quarta-feira, dezembro 24, 2008
FELIZ NATAL
LUIZ WEIS
Conto-do-vigário na sucessão
O Estado de S. Paulo - 24/12/2008 |
Se não se instalar, sinal de que o temido contágio do colapso financeiro internacional se limitou a uma "gripe pequenininha", como prevê a ministra, tanto melhor para a operação Dilma-10: ela terá ganho tempo extra para corrigir os eventuais erros de implantação de um nome sem passagem prévia pelas urnas. O público, porém, tem mais com que se preocupar que com uma eleição a 22 meses de distância. E só lhe resta torcer para que a imersão do presidente na montagem do suporte político da candidata não embace sua concentração na crise. Agora, a sucessão começou mal porque o PT armou um conto-do-vigário, querendo atar a eleição a uma cruzada contra o neoliberalismo. A deixa partiu do secretário nacional de Comunicação do PT, Gleber Naime, numa reunião de dirigentes partidários. "A crise tem pai e mãe", proclamou. "Ela é uma crise do modelo neoliberal, daqueles que no Brasil defenderam as idéias de desregulamentação do Estado, ou seja, o PSDB e o DEM. E esse debate o PT vai fazer. Os neoliberais perderam." Seguiu-se, dias depois, a própria Dilma. "Nossa visão de Estado não é neoliberal. Somos governo com responsabilidade fiscal, mas também social", discursou ela para uma platéia de prefeitos petistas. "A diferença (em relação ao passado) é radical", emendou. É inconcebível que ela não saiba, antes de tudo, que o governo Fernando Henrique foi privatista, mas não neoliberal. Se fosse, o sistema financeiro nacional estaria tão desregulamentado como o dos EUA e, como este, em frangalhos. Além disso, no atual governo, desde a hora zero, a ex-ministra de Minas e Energia não precisa que ninguém lhe ensine que Lula encampou a política econômica do antecessor, embora a desancasse como "herança maldita". Não só a encampou, mas soube tocá-la com uma competência que seus adversários, não fosse a baixaria da política, poderiam fazer a fineza de admitir, em nome da verdade. A mesma competência, por sinal, com que levou adiante o Bolsa-Família. Este descende em linha direta dos vários programas de transferência de renda iniciados no segundo mandato de FHC, especialmente o Bolsa-Escola - cujos ancestrais, por sua vez, foram uma administração tucana (a do prefeito de Campinas já falecido José Roberto Magalhães Teixeira) e outra, petista (a do governador do Distrito Federal Cristovam Buarque). O petismo fabrica uma diferença - "radical", ainda por cima - em relação ao PSDB para esconder as semelhanças recíprocas, para o bem e para o mal, que não tem como admitir de cara limpa. Até o primeiro caso documentado de mensalão é obra tucana (na campanha do atual senador Eduardo Azeredo ao governo de Minas em 1998). Por último, falar em neoliberalismo no Brasil numa hora destas é de um anacronismo atroz. Qualquer que tenha sido seu apelo na década passada, hoje deve ter tantos adeptos quanto os da restauração da monarquia. E o provável adversário de Dilma, o ex-ministro e governador paulista José Serra, nunca deu nem sequer uma piscadela para a ideologia do absolutismo do mercado. Está na cara a intenção de escamotear a inconveniente verdade da convergência de posições entre o PT - pelo menos o PT da Carta aos Brasileiros, de 2002 em diante - e o PSDB, no que toca aos problemas de fundo do País. O próprio Fernando Henrique, que também diz uma coisa para fora e outra para dentro, já deixou escapar que a disputa entre as duas legendas é puramente política. Trata-se, pois, de uma disputa pelo poder, velha como as montanhas, entre confederações rivais de interesses cristalizados que compõem os