quarta-feira, setembro 04, 2013

O elenco não está definido - TOSTÃO

FOLHA DE SP - 04/09

A Argentina, pela proximidade, por e pelo bom conjunto, deve ser a maior concorrente do Brasil


Espero que o governo, pressionado pelas manifestações de rua, desista de anistiar todas as dívidas dos clubes, em torno de R$ 4 bilhões. Seria um escândalo. Justificar o perdão com as contrapartidas sociais é uma enganação.

Outra decisão do governo deveria ser a de se empenhar, e não apenas dizer, em acabar com as infinitas reeleições na CBF, nas federações e nos clubes, defendidas por Marin. Mesmo se fossem ótimas administrações, teriam de mudar. Ao contrário, são muito ruins. A promíscua troca de favores é uma praga nacional. Futebol brasileiro não é apenas seleção e Copa do Mundo.

Sábado, em Brasília, no novo estádio de R$ 1,4 bilhão, administrado pelo Estado, já com o gramado ruim, o Brasil enfrenta a Austrália. O elenco não está definido. Nem todos os titulares e reservas presentes na Copa das Confederações estarão bem no Mundial. Com tantos fatores favoráveis ao time brasileiro, outros jogadores, se tivessem jogado a competição, também seriam destaques.

As más atuações e contusões de Fred no Brasileirão eram esperadas. O excelente Fred da Copa das Confederações, que se movimentava muito, dava passes e fazia gols, não é o mais frequente. Além das ausências, o Fred mais comum é o que joga estático, esperando uma bola para fazer o gol. Jô, quando entrou na seleção, também marcou. Ele tem atuado mal no Atlético-MG.

Bastou Pato fazer dois gols para ser aclamado e convocado, em parte, porque não há outro centroavante. Eu também o chamaria. Porém, discordo das muitas opiniões de que Pato tem, indiscutivelmente, uma grande técnica e que não joga melhor porque não possui o espírito do Corinthians. Ele é um bom atacante, pode atuar melhor, mas nunca mostrou esse enorme talento.

Pato já foi capa da revista "Caras", namorou estrela da TV Globo e tomou Campari com o ex-sogro, o milionário, o poderoso, o inescrupuloso Berlusconi. Pato se tornou uma celebridade, sem ter sido craque nem ter tido uma sequência de ótimas atuações na seleção. É um exemplo da busca por celebridades e da espetacularização dos fatos.

Após a Copa das Confederações, o mundo descobriu o óbvio, a enorme importância de uma seleção de tradição jogar em casa, ainda mais se tiver um bom time.

O Brasil passou a ser um fortíssimo candidato, talvez o maior, para ganhar o Mundial. A Argentina, e não Alemanha ou Espanha, seria o mais forte concorrente, pois cresce a opinião, que não sei se é tão decisiva, de que os europeus jogam mal na América do Sul.

A Copa dura um mês, com jogos mata-mata e ocorre de quatro em quatro anos. É irracional achar que o futebol brasileiro será uma porcaria se perder o Mundial e uma maravilha se ganhar. Com qualquer resultado, deveria haver reconstrução, para valer, dentro e fora de campo.

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