sábado, julho 05, 2014

A taça é deles (e a conta é nossa) - GUILHERME FIUZA

O GLOBO - 05/07

País gastou com os estádios da Copa mais do que Alemanha e África do Sul juntas. Com brasileiro não há quem possa



Os pessimistas e a elite branca deram com os burros n’água: a Copa do Mundo no Brasil é um sucesso. A bola está rolando redondinha, os gramados estão todos verdinhos e o país chegou até aí batendo mais um recorde: gastou com os estádios da Copa mais do que Alemanha e África do Sul juntas. Com brasileiro não há quem possa.

Aos espíritos de porco que ainda têm coragem de reclamar do derrame sem precedentes de dinheiro público promovido pelos faraós brazucas, eis a resposta definitiva e acachapante: a Copa no Brasil tem uma das maiores médias de gols da história. Fim de papo. De que adianta ficar economizando o dinheiro do povo, evitando os superfaturamentos e as negociatas na construção dos estádios, para depois assistir a um monte de zero a zero e outros placares magros? Fartura atrai fartura. Depois da chuva de verbas, a chuva de gols. É a Copa das Copas. Viva Messi, viva Neymar, viva Dilma.

Está todo mundo feliz, e o país mais uma vez se renderá a Lula. O oráculo afirmou que era uma babaquice esse negócio de querer chegar de metrô até dentro do estádio. Que o brasileiro vai a jogo até de jegue. O filho do Brasil mais uma vez tinha razão.

O país teve sete anos para usar a agenda da Copa e investir seriamente em infraestrutura de transportes. Sete anos para planejar e executar uma expansão decente do metrô nas capitais saturadas, por exemplo — obras caras que dependem do governo federal. Ainda bem que nada disso foi feito, e as capitais continuaram enfrentando sua bagunça a passo de jegue. Seria um desperdício, porque todo mundo sabe que essa mania de querer chegar aos lugares de metrô é uma babaquice da elite branca. Felizmente, o dinheiro que seria torrado nessa maluquice foi bem aplicado nos estádios mais caros do mundo, entre outros investimentos estratégicos.

Agora a Copa deu certo, o brasileiro está sorrindo e a popularidade de Dilma voltou a subir — provando de uma vez por todas que planejamento sério é uma babaquice. O que importa é bola na rede.

Nos anos que antecederam a Copa das Copas, os pessimistas encheram a paciência do governo popular com a questão dos aeroportos. Mas o PT resistiu mais uma vez à conspiração dessa burguesia ociosa que reclama de tudo. E deixou para privatizar (que ninguém nos ouça) os aeroportos às vésperas da Copa. Foi perfeito, porque sobrou mais tempo para o bando da companheira Rosemary Noronha parasitar o setor da aviação civil, proporcionando aos brasileiros o que eles mais gostam: ser maltratados nos aeroportos em ruínas, se possível derretendo com a falta de ar-condicionado (o que Dilma chamou carinhosamente de “Padrão Brasil”).

Os pessimistas perderam mais essa. Na última hora, com um show vertiginoso de remendos e puxadinhos (Brasil-sil-sil!), os aeroportos nacionais não obrigaram nem uma única delegação estrangeira a vir para a Copa de jegue. Todas as seleções entraram em campo — a televisão está de prova. E, no que a bola rolou, quem haveria de memorizar detalhes insignificantes, como metade dos elevadores da Favela Antonio Carlos Jobim enguiçados, além de algumas esteiras e escadas rolantes interditadas, entre outros desafios dessa gincana Padrão Brasil?

Ora, calem a boca, senhores pessimistas. A Copa deu certo. A Rosemary também.

Quem vai cronometrar o tempo dos otários nas filas monumentais? Os cronômetros só medem a posse de bola. E bem feito para quem ficou preso nos engarrafamentos a caminho do estádio, de casa ou de qualquer lugar. Lula avisou para ir de jegue. Você ficou engarrafado porque é um membro dessa elite branca que contribui para o aquecimento global. Além de tudo, é ignorante, porque ainda não entendeu que o combustível no Brasil foi privatizado pelos companheiros e seus doleiros de estimação. Como diria o petista André Vargas ao comparsa Alberto Youssef, o petróleo é nosso.

