terça-feira, março 06, 2018

MWC: evolução sem revolução - CORA RÓNAI

O GLOBO - 06/03
Lançamentos de celulares este ano têm aparelhos bastante parecidos com os antecessores, aperfeiçoando desempenho

Agora, que o carnaval e o MWC de Barcelona já acabaram, podemos, enfim, dar o ano de 2018 por começado. A grande feira de Barcelona teve até neve, embutida na onda de frio que castigou a Europa, mas não teve nenhuma novidade revolucionária, e a sensação que se tinha ao caminhar pelos seus quilômetros de corredores era a de que o tempo passou devagar de 2017 para cá. O que se viu nos vários estandes foram aparelhos bastante parecidos com seus antecessores, consolidando características e aperfeiçoando desempenho.

A mudança mais radical ficou com a Sony, que deixou enfim o look anguloso que conservou durante tantos anos, e aderiu a formas suaves — os novos XZ2 e XZ2 compacto são lindos aparelhos de costas arredondadas, bem diferentes das linhas retas que vinham sendo a marca registrada da empresa até aqui. Ambos rodam Android Oreo e têm a bela interface da Sony, além de câmeras poderosas que filmam em 4K e, como as do S9 e S9+ da Samsung, são capazes de um super slow motion a 960FPS. O que me pareceu mais curioso no XZ2 foi o Dynamic Vibration System, vibração que acompanha os sons, e que amplifica a experiência de jogar videogames ou assistir a filmes de ação. Ainda não há previsão para a chegada dos aparelhos ao Brasil, mas é certo que virão com o preço estratosférico habitual dos topos de linha.

Boas relações custo X benefício virão, como sempre, de outras paragens: a Alcatel deu uma incrementada geral na família, e o 5, particularmente, me pareceu uma ótima pedida. É bonito e parrudo, com 3GB de RAM, faz reconhecimento visual e tem câmera frontal dupla.

A Asus causou um pequeno escândalo pela semelhança do seu Zenfone 5 com o iPhone X, mas parece que o notch — aquele dente na parte superior da tela — é o novo preto, e ainda vamos ver muitos deles por aí. Os aparelhos da Asus têm vindo cada vez mais bonitos, e a nova família não quebra a escrita: dá um show. No topo de linha, especificações como 8GB de RAM e 256 GB de espaço interno, só para tripudiar “dazinimiga”.

A Nokia, agora como marca da HMD, se consolida, mais uma vez, como fabricante de ótimos celulares. Seu topo de linha, o Nokia 8 Sirocco, foi um dos aparelhos mais elegantes em exibição, com corpo de aço entre painéis de Gorilla Glass 5. Ele tem dimensões um pouco diferentes das que estamos habituados a ver: é menos comprido, e mais largo do que os seus pares. Com 6GB de RAM e 128GB de armazenagem, traz câmera dupla Zeiss e um aplicativo praticamente igual ao fabuloso app de imagem dos velhos Lumia.

A Nokia sabe que tem um grande passado pela frente, e continua buscando inspiração na sua rica história. No ano passado, ressuscitou o 3310, com enorme sucesso; agora foi a vez do 8110, o inesquecível banana fone que tantas cenas roubou em 1999 no filme “Matrix” — e que foi, sem dúvida, o aparelho mais fotografado do MWC, contracenando com os cachos de banana que enfeitavam o estande.

O 8110 é uma releitura popular do antigo aparelho de elite: um featurephone baratinho, de plástico, mas muito bem acabado e com doses certas de nostalgia e funcionalidade. Ele não é um smartphone; seu público alvo está em regiões onde a internet móvel não é nem tão internet nem tão móvel. Apesar disso, tem uma app store que a HMD promete rechear com o tempo. Até lá, pode-se jogar o jogo da cobrinha, agora numa versão mais sofisticada.

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