sexta-feira, outubro 30, 2015

Zelotes devassa empresa de filho de Lula

VALOR ECONÔMICO - 30/10

Letícia Casado e André Guilherme Vieira 



Análise da Receita Federal sugere que a LFT Marketing Esportivo, que pertence a Luis Claudio Lula da Silva, filho do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pode se tratar de uma empresa de fachada.

"A despeito do vultoso recebimento pela LFT Marketing Esportivo em 2014, a empresa não possui nenhum funcionário em seus quadros, bem assim como não informa pagamento de salário ou recolhimento de contribuições previdenciárias de empregados", destaca relatório de pesquisa e investigação anexado aos autos da Operação Zelotes.

O relatório indica que a Receita Federal suspeita que a empresa seja uma fachada destinada a atuar em lavagem de dinheiro. Por isso a Receita sugeriu ao Ministério Público Federal que requeira o rastreamento bancário de uma série de pagamentos identificados pelo órgão.

"Examinando fitas de caixa, guias de transações em espécie e outros documentos, de modo a esclarecer se esses valores foram efetivamente sacados em espécie na ´boca do caixa´ ou se foram creditados em outras contas, ocorrendo as chamadas ´operações casadas´", informa o documento.

Os investigadores sugerem também que os departamentos de auditoria interna dos bancos informem alguns dados, tais como nome, CPF e CNPJ dos responsáveis pelos saques e retiradas de dinheiro. E ainda que os bancos forneçam cópia legível dos respectivos cheques, bem como de documentos que comprovem o destino desses recursos movimentados.

A Receita Federal ainda questiona o tipo de serviço que de fato foi prestado pela LFT, "que motivou o pagamento de tão grande soma".

De acordo com a investigação, somente em 2014, a LFT Marketing Esportivo recebeu R$ 1,5 milhão da Marcondes e Mautoni, empresa suspeita de envolvimento em esquema de corrupção e tráfico de influência para a aprovação de medidas provisórias para prorrogar isenções fiscais a empresas do segmento automotivo.

Apontado como lobista, Mauro Marcondes foi preso na última segunda-feira. Até então, Marcondes ocupava o cargo de vice-presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), mas foi suspenso do cargo até que as investigações sejam concluídas.

De acordo com o relatório, "informação colhida na Relação Anual Informações Sociais (Rais) em que se identifica que a empresa LFT Marketing Esportivo não possui nenhum empregado registrado em 2014, muito embora tenha recebido, nesse mesmo ano, o valor de R$ 1.501.600,00 da Marcondes e Mautoni Empreendimentos e Diplomacia Corporativa", informa o material.

Deflagrada em 26 de março deste ano, Operação Zelotes apura irregularidades no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf). Segundo os investigadores, foi montado um esquema para influenciar e corromper conselheiros do órgão para cancelar autos de infrações, resultando em economia milionária para empresas autuadas.

Na nova fase, deflagrada na segunda-feira, a Zelotes avançou sobre suspeitas de manipulações na elaboração de três medidas provisórias que beneficiaram o setor automotivo: 471, 512 e 627. De acordo com os investigadores, os suspeitos teriam praticado os CRIME de tráfico de influência, corrupção ativa e passiva, associação e organização criminosa além de lavagem de dinheiro.

A defesa de Luis Claudio nega irregularidades. "Reitera-se que a mera opinião de dois procuradores da república de que os pagamentos feitos pela Marcondes e Mautoni à LFT seriam ´muito suspeitos´ não autoriza a prática de qualquer medida que implique mitigar as garantias fundamentais de qualquer cidadão."

O filho de Lula foi intimado para prestar depoimento à Polícia Federal a fim de esclarecer alguns pontos da investigação da Operação Zelotes.

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