respectivos partidos ou se exprimem por seu intermédio. Essa convergência básica não é uma jabuticaba - dá em qualquer democracia estável. Nelas, o tempo destila na sociedade e nos principais partidos um consenso sobre o núcleo essencial das políticas de Estado. As divergências não se evaporam; ao contrário, tendem a se intensificar - mas na periferia das grandes questões em jogo. Nos EUA, por exemplo, o consenso em torno do New Deal de Roosevelt durou cinco décadas, dos anos 1930 até a contra-revolução conservadora inaugurada com a eleição de Ronald Reagan. Na Grã-Bretanha, o consenso em favor do Welfare State, a partir do primeiro governo trabalhista do pós-guerra, só se desfez com o advento do thatcherismo, em 1979. Quando Dilma e Serra (ou, vá lá, Aécio Neves) enfim disserem a que vêm, ver-se-á que, removida a retórica, ambos estarão propondo, ao fim e ao cabo, o mesmo - desenvolvimento com justiça social, a ideologia brasileira por excelência desde a Revolução de 1930 (à parte as discordâncias posteriores sobre o papel do Estado como produtor de bens e provedor direto de serviços). O resto - embora não seja pouco nem descartável - é questão de métodos. Métodos de construir maiorias parlamentares, métodos de ocupar e conduzir o Estado, métodos de conquistar popularidade, métodos de fazer política externa. Sem Lula a ofuscar as coisas com a sua exacerbada oralidade e seu inigualável carisma, isso ficará patente no próximo período de governo, com Dilma ou Serra. Quantas vezes, enfim, será preciso repetir que, para os historiadores do futuro, a continuidade dará a marca do ciclo iniciado com a eleição de FHC e só terminará no dia ainda distante em que o Planalto não hospedar nem petistas nem tucanos? |
JOSÉ NÊUMANNE
Só quem trabalha pode pagar o almoço
O Estado de S. Paulo - 24/12/2008 |
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva encasquetou com a idéia fixa de que ele vai livrar o Brasil da crise se fizer o brasileiro consumir. Por isso, fingiu descer do palanque eleitoral para trocar o papel de eterno candidato pelo de garoto-propaganda do consumismo redentor. A idéia parte do pressuposto aparentemente simples, mas na verdade apenas simplista, de que, se o consumidor comprar, o comércio venderá, levando a indústria a produzir, a empresa a empregar e o trabalhador garantirá, destarte, sua renda para assegurar o próprio poder de compra. Usando uma parábola futebolística da preferência presidencial, é como se uma partida começasse aos 90 minutos e o cronômetro fosse rodando para trás até chegar ao zero - com o resultado predeterminado pelo árbitro. Caberia aos jogadores dos dois times cumprirem as determinações prévias de fazer os gols necessários para a derrota, a vitória ou o empate determinados pelo supremo juiz. |
INFORME JB
PAC da Copa sai em abril de 2009
Jornal do Brasil - 24/12/2008 |
O ministro do Esporte, Orlando Silva, anunciou ontem: sai em abril o PAC da Copa de 2014. A principal notícia, acrescentou o ministro, e de acordo com o presidente Lula, é que o governo federal não vai dar dinheiro para os estados construírem estádios, mesmo com a crise às portas. No mês de março, a Fifa dirá o nome das 10 cidades-sede para o evento. A partir daí, o ministério prioriza, no mesmo PAC, a mobilidade de tráfego e transporte – num trabalho conjunto com o Ministério das Cidades, além de estradas, portos e aeroportos. Orlando terá em mãos um mapeamento de infra-estrutura com as cidades mais preparadas para investimentos – só que caberá à Fifa decidir quais são, e o governo terá de adaptar seus projetos aos interesses da federação. Rio 2016 Segunda-feira, o ministro