeiros e sargentos da Marinha e da Aeronáutica para o serviço não tenha sido nunca atendido. 

Com o fim da Varig e a aposentadoria, Tia Alice continuou fazendo o serviço como voluntária, e é conhecida por todos pelo boné em que prega orgulhosamente um pinguim para cada voo que faz. Já tem mais de 160.

ILIMAR FRANCO

Uma nova atitude

Panorama Político
O Globo - 25/03/2009
 

O secretário de Desenvolvimento de São Paulo, Geraldo Alckmin, não vai enfrentar o governador José Serra para ser candidato do PSDB ao governo estadual. Fez isso em 2006, para concorrer a presidente, e em 2008, para disputar a prefeitura paulistana. Agora, mesmo na frente nas pesquisas, informou a seu grupo que vai seguir a orientação de Serra. Os serristas avaliam que o PSDB fará o próximo governador, seja qual for o candidato. 

Oposição pode abandonar a obstrução 

Com o Congresso mergulhado na agenda negativa, ganha corpo na bancada do PSDB a tese de que é preciso que a Câmara e o Senado voltem a votar. Nesse contexto, uma parcela da bancada do partido na Câmara passou a defender a janela aberta pela interpretação constitucional do presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), para quem as medidas provisórias só trancariam a pauta no caso de leis ordinárias. Alguns tucanos chegaram à conclusão de que o governo é quem ganha com a paralisia dos trabalhos legislativos. Isso lhe dá mais tempo para negociar com sua base parlamentar questões como a MP 449, o refis da crise. 

Eles transformaram a bonança em gastança, e isso tudo vai aparecer agora" - José Aníbal, líder do PSDB na Câmara dos Deputados (SP) 

NEOCORONELISMO. Na abertura de congresso do PPS, o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), comparou o Bolsa Família ao coronelismo no Nordeste. "Os coronéis tinham o voto do povo em troca de água", disse ele. Sobre a oposição na sucessão do presidente Lula, afirmou: "Nos falta ainda unidade e clareza". Guerra ainda lembrou que, nas eleições de 2006, "tínhamos palanques enormes e nenhuma campanha". 

Fizeram bico 

A declaração do ex-presidente Fernando Henrique, de que "o Congresso está bambo", foi criticada ontem na reunião de vice-líderes do PSDB na Câmara. Para os tucanos, o único beneficiado com a constatação é o presidente Lula.

 

Tintim 

De férias em Salvador, o presidente eleito de El Salvador, Maurício Funes, jantou anteontem no Palácio de Ondina com o presidente Lula, o governador Jaques Wagner e João Santana. Lula puxou uma série de brindes em portunhol. 

Cirurgia plástica e política 

Olhando para a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), anteontem em Salvador, o governador Luiz Henrique (SC) comentou: "É verdade. Agora tá na moda operação plástica. A Dilma fez nos olhos, e o Serra deve ter feito na boca". Ao seu lado, surpreso, o governador Marcelo Déda (SE) perguntou: "Na boca?". Luiz Henrique explicou: "Conheço o Serra há 30 anos, e nunca ele riu tanto como nos últimos tempos. Deve ter feito plástica". 

Nomeação-relâmpago 

O ex-deputado Philemon Rodrigues (PTB-PB), acusado de integrar a máfia dos sanguessugas, foi nomeado há poucos dias assessor de Relações Internacionais do gabinete do presidente da Câmara, deputado Michel Temer (PMDB-SP). O salário é de R$7 mil. Ontem, a assessoria da presidência da Câmara, procurada pela coluna para esclarecer a data da nomeação, afirmou que a exoneração de Philemon seria publicada hoje. Tudo para a Câmara não entrar na agenda negativa. 

A BANCADA do PT deflagrou campanha para convencer o governo a reduzir a superávit primário de 3,8% para 2% do PIB. Ontem, foi a vez de Maurício Rands (PT-PE) defender a proposta na Câmara. 

TROCADILHO. Apelo do líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), ontem no plenário do Senado: "Nós temos que pensar no país. Nós temos que pensar nos projetos, não nos projéteis". 

UM PREFEITO desesperado sugeriu ao ministro José Múcio que o governo mantenha o repasse médio de 2008 do Fundo de Participação dos Municípios.

DORA KRAMER

Ética da conveniência

O ESTADO DE SÃO PAULO - 25/03/09

No exato momento em que o presidente da República sugere ao PT que apresente como candidato ao governo de São Paulo um ex-ministro obrigado a deixar o cargo por impossibilidade de conciliar o comando da economia com a suspeita de crime de mando na quebra do sigilo bancário de um cidadão, o ex-tesoureiro do partido, símbolo do escândalo do mensalão, pede anistia partidária para se candidatar a deputado federal por Goiás.

