quarta-feira, março 11, 2009
ELIANE CANTANHÊDE
Uma atrás da outra
Folha de São Paulo - 11/03/09
A Folha deu três importantes "furos de reportagem" seguidos, desses de deixar o eleitor definitivamente desanimado com o Congresso Nacional, pensando em mudar de país, ou de planeta.
Primeiro, foi a história do castelo não declarado e nem sequer justificado do deputado Edmar Moreira, que seria não apenas vice-presidente como corregedor da Câmara, veja só!
Depois, foi a do casarão também não declarado e não muito bem justificado do então diretor-geral do Senado, Agaciel Maia, que entrou no Congresso como datilógrafo e sem concurso, mas fez toda essa fortuna, veja só!
Agora, os repórteres Adriano Ceolin e Andreza Matais informam que o Senado pagou pelo menos R$ 6,2 milhões em horas extras para seus funcionários em... janeiro, quando o Congresso está em recesso, veja só!
Pelo Siafi, que é o sistema de acompanhamento de gastos do governo, seria ainda mais: R$ 8 milhões.
Não bastasse a decisão de dar hora extra durante janeiro, quando não há sessões, votações, decisões, a hora extra do recesso parece ainda mais especial, porque teve um reajustezinho de 111%. O limite, segundo documentos que os repórteres conseguiram, foi de R$ 1.250,00 para R$ 2.641,93.
Isso tudo, castelo, casarão e "hora extra sem hora normal", está dando no quê? Em nada, ou melhor, em espuma. Meias soluções, meia poeira empurrada para debaixo do tapete. E a vida continua.
Edmar Moreira caiu do cavalo, da Vice-Presidência e da Corregedoria, mas continuou no castelo e no mandato. Agaciel renunciou à direção-geral, mas fica no Senado, aguardando uma gorda aposentaria em dois anos. E o presidente do Senado, José Sarney, diz que vai moralizar e manda os funcionários do seu próprio gabinete devolverem a grana, mas ninguém explica, nem justifica como foi tomada a decisão. Aliás, quem, como, onde e por quê?
É assim, com uma atrás da outra, que o descrédito do Congresso está chegando a um ponto insuportável.
MERVAL PEREIRA
Tempos difíceis
O Globo - 11/03/2009 |
A tese antiga de que a parte mais sensível do corpo humano é o bolso pode ser resumida na frase de James Carville, marqueteiro do ex-presidente americano Bill Clinton: "É a economia, estúpido". A economia determina o resultado político de uma eleição, a derrota ou a vitória de um candidato. Não há nada que indique que essa norma não seja válida no Brasil, ao contrário. Sempre que a economia está bem, o governo da ocasião tende a ser vitorioso. Lula foi derrotado duas vezes no primeiro turno pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que tinha no Plano Real um instrumento eficaz de melhoria da vida dos cidadãos. |
ANCELMO GOIS
Se queixou ao bispo
O Globo - 11/03/2009 |
O ministro Gilmar Mendes, presidente do STF, foi se queixar com Dom Dimas Lara Barbosa, secretário-geral da CNBB. Lembrai-vos de 1992
Novela Paraty-Cunha
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ILIMAR FRANCO
Governo quer dois pontos
Panorama Político |
O Globo - 11/03/2009 |
São intensas as pressões para que o Copom reduza em dois pontos percentuais a taxa de juros Selic. A Comissão de Assuntos Econômicos do Senado aprovou proposta do líder do PT, Aloizio Mercadante (SP), convidando o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, para falar da política monetária. O governo não esperava uma redução da atividade econômica de 3,6% do PIB no quarto semestre de 2008. "Foi uma paulada que nos surpreendeu", disse um ministro palaciano. Pedofilia |
DORA KRAMER
Maculadas conceições
O Estado de São Paulo - 11/03/09
Aconteceu com o PMDB, aconteceu com o PSDB e está acontecendo com o PT: premidos pelas circunstâncias de governo, por compromissos assumidos no período e o peso de um presidencialismo quase absolutista, partidos que passam pelo poder pagam por isso um pedágio caro.
Se de um lado crescem, de outro perdem vigor, identidade e capacidade de fazer as escolhas mais afinadas com a rua, não necessariamente as mais convenientes para as cúpulas. Numa visão otimista, seria a arte de engolir sapos em nome de um projeto maior. Na percepção do que ocorre de fato, tomando como exemplo as experiências do PMDB e do PSDB, os partidos voltam à oposição perdidos, sem referência.