Orlando Silva encontrou-se com o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Nawaf Bin Faisal, e ouviu do sheik: "Sou um voluntário para a campanha do Rio pela Olimpíada". Aposta O prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias (PT), e o senador Ignácio Arruda (PCdoB-CE) reuniram-se com Orlando Silva, também comunista, ontem à tarde. Mas não falaram de esporte. Lula lá, de novo O presidente Lula prepara nova agenda de viagens para a África ano que vem. Quer conhecer agora mais oito países, entre eles Quênia e Etiópia. Praia do mosquito A paradisíaca (por enquanto) Búzios sofre com o descaso político. A cidade, um dos mais belos balneários do país, está infestada de mosquitos da dengue. Isso, só percebem os que chegam lá depois de horas atravessando estradas ruins. Quem é quem Manda em Búzios hoje o prefeito Toninho Branco, ou Octávio Raja Gabaglia – ou ambos juntos. Cortando asas A Agência Nacional de Aviação Civil adiou mais uma vez, a pedidos, a audiência pública que faria dia 30, no Rio, para debater a ampliação de operações do Aeroporto Santos Dumont, além do processo de concessões de terminais no país. Batendo asas O fato é que tem muita gente graúda já fugindo dessa briga entre Gol e TAM contra a Azul. Sarkozy em Angra O casal Nicolas Sarkozy e Carla Bruni alugou uma ilha de conhecido milionário, em Angra dos Reis, famosa por seu belo litoral no Sul do Rio. A dupla pretende passar ali o Réveillon, cercada de seletos amigos, além do pai de Carla. Isso, se resolverem deixar o também belo litoral baiano. Ano novo O Senado deverá ter, a partir do ano que vem, um novo regimento interno. O objetivo é tornar a Casa mais eficiente, explica o senador Marco Maciel. Ele preside a comissão temporária criada especificamente para isso. Coitado do Mão Santa Para desespero do senador Mão Santa, que adora falar, a comissão já estuda limitar os discursos e as sessões solenes, em busca de mais celeridade no processo legislativo. Estuda-se também, segundo Maciel, dar mais poder de decisão às comissões em certos projetos, que não seriam levados a plenário. Balanço da AGU A AGU informou à coluna que realmente economizou para o país R$ 640 milhões, mas foi "ao barrar ações contra a União no STF". Levando em conta o balanção de 2008, em outras frentes de trabalho, a economia para o governo alcança R$ 55,4 bilhões. |
SÔNIA RACY - DIRETO DA FONTE
Mais dinheiro por 30 dias
O Estado de S. Paulo - 24/12/2008 |
São Paulo teve peso na aprovação no comitê gestor do Simples Nacional em relação à prorrogação, para o dia 13 de fevereiro, do recolhimento de tributos por parte das empresas que aderiram ao regime especial de arrecadação. Segundo se apurou, a iniciativa foi encabeçada por São Paulo e Maranhão, representantes dos 27 Estados no comitê gestor do Simples. Alô presidente |
TUTTY VASQUEZ
A matemática do caos
O Estado de S. Paulo - 24/12/2008 |
É dura a vida das autoridades responsáveis pela ordem urbana em dia de enchente em São Paulo. Enquanto o povo espera socorro no bem-bom do teto dos ônibus, centenas de peritos em emergência calculam o tamanho do problema. São contas intermináveis. Nesta última vez que o fim do mundo veio passar o fim de tarde na cidade, eles somaram 45 pontos de alagamentos - 37 deles intransitáveis -, 174 quilômetros de congestionamentos, 10 bairros sem energia, 64,8 milímetros de chuva, 31 vôos atrasados, 9 cancelados, 15 árvores caídas, 562 áreas de risco, 5.500 famílias à beira do desabrigo. |
PANORAMA POLÍTICO
Agenda anticrise
O Globo - 24/12/2008 |
