terça-feira, setembro 24, 2013

Dilma em NY - ELIANE CANTANHÊDE

FOLHA DE SP - 24/09

BRASÍLIA - Cada dia, sua agonia; cada ano, sua criatividade. Pode-se dizer sobre a visita de Dilma a Nova York e o seu discurso de hoje na Assembleia-Geral da ONU, para cerca de 190 países.

Os presidentes brasileiros abrem a assembleia anualmente. No seu primeiro ano, Dilma capitalizou o fato de ser a primeira mulher a fazer o discurso inaugural, mas isso não é mais novidade. No segundo, vangloriou-se da política econômica dos governos do PT, mas a economia não está essa maravilha toda e ela já falou tudo sobre dólar na Rússia. Agora, no terceiro, Dilma vai é de espionagem.

Ela vai abordar a questão sob a ótica dos direitos humanos, defendendo que os serviços de inteligência não são apenas aceitáveis como existem em toda a parte, mas daí a bisbilhotar e-mails dos cidadãos, documentos de empresas e até a Presidência da República são outros quinhentos. O direito à privacidade é um direito fundamental e universal.

Dilma acertou o tom com a Alemanha (que também não gostou nenhum pouco de ser espionada pela maior potência) e pretende destacar duas coisas. Uma é que a espionagem norte-americana não atingiu um só governo, um só país, um só continente, mas expandiu-se mundo afora. Outra é a grande surpresa de que não foi coisa de países fechados, autoritários, mas, sim, de um país que se arroga a condição de maior democracia do planeta.

Além dessa investida em busca de afirmação e liderança na ONU, Dilma vem tendo vários encontros paralelos com empresários e investidores e, aí, o objetivo é de ordem bem mais prática. Os empresários e os grandes grupos precisam acreditar que os leilões são apetitosos, as regras são cumpridas, a remuneração privada é respeitada, a ideologia não contamina.

Dilma tem de convencer os grandes grupos de que vale a pena investir no Brasil. E essa é uma missão bem mais difícil do que falar grosso com os EUA no microfone da ONU.

Um comentário:

matuto disse...

O "povo" tupiniquim é ludibriado no "PÃO E CIRCO"- num mundo do faz de conta, mas lá a "conversa" é outra.
VIVA O BRASIL !!(enquanto ainda País, pois pelo andar da carruagem, o final é indizível!)
TENHO DITO !!!