segunda-feira, setembro 02, 2013

Política para os idosos - EDITORIAL ZERO HORA

ZERO HORA - 02/09

Um fenômeno que há muito desafia os países ricos vai pôr à prova, no curto prazo, a capacidade de gestão do setor público brasileiro em áreas essenciais. É o envelhecimento da população, numa perspectiva que, segundo o IBGE, fará com que o contingente de idosos dobre no país em duas décadas. Este cenário exigirá mais do Rio Grande do Sul, onde o índice de pessoas com idade acima de 65 anos será de 18,4%, o mais alto do país. Amplia-se assim uma longevidade que deve ser saudada como resultante de uma série de fatores positivos. Mas que cobra, ao mesmo tempo, providências dos governos, em todos os níveis, e de todos os setores organizados da sociedade.
É preocupante, por exemplo, que o Brasil esteja envelhecendo sem que Executivo e Congresso tenham enfrentado o déficit crônico da Previdência Social. O descompasso entre arrecadação e benefícios tem sido, em exemplos recentes, uma das causas da quebra de países que perderam a capacidade de sustentar a população inativa. A justa proteção a quem parou de trabalhar deve ser garantida não pela inércia, que vem adiando soluções, mas por iniciativas que evitem o agravamento de um rombo que chegou a R$ 42,3 bilhões no ano passado.
É enganosa, porque finge normalidade, a indiferença com que governo e Congresso enfrentam essa e outras questões decisivas para a qualidade de vida dos idosos. Também vem sendo negligenciada assistência à saúde, que enfrenta aumento de custos, com os avanços da medicina, e a redução de recursos públicos. Governos que sonegam atenção à prevenção, exames, cirurgias e estrutura hospitalar sonegam dos idosos o direito de desfrutar dos recursos oferecidos pela ciência à longevidade.
Outras áreas, que envolvem estruturas de cultura e lazer, desafiam as administrações a implantar, como já ocorre em alguns Estados e municípios, instâncias específicas para a terceira idade. Diante da mudança de perfil das populações, governantes e comunidades terão de oferecer bem mais do que já dispõem, para que a velhice conte com ações efetivas de proteção social.

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