segunda-feira, março 10, 2014

Transparência energética - EDITORIAL ZERO HORA

ZERO HORA - 10/03

O poder público precisa garantir transparência na questão energética, procurando atuar em conjunto com o setor privado na busca de soluções.


A dependência de energia gerada por hidrelétricas, somada a políticas equivocadas de administração de preços de tarifas e de investimentos em novas fontes geradoras, deixa novamente o país na iminência de racionamento. É muito decepcionante quando autoridades se resignam a torcer para São Pedro em vez de tomarem decisões objetivas e corajosas, ainda que possam implicar algum prejuízo político num ano com atenções voltadas para a campanha eleitoral e desgaste junto aos consumidores. Projetos nessa área demandam tempo e elevados volumes de recursos financeiros, devendo por isso ser definidos com antecedência e com vistas a um horizonte que independe de quem vai estar ou não no governo, pois se estendem além de uma administração.
O resultado é que o somatório de falta de providências adequadas e da escassez de chuvas nos últimos meses faz com que o nível dos reservatórios das regiões Sudeste e Centro-Oeste esteja hoje em 34,66%. É quase o mesmo patamar da média de março de 2001, que chegou a 34,5%, levando o governo federal a determinar um racionamento que provocou graves consequências para o setor produtivo, desgaste político e um ônus pesado para o consumidor final. Pressionado, o governo se viu forçado a acelerar um plano emergencial de produção, que atenuou os riscos de um novo apagão, cujos efeitos seriam desastrosos para o país. Os constantes blecautes registrados nos últimos meses e os reduzidos níveis dos reservatórios indicam que há sinais consistentes para preocupação nesta área.
Nesse ambiente de inquietação, é promissora a iniciativa de dirigentes de associações do setor elétrico de decidir recorrer ao ministro das Minas e Energia, Edison Lobão. O grupo não se limita a alertar para o fato de que a “situação é delicada”. Pede também mais diálogo sobre a real situação do fornecimento de energia elétrica e reivindica maior participação nas decisões tomadas nesta área. É importante que as ponderações de representantes dos segmentos de geração, comercialização e transmissão, além de grandes consumidores integrados à iniciativa, sejam devidamente avaliadas pelo Planalto. Como advertem as associações, o mínimo que um cenário de escassez de escassez de recursos hidráulicos e de recursos térmicos com capacidade instalada limitada exige é cautela.
Obviamente, esse é um tema que não deve ser tratado em tom alarmista, o que só tende a gerar mais apreensão entre consumidores. Diante dos alegados riscos, o poder público precisa garantir transparência na questão energética, procurando atuar em conjunto com o setor privado na busca de soluções.

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