O presidente Lula não pretende limitar sua ação, no próximo ano, ao gerenciamento da crise. No final de janeiro, anuncia a política para a exploração do petróleo do pré-sal, quando acredita que se abrirão as portas para novos investimentos no país. Sua estratégia prevê manter a aposta no otimismo. Lula vai percorrer o país visitando as obras do PAC e inaugurando uma centena de escolas técnicas. Desabafo |
DORA KRAMER
A prova do retrovisor
O Estado de S. Paulo - 24/12/2008 |
Nessa mesma época, um ano atrás, o Senado acabara de derrubar a renovação da CPMF e, junto com ela, o governo anunciava também o fim do mundo. O presidente Luiz Inácio da Silva acusava a oposição de inviabilizar sua administração com a retirada dos R$ 40 bilhões de arrecadação anual do imposto do cheque. |
NAS ENTRELINHAS
Imposturas de Lula e Dilma
Correio Braziliense - 24/12/2008 |
Na crise, a cúpula do governo se rende à infinita paixão que nutre por si mesma e transfere à população responsabilidades e culpas que lhe pertencem O presidente da República tem, mui patrioticamente, repetido o bordão da gastança. Onde quer que vá, discursa com a narina inflamada do indignado, acusa meia dúzia de “torcer pela crise” e exorta a platéia a gastar dinheiro. “Se tem dívidas, pague. Mas se não tem, vá e faça suas compras”, é o brado do homem, nas paradas de caixeiro-viajante país afora. |
COLUNA PAINEL
Ou vai ou racha
Folha de S. Paulo - 24/12/2008 |
Se novembro já foi ruim, com a eliminação de 40 mil empregos, dezembro será muito pior. Na avaliação do Ministério da Fazenda, devem se aproximar de meio milhão os postos perdidos no mês, que já é tradicionalmente difícil para o mercado de trabalho. A notícia, assim espera a equipe do ministro Guido Mantega, deve dar o empurrão necessário para a redução da taxa de juros já na próxima reunião do Banco Central, no final de janeiro. "Não precisamos mais pedir para os juros caírem. Agora, são os números que pedem", diz um assessor da Fazenda. Em recente entrevista ao programa humorístico "CQC", o líder da bancada do PT na Câmara, Maurício Rands (PE), qualificou o colega Gustavo Fruet (PSDB-PR) como um dos maiores fofoqueiros do Congresso. |
FERNANDO RODRIGUES
11 vezes crise
Folha de S. Paulo - 24/12/2008 |
Descontadas as preposições, "crise" foi a palavra mais usada por Lula no seu pronunciamento à nação anteontem na TV. O presidente usou o termo 11 vezes. |
MÓNICA BÉRGAMO
FUNIL
Folha de S. Paulo - 24/12/2008 |
E já começam a circular nomes e candidaturas para substituir Ellen Gracie no STF (Supremo Tribunal Federal) caso ela vá mesmo para a OMC (Organização Mundial do Comércio). Além de José Dias Toffoli, advogado-geral da União, estão no páreo Luiz Fux, ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça), e Cesar Asfor Rocha, do mesmo tribunal. CONVITE À FILOSOFIA |
ÉLIO GASPARI
Lula 2.0 tem a voz do velho sindicalista
O Globo - 24/12/2008 |
Na noite de segunda-feira Nosso Guia fez ao mesmo tempo uma prestação de contas do governo Lula 1.0 e o discurso de posse de Lula 2.0. Um mostrou resultados, o outro ofereceu esperança. |
ANCELMO GÓIS
Pouso forçado
O Globo - 24/12/2008 |
A Anac, a pedido de Sérgio Cabral, suspendeu a audiência pública do dia 30 para decidir se autoriza ou não vôos para novos destinos no Santos Dumont. |
QUARTA NOS JORNAIS
O Estado de S.Paulo - Queda da receita provoca déficit nas contas do governo
Jornal do Brasil - Muros cercarão favelas
O Globo - Crise eleva juros para consumidores no Natal
Gazeta Mercantil - Crédito opõe bancos de médio porte e BC
Valor Econômico - Tolerância de fornecedor alivia o aperto de crédito
Correio Braziliense - Mesmo com juros altos, brasiliense vai às compras
Estado de Minas - Bancos usam crise para subir os juros