domingo, outubro 13, 2013

Um índice de risco - JOÃO BOSCO RABELO

O Estado de S.Paulo - 13/10

Lidos isoladamente, os números da pesquisa publicada ontem favorecem a candidata Dilma Rousseff, ao permitirem simulações que a dão como eleita no primeiro turno contra os candidatos Aécio Neves e Eduardo Campos e vencedora em todos os cenários de segundo turno. Mas, nessa última hipótese, a apertada diferença numa disputa com a ex-ministra Marina Silva indica que o patamar atual da presidente não é o ideal para quem tenta a reeleição.

A pesquisa, do instituto Datafolha, registra 41% para a ex-ministra num segundo turno, 21% para o senador mineiro e 15% para o governador pernambucano, no embate direto com a presidente. O total de ambos, de 36%, se somado a uma transferência mínima de votos de Marina para Campos, na hipótese dele ser o candidato, seria suficiente, em tese, para ameaçar a candidatura oficial.

Há, sim, uma vitória de Dilma, na recuperação de parte do patrimônio eleitoral perdido com as manifestações de junho, indicativo de que não existe ainda uma motivação para mudança em intensidade suficiente para embalar o frágil discurso oposicionista de fazer melhor simplesmente.

Se Marina Silva tivesse optado por ficar de fora da disputa, provavelmente a campanha do governo permaneceria em céu de brigadeiro. Mas as simulações dela com Aécio ou Serra na briga levam a presidente para a casa dos 37%, porcentual de risco para sua meta de reeleição.

Até maio do próximo ano, quando a campanha realmente ganhar dinâmica, é provável que as chapas de PSDB e PSB já estejam definidas com Aécio Neves e Eduardo Campos à frente, muito embora a confirmação da superioridade eleitoral da ex-ministra - o dobro de seu aliado -, projete uma fase de muita pressão interna de seu núcleo na aliança para que seja ela a candidata.

No cenário tucano, o alto índice de rejeição de José Serra dá ao adiamento da decisão formal sobre o candidato apenas um caráter de trégua na disputa entre ele e Aécio, já que na simulação ambos ficam na faixa de 20% - oito pontos abaixo de Marina - e o senador demonstra consistência eleitoral.

De tudo resulta que a aliança que viabilizou a permanência de Marina na disputa confirma a melhora do PSB, e cria dificuldades para Dilma. Se forem capazes de conciliar as diferenças, Campos e Marina tendem a crescer, projetando uma frente de oposição no segundo turno contra a candidatura do governo.

O que explica Lula antecipar a ida aos palanques. Sua liderança nas pesquisas sobre todos os candidatos, inclusive Dilma, pode fazer a diferença a favor da reeleição da presidente.

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