segunda-feira, setembro 02, 2013

Lentes distorcidas - PAULO GUEDES

O GLOBO - 02/09
Há sempre uma visão de mundo informando nossas opiniões. Mentes científicas formam hipóteses a respeito do funcionamento do mundo e estão abertas a revisões quando não estão de acordo com os fatos. Mentes religiosas buscam a compreensão em verdades absolutas. Mentes moldadas por grandes ideologias políticas exibem mapas de paraísos na Terra. Mentes mais sensíveis reinterpretam pelas artes ou até mesmo recriam a realidade com suas originais percepções. Em cada época prevalecem imagens compartilhadas de um mundo visto através desses filtros cognitivos. Como um espírito de seu tempo , o cristianismo medieval, o Renascimento e a Reforma, o Iluminismo e o método científico, o nacionalismo e as ideologias totalitárias dirigiram ações humanas para o bem e para o mal.
O tempo passa ainda devagar em terras brasileiras, apesar da revolução das novas tecnologias de informação e comunicações na virada do século XXI. A formação de opiniões alimenta-se aqui de uma hegemônica ideologia socialista há muito tornada obsoleta. Lentes distorcidas formam opiniões tolerantes com as práticas mais inadequadas. Encargos trabalhistas que destroem dezenas de milhões de empregos formais. Descontrole de gastos públicos resultando em esforços anti-inflacionários que duram décadas. Uma política diplomática que se afasta do eixo humanista por alinhamentos ideológicos. Práticas políticas degeneradas para compra de sustentação parlamentar pela esquerda hegemônica.

Pois bem, tenho minhas opiniões. Admiro Joaquim Barbosa, como não aprecio o trabalho de Lewandowski. Tenho simpatia pela iniciativa do diplomata Saboia, ante a omissão de seus superiores. Não teria devolvido os pobres boxeadores cubanos que nos pediram asilo. Aprovo manifestações pacíficas de milhares nas ruas, como gostaria de ver processados dezenas de baderneiros por destruição de propriedade. O direito de ir e vir de milhões de trabalhadores tem de ser preservado contra os maus humores de algumas dezenas que bloqueiam as principais artérias das grandes cidades. Por fim, a imigração de médicos e seus familiares, recebendo salários equivalentes aos de profissionais brasileiros de mesma qualificação, parece-me algo diferente de um tráfico humano à moda de aluguel de gado para exploração socialista.

Um comentário:

matuto disse...

Para matutar:
O escritor alagoano Graciliano Ramos, ao rememorar sua prisão em março de 1936, escreveu: “O emburramento da população era necessário. Sem ele, como se poderiam aguentar políticos safados e generais analfabetos?”
NÃO ESTÁ AÍ O "EFEITO ESTRÁBICO"?