Entrevista da jornalista Mônica Veloso a Policarpo Junior na VEJA deste fim de semana:
A senhora recebia dinheiro das mãos do lobista Cláudio Gontijo?
Sim, recebi durante quase dois anos.
Quando foi a primeira vez?
Foi entre fevereiro e março de 2004.
Os pagamentos seguiram até quando?
Até novembro de 2005.
O dinheiro pertencia a quem?
Não sei. Renan está dizendo agora que o dinheiro era dele, mas ele nunca me disse isso antes.
A senhora perguntou?
Não, eu recebia uma pensão e não fazia sentido perguntar de onde vinha o dinheiro. Isso parece importante agora por causa desse turbilhão, mas para mim não era. Eu pegava o dinheiro com o Cláudio e ponto. Não ia ficar questionando.
A senhora falava de dinheiro com o senador?
Nunca falávamos de dinheiro. Assunto de dinheiro era sempre com o Cláudio.
Onde a senhora pegava o dinheiro?
Na maioria das vezes, era no escritório da Mendes Júnior. Mas houve várias formas. Nos últimos meses da gravidez (a criança nasceu em julho de 2004) e no período do resguardo, o Cláudio me entregava os envelopes com dinheiro na minha casa, na minha produtora... Mas, depois disso, eu ia buscar o dinheiro na Mendes Júnior e o depositava na minha conta. Não tenho o costume de guardar dinheiro debaixo do colchão.
A senhora pegava o dinheiro na portaria do edifício da Mendes Júnior ou entrava no escritório?
Eu chegava ao prédio e me identificava na portaria. Eles anotam nome, identidade, hora e a sala aonde você vai. Se eles guardaram esses registros, é só conferir que minhas entradas estarão todas lá. Eu pegava o elevador até o 11º andar. Lá, me anunciava no interfone e a secretária abria a porta do escritório.
Como era repassado o dinheiro?
Cláudio me recebia na sala dele e me entregava o envelope. Alguns envelopes tinham o logotipo da Mendes Júnior.
Havia dia certo para pegar o dinheiro?
Era sempre no início do mês, mas não tinha dia certo. Às vezes era no dia 4, no dia 5, no dia 8. Eu ligava para o Cláudio e perguntava se podia passar lá.
O dinheiro não era depositado na sua conta?
Não, eu sempre pegava um envelope com dinheiro vivo.