Depois de anos fazendo todo tipo de concessão, acostumando-se a considerar os vícios como parte do jogo, o preço pago ao exercício da governabilidade, saem do poder, no mínimo, mais cínicos, altamente compassivos e muito menos combativos.
A distância entre a expectativa que cercou o primeiro governo civil pós-ditadura e a mixórdia em que se transformou o partido fiador da Nova República dispensa maiores apresentações sobre a trajetória do PMDB.
Bateu cabeça durante um tempo sem saber se era governo ou oposição, até que decidiu ser – ao mesmo tempo e alternadamente – governo e oposição, vivendo do aluguel da legenda. Da sua costela nasceu o PSDB, cuja chegada ao governo central ocorreu prematuramente aos seis anos de vida. Passou oito anos da Presidência de Fernando Henrique Cardoso atendendo a todas as conveniências do Palácio do Planalto.
Diante das queixas dos correligionários, o então ministro das Comunicações, Sérgio Motta, informava que a obediência era o preço que o partido deveria pagar por ter chegado ao poder. Na coalizão formada com o PMDB e o PFL prevalecia o raciocínio de que o “dono da casa” deveria tratar bem os convidados. O apoio do partido do presidente era fava contada; o dos parceiros precisava ser constantemente conquistado.
O resultado foi um partido encolhido, tolhido e, na volta à oposição, destreinado, desagregado, sem discurso e em boa medida anestesiado para deformações correntes no âmbito da máquina governamental.
O entendimento de que a Presidência obriga partidos nos quais militam presidentes à obediência acrítica prevalece também no PT, e com muito mais força, pois o peso da liderança de Lula é infinitas vezes maior que a influência dos antecessores nos respectivos partidos.
O PT – aqui entendido em sua totalidade, não apenas na representação parlamentar – engoliu todas as mudanças, todos os pragmatismos, todos os vexames, alianças, e, mais recentemente, engoliu também a candidatura de Dilma Rousseff sem entender direito aonde quer chegar o chefe e se prepara para engolir candidaturas politicamente complicadas aos governos dos estados.
Obedece por instinto de sobrevivência, mas esquece o dia de amanhã. Lula será para sempre ex-presidente; já o PT sairá da Presidência sem saber direito quem é.
Madame X
A apresentação das mulheres ligadas ao MST e denominações adjacentes na série de infrações cometidas à guisa de “comemoração” do Dia Internacional da Mulher, com lenços escondendo os rostos, é própria imagem da (auto) “criminalização dos movimentos sociais”.
A adoção do modelo ré misteriosa demonstra plena ciência do caráter infrator do movimento.
Diferentemente do governo, o MST reconhece a ilegalidade de sua natureza. Nasceu sem personalidade jurídica para fugir do alcance da lei como entidade. Agora começa a querer dificultar identificações pessoais e, para isso, fantasia seus integrantes de bandidos.
Todas as letras
O processo de severinização que o líder do PMDB, Renan Calheiros, impõe ao Senado já é evidente. Líder da maior bancada da Casa, usa os instrumentos de poder recém-readquiridos para distribuir testas-de-ferro no comando de comissões por onde transitam interesses cruciais: Infraestrutura, Orçamento e Constituição e Justiça.
Só não é patente, por ora, a existência no Senado de homem ou mulher com coragem para pôr os pingos nos is com todos os efes e erres. Prepondera na Casa a consciência de que Calheiros não tem mais nada a perder, nome a zelar nem imagem a preservar.
Os mais amigos de José Sarney acrescentam a preocupação de que a associação reserve percalços que venham a impedi-lo de levar a bom termo o mandato de dois anos na presidência do Senado.
No deserto
Dia chegará em que a excomunhão deixará de impressionar, tão apartados do mundo real são certos dogmas da Igreja Católica.
Ela fala à luz de suas leis – é um direito e um dever –, mas vai falando cada vez mais sozinha – é uma escolha.
QUARTA NOS JORNAIS
- Globo: Indústria desaba, consumo cai e já se teme 2009 com recessão
- Folha: Queda do PIB no Brasil é uma das piores do mundo
- Estadão: PIB desaba no 4° trimestre e risco de recessão aumenta
- Valor: País fica mais perto da recessão
- Gazeta Mercantil: PIB cresce 5,1% no ano, mas cai no 4º trimestre
- Estado de Minas: Marajá do TCE age em causa própria
- Jornal do Commercio: Mais crédito para os aposentados