Luiz Inácio da Silva conta com a absolvição de Antônio Palocci no Supremo Tribunal Federal, leva em consideração os votos recebidos por ele para deputado federal em pleno curso do processo, aposta no sucesso de Palocci na classe média e no trânsito que tem entre o empresariado.

São argumentos pragmáticos. Baseados na convicção de que os fatos se apagam se o STF não encontrar a digital do então ministro no extrato da conta do caseiro Francenildo Costa na Caixa Econômica Federal, exibido para desmoralizá-lo como testemunha de acusação ao ministro numa confusão relativa às suas andanças numa casa de lobby em Brasília.

A cúpula do PT se divide quanto ao pedido de anistia de Delúbio Soares. Há os que concordam com ele, acham a expulsão uma penalidade muito dura, injusta para quem por três anos já pagou os “erros” com o ostracismo.

Mas há os que discordam de uma reintegração, entre eles o presidente Lula, a esquerda do partido e mais o grupo do voto vencido, que sempre defendeu um processo mais rigoroso de revisão de procedimentos, integrado pelo ministro Tarso Genro e o secretário-geral do PT, deputado José Eduardo Cardozo.

Estes têm se mantido calados. Aqueles apresentam seus argumentos. Igualmente pragmáticos, como no caso de Palocci. Para o presidente, a volta de Delúbio seria um “erro político”, uma fonte de problemas para o PT, o governo e a ministra Dilma Rousseff; não por ser chefe da Casa Civil, guardiã da administração, mas por ser alegadamente a candidata à sucessão de Lula em 2010. O veto à anistia obedece sempre à mesma variante Um diz que traria à baila uma pauta negativa, o outro pondera que seria um prato cheio para a “direita”.

Não se ouve, porém, ninguém defender, senão a ética ou a legalidade, mas o programa do partido, cujos estatutos Delúbio violou. Segundo o ato de expulsão, o ex-tesoureiro cometeu “infração grave às disposições legais e estatutárias” e “inobservância grave dos princípios partidários”. Tanto na visão dos defensores quanto na percepção dos detratores da anistia, o pragmático se sobrepõe ao programático.

Não há, pois, dilema pelo fato de Delúbio Soares ter feito tudo aquilo de que o acusaram para expulsá-lo, nem há reparo na circunstância de um processo em curso no Supremo por corrupção ativa e formação de quadrilha.

Não há desconforto aparente com a existência de outras nove ações contra ele; quatro por improbidade administrativa, uma de iniciativa popular motivada pelo mensalão, outra sob a acusação de participar de esquema de fraudes na compra de remédios no Ministério da Saúde, duas na Justiça de Goiás por abandono de emprego e receber da Secretaria de Educação sem trabalhar e, na derradeira, é acusado por fraudes em empréstimos contraídos junto ao BMG para o PT.

Uma folha corrida e tanto que, no entanto, a julgar pela argumentação dos petistas contrários à sua volta, não teria maior peso caso não fosse um potencial estorvo à campanha do partido nas próximas eleições. Não é, note-se, o prontuário do cidadão o que constrange, mas o uso que a “direita” poderia fazer dele obrigando o partido a lembrar que seus dirigentes um dia foram acusados pelo procurador-geral da República de montar uma “quadrilha” no aparelho de Estado para financiar partidos aliados.

Há, ainda, a alegação de autoria do secretário de relações internacionais do PT, Valter Pomar. Segundo ele, Delúbio não merece o perdão porque não “reconheceu seus erros”, não se assume culpado.

Quer dizer, se clamasse “errei sim”, não representasse um risco de dano eleitoral, não fosse um “contratempo para quem deseja manter o foco no objetivo principal: vencer em 2010”, Delúbio estaria zerado, credenciado a entrar no Parlamento depois de sair burocracia partidária pela porta dos fundos.

Perna curta

O PMDB precisa escolher: ou dissemina a versão de que vai se dividir entre a candidatura do PSDB e o nome da preferência do Planalto ou espalha que Michel Temer poderá vir a ser o vice de Dilma Rousseff.

Uma exclui a outra. Se parte ficar com a oposição e parte se aliar ao governo, o PMDB não poderá integrar oficialmente nenhuma chapa, porque isso implica definição formal do partido com certidão registrada na Justiça Eleitoral.

É justo que o PMDB agora atire para todos os lados, a fim de firmar a imagem de parceiro imprescindível. Mas é conveniente também que o faça sem agredir os fatos.