Além de jegue e jabuticaba, o Padrão Brasil tem feriado. Muito feriado. Quantos o freguês desejar. Pode haver melhor legado que esse para a mobilidade urbana? Se todo mundo andar de jegue e ninguém precisar ir trabalhar, acabaram-se os problemas viários. Poderemos ter Copa todo mês. E os brasileiros não precisarão mais correr riscos com obras perigosas como os viadutos — que, como se sabe, desabam.

A Copa no Brasil tem tido jogos realmente emocionantes. É o triunfo do único inocente nessa história — o futebol. Viva ele. Os zumbis que ficavam gemendo pelas ruas que “não vai ter Copa” sumiram na paisagem do congraçamento das torcidas. Mas é claro que isso será entendido pela geleia geral brasileira como... gol da Dilma! É a virada dos companheiros, a vitória dos oprimidos palacianos sobre as elites impatrióticas etc. A taça é deles. E a conta é nossa.

Se você não suporta mais essa alquimia macabra, que faz qualquer sucata populista virar ouro eleitoral, faça como os atletas do Felipão: chore.

10 comentários:

Anônimo disse...

Não tem nada a ver a seleção brasileira de futebol com a Nação Brasil.

Não é possível torcer contra o futebol brasileiro só porque se é contra os políticos de plantão no Palácio do Planalto. É assim agora, como também foi assim durante a ditadura militar.

A diferença é que parece que hoje as pessoas já despertaram para exigir cidadania e respeito. E claro, a Copa está promovendo o país em nível internacional. Então que se danem os políticos, e cadeia para quem roubou na Copa.

Maria Cristina disse...

Mas o autor não confundiu futebol com nação, essa confusão identitária, quem a faz, é o povo mesmo. O texto é brilhante, sobretudo pela fineza da ironia.

Antonio José disse...

A cada dia que passa a oposição se parece mais e mais com o cachorrinho que caiu do caminhão de mudança. Não sabe chegar na casa nova (Palácio da Alvorada) e tem muito medo de perder o caminho de volta (Palácio de Tiradentes). Vai acabar no meio da estrada, vendo a carruagem da Presidenta Dilma passar.E o que é pior, vai ver lá longe, em 2018, um vulto, ex-presidente Lula chegando..

Anônimo disse...

Esse papo rançoso contra os aeroportos brasileiros é pura má-fé. Acabei de chegar de Paris, onde mofei tanto na chegada quanto na saída, no maior aeroporto europeu, fora as quase uma hora e meia que levei pra despachar as bagagens no aeroporto de Barcelona.

Anônimo disse...

Que texto... Truncado, confuso.. Confunde país com nação, copa com futebol. Confusão com gastos em investimentos (despesa de capital/corrente). Escrever com ódio o resultado é assim mesmo: texto confuso.

Leonardo disse...

O Fiuza é um lacaio mentiroso, não tem como acreditar em uma linha do que ele escreva...

Anônimo disse...

Para de chorar, bebe! Você e os vira-latas do Millenium apostaram no fracasso da Copa. E perderam.

Anônimo disse...

Texto brilhante, pela fineza da ironia, tá de brincadeira, o cara destila feu pela boca, passa a imagem de burgues magoado e que os que torcem a favor do país, independente da política é alienado e burro. Tem pessoas que não vivem o momento, já tem pronto o discurso da vitória ou derrota já no planejamento. Este texto deve ter sido escrito no ano passado e ele só postou agora. Desagradável este cara.

Flávio Pantoja disse...

A corja petista saberá explorar o hexa, o que não aconteceu com FHC no penta em 2002. Torço , e nem preciso fazer muita força, pela derrota contra a Alemanha.

Flávio Pantoja disse...

Por onde anda o Fuleco ? Será que está acompanhando a Copa com o Lula Molusco, tomando cachaça até a perda total dos sentidos ou os dois estão tentando chegar a algum estádio montados em um jegue ?