sábado, outubro 12, 2013

Parece, mas não é - LETÍCIA SANDER

FOLHA DE SP - 12/10

RIO DE JANEIRO - Domingo, "day after" da filiação de Marina Silva ao PSB. Entre os vários telefonemas recebidos por Eduardo Campos, um veio do Rio. Do outro lado, o senador petista Lindbergh Farias faz graça: "Parabéns. Se fosse uma semana antes, eu também teria me filiado ao PSB".

Passam-se apenas dois dias, e o pré-candidato ao governo do Estado do Rio pelo PT insinua, pela primeira vez, a possibilidade de ter dois palanques por aqui --o da presidente da República e o da dupla Marina-Campos.

O PT e Dilma reagem irritadíssimos. Lindbergh ensaia um recuo, no mais tradicional "não foi bem isso que eu quis dizer".

Mas segue no confronto. Aponta erro do PT ao tentar fazer de Campos um inimigo. Defende-se. Diz sonhar ter o ex-jogador Romário, do PSB, em sua chapa, como candidato ao Senado. E reconhece o respaldo que um simples elogio de Marina lhe daria --ela teve por aqui mais de 2 milhões de votos na última eleição presidencial, seu segundo melhor desempenho no país.

Menos de 24 horas depois, Lula, Dilma e o Q.G. da reeleição se reúnem em Brasília. De lá sai o discurso de que o PT resolveu isolar o PSB nos Estados. A aliados Lindbergh assume que as chances de ter o PSB formalmente ao seu lado são mínimas. Diz o que diz mais para flertar com o eleitorado moderninho da ex-verde.

O resumo? Tal qual aquela marca de xampu antigo, é um jogo de "parece, mas não é".

As manifestações de junho, o desgaste do governador Sérgio Cabral (PMDB) e a figura jovem e um tanto novidadeira de Lindbergh darão ao PT em 2014 sua primeira oportunidade real na história de chegar ao poder no Rio. Tirando uma aresta aqui, outra ali, parece claro que, na hora H, o PT e Lindbergh não vão "brincar" (nem brigar) com uma chance dessa.


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