domingo, abril 13, 2014

Mas a Petrobras é deles - FERREIRA GULLAR

FOLHA DE SP - 13/04

A verdade é que a história da Petrobras, desde que caiu nas mãos de Lula, tem sido desastrosa


Os escândalos que envolvem a Petrobras merecem ser considerados com atenção porque revelam quem são as pessoas que nos governam e às mãos de quem nosso país foi entregue.

Todos certamente se lembram do uso que Lula fez da Petrobras durante a campanha eleitoral, inventando que o adversário iria privatizá-la. O adversário ganhou as eleições e não a privatizou; ele, Lula e sua turma, chegados ao governo, usaram-na politicamente, levando-a a prejuízos sucessivos, levando-a da condição de empresa lucrativa, mundialmente respeitada, à situação crítica em que se encontra hoje, com a perda preocupante de seu valor de mercado: caiu de aproximadamente R$ 500 bilhões para R$ 150 bilhões, ou seja, para menos de um terço do que valia.

Até aqui, nós brasileiros atribuíamos esse desastre ao uso eleitoral que Lula fez da empresa, obrigando-a a vender seus produtos por um preço inferior ao que paga para importá-los. Até aí, o abuso se limitava a prejudicar o desempenho da Petrobras em função de seus interesses partidários.

Mas o escândalo da compra da refinaria de Pasadena já é outra coisa: envolve Lula, então presidente da República, e Dilma Rousseff, chefe de sua Casa Civil e presidente do Conselho de Administração da Petrobras naquela época. Trata-se de uma inexplicável transação de que resultou um prejuízo de milhões de dólares para a empresa brasileira.

Mas o problema não se limita a esse vultoso prejuízo, pois foi agravado pelo modo como a coisa se deu. Como se não bastasse ter a Petrobras pago US$ 360 milhões pela metade da refinaria que havia sido comprada, um ano antes, por apenas US$ 42 milhões, ainda foi obrigada a adquirir por US$ 680 milhões a outra metade, conforme a obrigava o contrato!

E Dilma, como presidente de Conselho, concordou com isso? Diante do escândalo, ela soltou uma nota afirmando que aquelas cláusulas haviam sido omitidas no contrato que lhe foi apresentado, do contrário, não teria aprovado a compra. E puniu o suposto responsável, Nestor Cerveró, que lhe teria apresentado o suposto documento, demitindo-o cargo de diretor internacional. O curioso é que tudo isso já era conhecido desde 2012 e ninguém havia sido punido.

No entanto, nossa surpresa não para aí. Após a nota da presidente Dilma, admitindo a falcatrua, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, veio a público afirmar que a compra da refinaria de Pasadena foi feita de acordo com as estritas normas administrativas, não tendo havido nenhuma trapaça. Se isso é verdade, então a nota de Dilma é mentirosa e a demissão de Cerveró, uma medida farsesca para ocultar a verdade. Afinal, qual dos dois está mentindo?

A verdade é que a história da Petrobras, desde que caiu nas mãos de Lula, tem sido desastrosa. Lembram-se da propalada iniciativa do presidente Lula ao decidir construir, em Pernambuco, uma refinaria em sociedade com presidente venezuelano Hugo Chávez? A tal refinaria Abreu e Lima, que custaria US$ 2,5 bilhões, já está custando US$ 18 bilhões e ainda não funciona. A Venezuela não entrou com um tostão que fosse.

Como se vê, pelo menos no que se refere a petróleo, o estadista Lula é um fracasso. Sim, porque tem mais: ele também inventou de comprar uma refinaria no Japão por US$ 71 milhões, mas, até agora, a Petrobras já gastou US$ 200 milhões. A consequência de tudo isso é que, como seria inevitável, a grande empresa brasileira vem se descapitalizando, chegando hoje, na avaliação do mercado internacional, a menos de um terço do que valia antes de ser entregue ao populismo petista.

Como se sabe, uma das características do populismo é usar empresas do Estado como moeda de troca no jogo do poder. Nesse jogo, entram desde o presidente da República até vigaristas como Paulo Roberto Costa, preso por lavagem de dinheiro.

E o pior é que a senadora Gleisi Hoffmann, do PT, até recentemente ministra da Casa Civil de Dilma, teve a coragem de afirmar que a finalidade da Petrobras é melhorar a vida do brasileiro pobre e não dar lucro, pois isso só interessa aos acionistas. Ou seja, a Petrobras está no caminho certo, falindo.

2 comentários:

matuto disse...

Esta senhora senadora é a mesma que triplicou o valor da energia de Itaipu, que compramos do Paraguai.
Agora defende que a PETROBRAS é uma empresa com a finalidade de melhorar a vida de brasileiro pobre, mas o barão belga Albert Frére, não é brasileiro e, nem pobre, mas foi o que mais lucrou no "negócio" que a PETROBRAS realizou, na compra da refinaria de petróleo no Texas-EUA.
Senadora, os "seus" pobres são mesmo brasileiros? Tem certeza?
BRAZIL, PAÍS RICO...DE "DÚVIDAS"!!!

Anônimo disse...

Caro GULLAR, não existe mentira, existe o fato de um Ministro da Justiça querer explicar uma transação comercial é tão incoerente, quanto um Poeta querer entrar em méritos de Economia.
Ado Ado Ado, cada um no seu quadrado, assim fica parecendo até a bancada da globo, onde todos comentam de tudo e ninguém diz a verdade. São leigos, cara pálida.