sábado, novembro 30, 2013

Urge apressar as privatizações - EDITORIAL CORREIO BRAZILIENSE

CORREIO BRAZILIENSE - 30/11
As comemorações em público - de investidores e de algumas autoridades -, diante dos resultados dos últimos leilões federais de infraestrutura, deveriam ser vistas muito mais como expressão de alívio do que de euforia. A semana passada agregou mais dois importantes certames ao ruidoso desfecho de R$ 20,8 bilhões das concessões dos aeroportos do Galeão (RJ) e de Confins (MG) na semana anterior.
Continuar o processo de privatização - termo ocultado pelo Planalto por motivos ideológicos - com os arremates de trecho rodoviário estratégico para o escoamento da safra de soja de Mato Grosso e de dezenas de blocos de exploração de gás no subsolo, é bom prenúncio. Sugere a aceleração de processo essencial para a retomada do crescimento econômico e para que ele se sustente a longo prazo.

Tanto governo quanto oposição fazem o mesmo discurso no que se refere à necessidade urgente de superar a saturação evidente dos meios básicos para produzir riqueza e transportar mercadorias no território nacional. Apesar de não haver discórdia em relação à lista de alvos, os métodos para atingi-los criaram preocupantes atrasos, sobretudo no momento em que piora o ambiente externo.

Descontadas as ressalvas de ausência de competidores, a onda tardia iniciada pela disputa pelo campo de Libra precisa aprender com os erros. A razão é óbvia para não perder de vista as oportunidades de investimento no país e não tornar as vitórias meras peças de publicidade de governo ou recursos para encobrir os deslizes fiscais da União.

Os ajustes feitos na direção dos argumentos apresentados pelos empreendedores levaram a melhor desempenho das propostas de competidores. Mas ainda há muito a esperar do saudável diálogo de burocratas e ministros com o mercado - pelo menos que se dê em bases mais realistas, sem margem para desconfianças recíprocas.

Cinco anos após a confirmação das megajazidas do pré-sal, o leilão de estreia do modelo de partilha garantiu R$ 15 bilhões ao caixa do Tesouro, dos quais R$ 9 bilhões desembolsados pela Petrobras. Sem concorrentes e com ágio zero, a largada de grandes disputas serviu para amenizar o rombo orçamentário no apagar das luzes do ano. Poderia ter soado como a abertura da avenida para o investidor estrangeiro.

Com grande expectativa, o ano pode dar mais uma chance ao otimismo se o martelo bater na Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa) em favor da duplicação e da modernização dos quase mil quilômetros da BR-040, entre Brasília e Juiz de Fora (MG). A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) espera lançar mais dois editais ainda este ano. A corrida eleitoral de 2014, já deflagrada, coloca ainda mais tensão sobre o calendário.

Após décadas de espera, o movimento pode resgatar os mais novos frutos da ousada empreitada da construção da capital e da interiorização do progresso. Na atual quadra da história brasileira, não há caminho alternativo para superar os entraves que inibem novos saltos na economia e ainda pressionam preços senão virtuosa parceria entre o capital privado e o planejamento de Estado. Numa época em que China e Japão promovem profundas reformas em favor do capitalismo, a tentação do controle excessivo deve ser combatida.

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