sábado, fevereiro 01, 2014

A vitrine dos vândalos - EDITORIAL ZERO HORA

ZERO HORA - 01/02

É estarrecedora a constatação de que, a cada dia, cerca de oito ônibus são incendiados ou depredados nas 27 regiões metropolitanas das capitais brasileiras. Do início de 2013 até esta semana, 230 veículos de transporte coletivo foram queimados e mais de 3 mil foram depredados. Trata-se de uma onda de vandalismo sem precedentes, que causa transtornos de toda ordem para a população, inclusive colocando a vida de pessoas em risco, além de prejudicar terrivelmente a imagem do país no Exterior, já que as cenas de veículos em chamas ganham natural destaque na mídia nacional e internacional.
O mais apavorante é o agravamento do clima de insegurança resultante da crueldade dessas ações. Basta lembrar o doloroso episódio da morte de uma menina no Maranhão, em decorrência do incêndio do ônibus em que viajava com sua família. De acordo com especialistas, são variados os motivos dessa brutalidade, entre os quais a reação de criminosos presos por meio de seus cúmplices, os protestos de moradores com a má qualidade de serviços públicos, o vandalismo em dias de futebol e também os movimentos reivindicatórios de rodoviários. O ônibus é a vitrine dos delinquentes, pois é um alvo vulnerável e, até pelo seu tamanho, dá grande visibilidade aos atos criminosos.
Tais atentados, porém, causam mais danos à população do que aos eventuais proprietários das frotas atingidas, em muitos casos os municípios _ portanto, mantidos com os impostos dos cidadãos. Ao danificar um veículo de transporte público, os vândalos acabam provocando atrasos, suspensões de viagens e obstáculos para as pessoas chegarem aos seus destinos. Quantas pessoas não perdem compromissos, como consultas médicas, trabalho, encontro de negócios, compras importantes e até mesmo visitas a familiares?
O transporte público precisa melhorar e ter preços acessíveis, mas a destruição de veículos não contribui em nada para tais propósitos. Cada ônibus danificado é uma dificuldade a mais para a renovação da frota e para o barateamento das tarifas.
Queimar e depredar, seja lá o que for, não podem ser considerados atos aceitáveis, tanto que se verificam apenas em manifestações reivindicatórias fora de controle ou nas tentativas de represálias de criminosos que querem passar a mensagem do medo à sociedade. Diante da dimensão que está tomando esse tipo de crime no país, é impositivo que o governo federal e os governos estaduais desenvolvam estratégias conjuntas de vigilância permanente e de contenção do vandalismo.

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